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FAY WRAY

Ela ficou famosa contracenando com um macaco apaixonado em King Kong / King Kong / 1933. Graças a este papel, assegurou um lugar permanente na História do Cinema., tendo ficado famoso o seu grito de horror nas mãos do tremendo gorila.

Fay Wray

Vina Fay Wray (1907-2004) nasceu na cidade de Cardston em Alberta no Canadá e se mudou com os pais e cinco irmãos para os Estados Unidos quando tinha três anos de idade. Criada em Los Angeles, ainda na adolescência começou a frequentar casting offices (agências de elenco) e, a partir de 1919, começou a participar ocasionalmente como figurante em vários filmes curtos. Depois, foi a protagonista de alguns westerns na Universal com caubóis como Hoot Gibson, Jack Hoxie, Art Accord, Fred Humes. Em 1926, a Western Association of Motion Picture Advertisers selecionou treze jovens estrelinhas consideradas mais prováveis de terem sucesso nas telas. Fay era uma delas juntamente com Janet Gaynor e Mary Astor. As escolhidas eram conhecidas como Wampas Baby Stars.

Fay Wray e Erich von. Stoheim em A Marcha Nupcial

Fay alcançou um estrelato prematuro em 1928, quando foi escolhida como a principal atriz feminina no papel de Mitzi em Marcha Nupcial / The Wedding March / 1928 de Erich von Stroheim. Em seguida, trabalhou ao lado de atores como Gary Cooper em A Legião dos Condenados /  Legion of the Condemned / 1928; Emil Jannings em Rua do Pecado / Street of Sin/ 1928; Jardim do Pecado / The Unholy Garden / 1931 com Ronald Colman e em produções de destaque como As Quatro Penas / Four Feathers / 1929 de Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack (os diretores de King Kong); O Homem de Mármore / Thunderbolt de Joseph von Sternberg); Dirigível / Dirigible /1931 de Frank Capra; O Bamba da Zona / The Bowery / 1933 de Raoul Walsh; Os Crimes do Museu / The Mystery of the Wax Museum / 1933 de Michael Curtiz … no qual ela gritou tão bem quanto em King Kong. No começo da década de trinta esteve à frente no elenco de filmes de horror como Doutor X / Doctor X, O Vampiro / The Vampire Bat e Zaroff, o Caçador de Vidas / The Most Dangerous Game e, em 1934, em Viva Villa! / Viva Villa como a linda Teresa, que o célebre revolucionário mexicano tenta conquistar. Em 1935, Fay fez quatro filmes na Inglaterra, Come Out of the Pantry com Jack Buchanan, Bulldog Jack com Jack Hulbert, When Knights Were Bold novamente com Buchanan e O Clarividente / The Clairvoyant com Claude Rains. Depois disso, seus filmes em Hollywood foram menos significativos.

Fay Wray e Gary Cooper em A Legião dos Condenados

George Raft e Fay Wray em O Bamba da Zona

Fay Wray e Joel McCrea em Zaroff, o a de Vidas

Wallace Beery e Fay Wray em Viva Vila!

Fay foi casada como dois roteiristas proeminentes, John Monk Saunders e Robert Riskin. Seu casamento de 1928 com Monk Saunders acabou em 1939, e ele cometeu suicídio no ano seguinte. Com seu casamento com Riskin em 1942, ela se retirou da tela. Entretanto, quando Riskin ficou seriamente doente e impedido de trabalhar em 1950, Fay foi obrigada a retomar sua carreira, o que ocorreu em1953 em O Tesouro do Condor de Ouro / The Treasure of the Golden Condor…. porém sempre em segundo plano. Após participar de várias séries de TV, ela se aposentou definitivamente em 1980, atuando ao lado de Henry Fonda, José Ferrer e John Houseman no telefilme As Trombetas de Gedeão / Gideon’s Trumpet.

Fay Way em King Kong

Em 10 de agosto de 2004, dois dias após sua morte, as luzes do Empire State Building em Nova York (cena do clímax do seu filme mais popular, King Kong)  foram apagadas durante 15 minutos em sua memória.

O INSPETOR MAIGRET NO CINEMA E NA TV

Jules Maigret é o comissário de polícia criado por Georges Simenon, escritor prolífico, apelidado de “O Balzac do Romance Policial”.  Ao contrário de Hercule Poirot ou Sherlock Holmes, é um funcionário sério e disciplinado, que leva uma vida burguesa em um apartamento modesto da avenida Richard-Lenoir em Paris. Sua esposa lhe prepara pequenas refeições, cujas receitas o crítico gastronômico Robert Courtine transcreveu em um livro, Le Cahiers des Recettes de Madame Maigret publicado em 1974. Porém o comissário gosta também da cozinha das brasseries e sabe se satisfazer com uma cerveja e um sanduiche. É de origem modesta e sua infância nos é revelada em L´Affaire Saint-Fiacre. Desejava ser médico. No Quai des Orfèvres n° 36, ele tem sua equipe, os inspetores Lucas, Janvier, Torrence …  e consulta o Dr. Paul para os problemas que necessitam da polícia científica. Seu método não se baseia nem na dedução nem na violência. Ele gosta de absorver uma atmosfera e penetrar nos segredos das almas – gosta de encontrar o “homem nu” segundo a fórmula de Simenon. Não tem pressa, passeia, aspira o ar, acumula informações; depois, apanhando o culpado num erro, o faz confessar. Fisicamente, é corpulento, imponente, mas em última análise gentil.  Frequentemente fuma um cachimbo de tabaco.

GEORGES SIMENON (1903-1989)

Georges Simenon

Nasceu em Liège, Bélgica num meio pequeno burguês. Quando tinha 15 anos de idade, teve que deixar a escola e procurar trabalho, porque seu pai cai doente. Começou a trabalhar na Gazette de LIège e a frequentar um grupo de jovens artistas e intelectuais anarquistas   ao qual pertencia a pintora Régine Ronchon, com a qual se casou. Em 1920 publicou seu primeiro romance: Au pont des Arches. Em 1922 mudou-se para Paris. Foi então que escreveu centenas de contos e romances sentimentais ou de aventura sob os pseudônimos de Georges Sim e Christian Brulls. Ele criou Maigret (ainda não é bem Maigret) em Train de nuit em 1929. Por ocasião de uma passeio de barco, foi no porto holandês de Delfzijl, e setembro de 1929, que ele escreveu a primeira investigação de Maigret: Pietr le Letton.

Entre 1931 e 1934, ele é o autor de destaque da Fayard. Os melhores Maigret aparecem então. Simenon viaja muito como repórter (África, América). Como escritor, ele vai depois de 1934 para a Gallimard. Denunciado durante a Ocupação por supostas origens judaicas, torna-se novamente após a Libertação como suspeito de simpatias vichysistas. Simenon decide emigar para os Estados Unidos. Sua fecundidade não sofre. Agora é publicado pela Presses de la Cité. É na América que ele se casa com Denyse Ouimet e é com ela que se instala na Suiça em 1955, na região de Lausannne. Sua produção se reduz em 1966 e para em 1972 após Maigret et Monsieur Charles.

ATORES QUE PERSONIFICARAM MAIGRET NO CINEMA. 

Pierre Renoir em A Noite da Encruzilhada / La Nuit du Carrefour / 1932 (Dir: Jean Renoir).

Pierre Renoir

Abel Tarride em Le Chien Jaune / 1932 (Dir: Jean Tarride).

Harry Baur em A Cabeça de um Homem / La Tête d’ um Homme / 1932 (Dir: Julien Duvivier).

Albert Préjean

Albert Préjean em Picpus / 1934 (Dir: Richard Pottier), Cécile est Morte / 1944 (Dir: Maurice Tourneur) e Les Caves du Majestic / 1945 (Dir: Richard Pottier).

Charles Laughton

Charles Laughton em Fugitivo da Guilhotina / The Man on the Eiffel Tower / 1949 (Dir: Burgess Meredith; Charles Laughton dirigiu as cenas em que Meredith aparece como ator.

Michel Simon em um dos episódios de Brelan d’as / 1952 (Dir: Henri Verneuil).

Maurice Manson em Maigret dirige l’ênquête / 1956 (Dir: Stany Cordier).

Jean Gabin

Jean Gabin em Assassino de Mulheres / Maigret Tend um Piège (Dir: Jean Delannoy), O Castelo do Medo / Maigret et l’ Affaire Saint-Fiacre / 1959 (Dir: Jean Delannoy) e Inspetor Maigret Acerta / Maigret Voit Rouge / 1963 (Dir: Gilles Grangier).

Gino Cervi

Gino Cervi em Maigret em Pigalle / Maigret a Pigalle / 1966 (Dir: Mario Ladi).

Gérard Depardieu em Maigret e a Jovem Morta / Maigret / 2022 (Dir: Patrice Leoconte).

ATORES QUE PERSONIFICARAM MAIGRET NA TELEVISÃO. 

 Basil Sidney na série britânica BBC Sunday-Night Theatre / 1951-1959.

Rupert Davies na série Maigret / 1960-1963 e como anfitrião da série Detective / 1964-1969, ambas da TV britânica.

 Henri Norbert no telefilme Maigret et la grande perche / 1964 da TV canadense.

 Jan Teulings na série de TV belgo-holandesa Maigret / 1964-1968.

 Kees Brusse na série de TV holandesa Maigret / 1964-1965 e no telefilme Maigret – De Kruideniers / 1964.

Jean Richard

Jean Richard na série de TV francesa Les Enquêtes du Comissaire Maigret / 1967- 1990 e uma aparição como Maigret no filme Signé Furax / 1981.

Richard Harris no telefilme britânico Maigret /1988.

Bruno Cremer

Bruno Cremer na série de TV franco-belga-suiça- checoslovaca Maigret / 1991-2005.

Michael Gambon

Michael Gambon na série de TV britânica Maigret / 1992-1993.

Sergio Castellitto na minissérie ítalo-espanhola Maigret / 2004.

Rowan Atkinson

Rowan Atkinson na série de Tv britânica Maigret / 2016-2017.

OS TRIOS DO WESTERN B

Durante os anos 30 e 40, houve um aumento espantoso de westerns B. Estes eram produzidos em grupos de seis ou mais filmes e comercializados de acordo com o aluguel por pacote. Isto é, os exibidores alugavam não somente um filme de Ken Maynard ou Hoot Gibson, mas todos os seus filmes produzidos em uma temporada.

A partir de 1930, tornou-se uma prática comum identificar um ator como um personagem e construir uma série em torno dele. Assim William Boyd começou aparecendo como Hopalong Cassidy em 1935 e nunca mais interpretou outro papel. Semelhantemente a série de Charles Starrett como Durango Kid, iniciada em 1945, continuou com seis ou mais filmes por ano até 1952. Outros atores identificados com seus personagens: Buster Crabbe / Billy Carson; Eddie Dew e depois Robert Livingston / John Paul Revere; Buster Crabbe e depois Bob Steele / Billy the Kid; George Houston e depois Robert Livingston / The Lone Rider; James Newill / Renfrew of the Mounted; Bill Elliott e depois Allan Lane e Jim Bannon / Red Ryder etc.

Três sobre a Pista

Em 1935, o primeiro trio de cowboys, constituído por William Boyd, Jimmy Ellison e George Hayes, cavalgou na tela no filme Vida e Aventura / Hop-a-Long Cassidy. O quinto filme da série, Três sobre a Pista / Three on a Trail / 1936, foi o primeiro a estabelecê-los com um trio: William Boyd como Hopalong Cassidy, George Hayes como Windy Haliday e James Ellison como Johnny Nelson. James Ellison ficou na série até 1936 e, em 1937, Russell Hayden ocupou seu lugar assumindo o papel de Lucky Jenkins em A Sombra da Lei / Hills of Old Wyoming. Este trio ficaria junto até 1940 quando, em The Man from Texas, no lugar de Lucky Jenkins apareceu um novo personagem, California Carlson, interpretado por Andy Clide. Em 1948, o trio chegaria ao fim em Galope Selvagem / Strange Gamble, o último dos 66 filmes da série, lembrando que outros atores (Brad King, Jay Kirby, Jimmy Rogers, Britt Woods e Rand Brooks) também assumiram papéis no trio. Os filmes da série foram distribuídos pela Paramount Pictures e depois pela United Artists.

Outro grande trio foi The Texas Rangers, estrelado por quatro cowboys diferentes em momentos diversos. A série começou com Dave O´Brien, James Newill e Guy Wilkerson. Mais tarde, Tex Ritter substituiu James Newill e os outros dois permaneceram. Dave interpretou o papel de Dave Wyatt e Wilkerson atuou como Panhandle Perkins. Newill assumiu os traços de Jim Steele e Ritter o de Tex Haines. De 1943 a 1945 foram 22 filmes nesta série da PRC Pictures.

Os Três Mosqueteiros

Os 53 westerns da série Os Três Mosqueteiros ou Os Três Sertanejos / The Three Mesquiteers produzida pela Republic, exibidos entre 1936 e 1943, tinha como personagens principais, Stony Broke, Tucson Smith e Lullaby Joslin, que foram interpretados por vários atores: Stony Broke (Bob Livingston em 29 filmes, John Wayne em 8 filmes e Tom Tyler em 13 filmes); Tucson Smith (Ray Corrigan em 24 filmes e Bob Steele em 20 filmes); Lullaby Joslin (Syd Saylor em 1 filme, Max Tehrune em 21 filmes, Rufe Daves em 14 filmes e Jimmie Dodd em 6 filmes). Em alguns filmes da série, Raymond Hatton interpretou o personagem Rusty Joslin e Duncan Renaldo o de Rico. Antes da série houve um filme da RKO, Duelo de Valentes / Powdersmoke Range / 1935 com Harry Carey como Tucson Smith, Hoot Gibson como Stony Broke e Guinn “Big Boy” Williams como Lullaby Joslin.

Os Três Valentes ou Três Destemidos

Nos 24 filmes da série Os Três Valentes ou Os Três Destemidos / The Range Busters, produzida entre 1940-1943 e distribuída pela Monogram, trabalharam Ray Corrigan e Max Terhune, que haviam interpretado personagens da série Os Três Mosqueteiros. Desta vez eles eram Crash e Alibi, compondo o trio com Dusty, vivido por John King. Corrigan deixou temporariamente a série e foi substituído pelo excelente stuntman David Sharpe. Depois, Sharpe e King alistaram-se no exército, Corrigan voltou, e entrou Rex Lease, que depois cedeu lugar para Dennis Moore.

The Frontier Marshals

Em 1941-1942, a PRC reuniu Lee Powell com os cantores Bill “Cowboy” Rambler Boyd e Art Davis, para formar a série The Frontier Marshals composta por seis filmes Powell havia sido o primeiro Lone Ranger no seriado O Guarda Vingador / 1938 da Republic. Durante a Segunda Guerra Mundial, alistou-se Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA e morreu em combate no Pacífico.

A série The Trail Blazers da Monogram, formada por 8 filmes, tinha como astros três grandes cowboys: Hoot Gibson, Ken Maynard e Bob Steele. No início dos filmes os três vinham andando pela trilha a galope. Ken Maynard montado no seu cavalo Tarzan, Hoot Gibson no seu Midnight, e Bob Steele no seu Zane. Posteriormente, Ken Maynard foi substituído por Chief Thundercloud.

Uma série da Universal reuniu Johnny Mack Brown, Tex Ritter e Fuzzy Knight em 7 filmes: Homens Heróicos / Deep in the Heart of Texas, Corações Palpitantes / Little Joe the Wrangel, Vingança Sangrenta / The Old Chisholm Trail, A Senda da Morte / Tenting Tonight The Old Camp Ground, O Preço da Perfídia / Cheyenne Round Up, Cavaleiros Foragidos / Raiders of San Joaquin, Trilha Solitária / The Lone Star Trail.

Buck Jones, Tim McCoy e Raymond Hatton

A série The Rough Riders da Monogram era composta por 8 filmes estrelados por um trio de astros famosos do western B: Buck Jones, Tim McCoy e Raymond Hatton. Buck Jones era Buck Roberts, Tim Mc Coy interpretava Tim McCall e o personagem de Hatton chamava-se Sandy Hopkins. A série terminou em À Margem da Lei / West of the Law / 1942, quando Tim McCoy se alistou nas forças armadas. Buck Jones continuou com Raymond Hatton em Amanhecer na Fronteira / Dawn on the Great Divide / 1942, no qual entrou o personagem Jack Carson interpretado por Rex Bell.

Antes do filme estrear, Buck morreu tragicamente no incêndio da boate Cocoanut Grove em Boston.

 

PRIMEIRAS MULHERES CINEASTAS NO CINEMA AMERICANO

Não havia nada de incomum na existência de diretoras na indústria de cinema americana desde os seus primórdios.  A primeira mulher diretora do mundo foi Alice Guy. Ela fez seu primeiro filme para a Gaumont nos anos 1890 e, com seu marido Herbert Blaché, foi para os Estados Unidos em 1907, fundando juntamente com George A. Magie, a Solax Company em 7 de setembro de 1910. Trabalhou como diretora até 1920. Seu primeiro filme, lançado em outubro de 1910, intitulava-se A Child’s Sacrifice, a história de uma menina de oito anos filha de um operário que está de greve. Os primeiros estúdios Solax estavam localizados em Flushing, Nova York, mas, em 1912, a companhia construiu um novo complexo de estúdios em Fort Lee, New Jersey. Alice Guy Blaché dirigiu as produções mais importantes da companhia, inclusive o seu primeiro filme de 3 rolos, Fra Diavolo / 1912, sobre o chefe de bando que resistiu à ocupação francesa de Nápoles. Antes ela dirigiu também The Pit and the Pendulum / 1911, baseada na obra de Edgar Alan Poe, muito elogiada pelos comentaristas da época, apesar de certas liberdades tomadas na adaptação do conto de horror imaginado pelo autor.

Alice Guy

Roteiristas como Frances Marion, Anita Loos, June Mathis, Beulah Marie Dix, Bess Meredith and Lenore Coffee dominaram a indústria do filme silencioso. Frances Marion dirigiu três filmes – The Love Light (com Mary Pickford), Just Around the Corner (com Margaret Seddon), The Song of Love (com Norma Talmadge) – entre 1921 e 1923, e outras roteiristas como Marguerite Bertsch, Mrs. George Randolph Chester, Julia Crawford Ivers, Marion Fairfax, Jane Murfin, e Elizabeth Pickett também tentaram a sorte na direção.

Lois Weber

A mulher diretora de cinema mais importante na América foi Lois Weber, ex-evangelista de rua cuja carreira se estendeu dos anos dez até o início dos anos trinta. Realizadora intransigente, suas produções lidavam com problemas sociais, tais como aborto, alcoolismo, controle de natalidade, pena de morte, prostituição e antissemitismo. Ela estreou atrás das câmeras em Heroine of ’76 / 1911, que codirigiu com o ator Phillips Smalley, seu marido na época, e o diretor pioneiro Edwin S. Porter. Em 1914, ano em que fez 27 filmes, Weber codirigiu com Smalley, The Merchant of Venice, baseado na peça de William Shakespeare, tornando-se a primeira mulher diretora a realizar um filme de longa-metragem nos EUA. Ela e Smalley atuaram também como intérpretes, ele no papel de Shylock e ela no papel de Portia.

Mabel Normand

Margery Wilson, uma das protagonistas de D. W. Griffith em Intolerância / Intolerance / 1916 (ela fazia o papel de Brown Eyes) esteve em atividade como diretora (além de atriz) no início dos anos vinte em That Something / 1920, Insinuation / 1922, The Offenders /1924. Também estrela de Griffith, Lillian Gish, dirigiu um filme, Remodeling Her Husband / 1920. Outras atrizes que tentaram a direção foram Gene Gauntier, Kathlyn Wiliams e Mabel Normand. Mabel dirigiu dez filmes, entre eles Caught in a Cabaret / 1914, atuando também como atriz ao lado de Charles Chaplin. Em um momento ou outro, nove mulheres diretoras estavam em atividade na Universal, entre elas, Ida May Park, Ruth Annn Baldwyn, Grace Cunard, Cleo Madison, e Ruth Stonehouse. Com a morte de seu marido Wallace Reid em 1923, Dorothy Davenport (mais conhecida como Mrs. Wallace Reid) tornou-se produtora e diretora e se manteve em atividade até os anos cinquenta.

Dorothy Azner

A única mulher diretora americana que fez uma transição bem-sucedida dos filmes mudos para os falados foi Dorothy Arzner, que começou sua carreira diretorial em 1927 com A Mulher e a Moda / Fashions for Women e realizou seu último filme, Crepúsculo Sangrento / First Comes Courage em 1943. Em 1919, Arzner foi contratada por William DeMille como estenógrafa no departamento de roteiros da Famous Players e depois promovida a montadora. Sua montagem das cenas de tourada em Sangue e Areia / Blood and Sand / 1922, estrelado por Rudolf Valentino, foi tão imaginativa que o diretor James Cruze a encarregou de montar seu famoso Os Bandeirantes / The Covered Wagon / 1923.  Além de Arzner, apenas uma outra mulher dirigiu um filme americano nos anos trinta, e ela foi Wanda Tuchock, que codirigiu (com George Nicholls Jr.) Escola de Elegância / Finishing School em 1934.

Ida Lupino

As mulheres não se destacaram como diretoras novamente até Ida Lupino codirigir (com Elmer Clifton) Mãe Solteira / Not Wanted / 1949.  Nascida em Londres, descendente de uma família de atores, apareceu pela primeira vez na tela em The Love Race / 1931, dirigido por seu primo Lupino Lane. No ano seguinte, aos 14 anos de idade, trabalhou sob as ordens do diretor Allan Dwan em Her First Affaire / 1932. Em 1933, protagonizou cinco filmes britânicos nos estúdios Teddington, comprados pela Warner Bros. e, mais tarde, foi uma das grandes estrelas desta companhia. Até que, em 1949, ela e seu marido Collier Young abriram uma empresa independente, The Filmakers, para produzir filmes de baixo orçamento. Ida dirigiu seis filmes: Mãe Solteira / Not Wanted /1949; Quem Ama Não Teme / Never Fear / 1950; O Mundo é o Culpado / Outrage / 1950; Laços de Sangue / Hard, Fast and Beautiful / 1951; O Mundo Odeia-me / The Hitchhiker / 1953; O Bígamo / The Bigamist / 1953. Em 1966, dirigiu Anjos Rebeldes / The Trouble with Angels e seu último filme como atriz foi My Boys Are Good Boys / 1979. Esteve também ativa na televisão como atriz ou diretora em várias séries, inclusive na famosa Além da Imaginação / The Twilight Zone) no episódio The Sixteen Millimeter Shrine / 1959, dirigido por Mitchel Leisen.

Shirley Clarke

Susan Seidelman

Barbara Kopple

Kathryn Bigelow e seus dois Oscar

A partir dos anos 50, foram surgindo novas diretoras como Shirley Clarke; Stephanie Rothman (especializada em exploitation films como O Mundo dos Biquinis / It´s a Wild Bikini / 1967); Ruth Orkin, que dirigiu dois filmes com seu marido Morris Engel (O Pequeno Fugitivo / The Little Fugitive / 1953 e Lovers and Lollipops / 1956); Elaine May, responsável por dois filmes, O Caçador de Dotes / A New Leaf / 1971 e Corações em Alta / Heartbreak Kid / 1972;  e muitas outras, entre elas, Mary Ellen Bute, Penny Marshall, Susan Seidelman, Nora Ephron, Joan Micklin Silver, Barbara Loden, Joan Rivers,  Francine Parker, Faith Hubley, Kathleen Dowdey, Mary Lambert, Julia Dash, Mira Nair, Lizzie Borden, Bette Gordon, Joyce Chopra, Claudia Weill, Diane Keaton, Barbra Streisand etc., inclusive duas que ganharam o Oscar: Barbara Kopple, Oscar de Melhor Documentário por Harlan County:  Tragédia Americana / Harlan County U.S.A. / 1976  (sobre uma greve de trabalhadores. em minas, no Kentuycky) e por American Dream / 1990 (sobre uma greve contra a Hormel Foods Corporation em Minnesota) e Kathryn Bigelow, Oscar de Melhor Direção por Guerra ao Terror / The Hurt Locker / 2008 (sobre um esquadrão anti-bombas do exército americano em ação na Guerra do Iraque).

MARIKA ROKK

Ela estava entre as estrelas mais famosas e queridas do Cinema do Terceiro Reich, compensando sua capacidade interpretativa limitada com uma energia ilimitada e atletismo enquanto seus filmes ofereciam outras atrações como cenários e figurinos luxuosos e fotografia em cores.

Marika Rökk

Marie Karoline Rökk (1913-2004) nasceu em Cairo no Egito, filha de um arquiteto e empreiteiro húngaro. Passou a segunda infância em Budapest, onde teve aulas de dança e, em 1924, sua família mudou-se para Paris. Juntando-se ao conjunto de dança “The Hoffman Girls” quando tinha onze anos de idade, sua primeira apresentação pública foi no Moulin Rouge. Marika passou os anos vinte excursionando por Nova York, Berlim, Monte Carlo, Cannes, Londres e Paris. Em Budapest e Viena ganhou as manchetes atuando em operetas e comédias musicais.

Sua primeira experiência no cinema foi como uma dançarina, aparecendo em duas comédias britânicas sob a direção de Monty Banks, Kiss me Sergeant e Why Sailors Leave Home, ambas de 1930. Subsequentemente estrelou dois filmes húngaros Csókolj meg, édes! / 1931 e Kisértetek vonata /1933, antes de ser contratada pela Ufa em 1935. Seu primeiro filme alemão foi o drama passado num circo dirigido por Werner Hochbaum, Cavalaria LIgeira / Leichte Kavallerie / 1935, seguido pela sua primeira colaboração com o diretor Georg Jacoby na comédia Rapsódia Húngara / Heisses Blut / 1936.

Marika em Gasparone

Marika em Eine Nacht im Mai

Marika em Kora Terry

Marika e Willy Fritsch em Frauen sind doch bessere Diplomaten

Jacoby se tornou o diretor favorito de Marika e também seu primeiro marido. Eles formaram uma parceira criativa até o final dos anos cinquenta. Jacoby dirigiu mais 16 de seus filmes: O Estudante Mendigo / Der Bettelstudent /1936; Ritmo Ardente / Und du mein schatz fährst mit / 1937; Gasparone / Gasparone / 1937; Eine Nacht im Mai / 1938; Kora Terry / 1940; Frauen sind doch bessere Diplomaten / 1941; Tanz mit dem Kaiser / 1941; Die Frau meiner Träume / 1944; Férias no Danúbio / Kinder der Donau / 1950; Sensation in San Remo / 1951; Die Czardasfürstin / 1951; Maske in Blau / 1953; Die geschiedene Frau / 1953; Noites no Papagaio VerdeNachts im grünen Kakadu / 1957; A Rainha do Palco / Bühne frei für Marika / 1958; Adorável Mentirosa / Die Nacht vor der Premiere / 1959. Seus filmes geralmente reciclavam a mesma fórmula básica dos musicais de Hollywood, terminando sempre com um número final espetacular.

Marika em Alô, Janine!

O parceiro mais agradável de Marika foi o ator neerlandês Johannes Heesters, especialmente em O Estudante Mendigo, Gasparone e Alô Janine! / Hallo Janine / 1939, este último dirigido por Carl Boese. Ela interpretou um papel duplo como duas irmãs gêmeas em Kora Terry e contracenou com Willy Fritsch no primeiro filme alemão em cores (Agfacolor) Frauen sind doch bessere Diplomaten. Ocasionalmente Marika foi vista em filmes de outros gêneros ou papéis mais sérios como, por exemplo, no drama de amor totalmente imaginário envolvendo Tchaikovsky, Noite de Baile / Es war eine rauschende Ballnacht / 1939, ao lado de Zarah Leander e Hans Stuwe (Tchaikovsky).

Inicialmente proibida de trabalhar na Alemanha e Austria após a Segunda Guerra Mundial, Marika retomou sua carreira em Viena em 1948. Com Jacoby como diretor e muitas vezes dividindo o estrelato com Heesters, ela fez filmes na Alemanha Ocidental a partir de 1951, revivendo sua personalidade na tela em Die Czardas fürstin e A Rainha do Palco. Jacoby faleceu em 1964 e, em 1968, Marika contraiu matrimômino com o ator austríaco de etnia húngara, Fred Raul (que estava no elenco de trê filmes dela, Noites do Papagaio Verde, A Rainha do Palco e Adorável Mentirosa) e os dois ficaram juntos até a morte dele em 1985.

Marika ainda em forma em Hello, Dolly!

Embora sua carreira tivesse declinado em grande parte no final dos anos 50 e definitivamente encerrada no início dos anos 60, ela continuou mantendo sua presença nos palcos em numerosas operetas e musicais, destacando-se sobretudo o papel principal no musical de Jerry Herman, “Hello, Dolly!”. Nunca abandonando seu forte sotaque húngaro, que era uma marca registrada dela, Marika anunciou cosméticos em comerciais e apareceu em vários programas de televisão.

Parodiando sua imagem alegre de estrela, Marika fez uma última aparição cinematográfica na comédia Schloss Königswald / 1987, ao lado de outras divas veteranas do cinema alemão como Camila Horn, Marianne Hoppe e Carola Höhn.

ALLAN DWAN PIONEIRO DO CINEMA

Joseph Aloysius Dwan (1885-1981) nasceu em Toronto, Ontário no Canadá. Filho de Joseph Michael, irlandês comerciante de tecidos e de Mary Hunt, ele foi com sua família uma primeira vez para Detroit, e depois para Chicago em 1893, onde frequentou a Alcott School e a North Division High School antes de entrar para a Universidade de Notre Dame e se formar em engenharia elétrica em 1907.

Allan Dwan

Dwan iniciou sua carreira no cinema por acaso quando trabalhava para a Peter Cooper-Hewitt Company, uma companhia de iluminação, para a qual desenvolveu os tubos de vapor de mercúrio. Em 1909, quando estava instalando estes tubos nos correios de Chicago, um homem se apresentou como George K. Spoor e lhe perguntou se as luzes seriam adequadas para a fotografia. Ele respondeu que sim e Spoor, um dos donos da Essanay Company, fez um pedido. Durante o período de experimentação Dwan ficou observando o que faziam no estúdio, ficou fascinado pelos filmes bobos que estavam fazendo sob as luzes, perguntou onde arranjavam aquelas histórias, quanto pagavam por elas, e lhes ofereceu as que havia escrito para a revista da sua Universidade.  Spoor gostou de seu trabalho e o contratou para ser supervisor de roteiros. Dwan aceitou o encargo e ainda o acumulou supervisionando também as iluminações.

Duas semanas depois, a maioria dos executivos da Essanay deixaram a empresa para formar a American Film Manufacturing Company (também conhecida como estúdios “Flying A”) e persuadiram Dwan a acompanhá-los, ganhando duas vezes o seu salário. A nova companhia tinha um problema. Em algum lugar da Califórnia – ninguém sabia ao certo – onde estava uma de suas equipes de filmagem. O suprimento de filmes havia cessado e, apesar de telegramas frequentes, também havia sido interrompido o fornecimento de qualquer informação. Dwan, na qualidade gerente de produção, foi designado para descobrir o que aconteceu. Ele localizou a equipe em San Juan Capistrano e verificou que eles estavam sem diretor porque ele (Frank Beal) era alcoólatra e havia partido para Los Angeles depois de uma bebedeira em uma farra. Então Dwan informou: “Sugiro que dissolvam a equipe, pois vocês não têm mais um diretor”. Os patrões responderam: “Você dirige”. Diante desta responsabilidade repentina, Dwan reuniu os atores e anunciou: “Ou em sou um diretor ou vocês estão sem emprego. Resposta dos atores: “Você é o melhor diretor que já vimos”.

Dwan fez seu primeiro filme (de 1 rolo – aproximadamente 10 minutos) em 1911 e continuou atrás das câmeras até 1961, quando terminou seu último longa-metragem, O Mais Perigoso dos Homens / Most Dangerous Man Alive, já que o projeto de Marine! em 1967 sobre a Guerra da Coréia (que ele preparava aos 82 anos de idade) não foi adiante. Assim, sua carreira durou 56 anos, mas ele se considerava orgulhosamente e antes de tudo um cineasta do cinema mudo. Como sua filmografia é muito extensa (cerca de 400 filmes) e a maior parte deles estão perdidos, vou apenas mencionar os mais importantes no cinema mudo e no sonoro.

Douglas Fairbanks em Robin Hod

Gloria Swanson em Este Mundo é um Teatro

Em 1914, Dwan fez seu primeiro longa-metragem, Richelieu, para a Universal -101 Bison Film Company e depois foi para a Famous Players, onde dirigiu Mary Pickford em A Sombra do Passado ou Traições e Bondades / A Girl of Yesterday / 1915 e A Enjeitada / The Foundling / 1915. Estes filmes com Mary e aqueles que fez com Norma Talmadge, Douglas Fairbanks e Gloria Swanson deram-lhe muita projeção no tempo da cena muda. Com Norma Talmadge fez A Via Dolorosa / Fifty-Fifty / 1916 e Pantéia / Panthea / 1917 (com Erich von Stroheim como assistente de direção e ator). Com Douglas Fairbanks fez Um Professor de Alegria / The Habit of Happiness / 1916; O Bom Facínora / The Good Bad Man / 1916; O Índio Amoroso / The Half Breed / 1916; Nova York Misteriosa / Manhattan Madness / 1916; Um Moderno Mosqueteiro / A Modern Musketeeer / 1917; O Protetor / M. Fix-It / 1918; O Homem do Automóvel / Bound in Morocco / 1918; Sempre Sorrindo / He Comes Up Smiling / 1918; Robin Hood / Robin Hood / 1923; O Máscara de Ferro / The Iron Mask / 1929. Com Gloria Swanson fez: Zaza / Zaza / 1923; Escândalo Social / A Society Scandal / 1924; Escravizada / Manhandled / 1924; Sua História de Amor / Her Love Story / 1924; A Bela Pecadora / Wages of Virtue / 1924; Folia / Coast of Foly / 1925; Este Mundo é um Teatro / Stage Struck / 1925.

Loretta Young e Tyrone Power em Suez

Dennis O´Keefe e Helen Walker em Chutando Milhões

John Wayne em Iwo Jima – O Portal da Glória

John Payne e Ronald Reagan em A Audácia é Minha Lei

Seu primeiro filme falado foi Ouro Sedutor / Tide of Empire (MGM) e na sua copiosa filmografia constam bons filmes sonoros, principalmente quando, nos anos 50, teve o apoio do produtor Benedict Bogeaus e do diretor de fotografia John Alton. Posso citar: Heidi / Heidi / 1937 e Sonho de Moça / Rebeca of Sunnybrook Farm / 1938, ambos com Shirley Temple; Suez / Suez / 1938; A Lei da Fronteira / Frontier Marshal / 1939; Chutando Milhões/ Brewster’s Millions / 1945; O Último Milagre / Angel in Exile / 1948; Iwo Jima – O Portal da Glória / Sands of Iwo Jima / 1949;  A Renegada / Woman They Almost Lynched / 1953; Montana, Terra do Ódio / Cattle Queen of Montana / 1954; Homens Indomáveis / Silver Lode / 1954;  A Audácia é a Minha Lei / Tennesse´s  Partner / 1955;  O Poder do Ódio / Slightly Scarlet / 1956; Matar para Viver / The River’s Edge / 1957).

Anthony Quinn, Debra Paget e Ray Milland em Matar para Viver

O incansável pioneiro Allan Dwan não foi um grande cineasta como Ford ou Hitchcock, mas apenas um profissional competente, despretensioso, capaz de lidar habilmente com variados gêneros e de filmar com rapidez, concisão, e simplicidade, procurando sempre eliminar o supérfluo, adaptando-se facilmente ao esquema tradicional dos estúdios no tempo do cinema americano clássico. Quando lhe caia em mãos uma boa história, fazia um bom filme.

RENATE MÜLLER

Ela foi uma das atrizes mais populares do início dos anos trinta, encantando o público com seu charme e vivacidade principalmente em uma sequência de comédias sofisticadas e musicais. Sua morte prematura interrompeu abruptamente uma carreira breve, mas deslumbrante.

Renate Müller

Renate Müller (1906-1937) nasceu em Munique, Baviera, Alemanha, filha de um editor de jornal e de uma pintora. Em 1924, mudou-se com a família para Berlim. Após ter lições de canto, frequentou aulas de arte dramática na Escola de Max Reinhardt, onde o diretor G. W. Pabst foi seu professor. Ela então se apresentou no Harzer Bergtheater em Thale e em Berlim.

Encorajada pelo diretor-ator Reinhold Schünzel, Renata iniciou uma carreira no cinema no final dos anos vinte em Peter, der Matrose / 1929. Schünzel usou-a novamente (após ela ter feito dois filmes com outros diretores) como a noiva do boxeador Max Schmeling em Amor e Box / Liebe Im Ring / 1930, rodado como um filme mudo e depois sincronizado com som. No mesmo ano e no próximo Renate atuou, sob as ordens de outros diretores e dividindo o estrelato com atores importantes: Der Sohn der weissen Berge com o também diretor Luis Trenker; O Favorito dos Deuses / Liebling der Götter com o grande Emil Jannings; Sanssouci / Das Flötenkonzert von Sanssouci com Otto Gebühr; Liebeslied com Gustav Frölich.

Emil Jannings e Renate em O Favorito dos Deuses

Como os primeiros filmes falados geralmente usavam interlúdios musicais, o treino de Renate como cantora logo mostrou ser produtivo. Sua canção “Ich bin ja heut’so glücklich’ (Estou tão feliz hoje) do filme Die Privatsekretärin / 1931 (Dir: Wilhelm Thiele) tornou-se um sucesso. Ela repetiu este papel na versão inglesa, Sunshine Susie.

Nos próximos anos, Renate continuou intimamente associada com Schünzel, atuando sob sua orientação em: Der kleine Seitensprung / 1931; Como Direi a Meu Marido? / Wie sag’ ich’s meinem Mann? / 1932; Quando O Amor Faz a Moda / Wenn die liebe Mode Macht / 1932; Saison in Kairo / 1933, exibida no Brasil a versão francesa Idylle au Cairo com Jorge Rigaud no lugar de Willi Fritsch e o título em português A Sombra da Esfinge; Viktor und Viktoria / 1933; Um Casamento Inglês Die englische Heirat / 1934.

Viktor und Viktoria, um de seus maiores sucessos, no qual ela interpretou o papel daquela cantora que se faz passar por travesti para obter emprego, seria depois refilmado na Inglaterra em 1935 como Mulher Antes de Tudo / Just a Girl com Jessie Mathews e Sonnie Hale e, em 1982, em Hollywood com Julie Andrews e Robert Preston. Curiosamente a versão alemã com Renate e Hermann Thimig só foi exibida no Sul do Brasil. No resto do país, passou a versão francesa George et Georgette, com Meg Lemmonier substituindo Renate e Julien Carette no lugar de Thimig. Em 1933, Renate trabalhou em outro filme com Willi Fritsch, A Guerra das Valsas / Walzerkrieg.

Hermann Thimig e Renate no filme

Outros trabalhos marcantes ocorreram em Liselotte von der Pfal. Frauen um dem Sonnenkönig / 1935, drama histórico contando a história de Elisabeth Charlotte da Baviera e seu casamento com Philippe d’ Orleans, irmão de Louis XIV e Allotria / Allotria / 1936, comédia sofisticada, cheia de alegria e movimento, conduzida magistralmente por Willi Forst, o respeitável diretor de Mascarada / Maskerade / 1934 e Mazurka / Mazurka / 1935.

Adolph Wolbrück e Renate em Allotria

Oficialmente descrita como suicídio, as verdadeiras circunstâncias da morte de Renate aos 31 anos de idade permanecem desconhecidas. Na época de seu falecimento surgiram vários rumores, entre eles o de que ela decidiu tirar sua própria vida, quando seu relacionamento com líderes nazistas se deteriorou depois que a atriz não se mostrou disposta a aparecer em filmes de propaganda e também se recusou a terminar seu relacionamento amoroso com um diplomata judeu. Perseguida pela Gestapo, Renate teria preferido se matar em 7 de outubro de 1937, em vez de tolerar o assédio sádico de Goebbels (cf. Film in the Third Reich de David Stewart Hull, ed. Simon and Schuster, 1973). Anos mais tarde, a cinebiografia Liebling der Götter / 1960, dirigida por Gottfried Reinhardt, com Ruth Lewerik no papel de Renate e Peter van Eyck como seu amante, sustentou a hipótese de suicídio.

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WALTER BRENNAN TRICAMPEÃO DO OSCAR

Ele foi o primeiro ator a ganhar três Oscar da Academia e continua sendo a única pessoa a receber por três vezes a estatueta de Melhor Ator Coadjuvante.

Walter Brennan

Brennan foi também o primeiro ganhador do prêmio nesta categoria (que até então não era premiada) por seu desempenho no filme Meu Filho é Meu Rival / Come and Get it / 1936 como o sueco Swan Bostrom, fiel amigo de Barney Glasgow (Edward Arnold), o magnata da madeira que se apaixona por Lotta (Frances Farmer), filha da mulher, uma artista de cabaré que amara e perdera, e depois perde a filha também para o próprio filho (Joel McCrea). Ele concorreu com Mischa Auer em Irene a Teimosa / My Man Godfrey, Basil Rathbone em Romeu e Julieta / Romeo and Juliet, Stuart Erwin em Loucuras de Estudantes  / Pigskin Parade, Akim Tamiroff em O General Morreu ao Amanhecer / The General Died at Dawn.

Brennan com Edward Arnold e Frances Farmer em Meu Filho é Meu Rival

Walter Andrew Brennan (1894-1974) nasceu em Lynn, perto da casa de sua família em Swampscott, Massachusets. Descendente de irlandeses, filho de um engenheiro e inventor, estudou engenharia na Rindge Technical High School em Cambridge. Trabalhou posteriormente como lenhador, bancário e ator de vaudeville, antes de se alistar nas Forças Armadas dos EUA, para lutar na Primeira Guerra Mundial. Após o fim do conflito, foi para a Guatemala, onde se dedicou ao cultivo de abacaxi, indo depois para Los Angeles onde, durante os anos vinte, trabalhou no mercado imobiliário, ganhando e perdendo muito dinheiro.

Encontrando-se sem um tostão no bolso, estreou no cinema em 1925 como figurante, ganhando depois pequenos papéis em comédias curtas (v.g. dos Três Patetas), westerns (de Tim McCoy e outros grandes cowboys), shorts, seriados e filmes de longa-metragem, obtendo aos poucos funções interpretativas mais importantes diante das câmeras.  Brennan obteve um papel mais significativo como o velho Old Atrocity em Quando as Almas se Encontram / Barbary Coast / 1935 e fez seu primeiro papel principal no filme da Republic, Affairs of Cappy Ricks / 1937, como o capitão do mar rabugento que retorna para casa para descobrir que sua família e seu negócio estão num caos – a filha está prestes a se casar com um idiota que ele não suporta e a futura sogra da moça tinha assumido o comando de tudo.

Brennan em Romance do Sul

Em 1938, Brennan ganhou seu segundo Oscar em Romance do Sul / Kentucky como Peter Goodwin, o tio da heroína Loretta Young, numa história tipo Romeu e Julieta sobre o amor entre Sally Goodwin, a personagem de Loretta, e Jack Dillon, interpretado por Richard Greene. A rixa entre as famílias começara quando os chefes dos clãs ficaram em lados opostos durante a Guerra de Secessão. No final, Sally consegue pagar as dívidas de sua fazenda ganhando uma famosa corrida conhecida como o Derby de Kentucky, e o amor de Jack. Desta vez Brennan disputou o troféu com John Garfield em Quatro Filhas / Four Daughters, Gene Lockhart em Argélia / Algiers, Robert Morley em Maria Antonieta / Marie Antoinette, Basil Rathbone em Se Eu Fora Rei / If I Were King.

Brennan e Gary Cooper em O Galante Aventureiro

O terceiro Oscar veio em 1940 em O Galante Aventureiro / The Westerner, fazendo o papel do pitoresco e lendário Roy Bean, Juiz de Paz em Val Verde County, no sudoeste do Texas, dono de um saloon em Langtry, onde mantinha seu tribunal e se apelidava de “The Law West of Pecos” (A Lei a Oeste de Pecos). No enredo, Gary Cooper é Cole Hardin, um vaqueiro que é preso pelo roubo de um cavalo que, na realidade, ganhou no pôquer do verdadeiro ladrão. Ele é condenado pelo júri, mas tem a sentença suspensa por duas semanas por Roy Bean, quando este é levado a acreditar que Cole é amigo da atriz Lily Langtry (Lilian Bond), por quem o juiz é apaixonado. O vaqueiro inventa casos sobre ela para que o juiz acredite em sua história. Diz, inclusive, que tem um cacho de cabelos da atriz. Seguem-se vários incidentes até o desfecho famoso quando Bean vai assistir ao show de Lily e Cole, que fora nomeado delegado de Fort Davis, lhe dá voz de prisão. Eles trocam tiros e Bean é gravemente ferido. Cole o leva para ver a atriz de perto. Ele satisfaz sua fantasia e morre logo depois. As outras indicações para o Oscar foram: Jack Oakie em O Grande Ditador / The Great Dictator; Albert Basserman em Correspondente Estrangeiro / Foreign Correspondent, James Stephenson em A Carta / The Letter, Wiliam Gargan em Não Cobiçarás a Mulher Alheia / The Knew What They Wanted.

Em 1941, Brennan  recebeu mais uma indicação para o Oscar por sua atuação como o Pastor Rosier em Sargento York / Sergeant Yor.  A meu ver, ele poderia ter sdo indicado ainda por seu desempenho exuberante  como o velho Clanton em Paixão dos Fortes / My Darling Clementine / 1946, simplesmente eletrizante chicoteando o filho por ter puxado a arma sem ter conseguido matar; como Nadine Groot, o fiel companheiro  do criador de gado Tom Dunson (John Wayne) em Rio Vermelho / Red River / 1948; ou como o velho coxo Stumpy, ajudante do xerife John T. Chance (John Wayne) em Onde Começa o Inferno / Rio Bravo / 1959.

Brennan e Henry Fonda em Paixão dos Fortes

Brennan e John Wayne em Rio Vermelho

Brennan com John Wayne em Rio Bravo

Na sua carreira prolífera, Brennan participou de muitas dezenas de filmes,  várias séries de TV, telefilmes, teleteatros e shows, gravou canções, emprestou sua voz para desenho animado, trabalhou com Walt Disney e encerrou sua longa trajetória nas telas em 1975 no filme Smoke in the Wind sob as ordens do veterano diretor de westerns Joe Kane.

LILIAN HARVEY E WILLY FRITSCH

Eles eram “o casal dos sonhos” que dominou o filme germânico nos anos trinta e encantou platéias do mundo inteiro, inclusive no Brasil.

Promovida pela Ufa como a “moça mais doce do mundo”, loura, nascida na Inglaterra, Lilian Helen Muriel Pape Harvey (1906-1968) mudou-se com a família da Inglaterra para Berlim em 1914 e passou a Primeira Guerra Mundial na Suiça. Frequentou a escola de balé Berlin State Opera em 1923 e, no ano seguinte, atuou em um espetáculo do teatro de revista em Viena. Nesta ocasião, fez sua estréia no cinema em Der Fluch / 1924. Retornando a Berlim, o produtor e diretor Richard Eichberg empregou-a como dublê de sua esposa Lee Parry nas cenas de montanha de Motorbraut / 1924. Depois disto, ele a incluiu ao lado de Otto Gebühr no melodrama Leidenschaft, seguindo-se o filme que a lançou no estrelato: Amor e Toque de Corneta / Liebe und Trompetenblasen / 1925. Em Casta Suzanna / Die keusche Susanne / 1926, Eichberg emparelhou-a com Willy Fritsch.

Lilian Harvey

Favorito do público nas comédias românticas e outros gêneros alegres nos anos 30 a 50, o galã romântico Wilhelm Egon Fritz Fritsch (1901-1973), nascido em Kattowitz, Alemanha hoje Katowice, Polonia e educado em Berlim a partir de 1912, teve uma série de empregos antes de subir no palco do Grosses Schauspielhaus (Grande Teatro) em 1919. Ele fez sua estréia no cinema em Miss Venus / 1921, opereta dirigida por Ludwig Czeny e seu primeiro papel principal, como um artista que ficou cego durante a guerra, aconteceu em seguida no filme de Benjamin Christensen, Lábios Selados / Seine Frau, die Unbekannte / 1923. Subsequentemente, o produtor Erich Pommer contratou-o para a Ufa quando ele atuou ao lado de Henny Porten e Ossi Oswalda e então Fritsch ascendeu ao status de astro com sua interpretação de um suposto filho de aristocrata em O Fazendeiro do Texas / Der Farmer Aus Texas / 1925 de Joe May e como um conde impetuoso em Sonho de Valsa / Ein Walzertraum / 1925 de Ludwig Berger. Ele teve oportunidade de interpretar papéis diferentes em A Noiva do Boxeur / Die Boxerbraut / 1926 de Johannes Guters e, sob a direção de Fritz Lang, um agente especial decidido em Os Espiões / Spione / 28 um engenheiro de foguetes em A Mulher na Lua / Frau im Mond / 1929. Ainda em 1929, ele fez seu primeiro filme todo falado, a opereta da Ufa dirigida por Hans Schwarz Melodie des Herzens / 1929.

Willy e Lillian em O Congresso Dança

O primeiro filme falado da dupla Fritsch-Harvey foi a opereta A Valsa do Amor / Liebeswalzer / 1930 de Wilhelm Thiele, após o qual eles encabeçaram o elenco de comédias musicais como A Caminho do Paraíso (Para o Brasil veio  também a versão francesa, Le Chemin du Paradis com Henri Garat e o mesmo título em português) / Die Drei von der Tankstelle / 1930; O Congresso Dança, (No Brasil passou também a versão francesa Le Congrès S’ Amuse, também com Henri Garat sob o título de O Congresso se Diverte) / Der Kongress tantz) / 1931; Flagrante Delito / Einbrecher / 1930; Tudo por Ti / Hokuspokus / 1930 (obs. a versão inglesa chamou-se The Temporary Widow e foi com Laurence Olivier); Não há mais Amor / Nie wieder Liebe! / 1931; Ein blonder Traum / 1932 (No Brasil passou apenas a versão francesa, Um Sonho Dourado / Un Rêve Blond), mais uma vez com Henri Garat.

Em 1929, Lilian fez Adeus, Mascotte / Adieu Mascotte e depois integrou o elenco de três filmes realizados em versões múltiplas (No Brasil foram exibidas as versões francesas: Princesa às suas Ordens / Princesse a vos Ordres / 1931, Um Casal Alegre / La Fille et le Garçon / 1931, Eu E A Imperatriz / Moi et L’Imperatrice / 1932) e contracenou com Hans Albers em Adorável Sedução / Quick / 1932.

Atendendo a um convite da Fox, a atriz participou de três filmes de Hollywood:  Eu Sou Suzanne / I Am Suzanne / 1933 (Dir: Rowland V. Lee), Meu Beguin / My Weakness / 1934 (Dir: David Butler) e Vivamos Esta Noite! / Let’s Live Tonight / 1935 (Dir: Victor Schertzinger). Ela retornou à Europa em 1935, onde trabalhou em filmes na Inglaterra e na Itália e, em 1936, atuou novamente como Willy Fritsch na comédia maluca da Ufa Alegres Boêmios / Glückskinder e em Frau am Steuer / 1939 e fez, entre outros, Rosas Negras / Schwarze Rosen / 1935, Morrer De Amor / Fanny Eissler / 1937 e Capricho / Capriccio / 1938.

Willy e Lilian em Alegres Boêmios

Vigiada pela Gestapo, por ter ajudado colegas judeus e homossexuais, Lilian deixou a Alemanha, para contracenar com Vittorio de Sica em Castelli in aria / 1939, antes de emigrar para a França, onde apareceu ao lado de Louis Jouvet em Os Amores de Schubert / Sérénade / 1940 e em seu derradeiro filme, Miquette / 1940. Após a ocupação alemã de Paris, Lilian foi para os Estados Unidos, onde trabalhou para a Cruz Vermelha em Hollywood e rejeitou todas as propostas para voltar ao cinema.

Willy Fritsch em Anfitrião

Willy Fritsch fez ainda muito filmes até 1964, sobressaindo: Amphitryon / Amphitryon / 1935, sátira gostosa dos costumes da antiga Grécia dirigida por Reinhold Schünzel, no qual interpretou com muita graça ambos um velho deus grego libidinoso e um jovem centurião viril e o já citado Alegres Boêmios com Lilian Harvey. Após a guerra, Fritsch parodiou sua imagem de amante da tela no filme de Rudolf Jugert, Film ohne Titel / 1948 e depois disso apareceu principalmente em filmes leves de entretenimento e Heimatfilms (Filmes de Pátria), rodados em ambientes rurais, muito populares na Alemanha, Suiça e Austria do final dos anos 40 ao início dos anos 60. O filho de Willy, Thomas, também se tornou um ator e os dois trabalharam juntos no último filme de Fritsch, Das hab ich von Papa gelernt / 1964.

ANTONIO VILAR

Ele foi o mais internacional dos atores portugueses das décadas de 40/50. Recorrí ao magnífico Dicionário do Cinema Português de Jorge Leitão de Barros (ed. Caminho, 2011), fonte indispensável para traçar sua trajetória artística.

Antonio Vilar

Antonio Vilar Justiniano dos Santos (1912-1995) nasceu em Lisboa e, depois de seus estudos secundários e de frequentar o Instituto Comercial, instituição de estudo pós-secundário politécnico na área da contabilidade e comércio, volta-se decisivamente para o meio artístico e boêmio lisboeta. Canta na rádio, é repórter do jornal O Século, faz figuração no cinema em A Severa / 1931 de Leitão de Barros, inicia-se como técnico, ao lado de Antonio Lopes Ribeiro em Gado Bravo / 1934.

Continua a trabalhar como técnico durante vários anos até que, em 1940, consegue um pequeno papel em Feitiço do Império de A.Lopes Ribeiro. Dois anos depois ele é o Carlos Bonito de O Pátio das Cantigas (com argumento e diálogos de A. Lopes Ribeiro e direção de seu irmão, Francisco Ribeiro) e, em 1934, assume o protagonismo em Amor de Perdição, também dirigido por A.Lopes Ribeiro, segunda versão cinematográfica do romance de Camilo Castelo Branco, como Simão Botelho, o estudante de Coimbra desajuizado que se apaixona perdidamente por Teresa de Albuquerque. Os pais de ambos se odeiam e se opõem a esta união, sucedendo -se os momentos de sofrimento e paixão. A partir daí sua carreira está firmada.

Em poucos anos, Vilar protagonizou um núcleo de filmes históricos de perfil nacionalista, que fez dele o ator por excelência do regime. No final da década de quarenta, vai para Madrid e, com base na capital espanhola, enceta uma atividade internacional, filmando na Espanha, Itália, França, Argentina. Em 1959, volta para Portugal para ser o Basilio de O Primo Basilio / 1959, adaptação do romance de Eça de Queiroz e derradeiro longa-metragem de A.Lopes Ribeiro, com a presença no elenco da atriz francesa Danik Patisson como Luisa, a burguesinha seduzida por Basilio e chantageada pela empregada.

Vilar e Annabella em Don Juan

Martine Carol e Vilar emLe Desir et l’Amour

Vilar e Brigitte Bardot em A Mulher e o Fantoche

Ana Karina e Vilar em O Califa de Bagdá

Vilar contracenou também com Annabella em Don Juan / 1950; com  Martine Carol e Françoise Arnoul em Le Désir et L’Amour / 1952; com Brigitte Bardot em A Mulher e o Fantoche / La Feme et le Pantin / 1959; e com Ana Karina em O Califa de Bagdá / Shéhérazade / 1963. Em Camões / 1946, encarnou o grande poeta lusitano e em Alba de America / 1951, o grande navegador genovês Cristovão Colombo. Em Inês de Castro / 1944 ele é o infante D. Pedro, que caça os assassinos de sua amada Inês (Alicia Palacios), “aquela que despois de ser morta foi Rainha” como nos conta Camões naquele episódio lírico-trágico do Canto Terceiro de  Os Lusíadas.

Em abril de 1963, Vilar esteve no Rio de Janeiro (então Estado da Guanabara), procedente de Buenos Aires e São Paulo, de onde embarcou para Paris. O galã português informou à imprensa que seus entendimentos em Buenos Aires para a rodagem de alguns filmes chegaram a um bom termo, o mesmo não ocorrendo no Brasil, onde pretendia comprar os direitos autorais de filmagem do romance “O Tempo e o Vento” de Erico Verissimo.

FILMOGRAFIA COMO ATOR

1931 – A Severa (Dir: Leitão de Barros) figurante não creditado.1940 – Feitiço do Império (Dir: Antonio Lopes Ribeiro); Pão Nosso … (Dir: Armando de Miranda). 1941 – O Pátio das Cantigas (Dir: Francisco Ribeiro). 1943 – Amor de Perdição (Dir: Antonio Lopes Ribeiro); 1944 – Inês de Castro (Dir: Leitão de Barros) co-prod: Portugal-Espanha. 1945 – A Vizinha do Lado (Dir: Antonio Lopes Ribeiro). 1946 – Camões – Erros meus, má fortuna, amor ardente (Dir: Leitão de Barros); A Mantiha de Beatriz (Dir: Eduardo Garcia Maroto); Rainha Santa (Dir: Rafael Gil) co-prod: Espanha-Portugal. 1948 – El Duende y el Rey (Dir: Alejandro Perla) prod: Espanha; La Vida Encadenada (Dir: Antonio Roman) prod: Espanha; La Calle sin Sol (Dir: Rafael Gil) prod: Espanha; Guarany (Dir: Ricardo Freda) prod: Itália; Mare Nostrum (Dir: Rafael Gil) prod: Espanha. 1949 – Santo Disonore (Dir: Guido Brignone) prod: Itália; Uma Mujer Qualquiera (Dir: Rafael Gil) prod: Espanha; Alas de Juventud (Dir: Antonio del Amo) prod: Espanha. 1950 – Don Juan (Dir: José Luis Saenz de Heredia) prod: Espanha; Bel Amour (Dir: François Campaux) prod: França. 1951 – Le Désir et l’(Dir: Henri Decoin, Luis Delgado) co-prod: França-Espanha; Alba de America (Dir: Juan de Orduña) prod: Espanha. 1952 – El Judas (Dir: Ignacio F. Iquino) prod: Espanha. 1953 – Fuego en laSangre (Dir: Ignacio F. Iquino) prod: Espanha; Tres Citas com el Destino (Dir: Florian Rey) co-prod: Espanha-México-Argentina. 1954 – Los Hermanos Corsos (Dir: Leo Fleider) prod: Argentina. 1955 – La Quintrala (Dir: Hugo del Carril) prod: Argentina; El Festin de Satanás (Dir: Ralph Pappier) prod: Argentina. 1956 – Miedo (Dir: Leon Kimowsky) prod: Espanha; Embajadores en el Infierno (Dir: José Maria Forqué) prod: Espanha. 1957 – Los Misterios del Rosario (Dir: Joseph Breen, Fernando Palacios) co-prod: Espanha-EUA.1958 Historiasde la Feria (Dir: Francisco Rovira Beleta) prod: Espanha. La Noche y el Alba (Dir: José Maria Forqué) prod: Espanha; Il Padrone delle Ferriere (Dir: Anton Giulio Majano) co-Prod: Itália- Espanha. 1959 – Muerte al Amanecer (Dir: Josep Maria Forn) prod: Espanha; A Mulher e o Fantoche / La Femme et le Pantin (Dir: Julien Duvivier) co-prod: França-Itália).  O Primo Basilio (Dir: Antonio Lopes Ribeiro. 1960 – El Principe Encadenado (Dir: Luis Lucia) co-prod: Espanha-Itália. 1961 – Alerta en el Cielo (Dir: Luis Cesar Amadori) prod: Espanha; Cuidado com las Personas Formales (Dir: Augustin Navaro) prod: Espanha. 1963 – O Califa de Bagdá / Shéhérazade (Dir: Pierre Gaspard-Huit) co-prod: França-Itália-Espanha. 1964 – Proceso de Conciencia (Dir: Augustin Navarro) prod: Espanha. 1966 – Fim de Semana com a Morte (Dir: Julio Coll) co-prod: Portugal-Espanha-RFA. 1970 – Buon Funerale, Amigos!…Paga Sartana (Dir: Giuliano Carnimeo) co-prod: Itália- Espanha. 1973 – Sinal Vermelho (Dir: Rafael Romero Marchent) co-prod: Portugal-Espanha. 1976 – Fulanita y Sus Menganos (Dir: Pedro Lazaga) prod: Espanha. 1978 – Estimado Sr. Juez … (Dir: Pedro Lazaga) prod: Espanha.1980 – Asalto al Casino (Dir: Max H.Boulois) co-prod: Espanha-Reino Unido.