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GRANDES COADJUVANTES DO CINEMA AMERICANO CLÁSSICO

Chamados de supporting actors, eles eram parentes, patrões, auxiliares, vizinhos, componentes de várias profissões, amigos ou inimigos dos astros que encabeçavam o elenco dos filmes nos quais apareciam. Em muitos casos interpretavam o mesmo tipo de um filme para o outro, de modo a fazer com que o público soubesse o que esperar deles, e aí recebiam o nome de character actors. Muitos atores trabalharam como astros ou coadjuvantes; outros atores funcionaram somente como coadjuvantes e eventualmente como astros. Dada a quantidade deles no cinema clássico americano, escolhí para representá-los dois, que são os meus favoritos; mas esclareço que eles não são de maneira nenhuma os únicos dignos de serem mencionados; pelo contrário, existem centenas de outros, masculinos ou femininos, capazes de figurar em qualquer lista de preferências.

WALTER BRENNAN

Walter Brennan

Ele iluminava uma cena quando aparecia na tela e tirava proveito de suas deficiências físicas, incluindo perda de dente, cabelo raro e corpo frágil, para interpretar personagens muito mais velhos do que sua idade real. Walter Andrew Brennan (1894 – 1974) nasceu em Lynn, Massachusetts filho de imigrantes irlandeses. Seu pai, William John Brennan era engenheiro e o jovem Walter estudou engenharia na Rindge Technical High School em Cambridge, Massachusetts. Quando estava na escola secundária, Brennan interessou-se pela carreira de ator e aos quinze anos começou a atuar no vaudeville. Quando trabalhava como funcionário de banco, alistou-se no Exército, e serviu como soldado raso no 101st Field Artillery Regiment na França durante a Primeira Guerra Mundial. Neste tempo sofreu uma lesão nas suas cordas vocais devido à exposição ao gás de mostarda, o que explica sua voz esganiçada e aguda, que se tornou a marca registrada na tela. Após o armistício, Brennan prestou serviço como repórter financeiro para um jornal em Boston. Ele pretendia se mudar para a Guatemala e se dedicar ao cultivo de abacaxis, porém só chegou até Los Angeles. Durante o início dos anos vinte, ganhou muito dinheiro no mercado imobiliário, porém perdeu quase tudo na crise de 1925.

Passou então a ganhar a vida como extra ou em pequenos papéis primeiramente nos estúdios da Universal e depois em outras companhias, aparecendo entre 1925 e 1935 em inúmeras produções classe A (v. g. Lei e Ordem / Law and Order / 1932, O Véu Pintado / The Painted Veil / 1934), faroestes de caubóis famosos v. g. Tim McCoy, Tom Mix, Buck Jones, Hoot Gibson), seriados (v. g. O Rei dos Detetives / Blake of the Scotland Yard / 1927)  e comédias curtas ( v. g. nas de Slim Summerville e, por curiosidade, na primeira comédia dos Três Patetas, Woman Haters / 1934). Quando estava fazendo uma cena de luta em um desses filmes, algum outro ator lhe deu um chute no rosto e todo os seus dentes se quebraram. Ele teve que colocar dentes postiços, mas quando necessário podia tirá-los e subitamente parecer cerca de quarenta anos mais velho.

Sua primeira chance surgiu, quando trabalhou em um filme produzido por Samuel Goldwyn, A Noite Nupcial / The Wedding Night / 1935. Ele era apenas um figurante, mas sua participação foi expandida durante a filmagem (assumindo o papel de Bill Jenkins), e acabou assinando contrato com Goldwyn, que o emprestou para outros estúdios. Brennan foi promovido a coadjuvante em Duas Almas de Encontram / Barbary Coast / 1936 (fazendo o papel do velho valente Old Atrocity) e depois obteve um dos papéis principais em Três Padrinhos / Three Godfathers / 1936 (MGM) formando com Chester Morris e Lewis Stone o trio de bandidos. Destacou-se também como Lem em Vivendo na Lua / The Moon´s Our Home / 1936 (Walter Wanger / Paramount) e “Bugs” Mayers em Fúria / Fury / 1936 de Fritz Lang (MGM).

Walter Brennan, Edward Arnold e Frances Farmer em Meu Filho é Meu Rival

Walter Brennan em Romance do Sul

Ainda em 1936, Brennan conquistou o primeiro dos seus três Oscar de Melhor Ator Coadjuvante em Meu Filho é Meu Rival / Come and Get It (Goldwyn), como Swan Bostrom, o melhor amigo de um magnata da madeira, Barney Gasglow (Edward Arnold), que se casa com a mulher que Barney abandonara por dinheiro e posição. Brennan recebeu seu segundo Oscar em Romance do Sul / Kentucky /1938 (20thCentury-Fox) como Peter Goodwin, o tio mal-humorado de uma moça, Sally (Loretta Young), que se apaixona pelo jovem Jack Dillon (Richard Greene) de uma família rival desde a Guerra Civil neste drama romântico tendo como pano de fundo as corridas de cavalos do Kentucky Derby. O terceiro Oscar veio em O Galante Aventureiro / The Westerner / 1940 (Goldwyn) como o excêntrico e corrupto Juiz Roy Bean, que se intitula “a única lei a Oeste de Pecos” e é um fã devotado da atriz Lilian Langtry. Explorando este sentimento do juiz, um vaqueiro acusado do roubo de um cavalo (Gary Cooper) consegue adiar sua sentença, prometendo-lhe um cacho de cabelos de Lilian.

Walter Brennan e Gary Cooper em O Galante Aventureiro

Além dos três prêmios da Academia, Brennan obteve mais uma indicação em Sargento York / Sergeant York / 1941 (Warner Bros.) por seu desempenho como o Pastor Rosie Pile, que defende as convicções religiosas de Alvin C. York (Gary Cooper), o soldado americano mais condecorado da Primeira Guerra Mundial. No mesmo ano ele teve seu nome em primeiro lugar nos créditos de O Segredo Pântano / Swamp Water (20thCentury-Fox), primeiro filme de Jean Renoir nos EUA, interpretando o papel do fugitivo da justiça Tom Keefer, que vive com sua filha (Anne Baxter) em um pântano da Georgia.

Walter Brennan e Henry Fonda em Paixão dos Fortes

O admirável ator coadjuvante enriqueceu com sua presença marcante muitos filmes de  grandes e pequenos diretores, merecendo destaque seu desempenho em: Uma Aventura na Martinica / To Have and Have Not / 1944 (como Eddie, o  bêbedo claudicante e tagarela amigo do herói (Humphrey Bogart),  capitão de um barco de pesca envolvido com a Resistência e os policiais do Regime de Vichy); em Paixão dos Fortes / My Darling Clementine /1946 (como o patriarca severo (“when ya pul a gun, kill the man”) da família Clanton que enfrenta Wyatt Earp e seus amigos no célebre duelo do O.K. Corral); em Rio Vermelho / Red River / 1949 (como o amigo teimoso de Tom Dunston (John Wayne); em Onde Começa o Inferno / Rio Bravo / 1959 (como Stumpy, o auxiliar idoso e aleijado do xerife John T. Chance (John Wayne).

Sem abandonar o cinema, Brennan trabalhou no rádio (v. g. na versão radiofônica de Do Mundo Nada se Leva / You Can´t Take It With You / 1938   assumindo, depois de Everett Sloane, o papel de Martin Vanderhof, que fôra de Lionel Barrymore no filme de Frank Capra) e na televisão (v. g. como o Vovô Amos na série The Real McCoys). O sucesso da série levou-o a fazer algumas gravações, sendo a mais popular (e emocionante) “Old Rivers”, sobre um menino, um velho fazendeiro e sua mula.

THELMA RITTER

Especialista em interpretar personagens amargurados ou com língua afiada, dando sua opinião ou conselhos não solicitados, ela sempre chamava atenção quando estava na tela.  Foi indicada seis vezes para o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, sendo as quatro primeiras vêzes em anos consecutivos.

Thelma Riter (1902 – 1969) nasceu no Brooklyn, Nova York, filha de Charles e Lucy Riiter.

Thelma Ritter

Iniciou sua carreira ainda adolescente aparecendo em peças encenadas no seu colégio e depois em companhias teatrais de repertório, recebendo treinamento na American Academy of Dramatic Arts. No outono de 1926 ela estreou na Broadway em um pequeno papel na comédia “The Shelf”, que ficou somente 32 dias em cartaz. Em 1927 casou-se com Joseph Moran (que também era ator, mas mudou de profissão nos meados dos anos trinta, tornando-se um executivo do ramo da publicidade) e se afastou por um tempo do palco para criar seus dois filhos. Posteriormente, retomou seu trabalho no teatro e atuou também no rádio. Somente aos 55 anos de idade fez seu primeiro filme (sem ser creditada) em um papel pequeno, mas memorável, como a mãe incapaz de achar o brinquedo que Kris Kringle (Edmund Gwenn), o velho que se diz Papai Noel, prometeu ao seu filho em De Ilusão Também se Vive / Miracle on 34th Street / 1947 (20thCentury-Fox).

Thelma Ritter e Bette Davis em A Malvada

 

No segundo (Sublime Devoção / Call Northside 777 / 1948) e terceiro (Quem é o Infiel? / A Letter to Three Wives / 1949) filme de Thelma na Fox, sua personagem tinha um nome (respectivamente secretária Dollie Caillet e empregada Sandra Dugan), mas não foi novamente creditada. Joseph L. Mankiewicz, diretor do segundo filme, ficou com a imagem dela na cabeça e a incluiu no elenco de A Malvada / All About Eve / 1950, proporcionando-lhe a conquista de sua primeira indicação para o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante como Birdie Coonan, a cínica e piadista camareira de Margo (Bette Davis). Nos três anos seguintes ela repetiu a façanha: como Ellen McNulty, a sogra-cozinheira de filha de um embaixador casada com seu filho em O Quarto Mandamento / The Mating Season / 1951; como Clancy, a enfermeira devotada e espirituosa em Meu Coração Canta / With a Song in my Heart / 1952; como Moe Williams, a vendedora de gravatas informante de Skip McCoy (Richard Widmark) em Anjo do Mal / Pick Up on South Street / 1953.

Thelma Ritter e Richard Widmark em Anjo do Mal

Thelma receberia mais duas indicações ao Oscar: como Alma, a empregada constantemente de pileque de Jan Morrow (Doris Day) em Confidências à Meia-Noite / Pillow Talk / 1959 e como Elizabeth Stroud, mãe de Robert Stroud (Burt Lancaster), o presidiário que virou ornitólogo, em O Homem de Alcatraz / Birdman of Alcatraz / 1962. Entre os outros filmes que fez entre 1947 e 1968, ela teve desempenhos merecedores de destaque como Mae Swasey, a casamenteira profissional em A Modelo e a Casamenteira / The Model and the Marriage Broker / 1951; como Maude Young, a viúva milionária de Montana em Náufragos do Titanic / Titanic / 1953; como Stella, a enfermeira destemida de Jeff (James Stewart) em Janela Indiscreta / Rear Window / 1959 de Alfred Hitchcock.

Burt Lancaster e Thelma Ritter em O Hmem de Alcatraz

Doris Day e Thelma Ritter em Confidências à Meia-Noite

Thelma Rtter e James Stewart em Janela Indiscreta

Thelma trabalhou também na televisão e no palco, ganhando o Emmy como atriz coadjuvante em 1956 por sua performance em um teleteatro do programa Goodyear Television Playhouse, “The Cattered Affair”, de autoria de Paddy Chayefsky e, dois anos depois, o Tony Award de Melhor Atriz em um musical, “New Girl in Town”, baseado na peça “Anna Christie” de Eugene O´Neill.

                                                                                                                                                         HOMENAGEM

Rodolfo Acosta. Jay Adler. Luther Adler. Iris Adrian. Claude Akins. Eddie Albert. Luis Alberni. Sara Allgood.  John Archer. Pedro Armendariz. Eve Arden. Robert Armstrong. Lionel Atwill. Mischa Auer. George Bancroft. George Barbier. Robert Barrat. Ed Begley. James Bell. James Best. Sidney Blackmer. Fay Bainter. Matin Balsam. Lynn Bari. Vince Barnett. Robert Barrat. Gene Barry. Florence Bates. Louise Beavers. Don Beddoe. Noah Beery Sr. Noah Beery Jr. Ed Begley. Ralph Bellamy. William Bendix. Bruce Bennett. James Best. Willie Best. Turhan Bey. Abner Biberman. Herman Bing. William Bishop. Whit Bissel. Sidney Blackmer. Eric Blore. Roman Bohnen. Ward Bond. Beulah Bondi. Ernest Borgnine. Willis Bouchey. Alice Brady. Neville Brand. Henry Brandon. Felix Bressart. Steve Brodie. J. Edward Bromberg. Virginia Bruce. Donald Buka. Edgar Buchanan. Fortunio Buonanova. Billie Burke, Raymond Burr. Spring Byington.  Bruce Cabot. Louis Calhern. Joseph Calleia. William Campbell. Harry Carey Jr. Morris Carnovsky. Leo Carrillo. John Carroll. Leo G. Carroll. Jack Carson. Lon Chaney Jr. Lee J. Cobb. Charles Coburn. James Coburn. Louis Calhern. Phil Carey. John Carradine. Leo G. Carroll. Anthony Caruso. Wally Cassell. Howland Chamberlin. Mady Christians. Berton Churchill. Eduardo Ciannelli. Dane Clark. Fred Clark. Steve Cochran. George Colouris. Ray Collins. Joyce Compton. Walter Connolly. Tom Conway. Elisha Cook Jr. Gladys Cooper. Jackie Cooper. Pedro de Cordoba. Jeff Corey. Jerome Courtland. Laird Cregar. Laura Hope Crews. Donald Crisp. Richard Cromwell. Hume Cronyn. Finlay Curie. Ken Curtis. Marcel Dalio. Howard Da Silva. Henry Daniell. Royal Dano. Helmut Dantine. Roy D´Arcy. Frankie Darro. Harry Davenport, Jane Darwell. Cathy Downs. Ted De Corsia. Don DeFore. Olivia De Havilland. John Dehner. Albert Dekker. William Demarest. Richard Denning. Reginald Denny. Andy Devine. Brad Dexter. John Dierkes. Charles Dingle. Philip Dorn. Melvyn Douglas. Charles Drake. Ellen Drew. Howard Duff. Andrew Duggan. Douglas Dumbrille. Dan Duryea. Maude Eburne. Barbara Eden. James Edwards. Richard Egan. Jack Elam. James Ellison. William Eythe. Hope Emerson. John Emery. Leif Erickson. Gene Evans. Stuart Erwin. Peter Van Eyck. William Eythe. Frank Faylen. Fritz Feld. Frank Ferguson. Mel Ferrer. Stepin Fetchit. W. C. Fields. Barry Fitzgerald. Geraldine Fitzgerald. Jo Van Fleet. Jay C. Flippen. Nina Foch. Francis Ford. Wallace Ford. Byron Foulger.  Arthur Franz. William Frawley. Bert Freed. Will Geer. Gladys George. Steven Geray. James Gleason. Thomas Gomez. C. Henry Gordon. Leo Gordon. Bonita Granville. Charley Grapewin. Sydney Greenstreet. Jane Greer. Virginia Grey. Hugh Griffith. Paul Guilfoyle. Edmund Gwenn. Gene Hackman.  Sara Haden. Reed Hadley. Jean Hagen. Alan Hale. Porter Hall. Thurston Hall. Charles Halton. Margaret Hamilton. Richard Haydn. Cedric Hardwicke. Raymond Hatton. Signe Hasso. Juano Hernandez. Jean Hersholt. Darryl Hickman. Russell Hicks. Rose Hobart. John Hodiak. Sterling Holloway. Celeste Holm. Taylor Holmes. Skip Homeier. Oscar Homolka. Edward Everett Horton. John Hoyt. Rochelle Hudson. Mary Beth Hughes. Henry Hull. Ian Hunter. Kim Hunter. Ruth Hussey. Martha Hyer. Warren Hymer. Eugene Iglesias. John Ireland. Burl Ives. Richard Jaeckel. Sam Jaffe. Dean Jagger. Claude Jarman Jr. Allen Jenkins. Isabel Jewell. Ben Johnson. Carolyn Jones. Victor Jory. Allyn Joslyn. Katy Jurado. Robert Keith. Cecil Kellaway. Barry Kelley. Paul Kelly. Charles Kemper. Arthur Kennedy. Edgar Kennedy. J. M. Kerrigan. Guy Kibbee. Percy Kilbridge. Patrick Knowles. Barry Kroeger. Otto Kruger. Jack Lambert. Elsa Lanchester. Carole Landis. Jack La Rue. Marc Lawrence. Anna Lee. Sheldon Leonard.  Oscar Levant. Sam Levene. Fritz Leiber. John Litel. Norman Lloyd. Gene Lockhart. Richard Long. Richard Loo. Montagu Love.  Lukas. Donald McBride. Aline MacMahon. Frank McHugh. Barton McLane. Stephen McNally. Marjorie Main. Karl Malden. Miles Mander. Margo. Hugh Marlowe. Herbert Marshall. Tully Marshall. Lee Marvin. Mike Mazurki. Mercedes McCambride. Hattie McDaniel. Roddy McDowall. Charles McGraw. John McIntire. Stephen McNally. Butterfly McQueen. George Mcready. Patricia Medina. Donald Meek. Beryl Mercer. Una Merkel.  Emile Meyer. Robert Middleton. Ann Miller. Cameron Mitchell. Grant Mitchell. Millard Mitchell. Thomas Mitchell. Gerald Mohr. Frank Morgan. Henry Morgan. Ralph Morgan. Agnes Moorehead. Antonio Moreno. Rita Moreno. Vic Morrow. Arnold Moss. Zero Mostel. Allan Mowbray. George Murphy. Clarence Muse. Alan Napier. Mildred Natwick. Alla Nazimova. Jeannette Nolan. Simon Oakland. Hugh O´Brian. Virginia O´Brien. Arthur O´Connell. Una O´Connor. Barbara O´Neil. Henry O´Neill. Jack Oakie. Warner Oland. Edna May OIiver. Moroni Olsen. David Opatoshu. Robert Osterloh. Maria Ouspenskaia. Reginald Owen. Eugene Palette. Franklin Pangborn. Nat Pendleton. Nehemian Persoff. Paul Picerni.. Tom Powers. John Qualen. Eddie Quilan. Jessie Ralph. Jane Randolph. Carl Benton Reid.  Anne Revere. Stanley Ridges. Richard Rober. Roy Roberts. Gilbert Roland. Anthony Ross. Charles Ruggles. Sig Ruman. Ann Rutherford. S. Z. Sakall. Olga San Juan. Walter Sande. Joe Sawyer. Dan Seymour. Joseph Schildkraut. Arthur Shields. Reinhold Schunzel.  Henry Silva. Frank Silvera. Russell Simpson. Walter Slezak. Everett Sloane. Art Smith. C. Aubrey Smith. Vladimir Sokoloff. Gale Sondergaard. Guy Standing. Henry Stephenson. Jan Sterling. Paul Stewart. Milburn Stone. Ludwig Stoessell. Glenn Strange. Woody Strode. Shepperd Strudwick. Gloria Stuart. John Sutton. Lyle Talbot. William Talman. Akim Tamiroff. Jessica Tandy. Ray Teal. Marshall Thompson. George Tobias. Regis Toomey. Kenneth Tobey. Forrest Tucker. Tom Tully. Lee Van Cleef. Raymond Walburn. Lucille Watson. James Whitmore. Dame May Whitty. Richard Whorf. Guinn “Big Boy” Williams. John Williams. Rhys Williams. Charles Winninger. Joseph Wiseman. Ian Wolfe. Donald Woods. Will Wright. Margaret Wycherly. Keenan Wynn. Blanche Yurka. George Zucco.

Ainda estão faltando muitos outros como, por exemplo, os astros que foram coadjuvantes, os coadjuvantes que foram astros eventualmente ou personificaram amigos dos mocinhos, mocinhas ou vilões nos faroestes classe “B”  e nos seriados (v. g. Morris Ankrum, Roy Barcroft, Trevor Bardette, Buzz Barton, Adrian Booth, Pat Brady, Rand Brooks, Smiley Burnette, Pat Buttram, Martin Garralaga, Lane Chandler, George Chesebro, Andy Clide, Phyllis Coates, Edmund Cobb, Art Davis, Rufe Davis, Buddy Ebsen, Penny Edwards, Dale Evans, Jane Frazee, Lorna Gray, George “Gabby” Hayes, Jennifer Holt, Arthur Hunnicutt, Paul Hurst, Anne Jeffreys, Charles King, Fred Kohler Sr., Frank Lackteen, George J. Lewis, Tom London, Kenneth McDonald, Chris Pin Martin, Iris Meredith, Leroy Mason, Charles Middleton, Walter Miller, Ruth Mix, Fuzzy Night, Wheeler Oakman, Bud Osborne, Cecilia Parker, Marshall Reed, Duncan Renaldo, Marjorie Reynolds, Estelita Rodriguez, Sheila Ryan, Tom Santschi, Linda Stirling, Al St. John, Dub Taylor, Max Terhune, Hal Taliafero, Chief Thunderclod, Luana Walters, Louis Wolhein. Joan Woodbury, Harry Woods, Hank Worden, Frank Yaconnelli). A todos presto tributo pela sua inestimável contribuição ao cinema de Hollywood,  muitas vezes despercebida do público.

PERSONAGENS FAMOSOS DO WESTERN NA VIDA REAL E NA TELA

Para os fãs do western é interessante conhecer os personagens da vida real do Velho Oeste, que deixaram sua marca nos filmes do gênero e os intérpretes que tiveram na tela, cumprindo lembrar que nem sempre os fatos correspondem à ficção. Seguem em ordem alfabética relação de doze figuras verídicas focalizadas pelo “cinema americano por excelência”, acompanhada por um resumo de sua história e uma filmografia compreendendo apenas produções realizadas até 1970.

Judge Roy Bean

Walter Brennan e Gary Cooper em O Galante Aventureiro

Judge Roy Bean (1825-1903)Após algumas aventuras, entre elas ter combatido como paramilitar durante a Guerra Civil, Roy Bean, nascido em Mason County, Kentucky, estabeleceu-se no sudoeste do Texas, onde abriu o saloon Jersey Lilly e fundou a aldeia de Langtry, ambos batizados com o nome da atriz inglesa Lillian Langtry, de quem era um fã devotado. Antes de fundar Langtry, obteve uma nomeação como juiz de paz e, apesar de não ter conhecimento devido da lei e dos procedimentos judiciais adequados, suas sentenças baseadas no bom senso, eram amplamente aceitas pela população escassa da região. Autoproclamando-se “a lei a oeste de Pecos”, Bean tornou-se famoso nacionalmente por sua personalidade excêntrica.

Filmografia: 1940 – Walter Brennan em O Galante Aventureiro / The Westerner. 1969 – Victor Jory em Gatilhos da Violência / A Time for Dying.  1970 – Paul Newman em Roy Bean – O Homem da Lei / The Life and Times of Judge Roy Bean.

Billy the Kid

 

Johnny Mack Brown em O VIngador

Billy the Kid (1859-1903) – Nasceu em Manhattan, Nova York., com o nome de Henry McCarty, filho de imigrantes irlandeses. Depois de trabalhar como lavrador e vaqueiro sob o nome de William Antrim, Billy – então com dezessete anos de idade – matou um ferreiro, que o provocava e ofendia. Para escapar das autoridades, fugiu para Mesilla New Mexico, onde assumiu o nome de William H. Bonney e dalí partiu para Lincoln County no mesmo Estado. Na época, John Chisum estava desafiando o domínio econômico de Lawrence G. Murphy e seus associados sobre contratos com o governo. Billy, que havia trabalhado para Murphy como ajudante de rancho (e ladrão de gado) envolveu-se mais diretamente na disputa entre Chisum e Murphy, quando foi trabalhar para o inglês John Tunstall, aliado de Chisum. Nos meses seguintes as relações entre as facções rivais pioraram, até que Tunstall foi morto pelos capangas de seu adversário.

Nomeados como delegados de justiça e batizados de “Os Reguladores de Lincoln”, Billy e outros homens saíram em busca dos assassinos de Tunstalll. Na busca dos procurados três foram mortos, entre eles o xerife Brady, apoiador da facção Murphy. Em um tiroteio em grande escala entre os grupos em choque, Billy conseguiu escapar. O novo governador do território, Lew Wallace, emitiu um decreto de anistia geral, mas que não se aplicava a Billy por causa de seu envolvimento com a morte do xerife Brady. Em fevereiro de 1879 foi declarada uma trégua, mas ela somente durou até que membros da facção Murphy matassem um advogado chamado Chapman. Decidido a por fim de uma vez por todas à luta entre as duas facções, o governador Wallace prometeu a Billy o perdão em troca de seu testemunho contra os assassinos de Chapman. Billy concordou e se entregou, porém os assassinos de Chapman escaparam. Billy permaneceu em custódia na prisão em Lincoln County até o início dos trabalhos da côrte. Cansado de esperar o perdão prometido, ele fugiu, e se envolveu em roubo de gado e cavalos e alguns incidentes de morte. O xerife Pat Garrett capturou-o perto de Fort Sumner e Billy foi condenado pelo assassinato do xerife Brady. Após matar dois dos seus guardas, Billy conseguiu fugir mais uma vez. Garrett perseguiu-o novamente, encontrando-o no rancho de Pete Maxwell. Garrett estava no quarto escuro de Maxwell, quando Billy entrou. Garrett reconheceu sua voz e atirou duas vezes, matando-o. Billy morreu sem saber quem o matou.

Filmografia: 1930 – Johnny Mack Brown em O Vingador / Billy the Kid. 1938 – Roy Rogers em Billy the Kid Returns. 1940 – Jack Buetel em O Proscrito / The Outlaw. 1941 – Robert Taylor em Gentil Tirano/ Billy the Kid. 1942 – Gordon De Main em Redenção de um Bandido / West of Tombstone. 1949 – Audie Murphy em Duelo Sangrento / The Kid from Texas. 1949 – Don “Red” Barry em I Shot Billy the Kid. 1953 – Tyler MacDuff em Aço de Boa Têmpera / The Boy from Oklahoma. 1954 – Scott Brady em O Último Matador / The Law vs. Billy the Kid. 1955 – Nick Adams em Uma Estranha em meu Destino / Strange Lady in Town. 1957 – Anthony Dexter em Destino Violento / The Parson and the Outlaw; Paul Newman em Um de Nós Morrerá / The Left-Handed Gun. 1964 – Johnny Ginger em Os Reis do Faroeste / The Outlaws is Coming. 1965 – Chuck Courtney em Billy the Kid vs. Dracula. 1970 – Geoffrey Deuel em Chisum / Chisum. Vale mencionar ainda a série Billy the Kid, produzida pela PRC primeiramente com Bob Steele e depois Buster Crabbe como Billy.

Daniel Boone

George O´Brien e Heather Angel em Rasgando Horizontes

Daniel Boone (1734-1820). Pioneiro e desbravador, filho de Quakers, nascido em Berks County, Pennsylvania. A trilha que abriu no desfiladeiro de Cumberland nos montes Apalaches foi fundamental para o povoamento do Oeste dos Estados Unidos. Em 1753 seu irmão Squire comprou uma fazenda em Davidson County, North Carolina e alí nasceu o interesse profundo de Daniel pelos bosques e caçadas. Em 1767 ele atravessou os Apalaches e entrou na região do Kentucky pela primeira vez. Em 1773 tentou se instalar lá com sua família, mas um ataque de índios forçou-o a se retirar. Em 1775 Boone, a serviço da Transylvania Company, começou a abrir a Boone’s Trail ou Wilderness Road de Cumberland Gap para o Kentucky River e neste último lugar ajudou a construir o Fort Boonesboro. Entre 1775 e 1778 Boone estava envolvido no conflito com os índios no Kentucky. Ele foi aprisionado pelos Shawnee e nos próximos três meses viveu entre eles, porém conseguiu fugir e defender o forte de um ataque conjunto de índios e britânicos. As terras que reivindicou para si no Kentucky foram perdidas em virtude de um erro no registro civil. Em 1799 Boone viajou com sua família mais e mais para o oeste, terminando seus dias no Missouri.

Filmografia: 1923 – Charles Brinley no seriado da Universal Nos Dias de Daniel BooneI / In the Days of Daniel Boone. 1926 – Roy Stewart em Daniel Boone Through The Wilderness. 1935 – Buffallo Bill Jr no seriado da Mascot O Cavaleiro Alado / The Miracle Rider.1936 – George O´Brien em Rasgando Horizontes / Daniel Boone. 1941 – Bill Elliott em A Volta de Daniel Boone / The Return of Daniel Boone. 1950 – David Bruce em Perfídia Selvagem / Young Daniel Boone. 1956 – Bruce Bennett em Alma de Bandeirante / Daniel Boone,Trail Blazer.

James Bowie

Allan Ladd em Nenhuma Mulher Vale Tanto

James Bowie (1795-1836). Nascido em Logan County, Kentucky. Aos 19 anos de idade saiu de casa e se instalou em Lousiana. Após um duelo quase-fatal, o irmão de Jim, Rezin, desenhou para ele a famosa faca de dois gumes, que se tornou conhecida como “faca Bowie”. Em 1828 Bowie foi para o Texas, onde fez amizade com o vice-governador mexicano, Juan Martin Veramendi, assumiu a cidadania mexicana, e se casou com a filha de Veramendi, Ursula em 1831. Depois de procurar em vão uma mina de prata no rio San Saba, Bowie combateu na batalha de Nacogdoches ao lado de um grupo de texanos que se revoltaram contra a ordem do comandante do exército mexicano Jose de las Piedras, para que entregassem suas armas. Bowie lutou também contra os índios em 1833 e, enquanto estava afastado do lar, sua esposa e dois filhos faleceram vitimados pela cólera. Bowie envolveu-se na revolução texana contra o México e, no final de fevereiro de 1836, estava comandando uma pequena força de voluntários em San Antonio, quando William Barret Travis chegou com tropas regulares do exército texano. Pouco depois os grupos compartilharam a defesa do Alamo, velha missão abandonada onde os texanos resistiram ao inimigo. Os voluntários de Bowie não aceitavam Travis como seu líder enquanto Travis e sua tropa se queixavam de que Bowie estava sempre bêbado e era muito pouco militar no comando de seus voluntários. Durante o cerco do Alamo Bowie caiu doente vitimado pela pneumonia e passou seus últimos onze dias alternado entre calafrios e febre em uma cama estreita. Quando o massacre final veio em 6 de março de 1836, ainda deitado na cama, Bowie lutou ferozmente com sua famosa faca, antes que os mexicanos o matassem a baionetas.

Filmografia: 1915 – Alfred Paget em Martyrs of the Alamo. 1926 – Bob Fleming em DavyCrockett at the Fall of the Alamo. 1937 – Roger Williams m Heroes of the Alamo. 1937 – Hal Taliaferro no seriado da Republic O Aliado Misterioso / The Painted Stallion. 1939 – Robert Armstrong em A Grande Conquista / Man of Conquest. 1950 – MacDonald Carey em Terra Selvagem / Comanche Territory. 1952 – Alan Ladd em Nenhuma Mulher Vale Tanto / The Iron Mistress. 1953 – Stuart Randall em Sangue por Sangue / The Man from the Alamo. 1954 – Fess Parker em Davy Crockett, o Rei da Fronteira / Davy Crockett, King of the Wild Frontier. 1955 – Sterling Hayden em A Última Barricada / The Last Command. 1956 – Jeff Morrow em O Homem do Destino / The First Texan. 1960 – Richard Widmark em O Álamo / The Alamo.

Buffalo Bill

Joel McCrea em Buffalo Bill

Buffalo Bill (1840 – 1917). William Frederick Cody nasceu em Le Claire, Scott County, Iowa. Quando o território do Kansas foi aberto para colonização em 1854, a família se transferiu para lá e se instalou em Salt Creek Valley perto do Fort Leavenworth. Após a morte de seu pai o jovem Cody foi empregado pela firma Major e Russell como mensageiro montado e posteriormente montou no Pony Express para a mesma companhia.  Em 1864 alistou-se como soldado no exército da União, servindo na 7th Kansas Volunteer Cavalry. Em 1866 Cody conheceu e se casou com Louisa Frederici. Depois de tentar sem sucesso manter um hotel em Salt Creek Valley, partiu para o Oeste, onde trabalhou irregularmente como batedor e guia. Em 1867-68 foi contratado para suprir de carne de búfalo os operários da construção da estrada-de-ferro Kansas Pacific, tendo sido apelidado pela primeira vez de “Buffalo Bill” neste emprego. Por ter se distinguido em transportar despachos por uma longa rota através de uma região indígena hostil, Cody chamou a atenção do General Sheridan, que o empregou como chefe dos batedores para a 5th U. S. Cavalry. Cody tomou parte em dezesseis combates contra índios, inclusive na derrota dos Cheyennes em julho de 1869. A certa altura de sua vida, um prolífico escritor de dime novels (romances baratos), Ned Buntline (pseudônimo de Edward Zane Carroll Judson), tornou Cody o herói de uma história sensacional, que foi depois dramatizada (Buntline inclusive persuadiu Cody a aparecer em um melodrama encenado em um teatro de Chicago). No verão de 1876 Cody participou de outra luta contra índios, durante a qual matou o guerreiro Cheyenne Yellow Hair (costumeira e erroneamente traduzido como Yellow Hand) na Batalha de Warbonne Creek. Cody atingiu-o com sua carabina Winchester e depois pegou uma faca Bowie e o escalpelou. Em 1883, Cody organizou o Buffalo Bill´s Wild West, espetáculo ao ar livre que dramatizava o Oeste contemporâneo. Sua exibição em Londres em 1887 nas comemorações do Jubileu da Rainha Victoria e outras excursões pela Europa fizeram do Wild West de Buffalo Bill um sucesso internacional.

Filmografia: 1922 – Duke R. Lee em In the Days of Buffalo Bill. 1924 – George Waggner em O Cavalo de Ferro / The Iron Horse. 1925 – John Fox Jr. em Correio a Cavalo / The Pony Express. 1926 – Jack Hoxie em A Última Aventura / The Last Frontier; Edmund Cobb   no seriado da Universal As Aventuras de Buffalo Bill / Fighting With Buffalo Bill; Roy Stewart em Buffalo Bill on the U. P. Trail. 1927 – Duke R. Lee   em Buffalo Bill´s Last Fight. 1928 -William Fairbanks em Ódio Fraternal / Wyoming. 1931 – Tom Tyler no seriado da Universal Aventuras de Buffalo Bill / Battling with Buffalo Bill. 1933 – Douglas Dumbrille em A Humanidade Marcha / The World Changes. 1935 – Earl Dwyer no seriado da Mascot O Cavaleiro Alado / The Miracle Rider; 1935 – Moroni Olsen em Na Mira de um Coração / Annie Oakley. 1936 – James Ellison em Jornadas Heróicas / The Plainsman; Ted Adams   em A Flecha Sagrada / Custer´s Last Stand. 1938 – Carlyle Moore em O Correio do Oeste / Outlaw Express. 1940 – Roy Rogers em O Jovem Buffalo Bill / Young Buffalo Bill. 1942 -Bob Baker em   Diligência Vitoriosa / Overland Mail. 1944 – Joel Mc Crea em Buffalo Bill / Buffalo Bill. 1946 – Richard Arlen em Buffalo Bill Volta a Galopar / Buffalo Bill Rides Again. 1949 – Monte Hale em Law of the Golden West. 1950 – Louis Calhern em Bonita e Valente  /Annie Get Your Gun; Dickie Moore em Correio das Planícies / Cody of the Pony Express. 1951 – Tex Cooper em King of the Bullwhip. 1952 – Clayton Moore em Buffalo Bill e os Índios / Buffalo Bill in Tomahawk Territory; Charlton Heston em As Aventuras de Buffalo Bill / Pony Express.1954 – Marshall Reed no seriado da Columbia Buffalo Bill, o Invencível / Riding with Buffalo Bill. 1958 – Malcolm Atterbury em Morte a Cada Passo / Badman´s Country.1964 – Jim McMullan em Bandoleiros do Oeste / The Raiders. 1966 – Guy Stockwell em Respondendo á Bala / The Plainsman.

Kit Carson

Jon Hall em Kit Carson

Kit Carson (1809-1868). Christopher “Kit” Houston Carson nasceu em Richmond, Kentucky. Aos 14 anos, já no Missouri, foi aprendiz de um seleiro. Após algum tempo, cansado deste ofício, juntou-se a uma caravana que rumava para New Mexico. Após uma breve estadia em Santa Fe, viajou para o norte, chegando à cidade de Taos, onde trabalhou com muitos homens da montanha e caçadores de peles. De 1828 a 1831 Carson acompanhou o famoso caçador Ewing Young através do sul do Arizona e Califórnia aprendendo o comércio de castores e nos anos seguintes percorreu na companhia de Jim Bridger a vastíssima zona das Montanhas Rochosas e do Far West, adquirindo amplo conhecimento da geografia e da topografia da área. Em 1842 ele conheceu o explorador John C. Frémont, participando de suas três expedições. Em 6 de fevereiro de 1843, Carson casou-se com uma jovem de quinze anos de Taos, Josefa Jaramillo.  Em seguida envolveu-se na luta contra os mexicanos, servindo também como mensageiro. Com o desfecho das hostilidades na Califórnia Carson retornou para Taos na primavera de 1849 e se tornou pecuarista em Rayado (leste de Taos), juntamente com Lucien Maxwell. Em 1853 os dois homens conduziram um grande rebanho de ovelhas para a Califórnia, obtendo um lucro expressivo. Mais tarde, Carson foi nomeado agente indígena para as tribos do norte do México e continuou neste posto até o eclodir da Guerra Civil em 1861, quando se tornou tenente coronel no exército da União e liderou expedições contra os Apaches Mescaleros, Navajos e Kiowas. Após servir como comandante do Fort Garland no sul do Colorado, Carson instalou-se com sua família em Boggsville perto de Las Animas. Sua esposa faleceu lá em abril de 1868 e Carson no mês seguinte em Fort Lyon.

Filmografia: 1911 – Jack Conway em Nos Dias de Ouro / Kit Carson´s Wooing. 1923 – Jack Perrin em The Santa Fe Trail; Guy Oliver em Os Bandeirantes / The Covered Wagon. 1925 – Guy Oliver em Alma Cabocla / The Vanishing American; Jack Mower em Kit Carson Over the Great Divide. 1927- Fred Warren em Califórnia / California. 1928 – Fred Thomson em O Grande Benfeitor / Kit Carson. 1933 – Johnny Mack Brown no seriado da Mascot Os Cavaleiros Mascarados ou Sacrifício Glorioso / Fighting With Kit Carson. 1936 – Harry Carey em O Czar do Ouro / Sutter´s Gold.1937 – Sammy McKim no seriado da Republic O Aliado Misterioso / The Painted Stallion.1939 – Bill Elliott no seriado da Columbia Luta Sem Tréguas / Overland With Kit Carson.1940 – Jon Hall em Kit Carson / Kit Carson.

David Crockett

John Wayne em O Álamo

David Crockett (1786 – 1836). Nasceu no lugar hoje conhecido como Greene County, Tennessee.  A família era pobre e Crockett teve que começar a trabalhar para os fazendeiros prósperos do local desde os doze anos de idade, conduzindo gado para Virginia. Retornando ao lar aos dezesseis anos de idade, o rapaz continuou trabalhando para outros, como tropeiro ou carroceiro, a fim de pagar as dívidas de seu progenitor, e depois por conta própria. Em 1806 ele se casou com Polly Finley, teve três filhos com ela e, em 1811, instalou-se em Bean Creek.  Crockett mostrou-se inábil para a agricultura, mas bastante capacitado para a caça, tendo matado 105 ursos em uma única temporada. Quando os índios Creek massacraram os habitantes de Fort Mims, Alabama. Crockett apresentou-se como voluntário para o exército de Andrew Jackson. Sua esposa morreu logo após seu retorno da guerra e ele se encontrou viúvo com uma filha recém nascida e dois filhos menores. Crocket logo contraiu matrimônio Elizabeth Patton, viúva com alguns recursos e dois filhos, e eles foram para Shoal Creek no Lawrence County, onde Crockett iniciou sua carreira política primeiro como magistrado, depois como juiz de paz e coronel da milícia local. Finalmente, em 1821, foi eleito para legislatura estadual, distinguindo-se como defensor dos direitos dos posseiros às terras nas quais haviam sido pioneiros. Em 1827 foi eleito para o Congresso e em 1833 obteve outro mandato que exerceu sempre em defesa dos pobres e dos índios; porém foi derrotado na próxima eleição de 1835. Profundamente amargurado, voltou sua atenção para o Texas, onde colonos americanos estavam ficando inquietos contra as medidas repressivas dos mexicanos. Crockett juntou-se aos rebeldes texanos e participou da resistência heróica no Álamo em 23 de fevereiro de 1836. Todos, com exceção de uns poucos, defensores da missão foram mortos. Provavelmente Crockett foi executado após ter sido capturado pelo exército de Santa Anna.

Filmografia: 1909 – Charles K. French em Davy Crockett – In Hearts United. 1910 – Hobart Bosworth em Davy Crockett. 1916 – A. D. Sears em Martyrs of the Alamo.  1916 – Dustin Farnum em Davy Crockett. 1926 – Cullen Landis em Davy Crockett at the Fall of the Alamo. 1937 – Jack Perrin no seriado da Republic O Aliado Misterioso / The Painted Stallion; Lane Chandler em Heroes of the Alamo. 1939 – Robert Barrat em A Grande Conquista / Man of Conquest. 1941 -Bill Elliott em O Rei do Terror / The Son of Davy Crockett. 1950 – George Montgomery em A Voz do Sangue / Davy Crockett, Indian Scout. 1953 – Trevor Bardette em Sangue por Sangue / The Man from the Alamo. 1955 – Arthur Hunnicut em A Última Barricada / The Last Command. 1956 -James Griffith em O Homem do Destino / The First Texan. 1959 – Fess Parker em Valentão é Apelido / Alias Jesse James. 1960 – John Wayne em O Álamo / The Alamo.

George Armstrong Custer

Errol Flynn em O Intrépido General Custer

George Armstrong Custer (1839-1876). Nascido em New Rumbley, Ohio. Após uma carreira tempestuosa em West Point, acumulando uma série de deméritos com relação ao estudo e à disciplina, Custer distinguiu-se na Guerra Civil por sua bravura e agressividade em vários combates da 5th Calvary, sobretudo na Batalha de Gettysburg. No início de 1864 casou-se com Elizabeth Bacon. Depois de seu retorno ao serviço ativo, participou da maioria das últimas batalhas da guerra, desempenhando papel decisivo nos acontecimentos que levaram à rendição do General Lee em Appomatox. No final do conflito, aos 23 anos de idade, ele era o major general mais jovem do exército.  Quando a paz voltou, Custer reverteu ao seu posto normal de carreira: capitão. Porém quando o exército foi ampliado para lidar com a crescente ameaça indígena nas Grandes Planícies, ele foi nomeado tenente coronel da recém criada 7th Cavalry, que desempenhou papel importante na campanha do General Hancock para pacificar os índios Cheyenne e Sioux. No decorrer das operações Custer foi julgado por uma Côrte Marcial e suspenso de suas funções por um ano pelo tratamento severo de suas tropas. Ele foi reintegrado a tempo de comandar seu regimento na chamada Battle of Washita em Oklahoma, sobre a qual os historiadores divergem se teria sido uma vitória militar sobre os índios ou um massacre. Em 1873 o regimento foi transferido para o Dakota, onde, sob o comando de Custer, participou da Stanley Expedition, que explorava o Yellowstone River. Em 1874 a expedição chegou nas Black Hills, área reservada aos Sioux por um tratado e o anúncio de que naquele lugar havia ouro ocasionou uma afluência de mineiros na área e consequentemente a retaliação dos índios. Em 1876 uma campanha em larga escala contra os indígenas culminou na Batalha de Little Big Horn no Território de Montana onde, cercados pelos Cheyennes, Sioux e outras outras tribos aliadas, Custer e mais de duzentos de seus homens perderam suas vidas.

Filmografia: 1912 – Francis Ford em Custer´s Last Fight ou Custer´s Last Raid.  1921 – T. D. Crittenden em Grito de Batalha / Bob Hampton of Placer. 1926 – Dustin Farnum em The Flaming Frontier; John Beck em General Custer at the Little Big Horn. 1932 –   William Desmond no seriado da RKO O Fantasma Vingador ou A Última Fronteira / The Last Frontier. 1933 – Clay Clement em A Humanidade Marcha / The World Changes. 1936 – Frank McGlynn Jr. em A Flecha Sagrada / Custer´s Last Stand John Miljan em Jornadas Heróicas / The Plainsman. 1939 – Roy Barcroft no seriado da Universal Perigos dos Sertão / The Oregon Trail. 1940 – Paul Kelly em O Bamba do Sertão / Wyoming; Ronald Reagan. em A Estrada de Santa Fé / Santa Fe Trail. 1941 – Addison Richards em Traição de Irmão /   Badlands of Dakota; Errol Flynn em O Intrépido General Custer / They Died with Their Boots On. 1951 – James Millican em Sanha Selvagem / Warpath. 1952 – Sheb Wooley em O Último Baluarte / Bugles in the Afternoon. 1954 – Douglas Kennedy em Índio Heróico / Sitting Bull. 1958 – Britt Lomond em Tonka e o Bravo Comanche / Tonka. 1965 – Phil Carey em O Grande Massacre / The Great Sioux Massacre. 1966 – Leslie Nielsen em Respondendo à Bala / The Plainsman. 1967 – Robert Shaw em Os Bravos Nâo de Rendem / Custer of the West. 1970 – Richard Mulligan em O Pequeno Grande Homem / Liittle Big Man.

Wild Bill Hickock

Gordon (Bill) Elliott em A Invasão dos Peles-Vermelhas

“Wild Bill” Hickock (1837 – 1876). James Butler Hickok nasceu em Homer, Illinois. Em 1855, aos dezoito anos de idade, rumou para o Kansas, onde trabalhou conduzindo carroças e diligências. Seriamente ferido por um urso na ocasião de uma viagem pela Trilha de Santa Fé foi colocado em um serviço leve na Rock Creek Stage Section no Nebraska, onde a lenda de “Wild Bill” teve início. Ali Hickok brigou com David McCanles, matando-o, assim como seus dois cúmplices. Esta luta foi exagerada mais tarde em romances de dez centavos e suas três vítimas aumentadas para dez e até trinta vezes. Seus serviços prestados ao exército da União durante a Guerra e um duelo a bala na rua principal de Springfield, Missouri contribuíram para sua imagem de pistoleiro. Após a guerra ele exerceu brevemente a função de delegado federal. Sua bela aparência, seus cabelos compridos esvoaçantes e roupas de camurça, sua precisão com a pistola, sua vocação para o jôgo, e seu papel como batedor do General Philip H. Sheridan aumentaram-lhe a reputação. Hickok também serviu de guia para um grupo de caça organizado por um senador do Massachusetts e Delegado de Hays City, Kansas. Em 1870, de acordo com alguns relatos, ele se casou secretamente com Calamity Jane. (Martha Jane Canary). Em 15 de abril de 1871 ofereceram-lhe o cargo de delegado em Abilene, Kansas. Os oito meses nos quais exerceu este encargo foram o clímax da carreira de “Wid Bill” e sua lenda foi ainda mais propagada. Hickok passou algum tempo no Buffalo Bill Wild West Show e, em 1870, casou-se com Agnes Lake Thatcher, artista equestre e dona de um outro circo. Duas semanas mais tarde ele partiu para as Black Hills. Lá em Deadwood, no Território de Dakota, no dia 2 de agosto de 1878, Hickok foi assassinado por Jack McCall em um saloon, enquanto jogava pôquer. Seu assassino foi julgado e enforcado.

Filmografia: 1923 – William S. Hart em Beijos Que Torturam / Wild Bill Hickok. 1924 – John Padjan em O Cavalo de Ferro / The Iron Horse. 1932 – Yakima Canutt no seriado da RKO O Fantasma Vingador ou A Última Fonteira / The Last Frontier. 1936 – Gary Cooper em Jornadas Heróicas / The Plainsman. 1938 – George Houston em Frontier Scout; Gordon (Bill) Elliott no seriado da Columbia A Invasão dos Peles-Vermelhas / The Great Adventures of Wild Bill Hickok. 1940 – Bill Elliott em Prairie Schooners; Bill Elliott em Perseguidor Implacável / Beyond the Sacramento; Bill Elliott em O Puma de Tucson / Wildcat of Tuckson; Roy Rogers em Sede de Ouro / Young Bill Hickok; Lane Chandler no seriado da Columbia O Caveira / Deadwood Dick. 1941 – Bill Elliott em Além das Rochosas / Across the Sierras; Bill Elliott em Algemas da Lei / North from the Lone Star; Bill Elliott em O Bamba de Kansas / King of Dodge City; Bill Elliott em O Chicote Acusador / Hands Across the Rockies; Bill Elliott em Justiça da Fronteira / Roaring Frontiers; Richard Dix em Traição de Irmão / Badlands of Dakota. 1942 – Bill Elliott em Vigilantes do Texas / Lone Star Vigilantes; Bill Elliott em O Caminho de Satanás / The Devil´s Trail; Bruce Cabot em Tropel de Bárbaros / Wild Bill Hickok Rides. 1950 – Reed Hadley em VIngador Impiedoso / Dallas. 1952 – Robert Anderson em Bando de Renegados / The Lawless Breed. 1953 – Douglas Kennedy em Alçapão Sangrento / Jack McCall Desperado; Forrest Tucker em As Aventuras de Buffalo Bill / Pony Express; Ewing Miles Brown em Son of the Renegade; Howard Keel em Ardida como Pimenta / Calamity Jane. 1956 – Tom Brown em I Killed Wild Bill Hickock. 1964 – Robert Culp em Bandoleiros do Oeste / The Raiders; Paul Shannon em Os Reis do Faroeste / The Outlaws is Coming. 1965 – Robert Dix em A Cidade dos Fora da Lei / Deadwood´76. 1966 – Don Murray em Respondendo à Bala / The Plainsman. 1970 – Jeff Corey em O Pequeno Grande Homem.  Little Big Man.

Jesse James

Tyrone Power e ane Darwell em Jesse James

Jesse e Frank James. Jesse Woodson James (1847 – 1882) e Alexander Franklin James (1843 -1915) nasceram em Clay County, MIssouri, filhos do Pastor Robert James e sua esposa Zerelda. Jesse tinha apenas três anos de idade, quando seu pai partiu para a Califórnia em busca de ouro. O pastor morreu lá e, em 1855, Zerelda James casou-se com o Dr. Reuben Samuel. Os meninos James cresceram em uma atmosfera de conflito seccional. Quando veio a Guerra Civil, Frank se juntou aos guerrilheiros de William Clarke Quantril, que logo se tornou conhecido como saqueador e assassino. Em 1864, Jesse seguiu o exemplo do irmão e, sob as ordens do guerrilheiro sanguinário Bill Anderson, participou do massacre de Centralia, no qual vinte e quatro soldados desarmados da União foram implacavelmente mortos. Na primavera de 1865 Jesse tentou se render, segurando uma bandeira branca, mas foi alvejado e seriamente ferido pelos soldados da União. Após a recuperação de Jesse, os dois irmãos teriam iniciado sua carreira de crimes em Liberty, Missouri, roubando e matando uma pessoa presente. Outros assaltos de bancos foram atribuídos a eles e seus amigos os Youngers, mas somente no roubo de um banco em Gallatin, Missouri eles foram claramente identificados. Outros assaltos se seguiram de Iowa ao Alabama e os irmãos James expandiram suas atividades, incluindo roubo de diligências e trens. A eficácia do bando em roubar trens era tão grande que, em 1874, detetives da agência Pinkerton foram contratados para caçá-los. Na noite de 5 de janeiro de 1875, dois homens não identificados, depois suspeitos de serem detetives da Pinkerton, provocaram um incêndio na casa do Dr. Samuel, dele resultando a morte de um meio irmão menor de Jesse e a mutilação do braço de sua mãe. Jesse tirou proveito deste incidente, aumentando suas pilhagens, sabendo que passara a contar com a simpatia das pessoas. Então, em 1876, cometeu um erro. Ele e Frank uniram forças com o bando dos Younger para roubar um banco em Northfield, Minnesota e caíram em uma armadilha. Três homens foram mortos, os Younger capturados, e Jesse e Frank escaparam por pouco. Durante três anos os irmãos James viveram sob nomes falsos em Nashville, Tennessee. Porém em outubro de 1879, formaram outro bando e atacaram um trem em Glendale Station no Missouri. Em 1881 o Estado do Missouri ofereceu uma recompensa de vinte e cinco cinco mil dólares para a captura de Jesse “vivo ou morto”.  Dois membros do bando, Robert Ford e seu irmão Charles, firmaram um acordo como Governador Thomas Crittenden para assassinar Jesse. Em 3 de abril de 1882 Jesse foi morto em sua casa em St. Joseph, Missouri por Robert Ford, quando estava em cima de uma cadeira endireitando um quadro na parede. Alguns meses depois Frank James se entregou. Ele foi julgado em vários estados e considerado inocente. A simpatia do público por ele era tal, que a lei não conseguiu uma condenação. Agora um homem livre, Frank viveu uma vida tranquila e reservada até seu falecimento em 1915.

Filmografia: Jesse James Jr.  (Jesse Edwards “Tim” James, filho do verdadeiro Jesse James) em Jesse James Under the Black Flag; Jesse James Jr. em Jesse James as the Outlaw. 1927 – Fred Thomson em Jesse James / Jesse James. 1939 – Tyrone Power em Jesse James; / Jesse James; Don Barry em Dias de Jesse James / Days of Jesse James. 1941 – Roy Rogers em Jesse James at Bay; Alan Parker em Três Homens Maus / Bad Men of Missouri. 1942 – Rod Cameron em Sombra Amiga / The Remarkable Andrew. 1946 -Lawrence Tierney em A Terra dos Homens Maus / Badman´s Territory. 1947 – Clayton Moore no seriado da Republic A Volta de Jesse James / Jesse James Rides Again. 1948 -Clayton Moore no seriado da Republic Aventuras de Frank e Jesse James; Reed Hadley em Eu Matei Jesse James / I Shot Jesse James. 1949 – Dale Robertson em O Lutador /   Fighting Man of the Plains. 1950 – Keith Richards em As Aventuras de Jesse James / The James Brothers of Missouri; Audie Murphy em Cavaleiros da Bandeira Negra / Kansas Raiders; MacDonald Carey em A Vingança de Jesse James / The Great Missouri Raid. 1951 – Lawrence TIerney   em O Melhor dos Homens Maus / Best of the Badmen. 1953 – Ben Cooper em A Renegada / Woman They Almost Lynched; Willard Parker em The Great Jesse James Raid. 1954 – Don Barry em Jesse James´ Women. 1957 – Robert Wagner em Quem Foi Jesse James / The True Story of Jesse James.; Henry Brandon em Sangue de Valentes / Hell´s Crossroads. 1959 – Wendell Corey em Valentão é Apelido / Alias Jesse James. 1960 – Ray Strickling em O Jovem Jesse James / Young Jesse James. 1964 – Wayne Mack em Os Reis do Faroeste / The Oulaws is Coming. 1965 – John Lupton em Jesse James Contra a FIlha de Frankenstein / Jesse James Meets Frankenstein´s    Daughter. 1969 – Audie Murphy em Gatilhos da Violência / A Time for Dying.

Wyatt Earp

Henry Fonda em Paixão dos Fortes

Wyatt Earp (1848 – 1929). Wyatt Berry Stapp Earp, nascido em Monmouth, Illinois, foi o membro mais famoso de uma família que incluía James (1841 – 1926), Virgil (1843 – 1906), Morgan (1851 – 1882) e Warren (1855 – 1900). Após alguns anos vivendo como condutor de carroça, jogador e caçador de búfalos, Wyatt chegou em Wichita em 1874, onde seu irmão James era garçom e a esposa de James administrava um bordel. Wyatt foi contratado como policial. Em 1876 ele ingressou na força policial em Dodge City e em 1878 foi nomeado ajudante de delegado. Nesta época fez amizade com Luke Short, Doc Holliday, Bat Masterson e o pessoal que controlava o jogo e a prostituição na cidade. Suas realizações em Dodge foram normais.  Em 1879 Wyatt foi para Tombstone, Arizona, onde Virgil era delegado. Wyatt logo se tornou xerife de Pima County. Morgan e James chegaram e os irmãos formaram uma associação estreita com o empresariado local, inclusive o ex-agente indígena e jornalista John Clum. Em outubro de 1880 o delegado Fred White foi morto. Wyatt prendeu Curly Bill Brocius pelo crime e Virgil se tornou o delegado da cidade. Este episódio desencadeou uma disputa entre os Earps e os caubóis locais, que se ressentiam de suas tentativas de evitar confusões e roubo de gado na cidade. O velho Clanton e seus filhos, como Phil e Billy, eram os líderes deste grupo de caubóis. As desavenças chegaram ao auge em um tiroteio no O. K. Corral no dia 26 de outubro de 1881 no qual Wyatt, Morgan, Virgil e Doc Holliday se confrontaram com Ike e Billy Clanton e Frank e Tom McLaury. Os Mc Laurys e Billy foram mortos. Depois houve controvérsia considerável sobre se os Clantons tiveram realmente intenção de lutar e Virgil foi demitido do cargo. Dois meses mais tarde ele foi alvejado e ferido em uma emboscada e em março de 1882 Morgan foi morto. Wyatt vingou-o, matando Frank Stidwell e Florentino Cruz, que ele suspeitava do assassinato de Morgan. Depois disso, Wyatt voltou à sua antiga carreira de jogador, vagueando de uma cidade de mineração de ouro para outra. Em vários momentos ele esteve em Cripple Creek, Colorado, no Alaska e Nevada. O final de sua vida se passou em Hollywood, onde ficou amigo de William S. Hart, Tom Mix e John Ford.

Filmografia:  1932 – Walter Huston em Lei e Ordem / Law and Order. 1934 – George O´Brien em O Último Favor / Frontier Marshal. 1939 – Randolph Scott em A Lei da Fronteira / Frontier Marshal; Errol Flynn em Uma Cidade Que Surge / Dodge City. 1940 -Johnny Mack Brown em A Lei Manda / Law and Order. 1942 – Richard Dix em O Homem do Perigo / Tombstone, The Town Too Tough to Die. 1946 – Henry Fonda em Paixão dos Fortes /My Darling Clementine.1950 – Will Geer em Winchester 73 / Winchester 73. 1953 – Ronald Reagan em Com a Lei e a Ordem / Law and Order; James Millican em De Homem Para Homem / Gun Belt; Rory Calhoun em Honra Sem Fronteiras / Powder River. 1954 – Bruce Cowling em Ases do Gatilho / Masterson of Kansas.  1955 – Joel McCrea em Choque de Ódios / Wichita. 1956 – Burt Lancaster em Sem Lei e Sem Alma / Gunfight at O.K. Corral. 1957 – Barry Sullivan em Dragões da Violência / Forty Guns. 1958 – Buster Crabbe em A Terra dos Homens Maus / Badman´s Territory. 1959 – Hugh O´Brian em  Valentão é Apelido / Alias Jesse James. 1964 – James Stewart em Crepúsculo de uma Raça / Cheyenne Autumn; Bill Camfield em Os Reis do Faroeste / The Outlaws is Coming. 1967 – James Garner emA Hora da Pistola /  Hour of the Gun.

Bat Masterson

Randolph Scott e Madge Meredith em O Passo do Ódio / Trail Street

Bat Masterson (1853 – 1921). Batizado como Bartholomew Masterson, nasceu na Província de Quebec no Canadá e depois mudou o nome para William Barclay Masterson, por razões nunca explicadas. Masterson foi caçador de búfalos durante algum tempo e participou da Batalha de Adobe Walls travada em 27 de julho de 1874 entre caçadores e índios Comanches e Kiowas liderados por Quanah Parker. Após Adobe Walls ele se alistou como batedor do exército e serviu durante a Red River War contra tribos das planícies do Sul. Em 1876 foi para Dodge City no Kansas, onde no ano seguinte se tornou assistente do xerife e depois xerife de Ford County, condado que abrangia a cidade de Dodge City. Foi um momento agitado de sua vida. Seu irmão, Ed, delegado de Dodge City, foi morto em um tiroteio, Masterson perseguiu ladrões de trem e outros foras-da-lei e em setembro de 1878 perseguiu um bando de Cheyennes comandados por Dull Knife. Masterson estava envolvido com o grupo que controlava a vida empresarial da cidade. Em 1879 foi afastado do cargo. Ele se instalou em Tombstone por algum tempo com Wyatt Earp e em 1883 foi chamado, juntamente com Earp e Doc Holliday por Luke Short para apoiá-lo na chamada Dodge City War contra o prefeito que queria fechar seu saloon e expulsá-lo da cidade. Desde então até o final do século manteve-se como jogador, na maior parte do tempo no Colorado. Ele então rumou para a cidade de Nova York, onde foi brevemente nomeado delegado federal por Theodore Roosevelt. Passou o pouco tempo restante de sua vida como jornalista, compondo esboços de outras celebridades do Oeste e se tornou crítico teatral e repórter esportivo do New York Morning Telegraph.

Fiilmografia: 1923 – Jack Gardner em Beijos Que Torturam / Wild Bill Hickok. 1943 – Albert Dekker em A Mulher da Cidade / The Woman of the Town. 1947 – Randolph Scott em O Passo do Ódio /  Trail Street. Monte Hale em Príncipe das Planícies / Prince of the Plains. 1950 – Steve Darrrell em Winchester 73 / Winchester 73. 1954 – George Montgomery em Azes do Gatilho / Masterson of Kansas. 1955 – Keith Larsen em Choque de Ódios / Wichita. 1956 – Kenneth Tobey em Sem Lei e Sem Alma / Gunfight at O. K. Corral. 1958 – Gregory Walcott em Morte a Cada Passo / Badman´s Country; Joel McCrea em À Véspera da Morte / The Gunfight at Dodge City. 1964 – Ed T. McDonnell em Os Reis do Faroeste / The Outlaws is Coming.

WILLIAM WELLMAN II

Nos anos quarenta Wellman continuou trabalhando para vários estúdios e, entre alguns filmes rotineiros, realizou algumas obras de maior qualidade artística: 1941 – A Cidade Que Nunca Dorme / Reaching for the Sun  / Paramount (comédia romântica com Joel McCrea, Ellen Drew, Eddie Bracken, Albert Dekker); Pernas Provocantes / Roxie Hart / 20th Century-Fox (comédia satírica baseada na peça “Chicago” (que teria uma versão musical em 1975, coreografada por Bob Fosse) com Ginger Rogers, George Montgomery, Adolph Menjou; Até Que a Morte nos Separe / The Great Man´s Lady / Paramount (drama romântico-histórico  com Barbara Stanwyck, Joel McCrea, Brian Donlevy); Águias de Fogo / Thunder Birds  / 20th Century-Fox (drama de guerra patriótico com Preston Foster, Gene Tierney, John Sutton, Jack Holt).

Dana Andrews em Consciências Mortas

Joel McCrea em Buffalo Bill

1943 – Consciências Mortas / The Ox-Bow Incident / 20th Century-Fox (western  claustrofóbico propiciando uma reflexão sombria sobre a intolerância e um requisitório contra o linchamento, mostrando a insensibilidade humana e a histeria da multidão em uma comunidade da fronteira. Em Bridge’s Well, no Nevada, um grupo de cidadãos raivosos e neuróticos, tomando a lei em suas próprias mãos, enforca três suspeitos (Dana Andrews, Anthony Quinn, Francis Ford) de um roubo de gado, e depois descobrem que eles eram inocentes.Dois vaqueiros (Henry Fonda, Harry Morgan) que estão de passagem pela cidade, testemunham os fatos. Wellman faz uma descrição minuciosa e circunstanciada da expedição punitiva, imprimindo-lhe grande dramaticidade. O filme foi indicado ao Oscar; A Morte Dirige o Espetáculo / Lady of Burlesque / Hunt Stromberg Productions (parte comédia-dramática, parte musical, parte policial de mistério baseado em um romance atribuído à famosa stripper Gipsy Rose Lee, versando sobre o assassinato de duas dançarinas de striptease, ambas estranguladas com seus tapa-sexos. No elenco: Barbara Stanwyck, Michael O´Shea, J. Edward Bromberg, Frank Conroy, Iris Adrian, Charles Dingle. 1944 – Buffalo Bill / Buffalo Bill / 20th Century-Fox (cinebiografia romanceada de William Frederick Cody, caçador de búfalos, cavaleiro do correio expresso e batedor do exército que ficou famoso como Buffalo Bill graças ao jornalista Ned Buntline (Thomas Mitchell). Cody reconstitui em um espetáculo circense suas façanhas do passado, seu casamento com Louisa (Maureen O´Hara), sua denúncia da ganância e corrupção de capitalistas e politicos. Filmado em soberbo technicolor e com uma sequência de ação espetacular (a batalha no rancho, com duração de nove minutos, incluindo a luta corpo-a-corpo entre Bufffalo Bill e Yellow Hand (Anthony Quinn). 1945 – O Rompe Nuvens / This Man’s Navy  / MGM (drama de guerra destacando o uso de dirigíveis pela Marinha dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial com Wallace Beery, Tom Drake, James Gleason);

Robert Mitchum em Também Somos Seres Humanos

Anne Baxter em Céu Amarelo

Também Somos Seres Humanos / The Story of G. I. Joe / Lester Cowan Productions (drama de guerra realista baseado nas reportagens – premiadas com o Pulitzer Prize – do correspondente de guerra Ernie Pyle (Burgess Meredith),  que acompanhou um grupo de soldados da infantaria – comandados pelo Capitão Bill Walker (Robert Mitchum) – desde a campanha no deserto do Norte da África até a invasão da Itália e acabou morrendo, atingido por um franco-atirador japonês na Batalha de Okinawa em 1945. Pyle tornou-se o melhor amigo do soldado comum e seus despachos refletiram os dramas íntimos dos combatentes.  Wellman ilustrou os textos de Pyle com imagens de soldados de verdade, sem transformar a guerra em uma coisa heróica ou gloriosa. O filme recebeu quatro indicações ao Oscar (Melhor Roteiro, Melhor Score, Melhor Canção Original e Melhor Ator Coadjuvante (R. Mitchum). 1946 – Jornada Gloriosa / Gallant Journey / Columbia (drama histórico biográfico sobre o pioneiro da aviação, John J. Montgomery (Glenn Ford), inventor e piloto do primeiro planador em 1883. 1947 – Cidade Encantada / Magic Town / RKO-Radio (sátira social tendo como alvo pesquisa sobre opinião pública a respeito do interior da América com James Stewart, Jane Wyman). 1948 – Cortina de Ferro / The Iron Curtain / 20thCentury-Fox (drama de espionagem durante a Guerra Fria com Dana Andrews e Gene Tierney); Céu Amarelo / Yellow Sky / 20th Century-Fox (western sóbrio e tenso cuja trama gira em torno de sete assaltantes de banco (Stretch (Gregory Peck), Dude (Richard Widmark), Lenghty (John Russell), Half Pint (Henry Morgan), Bull Run (Robert Arthur), Walrus (Charles Kemper) e Jed (Robert Adler), que penetram em um deserto de sal para escapar de seus perseguidores. Eles chegam a Yellow Sky, uma cidade fantasma. Os únicos habitantes são um velho garimpeiro (James Barton) e sua neta Mike (Anne Baxter). Os bandidos acreditam que o velho tenha uma fortuna escondida e pretendem se apoderar dela. Stretch começa a se interessar pela jovem e isto provoca divergências entre ele e o resto do bando. Logo no início do filme ocorre um trecho memorável: a longa e extenuante travessia do deserto salgado até a chegada ao saloon, onde os assaltantes contemplam o quadro da mulher nua. Luxúria, ambição, ciúme, desconfiança e violência são as matérias brutas com as quais Wellman desenvolve as tensões e os conflitos entre o bando de fora-da-lei. Paralelamente, a filmagem em locação e a magnífica fotografia contrastada de Joe MacDonald (notadamente nas cenas no Vale da Morte e no duelo final) dão integridade visual e consistência ao espetáculo.

Cena de O Preço da Glória

1949 – O Preço da Glória / Battleground / MGM (drama de guerra narrando a epopéia vivida pela Companhia I da 101ª Divisão de tropas aéreas cujos componentes (entre eles Van Johnson, John Hodiak, Ricardo Montalban, George Murphy, Marshall Thompson, Jerome Courtland, Don Taylor, James Whitmore, James Arness) cercados pelos alemães durante a Batalha do Bulge no inverno de 1944, encontraram-se sem abastecimentos, em grande desvantagem numérica e sob um nevoeiro intenso que dificultava a movimentação dos soldados, a identificação do inimigo e, pior ainda, o suporte aéreo. Wellman transmite com perfeição a insegurança e o desnorteamento dos soldados e cria cenas inspiradas como o combate corpo a corpo silencioso entre as patrulhas; a morte de um jovem soldado ao procurar suas botas.; a descoberta  (pela sombra de um soldado na neve) de que o sol iria vencer a cerração, permitindo que os bombardeiros pudessem entrar em ação; o desfile dos homens esgotados ou feridos que, em um ímpeto de heroísmo, readquirem o garbo, a flama, a fim de elevar o moral dos que chegam para o “batismo de fogo”. A produção mereceu seis indicações ao Oscar (Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (James Whitmore), Melhor História e Roteiro (Robert Pirosh), Melhor Fotografia em preto e branco (Paul C. Vogel), Melhor Montagem (John Dunning). Pirosh e Dunning ficaram com a estatueta.

Clark Gable em Assim São os Fortes

Na década de cinquenta Wellman continuou repartindo seu talento entre filmes de maior ou menor importância servindo apenas a dois estúdios: MGM e Warner Bros. 1950 – Era Sempre Primavera / The Happy Years / MGM (comédia dramática  tendo como centro das atenções ”Dink” Stover (Dean Stockwell), um adolescente incorrigível e suas experiências em um colégio de New Jersey, onde finalmente ganha juízo para alegria de seu progenitor); A Voz Que Vão Ouvir / The Next Voice You Hear / MGM (drama em forma de parábola no qual a voz de Deus é ouvida em todos os programas de rádio do mundo durante uma semana e sua repercussão, principalmente  na vida de um operário (James Whitmore) de uma fábrica de aviões. 1951 – Assim São os Fortes / Across the Wide Missouri / MGM (western retratando a vida dos caçadores de peles de castor e seu relacionamento com os índios no tempo da Fronteira Selvagem. Entre as cenas de harmonia racial – o líder dos caçadores, Flint Mitchell (Clark Gable) casa-se com a índia Kamiah (Maria Elena Marques), com quem tem um filho -, explode a ira de Iron Shirt (Ricardo Montalban), índio orgulhoso que resiste ao expansionismo comercial dos brancos. Filmado na linda paisagem do Colorado, o relato conserva a forma de um diário, desenvolvendo os acontecimentos na sua cronologia. Duas sequências memoráveis: o último ataque de Iron Shirt, no qual Kamiah morre com uma flechada no peito e o cavalo (que carrega o bebê) sai em desabalada carreira, perseguido por Flint; o cacique vestido com a armadura, passando no meio de uma briga cômica entre os caçadores; No Palco da Vida / It´s a Big Country / MGM (Wellman dirigiu o episódio “The Minister of Washington” de 9 minutos desta antologia celebrando a América. História e roteiro de Dore Schary, fotografia de William C. Mellor e participação de Van Johnson, Lewis Stone e Leon Ames.

Robert Taylor em O Poder da Mulher

O Poder da Mulher / Westward the Women / MGM (western que se inicia quando, em Chicago, um rico fazendeiro da Califórnia, Roy Whitman (John McIntire), contrata o batedor Buck Wyatt (Robert Taylor) para guiar uma caravana de cento e quarenta mulheres, esposas por correspondência dos homens de seu rancho. Decidido a vencer todos os obstáculos, Buck impõe uma disciplina rígida. Na viagem, as mulheres aprendema lutar contra intempérie, a doença, a sede, os índios. Após este rito de passagem, conquistam o direito de não serem apresentadas imediatamente aos seus futuros parceiros: arrancando os toldos das carroças, elas confecionam seus vestidos e se tornam novamente femininas. A idéia de um comboio de futuras esposas enfrentando os perigos de uma travessia pelo deserto é original e Wellman trata o assunto com muita propriedade, providenciando as cenas de ação espetaculares, sem se esquecer do romance (o herói misógino também encontra a mulher de sua vida) nem a emoção (o silêncio sepulcral quando ressoam os nomes das mortas após o ataque de peles-vermelhas; a mulher que deu à luz durante o percurso e veio ao baile com seu bebê, sendo convidada para dançar). 1952 – Sem Pudor / My Man And I / MGM melodrama focalizando um trabalhador rural mexicano, Chu Chu Ramirez (Ricardo Montalban), que se orgulha de ter adquirido a cidadania americana e acaba arriscando perdê-la, ao ser falsamente acusado de ter tentado matar seu patrão (Wendell Corey).

John Wayne em Geleiras do Inferno

1953 – Geleiras do Inferno / Island in the Sky / Warner Bros. (aventura e suspense ocorrem nesta adaptação do livro escrito pelo autor de histórias de aviação Ernest K. Gann, quando um Corsair faz uma aterrissagem forçada em uma região inóspita e deserta no norte do Canadá. Enquanto a tripulação, comandada pelo Capitão Dooley (John Wayne), tenta sobreviver sob um frio terrível, com escassez de víveres e o um desespero crescente, organizam-se na Ilha de Presque no Maine os planos de salvamento. Direção sóbria e eficiente com boas sequências (fotografadas pelo competente Archie Stout), destacando-se aquele momento em que um dos homens, vencido pelo cansaço, incapaz de acertar o rumo em direção á aeronave caída, onde seus companheiros se abrigam da intempérie, reproduz em círculo as próprias pegadas, caí e, qual um preâmbulo de morte, sucessivas imagens da noiva passam na sua lembrança. 1954 – Um Fio de Esperança / The High and the Mighty / Warner Bros. (drama de aviação baseado em outro livro de Ernest K. Gann, descrevendo a angústia dos tripulantes e passageiros de um avião no trajeto de Honolulu para San Francisco quando a hélice de um dos motores, se parte, tornando problemática a chegada do quadrimotor ao seu destino. As angústias dos passageiros (entre eles Claire Trevor, Laraine Day, Jan Sterling, Phil Harris, Robert Newton, David Brian, Paul Kelly, Sidney Blackmer, Julie Bishop, Karen Sharpe, John Smith, John Howard, Ann Doran, John Qualen, Paul Fix, Joy Kim, Michael Wellman) e dos tripulantes  (Robert Stack, John Wayne, William Campbell, Wally Brown, Doe Avedon) e suas diversas reações permitem ao diretor manter ininterruptamente a atenção do espectador durante o longo desenrolar da narrativa, que transcorre quase que inteiramente no interior da aeronave, salvo alguns retrospectos para estabelecer os personagens e um ou outro revezamento da ação principal com o pessoal do aeroporto e o de uma aeronave de socorro. O vigor da direção manifesta-se pelo domínio do suspense, pela penetração dramática e por certas imagens inspiradas como o símbolo cinematográfico da cruz de luzes no aeroporto, desfazendo-se com o afastamento da perspectiva de morte. O filme ensejou 6 indicações ao Oscar: Melhor Diretor, Melhor Atriz coadjuvante (Jan Sterling, Claire Trevor), Melhor Montagem (Ralph Dawson), Melhor Canção (Dimitri Tiomkin, Ned Washington), Melhor Música de Filme Não Musical (Dimitri Tiomkin). Dimitri Tiomkin foi o único vitorioso;

John Wayne e Robert Stack em Um Fio de Esperança

Dominados pelo Terror / Track of the Cat / Warner Bros. (drama psicológico sombrio passado em um rancho nas montanhas do Oeste dos Estados Unidos cobertas de neve, que tem como personagens os membros de uma família (Robert Mitchum, Philip Tonge, Beulah Bondi, William Hopper, Tab Hunter, Teresa Wright), a noiva de um dos rapazes (Diana Lynn), um índio de cem anos de idade (Carl Switzer, muito lembrado como Alfafa / Espeto da série Bs Peraltas / Our Gang, conhecida na TV como Os Batutinhas) e uma pantera negra, símbolo do Mal. O filme comporta uma experiência com a cor: com exceção de duas peças de vestuário (uma vermelha e outra amarela) tudo o mais é em preto e branco ou cores neutras. 1955 – Rota Sangrenta. / Blood Alley / Warner Bros. (aventura marítima acionada quando um americano capitão da Marinha Mercante (John Wayne) conduz, em uma velha balsa roubada, a filha de um missionário (Lauren Bacall) e os aldeões chineses que o ajudaram a fugir de uma prisão comunista para a liberdade de Hong Kong. 1956 – Cruel Dilema / Good-bye, My Lady / Warner Bros. (drama pastoral sobre um menino órfão (Brando de Wilde), seu velho tio idoso (Walter Brennan), e um cão encontrado nos pântanos do sudeste do Mississipi; o menino adota o animal, treina-o para ser um bom cachorro de caça, mas quando descobre que ele é de uma raça africana rara e pertence a um esportista do norte, tem que tomar uma decisão crucial – manter o animal ou devolvê-lo ao seu legítimo dono (William Hopper).1958 – Aqui Só Cabem os Bravos / Darby´s Rangers / Warner Bros. (drama de guerra com James Garner como o Major William Orlando Darby, organizador exigente de um regimento de elite, os “Rangers”, similar aos comandos britânicos, ponta-de lança nas principais vitórias americanas na Segunda Guerra Mundial. Lutando Só Pela Glória / Lafayette Escadrille / Warner Bros. (drama romântico focalizando um rapaz de família rica, Thad Walker (Tab Hunter), que se alista com mais três companheiros – Bill Wellman (William Wellman, Jr.), Duke Sinclaire (David Janssen), Tom Hitchcock (Jody McCrea) – na Esquadrilha Lafayette. Na França, ele se apaixona por uma jovem prostituta, Renee Beaulieu (Etchika Choreau). Após vários incidentes, Thad se distingue como piloto em uma missão perigosa e se casa com Renee.

William Wellman em plena filmagem

William Wellman Jr. revelou na sua biografia “Wild Bill Wellman – Hollywood Rebel” (Pantheon Books, 2015) que, durante a Primeira Guerra Mundial, quando servia na Lafayette Flying Corps, seu pai se casou secretamente com uma francesa chamada Renee. Este matrimônio durou muito pouco, porque ela morreu vítima de um bombardeio. Sob os destroços do prédio onde sua esposa estava, ele encontrou apenas um dedo carbonizado e um pouco de sua mão e, no dedo, sua aliança de ouro. Mais tarde o cineasta se casaria sucessivamente com Helene Chadwick (1918-1923), Margery Chapin (1925-1926), Marjorie Crawford (1931-1933) e Dorothy “Dottie” Coonan (1934 – 1975, data do falecimento de Wellman na sua casa em Brentwood na Califórnia).

WILLIAM WELLMAN I

William Augustus Wellman (1896 – 1975) nasceu em Brookline, Massachusetts, filho da irlandesa Celia McCarthy e do inglês Arthur Gouverneur Wellman, que trabalhava em uma corretora de seguros. Em 1904, aos 46 anos de idade, Arthur desenvolveu um problema agudo de alcoolismo e foi substituído por alguém mais novo na corretora. A família foi obrigada a vender sua casa e se mudar para uma alugada na cidade vizinha de Newton, onde William e seu irmão terminaram o curso secundário e Celia arrumou emprego como assistente social (cujos encargos incluíram seu filho que se tornara um delinquente juvenil e fôra expulso do colégio). Após trabalhar como vendedor e operário em um depósito de madeira, Wellman tornou-se jogador professional de hokey no gêlo em Boston, onde o ator Douglas Fairbanks, o viu jogar, gostou dele e se mostrou disposto a lhe arranjar um emprego em Hollywood.

William Wellman

Em 1917, antes dos Estados Unidos entrarem na Primeira Guerra Mundial, Wellmann se apresentou como voluntário para o serviço de ambulância na França e depois se alistou na Legião Estrangeira Francêsa Ele recebeu treinamento como piloto e foi transferido para a esquadrilha Franco-American Flying Corps (depois denominada Lafayette Flying Corps), composta apenas de aviadores americanos. Nesta ocasião ganhou o apelido “Wild Bill” e recebeu a Croix de Guerre com duas palmas depois de executar várias missões perigosas e ser abatido pela bateria anti-aérea germânica. Wellman sobreviveu ao acidente, mas ficou manco pelo resto de sua vida.

De volta aos Estados Unidos, trabalhou como instrutor de combate da United States Air Service, no campo de aviação Rockwell em San Diego, Califórnia. Posteriormente pediu seu desligamento da Fôrça Aérea e começou a procurar emprego na vida civil. Enquanto fazia isto encontrou na sua mochila  um telegrama que Douglas Fairbanks lhe havia enviado, congratulando-o pela Cruz de Guerra e lhe oferecendo um emprego, quando retornasse da guerra. Ao saber que Fairbanks e Mary Pickford iam dar uma festa luxuosa (tendo como convidados Theda Bara, John Barrymore, Cecil B. DeMille, D. W. Griffith, William S. Hart, Harold Lloyd, Tom Mix, Will Rogers, Mack Sennett, Gloria Swanson, Norma Talmadge, Rudolph Valentino, para citar apenas algumas celebridades) em um campo de polo, Wellman vestiu seu uniforme cheio de medalhas entrou no seu avião e aterrisou no campo de golfe, depois de fazer várias piruetas no céu e passar raspando sobre os comvidados, causando enorme confusão. Já no solo ele foi recebido por Douglas e Mary. “Lembra-se de mim, Mr. Fairbanks? O senhor disse que se um dia eu viesse em Hollywood, que lhe procurasse. “Fairbanks respondeu: “Você sabe montar a cavalo?”. Wellmann: “Não, mas eu poderia”. Fairbanks: “Tenho um papel para você no meu novo filme. Venha comigo, vou apresentá-lo ao meu diretor Albert Parker”. Em vez de pilotar um avião, dentro em pouco Wellman estaria montando um cavalo (como o principal ator juvenil) com Douglas Fairbanks em Audaz e Caprichoso / The Knickerbocker Buckaroo / 1919, ganhando um salário de 200 dólares semanais.

Em seguida Wellman obteve um outro papel em Evangelina / Evangeline /1919, filme da Fox, escrito, produzido e dirigido por Raoul Wash e estrelado por Miriam Cooper. Na primeira cena do filme ele tinha que tirar Miriam de um barco e conduzí-la a salvo até a praia. Carregando a linda atriz nos seus braços, ele não resistiu, beijou-a e os dois pisaram em um buraco no oceano e desapareceram de vista. Miriam não sabia nadar, entrou em pânico e, para acalmá-la, Wellman esbofeteou-a. Ele conseguiu levar seu corpo inerte a salvo até os pés do diretor, mas a estrela era casada com Walsh e isto pôs fim à sua carreira de ator.

Fairbanks foi mais compreensível e colocou Wellmann como mensageiro no Pickford-Fairbanks Studio, porém seu salário passou de 400 para 22 dólares por semana. Todavia Wellman queria se tornar um diretor e começou a frequentar os sets de filmagem, o departamento de elenco e as salas de montagem. Ele até roubou scripts, novos e antigos, e se debruçou sobre eles, sempre do ponto de vista de um diretor. Além disso, viu tantos filmes quantos podia, estudando os maiores sucessos artísticos e comerciais. Assim foi progredindo de mensageiro para assistente de aderecista, aderecista, assistente de diretor, e eventualmente … diretor.

Wellmann serviu como assistente de diretores como E. Mason Hopper, Alfred Green, Clarence Badger, Charles Brabin, Emmett Flynn, Harry Beaumont, Colin Campbell e Bernard J. Durning. Durante a filmagem de A Fórmula Secreta / The Eleventh Hour / 1923, oitavo filme sob as ordens de Durning, a pedido dele, assumiu a direção, quando ele passou mal, alcoolizado. Wellman completou a filmagem com muita eficiência e, por recomendação do substituído, foi promovido a diretor. Seu primeiro compromisso como diretor foi Redenção de uma Alma / The Man Who Won / 1923, western estrelado por Dustin Farnum e ele dirigiu mais seis westerns na Fox, todos estrelados por Buck Jones: 1923 – Remendando Amores / Second Hand Love; Dan, o Grande / Big Dan; Amor e Chamas / Cupid´s Fireman. 1924 – Vagabundo Gentilhomem / The Vagabond Trail; Amizade Sublime / Not a Drum Was Heard; O Jaguarino / The Circus Cowboy.

Em uma segunda-feira de manhã o todo poderoso William Fox chegou no estúdio e Wellmann ficou esperando o dia todo para falar com ele. Já estava ficando tarde e a secretária estava se preparando para sair. Ela repetiu a frase que vinha falando o dia todo: “Mr. Fox está muito ocupado para vê-lo hoje”. De repente a porta da sala de Fox se abriu e ele saiu a caminho de casa. Fox parou, olhou para Wellman e disse: “O que é que você quer?”. Wellman respondeu com duas palavras: “Um aumento”. Fox também respondeu com duas palavras: “Está despedido” e saiu para o corredor. Wellman seguiu-o, lembrando-o de que havia feito sete filmes com o mesmo salário. Fox se virou e reafirmou: “Você me ouviu. Está despedido”.

Fox se encarregou de colocar seu ex-empregado na lista negra e ele se viu banido de todos os estúdios. Precisando de dinheiro, Wellman foi trabalhar com entregador de mercearia e, como o salário não dava para cobrir as despesas alimentares dele e de seu cachorro Chow, passou a roubar as mercadorias. Após mais de um ano nesta situação, Wellmann foi chamado por Harry Cohn, chefão da Columbia, para dirigir (em apenas três dias) Quando os Maridos Flertam / When Husbands Flirt / 1925. Nesta ocasião, sentindo remorso, Wellman restituiu o valor das mercadorias que havia roubado e esperava que, depois do lançamento do filme, a Columbia teria mais trabalho para ele. Como isso não aconteceu, ele deu um passo atrás e assinou contrato com a MGM como assistente de direção. Wellman exerceu esta função na filmagem de Sally, Irene e Mary / Sally, Irene and Mary (Dir: Edmund Goulding), assumiu momentaneamente a filmagem em The Way of a Girl / 1925 (Dir: Robert Vignola) e Ele e a Cigana ou O Rapaz e a Cigana / The Exquisite Sinner / 1926 (Dir: Josef von Sternberg, Phil Rosen) e, substituindo Robert Vignola em O Cavaleiro Pirata / The Boob / 1926, acabou dirigindo quase todo o filme, recebendo crédito por isso. Porém Louis B. Mayer e Irving Thalberg não gostaram do filme e despediram Wellman.

Buddy Rogers, Clara Bow e Richard Arlen em Asas

Wallace Beery, Richard Arlen e Louise Brooks em Mendigos da Vida

A esta altura, Quando os Maridos Flertam teve um grande sucesso e Wellmann chegou ao estúdio da Paramount Pictures Corporation, contratado por B. P. Schulberg, chefe de produção deste estúdio de 1925 a 1930. Na Paramount Wellman dirigiu: 1926 – Juramento de Amor / The Cat´s Pajamas (comédia com Betty Bronson, Ricardo Cortez); Amor Sem Rumo / You Never Know Women (drama tendo como pano de fundo um trupe teatral russa com Florence Vidor, Clive Brook, Lowell Sherman formando um triângulo amoroso). 1927 – Asas / Wings.  (drama de guerra / aviação com Buddy Rogers, Richard Arlen, Jobyna Ralston e Clara Bow, vencedor do primeiro Oscar de Melhor Filme, valorizado pela fotografia áerea de Harry Perry e pelos efeitos técnicos de Roy Pomeroy). 1928 – A Legião dos Condenados / The Legion of the Condemned (drama de espionagem / aviação com Gary Cooper, Fay Wray); Fidalgas da Plebe / Ladies of the Mob (drama criminal com Clara Bow, Richard Arlen); Mendigos da Vida / Beggars of Life (drama realista e muito bem filmado (com uma sequência inicial primorosa) sobre uma jovem (Louise Brooks) que mata seu pai adotivo, quando ele tenta estuprá-la, e foge  – vestida de homem – na companhia de um vagabundo (Richard Arlen), juntando-se a outros vagabundos (entre eles Wallace Beery), que viajam nos trens de carga). 1929 – No Bairro Chinês ou A Guerra dos Tongs / Chinatown Nights (drama criminal com Florence Vidor, Wallace Beery; O Homem Que Amo / The Man I Love (comédia-dramática / pugilismo com Richard Arlen, Mary Brian e Olga Baclanova); Armadilha de Mulher / Woman Trap (drama criminal com Chester Morris, Hal Skelly, Evelyn Brent). 1930 – Paraíso Perigoso / Dangerous Paradise (terceira versão de “Victory” de Joseph Conrad com Nancy Carroll, Richard Arlen); Águias Modernas / Young Eagles (drama / aviação com  Buddy Rogers, Jean Arthur).

James Cagney em O Inimigo Público

Joan Blondell, Ben LYyon e Barbara Stanwyck em Triunfos de Mulher

Dorothy Mackaill em Safe in Hell

Franchot Tone e Loretta Young em O Passado de uma Mulher

Richard Barthelmess e Loretta Young em Fome por Glória

Ward Bond em uma cena de Idade Perigosa

Em março de 1930 Wellman deixou a Paramount e assinou contrato com a Warner Brothers (que havia incorporado a First National), onde dirigiu: 1930 – Maybe It´s Love (comédia com Joe E. Brown, Joan Bennett, James Hall) 1931 – Other Man´s Women (tragicomédia em torno de um triângulo amoroso com Grant Withers, Mary Astor, Regis Toomey); O Inimigo Público / The Public Enemy (drama criminal violento, importante no desenvolvimento do subgênero filme de gângster com James Cagney, Jean Harlow, Eddie Woods); Triunfos de Mulher / Night Nurse (drama criminal intenso sobre uma enfermeira que descobre um plano terrível para deixar duas crianças sob seus cuidados morrerem de fome com Barbara Stanwyck, Ben Lyon, Joan Blondell, Clark Gable); O Preço do Dever / The Star Witness (melodrama criminal com Walter Huston, Frances Starr, Grant Mitchell, Sally Blane, Charles “Chic” Sale; Safe in Hell (drama criminal ousado para a época com uma trama sórdida focalizando uma prostituta que pensa ter matado um de seus clientes e foge para uma ilha remota com  Dorothy Mackaill, Donald Cook).1932 – Vingança de Buda / The Hatchet Man (drama criminal tendo como pano de fundo disputas entre gangues de Chinatown com Edward G. Robinson, Loretta Young);  No Palco da Vida / So Big! (melodrama baseado em romance de Edna Ferber com Barbara Stanwyck, George Brent, Bette Davis); Love is a Racket (comédia-dramática com Douglas Fairbanks, Jr., Frances Dee, Ann Dvorak, Lee Tracy);  O Preço da Compra / The Purchase Price (drama romântico com Barbara Stanwyck, George Brent); The Conquerors  (épico histórico com  Richard Dix, Ann Harding – realizado por Wellmann emprestado  para a RKO). 1933 – Sagrado Dilema / Frisco Jenny (melodrama na categoria “filme para mulheres” com Ruth Chatterton, Donald Cook, Louis Calhern; Atração dos Ares / Central Airport (drama  enfocando   a   rivalidade romântica entre dois irmãos pilotos no mundo da aviação com Richard Barthelmess, Sally Eilers, Tom Brown); Lily Turner (melodrama na categoria “filme para mulheres” com Ruth Chatterton, George Brent); O Passado de uma Mulher / Midnight Mary, melodrama com Loretta Young, Franchot Tone, Ricardo Cortez contando, por meio de um retrospecto em um ritmo rápido no estilo Warner Bros., close-ups belíssimos de Loretta e liberdade pré-código, a vida difícil de uma jovem que está sendo julgada por assassinato e como ela chegou a esta situação – realizado por Wellman emprestado para a MGM); Fome por Glória / Heroes for Sale, drama social contundente e amargo, mostrando como um ex-combatente na Primeira Guerra Mundial (Richard Barthelmess) suportou o vício da morfina, desemprego, perseguição política, encarceramento, morte de pessoas amadas (inclusive sua esposa, interpretada por Loretta Young) e se tornou um andarilho sem teto, porém adotando sempre uma atitude positiva diante da vida e acreditando no futuro da América; Idade Perigosa / Wild Boys of the Road (drama social vigoroso e realista acompanhando um grupo de jovens vagabundos durante a Depressão, viajando em trens de cargas e se defendendo dos detetives  corruptos da ferrovia na sua busca por um emprego e uma vida melhor com Frankie Darro, Edwin Phillips, Rochelle Hudson, Dorothy Coonan); Risos e Lágrimas / College Coach (drama passado em ambiente esportivo com Pat O’Brien, Dick Powell , Ann Dvorak, Lyle Talbot).

Paul Kelly, Peggy Conklin e Arthur Byron em O Presidente Desaparece

Jack Oakie e Clark Gable em O Grito dasSelvas

Warner Baxter em O Bandoleiro do Eldorado

James Stewart e Janet Gaynor em Garota do Interior

Fredric March e Janet Gaynor em Nasce uma Estrela

Fredric March, Carole Lombard e  em Nada é Sagrado

Robert Preston, Gary Cooper e Ray MIlland em Beau Geste

Ida Lupino e Ronald Colman em Luz Que Se Apaga

1934, cansado da trabalhar na Warner sem ter controle sobre seus filmes, saiu do estúdio e até o ínicio da década de quarenta fez, celebrando contratos com uma ou outra companhia: Procurando Encrenca / Looking for Trouble / Twentieth Century (drama criminal com certa dose de comédia com Spencer Tracy, Jack Oakie, Constance Cummings; O Bandoleiro do Amor / Stingaree / RKO-Radio (aventura romântica de época President Vanishes / Walter Wanger Productions (thriller exposto em narrativa ágil e inspirados toques cinemáticos – entre eles a antológica metáfora da cena do cinzeiro metamorfoseando magnatas em abutres -, concernindo o misterioso desaparecimento do presidente  dos Estados Unidos (Walter Byron) enquanto aproveitadores inescrupulosos planejam jogar  os Estados Unidos em uma guerra européia com Paul Kelly, Peggy Conklin, Edward Arnold, Andy Devine, Rosalind Russell além de Byron. 1935 – O Grito das Selvas / The Call of the Wild / Twentieth Century (northwestern em adaptação livre do romance de aventura de Jack London, mas com direção dinâmica, tomadas de câmera marcantes e exteriores das montanhas e florestas cobertas de neve esplendidamente fotografados por Charles Rosher com Clark Gable, Loretta Young, Jack Oakie, Reginald Owen). 1936 – O Bandoleiro do Eldorado / Robin Hood of Eldorado / MGM (cinebiografia romanceada  de Joaquim Murietta (Warner Baxter), o peão mexicano que virou fora-da-lei ao vingar o brutal assassinato da esposa por garimpeiros  americanos, no sul da Califórnia em 1859, acionada dinâmicamente e com boas cenas como a do enforcamento do meio-irmão do herói emquanto este é chicoteado, a festa no acampamento colorida de exotismo  e a perseguição entre matas e rochas até o fugitivo cair morto sobre o túmulo de sua amada. Além de Baxter estão no elenco: Bruce Cabot, Margo, J. Carroll Naish e Ann Loring); Garota do Interior / Small Town Girl / MGM (comédia romântica muito divertida com Janet Gaynor como uma garota do interior que se apaixona por um médico da cidade grande intrerpretado por Robert Taylor, arma um plano para se casar com ele enquanto ele está bêbado, mas depois os dois se apaixonam. 1937 – Nasce uma Estrela / A Star is Born / Selznick-International (drama absorvente sobre um famoso ator de cinema, alcoólatra (Fredric March), que descobre uma jovem talentosa (Janet Gaynor) e a transforma em estrela; mas, à medida que a carreira dela cresce, a dele entra em declínio. O filme foi apontado para o Oscar além de concorrer em várias categorias, saindo vencedor na de História Original (de Wellmann e Robert Carson). Um Oscar especial foi atribuído a W. Howard Greene pela sua esplêndida fotografia em Technicolor); Nada é Sagrado / Nothing is Sacred / Selznick-International (comédia dramática satirizando sagazmente a imprensa marrom, com roteiro de Ben Hetch cheio de cinismo e elementos da comédia maluca. O centro das atenções é a pequena do interior (Carole Lombard) que pensa estar morrendo de doença rara e se vê transformada por um reporter (Fredric March) em heroína nacional – no entanto o diagnóstico estava errado. 1938 – Conquistadores do Ar / Man With Wings / Paramount (drama  envolvendo um triângulo amoroso (Fred MacMurray – Ray MIlland – Louise Campbell) e mostrando etapas do crescimento da indústria aeronáutica Beau Geste / Beau Geste  / Paramount (adaptação do romance clássico de aventura na Legião Estrangeira escrito por P.C. Wren, tão boa quanto a versão muda de Brenon e filmada na região desértica de Yuma, fotografada  como se fosse o Saara por dois mestres: Theodor Sparkhul e Archie Stout – com Gary Cooper, Ray Milland, Robert Preston, Brian Donlevy, Susan Hayward, J. Carroll Naish. Donlevy e os cenógrafos Hans Dreier e Robert Odell concorreram ao Oscar; Luz Que Se Apaga / The Light That Failed / Paramount (adaptação bem sucedida do romance de Rudyard Kipling sobre um pintor (Ronald Colman), que vê seu amor rejeitado pela namorada de infância e truncada a carreira, justamente quando criara sua obra prima (o retrato de uma jovem cockney magnificamente interpretada por Ida Lupino), pela perda de visão.

 

 

EXTRAS, SUBSTITUTOS E DUBLÊS – OS DESCONHECIDOS DO CINEMA

Eles fazem parte da indústria de cinema quase desde o seu início, mas são geralmente desconhecidos e despercebidos pelo público. Extra ou Figurante (Background Actor), é aquele ator cujo papel não tem uma fala no filme. Substituto (Stand-In) é a pessoa que assume o lugar dos atores para a realização de testes de fotografia, iluminação, ensaios, etc. Dublê (Stuntman) é um profissional treinado, contratado para executar proezas físicas perigosas.

Para escrever este artigo, inspirei-me e colhí boas informações no livro de Anthony Slide Hollywood Unknowns (University Press of Mississipi, 2012), consultando também o seu The New Historical Dictionnary of the American Film Industry (Scarecrow Press, 1998). Slide é autor de uma quantidade íncrivel de livros de cinema, que tenho sempre imenso prazer de ler juntamente com os de Kevin Brownlow, outro eminente historiador britânico.

Os extras da tela tiveram como antecedentes os extras do palco e não se confundiam com eles. Estes últimos faziam parte da profissão teatral. Já os primeiros extras do cinema não tinham nenhuma experiência de cinema como atores. Eram indivíduos fascinados pelo glamour do cinema e pela possibilidade, não somente de fazer parte da cena, mas principalmente de serem notados e obterem um papel de verdade no filme.

Inicialmente, salvo raras exceções, os estúdios contratavam os extras diretamente. Os escritórios dos casting directors (diretores de elenco) dos estúdios ficavam abarrotados, de candidatos a extra. Um dos diretores de elenco mais famoso foi Fred Datig, que exerceu primeiramente esta função na Universal, transferindo-se depois sucessivamente para a Famous Players Lasky / Paramount e MGM, onde ficou até sua morte em 1951. O dress extra era um tipo de extra que possuía e sabia usar com elegância roupas formais para cenas de festas, etc. Por isso, ganhava mais do que um extra comum.

Duas grandes produções de Cecil B. DeMille dos anos vinte, Os Dez Mandamentos / The Ten Commandments / 1923 e O Rei dos Reis / The Kings of Kings / 1927 empregaram numerosos extras e a Warner Bros. contratou cerca de cinco mil extras para a realização de A Arca de Noé / Noah´s Ark / 1928, dirigido por Michael Curtiz. Apesar dos arquivos do estúdio silenciarem a respeito, muitos extras teriam sido gravemente feridos e ocorrido pelo menos um óbito durante a filmagem da sequência do dilúvio.

Os Dez Mandamentos

 

A Arca de Noé

Em 4 de dezembro de 1925, por iniciativa de Will H. Hays e da Motion Picture Producers and Distributors of America (MPPDA) foi criado oficialmente o Central Casting Bureau para classificar os milhares de indivíduos (60% dos quais mulheres) que procuravam emprego como extras na indústria cinematográfica. Os objetivos principais do Central Os objetivos do Central Casting eram: acabar com as altas taxas cobradas dos extras pelas agências de emprego privadas; garantir que os eles fossem pagos na forma da lei; desencorajar o influxo de pessoas aglomerando-se em Hollywood na tentativa de emprego como extras; garantir um emprego estável para extras qualificados. Para os estimados 30 mil aspirantes a extras em Hollywood o Central Casting tornou-se a única fonte de trabalho.

Entre as atrizes do cinema silencioso que começaram como extras estavam por exemplo: Evelyn Brent, Gloria Swanson, Joan Crawford, Norma Talmadge, Florence Vidor, Mae Marsh, Seena Owen, Mary Philbin, Laura La Plante, Betty Bronson, Norma Shearer, Claire Windsor, Lois Wilson. Entre os atores: Rudolph Valentino, George Walsh, Clark Gable, Gary Cooper, David Niven. Durante a era sonora podemos citar Lana Turner e Alan Ladd.  O diretor Fred Zinemann trabalhou como extra em Sem Novidade no Front / All Quiet on the Western Front / 1930 como um soldado alemão e como um chofer de ambulância francês.

Ao contrário, algumas estrelas e astros do cinema silencioso encerraram suas carreiras como extras, como foi o caso de Florence Turner, a “Vitagraph Girl” e seu galã no mesmo estúdio Maurice Costello. Cecil B. DeMille empregou vários atores do cinema mudo como extras em Cleopatra / Cleopatra / 1933 entre eles William Farnum, Julanne Johnston, Jack Mulhall, Bryant Washburn, Claire McDowell e em Vendaval de Paixões / Reap the Wild Wind / 1942 ele usou, além de outros, Monte Blue, Mildred Harris, Dorothy Sebastian. Em abril de 1936 Louis B. Mayer anunciou a colocação de pelo menos uma dúzia de astros do cinema mudo na folha de pagamento da MGM como extras, entre eles, o ex-diretor King Baggot, Helene Chadwick, Flora Finch, Florence Lawrence e a primeira esposa de Valentino, Jean Acker.

Cena de A Última Ordem (Emil Jannings na fila dos extras)

Cena de The Life and Death of 9413: a Hollywood Extra

Dois filmes famosos fizeram alusão aos extras e às suas experiências em um estúdio. Na produção da Paramount A Última Ordem / The Last Command / 1928, dirigida por Josef von Sternberg, Emil Jannings faz o papel do ex-General Dolgorucki, fugitivo da Revolução de 1917 que, para sobreviver, trabalha como extra em Hollywood. The Life and Death of 9413: a Hollywood Extra / 1928, co-escrito e dirigido por Robert Florey e Slavko Vorkapich, considerado um marco do cinema americano de vanguarda, conta a história de Mr. Jones (Jules Raucourt), que vai para Hollywood, com a intenção de se tornar um astro, e acaba desumanizado, reduzido pelos executivos de estúdio a um extra, com o número 9413 escrito na sua testa.

Os substitutos não devem ser confundidos com os dublês de corpo (body doubles), pessoas que atuam em cenas que atores ou atrizes não querem fazer (v. g. cenas de amor ou de nudismo). Algumas produções pedem que dois personagens apareçam no mesmo plano, retratados por um único ator. Um dublê de corpo interpreta um dos personagens enquanto um ator creditado interpreta o outro, permitindo assim que ambos os personagens apareçam simultaneamente diante da câmera.

Comumente se diz que a idéia do stand-in teve origem nos anos vinte, quando Pola Negri sugeriu que fôsse substituída por um boneco ou um manequim, mas parece que houve exemplos anteriores. Slide cita como exemplo o caso de Blanche Sweet que, ao contrair escarlatina durante a filmagem de The Escape / 1914 de D. W. Griffith, foi substituída em algumas cenas por uma atriz menor chamada Claire Anderson, muito parecida com ela.

Julie Haydon substituta de Ann Harding

Ainda segundo Slide, nos anos trinta os substitutos eram comuns nos sets de filmagem dos estúdios. Algumas estrelas tinham substitutas que haviam sido ou eram elas próprias atrizes. A substituta de Ann Harding era Julie Haydon, que trabalhou como leading lady no cinema, mas era mais conhecida na Broadway; Joan Crawford teve como substituta Ann Dvorak, antes que esta tivesse sido elevada ao estrelato na Warner Bros.; a carreira de atriz infantil dos anos dez, Baby Marie Osborne já estava encerrada há muito tempo, quando ela se tornou substituta de Ginger Rogers e posteriormente de Deanna Durbin. Katharine Hepburn usava duas irmãs, Mimi e Patricia (Patsy) Doyle como substitutas. Esta última também trabalhou como dançarina e substituta de Barbara Stanwyck e continuou no cinema até 1942, quando se casou com o então montador e futuro diretor Robert Wise.

Slide enumera muitos outros exemplos de substitutos, mas vou citar apenas alguns para não cansar o leitor, mencionando primeiro o nome da substituta ou substituto e entre parêntesis o da atriz ou ator substituído: Edna Weckert (Mae West), Fern Barry (Helen Hayes), Pluma Noison (Claudette Colbert), Helene Holmes (Alice Faye), Kathryn ou Kay Stanley (Irene Dunne), Sally Sage (Bette Davis), Geraldine De Vorak (Greta Garbo);  Victor CHatten (Lew Ayres), “Dutch” Petit (Richard Barthelmess e depois Paul Muni),  Tommy Noonan (Tyrone Power), Ted Hall (George Raft), Bill Hoover (Charles Laughton e Edward Arnold), Art Berry Jr. (Herbert Marshall), Malcom Merrihugh (Cary Grant), Bill Meader (Fredric March),etc. etc. Alguns substitutos trabalharam para vários atores:  Leonard Mann para Eddie Bracken, Dick Powell, Bing Crosby e Wendell Corey; Gale Mogul para Eddie Cantor, Ronald Colman, Adolphe Menjou, Leslie Howard, Robert Donat e Charles Boyer. Os astros infantís também tinham seus substitutos. Marilyn Granas substituía Shirley Temple (depois Granas foi substituída por Mary Lou Isleib), Gloria Fisher substituía Jane Withers, Carol Ann Saunders substituía Margaret O´Brien e Barbara Campbell substituía Virginia Weidler.

Mary Lou e Shirley Temple

Entre os substituídos e substitutos dos anos 40 selecionei na lista enorme de Slide: Byron Fitzgerad (William Holden), Neil Collins (George Raft), Gordon Clark (Douglas Fairbanks Jr.), “Fig” Nelson (Charles Boyer), Tommy Summers (Alan Ladd), June Kilgore (Paulette Goddard), Ruth Peterson (Rita Hayworth). Para terminar, por receio de enfastiar o leitor, em Casablanca / Casablanca / 9142, Betty Brooks substituiu Ingrid Bergman e Russ Llewellyn substituiu Humphrey Bogart.

Em 1939 os stand-ins formaram sua própria organização fraterna, Hollywood Standin Players, Inc., que depois mudou o nome para Hollywood Stand-Ins Guild. Nos anos 40 foi organizada a Associated Stand-Ins of Hollywood, que introduziu seus próprios prêmios, os Elmers Awards.

Richard Talmadge em uma de suas cenas arriscadas

Harvey Parry o dublê de Harold Lloyd em

O uso de dublês data de 1908. Embora muitos atores e atrizes do cinema silencioso – particularmente os comediantes – realizassem suas acrobacias, os dublês eram usados quando necessários. Richard Talmadge e Harvey Parry serviram de dublês para Harold Lloyd. Talmadge dublou para Douglas Fairbanks. Numerosos stuntmen dublaram para Pearl White nos seus seriados. Geralmente os nomes dos dublês não era divulgado e a indústria se apegou ao mito de que os astros excutavam suas próprias façanhas arriscadas.

Yakima Canutt em ação

Os dublês tornaram-se mais conhecidos do que os extras e substitutos, porém muitos dublês do cinema mudo permanecem anônimos. No meu artigo Grandes Dublês do Cinema Americano de Outrora, publicado neste blogue em 28 de Outubro de 2013,   forneço mini-cinebiografias de Bob Rose, Richard Talmadge, Cliff Lyons, David Sharpe, Enos Edward Canutt (Yakima Canutt), Dick Grace, Al Wilson, Ormer Locklear, Albert Paul Mantz, Tom Steele, Dale Van Sickel. Yakima Canutt notabilizou-se pelo seu trabalho como diretor de segunda unidade em Ben-Hur / Ben-Hur / 1959 e recebeu um Oscar honorário em 1966. Ormer Locklear, especialista em vôos acrobáticos, morreu em 1920 enquanto filmava Aviador Temerário / The Skywayman / 1920. Paul Mantz perdeu a vida quando filmava O Vôo da Fênix / Flight of the Phoenix / 1965. Alguns dublês tornaram-se astros como George O´Brien, Jock Mahoney, Rod Cameron e George Montgomery.

Paul Mantz

Uma dublê chamada Winna Brown, ficou conhecida pelas suas habilidades de equitação. Ela fazia o papel de índias na Universal em 1910 e nos anos vinte dublou Norma e Constance Talmadge. Quando Joseph Schildkraut foi contratado para contracenar com Norma Talmadge em Canção de Amor / The Song of Love / 1923, descobriu-se que ele tinha medo de cavalos e então Norma fez com que Winna Brown o dublasse. Uma dublê feminina pioneira dos anos trinta foi Lila Finn que apareceu em mais de cem filmes. Ela serviu como dublês de Dorothy Lamour em O Furacão / The Hurricane / 1937 nadando e mergulhando na locação na ilha de Pago Pago em Samoa e de Paulette Goddard, descendo pelas corredeiras em Vendaval de Paixões / Reap the Wild Wind /1942 e Os Inconquistáveis / Unconquered / 1947. Em Ladrão de Casaca / To Catch a Thief / 1955 de Alfred Hitchcock ela dublou a ladra interpretada por Brigitte Auber, pulando de um telhado para outro e eventualmente caindo de um deles e sendo segurada pela mão de Cary Grant.

SHAKESPEARE NO CINEMA (1899-1957)

O Cinema foi atraído por Shakespeare desde sua invenção. Em 1899, apenas quatro anos depois que os irmãos Lumière promoveram a primeira projeção pública do seu Cinematógrafo em Paris, William Kennedy-Laurie Dickson filmou em Londres uma cena de quatro minutos da peça King John de Shakespeare, protagonizada pelo ator Sir Herbert Beerbohm Tree.

Nos anos seguintes a relação Shakespeare-Cinema progrediu através de três estágios de desenvolvimento: era do cinema silencioso, as primeiras experiências com o som em Hollywood e na Inglaterra, e uma grande fase internacional após a Segunda Guerra Mundial, iniciada com os filmes de Laurence Olivier e Orson Welles.

A fase silenciosa cobriu três décadas do século, de King John de Dickson a A Mulher Domada / Taming of the Shrew / 1929 de Sam Taylor, o primeiro filme shakespereano falado, estrelado por dois astros consagrados, Mary Pickford e Douglas Fairbanks. Nestes trinta anos mais de 400 filmes mudos foram baseados em Shakespeare, a maioria com apenas um ou dois rolos (10 ou 20 minutos de duração), entre eles The Taming of the Shrew / 1908 (17 minutos) de David Wark Griffith, produzido pela American Mutoscope BIograph e Macbeth, Romeo and Juliet, Richard III, Antony and Cleopatra / Julius Caesar, The Merchant of Venice, King Lear, A Midsummer Night´s Dream de J. Stuart Blackton, realizados para a American Vitagraph Company.

O primeiro filme shakespereano de longa-metragem (55 minutos) parece ter sido Richard III / 1912, co-produção franco-americana, dirigida por André Calmettes e James Keane, com Frederick Warde no papel principal. A única cópia sobrevivente era de propriedade de um ex-projecionista de um cinema de Portland, Oregon, que doou o filme para o American Film Institute em 1996, sem saber que estava preservando uma preciosidade cinematográfica.

As peças de Shakespeare têm alcance global e logo cineastas de vários países demonstraram interesse pela realização de filmes shakespereanos. Um exemplo curioso foi o filme alemão Hamlet / Hamlet / 1921 (Dir: Svend Gade) com a célebre atriz dinamarquesa Asta Nielsen no papel de Hamlet que, no caso, é uma mulher.  Na trama, baseada em um livro do americano Edward P. Vining, Hamlet nasceu uma menina. Como o nascimento ocorreu quando seu pai estava lutando em uma guerra contra a Velha Noruega, na qual se disputava terras existentes entre os dois países, a rainha Getrudes escondeu a verdadeira identidade da criança, como proteção caso seu esposo fosse morto na batalha. Quando a menina cresce, ela tenta expor a traição de Claudius, suprimindo o tempo todo sua paixão por Horácio. Outra grande atriz, Sarah Bernhardt, havia interpretado Hamlet na tela em 1900, porém estava representado um papel masculino e não uma mulher vestida de homem.

Outros atores – Godfrey Tearle (Romeo and Juliet / 1908); Jacques Grétillat (Hamlet / 1908); Jean-Mounet-Sully (Hamlet / 1910); Ermete Novellli (Re Lear / 1910); Constance Benson (Julius Caesar, Macbeth, The Taming of the Screw e Richard III / todos de 1911); Amleto Novelli (Marco Antonio e Cleopatra / Marc’Antonio e Cleopatra / 1913); Sir Johnston Forbes-Robertson (Hamlet / 1913);Matheson Lang (The Merchant of Venice / 1916); Frederick Warde (The Life and Death of King Richard III / 1912, King Lear / 1916); Ruggero Ruggeri (Hamlet / Amleto / 1917) – seguiram os passos de Beerbohm Tree, Asta Nielsen, Sarah Bernhardt e no British Film Catalog (1895-1970) de Dennis Gifford (McGraw-Hill, 1973) encontramos diversos filmes shakespereanos ou inspirados em obras do Bardo, incluindo versões cômicas ou paródias.

Mickey Rooney e Olivia de Havilland em Sonho de uma Noite de Verão

Leslie Howard e Norma Shearer em Romeu e Julieta

Quando o cinema começou a falar, teve que se confrontar com o texto profundo e poético de Shakespeare. O segundo filme shakespereano falado reuniu o notável diretor de teatro alemão Max Reinhardt com seu conterrâneo companheiro de exílio, o diretor de cinema William Dieterle, em Sonho de uma Noite de Verão / A Midsummer Night´s Dream / 1935. Embora repleta de atores populares (Dick Powell, Olivia de Havilland, James Cagney, Joe E. Brown, Mickey Rooney, Anita Louise, etc.) e tecnicamente inventiva, esta produção da Warner Bros. não encontrou um público e o filme shakespereano seguinte Romeu e Julieta / Romeo and Juliet / 1937, produzido pela MGM dirigido por George Cukor, talvez por causa da idade avançada de seu Romeu (Leslie Howard, 43 anos e sua Julieta (Norma Shearer com 35 anos), não teve melhor destino na bilheteria.

Laurence Olivier e Elizabeth Bergner em Como Gosteis

No início dos anos trinta a famosa atriz polonesa Elizabeth Bergner e seu marido alemão Paul Czinner, fugiram da Alemanha nazista para Londres onde, em colaboração com o dramaturgo J.M. Barrie, participaram da realização do filme shakespereano Como Gosteis / As You LIke It / 1936, estrelado por ela e Laurence Olivier; porém o espetáculo não teve o sucesso esperado, deixando a impressão de que Shakespeare e o Cinema não se combinavam.

Entretanto, o primeiro filme de Olivier como diretor, Henrique V / Henry V / 1944, deu início a uma grande fase internacional de obras cinematográficas no gênero, que compreendeu, nos anos 40-50, mais dois filmes de Olivier, Hamlet / Hamlet / 1948 e Ricardo III / Richard III / 1955; Macbeth, Reinado de Sangue / Macbeth / 1948 e Othelo / The Tragedy of Othello: The Moor of Venice / 1951 de Orson Welles;  Júlio César /  Julius Caesar  de J. L. Mankiewicz /  1953;  Romeu e Julieta / Giulietta e Romeo  / 1954 de Renato Castellani; Otelo, o Mouro de Veneza / Otello / 1956 de Sergei Youtkevich; Trono Manchado de Sangue / Kumonosu-jô / 1957 de Akira Kurosawa. Destaco em negrito os melhores.

 

Henrique V

Henrique V

Encarregado do comando de todo o projeto  (como diretor, ator principal, co-autor do roteiro e co-produtor),  no momento em que os Aliados estavam reunidos na Inglaterra para planejar e lançar uma invasão massiva da França a fim de retomar a Europa de Hitler, Laurence Olivier percebeu que o texto shakespereano (embora dizendo respeito a uma outra invasão da França bem menor mas igualmente famosa, levada a efeito por um jovem rei inglês em 1415), devidamente ajustado, poderia servir ao esforço de guerra. Com esta compreensão, ele concebeu ao mesmo tempo uma peça de propaganda estimulante e uma obra de arte cinematográfica, misturando habilmente teatro e cinema, em uma profusão de cores e efeitos técnicos surpreendentes. Sua idéia mais fértil foi começar e terminar o filme pela descrição realista de uma representação do teatro elisabetano. O espetáculo começa com a panorâmica de uma maquete da Londres Elizabetana e em seguida a câmera nos conduz pelo Tâmisa até uma réplica do Globe Theater. Após as cenas de abertura, filmadas como se estivéssemos diante de uma performance da peça de Shakespeare no Globe, o filme volta no tempo para a França no final da Idade Média, mostrada por cenários pintados e paisagens construídos no palco de filmagem de um estúdio. Finalmente, Olivier transporta a narrativa para uma locação na Irlanda, onde filma a Batalha de Agincourt. Transcorridos alguns acontecimentos na côrte francesa, o espetáculo retorna ao Globe para o final. Nas cenas da batalha – empolgantes por seu movimento, sua montagem e pela música agitada de Wiliam Walton – com a câmera ao ar livre, o filme se torna totalmente cinematográfico, salientando-se outro grande momento, como a alocução feita aos soldados por Henrique, finalizada quando o rei, sobre uma carreta e cercado por todos, faz a incitação ao combate. O idílio dele no fim com a princesa Catherine (Renée Asherson) encanta pela graça do diálogo e comportamento dos atores.

 

Hamlet

Hamlet

Apesar da eliminação drástica de várias personagens da peça como Fortimbrás, Reinaldo e a dupla Rosencrantz e Guildenstein e da alteração de vários trechos até em sua colocação em cena, como foi o caso do monólogo “To be or not be”, recitado após o encontro com Ofélia (Jean Simmons), quando devia precedê-lo, trata-se aqui de uma adaptação cinematográfica soberba da obra-prima de Shakespeare, feita pelo melhor especialista. Olivier optou por uma leitura Edipiana do texto e, embora enunciado como a história de um homem indeciso, o filme mostra um Hamlet em ação, quase sempre impulsivo e violento, que trama sua vingança com forte determinação. O diretor abandona o Technicolor brilhante de Henrique V, para explorar, com a fotografia em preto e branco contrastada, a atmosfera sombria e profundamente psicológica de Elsinore, onde se desenvolve o drama do atormentado Príncipe da Dinamarca. Combinando profundidade campo com a movimentação incessante da câmera pelos cenários tenebrosos do castelo, com suas escadas gigantescas e corredores intermináveis, Olivier cria uma espécie de paralelismo com o que se passa no âmago de Hamlet, sondando sua inteligência secreta, que se manifesta por vezes através de solilóquios em voz over como monólogos interiores. Avultam, pela sua dramaticidade, as cenas da representação dos comediantes na côrte reconstituindo o crime nefando de Claudio (Basil Sidney), a visita incestuosa de Hamlet ao quarto de sua mãe (Eileen Herlie) ocasionando a morte acidental de Polônio (Felix Aylmer), e o duelo final trágico.

 

Ricado IIIr

Ricardo III.

Tal como nas suas precedentes transposições para a tela das obras de Shakespeare, Laurence Olivier logrou de forma admirável, traduzir o pensamento do dramaturgo elisabetano com os recursos da câmera cinematográfica. Suprimindo personagens (como a rainha Margaret), acrescentando outros (como Jane Shore, apenas mencionada na peça), ou refazendo cenas (Ricardo seduz Anne não diante do caixão de seu sogro Henrique VI, mas do seu esposo), soube traçar um retrato perfeito do ambicioso e diabólico Duque de Gloucester e sua conspiração contra o rei para se apoderar da corôa que, em primeiro plano, abre e fecha o espetáculo. Uma das originalidades do filme é que Ricardo é um vilão disforme e carismático que, confidenciando seus planos diretamente para os espectadores, os faz cúmplices de suas tramas e crimes; ele acaba manipulando o público tão habilmente quanto faz com seus rivais pelo trono da Inglaterra. O diretor usa por vezes a sombra de Ricardo como uma metáfora visual, refletindo o defeito físico e moral do protagonista e sua perversidade. Como ator, Olivier compõe magnificamente esta figura envolvente e sinistra, cercado por um elenco de apoio notável, no qual se destacam Cedric Hardwicke (Eduardo IV); Ralph Richardson (Duque de Buckingham); John Gieguld (Duque de Clarence); Claire Bloom (Lady Anne).

 

Macbeth

Macbeth, Reinado de Sangue.

Nesta sua primeira incursão na obra de William Shakespeare, produzida com poucos recursos, em vez de uma representação acadêmica, Orson Welles preferiu realizar um espetáculo inovador bárbaro e barroco, influenciado pelo expressionismo e pelo cinema de Eisenstein, criando com audácia estilística uma atmosfera fantasmagórica e funérea, que confere ao relato um poder visual impressionante. Utilizando cenários primitivos de formações rochosas (v. g. o castelo escocês cujos interiores mais parecem grutas) envoltos em sombras e névoas; fazendo todo o elenco dizer suas falas com sotaque escocês; suprindo ou mudando a ordem de cenas, e até mesmo criando um novo personagem como o Homem Santo com longas tranças (Alan Napier) para acentuar o conflito com a antiga religião; impondo um vestuário insólito (v. g. a coroa em forma de tridente de Macbeth) e, evidentemente, expondo sua enorme visão de cinema em cenas admiráveis como a morte de Duncan (Erskine Sanford) off-screen e a aproximação de Macduff (Dan O´Herlihy) e dos soldados ingleses no final, Welles confirmou plenamente seu gênio artístico.

 

Otelo

Othelo

Apesar da filmagem ter sido perturbada por problemas financeiros e interrompida por períodos de tempo prolongados, Welles conseguiu juntar os fragmentos rodados quase que inteiramente em múltiplos interiores e exteriores naturais na Itália e no Marrocos, oferecendo-nos uma transcrição visualmente excitante da obra do Bardo. O cineasta resolveu contar a história em retrospecto, filmando primeiro os funerais do Mouro de Veneza e de Desdêmona (Suzanne Cloutier) em vez de seguir um relato linear tal como na peça. Desde o plano de abertura em íris do rosto de Otelo no seu caixão a Iago suspenso em uma gaiola nas muralhas de Mogador, ao assassinato de Rodrigo  (Robert Coote) no banho turco sob o som de bandolins, à perseguição de Cassio  (Michael Lawrence) nos esgotos de Chipre, à capela abobadada onde se dá a morte de Desdemona, ele demonstra uma criatividade sem limites, exprimindo em termos puramente cinematográficos (por meio de planos breves, variedade dos enquadramentos e ritmo sempre dinâmico)  os lances de perfídia, ciúme e ódio que motivam a tragédia shakespereana.

 

Trono Manchado de Sangue

Trono Manchado de Sangue

Akira Kurosawa transfere o drama inglês para o Japão medieval, adaptando-o à uma cultura, que o enriquece. Inspirado pela simplicidade e estilização do Teatro Nô, a peça é reduzida, vários personagens secundários desaparecem, os lugares de ação são limitados a duas fortalezas e à floresta, os diálogos são ínfimos, a voz over não é utilizada, os atores se deslocam o mínimo possível, os cenários são minimalistas e em lugar das três feiticeiras em torno de um caldeirão, só subsiste uma, trabalhando em sua roda de fiar como uma Parca – a deusa da mitologia romana clássica que controla o destino dos mortais, que tece o fio da vida. Dois samurais do século XVI, Washizu (Toshiro Mifune) e Miki (Minoru Chiaki) substituem os dois cavaleiros escoceses Macbeth e Banquo e o bosque de Birnam torna-se a brumosa e emaranhada floresta perto do Castelo da Teia de Aranha, que põe em destaque o fantástico latente na peça de Shakespeare. A força expressiva de Kurosawa manifesta-se em sequências antológicas como aquela em que um bando de pássaros, assustados porque o inimigo está destruindo a floresta, invadem a câmara do castelo onde Washizu preside um conselho de guerra. Sem poderem sair, as aves atacam os cortesãos atônitos, que vêem isso como um mau agouro. Washizu se levanta e diz que se trata de um bom augouro, porque significa que o inimigo está encurralado na floresta. Pouco depois, ouve-se um grito. Washizu decide ver do que se trata e no caminho vai sendo esbarrado por várias moças que estão correndo assustadas até que encontra sua esposa Asiju (Isuzu Yamada) tentando em vão lavar as mãos encharcadas de sangue. Outra sequência memorável ocorre no final quando, ao perceber a “floresta” que se move, Washizu entra em pânico.  As flechas batem na madeira ao redor dele, cravam em sua armadura, e depois na sua carne. Lentamente, cambaleante, ele desce as escadas do castelo como um porco-espinho humano. Mesmo nesta condição, ele confronta seus inimigos, seus próprios homens. Então uma flecha trespassa seu pescoço. É um esplêndido final, quase operístico.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

UFA

 

A Universum-Film-Aktiengesellchaft (ou Universum AG) foi o conglomerado cinematográfico mais importante da Alemanha durante a República de Weimar e o Terceiro Reich e concorrente direta de Hollywood.

Durante a Primeira Guerra Mundial as autoridades alemãs perceberam a influência que os filmes anti-germânicos exerciam por toda a parte no exterior e reconheceram a insuficiência da sua produção de filmes doméstica. Para satisfazer às enormes demandas, os produtores inundaram o mercado com filmes de qualidade inferior à maior parte das películas estrangeiras; além disso, o cinema alemão não foi animado pelo mesmo zelo propagandístico que o cinema dos Aliados demonstrava.

Alfred Hugenberg

Consciente desta situação perigosa, as autoridades germânicas tentaram mudá-la, intervindo diretamente na produção de filmes. Em 1916, por iniciativa de Alfred Hugenberg, presidente do conselho de administração da indústria de aço e armamentos Krupp, foi fundada a Deustsche Lichtbild – Gesellschaft (DLG) – que depois da Primeira Guerra Mundial se tornou Deulig Film -, uma companhia cinematográfica para divulgar a Pátria no âmbito doméstico e no exterior através de filmes documentários. No início de 1917 foi criada a Bufa (Bild-und Filmamt), agência governamental com a finalidade de propiciar salas de exibição para as tropas na frente de batalha e fornecer esses documentários, que registravam atividades militares.

Isso já era algo, mas não o suficiente. Quando após a entrada dos Estados Unidos na guerra os filmes americanos tomaram conta do mundo, incentivando o ódio da Alemanha com uma fúria incomparável, os círculos de liderança germânicos concordaram que somente uma organização de grandes proporções seria capaz de neutralizar esta campanha. O todo-poderoso General Ludendorff, tomou a iniciativa de recomendar uma fusão das principais companhias cinematográficas, para que suas energias dispersas pudessem ser canalizadas em benefício do interesse nacional. Suas sugestões eram ordens. Por força de uma resolução adotada em novembro de 1917 pelo Alto Comando Militar Alemão em contato próximo com financistas, industriais e armadores, a Messter Film de Oskar Messter, a Union de Paul Davidson e as companhias controladas pela firma dinamarquesa Nordisk – com o apoio de um grupo de bancos – se fundiram em uma nova empresa: Ufa (Universum Film A. G.)

A nova companhia teve à sua disposição o capital apreciável de 25 milhões de marcos. O primeiro Conselho Administrativo foi constituído por membros da alta burguesia do período guilhermino e financistas e industriais prusso-germânicos e presidido por Emil Georg von Strauss do Deutsche Bank. Em 14 de fevereiro de 1918 a UFA foi registrada na Junta Comercial com a missão oficial de fazer propaganda da Alemanha de acordo com a diretivas do governo. Para atingir seus objetivos, tinha que melhorar o nível da produção doméstica, porque somente filmes de padrão artístico elevado poderiam rivalizar com as realizações estrangeiras. Animada por este interesse a Ufa reuniu uma equipe de produtores, artistas e técnicos talentosos e organizou o trabalho de estúdio com aquela meticulosidade da qual dependia o sucesso de toda campanha propagandística.

Com a fundação da Ufa a indústria cinematográfica alemã foi “Germanizada”. Desde 1914 os distribuidores foram impedidos de trazer filmes franceses e britânicos, logo depois filmes italianos e, a partir de 1917, também os filmes americanos. Ao mesmo mesmo tempo, ironicamente, o patriotismo fílmico germânico estava exausto. A guerra não era mais uma novidade e havia se tornado doloroso relembrá-la todo dia na tela. O público preferia ver a série de filmes do detetive Stuart Webb, criada antes da guerra pelo produtor e diretor Joe May e interpretado pelo ator Ernst Reicher. Diante da iminente derrota da Alemanha a maior preocupação dos líderes civís da Ufa era manter a empresa intacta e adotar todas as medidas que pudessem, para assegurar um futuro financeiro favorável nos próximos anos.

Graças à política de fusão promovida sob a proteção do Deustsch Bank, a Ufa desde o início ostentou uma galeria de astros com grandes nomes e apelo de bilheteria. Da Union de Paul Davidson vieram os diretores Ernst Lubitsch e Paul Wegener estes trouxeram seus colaboradores mais íntimos, o roteirista Hans Kraly e o diretor de arte Rochus Gliese, estrelas como Asta Nielsen, Pola Negri, Ossi Oswalda, Erna Morena, Harry Liedtke, Victor Janson, Emil Jannings, Hans Junkermann e muitos outros.  Da Messter de Oskar Messter a Ufa levou o diretor e ator Viggo Larsen assim como Henny Porten, Bruno Decarli, Arnold Rieck e outros favoritos do público. Em 1918 a Ufa comprou a May-Film de Joe e Mia May (obtendo o seu amplo estúdio em Weissensee) e assumiu dois estúdios em Tempelhof.

Em 1921, para superar dificuldades econômicas graves devidas à hiperinflação, a Ufa necessitava de uma drástica infusão de capital (algo como um aumento de 25 para 100 milhões de marcos), mas o Ministro das Finanças disse que isto estava fora de questão. Foi então recomendado que o principal acionista assumisse as ações do Reich, que se retiraria completamente da empresa. O principal acionista era o Deutsche Bank.

Em 1922, após a privatização, foi formalizada a fusão entre a Ufa e a Decla-Bioscop, a segunda maior companhia cinematográfica alemã. Em virtude desta fusão a Ufa se mudou para os estúdios da Bioscop em Neubabelsberg, expandiu-os  e recebeu em suas fileiras mais figuras proeminentes do Cinema Alemão como os diretores Ludwig Berger, Johannes Guter, Carl Froelich, E. A. Dupont, Fritz Lang, F. W. Murnau; o chefe de produção Eric Pommer; roteiristas como Thea von Harbou e Carl Meyer; arquitetos talentosos como Robert Herlth, Walter Röhrig, Hermann Warm, Otto Hunte, Rochus Gliese, Erich Czerwonski; fotógrafos como Karl Freund, Carl Hoffman, Axel Graatkjär, Fritz Arno Wagner, Eric Washneck e atores e atrizes como Lil Dagover, Aud Egede Nissen, Grete Berger, Agnes Straub, Gertrud Welcker, Paul Richter, Rudolf Klein-Rogge, Alfred Abel, Bernard Goetzke, Paul Hartmann,  Gustav von Wangenheim, Anton Edthofer, Werner Krauss, Hermann Thimig entre outros.

Cena de Siegfried

Cena de A Última Gargalhada

Graças ao talento destes artistas e técnicos e à capacidade organizacional de seus dirigentes a Ufa se impôs no mercado internacional e foi responsável pelos grandes clássicos da época áurea do cinema alemão como, por exemplo,  Siegfried / Die Nibelungen: Siegfried / 1924 (e sua segunda parte, A Vingança de Kriemhild / Die Nibelungen: Kriemhilds Rache) e Metrópolis / Metropolis de Fritz Lang ou Fausto / Faust: Eine deustche Volkssage / 1926 e A Última Gargalhada / Der letzte Mann / 1927 de Murnau. Porém não somente os filmes, como também seus estúdios e cinemas magníficos (e o esplendor de suas pré-estréias), ajudaram a empresa a adquirir uma fama especial.  O Ufa-Palast am Zoo, localizado perto do Jardim Zoológico de Berlim, inaugurado em 1919 e ampliado em 1926, foi o maior cinema da Alemanha até 1929 e um dos principais locais de pré-estréias no país.

Entretanto, a estratégia agressiva de expansão da Ufa, com superinvestimentos na produção de filmes monumentais como Siegfried e Metrópolis foi esgotando gradualmente o seu capital. Com estas produções em larga escala a Ufa tentou penetrar no mercado americano, porque o mercado alemão era muito pequeno para recuperar seus custos; porém o sucesso nos Estados Unidos não aconteceu e seus gestores admitiram que não poderiam resolver seus problemas financeiros sem ajuda externa. Assim, em troca de um empréstimo de 4 milhões de dólares, a Ufa celebrou um acordo sobre direitos de distribuição, com a Metro-Goldwyn-Mayer e a Paramount, conhecido como Acordo Parufamet, pelo qual grande estúdio alemão se comprometeu a comprar 20 filmes de cada parceiro americano anualmente e reservar 75% (percentagem depois reduzida para 50%) do tempo de exibição para eles na sua cadeia de cinemas. A Paramount e a MGM cada qual compraria dez filmes da Ufa por ano, para serem distribuídos nos cinemas americanos – com a condição onerosa de que eles “atendessem aos gostos dos espectadores americanos”.

Estúdio Tempelhof

Estúdio Neubabelsberg

O Acordo Parafumet não melhorou em nada a situação da Ufa. Esta – com suas 140 subsidiárias; suas sucursais em Amsterdan, Budapest, Helsinque, Londres, Praga, Roma, Estocolmo, Viena, Zurich, Nova York e vinte e sete outras cidades; seus 134 cinemas pelo mundo todo; seus 390 mil metros quadrados de espaço nos estúdios Tempelhof e Neubabelsberg -, necessitava de um salvador e o encontrou na forma de Alfred Hugenberg, conservador profundo com convicções anti-democráticas, dono do grupo editorial Scherl-Verlag e da Deulig Film. Em março de 1927 Hugenberg tornou-se o senhor todo-poderoso da Ufa e colocou um diretor executivo de seu grupo, Ludwig Klitzsch, no comando do estúdio. Em 1929 a reorganização da Ufa estava praticamente concluída. Ela permitiu que a empresa passasse incólume pelos anos de crise antes de 1933, mas em muitos casos que desse  maior peso às preocupações políticas do que às econômicas.

O período entre 1933 e 1945 foi caracterizado por um aumento constante do controle da indústria cinematográfica pelo governo. Em 1942, toda a indústria de cinema foi consolidada em um truste colossal: a Ufa-Film GmbH, mais conhecida como “Ufi”, administrada por Fritz Hippler, que foi nomeado Reichsfilmintendant (Administrador do Cinema do Reich). A Ufi incluia a Ufa-Film Kunst, Bavaria-Film Kunst, Tobis-Film. Kunst, Terra-Film Kunst, Prag-Film (criada pela apropriação dos estúdios Barrandov e Hostivar da firma checa AB-Film film fabrikation),  Wien-Film (criada pela apropriação da Tobis-Sascha Film Industrie AG, filial vienense da Tobis), Continental (criada para a produção na França de filmes com capital alemão e mão de obra francesa), Berlin-Film (criada para dar trabalho aps cineastas desempregados pela liquidação de companhias privadas), Mars-Film (antigo Serviço Cinematográfico do Exército compreendendo um laboratório e um estúdio de gravação em Berlin-Spandau), Deutsche Zeichenfilm (companhia produtora de animação).

Durante algum tempo a maioria dos estudos sobre o Cinema do Terceiro Reich concentrou-se nos filmes de propaganda explícita, porém recentemente os pesquisadores tiveram mais acesso aos filmes do período 1933-1945 e verificaram que os filmes de entretenimento (Unterhaltungsfilme) dominavam o mercado. O cinema nazi favorecia o ilusionismo. Seu objetivo em geral não era para o público ser confrontado com a realidade, mas para o público encontrar uma evasão da realidade.

Zarah Leander

Foi um cinema dominado pelos astros e sobretudo pelas estrelas. Adoradas pelos fãs e fotografadas pelas revistas ilustradas, as atrizes famosas proporcionavam a extravagância e o glamour, que havia sido eliminado da cultura oficial. As mais famosas na época foram: Zarah Leander (anunciada como a Garbo alemã), Kristina Söderbaum (a loura ingênua que personificava a mulher ariana ideal), Marika Rökk (frequentemente comparada a Eleonor Powell e Ginger Rogers), Lilian Harvey, Martha Eggerth, Renate Müller, Marlene Dietrich, Käthe von Nagy, Brigitte Helm. Olga Tschekowa, Paula Wassely, Brigitte Horney, Sibylle Schmitz, Pola Negri, Lil Dagover, Lida Baarova, Jenny Jugo, Marianne Hoppe, Louise Ullrich, La Jana. Entre os atores masculinos destacavam-se: Heinrich George, Emil Jannings, Werner Krauss, Hans Albers, Willy Fritsch, Gustav Fröhlich, Gustaf Gründgens, Willi Forst, Luis Trenker, Hans Söhnker, Jan Kiepura, Paul Hartman, Carl Raddatz, Paul Klinger, Paul Wegener, Karl-Ludwig Diehl, Heinz Rühmann, Mathias Wieman, Adolph Wohlbrück, Harry Piel, Johannes Hesters, Willy Birgel, Hans Moser.

Hans Albers e Kate von Nagy

Willi Forst e Olga Tschekowa

Leni Riefenstahl

Veit Harlan e Kristina Soderbaum

Lilian Harvey e Willy Fritsch

Os diretores foram muitos: Willi Forst, Leni Riefenstahl, Veit Harlan, Josef von Baky, Géza von Bolvary, Eduard von Borsody, Richard Eichberg, Arnold Fank, Carl Froelich, Georg Jacoby, Wolfgang Liebeneiner, Reinhold Schünzel, Herbert Maisch, Luis Trenker, Gustav Ucicky, Gerhard Lamprecht, Viktor Tourjansky, Karl Hartl, Erich Washneck, Paul Wegener, Frank Wysbar, Karl Anton, Rolf Hansen, Victor Janson, E. W. Emo, Gerhard Lamprecht, Helmut Käutner, Johannes Meyer, G. W. Pabst, Arthur Maria Rabenalt, Walter Reisch, Herbert Selpin, Karl Ritter, Hans Steinhoff, Detlef Sierk, Hans Heinz Zerlett, Werner Hochbaum, Kurt Hoffman, Ludwig Berger, Rolf Hansen, Hubert Marischka e outros.

Martha Eggerth

Adolph Wohlbrück e Renate Muller

Marika Rokk

Nos anos 30 o cinema alemão foi o mais exibido em nosso país depois do cinema americano, tendo grande penetração na colônia alemã e também junto ao grande público, que apreciava principalmente as comédias românticas ou musicais de Martha Eggerth, Renate Muller, Marika Rökk e os melodramas de Zarah Leander. Inaugurado em 1926, o Colyseo Paulista, um enorme cinema de rua localizado no início da Av. Duque de Caxias, ainda no largo do Arouche, foi o primeiro a ostentar o logotipo da empresa cinematográfica germânica Ufa. Em 1936 o Ufa-Palácio com linhas modernistas e capacidade para 3.139 lugares seria inaugurado na Av. São João e se tornaria o grande exibidor de filmes alemães em terras paulistanas. No final de 1939 poucos meses após o irromper da Segunda Guerra Mundial o Ufa-Palácio foi rebatizado para Art-Palácio.

Quando o exército vermelho entrou em Berlim todos os altos executivos e administradores da Ufi já haviam partido há muito tempo. No abrigo de Neubabelsberg e no porão do edifício da Ufa em Dönhoffplatz e no escritório e oficina na Krausenstrasse os funcionários, agachados, esperavam seu destino. Mal os soviéticos chegaram, eles começaram a desmantelar as instalações de administração e produção da Ufa, e ao mesmo tempo uma guerra fria estourou entre os americanos e soviéticos sobre os ativos e arquivos da Ufi e suas subsidiárias. Enquando o exército vermelho em Neubabelsberg estava limpando o equipamento, câmeras, refletores, mesas de montagem, gruas, luzes de emergência e geradores, os empregados do escritório em Dönhoffplatz escondiam das tropas soviéticas a existência do cofre com os arquivos administrativos da Ufa, dinheiro e ações; em poucas semanas, eles foram transportados secretamente para Tempelhof, que estava no setor americano.

A primeira e principal meta dos aliados depois da capitulação germânica foi o desmantelamento da estrutura monopolística hierarquicamente organizada da produção, distribuição e exibição, supervisionada pelo Ministro da Propaganda Joseph Goebbels. A difícil tarefa assumida pelo Ufa Liquidation Commitee (ULC) após a aprovação da assim chamada Lex Ufi em 1949, só foi completada em 1953. A Bavaria foi entregue à propriedade privada em 1956. Em 1964 o grupo editorial Bertelsmann adquiriu a Universum AG, a predileta  de Ludendorff, Hugenberg e  Goebbels.

Obs. Ver mais sobre o Cinema no Terceiro Reich na minha postagem de 28 de julho de 2019).

HOLLYWOOD CONTRA O JAPÃO

Em 7 de dezembro de 1941 a Fôrça Aérea Japonesa atacou a base militar americana de Pearl Harbor em Honolulu no Terrítório do Havaí e praticamente destruiu a maioria dos navios atracados naquele porto bem como aviões e instalações importantes da base. O ataque levou à entrada formal dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial primeiro contra o adversário oriental e depois contra a Alemanha e a Itália. Há mais de dois anos Hollywood já vinha produzindo filmes antifascistas, alertando para a inevitabilidade de uma guerra contra a Alemanha Nazista e agora a terrível profecia da indústria de cinema tornou-se realidade, não na Europa como estes filmes frequentemente previram, mas em uma ilha muito distante no Havaí.
Segundo observou John W. Dower no seu magnífico “War Without Mercy – Race and Power in the Pacific War” (Pantheon, 1986), para a indústria de cinema isto significou uma mudança de ênfase de um inimigo europeu para um adversário oriental, um beligerante que, por causa de suas diferenças faciais, de tamanho e pigmentação, prestou-se à caricatura. Nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha os japoneses eram mais odiados do que os alemães. Não havia contrapartida japonesa para o “bom alemão” na consciência popular dos aliados ocidentais. Estes, por exemplo, enfatizavam consistentemente a natureza “subhumana” dos japoneses, recorrendo rotineiramente a imagens de macacos e vermes para transmitir isto.
As frases favoritas do Almirante Halsey (comandante da 3a Fôrça Tarefa na Guerra do Pacífico), para designar os japoneses eram “yellow bastards” (bastardos amarelos) e “stupid animals” (animais estúpidos). Nas suas memórias escritas depois da guerra ele se referiu a eles como “monkeymen” (homens macacos). Em Iwo Jima (onde as baixas americanas foram de seis mil mortos e vinte e cinco mil feridos enquanto a fôrça japonesa de defesa de vinte mil homens foi praticamente aniquilada), muitos fuzileiros navais foram para a batalha com o rótulo “Rodent Exterminator” (Exterminador de Roedores) estampado nos seus capacetes.
Ainda conforme Dower, o jornalista Ernie Pyle (retratado na tela por Burgess Meredith em Também Somos Seres Humanos / The Story of G.I. Joe / 1945), que ganhou fama cobrindo a guerra na Europa e depois foi transferido para o Pacífico, disse para seus milhares de leitores que o inimigo na Asia era diferente. “Na Europa nós sentimos que nossos inimigos, horríveis e mortais como eles eram, ainda eram pessoas”, ele explicou em um des seus primeiros relatórios do Pacífico. “Mas lá fora eu logo percebí que os japoneses eram vistos como algo subhumano e repulsivo, à maneira como algumas pessoas se sentem em relação a baratas ou ratos”. Cartunistas, compositores, cineastas, correspondentes de guerra e a mídia em geral aproveitaram essas imagens assim como os cientistas sociais e os especialistas em Asia, que se aventuraram a analisar o “caráter nacional” japonês durante a guerra. Os filmes de Hollywood praticamente canonizaram estas percepções contrastantes do inimigo.
Dower segue dizendo que esta distinção entre o inimigo na Asia e o inimigo da Europa derivou menos dos acontecimentos da guerra do que de um preconceito racial profundo, como se refletiu nos primeiros meses de 1942, quando o governo americano encarcerou os nipo-americanos em massa sem tomar nenhuma ação comparável contra os residentes de origem germânica ou italiana. Com efeito, os cidadãos de extração japonesa foram tratados com maior suspeita e severidade dos que os estrangeiros alemães ou italianos – apesar do fato de que o German-American Bund, organização pro-nazi fundada em 1936 e composta por cidadãos americanos de origem germânica (com uma filiação estimada de 20 milhões) já estivesse agitando os Estados Unidos em nome de Hitler desde antes de irromper a guerra e também levando em conta que não se tivesse notícia, antes de Pearl Harbor ou depois, de uma subversão organizada entre a comunidade japonesa.
Em um estágio muito inicial do conflito, quando os japonêses supostamente inferiores varreram a Asia colonial como um redemoinho e fizeram milhares de prisioneiros aliados, outro estereótipo vingou: o japonês superhomem, dotado de uma disciplina espantosa e habilidades de luta. Um fluxo infinito de evidências, variando de atrocidades a táticas suicidas, poderia ser citado para substanciar a crença de que os japonêses eram um inimigo excepcionalmente desprezível e formidável, que não merecia misericórdia e devia ser exterminado.
Clayton R. Koppes e Gregory D. Black no seu livro “Hollywood Goes to War – How Politics Profits and Propaganda Shaped World War II Movies” (University of California, 1990) observaram que, anos de propaganda anti-japonesa nos Estados Unidos, reforçada por Pearl Harbor e relatos bem divulgados do que os militaristas de Tóquio haviam feito contra os amigos chineses, produziram imagens negativas assustadoras na cultura popular americana. Em 1944 uma enquete mostrou que 13% dos Americanos queriam matar todos os japoneses. Em 1945 cerca de 22% do público expressou desapontamento com o fato de que não tivessem sido jogadas mais bombas atômicas nos japoneses. Hadley Cantrill da Universidade de Princenton conduziu uma pesquisa para o OWI (Office of War Information), pedindo aos americanos que escolhessem uma lista de palavras descrevendo os japoneses: 73 % selecionaram traiçoeiros, 62 % astutos, e 55% cruéis. Segundo os dois autores citados, os filmes sobre o Japão não fizeram nenhum esforço para mostrar um soldado japonês envolvido pelas circunstâncias fora de seu controle ou um chefe de família que ansiava pelo seu lar ou um oficial que desprezasse os militaristas, embora apoiasse a campanha militar. Isso está em nítido contraste com o retrato dos soldados alemães que eram frequentemente mostrados como seres humanos decentes distintos dos nazistas.
Comparados com os alemães e japoneses, os italianos eram raramente retratados nos filmes de Hollywood pouco antes e durante a guerra. Michael S. Shull e David Edward Wilt (“Hollywood War Films, 1937-1945: An Exhaustive Filmography of American Feature Length Motion Pictures Relating to World War II” (McFarland, 1996) sugerem que isso pode ter sido porque os italianos nunca foram considerados uma ameaça séria. E, na opinião de Robert McLaughlin e Sally E. Parry (We’ve Always Have the Movies – American Cinema During World War II (University Press of Kentucky, 2006), pode-se especular que a indústria de cinema americana estava relutante em alienar o grande número de frequentadores de cinema ítalo-americanos.
Em outro livro importante, “Hollywood Propaganda of World War II” (Scarecrow, 1994), Robert Fyne examina os filmes americanos realizados durante e especificamente sobre a Segunda Guerra Mundial, analisando a máquina de propaganda dos estúdios e no capítulo terceiro, Remember Pearl Harbor: Hollywood Attacks Japan, ele faz referência aos filmes anti-japoneses e conclui: “Como propaganda, nenhum outro grupo de filmes jamais alcançou a eficácia dos filmes anti-japonêses produzidos durante a Segunda Guerra Mundial.

FILMES DE PROPAGANDA ANTI-JAPONESA PRODUZIDOS POR HOLLYWOOD DURANTE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL:

ACROSS THE PACIFIC / Garras Amarelas / 1942. Warner (Dir: John Huston, Vincent Sherman).
Julgado por uma côrte marcial, o militar Rick Leland (Humphrey Bogart) é expulso do exército americano. Trata-se, no entanto, de uma manobra destinada a facilitar seu trabalho de contra-espionagem. A fim de cumprir sua missão, ele embarca em um navio japonês, no qual viaja um dos espiões, o Dr. Lorenz (Sidnet Greenstreet), o homem que fora encarregado de seguir, e acaba descobrindo o plano dos sabotadores para dinamitar o Canal de Panamá. Quando as filmagens estavam quase terminadas, Huston foi convocado pelas Fôrças Armadas e, antes de se incorporar, iniciou uma cena em que Bogart está amarrado a uma cadeira, cercado por dezenas de soldados nipônicos. O estúdio o substituiu por Vincent Sherman e encontrou um jeito, incrivelmente implausível, de salvar o herói: um dos soldados tem um ataque de loucura e Bogie escapa na confusão.

AIR FORCE / Águias Americanas / 1943. Warner (Dir: Howard Hawks).
Focaliza a “Mary Ann”, uma Fortaleza Voadora B-17 cujo vôo de treinamento de rotina de San Francisco em 6 de dezembro de 1941 para o Havaí, transforma-se em aventura e heroismo, quando a tripulação (John Ridgely, Gig Young, Harry Carey, Arthur Kennedy, John Garfield, Charles Drake, George Tobias entre outros) se vê diante do ataque japonês a Pearl Harbor na manhã seguinte e depois entra em ação em Wake Island, nas Filipinas e na Batalha do Mar de Coral. O filme mostra os militares japoneses como selvagens sedentos de sangue. Em uma cena um japonês metralha um americano que desce de paraquedas. Quando o artilheiro da “Mary Ann” abate um avião japonês ele grita: “Japa frito caindo!”. Uma bela cena é a do comandante no seu leito de morte enquanto a tripulação simula a decolagem.

BACK TO BATAAN / Espírito Indomável / 1945. RKO (Dir: Edward Dmytryk).
John Wayne é o comandante que recebe a incumbência de continuar a resistência contra os japoneses nas Filipinas apesar de que as fôrças americanas principais tivessem sido derrotadas. Ele organiza um grupo de retardatários americanos e de batedores Filipinos para combater como guerrilheiros nas selvas, a fim de preparar o caminho da bem sucedida invasão de re. Muitas cenas – incluindo a queda de Corregidor e a infame Marcha para a Morte de Bataan – retratam os japoneses como selvagens, bestiais e desumanos. Um tímido professor filipino (Vladimir Sokoloff) recusa-se a profanar a bandeira americana e é brutalmente enforcado, envolto naquele emblema nacional.

 

BATAAN / A Patrulha de Bataan / 1943. MGM (Dir: Tay Garnett).
Pequeno grupo de soldados americanos (treze ao todo entre eles George Murphy, Lloyd Nolan, Thomas Mitchell, Desi Arnaz, Lee Bowman, Robert Walker, o negro Kenneth Spencer e dois filipinos) comandados pelo sargento Bill Dane (Robert Taylor), luta em uma ação de retaguarda, para atrasar uma ofensiva inimiga, a fim de assegurar o sucesso da retirada aliada de Bataan após a derrota. Um a um eles são mortos pelos japoneses, que atiram sem ser vistos das árvores próximas, capturam homens em patrulha e os torturam, para deixar os homens restantes loucos. Um dos filipinos tenta cruzar as linhas japonesas de noite. Na manhã seguinte é encontrado mutilado e balançando em uma árvore. Em uma das melhores cenas, o piloto (George Murphy), ferido ao tentar levantar vôo para buscar auxílio, bate seu avião danificado em uma ponte, para evitar que o inimigo cruze uma posição estratégica. Finalmente os japoneses saem de seus esconderijos e avançam em direção à câmera, parecendo um bando de insetos. Dane, o único americano ainda vivo, dispara sua metralhadora contra eles, determinado a levar o máximo deles consigo.

BEHIND THE RISING SUN / Atrás do Sol Nascente / 1943. RKO (Dir: Edward Dmytryk).
Nas ruínas bombardeadas de Tóquio em 1943 um diplomata japonês (J. Carroll Naish) lamentando a morte de seu filho Taro Seki (Tom Neal), educado na Universidade de Cornell nos EUA e se preprando para cometer hara kiri contra em retrospect a história trágica da participação de sua família na militarização de seu país. O filho amado que o diplomata havia encorajado para se alistar no Exército Imperial Japonês torna-se um fanático brutal. Como oficial na China ele comete atrocidades e testemunha contra sua noiva (Margo) e seus amigos americanos, acusados em um julgamento de espionagem (ameaçados por guardas armados com varas de bamboo). Em uma cena terrível (apenas sugerida) os soldados japoneses jogam um bebê chinês de uma janela e a criança é apanhada lá embaixo pela ponta de uma baioneta.

BETRAYAL FROM THE EAST / A Máscara Oriental / 1945. RKO (Dir: William Berke).
Agentes nipônicos contratam o ex-recruta Eddie Carter (Lee Tracy), para obter os planos de defesa do Canal de Panamá, achando que ele servira naquele país e obterá os dados de um antigo companheiro de armas. Para ganhar dinheiro dos japoneses Eddie inventou toda esta história, mas depois, por um sentimento de patriotismo, torna-se agente duplo, trabalhando clandestinamente para as fôrças de inteligência de Tio Sam. Eddie envolve-se românticamente com Peggy (Nancy Kelly), agente da Inteligência Militar, porém ela é assassinada pelos japonêses e seus cúmplices nazistas. No desenlace da trama, Eddie desmascara o Comandante Miyazaki (Richard Loo) – que se faz passar por Tani, estudante de línguas na Universidade de Stanford – como o chefe da rêde de espionagem, mas vem a ser morto em um tiroteio final com os japonêses. Duas cenas se destacam: a morte de Peggy em uma sauna e a luta corpo a corpo de Eddie com Miazaki, antes de ser morto.

BLOOD IN THE SUN / 1945 / Sangue sob o Sol). William Cagney Prod. – UA (Dir: Frank Lloyd).
Em 1928 no Japão Nick Condon (James Cagney) repórter investigativo do “Tokyo Chronicle”, de propriedade americana publicado em inglês publica uma matéria sobre um plano secreto japonês para conquistar o Extremo Oriente. O “Plano Tanaka” é denunciado como um mito pelas autoridades japonesas, mas Nick obtém cópia de um documento de uma espiã eurasiana, Iris Hilliard (Sylvia Sidney), a serviço da China. O plano é autenticado por um nobre japonês amante da paz e entregue a Iris para levá-lo para fora do Japão e depois Nick consegue chegar à Embaixada Americana, apesar dos japoneses terem tentado matá-lo. Quando o chefe de polícia de Tóquio, diante do representante da embaixada que viera socorrer seu concidadão, propõe que o incidente seja esquecido, dizendo “Forgive your enemies” (Perdoe seus inimigos), Nick responde: “Forgive your enemies but first get even” (Perdoe seus inimigos, mas primeiro vingue-se”).

BOMBARDIER / Bombardeio / 1943. RKO (Dir: Richard Wallace).
Em uma reunião de equipe o Major Chick Davis (Pat O´Brien) e o Capitão “Buck” Oliver (Randolph Scott) divergem sobre métodos de bombardeio. Oliver defende o uso do bombardeio de mergulho e Chick o bombardeio de grande altitude com bombas de alta precisão. Os dois vão ser instrutores em uma escola de treinamento de cadetes. Após Pearl Harbor, promovido a Coronel, Chick torna-se comandante de um grupo de fortalezas voadoras B-17 e parte para uma base secreta em uma ilha do Pacífico. Na base, Oliver, agora major, se junta ao grupo pouco antes dele levantar vôo para bombardear uma fábrica em Nagoya no Japão. Voando baixo, o bombardeiro de Oliver é abatido, antes que ele possa jogar as bombas. Ele e o restante de sua tripulação são capturados. Os japoneses executam os outros membros da tripulação para coagir Oliver e seu auxiliar Dixon (Barton MacLane) a revelar a localização de sua base. Ao tentar escapar, Dixon é metralhado, mas os tiros também atingem um caminhão carregado de barrís de gasolina. Oliver dirige o caminhão através da fábrica, incendiando sua rede de camuflagem e iluminando o alvo, sabendo que será morto por seus próprios companheiros.

BOMBS OVER BURMA / Estrada da Birmânia. 1942 (Dir: Joseph H. Lewis).
Em Chungking, a professora Lin Ying (Anna May Wong) recebe a incumbência de descobrir quem está passando informações sobre um comboio com suprimento de alimentos e assegurar a sua passagem através da Estrada da Birmânia. Após um bombardeio no qual é morto um de seus pequeninos alunos, Lin Ying embarca em um ônibus no qual estão, entre outros passageiros, Sir Roger Howe (Leslie Denison), na realidade um agente alemão, mancomunado com os japoneses. A certa altura os passageiros do ônibus são obrigados a se refugiar em um monastério cujo monge, Me-Hoi (Noel Madison) é um espião chinês. Quando Sir Roger descobre que Me-Hoi e Lin Ying estão a serviço do governo chinês, ele os prende, acusando-os de estar a serviço dos japoneses e os coloca sob a guarda do motorista do ônibus, o americano Slim Jenkins (Nedrick Young); mas eles conseguem convencê-lo de que Sir Roger é que deve ser preso. Para provar que o falso inglês é de fato um espião, Lin Ying o desafia para viajar com ela e Slim no primeiro caminhão do comboio, sabendo que, se eles forem atacados, certamente serão mortos. No momento em que ouve o som de aviões, ele fica apavorado e salta do caminhão. Lin Ying faz sinal para os trabalhadores chineses que estão por perto, eles cercam Sir Roger, e o matam. Tudo não passou de um truque para desmascarar Sir Robert, pois os aviões eram americanos.

CHINA / Irmãos em Armas / 1943. Paramount (Dir: John Farrow).
No outono de 1941 o americano oportunista David Jones (Alan Ladd) e seu parceiro Johnny Sparrow (Wiliam Bendix) estão na China vendendo gasolina para os ocupantes japonêses. Durante uma de suas viagens ele se depara com Carolyn Grant (Loretta Young), uma professora americana e suas alunas chinesas, que estão tentando escapar das tropas invasoras. Jones naturalmente não está preocupado com o perigo que elas correm e fica furioso ao saber que seu parceiro deu uma carona para as moças na trazeira de seu caminhão. Carolyn tenta convencer Jones que ele deve se juntar aos guerrilheiros na luta pela liberdade da China, mas ele não se comove. Entretanto, quando os japoneses estupram uma das alunas que fôra visitar sua família em uma fazenda e matam uma camponesa carregando no colo um menino orfão (que Johnny havia apelidado de “Donald Duck”), Jones planeja a vitória final sobre os japonêses. Os guerrilheiros, bem como Carolyn e suas alunas, colocam as cargas de dinamite nas montanhas diretamente sobre uma passagem pela qual devem passar os japoneses. Para ganhar tempo, Jones para o comboio japonês e provoca o seu general, que se delicia em lhe contar que Pearl Harbor acabou de ser atacada e surgiu uma “Nova Ordem” no mundo. Jones rebate, dizendo que a Nova Ordem não vai prosperar porque milhões de homens de pouca importância como ele por todo o mundo têm a liberdade nas veias. Assim que termina seu discurso, a dinamite explode, matando todos os japoneses juntamente com Jones, que de bom grado deu sua vida para a “Nova China”.

CHINA GIRL / Paixão Oriental / 1942. Twentieth Century-Fox (Dir: Henry Hathaway).
No final de 1941, Johnny Williams (George Montgomery), fotógrafo de cinejornais americano, é detido pelas fôrças japonesas de ocupação. Enquanto execuções em massa de civís descritos pelos japoneses como “espiões” ocorrem em uma área próxima, Johnny recusa uma oferta de dinheiro para fotografar a construção da Estrada de Burma. Esperando ser morto na manhã seguinte, Johnny e outro prisioneiro Major Bull Wead (Victor MacLaglen), com a ajuda de uma amiga de Bull, Fifi (Lynn Bari), os dois escapam e, na sua fuga, eles têm que rastejar por uma vala cheia de cadáveres das pessoas recentemente executadas. Dirigindo um avião japonês, Johnny chega à base dos Flying Tigers, onde resiste em ser recrutado pelos pilotos voluntários americanos, apaixona-se por Haoli Young (Gene Tierney), uma professora meio chinesa, e se envolve em espionagem, acabando por descobrir que Bull e sua colaboradora Fifi (Lynn Bari) estão a serviço dos japoneses. Durante um ataque aéreo japonês a jovem é morta enquanto está lendo um poema para a sua classe de estudantes chineses. Com um menino alimentando a munição de uma metralhadora, Johnny abate um dos aviões inimigos, para se vingar da morte de sua “garota chinesa”. O filme tem início com um prólogo dizendo: “Um americano lutará por somente três coisas – por uma mulher, por ele próprio, e por um mundo melhor”.

CHINA LITTLE DEVILS / Tormenta na China / 1945. Monogram (Dir: Monta Bell).
Quando Big Butch Dooley (Paul Kelly), piloto da esquadrilha Tigres Voadores, aterrissa seu avião nas ruínas de uma aldeia chinesa, ele resgata um menino ferido orfão de guerra. O menino (“Ducky” Louie) é adotado pelos Tigres Voadores e aprende com eles táticas de comandos. Entretanto, Big Butch e seus companheiros compreendem que o menino, apelidado de Little Butch, necessita de uma educação e o enviam para a Escola de uma Missão, administrada pelo bondoso Doc Temple (Harry Carey), sob a bandeira americana ainda neutra. Enquanto está na escola, Little Butch organiza um grupo de meninos refugiados e os treina para atividades de guerrilha. Apesar dos apelos de Doc, os órfãos – agora denominados “Little Devils” – fogem da Missão de noite a fim de atacar os japoneses. Durante uma de suas incursões, os “Little Devils” se apoderam de um estoque de gasolina muito útil para os Tigres Voadores. Após Pearl Harbor e a subsequente entrada dos Estados Unidos na guerra, os meninos resgatam Doc Temple dos japoneses e ainda salvam a tripulação de um bombardeiro americano abatido, inclusive Big Butch. Quando tentam escapar, uma patrulha japonesa converge sobre eles e os bravos jovens guerrilheiros sacrificam suas vidas em um tiroteio contra o inimigo. Algum tempo depois, o espírito de Little Butch acompanha Big Butch, quando ele joga uma carga de explosivos em Tóquio.

CHINA SKY / Sob o Céu da China / 1945. RKO (Dir: Ray Enright).

A aldeia chinesa de Wan-Li é um alvo frequente para os ataques aéreos japoneses, porque serve de base para os guerrilheiros O líder da guerrilha Chen Ta (Anthony Quinn) chega com um oficial japonês ferido Yasuda (Richard Loo). Chen Ta quer que Yasuda se recupere, para que possa ser julgado por crimes de guerra. O hospital da aldeia é dirigido pelo Dr. Gray Thompson (Randolph Scott|) e Sara Durand (Ruth Warrick). Thompson voltou recentemente dos Estados Unidos com sua esposa socialite Louise (Ellen Drew). Durante o próximo ataque aéreo Louise entra em pânico e perde o respeito dos aldeões. O médico coreano, Dr. Kim (Philip Ahn), que é (sem que ninguém saiba) meio-japonês, não gosta dos americanos e tem ciúmes do de Chen Ta, porque este se interessa por sua prometida, a enfermeira Siu-Mei (Carol Thurston). Ficando sob sua guarda, Yasuda o convence a ajudá-lo a escapar. Enquanto isso Thompson e Sara cuidam dos soldados de Chen Ta no acampamento dos guerrilheiros na montanha e percebem que estão apaixonados. Os paraquedistas japoneses atacam a aldeia, Thomson é ferido, e Kim é morto por Yasuda, que escapa para comandar seus homens no ataque. Na defesa da aldeia Louise tem uma crise de nervos e é metralhada mortalmente. Chen Ta e seus homens finalmente chegam, eliminando os japoneses e recapturando Yasuda.

CORREGIDOR / Corregidor / 1943. Atlantis Pictures/ PRC. (Dir: William Nigh).Em 6 de dezembro de 1941, a cirurgiã Royce Lee (Elissa Landi) e sua empregada, Hyacinth (Ruby Dandridger) chegam na ilha de Manoi nas Filipinas. No dia seguinte Royce se casa com o Dr. Jan Stockman (Otto Kruger) mas, no final da cerimônia, uma esquadrilha japonesa bombardeia a ilha. Hyacinth é morta e Royce e Jan se juntam a uma pequena unidade de soldados americanos, fazendo uma marcha cansativa até Manila. O grupo é atacado e Jan é ferido. O líder dos soldados americanos adoece com malária e comete suicídio, para não retardar a retirada de seus homens. Alguns dias mais tarde o grupo chega à ilha rochosa de Corregidor, onde as fôrças americanas estão resistindo em uma caverna. Um dos soldados, “Pinky” Mason (Rick Vallin) se reune com a enfermeira Jane “Hey-Dutch” Van Dornen (Wanda McKay), sua namorada. Royce e Jane trabalham no hospital do exército, onde Royce encontra seu ex-namorado, Dr. Michael (Donald Woods), que a havia abandonado sem explicação. Trabalhando como carregadora de maca, Jane é ferida e morre logo depois de se casar com Pinky no seu leito de morte. Jan é ferido novamente e morre, quando o hospital improvisado é bombardeado. Quando a munição acaba, Pinky e os soldados entram em um combate corpo-a-corpo com os japoneses. Royce e as enfermeiras recebem ordens de partir imediatamente e Royce promete se reunir com Michael após a guerra. Pinky é o artilheiro no avião e morre ao defender as enfermeiras. Em Corregidor a falta de suprimentos obriga Micahel a operar os feridos sem analgésicos e luvas e o operador de rádio envia seu último relatório, alguns minutos antes do posto avançado se render. Em casa, nos Estados Unidos, Royce derrama lágrimas pelos seus amigos perdidos.

CRY HAVOC / Aurora Sangrent / 1943. MGM (Dir: Richard Thorpe).
Em um hospital militar em Marivèles, na Península de Bataan das Filipinas, a enfermeira Tenente Mary “Smitty” Smith (Margaret Sullavan), sobrecarregada de trabalho e sua superiora Capitão Alice Marsh (Fay Bainter), necessitando de mais enfermeiras, recebem um grupo heterogêneo de voluntárias, refugiadas civís de Manila (entre elas uma beldade sulista (Diana Lewis), uma garçonete (Ann Sothern) e uma ex-corista (Joan Blondell), todas inexperientes e sem formação médica. As mulheres têm que suportar várias privações, a malária, e as bombas japonesas enquanto cuidam dos feridos e doentes. Quando chega a notícia de que o avanço inimigo não pode ser detido, as mulheres têm a opção de serem evacuadas para Corregidor, mas todas decidem permanecer em Bataan, onde são mais necessárias. A enfermeira Smitty é casada secretamente (porque o regulamento do Exército proibe enfermeiras de se casarem com soldados) com o Tenente Holt (Jack Randall), que vem a ser morto durante o ataque aéreo deliberado ao hospital. O filme termina com as mulheres levadas como prisioneiras pelas tropas japonesas.

DESTINATION TOKYO / 1943. Rumo a Tóquio. Warner Bros. (Dir: Delmer Daves). Dirigindo-se primeiro às Ilhas Aleutas para pegar o meteorologista Tenente Raymond (John Ridgely), o submarino Copperfin, comandado pelo Capitão Cassidy (Cary Grant) entra na Baía de Tóquio, a fim de obter informação vital sobre o tempo para o próximo ataque aéreo de Doolittle sobre a capital japonêsa. Vários incidentes ocorrem: o primeiro mergulho cheio de suspense sob ameaça de ataque aéreo; o recolhimento a bordo do metereologista em um recanto aleutiano envôlto em névoa; o ataque (e destruição) de dois aviões inimigos; a bomba não detonada na superestrutura do submarino, que deve ser desativada manualmente; uma operação de apendicite de emergência realizada por amadores; o funeral no mar etc. Em uma das melhores cenas, um marujo tenta resgatar um piloto japonês cujo avião foi atingido. O piloto esfaqueia o marujo pelas costas e é metralhado.

DRAGON SEED / A Estirpe do Dragão / 1944. MGM (Dir: Jack Conway).
Uma família chinesa e sua exposição gradual aos horrores da guerra. Ling Tan (Walter |Huston), fazendeiro chinês simples e trabalhador, tem uma vida confortável cercado pela esposa (Alne MacMahon), seus filhos, respectivas esposas e netos. Um filho (Turhan Bey) tem uma esposa, Jade (Katharine Hepburn), mulher moderna, livre-pensadora, que frequentemente desafia sua posição na vida e deseja aprender a ler e escrever. Um dia, na aldeia local, ela encontra um grupo de estudantes universitários que tenta convencer os camponeses de que a guerra contra a invasão do Norte da China é a guerra deles. Os camponeses ignoram os estudantes, mas Jade imediatamente os apoia. O velho Ling Tan não está convecido. Quando os soldados japoneses chegam pela primeira vez na aldeia, ele tenta argumentar com eles. Mas logo percebe a verdadeira natureza da agressão japonêsa, ao ver os soldados matar, estuprar e saquear. A família de Ling Tan é obrigada a se refugiar em uma missão local. Jade, que está grávida, tem que ir para o interior por segurança. As devastações da guerra agora fazem parte da vida diária de todos os chineses. Depois de dar à luz, Jade se reune com sua família e se torna uma lutadora pela liberdade. Ela convence Ling Tan e seus companheiros de luta de que eles devem queimar sua colheita e suas casas e se juntar às forças da guerrilha.

THE FIGHTING SEABEES / Romance dos Sete Mares / 1944. Republic (Dir: Edward Ludwig).
Wedge Donovan (John Wayne), dono de uma empresa de construção a serviço da Marinha, está mandando operários para a zona de guerra do Pacífico. Ele está perturbado, porque seus empregados ficam expostos ao fogo inimigo, mas são proibidos de revidar (porque isto os tornaria combatentes em vez de civís). O comandante Bob Yarrow (Dennis O´Keefe) propõe a criação de batalhões especiais dentro das fôrças armadas, apelidados de Seabees (“CB” = Construction Batalllions) e pede à sua namorada, a repórter Constance Chesley (Susan Hayward), para convencer Donovan e seus homens a apoiar seu plano. Eles são enviados novamente ao exterior, para construir um campo de aviação. Entretanto, quando os homens de Donovan são mais uma vez atacados pelo inimigo, ele abre fogo contra eles. Este ato impetuoso estraga o plano militar de emboscar as tropas japonesas e Donovan é obrigado a admitir seu erro. No retôrno aos Estados Unidos e os Seabees são formados, com Donovan recebendo o posto de Tenente Comandante. Sua próxima missão é a criação de um depósito de combustível em uma ilha do Pacífico Sul. Os japonêses atacam com todo vigor e quando seu amigo, Eddie (William Frawley), é morto, Donovan carrega sua escavadeira com dinamite e bate em um tanque de combustível (sendo mortalmente ferido ao fazer isto).

FLIGHT FOR FREEDOM / Adeus Meu Amor / 1943. RKO (Dir: Lothar Mendes).
Em 1942, como uma resposta ao ataque a Pearl Harbor, uma fôrça-tarefa naval lança aviões para bombardear uma das ilhas controladas pelos japoneses. O bombardeiro líder da esquadrilha, pilotado por Randy Britton (Fred MacMurray), comunica à frota pelo rádio de que todos os alvos estão identificados. Um narrador em voice over conclui que esta ofensiva teria sido impossível sem os esforços corajosos de uma mulher nos anos trinta. Durante um retrospecto ficamos sabendo sobre a vida de uma aviadora famosa, Toni Carter (Rosalind Russell). Atendendo a um pedido da Marinha, ela concorda em fazer um vôo em redor do globo para reconhecer certas áreas, que se acredita que os japoneses fortificaram. Um agente japonês maldoso (disfarçado de gerente de hotel) informa a Toni, na sua parada final, que sabe dos planos e do local onde ela será recolhida. Então ela decide levantar vôo e desaparecer nos Mares do Sul. De volta ao presente, Randy (com quem ela pretendia se casar) comanda o esquadrão no ataque. O filme foi baseado na vida de Amelia Earhart, cujo avião desapareceu misteriosamente no Pacífico em 1937.

FLYING TIGERS / Os Tigres Voadores / 1942 (Dir: David Miller).
Jim Gordon (John Wayne) comanda os Tigres Voadores, esquadrilha de pilotos voluntários americanos, que combate aviões japoneses a serviço do governo chinês durante a Segunda Guerra Sino-Japonêsa. Um velho amigo de Gordon e ex-piloto comercial, Woody Jason (John Carroll), inscreve-se no grupo e lembra frequentemente a seus colegas que veio motivado apenas pela gratificação que os pilotos recebem para cada avião inimigo abatido. Quando os japoneses atacam a base, o recém-chegado, vai atrás deles, usando uma aeronave sem permissão, só percebendo muito depois que ela está sem munição. Ele escapa ileso, mas uma aeronave preciosa foi completamente destruída. Conforme o tempo passa, Woody demonstra que não se acostuma a trabalhar em equipe, pondo em risco os outros pilotos. No dia seguinte ao do ataque japonês a Pearl Harbor, Jim recebe a notícia de que uma ponte tem que ser destruída. O alvo é tão fortemente defendido, que a única maneira de atíngi-lo, será voando muito baixo em apenas um bombardeiro sem escolta. Jim deseja cumprir esta missão perigosíssima, mas Woody também se apresenta no último instante. Durante a operação o avião deles é atingido pela defesa antiáerea e pega fogo. Jim salta do avião por um empurrão inesperado de Woody, esperando que ele o siga. Woody assume o controle do bombardeiro danificado e heroicamente o arremete contra um trem de suprimentos japonês, destruindo-o com o custo de sua própia vida.

GOD IS MY CO-PILOT / A Mão que nos Guia / 1945. Warner (Dir: Robert Florey).
Em Kumming, China, 1942, o piloto Robert L. Scott (Dennis Morgan) observa com inveja o General Claire L. Chennault (Raymond Massey), escolher uma esquadrilha de pilotos para um ataque aéreo ao Japão e lamenta não poder participar de uma ação para a qual se preparou desde o tempo em que era menino, vivendo em uma fazenda em Macon na Georgia. Em 1932 ele se formou em West Point e depois se qualificou como piloto em Kelly Field no Texas. Após algumas missões, o rapaz é designado para transportar suprimento para os Tigres Voadores. Após ter presenciado a resposta agressiva dos Tigres ao ataque japonês, ele pede a Chennault, que lhe ensine as técnicas de combate desta esquadrilha. Mais tarde, durante um encontro dele sozinho com os aviões inimigos, Scott é tão eficiente que os japoneses o confundem com uma esquadrilha inteira. A matança perturba Scott e ele tenta resolver seus sentimentos, conversando com o padre irlandês “Big Mike” Harrigan (Alan Hale). “Big Mike” lhe diz: “Ambos estamos lutando contra as fôrças do mal”. Quando os Tigres Voadores são incorporados à Fôrça Aérea Americana, Scott está entre eles. Apesar de ter sido vitimado pela malária, ele se recupera e consegue permissão para participar de uma última misão, justamente quando a esquadrilha levanta vôo em direção a Tóquio.

GUADALCANAL DIARY / Guadalcanal / 1943. Twentieth Century-Fox (Dir: Louis Seiler).
A bordo de um navio de transporte no Pacífico em julho de 1942, a costumeira mistura étnica de soldados (frequentemente mostrada nos filmes de guerra feitos durante o Segundo Conflito Mundial) incluindo Taxi Potts (William Bendix), um chofer de taxi do Brooklyn e Jesus “Soose” Alvarez (Anthony Quinn), um mexicano-americano (Anthony Quinn) e mais o sargento veterano Hook Malone (Lloyd Nolan), o capitão Davis (Richard Conte) e um jovem soldado raso, Johnny “Chicken” (Richard Jaeckel), se preparam para uma grande ofensiva contra Guadalcanal, ilha ocupada pelos japoneses. Já na ilha, o chofer do Brooklyn, fâ de Betty Grable, enquanto limpa seu fuzil, afirma: “Se isto fará os japas morrerem felizes por seu imperador, eu estou tentando fazê-los feliz”. Após sofrerem várias baixas, os fuzileiros navais aprendem que têm de eliminar sistematicamente o inimigo traiçoeiro. Um capelão irlandês (Preston Foster) está entre os homens paraconfortá-los. Em um paroxismo final de violência, a maior parte da guarnição inimiga é perseguida até a praia e abatida, seus corpos deixados flutuando nas ondas do mar. O inimigo é descrito como macacos ou outro tipo de símios. Quando o sargento é perguntado como se sente ao matar sêres humanos, ele responde: “Bem, é matar o ser morto – além disso eles não são gente”.

GUNG HO! / Gung Ho! / 1943. Walter Wanger Prod. / Universal (Dir: Ray Enright).
Na base dos Fuzileiros Navais em San Diego o Tenente Cristoforos (J. Carroll Naish) pede voluntários para um batalhão especial, que será treinado pelo Coronel Thorwald (Randolph Scott) para missões perigosas contra os japoneses. Entre os escolhidos estão: um sulista do Kentucky, Rube Tedrow (Rod Cameron); um rapaz recém-ordenado pastor, John Harbison (Alan Curtis); um pugilista, “Pig-Iron” Matthews (Robert Mitchum); dois irmãos por parte da mãe, Kurt Richter (Noah Beery, Jr.) e Larry O´Ryan (David Bruce), rivais nos EUA pela mesma moça (Grace McDonald); um filipino (Alex Havier). Com eles segue também o sargento Leo Andreof (Sam Levene), velho amigo de Thorwald e o grego Cristoforos. No seu primeiro encontro com os voluntários o coronel informa que o lema do batalhão será a expressão chinesa “Gung Ho!”, que significa trabalhar em equipe. Após uma viagem acidentada em dois submarinos os fuzileiros desembarcam na ilha de Makin, mantida pelos japoneses e Thorwald dá suas instruções finais: “Nenhum japa vivo de madrugada”. A princípio os fuzileiros não encontram resistência, mas logo sofrem vários ataques. Quando Thorwald percebe os aviões japoneses se aproximando, ele manda pintar uma bandeira americana no telhado de uma casa que serve de hospital, e ordena a retirada. Vendo a bandeira americana pintada, os pilotos nipônicos atacam imediatamente e os soldados japoneses são mortos pelos seus próprios aviões. Depois de dinamitar os depósitos de gasolina do inimigo, Thorwald e seus homens remanescentes retornam rapidamente para os submarinos, antes que navios japoneses os alcancem.

A GUY NAMED JOE / Dois no Céu / 1943. MGM (Dir: Victor Fleming).
Pete Sandidge (Spencer Tracy), piloto de bombardeiro americano, foi morto durante um ataque a um porta-aviões alemão. Pete vai para o céu onde encontra o “Patrão” (Lionel Barrymore), que em vida fôra um militar famoso. Este envia Pete de volta à Terra (como um espírito) a fim de transmitir seu conhecimento para Ted Randall (Van Johnson), piloto menos experiente e convencido. Algum tempo depois, Ted é transferido para o teatro de operações no Pacífico. A namorada de Pete, Dorinda (Irene Dunne), membro da WASP (Women Airforce Service Pilots, organização de mulheres pilotos cívis usadas para transportar os aviões das fábricas para os aeroportos) e os velhos amigos de Pete, Al (Ward Bond) e “Nails” (James Gleason) também estão lá. Dorinda e Ted se apaixonam, embora ela ainda esteja de luto por Pete. Ted é incumbido de bombardear um depósito de munição mas, em um climax inesperado (e improvável), Dorinda rouba o avião de Ted e (Pete está no banco trazeiro orientando-a) executa a missão por ele, destruindo o alvo e retornando vitoriosamente à base. Ela finalmente deixa de lado a memória de Pete e abraça Ted. Pete anda pelo campo de aviação com as mãos no bolso enquanto ouvimos uma canção patriótica.

LADY FROM CHUNGKING / China Inconquistável / 1942. PRC (Dir: William Nigh).
Uma nobre chinesa, Kwan Mei (Anna May Wong), ocultando sua verdadeira identidade, trabalha como camponêsa nas plantações de arroz de dia e ajuda os guerrilheiros chineses de noite. Ela protege dois pilotos americanos dos Tigres Voadores, cujos aviões foram abatidos, e os ajuda a escapar da área ocupada pelos japoneses. Mais tarde, Kwan Mei usa seus encantos femininos (com a ajuda de uma garrafa de champanhe) para fazer o general japonês Kaimura (Harodl Huber) falar sobre o movimento de tropas em um trem como preparação de um ataque a Chungking. Com esta informação os aviadores americanos estão aptos para bombardear o trem. Kwan Mei fere mortalmente o general que, por sua vez, ordena sua execução. Diante do pelotão de fuzilamento Kwan Mei começa a falar desafiadoramente: “Vocês não conseguirão me matar. Vocês não conseguirão matar a China … porque a alma da China é eterna!”.

LITTLE TOKYO, U.S.A. / Bairro Japonês /1942 Twentieth Century-Fox (Dir: Otto Brower).
Pouco antes do 7 de Dezembroo policial Mike Steele (Preston Foster), cuja área de atuação é o bairro japonês de Los Angeles, desconfia das atividades de uma rêde de espionagem, organizada pel sociedade secreta Black Dragon. Ele pede informações a seu amigo nipo-americano Oshima (Richard Loo). Quando este aparece morto, com a cabeça decepada, Steele redobra seus esforços para descobrir os espiões, que são comandados por um negociante nissei, Ito Takimura (Harold Huber) e contam com a ajuda de um traidor americano. Os espiões tentam transferir Steele para outro distrito e depois o envolvem com uma linda mulher nissei, Teru (June Duprez), que depois matam, fazendo com que ele seja acusado de assassinato. Nesta ocasião vem a notícia do ataque a Pearl Harbor. Steele consegue escapar com a ajuda de sua namorada, a locutora de rádio Maris Hanover (Brenda Joyce) e de um amigo punguista (Millard Mitchel e, por meio de um estratagema, consegue fazer com que a polícia prenda todos os quinta-colunistas, entre eles, Hendricks (Donald Douglas), o chefe de Maris na rádio, que estava a serviço dos nazistas. Steele esmurra Takimura, declarando: “Isto é por Pearl Harbor! Seu olho puxado.” No final as manchetes dos jornais estampam a remoção dos nipo-americanos da agora deserta Little Tokyo.

MANILA CALLING / Fala Manillha / 1942. Twentieth Century-Fox (Dir: Herbert J. Leeds).
Tom Logan (Ken Christy) é o líder da Philippine American Radio Communications Company, um grupo de engenheiros de rádio, encurralado na ilha de Mindanao, ao tentar destruir as estações de rádio, que transmitem propaganda japonesa. Eles capturam uma antiga fazenda usada pelos japoneses como base de transmissão em ondas curtas. Logan é morto e o idealista Jeff Baley (Cornel Wilde) assume seu lugar, mas o líder de fato é Lucky Matthews (Lloyd Nolan), que vinha lutando por várias causas com seu amigo irlandês, Tim O´Rourke (James Gleason). Lucky quer usar as metralhadoras apreendidas para abrir caminho até a costa e um possível resgate; porém Jeff insiste que eles mantenham a fazenda e reparem o gerador, a fim de transmitirem sua própria propaganda. Depois que os japoneses passam a controlar o abastecimento de água local, os guerrilheiros são surpreendidos pela chegada de Wayne Ralston (Lester Matthews), proprietário de uma fazenda vizinha e Edna “Eddie” Fraser (Carole Landis), uma ex-dansarina que deseja se casar com o ricaço Ralston. Lucky fica irritado com o aparecimento dos civis, principalmente Eddie, mas depois percebe que se trata de uma boa moça, quando ela serve de enfermeira para dois guerrilheiros Moro mutilados, que os japoneses enviaram como aviso. Quando Lucky e Jeff descobrem que Ralston apunhalou um de seus homens, quando tentou destruir o gerador, para que não houvesse mais motivo para eles permanecerem na ilha, Jeef manda Lucy executá-lo. Quando os japoneses atacam a fazenda, Lucky e um ex-piloto colocam Jeff em um avião japonês capturado e Lucky insiste para que Eddie vá junto, porém ela prefere ficar com Lucky. As bombas caem sobre eles e os dois se abraçam enquanto Lucky faz uma última transmissão pelo rádio.

MARINE RAIDERS / Inferno no Pacífico / 1944. RKO (Dir: Harold Schuster).
Em setembro de 1942 os fuzileiros navais estão lutando em Guadalcanal. O Capitão Dan Craig (Robert Ryan) comanda um grupo especial de fuzileiros navais paraquedista designado para auxiliar os fuzileiros navais regulares do Major Steve Lockhart (Pat O´Brien) em um ataque aos reforços japoneses que chegaram recentemente em barcaças. Quando seu tenente, aprisonado pelo inimigo, é descoberto amarrado entre duas árvores sem as mãos e os pés, Craig perde o controle e avança sozinho em direção aos japoneses, destruindo um ninho de metralhadora, antes que Lockhart chegue e o recrimine por esta conduta. Após aniquilarem os japoneses, os fuzileiros são enviados para a Australia, onde o amargurado Craig conhece e se apaixona por Ellen Foster (Ruth Hussey), tenente da Fôrça Aérea Auxiliar Feminina, mas é ferido durante um ataque japonês. Quando Lockhart visita Craig no hospital e fica sabendo que ele pretende se casar com Ellen pensa que ele está fora de si e o manda de volta para os EUA. O recuperado Craig e Lockhart estão de relações rompidas quando se apresentam em Camp Elliott, San Diego para treinar recrutas. Porém Lockhart acaba defendendo Craig, quando ele é considerado inepto para o serviço ativo e os dois partem para uma nova missão enquanto Ellen aguarda na Australia fazendo sua parte para apressar o fim da guerra e sua reunião permanente com Craig.

OBJECTIVE BURMA / Um Punhado de Bravos / 1945. Warner Bros. (Dir: Raoul Walsh).
O Major Nelson (Errol Flynn) e uma tropa de soldados americanos (juntamente com um correspondente de guerra (Henry Hull), caem de paraquedas em um território ocupado pelos japoneses em Burma, para destruir uma estação de radar do inimigo. A missão é bem sucedida, mas os planos para resgatá-los por avião não dão certo. Para diminuir a probabilidade de serem detidos, o grupo se divide em duas unidades, que devem se encontrar depois em uma aldeia birmanêsa. Quando Nelson chega no lugar de encontro, verifica que a outra unidade havia sido capturada, torturada e mutilada pelos japonêses. O major e seus homens têm que caminhar vários quilômetros através da selva para escapar e a certa altura ficam sem o rádio e não podem ser contactados. Até que avistam um avião americano, fazem sinal para ele com um espelho e suprimentos são jogados para os soldados famintos. Quando escurece, os japoneses atacam, mas de manhã eles haviam se retirado. Nelson e seus homens sobreviventes são finalmente resgatados.

 

PILOT Nº 5 / O Piloto nº5 / 1943 (Dir: George Sidney).
Em maio de 1942, uma base aliada em Java na Ilhas Orientais Holandesas é bombardeada pelos japoneses e outro ataque é esperado para o dia seguinte. Com apenas um aparelho em condições de vôo e cinco aviadores americanos dispostos a pilotá-lo, o comandante holandês Major Eichel (Steven Geray) escolhe George Collins (Franchot Tone), porque ele apresenta um plano ousado: prender um suporte para bombas no avião, a fim de bombardear o porta-aviões nipônico de onde veio o ataque. Depois que George parte, os outros pilotos – inclusive seu amigo Vito S. Alessandro (Gene Kelly) – contam para o comandante a história de sua vida. Ele era um jovem advogado que – apesar da preocupação de sua noiva Freddie (Marsha Hunt) – foi trabalhar para um governador corrupto, Hank Durban (Howard Freeman). Ele depois se redimiu, fornecendo informações que resultaram na queda de Durban, mas foi rejeitado pelos residentes de sua cidade, inclusive Freddie. George se alista na Fôrça Aérea, reconcilia-se com Freddie e parte para o Pacífico. De volta ao presente George localiza o porta-avião japonês e investe contra ele, mas a bomba não é liberada adequadamente. Depois de abater aviões inimigo, George toma uma decisão fatal e deliberadamente joga seu avião de encontro ao porta-aviões.

PRISONER OF JAPAN / Almas Indomáveis / 1942. PRC. (Dir: Arthur Ripley).
Na ilha de Nukuloa no Sul do Pacífico, o americano David Bowman (Alan Baxter), pacifista declarado, está prisioneiro em sua própria casa. Seu ex-professor de astronomia, Matsuru (Ernest Dorian), agente japonês, envia mensagens sobre a localização de navios americanos para seus superiores através de uma estação de rádio subterrânea. Toni Chase (Gertrude Michael), americana residente na ilha, faz uma visita a David na esperança de que ele a ajude a sair daquele lugar e fica perplexa com sua reação despreocupada diante da notícia de um ataque iminente à frota americana perto da costa. Ela logo percebe a razão deste comportamento estranho, quando tenta avisar os americanos e Matsuru a impede de fazer isto, destruindo seu rádio transmissor. Uma noite, Maui (Billy Moia), um menino nativo que estava indicando a David como escapar da ilha, é encontrado morto. Quando Matsuru confessa que matou o menino, David se lança sobre ele e, com a ajuda de Loti (Corinna Mura), uma nipo-americana, que até então servia ao japonês, consegue rendê-lo sob a mira de uma arma. Matusuru arrogantemente diz para David: “Largue esta arma. Não é de sua natureza matar”. David atira e fere mortalmente o agente inimigo. David e Toni se trancam na estação de rádio subterrânea e fazem contato com a frota americana, direcionado-a para bombardear o centro de comunicações na ilha, onde eles se encontram. Logo depois que eles juram seu amor mútuo, ocorre uma grande explosão.

PURPLE HEART, THE / Mais Forte que a Vida / 1944. Twentieth Century-Fox (Dir: Lewis Milestone).
Após um ataque aéreo ao Japão, oito pilotos americanos são capturados, depois que seu avião caiu em uma comunidade na China. Inicialmente eles foram presos por um governador local, que é um chinês colaborador dos japoneses. Este entrega os americanos para o Exército Imperial Japonês, a fim de sejam julgados em Shanghai, sob a alegação de terem bombardeado alvos civís. Embora jornalistas dos países do Eixo ou de países neutros como Rússia e Portugal, sejam autorizados a presenciar o julgamento, o General Ito Mitsubi (Richard Loo) não deixa que Karl Kappel (Torben Meyer), o cônsul suiço, representante da Cruz Vermelha, entre em contacto com Washington. Quando o comandante Capitão Ross (Dana Andrews) se recusa a revelar o local de onde vieram os aviões americanos, Mitsubi decide submetê-los à tortura mental e física. O colaborador chinês é morto pelo próprio filho (Benson Fong), após ter testemunhado no julgamento. Os aviadores americanos são uma mistura étnica, incluindo um judeu. Tenente Greenbaum (Sam Levene), um ítalo-americano, Tenente Canelli (Richard Conte), um polonês, Sargento Jan Skvonik (Kevin O’ Shea) e vários amaericanos natos (entre eles Dana Andrews, Farley Granger, Donald Barry). Em face da resolução inabalável dos cativos, Mitsubi se suicida. Os homens marcham para a morte com dignidade e o abuso que os aviadores sofreram em cativeiro bem como a humilhação de serem julgados, condenados e exceutados como criminosos de guerra é revelada para o mundo.

REMEMBER PEARL HARBOR / 1942. Republic (Dir: Joseph Santley).
Nas Filipinas três amigos do exército, Steve “Lucky” Smith (Donald Barry), Bruce Gordon (Alan Curtis) e “Portly” Porter (Maynard Holmes), se enredam com quinta-colunistas a serviço dos japoneses. Um espião nazista (Sig Ruman), faz-se passar por holandês, auxiliado pelo dono do bar Casa Marina, Andy Anderson (Rhys Williams) e por um negociante chamado Littlefield (Robert Emmett Keane). Enquanto “Lucky” corteja a secretária de Anderson, Marcia (Fay McKenzie), Bruce e Portly descobrem uma mensagem transmitida através do rótulo de um licor ao espião nazista, comunicando que um encouraçado japonês está se aproximando de Pearl Harbor. Um tiroteio irrompe e Portly é morto. Quando “Lucky” admite que não estava lá, o capitão manda prendê-lo por negligência do dever; porém ele escapa e, no decorrer dos acontecimentos, juntamente com Marcia e Bruce, ouve no rádio que Pearl Harbor foi atacada. Eles descobrem a verdadeira identidade do espião nazista e um plano para estocar munição e gasolina para as tropas japonesas, que chegaram em uma fazenda de propriedade do falso holandês. Uma batalha se trava entre os invasores e as tropas americanas, que também chegam ao local, avisadas pelo rádio por Marcia. “Lucky” entra em uma aeronave e faz um mergulho suicida contra um porta-aviões japonês, salvando heroicamente seus compatriotas.

SECRET AGENT OF JAPAN / O Espião Japonês / 1942. Twentieth Century-Fox (Dir: Irving Pichel).
O americano Roy Bonnell (Preston Foster), dono da boate Bar Dixie em Shanghai (sob dominação japonêsa) envolve-se em uma trama de espionagem com duas agentes britânicas, Kay Murdoch (Lynn Bari) e Doris Poole (Janis Carter). A polícia japonêsa, chefiada por Isoda Saito (Noel Madison), deseja recuperar uma lista em código dos nomes dos agentes japoneses atuando em Honolulu. Roy é avisado por um jovem advogado, Fu Yen (Victor Sen Yung), de que seu sócio, Victor Eminescu (Frank Puglia,) está sendo interrogado por Saito. Levado à presença do sinistro chefe de polícia, Roy é preso, depois de Eminescu ter sido torturado até a morte. Ele consegue escapar e, chegando ao Bar Dixie, verifica que seus empregados foram substituídos por japoneses e seu cofre foi saqueado. Ele os expulsa de lá e encontra o corpo de Doris. Antes de morrer ela escreveu “Mulhauser” na parede, nome de um misterioso agente alemão, que vem a ser Alec (Steve Geray), o pianista da boate e suposto amigo de Roy. Com a notícia do ataque a Pearl Harbor, Fu Yen (na realidade um agente secreto chinês) e seus amigos, fingindo-se de soldados japoneses, colocam o casal em um vôo para fora de Shanghai, a fim de evitar sua internação.

SO PROUDLY WE HAIL / A Legião Branca / 1943. Paramount (Dir: Mark Sandrich).
Um grupo de enfermeiras americanas, evacuadas de Corregidor e enviadas para a Australia, estão agora em um navio com destino aos Estados Unidos. A enfermeira Tenente Janet “Davey” Davidson (Claudette Colbert) está em coma e não demonstra desejo de viver. Então suas colegas contam para o médico de bordo a sua história. As enfermeiras deixaram San Francisco pouco antes de Pearl Harbor ser atacada. Elas desembarcam em Bataan no meio da batalha pelas Filipinas. Janet se apaixonou pelo paramédico John Somers (George Reeves) enquanto sua colega Joan (Paulette Goddard) fazia par com o fuzileiro naval Kansas (Sonny Tufts). As enfermeiras passaram por grandes dificuldades. Olivia (Veronica Lake), cujo noivo morreu em Pearl Harbor, se sacrificou, escondendo uma bomba debaixo de sua blusa e explodindo uma tropa de soldados japonêses, a fim de que suas companheiras pudessem escapar para ilha fortaleza de Corregidor. Elas receberam ordem de deixar o local, mas Janet se recusou a ir, até ter notícias de John, que estava cumprindo uma missão no interior da ilha. Ela entrou em choque quando uma bomba explodiu nas proximidades e foi carregada em coma para o navio encarregado da evacuação. Quando o filme termina, o médico lê uma carta de John – dizendo que ele acredita que irá sobreviver para vê-la novamente – e Janet começa a se recuperar.

SOMEWHERE I´LL FIND YOU / Ainda Serás Minha / 1942. MGM (Dir: Wesley Ruggles).
No outono de 1941, “Jonny” Davis (Clark Gable) e se irmão Kirk (Robert Sterling são chamados de volta da Alemanha pelo seu editor isolacionista, por terem mandado reportagens “belicistas” para o jornal. Johnny se apaixona pela repórter Paula Lane (Lana Turner), que está noiva de Kirk. Paula vai para a Indochina a serviço e desaparece; Johnny e seu irmão seguem para lá e a encontram contrabandeando crianças chinesas da zona de guerra para a Indochina de Vichy controlada pelos japoneses. O trio ruma para as Filipinas e, quando os japoneses atacam, Kirk se alista no Exército e Paula se torna uma voluntária da Cruz Vermelha. Mais tarde, em Bataan, Kirk é morto lutando contra os japoneses; “Jonny” e Paula se reencontram. Eles enfrentam a morte juntos calmamente durante uma investida nipônica enquanto Johnny dita uma reportagem inspiradora para a América.

THIRTY SECONDS OVER TOKYO / Trinta Segundos sobre Tóquio/ 1944. MGM (Dir: Mervyn LeRoy).
Este filme recria de forma semi-ficcional o ataque aéreo sobre Tóquio de abril de 1942 por bombardeiros sob o comando do Coronel Doolittle. Embora este apareça no filme (interpretado por Spencer Tracy), a história gira em torno de Ted Lawson (Van Johnson) e dos outros tripulantes da esquadrilha que participam da missão (entre eles David Thatcher (Robert Walker), Bob Gray (Robert Mitchum, Charles McClure (DonDeFore). O treinamento especial para a missão é detalhado e depois a esta é reconstruída (incluindo algumas tomadas de arquivo do porta-aviões Hornet, de onde foram lançados os aviões). Após o ataque, o avião de Ted cai na China. A tripulação é resgatada por guerrilheiros chineses, mas a perna de Ted tem que ser amputada. O filme termina quando Ted retorna aos Estados Unidos onde se reune com sua esposa grávida Ellen (Phyllis Thaxter).

WAKE ISLAND / Nossos Mortos Serão Vingados / 1942. Paramount (Dir: John Farrow).
No segundo semestre de 1941 os Fuzileiros Navais dos Estados Unidos comandados pelo Major Geoffrey Caton (Brian Donlevy) e uma equipe de construção sob as ordens do engenheiro civil Shad McClosky (Albert Dekker) terminam febrilmente as fortificações de um posto avançado em Wake Island. No final de novembro eles recebem brevemente a delegação de paz chefiada por Kurusu, quando ela faz uma parada a caminho de Washington. Imediatamente após o ataque a Pearl Harbor as fôrças navais japonesas sitiam a pequena ilha do Pacífico. Entre os fuzileiros defensores encontram-se os soldados Randall (William Bendix) e Doyle (Robert Preston), o tenente Bruce Cameron (MacDonald Carey) e o capitão Pete Lewis (Rod Cameron). Durante vários dias os soldados resistem ao inimigo em número esmagadoramente superior. Os japoneses exigem a rendição das tropas americanas, mas Caton recusa e, em 23 de dezembro de 1941, os fuzileiros combatem bravamente até a morte.


WING AND A PRAYER / Uma Asa e Uma Prece / 1944. Twentieth Century-Fox (Dir: Henry Hathaway).
No período logo após Pearl Harbor um porta-aviões (com o nome de código “Carrier “X”) é designado para ludibriar os japoneses, aparecendo em vários pontos do Oceano Pacífico, para dar a impressão de que a frota americana está espalhada, quando pretendem se concentrar em Midway para uma batalha decisiva. O porta-aviões é comandando pelo Capitão Waddell (Charles Bickford) enquanto a esquadrilha é liderada pelo Tenente Bingo Harper (Dana Andrews). Waddell recebe ordens de evitar combate, mas o Comandante de Vôo, Tenente Edward Moulton (Don Ameche), tem dificuldade de controlar seus homens, principalmente o segundo tenente Hallam Scott (William Eythe) – ator de Hollywood na vida civil – quando são obrigados a não responder ao fogo dos aviões inimigos. Durante o tempo em que o navio está evitando combate, um avião da Marinha é abatido e o piloto – em um bote salva-vidas – é metralhado pelos japonêses. Em outro lance dramático, o avião pilotado por Scott, voando sob nuvens baixas, tem dificuldade de encontrar o porta-aviões. Harper pede a Moulton que use os holofotes para guiá-lo, mas ele se recusa porque o porta-aviões pode ser visto por algum submarino inimigo. Ao que tudo indica o avião de Scott caiu no mar por falta de gasolina. Harper e Moulton discutem, porém em poucos minutos vem a informação de que Scott foi resgatado por um destróier. Finalmente o porta-aviões é autorizado a participar da Batalha de Midway.

A YANK ON THE BURMA ROAD / No Caminho de Burma / 1942. MGM (Dir: George B. Seitz).
Um taxista de Nova York, Joe Tracy (Barry Nelson), recebe muita publicidade quando captura sozinho dois bandidos notórios. Em consequência é convidado por uma Sociedade Benevolente Chinesa, para comandar um comboio carregando suprimentos médicos pela Estrada de Burma para Chungking. Em Rangoon, Joe conhece Gail Farwood (Laraine Day) e concorda em levá-la com ele. Mas o que Gail esqueceu de dizer para Joe é que seu marido germano-americano, que estava voando a serviço dos japoneses, foi capturado pelos guerrilheiros chineses. Assediado por aviões japoneses, o comboio chega a uma aldeia bombardeada, onde seus componentes testemunham o sofrimento dos chineses civís. Eles são informados do ataque a Pearl Harbor. Em troca pela vida do marido de Gail, Joe concorda em liderar os guerrilheiros locais em uma ofensiva contra uma cidade ocupada pelos japoneses, que controla a estrada. Durante a batalha o esposo traidor é morto. Depois de tomar a cidade, o sorridente Joe diz para seus aliados chineses: “Tragam mais japas”. Informado de que a estrada está liberada para Chungking, ele acrescenta confidencialmente: “Nós não vamos parar … Estamos a caminho de Tokyo”.

OS WESTERNS DE AUDIE MURPHY

Ele deixou sua marca em um gênero que costuma ser esquecido ou subestimado: o western de orçamento médio, chamado de co-feature, porque tinha o mesmo status de um filme A, diferenciando-se dos faroestes classe B.

Audie Murphy

Audie Leon Murphy (1924- 1971) nasceu em Kingston, Texas, filho de pobres agricultores meeiros de ascendência irlandesa. Seu pai, Emmett Berry Murphy, abandonou a família em 1939 e sua mãe, Josie Bell Murphy, faleceu em 1941. Quando o pai se afastou do lar, Audie teve que abandonar seus estudos na 5ª série, e foi trabalhar na colheita de algodão. A fim de sustentar seus irmãos mais novos e, para colocar comida na mesa, recorreu à caça com a ajuda de um rifle emprestado. Ele aprendeu a atirar muito bem e este talento foi útil quando se alistou no Exército (com a ajuda de sua irmã, que falsificou um documento, para aumentar sua idade) pouco depois do ataque a Pearl Harbor e após ter sido rejeitado pelos Fuzileiros Navais e Paraquedistas.

Murphy serviu na arma de infantaria em países como África, Itália, França e Austria, praticando atos de bravura incríveis, pelos quais recebeu inúmeras e prestigiosas condecorações, culminando com a Congressional Medal of Honor, a maior honraria militar concedida pelo governo dos Estados Unidos. Ele foi o Sargento York da Segunda Guerra Mundial, o soldado americano mais condecorado durante o conflito armado global.

Ao ver a foto de Murphy na capa da revista Life, James Cagney, decidiu trazê-lo para Hollywood, contratando-o pela companhia independente, que formara com seu irmão William, após ter deixado a Warner Bros, em 1943.Três anos de treinamento com os Cagney, resultaram em papéis minúsculos em dois filmes, Viver Sonhando / Texas, Brooklyn and Heaven e Código de Honra / Beyond Glory, ambos de 1948. Em 1949 Murphy escreveu, com a colaboração de David McClure, sua autobiografia “To Hell and Back”, que se tornou um best seller e, neste mesmo ano, a Allied Artists (ex-Monogram) lançou-o como ator principal em O Caminho da Perdição / Bad Boy, drama sobre delinquência juvenil.

Audie Murphy em Duelo Sangrento

O filme fez sucesso e os executivos da Universal, procurando um novo astro cowboy, contrataram Murphy para ser Billy the Kid em Duelo Sangrento / The Kid from Texas / 1950 (Dir: Kurt Newman com Gale Storm, Albert Dekker, Shepperd Strudwick, Will Geer, Martin Carralaga), western psicológico sobre o fora-da-lei lendário razoavelmente movimentado, mas desleixado no que diz respeito à história e ao mito.

Satisfeitos com o resultado financeiro de sua produção os chefões do estúdio ofereceram ao jovem ator o contrato padrão de sete anos com as opções usuais, seguindo-se até 1955: 1950 – Serras Sangrentas / Sierra (Dir: Alfred E. Green com Wanda Hendrix, Burl Ives, Dean Jagger, Richard Rober, Tony Curtis); Cavaleiros da Bandeira Negra / Kansas Raiders (Dir: Ray Enright com Brian Donlevy, Marguerite Chapman, Scott Brady, Tony Curtis, Richard Arlen). 1951 – O Último Duelo / The Cimarron Kid (Dir: Budd Boetticher com James Best, Yvette Dugay, Beverly Tyler, Roy Roberts, Leif Erickson). 1952 – Onde Impera a Traição / Duel at Silver Creek (Dir: Don Siegel com Stephen McNally, Faith Domergue, Susan Cabot, Gerald Mohr, Eugene Iglesias). 1953A Morte tem seu Preço / Gunsmoke (Dir: Nathan Juran com Susan Cabot, Paul Kelly, Charles Drake, Mary Castle, Jack Kelly); Jornada Sangrenta / Column South (Dir: Frederick de Cordova com Joan Evans, Robert Sterling, Ray Collins, Dennis Weaver, Russell Johnson. A Ronda da Vingança / Tumbleweed (Dir: Nathan Juran com Lori Nelson, Chill Wills, Roy Roberts, Russell Johnson, K.T. Stevens. 1954 – Traição Cruel / Ride Clear of Diablo (Dir: Jesse Hibbs com Dan Duryea, Susan Cabot, Abbe Lane, Russell Johnson, Paul Birch); Tambores da Morte / Drums Across the River (Dir: Nathan Juran com Walter Brennan, Lyle Bettger, Lisa Gaye, Hugh O´Brien, Mara Corday), Antro da Perdição / Destry (Dir: George Marshall com Mari Blanchard, Lyle Bettger, Thomas Mitchell, Edgar Buchanan, Lori Neson). Destaco em negrito os melhores, mas isto não quer dizer que todos os não sublinhados com traços mais grossos sejam ruins. Murphy sempre foi subestimado como ator. Ele sabia o que podia e o que não podia fazer. E o que fazia, era bem feito, atuando sempre com sinceridade e sobriedade.

Cena de Último Duelo

Sem respeitar perfeitamente a verdade histórica, O Último Duelo descreve episódios do envolvimento de Bill Doolin (Audie Murphy) com a quadrilha dos irmãos Dalton. Boetticher imprime dinamismo à narrativa, construindo boas sequências de assalto (v. g.  atraída em uma armadilha no centro da cidade, a quadrilha se vê cercada de ambos os lados por duas carroças, sendo obrigada a tentar a fuga através de uma rotunda após um tiroteio intenso; o roubo dos lingotes de ouro em de diversas estações da estrada de ferro e a traição de um elemento do bando), todas muito bem filmadas.

No início de A Morte tem seu Preço dois pistoleiros em fuga, Reb Kittredge (Audie Muphy) e Johnny Lake (Charles Drake), separam-se. Reb é contratado por Matt Telford (Donald Randolph), barão do gado que se apossou de todas as terras da região e cobiça o rancho de Dan Saxon (Paul Kelly) e sua filha Rita (Susan Cabot). Porém Dan, com segundas intenções, deixa que Reb ganhe a propriedade de seu rancho em um jogo de pôquer, desenrolando-se várias peripécias até um final surpreendente, no qual toma parte o novo capanga de Telford e velho amigo de Reb, Johnny Lake. Embora a direção não produza nenhum momento cinematograficamente brilhante, ela é bastante eficaz notadamente nas cenas de ação (v. g. brigas e tiroteios habituais, estouro da boiada provocado por um incêndio, descida vertiginosa de uma montanha por uma carroça e pelo gado), mantendo ininterruptamente o interesse do espectador pelo desenrolar da narrativa.

Dan Duryea e Audie Murphy em Traição Cruel

Em Traição Cruel Clay O’ Mara (Audie Murphy) chega em Santiago decidido a vingar o pai e o irmão, embora não saiba quem foi o culpado. Cúmplice do assassino, o xerife (Paul Birch), nomeia Clay como seu auxiliar e, já com um plano em mente, manda o rapaz em uma missão suicida prender Whitey Kincade (Dan Duryea), pistoleiro temível, que pode ser encontrado na cidade vizinha de Diablo.  Mas é precisamente Kincade que, admirando a tenacidade de Clay, vai ajudar o rapaz a concluir sua vingança, a ponto de dar a própria vida em um tiroteio no epílogo. Murphy atua com sinceridade e vigor enquanto Duryea, como um matador sorridente e cínico, compõe um tipo curioso cheio de vida e relevo.

Antro da Perdição

Antro de Perdição pode não ser um clássico como a versão anterior da história de Max Brand, Atire a Primeira Pedra / Destry Rides Again / 1939, dirigida pelo mesmo George Marshall, porém é um espetáculo sempre interessante, graças à divertida galeria de tipos pitorescos interpretados por esplêndidos coadjuvantes (v. g. o prefeito corrupto / Edgar Buchanan; o bêbado indicado para o cargo de xerife / Thomas Mitchell); o médico viciado no pôquer / Wallace Ford) e às atuações convincentes de Murphy como Tom Destry, o filho de um xerife legendário que não usa armas e afinal impõe o respeito na comunidade e de Mari Blanchard, a exuberante cantora do saloon.

Entre 1956 e 1962 Murphy fez mais nove filmes para a Universal: 1956 – Honra de Selvagens / Walk the Proud Land (Dir: Jesse Hibbs com Anne Bancroft, Pat Crowley, Charles Drake, Tommy Rall, Robert Warwick). 1957 – A Passagem da Noite / Night Passage (Dir: James Neilson com James Stewart, Dan Duryea, Dianne Foster, Elaine Stewart, Jay C. Flippen). 1958 – Na Rota dos Proscritos / Ride a Crooked Trail (Dir: Jesse Hibbs com Walter Matthau, Gia Scala, Henry Silva, Joanna Moore, Eddie Little. 1959 –Balas que não Erram / No Name in the Bullet (Dir: Jack Arnold com Charles Drake, Joan Evans, Virginia Grey, Warren Stevens, R. G. Armstrong); Antro de Desalmados / The Wild and the Innocent (Dir: Jack Sher com Joanne Dru, Gilbert Roland, Jim Backus, Sandra Dee, George Mitchell). 1960 – Com o Dedo no Gatilho / Hell Bent for Leather (Dir: George Sherman com Felicia Farr, Stephen MCNally, Robert Middleton, Jan Merlin, Rad Fulton; Matar por Dever / Seven Ways from Sundown (Dir: Harry Keller com Barry Sullivan, John McIntire, Venetia Stevenson, Kenneth Tobey, Mary Field. 1961 – Quadrilha do Inferno / Posse from Hell (Dir: Herbert Coleman com John Saxon, Zohra Lampert, Vic Morrow, Robert Keith, Royal Dano). 1962 – Gatilhos em Duelo / Six Black Horses (Dir: Harry Keller com Dan Duryea, Joan O´Brien, George Wallace, Roy Barcroft, Bob Steele).

Audie Murphy e James Stewart em A Passagem da Noite

No entrecho de A Passagem da Noite, Grant McLaine (James Stewart) – depois de ter sido despedido por ter deixado fugir de maneira inexplicável o jovem Utica Kid (Audie Murphy), um dos membros da quadrilha de assaltantes de trem liderada por Whitey Harbin (Dan Duryea) – passa a viver de gorjetas, que recebe ao tocar seu acordeão. Porém os assaltos continuam e ele é chamado de volta para impedir novos roubos. No decorrer da trama ficamos sabendo que Utica Kid é o irmão mais moço de Grant. A direção de Neilson é firme e eficiente, narrando a boa história de Borden Chase em ritmo movimentado, explorando fotograficamente belas paisagens do Colorado, forjando sequências emocionantes (v. g. o ataque do trem correndo pela encosta da montanha, que os ladrões tentam parar, derrubando um tanque de água sobre a linha férrea; o tiroteio final na mina abandonada) e boas interpretações, sobretudo de Murphy, alternadamente cínico, zombeteiro e sentimental.

Balas que não Erram tem uma história original: quando o famoso pistoleiro de aluguel John Gant (Audie Murphy) chega em Lordsburg, toda a cidade treme, porque não há quem não tenha um inimigo e naturalmente receiam que ele tenha vindo procurá-los. Gant não revela que veio para matar nem se veio mesmo com este propósito, mas o pânico vai crescendo. Após vários esforços Jane (Joan Evans), filha de um antigo juiz do condado, descobre finalmente que o homem que Gant quer abater, é seu próprio pai. O médico da localidade, Luke Canfield (Charles Drake), é o único personagem importante que não teme Gant, porque não tem inimigos, e a ele caberá punir o suposto matador mercenário. Jack Arnold dirige corretamente o excelente roteiro, mantendo permanentemente a angústia causada pelo medo até o combate final entre Luke e Gant. Murphy compõe habilmente um personagem imprevisível e complexo, ao mesmo tempo justiceiro e assassino.

Sandra Dee e Audie Murphy em Antro de Desalmados

Joanne Dru e Audie Murphy em Antro de Desalmados

Antro de Desalmados é um western romântico, enfatizando os perigos aos quais dois jovens criados nas montanhas, Yancey (Audie Murphy) e Rosalie (Sandra Dee) em estado selvagem estão sujeitos, quando se encontram bruscamente na presença da civilização. Sobrinho de um caçador, Yancey empreende uma viagem para vender suas peles. No caminho encontra Rosalie, adolescente que foge do pai trapaceiro e irresponsável  e o acompanha até a cidade. Os dois jovens matutos chegam no dia dos festejos pelo 4 de julho. Com o produto da venda de suas peles, eles compram roupas adequadas e se misturam à multidão. Yancey corteja a bela prostituta Marcy (Joanne Dru) enquanto sua companheira de jornada, empregada no saloon com o consentimento inadvertido do ingênuo Yancey, se vê assediada pelo xerife Paul Bartel (Gilbert Roland), dono do estabelecimento. Porém Yancey, após ter descoberto que fazia a corte a uma mulher de má vida, compreende em que mãos colocou Rosalie e vai resgatá-la do ambiente impróprio e das garras do homem-da-lei rufião. O filme não tem muita ação típica do faroeste, mas sua história cheia de candura e sentimentalismo é atraente do começo ao fim, contando com uma das melhores interpretações de Murphy, cercado por um bom elenco de coadjuvantes.

Com o Dedo no Gatilho aborda o tema da perseguição de um inocente caçado por um xerife desonesto. Clay Santell (Audie Murphy) oferece ajuda a um estranho, que em seguida o agride, e foge com seu cavalo, deixando o rifle.  Ao chegar em Sutterville, os moradores, ao vê-lo com a arma, pensam que ele é Travers (Jan Merlin), um bandido perigoso. O delegado Harry Deckett (Stephen McNally), que há muito tempo vinha seguindo Merlin, salva Clay do linchamento, para levar adiante seu plano diabólico: matá-lo no lugar do assassino (que ninguém conhece) e ganhar fama. Mas Clay foge e leva consigo a jovem Janet (Felicia Farr) como refém, sucedendo-se uma perseguição por uma paisagem desértica, marcada por vários acontecimentos até o ajuste de contas final entre Clay, Deckett e Merlin. Manejando com segurança o script econômico, Sherman mantém a narrativa em um ritmo fluente e concebe bons momentos de tensão (v.g. a chegada de Clay à cidade deserta onde se sente que algo está para acontecer, a aparição inesperada de três intrusos na cabana onde Clay e Janet se abrigam, a espera do confronto do herói com os dois vilões).

 

Audie Murphy e Barry Sullivan em Matar por Dever

 Em Matar por Dever o assunto é, em suma, a amizade entre adversários. O Texas Ranger novato Seven Jones (Audie Murphy) é designado para acompanhar o sargento veterano Henessey (Jay C. Flippen) na caçada ao pistoleiro Jim Flood (Barry Sullivan). Após descobrirem a pista do bandido, Jones e Henessey caem em uma emboscada armada por Flood. Henessey é morto, mas Jones leva adiante a missão e, finalmente consegue prender o fugitivo.  Pelo caminho, enquanto Flood tenta por vezes escapar, eles enfrentam juntos vários perigos (índios, caçadores de recompensas), estabelecendo-se uma estima recíproca entre o homem da lei decidido e decente e seu prisioneiro simpático, amante dos prazeres simples da vida, que só usa o gatilho quando inevitável. Apesar de seus esforços, Flood não consegue levar Jones para uma vida de crime; na verdade, ele próprio se deixa contaminar pela decência do jovem ranger, e isso determina o seu fim trágico. No final os dois homens puxam suas armas, Flood erra o tiro, mas Jones atinge certeiramente seu alvo.  Quando Flood morre em seus braços, Jones compreende que Flood deixou ele vencer. Keller filma o relato com profissionalismo, tornando este western insólito sempre interessante.

John Saxon, Audie Murphy e  Rodolfo Acosta em A Quadrilha do Inferno

No desenrolar de Quadrilha do Inferno quatro bandidos, um dos quais, Crip (Vic Morrow), é um louco sanguinário, semeiam o terror em Paradise. Eles matam o xerife, assaltam um banco e levam Helen Caldwell (Zohra Lampert) como refém. O auxiiar do xerife, Banner Cole (Audie Murphy), comanda uma patrulha, da qual fazem parte: o Capitão Brown (Robert Keith), velho combatente da Guerra Civil; Johnny Caddo (Rodolfo Acosta), mestiço que busca o reconhecimento da população; Jack Wiley (Paul Carr), jovem ágil no gatilho ansioso para demonstrar sua habilidade; Billy (Royal Dano), tio de Helen; Bert Hogan (Frank Overton), sujeito que deseja vingar o irmão morto pelos facínoras, e Seymour Kern (John Saxon), empregado do banco almofadinha, encarregado de recuperar o dinheiro roubado. ole consegue eliminar todos os bandidos à medida que vai perdendo seus companheiros, com exceção de Seymour. Rico em peripécias, o filme também faz considerações filosófico-morais sobre questões como humilhação, coragem, covardia e orgulho, a partir dos tipos humanos que compõem a expedição punitiva.

Em 1957 Murphy um filme para a Columbia O Renegado do Forte Petticoat / The Guns of Fort Petticoat e, em 1959 e 1960, dois filmes para a United Artists:  Um Homem contra o Destino / Cast a Long Shadow e O Passado Não Perdoa / The Unforgiven.

O Renegado do Forte Petticoat

Em O Renegado do Forte Petticoat o Tenente Frank Heavitt (Audie Murphy), de origem texana, percebe que os Comanches vão se dirigir para o Texas, no momento sem proteção, porque todos os homens foram mobilizados para o exército confederado. Frank deserta e retorna à sua terra natal, onde reúne as mulheres e as crianças em uma missão abandonada e as submete a um treinamento militar intensivo, para repelir as investidas dos índios. O enredo tem originalidade (um homem sozinho organizando militarmente um grupo de mulheres) e apresenta os elementos necessários para manter a ação incessante. A cena mais movimentada é aquela em que os índios aprisionam os três bandidos e estes os levam missão. Frank, as mulheres e crianças se escondem no terraço. Os selvagens, não vendo ninguém, matam seus prisioneiros e vão embora. Entretanto, um menino dispara sua arma acidentalmente, os índios escutam os tiros e voltam a atracar mais agressivos do que nunca.

Audie Murphy em O Passado não Perdoa

O Passado Não Perdoa tem início em um rancho isolado no Texas, onde vive uma família de colonos a mãe, Matilda Zachary (Lillian Gish); seus três filhos, Ben (Burt Lancaster), Cash (Audie Murphy), Andy (Doug McClure), e a filha, Rachel (Audrey Hepburn). Um estranho, Abe Kelsey (Joseph Wiseman), que se diz emissário de Deus, espalha na cidade que Rachel é uma índia adotada e sua presença significa uma ameaça , pois os temidos Kiowas a querem de volta. Os vizinhos se afastam dos Zachary. Matilda admite a veracidade da história de Kelsey e os quatro filhos ficam chocados. Cash, embriagado, abandona a família.Os Kiowas atacam. Matilda morre, Andy é ferido. Cash retorna e ele e Ben afugentam os índios. Bem casa-se com Rachel. Em um cenário de esplendor selvagem, Huston conta uma história de cativeiro invertida, para denunciar a intolerância racial. Pode-se vislumbrar alguns toques pessoais do diretor (Matilda tocando Mozart ao ar livre em um piano de cauda enquanto os índios batem seus tambores de guerra; o boi no telhado da casa; os guerreiros sob o luar; o cavaleiro espectral que se diz “a balança de Deus, o fogo da vingança”, que dão ao seu western uma ambientação quase fantática.

Audie Murphy em Gatilhos da Violência

Os últimos filmes de Murphy, realizados para diversas companhias: 1963 – Abatendo um a um / Showdown (Dir: R. G. Springsteen com Charles Drake, Kathleen Crowkley, Skip Homeier, Harold J. Stone); Fúria de Brutos / Gunfight at Comanche Creek (Dir: Frank McDonald com Ben Cooper, Coleen Miller, De-Forrest Keller, Jan Merlin, John Hubbard); Pistoleiro Relâmpago / The Quick Gun (Dir: Sidney Salkow com Merry Anders, James Best, Ted deCorsia, Walter Sande). 1964 – Balas para um Bandido / Bullet for a Badman (Dir: R.G. Springsteen com Darren McGavin, Ruta Lee, Beverly Owen, Skip Homeier); Rifles da Desforra / Apache Rifles (Dir: William Witney com Michael Dante, Linda Lawson, L. Q. Jones, Ken Lynch). 1965 – Bandoleiros do Arizona / Arizona Raiders (Dir: William Witney com Michael Dante, Ben Cooper, Buster Crabbe, Gloria Talbot. 1966 – Matar ou Cair / Gunpoint (Dir: Earl Bellamy com John Staley, Warren Stevens, Edgar Buchanan, Denver Pyle, Royal Dano); O Bandoleiro Temerário / The Texican (Dir: Lesley Selander com Broderick Crawford, Diana Lorys, Luz Marquez, Antonio Casas, Molino Rojo). 1967 – Os Rifles da Desforra / 40 Guns to Apache Pass (Dir: William Witney com Michael Burns, Kenneth Tobey, Laraine Stephens, Robert Brubaker, Michael Blodgett). 1969 – Gatilhos da Violência / A Time for Dying (Dir: Budd Boetticher com Richard Lapp, Anne Randall, Bob Random, Victor Jory, Walter Reed). não mantiveram o mesmo padrão artístico dos anteriores, mas não são totalmente desprezíveis.

 

 

 

EVOLUÇÃO DO FILME MUSICAL

O gênero filme musical obviamente só se tornou possível após o advento do som. Animada pelo resultado feliz do vitafone, a Warner começou a planejar a produção do filme que iria garantir o triunfo do cinema sonoro e determinar o seu rumo futuro: O Cantor de Jazz / The Jazz Singer (Dir: Alan Crosland). Seria um filme mudo com um acompanhamento musical sincronizado, alguma música coral judaica e sete canções populares interpretadas por Al Jolson, o popular astro do vaudeville, contratado para o papel principal por 20 mil dólares. Ou seja, um filme “cantado “e não “falado”. Embora o mito seja de que durante duas sequências musicais Jolson teria improvisado algum diálogo, muito antes da filmagem Crosland já vinha dizendo para os repórteres que o filme estava sendo planejado com diálogo em algumas cenas. A estréia ocorreu em 6 de outubro de 1927 e o impacto foi sensacional. De repente, ali estava Jolson não somente cantando e dançando, mas falando informal e espontaneamente com outras pessoas no filme, tal como alguém podia fazer na realidade.

Al Jolson em O Cantor de Jazz

Tendo produzido o primeiro filme “parcialmente falado” (part talking) – O Cantor de Jazz -, a Warner continuou a mostrar o caminho, produzindo o primeiro filme “todo falado” (all talking) – Luzes de Nova York / Lights of New York / 1928 (Dir: Brian Foy) – drama criminal sobre dois barbeiros de uma cidade pequena que vão para Nova York e se envolvem com traficantes de bebidas. O enorme sucesso popular de Luzes de Nova York demonstrou que os filmes totalmente dialogados não só podiam ser feitos como também atraíam um grande público. De fato, os “talkies” agradaram muito e, no final de 1928, ficou claro que o cinema silencioso estava morto.

 

Outro fator importante para o surgimento do filme musical foi a influência das várias formas teatrais de apresentação de música e dança a começar pelos shows de menestréis com artistas brancos com o rosto pintado de preto, cantando e dançando a “Jump Jim Crow”, canção caricaturando os negros, que se tornou muito popular no início do século XIX na interpretação do ator nova-iorquino Thomas D. Rice. Os shows de menestréis incluíam vários esquetes (chamados olio) e terminavam com uma paródia (ou “burlesco”) de uma peça popular, ópera ou outro evento cultural.

 

Jump Jim Crow / Thomas D. Rice

No final dos anos 1880 a estrutura em esquetes havia se tornado um tipo próprio de entretenimento teatral, eventualmente rebatizado como vaudeville (music hall na Inglaterra, variety no resto da Europa). O vaudeville ou teatro de variedades consistia em uma série de atos não relacionados entre si, apresentados em uma mesma programação (v. g. comediantes, cantores, dançarinos, cães ou focas amestrados, malabaristas, mágicos, contorcionistas etc.).

Show de menestréis no vaudeville

Teatro Burlesco

A porção burlesca do show de menestréis também se tornou um tipo próprio (e sem o rosto pintado de preto) lá pelo final dos anos 1880. Nas suas paródias os teatros burlescos frequentemente recorriam a um humor picante ou a uma linguagem irreverente e, eventualmente, uma troupe de artistas do sexo feminino fazendo strip-tease e cômicos interagindo continuamente com a platéia, tornaram-se a principal atração do espetáculo.

Número do Ziegfeld Follies

A popularidade contínua do teatro de variedades levou a um número de produções de luxo na Broadway, que foram chamadas de revues (revista ou teatro de revista), formato que se tornou popular graças ao produtor Florenz Ziegfeld, que não somente reunia no seu elenco apenas as grandes estrelas, mas também se tornou famoso por apresentar um grupo de lindas coristas em trajes elaborados, porém sempre deixando à mostra algumas partes do corpo. Estes números eram chamados de “tableaux” (quadros), porque as coristas não dançavam propriamente. Elas ficavam paradas para serem admiradas pelo público ou às vezes se movimentavam pelo palco ou desciam uma escada lentamente. As revistas apelavam frequentemente para a sátira social ou política sem um fio condutor de ação. Um tema geral servia de justificação para uma sequência descontraída de números, nos quais as atuações individuais se alternavam com grupos de dança.

Outra forma teatral foi a light opera ou opera bouffe que emergiu na Europa e depois de certo tempo evoluiu para operetta, um estilo de ópera leve tanto na sua substância musical como no conteúdo do assunto. A opereta é uma precursora da comédia musical, que se caracteriza por enfatizar a narrativa dramática, interligando a fala e o canto.

Melodia da Broadway

O Rei do Jazz

Paramount em Grande Gala

Os primeiros filmes musicais – v. g. Follies / Fox Movietone Follies / 1929, Melodia da Broadway / The Broadway Melody / 1929, Hollywood Revue / The Hollywood Revue / 1929 , Parada das Maravilhas / Show of Shows / 1929, O Rei do Jazz / King of Jazz / 1930, Paramount em Grande Gala / Paramount on Parade / 1930 – tomaram emprestado do palco o formato de revista, apresentando vários números musicais não relacionados entre si e alguns esquetes cômicos, apresentados por um mestre de cerimônias e focalizados por uma câmera fixa colocada em uma posição equivalente á quinta fila da platéia. O show terminava com os artistas ou o côro saindo de cena pelas partes laterais do palco tal como no teatro.

Melodia da Broadway inaugurou um subgênero: o backstage musical (musical de bastidores), no qual havia um fio de enredo, mostrando os testes, os ensaios e a estréia de uma grande revista da Broadway, incluindo uma corista que substitui a atriz principal no último minuto e se torna uma estrela. Outro backstage musical foi Toca a Música / On With the Show / 1929, que se notabilizou por ter sido o primeiro filme todo falado em technicolor de duas cores.

Jeanette MacDonald e Maurice Chevalier em Alvorada do Amor

Helen Morgan em Aplausos

Jeanette MacDonald e Maurice Chevalier em Ama-me Esta Noite

Na mesma época Hollywood trouxe também do tablado operetas (v. g.  A Canção do Deserto / The Desert Song / 1929) e comédias musicais (v. g. Whoopee! / Whoopee! / 1930) enquanto cineastas como Ernst Lubitsch (v. g. Alvorada do Amor / The Love Parade / 1929, Monte Carlo / Monte Carlo / 1930, O Tenente Sedutor / The Smiling Lieutenant / 1931) e Rouben Mamoulian (v. g. Aplausos / Aplause / 1929, Ama-me Esta Noite / Love me Tonight / 1932) criaram um novo tipo de músical. Nele as canções são integradas na história e usadas para desenvolver a personagem, avançar o enredo e fazer comentários sobre os acontecimentos. Lubitsch e Mamoulian incorporaram o cinema nos seus musicais, dando-lhes um ritmo e libertando a câmera de sua imobilidade. A idéia do integrated musical (musical integrado) seria desenvolvida mais tarde pela Arthur Freed Unit na MGM.

Busby Berkeley

 

Hollywood começou a fazer também “comédias com música” em vez de comédias musicais como, por exemplo, os filmes dos irmãos Marx e Mae West. Eddie Cantor seguiu este modelo, beneficiando-se do concurso de Busby Berkeley, coreógrafo (na época chamado de diretor de dança) imensamente criativo, que marcou o percurso do filme musical, impondo-se como um dos gênios do cinema. Ele descobriu que a câmera tinha de dançar mais que os próprios dançarinos e, com extraordinária imaginação, elaborou um estilo incomparável. Busby acompanhava os bailarinos em travellings velozes, até chegar às tomadas de ângulo superior sobre os motivos geométricos de suas evoluções, que se compunham e se desmanchavam como em um caleidoscópio. Entre seus trabalhos, além de outros filmes com Cantor – O Homem do Outro Mundo / Palmy Days / 1931, O Meu Boi Morreu / The Kid from Spain / 1932, Escândalos Romanos / Roman Scandals / 1933 – estão suas obras-primas na Warner: Rua 42 / 42nd Street / 1933, Cavadoras do Ouro / Gold Diggers of 1933 / 1933 (inesquecíveis as dezenas de moças tocando violinos iluminados no número “Shadow Waltz”), Belezas em Revista / Footlight Parade / 1933 (memoráveis as coristas deslizando pelas cascatas  na sequência  “By the Waterfall”), Wonder Bar / Wonder Bar / 1934, Modas de 1934 / Fashions / 1934, Mulheres e Música / Dames / 1934, (fantástica  imaginação visual no número “I Only Have Eyes for You”),  Mordedoras de 1935 / Gold Diggers of 1935 etc.

GInger Rogers e Fred Astaire

Nelson Eddy – Jeanette MacDonald

Jeanette MacDonald e Maurice Chevalier em A Viúva Alegre

Judy Garland e Mickey Rooney

Forja de Heróis

A Canção da Vitória

Esther Williams

Sonja Henie

Lena Horne e Bill Robinson emTempestade de Ritmo

No decorrer dos anos 30-40 todos os grandes estúdios de Hollywood contribuíram para a evolução do gênero filme musical surgindo neste âmbito: comédias românticas com Fred Astaire-Ginger Rogers; operetas com Jeanette MacDonald e Nelson Eddy (e a obra-prima de Lubitsch, A Viúva Alegre / The Merry Widow); musicais juvenis com  Shirley Temple, Deanna Durbin, Judy Garland-Mickey Rooney; a série Road to com Bing Crosby  Bob Hope, Dorothy Lamour e os musicais de Crosby na Paramount; musicais  patrióticos  a serviço da política da boa vizinhança com Alice Faye, Betty Grable e a nossa Carmen Miranda ou  musicais-revista ( v. g. Forja de Heróis / This is the Army, Noivas de Tio Sam / Stage Door Canteen, A Filha do Comandante / Thousands Cheer, Graças à Minha Boa EstrelaThank Your Lucky Stars), musicais de época (v. g. Minha Namorada Favorita / My Gal Sal, Aquilo Sim, Era Vida! / Hello, Frisco, Hello); musicais biográficos (v. g. A Canção da Vitória / Yankee Doodle Dandy sobre George M. Cohan, A História de Vernon e Irene Castle / The Story of Vernon and Irene Castle sobre o famoso casal de dançarinos, Canção Inesquecível / Night and Day sobre Cole Porter; Rapsódia Azul / Rhapsody in Blue sobre George Gershwin, Sonhos Dourados / The Jolson Story sobre Al Jolson); musicais com a nadadora Esther Williams, a patinadora no gelo Sonja Henie, a sapateadora Eleanor Powell, a cantora de ópera Grace Moore e a parceira  favorita de Fred Astaire, Rita Hayworth; musicais somente com atores negros (v. g. Tempestade de Ritmo / Stormy Weather / 1943; Uma Cabana no Céu / Cabin in the Sky / 1943) etc.

Arthur Freed e Judy Garland

Após a Segunda Guerra Mundial, a MGM assumiu a liderança no gênero do filme musical, graças aos musicais produzidos por Jack Cummings (v. g. Escola de Sereias / Bathing Beauties, Dá-Me um Beijo / Kiss me Kate), Joe Pasternak (v. g. Casa, Comida e Carinho /   Summer Stock, Marujos do Amor / Anchors Aweigh) e principalmente Arthur Freed no restante dos anos 40 e nos anos 50. Para a sua unidade de produção Freed reuniu em torno dele alguns dos maiores talentos daquela era -compositores, orquestradores, letristas, coreógrafos, cenógrafos, figurinistas, fotógrafos: Roger Edens, Ralph Blane, Hugh Martin, André Previn, Saul Chaplin, Johnny Green, Adolph Green, Lennye Hayton, Conrad Salinger, Preston Ames, Betty Comden, Adolph Deutsch, Lela Simone, Robert Alton, Jack Cole, Kay Thompson, Irene Sharaff, John Alton, e outros. Durante seus anos como produtor Freed e seus colaboradores – sempre com ênfase na integração e na dança – criaram uma lista impressionante de grandes musicais, sempre lembrados por todo fã de cinema, entre eles O Pirata / The Pirata, Um Dia em Nova York / On the Town, Núpcias Reais / Royal Wedding, O Barco das Ilusões / Show Boat, Sinfonia de Paris / An American in Paris, Cantando na Chuva / Singin´in the Rain, A Roda da Fortuna / The Band Wagon, Meias de Seda / Silk Stockings e Gigi / Gigi.

Gene Kelly e Leslie caron em Sinfonia de Paris

Donald O´Connor, Debbie Reynolds e Gene Kelly em Cantando na Chuva

VIncente Minnelli com Gene Kelly e Leslie Caron na filmagem de Sinfonia de Paris

Gene Kelly e Stanley Donen

Na Freed Unit destacaram-se os diretores Vincente Minnelli, Stanley Donen e dois grandes dançarinos / coreógrafos, Fred Astaire e Gene Kelly. Minnelli se expressou maravilhosamente no filme musical onde sua cultura, refinamento, predileção pela fantasia e pela estilização pictórica encontraram terreno propício. Seu trabalho (v. g. O Pirata, Sinfonia de Paris, A Roda da Fortuna, Gigi) foi recompensado com o Oscar de Melhor Direção por Gigi. Donen realizou, de parceria com Gene Kelly, dois dos musicais mais aclamados da História do Cinema, Um Dia em Nova York e Cantando na Chuva, dirigiu sozinho, sob produção de Jack Cummings, Sete Noivas para Sete Irmãos / Seven Brides for Seven Brothers e fez na Paramount, Cinderela em Paris / Funny Face. Freed ganhou dois Oscar de Melhor Filme (Sinfonia de Paris e Gigi) e o prestigioso Irving Thalberg Award pelo seu sucesso contínuo como produtor.

Um Dia em Nova York

Sete Noivas para Sete Irmãos

Além de Fred Astaire e Gene Kelly transitaram pela Fred Unit um punhado de cantores e dançarinos formidáveis como Frank Sinatra, Judy Garland, Ginger Rogers, Cyd Charisse, Howard Keel, Kathryn Grayson, Jack Buchanan, Debbie Reynolds, Donald O´Connor, Marge e Gower Champion, Jane Powell, Vera-Ellen., Leslie Caron, Betty Hutton, Lena Horne, Louis Armstrong, Ann Miller, Maurice Chevalier, Ethel Waters, Dan Dailey, Esther Williams, Mickey Rooney, Lucille Bremer, Bob Fosse, Bobby Van, Tommy Rall, Carol Haney, Jeanne Coyle etc.

Frank Sinatra e Doris Day

Frank Sinatra e Bing Crosby

Nos anos 50 dois grandes intérpretes da canção, Frank Sinatra e Doris Day, compareceram em musicais não produzidos por Freed na MGM ou produzidos por outros estúdios (Frank Sinatra v. g. em Marujos do Amor / Anchors Aweigh, Alta Sociedade / High Society, Meus Dois Carinhos / Pal Joey, Eles e Elas / Guys and Dolls); Doris Day v. g. em Romance em Alto Mar / Romance on the High Seas, No, No, Nanette / Tea for Two, Meu Sonho Te Pertence / My Dream is Yours, Meus Braços Te Esperam / On Moonlight Bay, Rouxinol da Broadway / Lullaby of Broadway, Sonharei Com Você /  I´ll See You in My Dreams). Eles foram reunidos em um musical dramático, Corações Enamorados / Young at Heart. Já em Alta Sociedade / High Society foi a vez dos dois maiores cantores americanos de todos os tempos, Frank Sinatra e Bing Crosby se encontrarem em um mesmo filme.

Edmund Purdom e Ann Blyth em O Príncipe Estudante

Mario Lanza em O Grande Caruso

Judy Garland em Nasce uma Estrela

No Mundo da Fantasia

 

Elvis Presley

Na mesma década voltaram as operetas (v.g. A Canção do Sheik / The Desert Song (com Gordon MacRae, Kathryn Grayson), O Príncipe Estudante / The Student Prince (com Edmund Purdon, Ann Blyth), A Víuva Alegre / The Merry Widow (com Lana Turner, Fernando Lamas) e os  musicais biográficos (v. g. O Grande Caruso / The Great Caruso, Meu Coração Canta / With a Song in My Heart sobre Jane Froman, Ama-me ou Esquece-me / Love or Leave Me sobre Rutt Etting); surgiram os primeiros musicais em CinemaScope (v. g. Nasce uma Estrela / A Star is Born (assinalando o retorno triunfal de Judy Garland em um musical trágico), Mundo da Fantasia / There´s No Businesss Like Show Business (mostrando na tela larga em um mesmo plano Johnny Ray, Mitzi Gaynor (que foi vista também em outros musicais), Dan Dailey, Ethel Merman, Donald O´Connor, Marilyn Monroe); Sua Excia. A Embaixatriz / Call me Madam marcou o reconhecimento de Ethel Merman como estrela no cinemusical, depois ter se tornado uma grande dama na Broadway; Sam Katzman produziu o primeiro rock musical film, Ao Balanço das Horas / Rock Around the Clock; surgiram na tela Elvis Presley, Pat Boone e Harry Belafonte com sua calypso music; a AIP (American International Pictures) lançou um ciclo de musicais de praia com Frankie Avalon, Annette Funicello e os Beach Boys explorando a emergente popularidade da “surf music”.

Cena de A Noviça Rebelde

Cena de Amor, Sublime Amor

Foi ainda nos anos 50 que começaram a surgir novas adaptações dos musicais da Broadway (v. g. Oklahoma! / Oklahoma e Carrosel / Carousel (ambos com Gordon MacRae e Shirley Jones), No Sul do Pacífico / South Pacific  (com  MItzi Gaynor), Porgy e Bess / Porgy and Bess com Dorothy Dandridge), tendência que continuaria nos anos 60 (v. g. Can-Can / Can-Can; Amor, Sublime Amor / West Side Story, Em Busca de um Sonho / Gipsy, Vendedor de Ilusões / The Music Man, Minha Bela Dama / My Fair Lady, A Noviça Rebelde / The Sound of Music, Alô Dolly / Hello, Dolly!), os dois últimos contando com novas superestrelas: Julie Andrews e Barbra Streisand.

Liza Minnelli e Joel Grey em Cabaré

Na Nova Hollywood dos anos 70 surgiria o concept musical, onde mensagem e tema se sobrepõem ao enredo. Os concept musicals não necessariamente contam uma história e não seguem uma progressão linear do começo ao fim. Seu propósito é explorar um tema ou transmitir uma mensagem. Cabaré / Cabaret / 1972 de Bob Fosse, por exemplo, possui estas características. Os números musicais são usados para explicar acontecimentos paralelos que ocorrem fora do cabaré. As canções comentam a ação no estilo da “Ópera de Três Vinténs” (Die Dreigroschenoper) de Berthold Brecht e Kurt Weil. O filme proporcionou 7 prêmios da Academia: Melhor Diretor, Atriz (Liza Minnelli), Ator Coadjuvante (Joel Grey), Fotografia (Geoffrey Usworth), Montagem David Bretherton), Direção de Arte (Robert Knudson e David Hildyard), Música (Ralph Burns, arranjos). Foi um musical inovador e o mais importante da década.