OS WESTERNS DE AUDIE MURPHY

Ele deixou sua marca em um gênero que costuma ser esquecido ou subestimado: o western de orçamento médio, chamado de co-feature, porque tinha o mesmo status de um filme A, diferenciando-se dos faroestes classe B.

Audie Murphy

Audie Leon Murphy (1924- 1971) nasceu em Kingston, Texas, filho de pobres agricultores meeiros de ascendência irlandesa. Seu pai, Emmett Berry Murphy, abandonou a família em 1939 e sua mãe, Josie Bell Murphy, faleceu em 1941. Quando o pai se afastou do lar, Audie teve que abandonar seus estudos na 5ª série, e foi trabalhar na colheita de algodão. A fim de sustentar seus irmãos mais novos e, para colocar comida na mesa, recorreu à caça com a ajuda de um rifle emprestado. Ele aprendeu a atirar muito bem e este talento foi útil quando se alistou no Exército (com a ajuda de sua irmã, que falsificou um documento, para aumentar sua idade) pouco depois do ataque a Pearl Harbor e após ter sido rejeitado pelos Fuzileiros Navais e Paraquedistas.

Murphy serviu na arma de infantaria em países como África, Itália, França e Austria, praticando atos de bravura incríveis, pelos quais recebeu inúmeras e prestigiosas condecorações, culminando com a Congressional Medal of Honor, a maior honraria militar concedida pelo governo dos Estados Unidos. Ele foi o Sargento York da Segunda Guerra Mundial, o soldado americano mais condecorado durante o conflito armado global.

Ao ver a foto de Murphy na capa da revista Life, James Cagney, decidiu trazê-lo para Hollywood, contratando-o pela companhia independente, que formara com seu irmão William, após ter deixado a Warner Bros, em 1943.Três anos de treinamento com os Cagney, resultaram em papéis minúsculos em dois filmes, Viver Sonhando / Texas, Brooklyn and Heaven e Código de Honra / Beyond Glory, ambos de 1948. Em 1949 Murphy escreveu, com a colaboração de David McClure, sua autobiografia “To Hell and Back”, que se tornou um best seller e, neste mesmo ano, a Allied Artists (ex-Monogram) lançou-o como ator principal em O Caminho da Perdição / Bad Boy, drama sobre delinquência juvenil.

Audie Murphy em Duelo Sangrento

O filme fez sucesso e os executivos da Universal, procurando um novo astro cowboy, contrataram Murphy para ser Billy the Kid em Duelo Sangrento / The Kid from Texas / 1950 (Dir: Kurt Newman com Gale Storm, Albert Dekker, Shepperd Strudwick, Will Geer, Martin Carralaga), western psicológico sobre o fora-da-lei lendário razoavelmente movimentado, mas desleixado no que diz respeito à história e ao mito.

Satisfeitos com o resultado financeiro de sua produção os chefões do estúdio ofereceram ao jovem ator o contrato padrão de sete anos com as opções usuais, seguindo-se até 1955: 1950 – Serras Sangrentas / Sierra (Dir: Alfred E. Green com Wanda Hendrix, Burl Ives, Dean Jagger, Richard Rober, Tony Curtis); Cavaleiros da Bandeira Negra / Kansas Raiders (Dir: Ray Enright com Brian Donlevy, Marguerite Chapman, Scott Brady, Tony Curtis, Richard Arlen). 1951 – O Último Duelo / The Cimarron Kid (Dir: Budd Boetticher com James Best, Yvette Dugay, Beverly Tyler, Roy Roberts, Leif Erickson). 1952 – Onde Impera a Traição / Duel at Silver Creek (Dir: Don Siegel com Stephen McNally, Faith Domergue, Susan Cabot, Gerald Mohr, Eugene Iglesias). 1953A Morte tem seu Preço / Gunsmoke (Dir: Nathan Juran com Susan Cabot, Paul Kelly, Charles Drake, Mary Castle, Jack Kelly); Jornada Sangrenta / Column South (Dir: Frederick de Cordova com Joan Evans, Robert Sterling, Ray Collins, Dennis Weaver, Russell Johnson. A Ronda da Vingança / Tumbleweed (Dir: Nathan Juran com Lori Nelson, Chill Wills, Roy Roberts, Russell Johnson, K.T. Stevens. 1954 – Traição Cruel / Ride Clear of Diablo (Dir: Jesse Hibbs com Dan Duryea, Susan Cabot, Abbe Lane, Russell Johnson, Paul Birch); Tambores da Morte / Drums Across the River (Dir: Nathan Juran com Walter Brennan, Lyle Bettger, Lisa Gaye, Hugh O´Brien, Mara Corday), Antro da Perdição / Destry (Dir: George Marshall com Mari Blanchard, Lyle Bettger, Thomas Mitchell, Edgar Buchanan, Lori Neson). Destaco em negrito os melhores, mas isto não quer dizer que todos os não sublinhados com traços mais grossos sejam ruins. Murphy sempre foi subestimado como ator. Ele sabia o que podia e o que não podia fazer. E o que fazia, era bem feito, atuando sempre com sinceridade e sobriedade.

Cena de Último Duelo

Sem respeitar perfeitamente a verdade histórica, O Último Duelo descreve episódios do envolvimento de Bill Doolin (Audie Murphy) com a quadrilha dos irmãos Dalton. Boetticher imprime dinamismo à narrativa, construindo boas sequências de assalto (v. g.  atraída em uma armadilha no centro da cidade, a quadrilha se vê cercada de ambos os lados por duas carroças, sendo obrigada a tentar a fuga através de uma rotunda após um tiroteio intenso; o roubo dos lingotes de ouro em de diversas estações da estrada de ferro e a traição de um elemento do bando), todas muito bem filmadas.

No início de A Morte tem seu Preço dois pistoleiros em fuga, Reb Kittredge (Audie Muphy) e Johnny Lake (Charles Drake), separam-se. Reb é contratado por Matt Telford (Donald Randolph), barão do gado que se apossou de todas as terras da região e cobiça o rancho de Dan Saxon (Paul Kelly) e sua filha Rita (Susan Cabot). Porém Dan, com segundas intenções, deixa que Reb ganhe a propriedade de seu rancho em um jogo de pôquer, desenrolando-se várias peripécias até um final surpreendente, no qual toma parte o novo capanga de Telford e velho amigo de Reb, Johnny Lake. Embora a direção não produza nenhum momento cinematograficamente brilhante, ela é bastante eficaz notadamente nas cenas de ação (v. g. brigas e tiroteios habituais, estouro da boiada provocado por um incêndio, descida vertiginosa de uma montanha por uma carroça e pelo gado), mantendo ininterruptamente o interesse do espectador pelo desenrolar da narrativa.

Dan Duryea e Audie Murphy em Traição Cruel

Em Traição Cruel Clay O’ Mara (Audie Murphy) chega em Santiago decidido a vingar o pai e o irmão, embora não saiba quem foi o culpado. Cúmplice do assassino, o xerife (Paul Birch), nomeia Clay como seu auxiliar e, já com um plano em mente, manda o rapaz em uma missão suicida prender Whitey Kincade (Dan Duryea), pistoleiro temível, que pode ser encontrado na cidade vizinha de Diablo.  Mas é precisamente Kincade que, admirando a tenacidade de Clay, vai ajudar o rapaz a concluir sua vingança, a ponto de dar a própria vida em um tiroteio no epílogo. Murphy atua com sinceridade e vigor enquanto Duryea, como um matador sorridente e cínico, compõe um tipo curioso cheio de vida e relevo.

Antro da Perdição

Antro de Perdição pode não ser um clássico como a versão anterior da história de Max Brand, Atire a Primeira Pedra / Destry Rides Again / 1939, dirigida pelo mesmo George Marshall, porém é um espetáculo sempre interessante, graças à divertida galeria de tipos pitorescos interpretados por esplêndidos coadjuvantes (v. g. o prefeito corrupto / Edgar Buchanan; o bêbado indicado para o cargo de xerife / Thomas Mitchell); o médico viciado no pôquer / Wallace Ford) e às atuações convincentes de Murphy como Tom Destry, o filho de um xerife legendário que não usa armas e afinal impõe o respeito na comunidade e de Mari Blanchard, a exuberante cantora do saloon.

Entre 1956 e 1962 Murphy fez mais nove filmes para a Universal: 1956 – Honra de Selvagens / Walk the Proud Land (Dir: Jesse Hibbs com Anne Bancroft, Pat Crowley, Charles Drake, Tommy Rall, Robert Warwick). 1957 – A Passagem da Noite / Night Passage (Dir: James Neilson com James Stewart, Dan Duryea, Dianne Foster, Elaine Stewart, Jay C. Flippen). 1958 – Na Rota dos Proscritos / Ride a Crooked Trail (Dir: Jesse Hibbs com Walter Matthau, Gia Scala, Henry Silva, Joanna Moore, Eddie Little. 1959 –Balas que não Erram / No Name in the Bullet (Dir: Jack Arnold com Charles Drake, Joan Evans, Virginia Grey, Warren Stevens, R. G. Armstrong); Antro de Desalmados / The Wild and the Innocent (Dir: Jack Sher com Joanne Dru, Gilbert Roland, Jim Backus, Sandra Dee, George Mitchell). 1960 – Com o Dedo no Gatilho / Hell Bent for Leather (Dir: George Sherman com Felicia Farr, Stephen MCNally, Robert Middleton, Jan Merlin, Rad Fulton; Matar por Dever / Seven Ways from Sundown (Dir: Harry Keller com Barry Sullivan, John McIntire, Venetia Stevenson, Kenneth Tobey, Mary Field. 1961 – Quadrilha do Inferno / Posse from Hell (Dir: Herbert Coleman com John Saxon, Zohra Lampert, Vic Morrow, Robert Keith, Royal Dano). 1962 – Gatilhos em Duelo / Six Black Horses (Dir: Harry Keller com Dan Duryea, Joan O´Brien, George Wallace, Roy Barcroft, Bob Steele).

Audie Murphy e James Stewart em A Passagem da Noite

No entrecho de A Passagem da Noite, Grant McLaine (James Stewart) – depois de ter sido despedido por ter deixado fugir de maneira inexplicável o jovem Utica Kid (Audie Murphy), um dos membros da quadrilha de assaltantes de trem liderada por Whitey Harbin (Dan Duryea) – passa a viver de gorjetas, que recebe ao tocar seu acordeão. Porém os assaltos continuam e ele é chamado de volta para impedir novos roubos. No decorrer da trama ficamos sabendo que Utica Kid é o irmão mais moço de Grant. A direção de Neilson é firme e eficiente, narrando a boa história de Borden Chase em ritmo movimentado, explorando fotograficamente belas paisagens do Colorado, forjando sequências emocionantes (v. g. o ataque do trem correndo pela encosta da montanha, que os ladrões tentam parar, derrubando um tanque de água sobre a linha férrea; o tiroteio final na mina abandonada) e boas interpretações, sobretudo de Murphy, alternadamente cínico, zombeteiro e sentimental.

Balas que não Erram tem uma história original: quando o famoso pistoleiro de aluguel John Gant (Audie Murphy) chega em Lordsburg, toda a cidade treme, porque não há quem não tenha um inimigo e naturalmente receiam que ele tenha vindo procurá-los. Gant não revela que veio para matar nem se veio mesmo com este propósito, mas o pânico vai crescendo. Após vários esforços Jane (Joan Evans), filha de um antigo juiz do condado, descobre finalmente que o homem que Gant quer abater, é seu próprio pai. O médico da localidade, Luke Canfield (Charles Drake), é o único personagem importante que não teme Gant, porque não tem inimigos, e a ele caberá punir o suposto matador mercenário. Jack Arnold dirige corretamente o excelente roteiro, mantendo permanentemente a angústia causada pelo medo até o combate final entre Luke e Gant. Murphy compõe habilmente um personagem imprevisível e complexo, ao mesmo tempo justiceiro e assassino.

Sandra Dee e Audie Murphy em Antro de Desalmados

Joanne Dru e Audie Murphy em Antro de Desalmados

Antro de Desalmados é um western romântico, enfatizando os perigos aos quais dois jovens criados nas montanhas, Yancey (Audie Murphy) e Rosalie (Sandra Dee) em estado selvagem estão sujeitos, quando se encontram bruscamente na presença da civilização. Sobrinho de um caçador, Yancey empreende uma viagem para vender suas peles. No caminho encontra Rosalie, adolescente que foge do pai trapaceiro e irresponsável  e o acompanha até a cidade. Os dois jovens matutos chegam no dia dos festejos pelo 4 de julho. Com o produto da venda de suas peles, eles compram roupas adequadas e se misturam à multidão. Yancey corteja a bela prostituta Marcy (Joanne Dru) enquanto sua companheira de jornada, empregada no saloon com o consentimento inadvertido do ingênuo Yancey, se vê assediada pelo xerife Paul Bartel (Gilbert Roland), dono do estabelecimento. Porém Yancey, após ter descoberto que fazia a corte a uma mulher de má vida, compreende em que mãos colocou Rosalie e vai resgatá-la do ambiente impróprio e das garras do homem-da-lei rufião. O filme não tem muita ação típica do faroeste, mas sua história cheia de candura e sentimentalismo é atraente do começo ao fim, contando com uma das melhores interpretações de Murphy, cercado por um bom elenco de coadjuvantes.

Com o Dedo no Gatilho aborda o tema da perseguição de um inocente caçado por um xerife desonesto. Clay Santell (Audie Murphy) oferece ajuda a um estranho, que em seguida o agride, e foge com seu cavalo, deixando o rifle.  Ao chegar em Sutterville, os moradores, ao vê-lo com a arma, pensam que ele é Travers (Jan Merlin), um bandido perigoso. O delegado Harry Deckett (Stephen McNally), que há muito tempo vinha seguindo Merlin, salva Clay do linchamento, para levar adiante seu plano diabólico: matá-lo no lugar do assassino (que ninguém conhece) e ganhar fama. Mas Clay foge e leva consigo a jovem Janet (Felicia Farr) como refém, sucedendo-se uma perseguição por uma paisagem desértica, marcada por vários acontecimentos até o ajuste de contas final entre Clay, Deckett e Merlin. Manejando com segurança o script econômico, Sherman mantém a narrativa em um ritmo fluente e concebe bons momentos de tensão (v.g. a chegada de Clay à cidade deserta onde se sente que algo está para acontecer, a aparição inesperada de três intrusos na cabana onde Clay e Janet se abrigam, a espera do confronto do herói com os dois vilões).

 

Audie Murphy e Barry Sullivan em Matar por Dever

 Em Matar por Dever o assunto é, em suma, a amizade entre adversários. O Texas Ranger novato Seven Jones (Audie Murphy) é designado para acompanhar o sargento veterano Henessey (Jay C. Flippen) na caçada ao pistoleiro Jim Flood (Barry Sullivan). Após descobrirem a pista do bandido, Jones e Henessey caem em uma emboscada armada por Flood. Henessey é morto, mas Jones leva adiante a missão e, finalmente consegue prender o fugitivo.  Pelo caminho, enquanto Flood tenta por vezes escapar, eles enfrentam juntos vários perigos (índios, caçadores de recompensas), estabelecendo-se uma estima recíproca entre o homem da lei decidido e decente e seu prisioneiro simpático, amante dos prazeres simples da vida, que só usa o gatilho quando inevitável. Apesar de seus esforços, Flood não consegue levar Jones para uma vida de crime; na verdade, ele próprio se deixa contaminar pela decência do jovem ranger, e isso determina o seu fim trágico. No final os dois homens puxam suas armas, Flood erra o tiro, mas Jones atinge certeiramente seu alvo.  Quando Flood morre em seus braços, Jones compreende que Flood deixou ele vencer. Keller filma o relato com profissionalismo, tornando este western insólito sempre interessante.

John Saxon, Audie Murphy e  Rodolfo Acosta em A Quadrilha do Inferno

No desenrolar de Quadrilha do Inferno quatro bandidos, um dos quais, Crip (Vic Morrow), é um louco sanguinário, semeiam o terror em Paradise. Eles matam o xerife, assaltam um banco e levam Helen Caldwell (Zohra Lampert) como refém. O auxiiar do xerife, Banner Cole (Audie Murphy), comanda uma patrulha, da qual fazem parte: o Capitão Brown (Robert Keith), velho combatente da Guerra Civil; Johnny Caddo (Rodolfo Acosta), mestiço que busca o reconhecimento da população; Jack Wiley (Paul Carr), jovem ágil no gatilho ansioso para demonstrar sua habilidade; Billy (Royal Dano), tio de Helen; Bert Hogan (Frank Overton), sujeito que deseja vingar o irmão morto pelos facínoras, e Seymour Kern (John Saxon), empregado do banco almofadinha, encarregado de recuperar o dinheiro roubado. ole consegue eliminar todos os bandidos à medida que vai perdendo seus companheiros, com exceção de Seymour. Rico em peripécias, o filme também faz considerações filosófico-morais sobre questões como humilhação, coragem, covardia e orgulho, a partir dos tipos humanos que compõem a expedição punitiva.

Em 1957 Murphy um filme para a Columbia O Renegado do Forte Petticoat / The Guns of Fort Petticoat e, em 1959 e 1960, dois filmes para a United Artists:  Um Homem contra o Destino / Cast a Long Shadow e O Passado Não Perdoa / The Unforgiven.

O Renegado do Forte Petticoat

Em O Renegado do Forte Petticoat o Tenente Frank Heavitt (Audie Murphy), de origem texana, percebe que os Comanches vão se dirigir para o Texas, no momento sem proteção, porque todos os homens foram mobilizados para o exército confederado. Frank deserta e retorna à sua terra natal, onde reúne as mulheres e as crianças em uma missão abandonada e as submete a um treinamento militar intensivo, para repelir as investidas dos índios. O enredo tem originalidade (um homem sozinho organizando militarmente um grupo de mulheres) e apresenta os elementos necessários para manter a ação incessante. A cena mais movimentada é aquela em que os índios aprisionam os três bandidos e estes os levam missão. Frank, as mulheres e crianças se escondem no terraço. Os selvagens, não vendo ninguém, matam seus prisioneiros e vão embora. Entretanto, um menino dispara sua arma acidentalmente, os índios escutam os tiros e voltam a atracar mais agressivos do que nunca.

Audie Murphy em O Passado não Perdoa

O Passado Não Perdoa tem início em um rancho isolado no Texas, onde vive uma família de colonos a mãe, Matilda Zachary (Lillian Gish); seus três filhos, Ben (Burt Lancaster), Cash (Audie Murphy), Andy (Doug McClure), e a filha, Rachel (Audrey Hepburn). Um estranho, Abe Kelsey (Joseph Wiseman), que se diz emissário de Deus, espalha na cidade que Rachel é uma índia adotada e sua presença significa uma ameaça , pois os temidos Kiowas a querem de volta. Os vizinhos se afastam dos Zachary. Matilda admite a veracidade da história de Kelsey e os quatro filhos ficam chocados. Cash, embriagado, abandona a família.Os Kiowas atacam. Matilda morre, Andy é ferido. Cash retorna e ele e Ben afugentam os índios. Bem casa-se com Rachel. Em um cenário de esplendor selvagem, Huston conta uma história de cativeiro invertida, para denunciar a intolerância racial. Pode-se vislumbrar alguns toques pessoais do diretor (Matilda tocando Mozart ao ar livre em um piano de cauda enquanto os índios batem seus tambores de guerra; o boi no telhado da casa; os guerreiros sob o luar; o cavaleiro espectral que se diz “a balança de Deus, o fogo da vingança”, que dão ao seu western uma ambientação quase fantática.

Audie Murphy em Gatilhos da Violência

Os últimos filmes de Murphy, realizados para diversas companhias: 1963 – Abatendo um a um / Showdown (Dir: R. G. Springsteen com Charles Drake, Kathleen Crowkley, Skip Homeier, Harold J. Stone); Fúria de Brutos / Gunfight at Comanche Creek (Dir: Frank McDonald com Ben Cooper, Coleen Miller, De-Forrest Keller, Jan Merlin, John Hubbard); Pistoleiro Relâmpago / The Quick Gun (Dir: Sidney Salkow com Merry Anders, James Best, Ted deCorsia, Walter Sande). 1964 – Balas para um Bandido / Bullet for a Badman (Dir: R.G. Springsteen com Darren McGavin, Ruta Lee, Beverly Owen, Skip Homeier); Rifles da Desforra / Apache Rifles (Dir: William Witney com Michael Dante, Linda Lawson, L. Q. Jones, Ken Lynch). 1965 – Bandoleiros do Arizona / Arizona Raiders (Dir: William Witney com Michael Dante, Ben Cooper, Buster Crabbe, Gloria Talbot. 1966 – Matar ou Cair / Gunpoint (Dir: Earl Bellamy com John Staley, Warren Stevens, Edgar Buchanan, Denver Pyle, Royal Dano); O Bandoleiro Temerário / The Texican (Dir: Lesley Selander com Broderick Crawford, Diana Lorys, Luz Marquez, Antonio Casas, Molino Rojo). 1967 – Os Rifles da Desforra / 40 Guns to Apache Pass (Dir: William Witney com Michael Burns, Kenneth Tobey, Laraine Stephens, Robert Brubaker, Michael Blodgett). 1969 – Gatilhos da Violência / A Time for Dying (Dir: Budd Boetticher com Richard Lapp, Anne Randall, Bob Random, Victor Jory, Walter Reed). não mantiveram o mesmo padrão artístico dos anteriores, mas não são totalmente desprezíveis.

 

 

 

EVOLUÇÃO DO FILME MUSICAL

O gênero filme musical obviamente só se tornou possível após o advento do som. Animada pelo resultado feliz do vitafone, a Warner começou a planejar a produção do filme que iria garantir o triunfo do cinema sonoro e determinar o seu rumo futuro: O Cantor de Jazz / The Jazz Singer (Dir: Alan Crosland). Seria um filme mudo com um acompanhamento musical sincronizado, alguma música coral judaica e sete canções populares interpretadas por Al Jolson, o popular astro do vaudeville, contratado para o papel principal por 20 mil dólares. Ou seja, um filme “cantado “e não “falado”. Embora o mito seja de que durante duas sequências musicais Jolson teria improvisado algum diálogo, muito antes da filmagem Crosland já vinha dizendo para os repórteres que o filme estava sendo planejado com diálogo em algumas cenas. A estréia ocorreu em 6 de outubro de 1927 e o impacto foi sensacional. De repente, ali estava Jolson não somente cantando e dançando, mas falando informal e espontaneamente com outras pessoas no filme, tal como alguém podia fazer na realidade.

Al Jolson em O Cantor de Jazz

Tendo produzido o primeiro filme “parcialmente falado” (part talking) – O Cantor de Jazz -, a Warner continuou a mostrar o caminho, produzindo o primeiro filme “todo falado” (all talking) – Luzes de Nova York / Lights of New York / 1928 (Dir: Brian Foy) – drama criminal sobre dois barbeiros de uma cidade pequena que vão para Nova York e se envolvem com traficantes de bebidas. O enorme sucesso popular de Luzes de Nova York demonstrou que os filmes totalmente dialogados não só podiam ser feitos como também atraíam um grande público. De fato, os “talkies” agradaram muito e, no final de 1928, ficou claro que o cinema silencioso estava morto.

 

Outro fator importante para o surgimento do filme musical foi a influência das várias formas teatrais de apresentação de música e dança a começar pelos shows de menestréis com artistas brancos com o rosto pintado de preto, cantando e dançando a “Jump Jim Crow”, canção caricaturando os negros, que se tornou muito popular no início do século XIX na interpretação do ator nova-iorquino Thomas D. Rice. Os shows de menestréis incluíam vários esquetes (chamados olio) e terminavam com uma paródia (ou “burlesco”) de uma peça popular, ópera ou outro evento cultural.

 

Jump Jim Crow / Thomas D. Rice

No final dos anos 1880 a estrutura em esquetes havia se tornado um tipo próprio de entretenimento teatral, eventualmente rebatizado como vaudeville (music hall na Inglaterra, variety no resto da Europa). O vaudeville ou teatro de variedades consistia em uma série de atos não relacionados entre si, apresentados em uma mesma programação (v. g. comediantes, cantores, dançarinos, cães ou focas amestrados, malabaristas, mágicos, contorcionistas etc.).

Show de menestréis no vaudeville

Teatro Burlesco

A porção burlesca do show de menestréis também se tornou um tipo próprio (e sem o rosto pintado de preto) lá pelo final dos anos 1880. Nas suas paródias os teatros burlescos frequentemente recorriam a um humor picante ou a uma linguagem irreverente e, eventualmente, uma troupe de artistas do sexo feminino fazendo strip-tease e cômicos interagindo continuamente com a platéia, tornaram-se a principal atração do espetáculo.

Número do Ziegfeld Follies

A popularidade contínua do teatro de variedades levou a um número de produções de luxo na Broadway, que foram chamadas de revues (revista ou teatro de revista), formato que se tornou popular graças ao produtor Florenz Ziegfeld, que não somente reunia no seu elenco apenas as grandes estrelas, mas também se tornou famoso por apresentar um grupo de lindas coristas em trajes elaborados, porém sempre deixando à mostra algumas partes do corpo. Estes números eram chamados de “tableaux” (quadros), porque as coristas não dançavam propriamente. Elas ficavam paradas para serem admiradas pelo público ou às vezes se movimentavam pelo palco ou desciam uma escada lentamente. As revistas apelavam frequentemente para a sátira social ou política sem um fio condutor de ação. Um tema geral servia de justificação para uma sequência descontraída de números, nos quais as atuações individuais se alternavam com grupos de dança.

Outra forma teatral foi a light opera ou opera bouffe que emergiu na Europa e depois de certo tempo evoluiu para operetta, um estilo de ópera leve tanto na sua substância musical como no conteúdo do assunto. A opereta é uma precursora da comédia musical, que se caracteriza por enfatizar a narrativa dramática, interligando a fala e o canto.

Melodia da Broadway

O Rei do Jazz

Paramount em Grande Gala

Os primeiros filmes musicais – v. g. Follies / Fox Movietone Follies / 1929, Melodia da Broadway / The Broadway Melody / 1929, Hollywood Revue / The Hollywood Revue / 1929 , Parada das Maravilhas / Show of Shows / 1929, O Rei do Jazz / King of Jazz / 1930, Paramount em Grande Gala / Paramount on Parade / 1930 – tomaram emprestado do palco o formato de revista, apresentando vários números musicais não relacionados entre si e alguns esquetes cômicos, apresentados por um mestre de cerimônias e focalizados por uma câmera fixa colocada em uma posição equivalente á quinta fila da platéia. O show terminava com os artistas ou o côro saindo de cena pelas partes laterais do palco tal como no teatro.

Melodia da Broadway inaugurou um subgênero: o backstage musical (musical de bastidores), no qual havia um fio de enredo, mostrando os testes, os ensaios e a estréia de uma grande revista da Broadway, incluindo uma corista que substitui a atriz principal no último minuto e se torna uma estrela. Outro backstage musical foi Toca a Música / On With the Show / 1929, que se notabilizou por ter sido o primeiro filme todo falado em technicolor de duas cores.

Jeanette MacDonald e Maurice Chevalier em Alvorada do Amor

Helen Morgan em Aplausos

Jeanette MacDonald e Maurice Chevalier em Ama-me Esta Noite

Na mesma época Hollywood trouxe também do tablado operetas (v. g.  A Canção do Deserto / The Desert Song / 1929) e comédias musicais (v. g. Whoopee! / Whoopee! / 1930) enquanto cineastas como Ernst Lubitsch (v. g. Alvorada do Amor / The Love Parade / 1929, Monte Carlo / Monte Carlo / 1930, O Tenente Sedutor / The Smiling Lieutenant / 1931) e Rouben Mamoulian (v. g. Aplausos / Aplause / 1929, Ama-me Esta Noite / Love me Tonight / 1932) criaram um novo tipo de músical. Nele as canções são integradas na história e usadas para desenvolver a personagem, avançar o enredo e fazer comentários sobre os acontecimentos. Lubitsch e Mamoulian incorporaram o cinema nos seus musicais, dando-lhes um ritmo e libertando a câmera de sua imobilidade. A idéia do integrated musical (musical integrado) seria desenvolvida mais tarde pela Arthur Freed Unit na MGM.

Busby Berkeley

 

Hollywood começou a fazer também “comédias com música” em vez de comédias musicais como, por exemplo, os filmes dos irmãos Marx e Mae West. Eddie Cantor seguiu este modelo, beneficiando-se do concurso de Busby Berkeley, coreógrafo (na época chamado de diretor de dança) imensamente criativo, que marcou o percurso do filme musical, impondo-se como um dos gênios do cinema. Ele descobriu que a câmera tinha de dançar mais que os próprios dançarinos e, com extraordinária imaginação, elaborou um estilo incomparável. Busby acompanhava os bailarinos em travellings velozes, até chegar às tomadas de ângulo superior sobre os motivos geométricos de suas evoluções, que se compunham e se desmanchavam como em um caleidoscópio. Entre seus trabalhos, além de outros filmes com Cantor – O Homem do Outro Mundo / Palmy Days / 1931, O Meu Boi Morreu / The Kid from Spain / 1932, Escândalos Romanos / Roman Scandals / 1933 – estão suas obras-primas na Warner: Rua 42 / 42nd Street / 1933, Cavadoras do Ouro / Gold Diggers of 1933 / 1933 (inesquecíveis as dezenas de moças tocando violinos iluminados no número “Shadow Waltz”), Belezas em Revista / Footlight Parade / 1933 (memoráveis as coristas deslizando pelas cascatas  na sequência  “By the Waterfall”), Wonder Bar / Wonder Bar / 1934, Modas de 1934 / Fashions / 1934, Mulheres e Música / Dames / 1934, (fantástica  imaginação visual no número “I Only Have Eyes for You”),  Mordedoras de 1935 / Gold Diggers of 1935 etc.

GInger Rogers e Fred Astaire

Nelson Eddy – Jeanette MacDonald

Jeanette MacDonald e Maurice Chevalier em A Viúva Alegre

Judy Garland e Mickey Rooney

Forja de Heróis

A Canção da Vitória

Esther Williams

Sonja Henie

Lena Horne e Bill Robinson emTempestade de Ritmo

No decorrer dos anos 30-40 todos os grandes estúdios de Hollywood contribuíram para a evolução do gênero filme musical surgindo neste âmbito: comédias românticas com Fred Astaire-Ginger Rogers; operetas com Jeanette MacDonald e Nelson Eddy (e a obra-prima de Lubitsch, A Viúva Alegre / The Merry Widow); musicais juvenis com  Shirley Temple, Deanna Durbin, Judy Garland-Mickey Rooney; a série Road to com Bing Crosby  Bob Hope, Dorothy Lamour e os musicais de Crosby na Paramount; musicais  patrióticos  a serviço da política da boa vizinhança com Alice Faye, Betty Grable e a nossa Carmen Miranda ou  musicais-revista ( v. g. Forja de Heróis / This is the Army, Noivas de Tio Sam / Stage Door Canteen, A Filha do Comandante / Thousands Cheer, Graças à Minha Boa EstrelaThank Your Lucky Stars), musicais de época (v. g. Minha Namorada Favorita / My Gal Sal, Aquilo Sim, Era Vida! / Hello, Frisco, Hello); musicais biográficos (v. g. A Canção da Vitória / Yankee Doodle Dandy sobre George M. Cohan, A História de Vernon e Irene Castle / The Story of Vernon and Irene Castle sobre o famoso casal de dançarinos, Canção Inesquecível / Night and Day sobre Cole Porter; Rapsódia Azul / Rhapsody in Blue sobre George Gershwin, Sonhos Dourados / The Jolson Story sobre Al Jolson); musicais com a nadadora Esther Williams, a patinadora no gelo Sonja Henie, a sapateadora Eleanor Powell, a cantora de ópera Grace Moore e a parceira  favorita de Fred Astaire, Rita Hayworth; musicais somente com atores negros (v. g. Tempestade de Ritmo / Stormy Weather / 1943; Uma Cabana no Céu / Cabin in the Sky / 1943) etc.

Arthur Freed e Judy Garland

Após a Segunda Guerra Mundial, a MGM assumiu a liderança no gênero do filme musical, graças aos musicais produzidos por Jack Cummings (v. g. Escola de Sereias / Bathing Beauties, Dá-Me um Beijo / Kiss me Kate), Joe Pasternak (v. g. Casa, Comida e Carinho /   Summer Stock, Marujos do Amor / Anchors Aweigh) e principalmente Arthur Freed no restante dos anos 40 e nos anos 50. Para a sua unidade de produção Freed reuniu em torno dele alguns dos maiores talentos daquela era -compositores, orquestradores, letristas, coreógrafos, cenógrafos, figurinistas, fotógrafos: Roger Edens, Ralph Blane, Hugh Martin, André Previn, Saul Chaplin, Johnny Green, Adolph Green, Lennye Hayton, Conrad Salinger, Preston Ames, Betty Comden, Adolph Deutsch, Lela Simone, Robert Alton, Jack Cole, Kay Thompson, Irene Sharaff, John Alton, e outros. Durante seus anos como produtor Freed e seus colaboradores – sempre com ênfase na integração e na dança – criaram uma lista impressionante de grandes musicais, sempre lembrados por todo fã de cinema, entre eles O Pirata / The Pirata, Um Dia em Nova York / On the Town, Núpcias Reais / Royal Wedding, O Barco das Ilusões / Show Boat, Sinfonia de Paris / An American in Paris, Cantando na Chuva / Singin´in the Rain, A Roda da Fortuna / The Band Wagon, Meias de Seda / Silk Stockings e Gigi / Gigi.

Gene Kelly e Leslie caron em Sinfonia de Paris

Donald O´Connor, Debbie Reynolds e Gene Kelly em Cantando na Chuva

VIncente Minnelli com Gene Kelly e Leslie Caron na filmagem de Sinfonia de Paris

Gene Kelly e Stanley Donen

Na Freed Unit destacaram-se os diretores Vincente Minnelli, Stanley Donen e dois grandes dançarinos / coreógrafos, Fred Astaire e Gene Kelly. Minnelli se expressou maravilhosamente no filme musical onde sua cultura, refinamento, predileção pela fantasia e pela estilização pictórica encontraram terreno propício. Seu trabalho (v. g. O Pirata, Sinfonia de Paris, A Roda da Fortuna, Gigi) foi recompensado com o Oscar de Melhor Direção por Gigi. Donen realizou, de parceria com Gene Kelly, dois dos musicais mais aclamados da História do Cinema, Um Dia em Nova York e Cantando na Chuva, dirigiu sozinho, sob produção de Jack Cummings, Sete Noivas para Sete Irmãos / Seven Brides for Seven Brothers e fez na Paramount, Cinderela em Paris / Funny Face. Freed ganhou dois Oscar de Melhor Filme (Sinfonia de Paris e Gigi) e o prestigioso Irving Thalberg Award pelo seu sucesso contínuo como produtor.

Um Dia em Nova York

Sete Noivas para Sete Irmãos

Além de Fred Astaire e Gene Kelly transitaram pela Fred Unit um punhado de cantores e dançarinos formidáveis como Frank Sinatra, Judy Garland, Ginger Rogers, Cyd Charisse, Howard Keel, Kathryn Grayson, Jack Buchanan, Debbie Reynolds, Donald O´Connor, Marge e Gower Champion, Jane Powell, Vera-Ellen., Leslie Caron, Betty Hutton, Lena Horne, Louis Armstrong, Ann Miller, Maurice Chevalier, Ethel Waters, Dan Dailey, Esther Williams, Mickey Rooney, Lucille Bremer, Bob Fosse, Bobby Van, Tommy Rall, Carol Haney, Jeanne Coyle etc.

Frank Sinatra e Doris Day

Frank Sinatra e Bing Crosby

Nos anos 50 dois grandes intérpretes da canção, Frank Sinatra e Doris Day, compareceram em musicais não produzidos por Freed na MGM ou produzidos por outros estúdios (Frank Sinatra v. g. em Marujos do Amor / Anchors Aweigh, Alta Sociedade / High Society, Meus Dois Carinhos / Pal Joey, Eles e Elas / Guys and Dolls); Doris Day v. g. em Romance em Alto Mar / Romance on the High Seas, No, No, Nanette / Tea for Two, Meu Sonho Te Pertence / My Dream is Yours, Meus Braços Te Esperam / On Moonlight Bay, Rouxinol da Broadway / Lullaby of Broadway, Sonharei Com Você /  I´ll See You in My Dreams). Eles foram reunidos em um musical dramático, Corações Enamorados / Young at Heart. Já em Alta Sociedade / High Society foi a vez dos dois maiores cantores americanos de todos os tempos, Frank Sinatra e Bing Crosby se encontrarem em um mesmo filme.

Edmund Purdom e Ann Blyth em O Príncipe Estudante

Mario Lanza em O Grande Caruso

Judy Garland em Nasce uma Estrela

No Mundo da Fantasia

 

Elvis Presley

Na mesma década voltaram as operetas (v.g. A Canção do Sheik / The Desert Song (com Gordon MacRae, Kathryn Grayson), O Príncipe Estudante / The Student Prince (com Edmund Purdon, Ann Blyth), A Víuva Alegre / The Merry Widow (com Lana Turner, Fernando Lamas) e os  musicais biográficos (v. g. O Grande Caruso / The Great Caruso, Meu Coração Canta / With a Song in My Heart sobre Jane Froman, Ama-me ou Esquece-me / Love or Leave Me sobre Rutt Etting); surgiram os primeiros musicais em CinemaScope (v. g. Nasce uma Estrela / A Star is Born (assinalando o retorno triunfal de Judy Garland em um musical trágico), Mundo da Fantasia / There´s No Businesss Like Show Business (mostrando na tela larga em um mesmo plano Johnny Ray, Mitzi Gaynor (que foi vista também em outros musicais), Dan Dailey, Ethel Merman, Donald O´Connor, Marilyn Monroe); Sua Excia. A Embaixatriz / Call me Madam marcou o reconhecimento de Ethel Merman como estrela no cinemusical, depois ter se tornado uma grande dama na Broadway; Sam Katzman produziu o primeiro rock musical film, Ao Balanço das Horas / Rock Around the Clock; surgiram na tela Elvis Presley, Pat Boone e Harry Belafonte com sua calypso music; a AIP (American International Pictures) lançou um ciclo de musicais de praia com Frankie Avalon, Annette Funicello e os Beach Boys explorando a emergente popularidade da “surf music”.

Cena de A Noviça Rebelde

Cena de Amor, Sublime Amor

Foi ainda nos anos 50 que começaram a surgir novas adaptações dos musicais da Broadway (v. g. Oklahoma! / Oklahoma e Carrosel / Carousel (ambos com Gordon MacRae e Shirley Jones), No Sul do Pacífico / South Pacific  (com  MItzi Gaynor), Porgy e Bess / Porgy and Bess com Dorothy Dandridge), tendência que continuaria nos anos 60 (v. g. Can-Can / Can-Can; Amor, Sublime Amor / West Side Story, Em Busca de um Sonho / Gipsy, Vendedor de Ilusões / The Music Man, Minha Bela Dama / My Fair Lady, A Noviça Rebelde / The Sound of Music, Alô Dolly / Hello, Dolly!), os dois últimos contando com novas superestrelas: Julie Andrews e Barbra Streisand.

Liza Minnelli e Joel Grey em Cabaré

Na Nova Hollywood dos anos 70 surgiria o concept musical, onde mensagem e tema se sobrepõem ao enredo. Os concept musicals não necessariamente contam uma história e não seguem uma progressão linear do começo ao fim. Seu propósito é explorar um tema ou transmitir uma mensagem. Cabaré / Cabaret / 1972 de Bob Fosse, por exemplo, possui estas características. Os números musicais são usados para explicar acontecimentos paralelos que ocorrem fora do cabaré. As canções comentam a ação no estilo da “Ópera de Três Vinténs” (Die Dreigroschenoper) de Berthold Brecht e Kurt Weil. O filme proporcionou 7 prêmios da Academia: Melhor Diretor, Atriz (Liza Minnelli), Ator Coadjuvante (Joel Grey), Fotografia (Geoffrey Usworth), Montagem David Bretherton), Direção de Arte (Robert Knudson e David Hildyard), Música (Ralph Burns, arranjos). Foi um musical inovador e o mais importante da década.

WILLIAM WYLER

Ele foi o diretor mais premiado de Hollywood, com doze indicações ao Oscar de Melhor Diretor, tendo arrebatado por três vezes a estatueta nesta categoria. Consumado perfeccionista, fez filmes em variados gêneros por um longo período de tempo (de 1925 a 1970), mas a falta de pretensão de autoria e ausência de um estilo bem definido, contribuíram para sua fama de excelente artesão a serviço de um produto. Era no entanto um verdadeiro artista, que abordou grandes temas com notável consciência cinematográfica, deixando uma obra artisticamente uniforme, raramente igualada por qualquer outro cineasta.

Wiliam Wyler

William Wyler (1902 – 1981) nasceu com o prenome de Willi, em Mulhouse, Alsácia (então parte do Império Germânico), filho de Leopold Wyler e Melanie Auerbach. Seu pai era um vendedor ambulante, que se tornou próspero dono de armarinho. Wyler estudou no Institut Bloch em Lausanne e depois em um internato chamado “The Monastery”, tendo sido expulso de ambos por mau comportamento. Cinco meses após ter se matriculado na École Supérieure de Commerce, deixou a escola sem completar seus estudos. Ele voltou para Mulhouse e, para desfazer sua reputação de rapaz mau comportado, ficou algum tempo trabalhando com o pai. Percebendo que seu filho não era mau vendedor e necessitava de um treinamento em uma loja de departamentos, Leopold levou-o para Paris e o introduziu no circuito do atacado. Após três meses de aprendizado em um estabelecimento de varejo em Charenton-le-Pont e depois em uma rede de lojas denominada “100,000 Shirts” perto de Les Halles, Melanie percebeu que seu filho não estava mesmo interessado no negócio de armarinho e pediu ao primo Carl Laemmle um emprego para ele no estúdio da Universal, do qual era dono.

Wyler iniciou suas atividades no escritório da Universal Film Manufacturing Company em Nova York como encarregado da expedição e, depois de passar pelo departamento  de publicidade, pediu ao tio Laemmle para ser transferido para a Universal City na Califórnia. No estúdio californiano ele começou como moço de recados e, depois de ter segurado um megafone pela primeira vez durante a filmagem de O Corcunda de Notre Dame / The Hunchback of Notre Dame / 1923, ajudando dois assistentes de direção a controlar a multidão de figurantes, foi promovido a segundo assistente de direção. Nesta função, trabalhou para Irving Cummings em Na Senda do Crime / Fool´s Highway / 1924 e Rosa de Paris / The Rose of Paris / 1924 e para King Baggot em Nobreza de Sangue / The Gaiety Girl / 1924.

Depois de servir como auxiliar do ator-diretor William Duncan no seriado Lobos do Norte / Wolves of the North / 1924 e como primeiro assistente de alguns diretores (v. g. William Craft, William Crinley, Arthur Rosson), Wyler tornou-se, aos 23 anos de idade, o diretor mais jovem da Universal ao filmar Crook Buster / 1925, o primeiro western de dois rolos da série Mustang. Depois de dirigir outros seis westerns Mustang em 1926 (The Gunless Badman, Ridin’ for Love, The Fire Barrier, Don´t Shoot, The Pinnacle Rider, Martin of the Mounted) e, em um breve período em que ficou desempregado, ter prestado serviço como um dos sessenta assistentes extras na filmagem de BenHur / Ben-Hur / 1925 na MGM, Willi foi  readmitido, e fez mais 14 Mustang: 1927 – The Two Fister, Kelcy Gets His Man, Tenderfoot Courage, The Silent Partner, Galloping Justice, The Haunted Homestead, The Lone Star, The Ore Raiders, The Home Trail, Gun Justice, The Phantom Outlaw, The Square Shooter, The Horse Trader, Daze of the West. Os westerns Mustang foram estrelados por cowboys como Jack Mower, Edmund Cobb ou Fred Gilman.

Wyler dirigiu ainda 6 westerns de cinco rolos da série Blue Streak: 1926 – Um Preguiçoso de Mérito / Lazy Lightning, A Fazenda Roubada / The Stolen Ranch. 1927 – Lá no Oeste / Blazing Days, O Remido / Hard Fists, Cavalheirismo da Fronteira / The Border Cavalier, Reto como o Dever / Straight Shootin’ e dois outros westerns avulsos: 1927 – Pó do Deserto / Desert Dust. 1928 – A Prova da Coragem / Thunder Riders, estrelados por cowboys como Art Acord, Fred Humes, Ted Wells. Ainda na década de vinte, dirigiu três filmes que não eram westerns: 1928 – À Caça de um Marido / Anybody Here Seen Kelly? (com Bessie Love, Tom Moore). 1929 – O Trapaceiro / The Shakedown (com James Murray, Barbara Kent) Cilada Amorosa / The Love Trap (com Laura La Plante, Neil Hamilton).

Cena de Os Três Padrinhos

Após certa hesitação, mas diante da comprovada capacidade profissional de Wyler, Carl Laemmle Junior designou-o para dirigir Os Três Padrinhos / Hell´s Heroes / 1930, a primeira versão sonora do romance “Three Godfathers” de Peter B. Kyne, tantas vezes levado à tela. No enredo três bandidos, Bob Sangster (Charles Bickford), Barbwire Gibbons (Raymond Hatton) e Wild Bill Kearney (Fred Kohler) encontram uma mulher moribunda no deserto e lhe prometem levar seu bebê para New Jerusalem, onde haviam assaltado um banco. No percurso, Wild Bill morre em virtude dos ferimentos recebidos durante o roubo. Kearney perece de sede e Bob bebe água de uma fonte envenenada, a fim de ganhar força para entregar a criança sã e salva na igreja da cidade. O diretor soube produzir belos efeitos de composição na paisagem desértica e criar uma cena original: um dos bandidos batiza o bebê jogando areia nos seus pezinhos, pois a água de cantil não podia ser desperdiçada. Foi uma boa estréia no cinema falado.

Até meados dos anos 30 Wyler fez mais 7 filmes para a Universal: 1930 – A Invernada / The Storm (drama com Lupe Velez, Paul Cavanagh, Tom Moore). 1931 – A Casa da Discórdia / A House Divided (melodrama com Walter Huston, Douglass Montgomery, Helen Chandler). 1932 – Cadetes de Honra / Tom Brown of Culver (drama com Tom Brown, H. B. Warner, Richard Cromwell). 1933 – O Piloto de Água Doce / Her First Mate (comédia com Slim Summerville, ZaSu Pitts, Una Merkel), O Conselheiro / Counsellor at Law (drama com John Barrymore, Bebe Daniels, Doris Kenyon). 1934 – Fascinação / Glamour (drama com Paul Lukas, Constance Cummings, Philip Reed). 1935A Boa Fada / The Good Fairy (comédia romântica com Margaret Sullavan, Herbert Marshall, Frank Morgan e um para a Twentieth Century-Fox: 1935 – Sua Alteza, o Garçom / The Gay Deception (comédia romântica com Francis Lederer, Frances Dee, Benita Hume). Destaco sempre os melhores em granito, deixando bem claro que isto não quer dizer que os demais filmes sejam ruins.

Bebe Daniels e John Barrymore em O Conselheiro

O Conselheiro é uma adaptação da peça de Elmer Rice sobre George Simon (John Barrymore) um advogado judeu de Nova York, que começa a questionar sua ascensão da pobreza ao sucesso, quando descobre a infidelidade da esposa, Cora (Doris Kenyon), chegando quase ao suicídio, do qual é salvo por sua secretária Regina “Rexie” Gordon (Bebe Daniels), apaixonada por ele. Wyler consegue imprimir um ritmo incessante ao texto teatral e Barrymore faz uma caracterização perfeita do personagem.

Em The Good Fairy Wyler transmite  com esmero o charme do conto de fadas de Ferenc Molnar, cujos diálogos e personagens Preston Sturges remodelou à sua maneira. Luisa Ginglebush (Margaret Sullivan), criada em um orfanato, torna-se lanterninha de um cinema em Budapest. Nesta função conhece Detlaff (Reginald Owen), garçom simpático, que a leva para conhecer o meio da alta sociedade onde trabalha. Neste ambiente ela é cortejada pelo milionário Konrad (Frank Morgan). Para se esquivar de seu assédio, diz que é casada, e quando Konrad, armando um plano para conquistá-la, quer saber quem ele é, para lhe dar um bom emprego, Louise seleciona em um catálogo de telefone um nome qualquer, para ser seu esposo. O escolhido é o Dr. Max Sporum (Herbert Marshall), advogado pobre, mas honesto. Luisa então vê a oportunidade de, tal como prometera à diretora do orfanato, fazer o Bem para os outros, mantendo sua pureza. O advogado obviamente vai gostar da moça e vice-versa, e tudo acaba bem.

Em 19 de setembro de 1935 Wyler assinou um contrato com Samuel Goldwyn que lhe permitia aceitar projetos de outras companhias. Até o fim da década de 30 realizou 5 filmes para Goldwyn: 1936 – Infâmia / These Three (drama com Merle Oberon, Miriam Hopkins, Joel McCrea, Bonita Granville), Fogo de Outono / Dodsworth (drama com Walter Huston, Ruth Chatterton, Mary Astor). 1937 – Beco Sem Saída / Dead End (drama social com Sylvia Sidney, Humphrey Bogart, Joel McCrea). 1939 O Morro dos Ventos Uivantes / Wuthering Heights (melodrama romântico com Laurence Olivier, Merle Oberon, David Niven, Geraldine Fitzgerald) e 1 filme para a Warner Bros.: 1938 – Jezebel / Jezebel (drama romântico com Bette Davis, Henry Fonda, George Brent). Em 1936 Wyler co-dirigiu Meu Filho é Meu Rival / Come and Get It com Howard Hawks, porém nunca o considerou como um de seus filmes.

Ruth Chatterton e Walter Huston em Fogo de Outono

Fogo de Outono é uma adaptação por Sidney Howard do romance de Sinclair Lewis sobre problemas conjugais na meia-idade, retratando simultaneamente a mentalidade da classe média do interior dos Estados Unidos entre as duas guerras mundiais. Em uma viagem à Europa, o industrial aposentado Sam Dodsworth (Walter Huston) descobre como a esposa Fran (Ruth Chatterton) é fútil e vazia, entendendo-se melhor com outra mulher, Edith Cartwright (Mary Astor), mais preparada para ser uma boa companheira. O filme concorreu ao Oscar em sete categorias (Melhor Filme, Diretor, Ator, Atriz Coadjuvante, Roteiro, Direção de Arte, Som), conquistando o de Melhor Direção de Arte para Richard Day, e é uma verdadeira aula de narração cinematográfica, lecionada por rigoroso perfeccionista.

Merle Oberon e Laurence Olivier em O Morro dos  Ventos Uivantes

Na realização de O Morro dos Ventos Uivantes, os roteiristas Ben Hecht e Charles MacArthur simplificaram o romance gótico e sombrio de Emily Bronte, e Wyler tratou-o com sólido profissionalismo. Heathcliff (Laurence Olivier), órfão cigano criado por um  fidalgo de Yorkshire, cresceu junto com a filha deste, Cathy (Merle Oberon). Eles se amam desde a infância, mas a desigualdade de suas condições sociais os separa e ela se casa com um rico proprietário de terras, Edgar Linton (David Niven). Anos depois, Heathcliff retorna, transformado em gentil-homem, e ainda apaixonado por Cathy, mas é tarde demais. Neste clássico do romantismo vitoriano os elementos da natureza se alternam com o sobrenatural. A voz de fantasma de Cathy se mistura com o vento para chamar Heathcliff. O filme recebeu oito indicações para o Oscar – Melhor Filme, Direção, Ator, Atriz Coadjuvante, Roteiro, Fotografia preto-e-branco, Música Original, Direção de Arte – saindo vitorioso apenas o fotógrafo Gregg Toland.

Bette Davis e Henry Fonda em Jezebel

Na Warner, Wyler dirigiu magnificamente Jezebel, com uma heroína sulista de caráter semelhante ao de Scarlet O´Hara, e proporcionou a Bette o seu segundo Oscar. Vestida com belos figurinos de Orry-Kelly e fotografada por Ernest Haller, seu cameraman favorito, ela teve um desempenho notável, destacando-se a cena do baile, quando a protagonista, Julie Marsden, surge de vermelho em contraste com os trajes brancos tradicionalmente usados por todas as jovens solteiras da cidade. Houve cinco indicações ao Oscar: Melhor Filme, Atriz, Atriz Coadjuvante, Fotografia, Música Adaptada. Bette Davis e Fay Bainter conquistaram a a estatueta da Academia respectivamente como Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante.

Wyler e Margaret Sullavan

Em 25 de novembro de 1934 Wyler casou-se com a atriz Margaret Sullavan, da qual se divorciou em 1936. Em 23 de outubro de 1938 ele contraiu matrimônio com outra atriz, muito menos famosa que Sullavan, Margaret Tallichet, e permaneceram juntos até o falecimento dele. O papel mais conhecido de Tallichet foi em O Homem de Olhos Esbugalhados / Stranger on the Third Floor / 1941 ao lado de Peter Lorre e John McGuire.

Margaret Tallichet e Wyler

Nos anos 40 Wyler realizou mais 3 filmes para Samuel Goldwyn: 1940 – O Galante Aventureiro / The Westerner (western com Gary Cooper, Walter Brennan, Doris Davenport). 1941 – Pérfida / The Little Foxes. (drama com Bette Davis, Herbert Marshall, James Stephenson, Gale Sondergaard). 1946 – Os Melhores Anos de Nossa Vida / The Best Years of Our Lives; (drama de pós guerra com Fredric March, Myrna Loy, Dana Andrews, Teresa Wright, Virginia Mayo, Cathy O´Donnell, Harold Russell); 1 para a Warner Bros. / First National: 1940 – A Carta / The Letter; (drama criminal com Bette Davis, Herbert Marshall, James Stephenson). 1 para a MGM: 1942 – Rosa de Esperança / Mrs. Miniver (drama de guerra com Greer Garson, Walter Pidgeon); 1 para a Paramount: 1949 Tarde Demais / The Heiress (drama psicológico com Olivia de Havilland, Montgomery Clift, Ralph Richardson, Miriam Hopkins) e dois documentários:  1944 – Por Céus Inimigos / The Memphis Belle, A Story of a Flying Fortress para a 8th Air Force Photographic Section em cooperação com a Army Air Forces First Motion Picture Unit., distribuído pela Paramount 1947 – Thunderbolt para A U.S. Air Force e Carl Krueger Productions, terminado somente após o armstício e distribuído pela Monogram. Foi durante a filmagem deste último documentário (sobre o bombardeiro B-25), que Wyler perdeu parte de sua audição, por causa ao ruído dos motores e o som alto do vento com a janela aberta do aparelho.

Walter Brennan e Gary Cooper em O Galante Aventureiro

Em O Galante Aventureiro, preso por um roubo de cavalo que não cometeu, Cole Hardin (Gary Cooper) é condenado pelo juiz Roy Bean (Walter Brennan), mas consegue escapar do enforcamento, prometendo-lhe trazer uma mecha dos cabelos de sua atriz idolatrada, Lily Langtry. Logo depois, Hardin se alia a um grupo de fazendeiros que estão sendo expulsos de suas terras por ordem do juiz. Após várias complicações – estouro de boiada, incêndio nas plantações e das casas dos colonos e uma briga formidável -, dá-se o confronto final entre o vaqueiro e o excêntrico magistrado, em um clímax que se tornou famoso. Bean, sozinho no teatro, esperando a performance de Lily Langtry e a cortina subindo, para revelar a presença de Hardin de arma em punho no palco. O filme recebeu três indicações ao Oscar: Melhor Ator Coadjuvante, História Original e Direção de Arte. Wyler dirigiu com o empenho fílmico de sempre e Walter Brennan ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante.

Herbert Marshall e Bette Davis em Pérfida

Baseado na peça de Lillian Hellman, Pérfida, passado em uma pequena cidade da Louisiana em 1900 – gira em torno dos Hubbard, uma família voraz. Necessitando de 75 mil dólares para construir uma fábrica de tecidos de algodão, Ben (Charles Dingle) e Oscar (Carl Benton Reid) Hubbard planejam, com sua irmã Regina (Bette Davis), fazer com que o marido dela, o banqueiro Horace Giddens (Herbert Marshall), se disponha a investir no empreendimento. Quando Horace recusa o pedido de dinheiro, Regina é tomada por uma raiva violenta e revela a Horace que nunca o amou. A direção de Wyler é impecável. Na sequência mais famosa, diante de uma câmera absolutamente  imóvel, Regina, sentada  em primeiro plano de frente para a objetiva, percebe que no fundo do quadro Horace está sofrendo um ataque cardíaco, e se recusa deliberadamente a socorrê-lo,  aguardando friamente sua morte. O filme proporcionou oito indicações ao Oscar: Melhor Filme, Diretor, Atriz, Atriz Coadjuvante, Roteiro Adaptado, Direção de Arte preto-e-branco, Música de filme dramático, Montagem.

Harold Russell, Dana Andrews e Fredric March em Os Melhores Anos de Nossa Vida

Gregg Toland e Wyler na filmagem de Os Melhores Anos de Nossa Vida

Os Melhores Anos de Nossa Vida sobressai pela humanidade e realismo de seu tema e pela quantidade de prêmios da Academia que proporcionou. Em 1945 três soldados americanos desmobilizados após o fim da 2ª Guerra Mundial – Al (Fredric March), sargento da infantaria, Fred (Dana Andrews), capitão da aviação e Homer (Harold Russell), um marujo mutilado  -, se conhecem na viagem de volta para a sua cidade natal. Como vai se passar o retorno à vida pessoal e social? Wyler narra com delicadeza e Inteligência os acontecimentos, utilizando – com a ajuda de Gregg Toland – primorosamente a profundidade de campo e e coordena com autoridade uma equipe de atores e técnicos bem afinados. Os prêmios da Academia foram sete: Melhor Filme, Direção, Ator (Fredric March), Ator Coadjuvante (Harold Russell), Roteiro Adaptado (Robert E. Sherwood), Música de filme não musical (Hugo Friedhofer), Montagem (Daniel Mandell).

Bette Davis em A Carta

Dirigido solidamente por Wyler, A Carta, baseada em uma peça de Somerset Maugham, tem uma trama de adultério, assassinato e vingança, que prende a atenção do espectador do início ao fim do filme. Leslie Crosbie (Bette Davis), esposa de Robert Crosbie (Herbert Marshall), administrador de um seringal na Malásia, mata a sangue frio seu amante e alega legítima defesa da honra. Graças a uma manobra de seu advogado (James Stephenson) é absolvida, mas não consegue esquecer o homem que assassinou, e vai ao encontro da morte, que lhe reserva a viúva eurasiana (Gale Sondergaard) do morto. A sequência inicial sem uma única palavra ou um único corte introduz o clima, o cenário e a personagem principal, tornando-se digna de uma antologia. A produção foi honrada com sete indicações ao Oscar: Melhor Filme, Direção, Atriz, Ator Coadjuvante, Fotografia preto-e-branco, Montagem, Música (partitura original).

Greer Garson e Walter Pidgeon em Rosa de Esperança

Mrs. Miniver mostra uma família inglêsa da classe média, que enfrenta estoicamente o ataque alemão durante a Segunda Guerra Mundial. A certa altura da narrativa, Kay Miniver (Greer Garson), na ausência de seu marido Clem (Walter Pidgeon), que está em seu pequeno bote participando da evacuação de Dunquerque, lida calmamente com um nazista fanático, piloto de um avião da Luftwaffe, que ela encontra no seu jardim. Após um bombardeio, no qual várias pessoas – inclusive Carol (Teresa Wright) a nora de – são mortas, a congregação se reúne na sua igreja danificada e ouve o vigário proferir um sermão, afirmando que a guerra é agora “a guerra do povo”. Wyler coordenou com sensibilidade esta produção, proporcionando-lhe doze indicações ao Oscar, conquistando seis estatuetas da Academia: Melhor Filme, Direção, Atriz (Greer Garson), Atriz Coadjuvante (Teresa Wright), Fotografia preto-e-branco (Joseph Ruttenberg), Roteiro (Arthur Wimperis, George Froeschel, James Hilton, Claudine West).

Montgomery Clift, Olivia de Havilland e Ralph Richardson em Tarde Demais

Inspirado em uma peça sugerida pela novela “Washington Square” de Henry James, Tarde Demais conta a história de Catherine (Olivia de Havilland), jovem tímida e feia, menosprezada pelo pai, Dr. Sloper (Ralph Richardson, e cortejada por um caça-dotes, Morris Townsend (Montgomery Clift) que, ao descobrir os verdadeiros sentimentos de seu progenitor e do noivo, se torna dura, intransigente, vingativa. Wyler expõe o drama com esplêndido discernimento cinematográfico, mantendo o ritmo vivo e extraindo dos intérpretes o máximo de expressividade. São inesquecíveis a cena de Olivia sentada em frente de sua casa no momento em que o pai está morrendo e o final com o noivo batendo desesperadamente na porta de Olivia. A produção suscitou oito indicações ao Oscar: Melhor Filme, Direção, Atriz, Ator Coadjuvante, Fotografia preto e branco, Música de filme não musical, Direção de Arte preto-e-branco, Figurinos preto-e-branco. Ganharam: Olivia de Havilland (Atriz), Aaron Copland (Música), Harry Horner – John Meehan (DIreção de Arte), Edith Head – Gile Steele (Figurinos).

Na década de 50 Wyler realizou quatro filmes na Paramount: 1951- Chaga de Fogo / Detective Story (drama com Kirk Douglas, Eleanor Parker, George Mcready). 1952 – Perdição por Amor / Carrie (melodrama com Laurence Olivier, Jennifer Jones, Miriam Hopkins). 1953 – A Princesa e o Plebeu / Roman Holiday (comédia romântica com Audrey Hepburn, Gregory Peck, Eddie Albert). 1955 – Horas de Desespero / The Desperate Hours (drama criminal com Fredric March, Humphrey Bogart, Arthur Kennedy, Martha Scott ); um para a Allied Artists: 1956 – Sublime Tentação / Friendly Persuasion (drama histórico com Gary Cooper, Dorothy McGuire, Anthony Perkins); um para a Anthony-Worldwide Productions: 1958 – Da Terra Nascem os Homens / The Big Country (western com  Gregory Peck, Jean Simmons, Carroll Baker, Charlton Heston, Burl Ives, Charles BIckford);  e um para a MGM: 1959 – Ben-Hur / Ben-Hur (drama histórico  com Charlton Heston,  Stephen Boyd, Jack Hawkins, Haya Harareet, Hugh Griffith, Martha Scott).

Kirk Douglas e Eleonor Parker em

Chaga de Fogo conta o drama psicológico e moral de Jim McLeod (Kirk Douglas), detetive recalcado pela experiência de um pai criminoso, que se torna vítima de um ódio irracional contra todos os delinquentes, inclusive um médico sem escrúpulos (George Mcready), até que vem a saber que sua própria esposa (Eleanor Parker) recorrera justamente a ele para fazer um aborto. Quase todo o filme é passado em uma delegacia, onde tramitam os tipos habituais, salientando-se entre eles uma cleptomaníaca (Lee Grant), um facínora degenerado e histérico (Joseph Wiseman), e seu companheiro débil mental (Michael Strong). Apesar da limitação do ambiente Wyler consegue dissimular a origem teatral do filme e colher uma interpretação corretíssima de todos os atores. A produção possibilitou quatro indicações ao Oscar: Melhor Diretor, Atriz, Atriz Coadjuvante, Roteiro.

Gregory Peck, Eddie Albert e Audrey Hepburn em A Princesa e o Plebeu

Em A Princesa e o Plebeu a princesa Ann (Audrey Hepburn), durante uma viagem oficial, procura escapar da pompa e cerimônia dos protocolos diplomáticos, passeando incógnita pelas ruas de Roma. Ela trava conhecimento com um jornalista americano, Joe Bradley (Gregory Peck). Ambos escondem suas identidades ela, por motivos compreensíveis, ele, porque sente que terá um “furo” jornalístico sensacional, ajudado pelo seu fotógrafo Irving Radovich (Eddie Abert). Após passarem por divertidas aventuras, se enamoram. Porém acabam renunciando ao amor: a princesa, obedecendo aos seus deveres, retorna ao palácio e Joe, desiste de sua reportagem, e entrega gentilmente a Anne em uma conferência de imprensa, as fotos tiradas durante sua fuga. Realizado inteiramente em Roma, o filme recebe por causa disso um selo de autenticidade e se enriquece com as vistas dos monumentos mais belos da Cidade Eterna, sem deixar de mostrar a vida fervilhante do povo simples da capital italiana. Com uma direção alerta Wyler deu alegria e animação ao espetáculo. A produção mereceu dez indicações ao Oscar: Melhor Filme, Direção, Atriz, Ator Coadjuvante, Fotografia preto e branco, História Original, Roteiro, Montagem, Direção de Arte preto e branco, Figurino preto -e-branco. Os vencedores foram Audrey Hepburn, Ian McLellan Hunter, que era o  testa de ferro de Dalton Trumbo (História Original) e Edith Head (Figurino).

Dorothy McGuire, Anthony Perkins e Gary Cooper em Sublime Tentação

Baseado no romance de Jessamyn West, o relato de Sublime Tentação desenrola-se durante a Guerra Civil americana e conta a história de uma família de Quakers, cuja vida quieta e tranquila é abalada pelas notícias do conflito, que criam para estes apóstolos da não violência um problema de consciência. Como todos os quakers, Jess (Gary Cooper, sua esposa Eliza Birdwell (Dorothy McGuire) e o filho mais velho deles, Josh (Anthony Perkins), se recusam a participar da luta que separa o Norte do Sul, porém diante de tanta violência cometida pelos sulistas, Josh decide ingressar nas fileiras nortistas. Ele toma parte em uma batalha sangrenta e não retorna.  Seu pai então pega uma arma e vai à sua procura. Wyler conjuga com argúcia e sentimento o tema dramático com registros pitorescos ou cômicos (v. g. os incidentes com o ganso de estimação da famíia, o lance da compra do órgão e a reação de Eliza, o episódio com a  viúva Hudspeth (Marjorie Main) e suas três filhas, as corridas de charrette com o vizinho (Robert Middleton), que Dimitri Tiomkin  entafiza com inspirada partitura. A produção gerou seis indicações ao Oscar: Melhor Filme, Direção, Ator Coadjuvante, Roteiro Adaptado, Canção, Som e arrebatou a Palma de Ouro em Cannes.

Jennifer Jones e Laurence Olivier em Perdição por Amor

Perdição por Amor é uma adaptação do romance “Sister Carrie” de Theodore Dreiser, contando a história de um amor desesperado. Nos anos 1890, Carrie Meeber (Jennifer Jones), viaja de uma pequena cidade do Missouri para Chicago e conhece o caixeiro-viajante Charles Drouet (Eddie Albert) no trem. Quando perde seu emprego em uma fábrica de calçados, Carrie passa a viver com Drouet. Mas eis que ela se apaixona por George Hurstwood (Laurence Olivier), gerente de um grande restaurante e ele corresponde a este sentimento. Para esposar Carrie, ele se afasta de sua esposa Julia (Miriam Hopkins). Um dia, Hurstwood dá um desfalque na caixa do restaurante, é descoberto, e perde seu emprego. Quando Julia informa Carrie que seu marido não se divorciou dela, Carrie, grávida, acaba deixando seu amante. Este vai aos poucos se degradando e, enquanto Carrie progride como corista do teatro de variedades, ele morre na mais sórdida miséria. Wyler conduz habilmente o melodrama com seu estilo discreto, sobressaindo alguns lances de excelência técnica (v. g. a longa panorâmica no restaurante; a parada do trem em Englewood) e a notável interpretação de Olivier. Hal Pereira, Roland Anderson (Direção de Arte), Emil Kuti (Decoração de Interiores) e Edith Head (Figurinos) receberam o Oscar

Superespetáculo baseado no romance de Lewis Wallace, Ben-Hur descreve a amizade rompida e a rivalidade terrível entre dois amigos de infância, Judah Ben-Hur (Charlton Heston), príncipe judeu e Messala (Stephen Boyd), jovem tribuno romano bem como outros acontecimentos ocorridos no tempo do Império Romano. Wyler realizou um filme comercial artisticamente digno, conseguindo um entrosamento perfeito entre o drama íntimo e as cenas de ação, das quais a mais sensacional é a corrida de quadrigas, que contou com a inestimável colaboração de Andrew Marton, Mario Soldati e Yakima Canutt). A música é grandiosa e acompanha cada cena magistralmente. Cenários magníficos, centenas de figurantes, fotografia e nível técnico geral corretíssimo completam o quadro. A produção arrebatou onze prêmios da Academia:  Melhor Filme, Direção, Ator (Charlton Heston), Ator Coadjuvante (Hugh Griffith), Fotografia em cores (Robert Surtees), Música de filme não musical (MIklos Rosza), Direção de Arte (William A. Horning, Edward Carfagno), Hugh Hunt (Decoração de interiores), Efeitos Especiais (Arnold Gillespie, Robert MacDonald, Milo Ory), Montagem (Ralph E. Winters, John D. Dunning), Figurinos em Cores (Elizabeth Haffenden), Som (Departamento de som da MGM, Diretor de Som Franklin Milton).

Na fase final da carreira de Wyler suas obras – 1961 – Infâmia / The Children´s Hour / Mirisch-World Wide (drama com Audrey Hepburn, Shirley MacLaine, James Garner, Miriam Hopkins). 1965 – O Colecionador / The Collector / Columbia (drama psicológico com Terence Stamp e Samantha Egar). 1966 – Como Roubar Um Milhão de Dólares / How To Steal a Million / Twentieth Century-Fox (comédia com Audrey Hepburn, Peter O´Toole, Eli Wallach). 1968 – Funny Girl – A Garota Genial / Funny Girl / Rastar, Columbia (cinebiografia com Barbra Streisand, Omar Shariff). 1970 – A Libertação de L. B. Jones / The Liberation of L. B. Jones / Columbia (drama com Lee J. Cobb, Roscoe Lee Brown, Anthony Zerbe, Lola Falana) -, embora realizadas com eficiência técnica, não tiveram a mesma envergadura artística de seus melhores filmes anteriores.

Terence Stamp e Samantha Egar em O Colecionador

O melhor de seus últimos filmes foi O Colecionador, baseado em um romance de John Fowles. Freddie Clegg (Terence Stamp), bancário insignificante e reprimido que coleciona  borboletas, ganha na loteria esportiva e compra uma casa  isolada em um subúrbio londrino com um porão espaçoso. Em seguida sequestra uma estudante de arte, Miranda Grey (Samantha Egar), por quem tem uma paixão doentia, na esperança de que ela o conheça melhor e acabe por amá-lo. Enfrentando um desafio inédito em sua carreira, dirigir um filme com ação concentrada em dois personagens e em um espaço cenográfico reduzido, Wyler saiu vitorioso, mostrando com vigor dramático a aventura amorosa mórbida e angustiante do casal aprisionado, concluída de forma imprevisível. A produção ocasionou três indicações ao Oscar (Melhor Atriz, Direção. Roteiro Adaptado). Terence Stamp e Samantha Egar ganharam o prêmio de Melhor Interpretação no Festival de Cannes.

A PARADA DA VIDA DE JOHN NESBITT

Um dos shorts mais interessantes que passavam antes do filme principal na programação dos Cines Metro nas décadas de 30 e 40 era A Parada da Vida / John Nesbitt Passing Parade. Nascido no Canadá, Nesbitt herdou de seu pai um báu cheio de recortes de jornais, acumulados durante uma vida inteira de viagens. Quando o jovem Nesbitt foi trabalhar no rádio nos anos 30 (começando por fazer adaptações de uma hora de Shakespeare para a estação KXL de San Francisco), ele desenvolveu um programa próprio intitulado “Headlines of the Past”, que gradualmente evoluiu para “Passing Parade”. Foi o sucesso deste programa que levou Nesbitt para a MGM,  inicialmente para narrar a mais nova série de shorts do estúdio, Um Momento Histórico / Historical Mysteries, que incluia: O Navio que Morreu / The Ship That Died (Dir: Jacques Tourneur); Bravest of the Brave (Dir: Edward L. Cahn), Face Behind the Mask (Dir: Jacques Tourneur), O Enigma de Santa Helena / Man on the Rock (Dir: Edward L. Cahn), Nostradamus / Nostradamus (Dir: David Miller); Providência Requerida / Forgotten Step (Dir: ; Salvando a Vida das Mães / That Mothers May Live (Dir: Fred Zinnemann); O Rei sem Trono / King Whitout a Crown (Dir: Jacques Tourneur); O Homem do Galpão / Man in the Barn (Dir: Jacques Tourneur); Joaquin Murietta (Dir: Fred Wilcox); Captain Kid´s Treasure (Dir: Leslie Fenton) e um “especial” A Vida lhes sorrí de Novo / They Live Again (Dir: Fred Zinnemann).

John Nesbit

Logo a popularidade de Nesbitt cresceu e lhe deram a chance de ter a sua própria série e assim nasceu A Parada da Vida, que compreendia basicamente  três tipos de temas: fatos pouco conhecidos sobre grandes homens, homens que mudaram o mundo e acontecimentos extraordinários. Havia também um tema mais geral na série: um grande amor pela América e um desejo de mostrar seus maiores atributos.

Nesbitt narrava cada short, geralmente escrevia o texto da narração e frequentemente o roteiro de seus filmes (de aproximadamente 11 minutos), mas muitas vezes os roteiros eram escritos por outros. O diretor era designado para realizar o short independentemente, para combinar com a narração. As cenas eram silenciosas e sem música, ouvindo-se apenas o narrador.

Um short da série importante e profético foi Tesouro Escondido / Forgotten Treasure / 1943, mostrando o acervo da filmoteca do Museu de Arte Moderna de Nova York e seus filmes raros por ela recuperados entre eles vários cinejornais: o dia seguinte ao terremoto de San Francisco; Presidente McKinley em 1901, um dia antes de ser assassinado; o Canal de Panamá em construção; o primeiro vôo dos irmãos Wright; e muitos outros.  A série A Parada Vida, apresentada muitas vêzes sob o som de uma canção tema da Quinta Sinfonia de Tchaikovsky, foi produzida entre 1938 e 1949 quando, por motivos ignorados, foi descontinuada. Em 1961-1966 a série foi editada para a televisão. Nesbitt faleceu em 1960, de um ataque cardíaco, aos 49 anos de idade.

RELAÇÃO DOS SHORTS DA SÉRIE A PARADA DA VIDA

1938

Singularidades / Passing Parade # 1 (Dir: Basil Wrangell) compreendendo três episódios: The Marriage Industry (história de um casamento por correspondência); Unclaimed Millions (mostrando o dinheiro que indefinitivamente nos bancos); e Autobiography of a Car (da fábrica para um monte de sucata).

1939

Novos Caminhos / New Roadways (Dir: Basil Wrangell). Vários projetos desenvolvidos nos laboratórios de pesquisa científica dos Estados Unidos que beneficiam a Humanidade (v. g. energia solar, experiências com dieta com camondongos que podem levar à cura do daltonismo).

A História de Alfred Nobel / The Story of Alfred Nobel (Dir: Joseph M. Newman). Vida e carreira de Alfred Nobel (Paul Guilfoyle), que inventou a dinamite como uma força construtiva para o Bem e verificou que ela se tornar uma arma de guerra.

A História do Dr. Jenner / The Story of Dr. Jenner (Dir: Henry K. Dunn). A história de Edward Jenner (Matthew Boulton), o naturalista e médico britânico que inventou a vacina contra a varíola.

Clara Barton – Angel of Mercy

Anjo de Caridade / Angel of Mercy (Dir: Edward L. Cahn). A história de Clarissa Harlowe “Clara” Barton (Sara Haden), fundadora da Cruz Vermelha.

O Espírito de um Povo / Yankee Doodle Goes to Town (Dir: Jacques Tourneur). Realizado pouco antes da América entrar na Segunda Guerra Mundial, este short é uma breve história dramatizada da democracia americana. Mostra como “o espírito da democracia” continua incansável desde 1766 enquanto Nathaniel Curdleface (Clem Bevans) vê o pior em tudo. Albert Russel interpeta o papel de Abraham Lincoln.

O Gigante da Noruega / The Giant of Norway (Dir: Edward L. Cahn). A história do  explorador e diplomata norueguês Fridtjof Nansen (Lumsden Hare) que devotou sua vida a ajudar os refugiados  e pessoas deslocadas após a Primeira Guerra Mundial.

A História Que Não Pode Ser Contada / The Story That Couldn’t Be Told (Dir: Joseph M. Newman). A história de John Peter Zenger (Victor Kilian), tipógrafo e jornalista de Nova York que, acusado de difamação em 1734, foi absolvido, tornando-se um símbolo da liberdade de imprensa.

Um Contra o Mundo / One Against the World (Dir: Fred Zinnemann). A história do Dr. Ephraim McDowell (Jonathan Hale), o primeiro cirurgião a fazer com sucesso uma remoção de um tumor ovariano em 1809 em Danville no Kentucky, apesar de ter sido ameaçado de linchamento pela população local.

Sentinelas Invisíveis/ Unseen Guardians (Dir: Brasil Wrangell). Focalizando “guardiões invisíveis” como o Postal Inspection Bureau, que investiga a extorsão por correspondência; os Underwriter´s Laboratories, que testam aparelhos elétricos, extintores de incêndio e grandes cofres; e aqueles que administram orfanatos, para assegurar que as crianças sob seus cuidados sejam colocadas em lares adotivos adequados.

Vitória Esquecida / Forgotten Victory (Dir: Fred Zinnemann). Tributo a Mark Alfred Carleton (Donald Douglas), botânico americano famoso por ter trazido da Rússia para os Estados Unidos uma variedade de trigo resistente à sêca.

1940

XXX Medico / Medico (Dir: Basil Wrangell). Realçando um novo sinal de socorro, XXX Medico, que permite aos médicos diagnosticar doenças à longa distância. Frederick Burton é o Capitão do Navio e Stanley Andrews o especialista de Nova York.

A Força Oculta / The Hidden Master (Dir: Sammy Lee). Três exemplos históricos de como a sorte pode ser importante na vida de uma pessoa envolvendo Robert Clive  (Peter Cushing), um dos fundadores do Império Britânico na Índia; o Dr. William Rongten (Emmett Morgan), físico e engenheiro alemão descobridor dos raios-X;  Harry Jones (Louis Jean Heydt), homem pobre acordado de noite pelo telefonema de um bêbado, que discou o número errado.

Um Caminho nas Selvas / A Way in the Wilderness (Fred Zinnemann). A história de um imigrante húngaro, Joseph Goldberger (Shepperd Strudwick), que descobriu a cura para a pelagra, doença nutricional que estava matando milhares de pessoas no sul dos Estados Unidos.

Pequenos Nadas Que São Tudo / Trifles of Importance (Dir: Basil Wrangell). Mostra como três coisas aparentemente sem importância podem afetar as pessoas. A primeira coisa é como o número 7 afeta um estudante acusado de roubos. A segunda é como os rabiscos de uma pessoa podem revelar traços de personalidade. A terceira é como certos ítens – por exemplo  lapelas – estão em ternos masculinos.

A Barão e a Rosa / The Baron and the Rose (Dir: Basil Wrangell). A história de Henry Steigel, um ferreiro em Elizabeth Furnace na Pennsylvania que, nos tempos coloniais, se tornou um vidraceiro, adquiriu terras, ganhou muito dinheiro e desperdiçou sua fortuna.  Na velhice ele alugou uma de suas propriedades para a Igreja por um aluguel a ser determinado posteriormente. Apesar de sua condição financeira, Steigel, sempre um artista, exigiu como aluguel, uma rosa vermelha, razão pela qual a igeja em Mannheim, continua pagando o aluguel desta maneira no século vinte em 1940.

A Morte da Utopia / Utopia or Death (Dir: nenhum diretor creditado). Conta a história da expedição conduzida por Harold Austin (o próprio) na Ilha de Tiburón no Golfo da Califórnia. Austin estava em busca dos Índios Seri, que se acreditava ser um povo moribundo, quando o filme foi feito. A preocupação com a sobrevivência dos Seris se revelou prematura.

Sonhos / Dreams (Dir: Felix E. Feist). O que acontece em nossa mente quando sonhamos e como isto pode afetar nossas vidas. Um dos exemplos diz respeito a um sonho de Abraham Lincoln predizendo sua morte.

American Spoken Here (Dir: Basil Wrangell). Em voz over o narrador John Nesbitt nos fala que o idioma inglês tem duas línguas: a língua padrão  e a gíria. Em reconstituições de cenas do passado, atores ilustram as origens de algumas expressões comuns enquanto o narrador as explica.

Boatos / Whispers (Dir: Basil Wrangell). Como a fofoca pode ser usada como propaganda ou arruinar a reputação de uma pessoa. O narrador John Nesbitt adverte os espectadores de que devem ser céticos a rumores, especialmente em tempo de guerra.

1941

Outras Bagatelas de Importância / More Trifles of Importance (Dir: Basil Wrangell). Uma chícara de chá e uma pequena flor provam mais uma vez como pequenas coisas podem desempenhar papéis importantes na vida.

Chama Entre Cinzas / Out of Darkness (Dir: Sammy Lee). Mostra os esforços da Alemanha e do exército alemão para fecharem o jornal  clandestino de resistência, La Libre Belgique, na Bélgica ocupada durante a Primeira Guerra Mundial e como ele voltou a surgir na Segunda Guerra Mundial.

Willie and the Mouse (Dir: George Sidney). Ratos têm cérebros, e este estudo mostra como eles, tal como acontece como os humanos, são membros da espécie espertos ou idiotas.

A Rua da Amargura / This is the Bowery (Dir: Gunther W. Fritsch). Mostra o distrito do Bowery em Nova York e algumas figuras trágicas que viveram ali. VIsitamos a Bowery Mission, onde homens recebem alimentos, roupas limpas e a oportunidade de se tornar de novo um membro útil para a sociedade.

O Último Ato / Your Last Act (Dir: Fred Zinnemann). Um olhar sobre alguns dos legados mais estranhos de todos os tempos. Entre eles,  uma mulher que deixou sua fortuna para seu animal de estimação e um assassino que garantiu que sua córnea seria doada a uma jovem cega antes de ser eletrocutado. No final, o testamento do mendigo Charles Lounsberry.

Cães e Charadas / Of Pups and Puzzles (Dir: George Sidney) Experiências com vários animais tornam possível adequar homens a vários empregos. Este short ganhou o  Oscar de Melhor Curta-Metragem de Um Rolo.

Manias / Hobbies (Dir: George Labrousse). Um olhar sobre alguns dos hobbies mais interessantes, incluindo miniaturas de estradas de ferro e de navios colocados dentro de garrafas.

Strange Testament (Dir: Sammy Lee) A história de Julian de Lallande Poydras (Edward Ashley), cujo encontro com uma jovem no carnaval de Mardi Gras teve um efeito profundo em sua vida posterior.

1942

Qual a Razão? / We Do It Because (Dir: Basil Wrangell). A origem de costumes como apertar as mãos, beijar, tirar o chapéu para damas, fazer a barba, quebrar uma garrafa de vinho no lançamento de um navio, a tradição da aliança de casamento e do véu da noiva etc.

Bandeira de Misericórdia / Flag of Mercy (Dir: Edward L. Cahn). Relançamento de Anjo de Caridade / 1939 com novo comentário para introduzir a entrada da América na Segunda Guerra Mundial após o ataque japonês a Pearl Harbor.

Enclausurada pelo Medo / The Woman in the House (Dir: Sammy Lee). Em 1901, Catherine Starr (Ann Richards) uma jovem que vive em uma pequena cidade costeira da Inglaterra, tem uma briga com seu noivo. Ele vai servir na Guerra dos Boers, e morre de malária. Catherine se culpa pela morte dele e teme que outras pessoas também a culparão. Ela não sai mais de casa durante quarenta anos. Quando os nazistas bombardeiam sua casa em setembro de 1941, ela é forçada a lidar com o mundo exterior.

Cena de O Desconhecido Misterioso

O Desconhecido Misterioso / The Incredible Stranger (Dir: Jacques Tourneur). Em  1892 em Bridgewood, um homem oriundo de Chicago (Paul Guilfoyle) se recusa a aceitar o fato de que sua esposa e um casal de filhos estão mortos, e continua a agir como se eles estivessem ainda vivos. A cidade inteira eventualmente fica sabendo porque ele se mudou para Bridgewood, porque não fala com ninguém, e o que se encontra em sua residência.

Vendetta / Vendetta (Dir: Joseph M.Newman). Dois jovens corsos fazem um juramento de sangue de que eles farão sempre tudo o que for necessário para manter a Córsega livre. Um dos meninos, que cresceu e se tornou Napoleão Bonaparte, quebra sua promessa quando anexa a Córsega à França. O amigo de infância de Napoleão, Carlo Andrea Pozzo di Borgo (Horace Mc Nally, que depois adotou o nome artístico de Stephen McNally), jura vingança.

O Alfabeto Mágico / The Magic Alphabet (Dir: Jacques Tourneur). A história do Dr. Christiaan Eijkman (Horace McNally), o físico holandês que descobriu a importância das vitaminas.

Enganos Famosos / Famous Boners (Dir: Douglas Foster). Mostra três pessoas que causaram ou foram vítimas de erros. Como um manuscrito de Thomas Carlyle sobre a Revolução Francêsa foi queimado; como um prisioneiro estúpido escapou e foi logo capturado; como um espião frustrou um plano de sabotagem etc.

O Filme Perdido / The Film That Was Lost (Dir: Sammy Lee). Os problemas da preservação de filmes nos anos 30 e 4., mostrando os esforços do MOMA que começaram em 8 de agosto de 1953.  Cenas de cinejornais antigos que foram salvos.

Francisco Madero, Herói Mexicano / Madero of Mexico (Dir: Edward L.Cahn). A vida política de Francisco Madero (Paul Guilfoyle), o homem que desencadeou a Revolução Mexicana e sacrificou sua vida pela liberdade de seu país.

1943

Quem não é Supersticioso? / Who´s Superstitious? (Dir: Superstições famosas e suas origens, inclusive a de cruzar os dedos quando está mentindo e a que diz que abrir um guarda-chuva dentro de casa dá azar. Alguns minutos são dedicados à lenda do “Navio Fantasma”.

Foi Por Isso Que Te Deixei / That´s Why I Left You (Dir: Edward L. Cahn). Um jovem escreve uma carta para sua esposa explicando os motivos pelos quais quer cair fora da “Vida de Competição” em que eles vivem.

Bagatelas que contriburm para a Vitória / Trifles That Win War (Dir: Harold Daniels). Coisas como uma garrafa vazia, uma aranha e uma pesquisa química em bolas de bilhar ditaram o destino de várias guerras.

Nem Toda História é Verdade / Don´t You Believe It (DIr: Edward L. Cahn).  Várias “verdades” históricas são falsas: Steve Brodie se jogou da Brooklyn Bridge; a vaca de Mrs. O´Leary não começou o incêndio de Chicago; Nero não tocava música enquanto Roma ardia;  e Lady Godiva nunca andou nua pelas ruas de Coventry.

Como Nascem as Cantigas de Ninar / Nursery Rhyme Mysteries (Dir: Edward L. Cahn). Origens de algumas das canções de ninar mais populares – e da própria Mamãe Ganso.

Tesouro Esquecido / Forgotten Treasure (Dir: Sammy Lee). Mais cenas de antigos cinejornais da filmoteca do  Museu de Arte Moderna de Nova York que foram preservados.

Tormenta / Storm (Dir: Paul Burnford). Como a  Agência Metereológica tenta avisar fazendeiros e homens de negócios sobre grandes tempestades que se aproximam. Embora algumas precauções possam ser tomadas para diminuir seu impacto, as tempestades têm que seguir seu curso e realmente não há muito que possamos fazer sobre elas.

A Meu Filho Por Vir / To My Unborn Son (Dir:  Um pai checoslovaco escreve para o filho que ele jamais verá, para explicar sua resistência à invasão nazista da Checoslováquia.

Este é o Amanhã / This is Tomorrow (Dir: nenhum diretor creditado). O narrador John Nesbitt discute a evolução da cidade americana começando pelas aldeias agrícolas coloniais. O desejo por “algo melhor” provocou a revolução industrial, que levou os operários a viverem em cidades apertadas e sujas perto das fábricas. A ascensão da metrópole moderna proporcionou cidades mais bonitas, mas o alvoroço e o congestionamento de carros e pessoas são indesejáveis para muitos. O futuro da América com cidades e comunidades planejadas.

1944

O Ferreiro Imortal/ The Immortal Blacksmith (Dir: Sammy Lee). A história de Thomas Davenport (Chill Wills), um fazendeiro de Vermont que, no século dezenove, inventou o motor elétrico (neste short os personagens falam seu próprio diálogo, com uma narração mínima).

A Arte de Antanho / Grandpa Called It Art (Dir: Walter Hart). Uma enquete sobre a Arte Americana desde seus tempos primitivos com obras de muitos mestres da pintura moderna.

Voltando do Nada / Return from Nowhere (Dir: Paul Burnford). O marujo de um cargueiro torpedeado,  Allan  (Don DeFore),  recobra a memória, quando um médico  (Morris Ankrum) o faz  reviver acontecimentos nos seus sonhos.

Ressurgimento do Normandie / A Lady Fights Back (Dir: (Dir: nenhum diretor  creditado). A história do transatlântico de luxo Normandie. Quando a querra irrompeu no final dos anos trinta, ele estava atracado no porto  de Nova York para não cai rn as mãos dos alemães.Logo após o ataque a Pearl Harbor, o govêrno americano  apreendeu o navio, rebatizou-o de USS Lafayette, e começou a reformá-lo para servir como transporte de tropas.  Ele sofreu um incêndio em 1942, mas após dezessete mêses, estava de novo servindo na guerra

1945

Parece Que Vai Chover / It Looks Like Rain (Dir: Paul Burnford). A importância da previsão do tempo, especialmente para fazendeiros, e o quye eles fazem para se preparar para as tormentas.

The Seesaw and the Shoes (Dir: Douglas Foster). Dois objetos que inspiraram invenções. Crianças brincando em uma gangorra inspirou o físico francês Rene Laennec a inventar o estetoscópio e um par de sapatos feitos de borracha levou Charles Goodyear (Arthur Space) a descobrir o processo de vulcanização da borracha.

The Great American Mug (Dir: Cyril Endfield). Uma visita nostálgica a uma barbearia dos anos 1890.

Caminho para a Luz / Stairway to Light (Dir: Sammy Lee). A história do Dr. Philippe Pinel (Wolgang Zilzer), o primeiro homem a tratar o insano com compaixão Este short ganhou Oscar de Melhor Curta-Metragem de Um Rolo.

People on Paper (Dir: Herbert Morgan). HIstória concisa das histórias em quadrinhos com clipes dos cartunistas e suas criações: H. H. Knerr (Katzzenjammer Kids), Bud Fisher (Mutt e Jeff), Fred Lasswell Jr. (Barney Google), Frank King (Gasoline Alley), Chester Gould (Dick Tracy), Dick Calkins (Buck Rogers), Milton Caniff (Terry and the Pirates), Chic Young (Blondie), Raeburn Van Beuren (Abbie and Slats), Ham Fisher (Joe Palooka), Hal Foster (Prince Valiant|), Harold Gray (Little Orphan Annie), Al Capp (Li’l Abner).

O Lampejo da Intuição / Golden Hunch (Dir: Dir: nenhum diretor creditado). Histórias de homens famosos que acharam uma resposta ou fizeram uma grande descoberta porque tiveram um bom palpite.

1946

Magic on a Stick (Dir: Cyril Endfield). A história do químico John Walker (Paul Langton) que  inventou o fósforo de enxofre de fricção na primeira metade século dezenove.

Our Old Car (Dir: Cyril Endfield). John Nesbitt traça sua vida (Arthur Space e Jacqueline White interpretam seus pais) e a “história” de sua   vizinhança através da sucessão de carros que seu pai possuia.

1947

A Really Important Person (Dir: Basil Wrangell).  Um menino, Billy Reilly (Dean Stockwell|) tem que escrever uma redação para a escola sobre uma pessoa reralmente importante e percebe quão importante é seu pai.

Tennis in Rhytm (Dir: nenhum diretor creditado). A campeã Alice Marble mostra como um senso de ritmo pode ajudar em um jôgo de tênis.

O Estraordinário Mr. Nordill / The Amazing Mr. Nordill (Dir: Joseph M. Newman). As façanhas do falsificador Mr. Nordill (Leon Ames).

Milagre no Milharal / Miracle in a Cornfield (Dir: nenhum diretor creditado). A história do vulcão que surgiu em um milharal em Paricutín no México.

1948

Isso é Impossível! / It Can’t Be Done (Dir: nenhum diretor creditado). Um passeio pelo Washington Hall of Fame lembra homens cujas grandes idéias foram desprezadas em sua época.

Cena de Goodbye Mrs. Turlock

Goodbye, Miss Turlock (Dir: Edward L. Cahn). Visita nostálgica à escola de uma sala e de sua dedicada professora. Este short ganhou o Oscar de Melhor Curta-Metragem de Um Rolo.

Minha Cidade Natal / My Old Town (Dir: nenhum diretor creditado). A vida idílica em uma pequena cidade da América na primeira metade do século vinte.

Troféus Trágicos / Souvenirs of Death (Dir: Edward L. Cahn). A história de uma arma do campo de batalha na Alemanha ao submundo americano.

The Fabulous Fraud (Dir: Edward L. Cahn). A história de Franz Anton Mesmer (John Baragrey), um charlatão que inadvertidamente descobriu o segredo do hipnotismo.

Uma História Singela / Annie Was a Wonder (Dir: Edward L. Cahn). Uma jovem sueca, Annie Swenson (Kathleen Freeman) vai trabalhar na casa de uma família de fazendeiros americanos na virada do século dezenove para o século vinte. Este short foi indicado ao Oscar.

Pistas de Aventura / Clues to Adventure (Dir: nenhum diretor creditado). Omo três incidentes não relacionados afetaram The Bill of Rights (A Carta dos Direitos dos Edtados Unidos).

Mr. Whitney Teve Uma Idéia / Mr. Whitney Had a Notion (Dir: Gerald Mayer). O lance ousado de Eli Whitney (Lloyd Bridges) – conhecido como o inventor da descaroçadora de algodão – que introduziu a produção em massa na América.

Cidade das Crianças / City of Children (Dir: nenhum diretor creditado). A história de Mooseheart, Illinois, a casa das crianças orfãs.

Obs: Nesbitt narrou outros shorts que não fazem parte da série A Parada da Vida como, por exemplo, A Cidade e a Guerra / Main Street on the March / 1941 (Dir: Edward L Cahn) e O Boateiro / Mr. Blabbermouth / 1942 (Dir: Basil Wrangell),  filmes de propaganda de guerra).

 

 

 

 

GEORGE HURREL

Ele foi o criador do padrão para os retratos de glamour idealizados de Hollywood, ferramenta essencial da publicidade para os grandes estúdios durante a Época de Ouro do cinema americano. Sempre inovador, inventou a boom light (luz colocada acima do sujeito por meio de uma vara) e desenvolveu várias técnicas de iluminação. Seu uso típico de refletores, sombras e retoque manual nos negativos produziram retratos românticos, que se tornaram a marca registrada de seu estilo. Seu visual influente ficou conhecido como “Estilo Hurrell”.

George Hurrel

George Edward Hurrell (1904 – 1992) nasceu em Covington, Kentucky, mas foi criado em Cincinatti, despertando desde cedo interesse pela pintura. Aos dezesseis anos de idade obteve uma bolsa de estudos para o Art Institute de Chicago. Impaciente, transferiu-se logo para a Academy of Fine Arts. Após um ano e meio, abandonou a escola e arrumou emprego como colorista em um estúdio fotográfico. Intrigado pela fotografia, ele passou um ano trabalhando em vários estúdios até ser contratado pelo fotógrafo de retrato mais prestigioso de Chicago, Eugene Hutchinson. Neste seu novo ambiente de trabalho Hurrell aprendeu muito sobre a arte da fotografia, mas logo estava se tornando impaciente outra vez e resolveu deixar o estúdio. Ainda apaixonado pela pintura, resolveu passar algum tempo em uma colonia de arte em Laguna Beach na Califórnia na companhia do famoso pintor de paisagens Edgar Alwyn Payne; porém sua trégua com a fotografia durou pouco. Hurrell compreendeu que fotografias eram mais lucrativas do que suas pinturas de paisagens. Ele adquiriu equipamento profissional usado e passou os próximos dois anos fotografando artistas locais, suas pinturas e as socialites de Los Angeles, que vinham comprá-las.

Ramon Novarro

Em 1927, Hurrel mudou-se para Los Angeles onde seu Studio Number Nine no Edifício Granada lhe serviu de moradia assim como de lugar de trabalho, sendo que uma prateleira no banheiro minúsculo continha suas bandejas de revelação. Sua grande chance surgiu quando uma de suas primeiras clientes em Laguna Beach,  Florence “Pancho” Barnes, jovem aviadora da alta sociedade de San Marino, Califórnia, apresentou-o ao seu amigo Ramon Novarro, que havia ficara impressionado com as fotos nas quais ela posara para Hurrell.  Novarro posou para Hurrell, levou suas fotos para o Departamento de Publicidade da MGM, a reação foi mais do que favorável, e Hurrell começou a se projetar no meio da indústria cinematográfica.

Norma Shearer

Novarro era muito amigo de Norma Shearer (com quem ele co-estrelou O Príncipe Estudante / The Student Prince in Old Heidelberg, dirigido por Ernst Lubitsch), que estava tentando mudar sua imagem para algo mais glamoroso e sofisticado na tentativa de obter o papel título de A Divorciada / The Divorcee.  Ela adorou as fotos de Novarro e pediu a Hurrell que a fotografasse em poses mais provocantes do que aquelas nas quais os fãs estavam acostumados a vê-la na tela. Quando Norma mostrou estas fotos para seu marido, o chefe de produção da MGM Irving Thalberg, este deu o papel principal de A Divorciada para sua esposa e contratou Hurrell, para o setor de fotos do Departamento de Publicidade da MGM, então chefiado por outro retratista, Clarence Sinclair Bull.

Joan Crawford

O primeiro retrato fotográfico de Hurrell a aparecer  impresso – na edição de abril de 1930 da revista Photoplay –  foi o de Anita Page e a primeira estrela que ele fotografou foi Joan Crawford. Como  informou Mark A. Vieira no seu belíssimo livro “Hurrell´s Hollywood Portraits” (Abrams, 1997) – do qual extraímos muitas informações -, o primeiro encontro entre Hurrell e Crawford foi um choque memorável de vontades. Ele foi designado para fotografar a atriz na sua atividade principal fora da tela, fazendo tricô. Joan achou Hurrell autoritário e ele achou que as poses dela era arqueadas e artificiais.  Anos depois, relembrou: “Eu continuei dizendo a ela como posar. Finalmente Crawford ficou tão perturbada com isso que foi para seu camarim e disse,”Eu não vou mais posar”.  Dois dias depois pediu desculpas a Hurrell, dizendo: “Por favor, perdoa-me, Mr. Hurrell. Acabei de ver as provas. Elas são muito, muito encantadoras”. Assim nasceu uma colaboração histórica, concluiu Mark Vieira.

Greta Garbo

Outros grandes compromissos assumidos por Hurell no mesmo mês de abril de 1930 foram o de fotografar Lon Chaney e Greta Garbo. Vieira nos conta em detalhes como isso correu. Depois de fotografar Chaney como o personagem de Trindade Maldita / The Unholy Three, seu último filme, Hurrell quís captar o “verdadeiro” Lon Chaney também. “Hoje não. Não me sinto confortável sendo fotografado como eu mesmo”, respondeu o “Homem das Mil Caras”. Ele morreu no mesmo mês, vitimado por um câncer na garganta. Garbo não quís cooperar com o fótografo (Hurrell: “Ela simplesmente ficou sentada lá como uma estátua”). As fotos para a publicidade de Romance / Romance não foram utilizadas e Garbo e Hurrell nunca mais trabalharam juntos. Posteriormente Hurrell fotografou vários artistas como Dorothy Jordan, Johnny Mack Brown, William Haines, Marie Dressler, Constance Bennett, Ray Milland, Kay Francis, Lili Damita, Lionel Barrymore, Walter Huston, Clark Gable, Myrna Loy, Marion Davies, Madge Evans, Robert Montgomery, Madge Evans, Jean Harlow, Buster Keaton, John Gilbert, Alfred Lunt e Lynn Fontanne, Johnny Weismuller, John Barrymore, Melvyn Douglas, Karen Morley etc.

Dorothy Jordan

Clark Gable

Myrna Loy

Buster Keaton

Johnny Weissmuller

Em 1932, após desentendimentos com seus superiores  – que cuminaram quando ele foi repreendido por ter ocasionalmente fotografado, Joan Bennett, atriz contratada da Fox, fora do estúdio -, Hurrell deixou a MGM e passou a trabalhar por conta própria, abrindo um estúdio no nº8706 da avenida Sunset Boulevard.  Ele convidou Norma Shearer para uma sessão de retatos de cortesia. Depois que ela escolhesse a sua pose favorita, ele a colocaria na vitrine da loja. Norma gostou das fotos mas sugeriu a Hurrell que usasse uma pose que ele fizera para a publicidade do filme O Amor Que Não Morreu / Smilin´Thru, sua pose predileta. A visita de Norma ao estúdio de Hurrell se espalhou pelo meio cinematográfico. A Fox chamou-o novamente e ele fotografou Lupe Velez, Sally Eilers e Boots Mallory. Outros grandes estúdios (MGM, Paramount e Twentieth Century-Fox – cuja denominação hifenizada foi resultado da fusão em 1935), a United Artists ou produtores independentes (Goldwyn Studios) também solicitaram seus serviços e ele fotografou Joan Crawford, Douglas Fairbanks, Jr., Mary Pickford, Jean Harlow, Anna Sten, Paulette Goddard, Ethel Merman, Warner Baxter, Mae West, Gloria Swanson, Carole Lombard, Wallace Beery, Rosalind Russell, Miriam Hopkins, Clifton Webb, Madge Evans, Conchita Montenegro, Fay Wray, Anna May Wong, Jeanette MacDonald, Marlene Dietrich, Merle Oberon, Nelson Eddy William Powell, Simone Simon, Shirley Temple, Alice Faye, Dolores Del Rio, Loretta Young etc.

Douglas Fairbanks, Jr.

Jean Harlow

Anna May Wong

Marlene Dietrich

No verão de 1938, Robert Taplinger, chefe de publicidade da Warner Brothers-First National, ofereceu a Hurrell um contrato de dois anos como chefe do setor de fotos do estúdio. O primeiro astro que Hurrell teve que fotografar foi ele mesmo. Taplinger declarou-o uma celebridade, obrigou-o a fazer um auto-retrato e começou a divulgar histórias sobre ele tipo “Ele é um Marco em Hollywood” ou “ Confissões de um Fotógrafo de Estúdio”. Hurrel tornou-se um assunto de entrevista pitoresco e começou a receber sua própria correspondência de fãs. Na Warner ele fotografou Ann Sheridan em poses sensuais que fizeram jús ao seu apelido de “the oomph girl, George Brent, Paul Muni, John Garfield, James Cagney, Humphrey Bogart, Errol Flynn, Ida Lupino, Alexis Smith, Lauren Bacall, Olivia de Haviland, Ann Sothern, John Payne, Rosalind Russell e a maior estrela do estúdio, Bette Davis.

Ann Sheridan

Ida Lupino

Bette Davis

Como Mark Vieira contou, Taplinger decidiu que Bette, tal como as demais estrelas da Warner, deveria ser glamorizada. “Eu não quero essa coisa de glamour”, Bette disse. “Quero ser conhecida como uma atriz séria, nada mais”. Porém posar para fotos de glamour estava no seu contrato e ela não teve escolha senão aceitar. Hurrell cumprimentou-a efusivamente: “Você é a jovem mais glamorosa do cinema  e eu vou provar isso!”. “Vai devagar com o glamour, George”, ela avisou. “Eu não sou o tipo”. Hurrell ligou o fonógrafo, alto. Quando ela perguntou porque ele sempre tocava música para as pessoas que fotograva, ele respondeu: “ Não toco música para elas. Toco para mim mesmo. Tenho que me manter animado”. Em julho de 1940, após uma desavença com Jack Warner, que lhe valeu uma suspensão, Hurrell cumpriu o restante de seu contrato e, em 15 de outubro,  foi cuidar de seu novo rumo.

Jane Russell

No outono de 1941 Hurrell alugou um imóvel no nº333 da rua North Rodeo Drive em Beverly Hills, cuja proprietária chamava-se …. Greta Garbo. Foi lá que ele fez a famosa foto de Jane Russell em um celeiro  para a publicidade de O Proscrito / The Outlaw. Infelizmente, o filme teve sérios problemas com a censura e foi logo retirado de circulação – mas todo mundo ficou sabendo quem Jane Russell era.

Em meados de 1942, Robert Taplinger havia se transferido da Warner para a Columbia e convidou Hurrell para trabalhar como chefe do setor fotográfico, onde suas ajudaram a construir a carreira de Rita Hayworth. Entretanto, a maioria das suas fotografadas eram estrelinhas sem graça. Os retratos que ele fez delas eram agradáveis, mas sem vida. No final de outubro ele abriu sua correspondência e teve uma grande surpresa: havia sido convocado para a First Motion Picture Unit of the United States Army Air Force. Ele fez filmes de treinamento no estúdio de Hal Roach em Culver City e depois se tornou um fotógrafo da equipe do Pentágono.

Rita Hayworth

Quando Hurrell voltou para Hollywood nos meados dos anos cinquenta seu velho estilo de glamour caíra em desgraça. O novo estilo de glamour de Hollywood era mais grosseiro e granuloso e pela primeira vez em sua carreira seu estilo não estava mais em demanda. Ele se mudou para Nova York e trabalhou na indústria de publicidade, onde o glamour ainda era valorizado. Em 1958-1960 Hurrel formou parceria com Walt Disney, criando a Hurrell Productions com o objetivo de fazer filmes educativos e fotografou para programas de televisão, revistas de moda e anúncios impressos. Em 1969-1976 trabalhou como fotógrafo free lancer para a  publicidade de vários filmes inclusive O Planeta dos Macacos / Planet of the Apes, Butch Cassidy / Butch Cassidy and the Sundance Kid, Inferno na Torre / The Towering Inferno, Todos os Homens do Presidente / All the President´s Men. Em 1976-1980, semi-aposentado, aceitou alguns trabalhos ocasionais (entre seus clientes: Liza Minnelli, Paul Newman, Robert Redford). Após 1980, Hurrel continuou fotografando para revistas (inclusive a Vogue Paris); artistas como Farrah Fawcett, Brooks Shields, John Travolta e outros astros da Nova Hollywood; Joan Collins nua para a Playboy; e capas de discos como, por exemplo, a capa do album de Paul McCartney “Press to Play” de 1986.

Hurrel casou-se três vezes: com Katherine Cuddy, vencedora de um concurso de beleza em Seattle (1939-1942); com Phyllis Bounds, sobrinha de Walt Disney (1943-1954), com Betty Willis (1955). Ele faleceu em 17 de maio de 1992 aos 87 anos de idade, pouco depois de completar sua participação em voz over no documentário “Legends in Light”, sobre sua vida e carreira.

ATORES BRITÂNICOS NO CINEMA AMERICANO CLÁSSICO

Neste artigo, estou considerando como atores britânicos aqueles que nasceram em países do antigo Império Britânico, da Comunidade Britânica ou trabalharam no cinema britânico antes de irem para os Estados Unidos. O primeiro ator britânico a trabalhar no cinema americano foi Donald Crisp. Em 1906 ele já estava em Nova York, atuando como cantor na Grand Opera House de John C. Fisher e depois como gerente de palco para George M. Cohan. Durante esta época ele conheceu e fez amizade com David Wark Griffith, que o colocou em Through the Breakers / 1909 e em outros filmes curtos. Quando Griffith partiu para Hollywood em 1910, Crisp acompanhou-o, tornando-se seu assistente em O Nascimento de uma Nação / The Birth of a Nation / 1915 e aparecendo neste filme como o General Ulysses S. Grant. Como ator, surgiu também em filmes de outros diretores e em 1918 destacou-se como Battling Burrows, o pai brutal de Lillian Gish em Lírio Partido / Broken Blossoms / 1919, dirigido por Griffith. Entre 1914 e 1930 Crisp dirigiu muitos filmes, destacando-se a sua co-direção com Buster Keaton em Marinheiro por Descuido / The Navigator / 1924 e a direção de Don Q, O Filho do Zorro / Don Q, Son of Zorro / 1925, estrelado por Douglas Fairbanks. Sua carreira como ator coadjuvante estendeu-se até o ano de 1963 e ele foi contemplado com um Oscar por seu desempenho em Como Era Verde o Meu Vale / How Green was My Valley / 1942.

Lillian Gish e Donald Crisp em Lírio Partido

Donald Crisp em Como Era Verde o Meu Vale

Em 1910 Stan Laurel e Charles Chaplin visitaram a América pela primeira vez com a trupe de Fred Karno, porém só em 1914, após uma segunda excursão, Chaplin fez seu primeiro filme, Carlitos Repórter / Making a Living e ficou no país até 1952; Laurel fez seu primeiro filme, Nuts in May, em 1917, formou dupla com Oliver Hardy dez anos depois, e permaneceu na Califórnia até o fim de seus dias.

Charles Chaplin em Carlitos Repórter

Stan Laurel em Nuts in May

Em 1917, enquanto filmava na Inglaterra Corações do Mundo / Hearts of the World, Griffith empregou como figurante um rapaz de dezessete anos chamado Noel Coward. Cinco anos depois, Griffith colocou Ivor Novello (que a publicidade batizou de “o Valentino Britânico”), no seu filme A Rosa Branca / The White Rose, rodado não em Hollywood, mas em Miami. Novello fez somente mais um filme americano, Duas Vidas / Once a Lady / 1931, dirigido por Guthrie McClintic.

Noel Coward em Corações do Mundo

Ivor Novello em A Rosa Branca

Herbert Bierbohm Tree e Constance Collier em Macbeth

R. Henderson -Bland em Da Manjedoura à Cruz

George Arliss em Disraeli

Victor MacLaglen em O Delator

Shelley Winters e Ronald Colman em Fatalidade

Outros atores britânicos atuaram no cinema mudo americano apenas uma vez (Sir Herbert Bierbohm Tree, como Macbeth no filme do mesmo nome produzido pela Reliance em 1916 e R. Henderson-Bland como Jesus Cristo em Da Manjedoura à Cruz / From the Manger to the Cross produzido pela Kalem em 1912; mais de uma vez no período silencioso (Alfred Paget, Charles Bryant, Wyndham Standing); uma vez no período silencioso e mais de uma vez no período falado (George Arliss, Philip Merivale, Roland Young, Eric Blore); e mais de uma vez no período silencioso e no período falado (Doris Lloyd, Lupino Lane, Billy Bevan, Marie Dressler, Jimmy Aubrey, Guy Standing, Ernest Cossart, Nigel Barrie, Peggy Hyland, Cyril Maude, Barbara Tenant, Herbert Prior, Percy Marmont, H. B. Warner, Ernest Torrence, George K. Arthur, Beatrice Lillie, Dorothy Mackaill, Constance Collier, Roland Young, C. Aubrey Smith, Clive Brook, Reginald Denny, Boris Karloff, Mary Pickford, Norma Shearer, Basil Rathbone, Douglas Fairbanks Jr., Victor MacLaglen e Ronald Colman). As canadenses Marie Dressler, Mary Pickford e Norma Shearer, Arliss, MacLaglen e Colman foram vencedores do Oscar de Melhor Ator / Atriz: Marie Dressler como a tragicômica Min em Lírio do Lodo / Min and Bill / 1930, Mary Pickford como Norma Besan, a sulista mimada em Coquete / Coquette / 1929, Norma Shearer como Jerry, a mulher envolvida com um casamento desfeito em A Divorciada / The Divorcee / 1930, Arliss como o Primeiro Ministro Disraeli em Disraeli / Disraeli / 1929; MacLaglen como Gypo Nolan em O Delator / The Informer / 1935 e Colman como o ator Anthony John, obsessivo pelos personagens que interpreta, em Fatalidade / A Double Life / 1947.

Wallace Beery e Marie Dressler em Lírio do Lôdo

Mary Pickford e seu Oscar

Norma Shearer e seu Oscar

Alguns atores britânicos trabalharam somente no cinema americano (Arthur Treacher, Alan Mowbray, Henry Travers, Bob Hope) e algumas atrizes ou atores britânicos tiveram apenas uma participação em filmes americanos clássicos (Cicely Courtneidge em The Perfect Gentleman / 1935; Elisabeth Bergner em Paris Está Chamando / Paris Calling / 1941; Jesse Mathews e Anna Neagle em Para Sempre e um Dia / Forever and a Day /1943; Ann Todd em Agonia de Amor / The Paradine Case / 1947; Tom Courtenay e John Standing em Rei de um Inferno / King Rat / 1965, Juliet Mills em Raça Brava / The Rare Breed / 1966, Michael York em Justine / Justine / 1969.

Alan Mowbray recitando Shakespeare em Paixão dos Fortes

O advento do som favoreceu os atores britânicos em Hollywood pois, além de falarem a mesma língua que os atores americanos eles, na sua maioria, possuiam uma voz perfeitamente inteligível e treinada para o palco. Foram muitos (além dos já citados, que atuaram também no cinema silencioso) os que trabalharam no cinema sonoro americano clássico: Heather Angel, Elizabeth Allan, Claude Allister, Judith Anderson, Felix Aylmer, Sara Algood, Jack Buchanan, Anthony Bushell, Freddie Bartholomew, George Brent, Claire Bloom, Nigel Bruce, Peter Bull, Dirk Bogarde, Richard Burton, Jacqueline Bisset, Colin Clive, Gladys Cooper, Violet Kemble-Cooper, Madeleine Carroll, Leo G. Carroll, Phyllis Calvert, Robert Coote, Mrs. Patrick Campbell, Roland Culver, Melville Cooper, Peggy Cummings, Peter Cushing, Julie Christie, Michael Caine, Joan Collins, Sean Connery, Robert Donat, June Duprez, Robert Douglas, Edith Evans, Jill Esmond, Barry Fitzgerald, Alec B. Francis, James Fox, Gracie Fields, Bryan Forbes, Cary Grant, Greer Garson, Edmund Gwenn, Reginald Gardiner, Alec Guiness, John Gieguld, Hugh Griffith, Leslie Howard, Cedric Hardwicke, Richard Haydn, Trevor Howard, Benita Hume, Martita Hunt, Lilian Harvey, Laurence Harvey, Miriam Jordan, Glynnis Johns, Cecil Kellaway, Gertrude Lawrence, Ida Lupino, Frank Lawton, Evelyn Laye, Elsa Lanchester, Charles Laughton, Wilfrid Lawson, Angela Lansbury, Herbert Lom, David Manners, Herbert Marshall, Miles Mander, John Mills, Roddy McDowall, James Mason, Ray Milland, Roger Moore, David Niven, Alan Napier, Robert Newton, Laurence Olivier, Merle Oberon, Una O’Connor, Reginald Owen, Edmund Purdom, Donald Pleasence, Anthony Quayle, Claude Rains, Flora Robson, Harold Russell, Herbert Rawlinson, Michael Rennie, George Sanders, Hugh Sinclair, Paul Scofield, Peter Sellers, Maggie Smith, Jessica Tandy, Terry Thomas, Elizabeth Taylor, May Whitty, Diana Wyniard, Henry Wilcoxon, Michael Wilding, Alan Webb, Alan Young.

Olivia de Havilland e seu Oscar

Joan Fontaine e seu Oscar

Talvez possamos considerar como atrizes britânicas Olivia de Havilland e Joan Fontaine, porque, embora tivessem nascido no Japão, eram filhas de pais ingleses. Ambas conquistaram o prêmio da Academia: Joan como a tpimida e milionária Lina McLaidlaw que aos poucos começa a suspeitar que seu marido pretende assassiná-la em Suspeita / Suspicion / 1941 e Olivia como a solteirona aparentemente ingênua que dá uma lição a um caça dotes em Tarde Demais / The Heiress / 1949.

Charles Laughton em Os Amores de Henrique VIII

Robert Donat em Adeus Mr. Chips

Vivien Leigh e seu Oscar por … E O Vento Levou

Greer Garson e seu Oscar

Laurence Olivier e seu Oscar

Alec Guiness em A Ponte do Rio Kwai

Elizabeth Taylor e seu Oscar

Os atores britânicos sempre fizeram bonito na noite de entrega do Oscar. Receberam estatueta da Academia, além dos já mencionados linhas atrás: Charles Laughton como o rei Henrique VIII em Os Amores de VIII / The Private Life of Henry VIII / 1933, Robert Donat como o professor em Adeus Mr. Chips / Goodbye Mr. Chips / 1939, Vivien Leigh como Scarlet O´Hara em  … E O Vento Levou / Gone With the Wind / 1939, Greer Garson como Mrs. Miniver em Rosa de Esperança / Mrs. Miniver / 1942, Barry Fitzgerald como o Padre Fitzgibbon em O Bom Pastor / Going my Way / 1944, Ray Milland como o escritor alcoólatra em Farrapo Humano / The Lost Weekend / 1945, o canadense Harold Russell como o soldado que perdeu as mãos em Os Melhores Anos de Nossas Vidas / The Best Years of Our Lives / 1946, Edmund Gwenn como o velhinho contratado como Papai Noel numa loja de departamentos em De Ilusão Também se Vive / Miracle on 34th Street / 1947, Laurence Olivier como o Príncipe da Dinamarca em Hamlet / Hamlet / 1948,

Walter Huston em O Tesouro de Sierra Madre

o canadense Walter Huston como  velho garimpeiro em O Tesouro de Sierra Madre / The Treasure of Sierra Madre / 1948, George Sanders como o crítico de teatro em A Malvada / All About Eve / 1950, Audrey Hepburn como  a Princesa Anne em A Princesa e o Plebeu / Roman Holiday / 1953, Alec Guiness como o Coronel Nicholson em A Ponte do Rio Kwai / The Bridge on the River Kwai / 1957, David Niven como o impostor Pollock que se faz passar por um ex-major em Vidas Separadas / Separate Tabes /1958  , Wendy Hiller como a  proprietária do hotelzinho onde se passa a história em Vidas Separadas, Hugh Griffith como o Xeque Ilderim  em Ben-Hur / Ben-Hur / 1959, Elizabeth Taylor como a prostituta Gloria Wandrous em Disque Butterfield 8 / Butterfield 8 / 1960 e como Martha, a fiiha do reitor da Universidade em Quem Tem Medo de Virginia Woolf? / Who´s Afraid of Virginia Woolf / 1966 , Peter Ustinov como  diretor da escola de gladiadores Lentulus Batiatus em Spartacus / Spartacus / 1960 e como o vigarista envolvido com ladrões de jóias em Topkapi / Topkapi / 1964 , Margareth Rutherford como a Duquesa de Brighton em Gente Muito Importante / The V.I.P.S. / 1963, Rex Harrison como o Professor Higgins em  Minha Bela Dama / My Fair Lady / 1964 , Julie Andrews no papel título de Mary Poppins / Mary Poppins / 1964, Julie Christie como a modelo de publicidade Diana Scott em Darling, A Que Amou Demais / Darling /  1965, Paul Scofield como Sir Thomas More em O Homem Que Não Vendeu Sua Alma / A Man For All Seasons / 1966,  Maggie Smith  como a professora Joan Brodie em Primavera de uma Solteirona / The Prime of Miss Jean Brodie / 1969.

Stan Laurel e seu Oscar

Charles Chaplin e seu Oscar

Em 1961 Stan Laurel recebeu um Oscar Honorário da Academia de Ciências e Artes Cinematográficas “por sua criatividade pioneira no campo da comedia cinematográfica” e em 1972 foi a vez de Charles Chaplin receber a mesma estatueta da Academia “pela incalculável influência que teve na transformação do Cinema como a Arte deste século”.

DIFICULDADES DO PESQUISADOR DE CINEMA

Entre as dificuldades para os pesquisadores de cinema quando desejam estabelecer a filmografia de um ator estão os curtas-metragens, documentários e aparições  não creditadas ou como extras.  Sem a pretensão de esgotar o assunto, relaciono alguns exemplos.

Ethel Barrymore narrou (com Maurice Evans) Dafni (Panagia Hrysodafniotissa) / 1951, documentário de 15 minutos realizado na Grécia sob direção de George Hoyningen Huene e Angelos Prokopiu e adaptado para o idioma inglês por Aldous Huxley com o título de Daphni, the Virgin of the Golden Laurels. O filme focaliza a arquitetura de uma igreja situada no local de um templo de Apolo perto de Atenas.

George Reeves, Lionel Barrymore

Lionel Barrymore apareceu em The Last Will and Testament of Tom Smith / 1943 que a Paramount produziu para o National War Fund. Dirigido por Harold Bucquet baseado em uma peça de Sephen Longstreet e fotografado por Theodor Sparkhul, Nele figuram ainda George Reeves, Walter Brennan, Barbara Britton e Walter Abel. No filme o avião do piloto americano Tom Smith (George Reeves) é abatido e ele é capturado pelos japoneses. Na prisão, aguardando execução, ele se recorda de sua vida em casa nos Estados Unidos. Houve mais de uma versão deste curta-metragem de 11 minutos, uma das quais acrescida de um prólogo, narrado por Fred Mac Murray. Lionel participou como extra em vários filmes mudos entre eles Judith of Bethulia / 1914 de D. W. Griffith.

Hollywood Victory Caravan

Humphrey Bogart e artistas contratados da Paramount (Bing Crosby, Bob Hope, Betty Hutton, Alan Ladd, Barbara Stanwyck, Olga San Juan e outros) aparecem em Hollywood Victory Caravan / 1945, curta-metragem de 20 minutos, produzido pelo Departamento do Tesouro Americano, com a finalidade de estimular a venda de bônus de guerra. Carmen Cavallaro e sua orquestra também participam. Ladd esteve também em Eyes on Hollywood / 1949, curta-metragem de 9 minutos da Paramount  e Barbara Stanwyck apareceu em um dos shorts (o décimo quarto) da série da Tiffany The Voice of Hollywood / 1930, no qual também são vistos George K. Arthur, Marie Dressler, Ruth Roland Frank Fay, Raquel Torres, Buster Keaton, Cliff Edwards, Al St. John e outros artistas. Bogart aparece, sem ser creditado, em I Am an American / 1944, curta-metragem da Warner de 16 minutos sobre um casal polonês que chega em Nova York no início de 1840 e vai para o Ohio, onde se instala e prospera. O homem perde um braço na Guerra Civil e, em cada nova guerra, morrem membros de sua família, que está sempre se expandindo. Dick Haymes, Danny Kaye, Victor Mature, Dennis Morgan, Joan Leslie também são vistos. Em Report from the Front / 1944, curta-metragem de 6 minutos produzido pelo Office of War Information (OWI) e distribuído pela Warner, Bogart e sua esposa na época, Mayo Methot, explicam aos repórteres  como os cidadãos americanos podem ajudar a Cruz Vermelha.

Gary Cooper apareceu em Lest We Forget / 1937, curta-metragem de 10 minutos produzido pela MGM e dirigido por Henry Hathaway e Richard Thorpe, prestando tributo a Will Rogers e promovendo o Will Rogers Memorial Hospital em Saranac Lake, NY. Participam também do filme: Robert Taylor, Harry Carey e Allan Jones. Cooper fez uma aparição como convidado, sem ser creditado, em Hollywood Boulevard / 1936 (cumprimentando John Halliday no bar). Ele emprestou a voz para um comentárista em Verdadeira Glória / The True Glory / 1945, documentário de 1 hora e 27 minutos sobre a invasão aliada na Europa durante a Segunda Guerra Mundial, dirigido por Garson Kanin e Carol Reed e apareceu como figurante em vários filmes (v. g. Ben-Hur / Ben-Hur, a Tale of the Christ / 1925 estrelado por Ramon Novarro e O Bandido Mascarado / Dick Turpin / 1925, estrelado por Tom Mix); como um cossaco mascarado em O Águia / The Eagle / 1925 , estrelado por Rodolfo Valentino e como um repórter em O Não Sei Que das Mulheres / It /1927, estrelado por Clara Bow).

Bing Crosby em um um umbilled gag bit ao lado de Virginia Mayo e Bob Hope em A Princesa e o Pirata

Bing Crosby apareceu em comédias-musicais de curta-metragem para a Mack Sennett  Comedies – Educational (I Surrender Dear / 1931, One More Chance / 1931, Dream House / 1931, Billboard Girl / 1933, Blue of the Night / 1933, Sing Bing Sing / 1933, Please / 1933, Just an Echo / 1934), em outros curtas-metragens citados na filmografia de outros artistas (Angels of Mercy, The Road to Victory, Hollywood Victory Caravan) e em unbilled gag bits , ou seja, aparições não creditadas usadas como piadas visuais em vários filmes: Minha Loura Favorita / My Favorite Blonde / 1942; A Princesa e o Pirata / The Princess and the Pirate / 1944; Minha Morena Linda / My Favorite Brunette / 1947; Anjos e Piratas / Angels in the Outfield / 1951; O Maior Espetáculo da Terra / The Greatest Show on Earth / 1952 (ele é um espectador); O Filho do Treme Treme / Son of Paleface / 1952, Morrendo de Medo / Scared Stiff / 1953   (ele e Bob Hope são dois esqueletos); Valentão é Apelido / Alias Jesse James / 1959. Bing participou de All Star Bond Railly / 1945, documentário de 18 minutos da 20thCentury-Fox para o War Activities Committee e US Treasury Department promovendo a venda de bônus de guerra. Bob |Hope, Frank Sinatra, Betty Grable, Harpo Marx, Jeanne Crain, Linda Darnell, Harry James e sua orquestra,  e a nossa Carmen Miranda também comparecem. Encontrei ainda um curta-metragem da MGM de 10 minutos, Hollywood Handicap / 1938, dirigido por Buster Keaton, mostrando o talento vocal de um grupo musical afro-americano chamado The Original Sing Band, cuja apresentação serve de pretexto para mostrar algumas celebridades de Hollywood (v. g. Mickey Rooney, Al Jolson, Ruby Keeler, Dorothy Lamour, Edmund Lowe, Warner Baxter, Robert Montgomery, Charles Ruggles, Oliver Hardy).

Henry Fonda narrou (juntamente com Donald Crisp, Jane Darwell e Irving Pichel) A Batalha de Midway / The Battle of Midway / 1942 documentário de 18 minutos, filmado em Technicolor, dirigido por John Ford e montado por Ford e Robert Parrish. Fonda narrou também: a) It´s Everybody War / 1942, documentário de 18 minutos escrito e dirigido por Will Price; b) Benjy / 1951, documentário de 40 minutos dirigido por Fred Zinnemann com Lee Aaker (o futuro Cabo Rusty da série de televisão As Aventuras de Rin-Tin-Tin / The Adventures of Rin-Tin-Tin), Neville Brand e Helen Brown sobre um menino deficiente desde o nascimento tratado por um médico ortopedista-pediatra. O filme foi originariamente designado para ser usado como angariador de fundos para o Hospital Ortopédico de Los Angeles e embora usasse sequências dramatizadas para contar a história, concorreu ao Oscar na categoria de Melhor Documentário, conquistando a estatueta; c) segmento de Pictura: An Adventure in Art / 1951 documentário de 1 hora e 20 minutos, Dir: Robert Hessens, Olga Lipska.  Prólogo: Vincent Price falando para os estudantes, dirigido por E. A. Dupont. Parte 6 – Grant Wood. Dir: Marc Sorkin. Narrador: Henry Fonda.

Clark Gable

Clark Gable

Clark Gable atuou como extra em Paraíso Proibido / Forbidden Paradise / 1924, dirigido por Ernst Lubitsch. Ele era um soldado da guarda da czarina. Foi extra também em Ben-Hur / Ben-Hur, a Tale of the Christ /1925 como um guarda romano. Gable narrou e apareceu em Wings Up / 1943, documentário de propaganda de 20 minutos produzido pela Força Aérea Americana, destacando o papel da United States Army Air Forces Officer Candidate School. Robert Preston e Brenda Marshall, William Holden e Gilbert Roland, não creditados, aparecem também no filme. Gable apareceu em Combat America / 1944 documentário de 1 hora e 20 minutos, contando as experiências de um grupo de bombardeio das Forças Armadas Americanas, sediado na Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial.

Cary Grant em Singapore Sue

Cary Grant apareceu com Jack Carson, Bing Crosby, Benny Goodman e orquestra, Harry James e orquestra, Herbert Marshall, Dennis Morgan, Frank Sinatra e outros artistas em The Road to Victory / 1944, curta-metragem da Warner de 10 minutos. Grant foi visto também com Errol Flynn, Virginia Bruce, Lili Damita, Chester Morris, Mickey Rooney, Lynn Bari, Marion Davies, Randolph Scott e outros artistas em Pirate Party on Catalina Island  / 1935, curta-metragem colorido da Louis Lewyn Productions de 20 minutos, distribuído pela MGM. No short musical de 10 minutos,  Singapore Sue / 1932 Grant é um marujo.

Betty Hutton, Alan Ladd, Susan Hayward em Skirmish on the Home Front

Susan Hayward, sem ser creditada, apareceu como uma starlet em Hollywood Hotel / Hollywood Hotel / 1937, dirigido por Busby Berkeley; como uma telefonista em As Irmãs / The Sisters / 1938, dirigido por Anatole Litvak; como uma estudante em Campus Cinderella / 1938, comédia musical da Warner de 19 minutos, dirigida por Noel Smith com Penny Singleton e Johnnie Davis nos papéis principais. Ela apareceu também (com Alan Ladd, Betty Hutton e William Bendix) em Skirmish on the Home Front / 1944, curta-metragem de 13 minutos, produzido pela Paramount para a OWI (Office of War Information) com roteiro escrito por Charles Brackett, exortando as virtudes do Plano de Estabilização do Governo Americano em Tempo de Guerra.

Katharine Hepburn narrou Women in Defense / 1941, documentário de 10 minutos escrito por Eleanor Roosevelt e realizado pela OEM (Office of Emergency Management), exaltando  as virtudes e a necessidade das mulheres participarem da preparação da América para a guerra.

Leslie Howard em Four Corners

Leslie Howard apareceu em From the Four Corners / 1942, um dos curtas-metragens de 18 minutos da série Inside Britain, que Anthony Havelock-Allan produziu para o British Ministry of Information. Nele, membros de três exércitos da Commonwealth, um australiano, um canadense e um neo-zelandês, se encontram em Londres com o ator Leslie Howard, que lhes paga uma cerveja, leva-os para o topo da Catedral de São Paulo e os faz compreender porque estão lutando contra Hitler.

Walter Huston narrou: Our Russian Front / 1941, documentário de 45 minutos, dirigido por Lewis Milestone e Joris Ivens, para promover apoio ao esforço de guerra soviético, utilizando material filmado por cinegrafistas russos no campo de batalha e cenas de arquivo; Prelude to War / 1942, primeiro filme da série Why We Fight  dirigido por Frank Capra e Anatole Litvak e fotografado por Robert Flaherty. Ganhou o Oscar de Melhor Documentário de Longa-Metragem (52 minutos);  Safeguarding Military Information / 1945 filme de treinamento de 10 minutos realizado para o Exército dos Estados Unidos, dirigido por Preston Sturges, acentuando a importância do segredo por parte dos militares e trabalhadores engajados em atividades de defesa e mostrando os resultados de conversas descuidadas como explosões de navios, sabotagem  e ooutros eventos desastrosos, que resultaram de revelações de informação imprudentes para o inimigo. Huston aparece como um general palestrante, Eddie Bracken como o soldado que fala no telefone com sua namorada (Ginger Rogers) e Ian Hunter é um espião; Let There Be Light / 1947 documentário de 58 minutos dirigido John Huston para o US Army Signal Corps, versando sobre o tratamento psiquiátrico de soldados veteranos da Segunda Guerra Mundial com transtôrno de estresse pós-traumático. O filme foi suprimido pelo governo americano, tendo sido exibido para o público em 1981. Foto de Stanley Cortez e música de Dimitri Tiomkin.

Charles Laughton estava em Angels of Mercy / 1942, curta-metragem  de 5 minutos, produzido pela Soundies Corporation of America em apoio à Cruz Vermelha, mostrando o trabalho de voluntários e personalidades do cinema arrecadando fundos e encorajando o recrutamento. Deanna Durbin interpreta uma canção dedicada às enfermeiras e comparecem no filme outros artistas: Don Ameche, Edward Arnold, Gene Autry, James Cagney, John Garfield, Jackie Coper, George Burns, Paul Muni, Pat O´Brien, Bing Crosby, Edward G. Robinson, Bonita Granville, Shirley Temple e Orson Welles.

Fredric March narrou: The 400 Million / 1939, documentário de 1 hora e 1 minuto dirigido por Joris Ivens e John Ferno, com comentário de Dudley Nichols, música de Hanns Eisler, montagem de Helen van Dongen e cinematografia de Ferno com assistência de Robert Capa, sobre a resistência chinesa à ocupação japonesa na Mandchuria. Ferno, Sidney Lumet, Morris Carnowsky, Robert Lewis, Alfred Ryder e Adelaide Bean emprestaram também suas vozes para o filme; Lights Out in Europe / 1940, documentário dirigido por Herbet Kline e fotografado por Alexander Hackenschmied e Douglas Slocombe, mostrando a preparação para a guerra na Grã Bretanha e na Polonia contra os nazistas. O comentário foi escrito por James Hilton; Lake Carrier / 1942, documentário de 9 minutos, produzido pelo Office of Emergency Management e Universal Pictures, descrevendo o transporte de minério de ferro por navio através dos Grandes Lagos, dirigido e escrito por Guy Bolte. March narra e também aparece no filme.

Raymond Massey narrou: The American Road / 1953, documentário de 37 minutos produzido pela Ford Motor Company e MPO Productions, dirigido por George C. Stoney, mostrando filmes domésticos nos quais aparecem Harvey Firestone e Henry Ford e membros de sua família; Man With a Thousand Hands / 1952, documentário colorido de 55 minutos contando a história do projeto Kitimat-Kemano-Necheko de desenvolvimento de energia elétrica no Canadá que incluia a construção de uma represa pela Aluminium Co. of Canada, escrito e produzido por Charles Palmer e dirigido por John E. R. McDougall.

Eleanor Parker apareceu em Men of the Sky / 1942, filme de propaganda em technicolor de 20 minutos, focalizando a formatura de um novo grupo de pilotos, produzido pela Warner em colaboração com a Força Aérea Americana, narrado por Owen Crump e dirigido por B. Reeves Eason. Ela faz o papel de Mrs. Frank Bickley, um dos pilotos, interpretado por Tod Andrews. No filme aparecem também: Don DeFore, Ruth Ford, Ray Montgomery. Eleanor emprestou a voz para uma telefonista, sem ser creditada, no filme O Manda-Chuva / The Big Shot de Lewis Seiler e também  para  o curta-metragem de 20 minutos Vaudeville Days / 1942 de Le Roy Prinz sobre a História do Vaudeville. Ela foi vista também no curta de 21 minutos technicolorido Soldiers in White / 1942, dirigido por B. Reaves Eason, no papel da enfermeira Ryan.

Dick Powell participou (cantando “Ride Tenderfoot Ride”) do documentário de 7 minutos For Auld Lang Syne / 1938, produzido pela Warner, em benefício do Will Rogers Memorial Hospital. Além de Powel, comparecem: John Barrymore, Humphrey Bogart, Paul Muni, Bette Davis, Lili Damita, Errol Flynn, Rudy Vallee, Benny Goodman e sua orquestra e outros artistas convidados. Powell emprestou a voz, sem ser creditado, para o locutor de rádio em Big City Blues / 1932, dirigido por Mervyn LeRoy; no mesmo filme Humphrey Bogart faz o papel de Shed Adkins, sem ser creditado.

James Stewart em Winning Your Wings

James Stewart narrou Fellow Americans / 1942, documentário de 11 minutos, realizado pelo Office of Emergency Management, com a finalidade de angariar fundos para o esforço de guerra  após  o ataque japonês a Pearl Harbor.  O filme foi dirigido por Garson Kanin e contou com música de Oscar Levant. Stewart apresentou e narrou um curta-metragem de 18 minutos da Warner, Quem Quiser Ter Asas / Winning Your Wings / 1942, dirigido por John Huston e Owen Crump (não creditado), destinado a estimular o recrutamento para a Força Aérea Americana e How Much Do You Owe? / 1949, curta-metragem de 9 minutos realizado pela Columbia para o Disabled American Veterans. Ele apresentou o documentário de 20 minutos, 10.000 Kids and a Cop / 1948, dirigido por Charles Barton, mostrando os esforços da Lou Costello Jr. Youth Foundation para a prevenção da delinquência juvenil. Brenda Joyce foi a narradora e William Bendix interpretou o papel do guarda que visita a fundação e verifica que os jovens que lhe deram trabalho agora estão praticando esporte e outras atividades.  Stewart fez o papel de Jack Burton, sem ser creditado, na comédia curta Art Trouble, dirigida por Ralph Staub com Shemp Howard e Harry Gribbon nos papéis principais.

Laurel e Hardy em Stolen Jewels

Existem muitos outros exemplos, porém mencionei apenas alguns, para não cansar os leitores e escolhí, para fechar este artigo, o curioso The Stolen Jewels / 1931 (também conhecido com The Slippery Pearls), curta-metragem promocional de 21 minutos, destinado a angariar fundos para o sanatório para tratamento de tuberculose do National Variety Artists, produzido pelo Masquers Club of Hollwywood e distribuído pela Paramount. O enredo do filme gira em torno do furto das jóias de Norma Shearer. Um detetive se dirige à residência da atriz para interrogar os convidados de uma festa, a maioria osd quais são astors e estrelas de Hollywood. Wallace Beery é um sargento da polícia; Buster Keaton, um policial; Edward G. Robinson, um gângster; Stan Laurel também é um policial e Oliver Hardy, o chofer do carro da polícia; Hedda Hopper é uma amiga de Norma; Gary Cooper é um editor de jornal; George “Gabby” Hayes, um projecionista. Aparecem como eles mesmos: Joan Crawford, William Haines, Victor MacLaglen, Irene Dunne, Richard Dix, Maurice Chevalier, Douglas Fairbanks Jr., Richard Barthelmess, Ben Lyon, Bebe Daniels, Loretta Young. Fay Wray e outros e adivinhem quem é o suspeito do crime? O “Boca Larga”, Joe E. Brown.

 

BILLY WILDER II

 

Wilder iniciou a década de cinquenta realizando duas obras-primas: Crepúsculo dos Deuses / Sunset Boulevard / 1950 e A Montanha dos Sete Abutres / Ace in the Hole ou The Big Carnival / 1951.

Billy Wilder

Crepúsculo dos Deuses é um drama passional  que oscila entre o trágico e o grotesco, e um retrato cínico e cruel de Hollywood tingido de humor negro. O enredo de Wilder e Brackett e D. M. Marshman Jr. apresenta em primeiro plano a decadência de Norma Desmond (Gloria Swanson), atriz do cinema silencioso, que vive agarrada na sombra de seu passado. Bonita e famosa no tempo da cena muda é hoje uma estrela esquecida. Seu ex-marido e diretor, Max von Mayerling  (Erich von Stroheim) serve-lhe de mordomo em uma mansão lúgubre, tentando realizar todos os seus caprichos.  Saudosista da fama de outrora, egocêntrica e a um passo da loucura, ela se apaixona por um jovem roteirista obscuro, Joe Gillis (William Holden), que, para fugir de seus credores, se escondera no palacete. Norma contrata-o para ajudá-la a escrever o roteiro de um filme com o qual pretende voltar à luz dos refletores, dirigida por Cecil B. DeMille (que também a dirigira outrora) e o rapaz acaba se tornando seu gigolô. Os planos de Norma não se concretizam e ela descobre que Joe está se encontrando com uma moça, Betty Schaefer (Nancy Olson), leitora de argumentos e aspirante a roteirista. Quando ele decide romper sua relação humilhante com sua  “protetora”, ela o mata.

Billy Wilder examina os fotogramas de Crepúsculo dos Deuses

Gloria Swanson e William Holden em Crepúsculo dos Deuses

Wilder com Cecil B.DeMIlle e Gloria Swanson na filmagem de Crepúsculo dos Deuses

Os roteiristas imaginaram uma narrativa audaciosa (é o morto que conta a história) que termina com uma cena original e de um poder emocional muito forte (Norma descendo lentamente a escada e se encaminhado em direção à uma câmera, até sair de foco) e Wilder soube criar uma atmosfera perturbadora e fascinante  com a ajuda do score soberbo de Franz Waxman ( v. g. o tango que acompanha Norma  quando ela desce as escadas em um êxtase de loucura) e à fotografia em preto e branco, que John F. Seitz sempre soube utilizar. A força da realização se encontra também no comentário muito bem escrito e dito em voz over (a voz do morto) que apoia a ação, nas frases antológicas (v. g. “We didn´t need dialogue, we had faces” ou “I´m still big, it´s the pictures that got smaller”) e no elenco. Desde o primeiro momento em que ela aparece, Gloria Swanson toma conta da tela, expondo sua personagem desquilibrada  com gestos amplos e riqueza de emoção.  Erich von Stroheim mostra bem porque era uma das grandes figuras do cinema. William Holden desempenha com brilho o seu papel difícil. Nancy Olson os coadjuva com afinco. Artistas famosos da cena muda (Buster Keaton, Anna Q. Nillson, H. B. Warner aparecem na cena do jogo de bridge e DeMIlle na visita de Norma ao estúdio da Paramount. O papel de Norma foi oferecido a outras duas grandes estrelas Mary Pickford e Pola Negri que rejeitaram o convite. Montgomery Clift e Fred MacMurray foram cogitados para o papel de Joe Gillis. A Academia concedeu o Oscar de Melhor História e Roteiro para Wilder, Brackett e Marshmam e de melhor Música de filme não musical para Waxman. Foram indicados: Wilder como Melhor Diretor, Gloria Swanson como Melhor Atriz, Stroheim como Melhor Ator Coadjuvante, Nancy Olson como Melhor Atriz Coadjuvante, Seitz pela Melhor Fotografia preto-e-branco e Doane Harrison, Arthur P. Schmidt pela Melhor Montagem. Stroheim sugeriu algumas idéias para Wilder e este aproveitou duas: o mordomo escrever cartas de fãs para Norma para manter a ilusão de que ela não foi esquecida e a utilização de um trecho de Minha Rainha / Queen Kelly. Depois deste filme Wilder e Brackett se separaram após quatorze anos de colaboração.

Kirk Douglas em A Montanha dos Sete Abutres

Kirk Douglas em A Montanha dos Sete Abutres

Jan Sterling e Kirk Douglas em A Montanha dos Sete Abutres

A Montanha dos Sete Abutres foi inspirado em dois fatos autênticos, divulgados pela imprensa americana. No primeiro, ocorrido em 1925, um repórter descobriu um guia turístico preso em uma gruta, conseguiu esgueirar-se até onde estava o infeliz e conduziu as operações de socorro, durante as quais cobriu o acontecimento para seu jornal. No segundo, ocorrido em 1949, a morte de uma menina que caiu em um poço suscitou uma comoção nacional. Lembrando-se deles, Wilder e seus dois novos colaboradores, Lesser Samuels e Walter Newman, procuraram mostrar a curiosidade mórbida da multidão e a exploração sórdida e racional desta “fraqueza” pela imprensa sensacionalista. O personagem central, Charles Tatum (Kirk Douglas), é um jornalista bêbedo e inescrupuloso, obrigado por uma série de circunstâncias que o desmoralizaram no meio jornalístico novaiorquino a trabalhar na redação do Sun Bulletin, em Albuquerque no New Mexico. Enquanto aguarda um “assunto” capaz de restaurar sua reputação, ele antevê excepcionais oportunidades jornalísticas na agonia de um homem, Leo Minosa (Richard Benedict), que havia entrado em uma antiga caverna de índios à procura de relíquias e ficara preso entre os escombros após um desmoronamento. Com a cumplicidade de um xerife corrupto (Ray Teal) Tatum prolonga deliberadamente a permanência da vitima na caverna ao mesmo tempo em que garante para si a exclusividade da história. Havendo outros meios mais fáceis para salvar o infeliz, ele consegue que se perfure a rocha, de cima para baixo, para que o tempo de salvamento dure mais e possa, assim, tirar maior partido nas reportagens.  Tatum persuade também a esposa da vítima, Lorraine (Jan Sterling), a continuar no local, convencendo–a de que o afluxo de pessoas de todos os cantos do país ao seu café-restaurante lhe permitiria ganhar algumas centenas de dólares. Realmente uma multidão ávida de sensações chega ao local e com eles o rádio e a televisão, os vendedores de hamburgueres e refrigerantes, turistas, jornalistas impedidos pelo xerife de fazer concorrência a Tatum e até um parque de diversões se instalam diante da caverna. A situação se complica quando vítima contrai pneumonia. Arrependido, Tatum tenta desesperadamente salvá-lo. Tarde demais, e após uma série de acontecimentos provocados pelo seu remorso, é punido. Em uma discussão com Lorraine ela o esfaqueia com um par de tesouras e ele vai morrer na redação do Sun Bulletin. Wilder esmiuça a personalidade ríspida e contundente do jornalista que começa provocando um grande furo e termina com um denso problema de consciência. Fustigando sem piedade e com lucidez o lado mau da imprensa e a curiosidade da massa que se delicia com uma catástrofe e com um espetáculo carnavalesco, Wilder imprimiu um vigor extraordinário na narrativa, que não se desacelera um só instante. Kirk Douglas domina todo o filme com sua magnífica atuação e Jan Sterling está impecável na mulher fria e vulgar. A história e o roteiro proporcionaram uma indicação para o Oscar. O título original era Ace in the Hole, mas o chefão da Paramount, Y. Frank Freeman, mudou-o para The Big Carnival, sem o consentimento de Wilder.  Muitos anos depois o cineasta declarou que este foi o melhor filme que ele fez.

William Holden em Inferno nº17

Ainda no decênio de cinquenta, Wilder fez: 1953 – Inferno nº 17 / Stalag 17, drama de guerra envolvente com efeitos cômicos, suspense e notável interpretação de William Holden premiada com o Oscar, proporcionando ainda indicações para Wilder (Melhor Diretor) e Robert Strauss (Melhor Ator Coadjuvante).

William Holden, Audrey Hepburn e Humphrey Bogart em Sabrina

1954 – Sabrina / Sabrina, comédia romântica charmosa conjugando conto de fadas moderno e sátira social, com um trio de intérpretes (Audrey Hepburn, William Holden, Humphrey Bogart) de grande categoria, suscitando nomeações ao Oscar para Wilder, Hepburn e o fotógrafo Charles Lang Jr.

Tom Ewel e Marilyn Monroe em O Pecado Mora ao Lado

1955 – O Pecado Mora ao Lado / The Seven Year Itch, comédia de costumes maliciosa e satírica contando com a presença impactante de Marilyn Monroe e o histrionismo de Tom Ewell, porém às vezes maçante.

James Stewart em Águia Solitária

1957 – Águia Solitária / The Spirit of St. Louis, aventura cinebiográfica sobre o vôo solitário e histórico de Charles Lindbergh (excluindo certos fatos da vida dele), estruturada por meio de solilóquios e retrospectos, com boas soluções técnicas na mise-en-scène, interpretação lacônica de James Stewart dos pensamentos e sensações do aviador;

Gary Cooper e Audrey Hepburn em Amorna Tarde

Amor na Tarde / Love in the Afternoon, comédia romântica lubistcheana, com os ingredientes de sátira e irreverência habilmente manipulados pela direção e apoiados pela excelência do elenco e canções sugestivas. Foi a primeira colaboração de Wilder com I. A. L. Diamond.

Os dois últimos filmes de Wilder nos anos cinquenta foram mais duas obras-primas: 1959 –Testemunha de Acusação  / Witness for the Prosecution e 1959 – Quanto Mais Quente Melhor / Some Like It Hot.

Elsa Lanchester e Charles Laughton em Testemunha de Acusação

Tyrone Power em Testemunha de Acusação

Marlene Dietrich e Charles Laughton em Testemunha de Acusação

Testemunha de Acusação é um drama criminal na modalidade filme de tribunal, baseado em uma peça de Agatha Christie. Acusado de haver assassinado uma solteirona rica e solitária em cujo testamento figura como único herdeiro, Leonard Vole (Tyrone Power) apresenta-se ao famoso criminalista, Sir Wilfrid Roberts (Charles Laughton), récem saído de um hospital, por ter sofrido un enfarto, solicitando-lhe que o defenda. Apesar da proibição médica, ele aceita.  A única testemunha que Vole possui, é sua própria mulher, Christine  (Marlene Dietrich), mas ela depõe contra ele. No segundo dia do julgamento o criminalista recebe um telefonema de alguém que lhe quer vender cartas comprometedoras, que invalidarão o depoimento de Christine. Ele vai apanhar as cartas, que estão na posse de uma mulher e, ao mostrá-las no tribunal, assegura a vitória ao seu constituinte. Porém depois do veredicto ocorrem dois fatos surpreendentes que ocasionam um violento desfecho passional. Wilder e seu novo colaborador, Harry Kurnitz, reescreveram o texto de Agatha Christie (criando a figura da enfermeira, mas conservando os personagens principais e sem mexer na trama inteligente) e com ele Wilder realizou um filme palpitante, que surpreende por seus desenvolvimentos imprevistos e mantém a platéia permanentemente atenta e interessada. Charles Laughton no papel do advogado perspicaz e astuto (aquele seu teste com o monóculo é um grande achado), devotado e apaixonado pela sua profissão, é a grande atração do espetáculo. Os duelos verbais com sua enfermeira, Miss Plimsoll, esplendidamente interpretada por Elsa Lanchester (indicada para o Oscar), são prazerosos assim como as réplicas tipicamente wilderianas (v. g. a certa altura Sir Wilfrid diz para Miss Plimsoll: “Se você fosse mulher, eu ia bater em você” ). Marlene Dietrich está magnífica, particularmente nas cenas de interrogatório no tribunal. Tyrone Power  tem uma atuação  corretíssima e convincente.

Tony Curtis, Jack Lemmon e Marilyn Monroe em Quanto Mais Quente Melhor

Wilder dirige Marilyn em Quanto Mais Quente Melhor

Joe E. Brown e Jack Lemmon em Quanto Mais Quente Melhor

Billy Wilder e I. A. L Diamond

Quanto Mais Quente Melhor, comédia burlesca, satirizando a época da Lei Sêca e abordando de maneira sutil o homossexualismo, narrada em ritmo vertiginoso. Dois saxofonistas, Joe (Tony Curtis) e Jerry (Jack Lemmon), perseguidos por Spats Colombo (George Raft) e seu bando, por terem assistido involuntariamente a um massacre parecido com o de São Valentim, perpetrado por estes mafiosos, vestem-se de mulher e fogem para Miami, para integrar uma orquestra feminina, cuja vedete é Sugar Kane (Marilyn Monroe), loura adorável e sensual, que toca o ukulele e canta imitando a Betty Boop. As confusões causados pelo transformismo começam quando Joe tenta conquistar Sugar, fazendo-se passar por Shell Oil Junior, falso milionário com a voz de Cary Grant ou quando Jerry é assediado por um milionário de verdade, o desconcertante Osgood Fielding III (Joe E. Brown). Pontuado do início ao fim por réplicas (v. g. o antológico “Nobody´s Perfect!”) e gags visuais  (v. g, Jerry dançando o tango erótico com Osgood) hilariantes, o filme recebeu seis indicações ao Oscar: Jack Lemmon para Melhor Ator, Wilder para Melhor Diretor, Wider e I. A. L. para Melhor Roteiro Adaptado, Charles Lang Jr. para Melhor Fotografia (preto-e-branco), Ted Haworth (decoração de Edward G. Boyle) para Melhor Direção de Arte (preto-e-branco) e Orry-Kelly para Melhor Figurino (preto-e-branco). Mas Orry Kelly foi o único vencedor.

Jack Lemmon e Shirley MacLaine em Se Meu Apartamento Falasse

Wilder, Shirley McLaine e Jack Lemmon na filmagem de Se Meu Apatamento Falasse

Fred MacMuyrray e Jack Lemmon cem Se Meu Apartamento Falasse

No início dos anos sessenta, Wilder realizou sua última obra-prima, Se Meu Apartamento Falasse / The Apartment, um drama com momentos de comédia romântica e sátira social (à crueldade da cultura corporativa americana). Jovem e solitário empregado subalterno de uma grande companhia de seguros, C. C. Baxter (Jack Lemmon) empresta seu apartamento de solteiro a seus superiores casados, para encontros mais seguros e confortáveis com suas amantes. Em troca os favorecidos, prometem-lhe uma futura promoção, que eles garantem conseguir com o diretor de pessoal da firma, Jeff D. Sheldrake (Fred Mac Murray). Baxter já está quase desistindo dessas promessas e só pensa em conseguir marcar um encontro com a ascensorista da empresa, Fran Kubelik (Shirley MacLaine), por quem está apaixonado quando, de repente. sai a promoção. Baxter é transferido para uma sala só dele com secretária particular e outros privilégios e se surpreende com a forte influência que seus superiores exerceram sobre Sheldrake. Na verdade sua melhoria de posição na firma ocorreu, porque o chefão queria exclusividade: de agora em diante o apartamento seria emprestado só para ele. Mas certa noite Baxter encontra Fran inconsciente em seu apartamento. Descobre então que ela é a amante de Sheldrake e tentou o suicídio, porque ele se recusava a deixar a mulher. Na verdade tanto Baxter como Fran estão sacrificando sua integridade por algo que esperam obter de Sheldrake – ele, seu upgrade na compahia, ela, uma aliança matrimonial. Finalmente, Baxter como queria seu vizinho, Dr. Dreyfus (Jack Kruschen), torna-se um “Mensch” (em outras palavras, “um ser humano”), quando desafia o sistema pelo amor de Fran e esta, se liberta de sua devoção pelo cínico Sheldrake, ao descobrir o verdadeiro sentido da palavra amor. Mas no final feliz  (e original) não tem abraço nem beijo, mas um simples “ Shut up and deal”. A Academia premiou regiamente a realização: Oscar de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor História e Roteiro Originais (Billy Wilder, I. A. L. Diamond), Melhor Direção de Arte em preto-e-branco (Alexander Trauner e decoração de interiores Edward G. Boyle). Indicações para: Melhor Ator (Jack Lemmon), Melhor Atriz (Shirley MacLaine), Melhor Ator Coadjuvante (Jack Kruschen), Melhor Fotografia em preto-e-branco (Joseph LaShelle) e Som (Samuel Goldwyn Studio; Gordon E. Sawyer). Todos os prêmios foram merecidíssimos. Wilder deveria ter encerrado sua carreira neste momento como lhe aconselhou Moss Hart, um dos apresentadores na cerimônia. Depois se arrependeu.

Pamela Tiffin , Horst Buchholz e James Cagney em Cupido Nâo Tem Bandeira

Jack Lemmon e Shirley MacLaine em Irma la Douce

Dean Martin, Kim Novak e Ray Walston em Beija-me Idiota

Jack Lemmon e Walter Mathau em Uma Loura Por um Milhão

No decorrer da década de sessenta, o cineasta fez apenas um bom filme, embora sem o mesmo brilho de suas grandes comédias: Cupido Nâo Tem Bandeira / One, Two, Three / 1961, sátira política tanto do capitalismo quanto do comunismo,  focalizando os esforços e os dissabores de um próspero e audacioso industrial americano (interpretado  por um James Cagney a mil por hora), que resolve vender Coca-Cola aos consumidores atrás da Cortina de Ferro enquanto sua filha (Pamela Tiffin) se casa com um beatnik (Horst Buchholz) da zona soviética. Seus filmes restantes do decênio (1963 – Irma la Douce / Irma la Douce. 1964 – Beija-me Idiota / Kiss Me Stupid e 1966 – Uma Loura Por Um Milhão / The Fortune Cookie representam um declínio artístico evidente na trajetória fílmica do diretor.

Robert Stephens e Genevieve Pase em A Vida Íntima de Sherlock Holmes (ao fundo Colin Blakely como Dr. Watson)

Na década de setenta, ocorreu o mesmo: um bom filme, A Vida Íntima de Sherlock Holmes / The Private Life of Sherlock Holmes  / 1970, aventura inédita (imaginada por Wilder e I. A. L. Diamond), apresentando o detetive famoso  (Robert Stephens) como um homem vulnerável sentimentalmente e não apenas como uma “ máquina pensante”, quando ele se envolve com uma espiã alemã (Genevieve Page), ao investigar o mistério do Monstro do Loch Ness -, seguido por três obras frustradas: 1972 – Amantes à Italiana / Avanti. 1974 – A Primeira Pàgina / The Front Page e 1978 – Fedora.

Jack Lemmon em Amantes à Italiana

Walter Mathau e Jack Lemmon em A Primeira Página

Marthe Keller  e Henry Fonda em Fedora

Jack Lemmon e Walter Mathau em Amigos, Amigos … Negócios à Parte (TV)

O derradeiro filme de Billy Wilder, Amigos, Amigos … Negócios à Parte (TV) / Buddy Buddy / 1981, foi uma despedida triste do grande cineasta, um fracasso total. Mas em 1986 ele recebeu o AFI Live Achievement Award, em 1989 o Irving Thalberg Memorial Award, em 1993 a National Medal of Arts. Faleceu aos 95 anos de idade.