A História do Cinema Russo tem sido mais divulgada a partir das experiências de montagem de cineastas do cinema soviético dos anos 1920 como Kulechov, Vertov e Eisenstein e das atividades da Fábrica de Atores Excêntricos (FEK) de Kozintzev e Trauberg, omitindo o período pré-revolucionário (1908-1919), do qual procurarei fazer um breve resumo antes de apresentar o “Rei do Melodrama”.
O cinematógrafo foi apresentado na Rússia por Francis Doublier, que trabalhava no laboratório da fábrica Lumière. Sua chegada em Moscou coincidiu com a coroação do Tzar Nicolau II, marcada para 14 de maio de 1896, que foi filmada por Charles Moisson, operador de câmera acompanhando Doublier na ocasião. Em março de 1897 o cinematógrafo estava percorrendo cidades russas, familiarizando as pessoas com a nova atração. Os filmes eram exibidos principalmente em estandes de feiras e exposições e não em lugares fixos. Os primeiros cinemas surgiram a partir de 1903 e se espalharam pelo país, atraindo público de todas as classes sociais.
No final do século dezenove a Gaumont e a Pathé dominavam o mercado cinematográfico russo, mas gradualmente as platéias russas cansaram-se de ver somente imagens filmadas em outros países em vez de verem sua própria cultura. A Rússia tinha condições de realizar sua própria produção doméstica, e muitos russos haviam adquirido experiência trabalhando nas companhias francesas que mantinham negócios no país.
A produção de filme na Rússia começou em 1907 quando Alexander Drankov, fotógrafo oficial da Duma (Assembléia Legislativa), abriu um escritório em São Petersburgo e anunciou que faria filmes que ofereceriam imagens autênticas do país. Na mesma ocasião a Gaumont e a Pathé também inauguraram seus próprios estúdios na Rússia. Em 1908 Drankov já havia produzido uma série de filmes intitulada “Rússia Pitoresca”, que vendeu também para outros países. No mesmo ano ele produziu o primeiro filme narrativo, Stenka Razin, dirigido por Vladimir Romashkov, focalizando a trajetória do famoso rebelde que se tornou um grande herói popular no seu país.
Em 1909 surgiram duas novas companhias: 1. a Thiemann & Reinhardt, fundada por Pavel Thiemann (que havia trabalhado na sucursal russa da Gaumont) e Friedrich Reinhardt (próspero comerciante de tabaco), começou distribuindo filmes feitos pelas companhias Nordisk (dinamarquesa), Ambrosio (italiana) e Vitagraph (americana) e depois começou a produzir seus próprios filmes na sua firma Gloria, contratando diretores como Vladimir Gardin e Yakov Protazanov e posteriormente VIacheslav Viskovsky, Vadimir Uralsky e Vsevolod Meyerhold. 2. a Khanzhonkov foi fundada pelo ex-capitão do exército Alexsandr Khanzhonkov, concorrente de Drankov e produtor de um dos primeiros filmes de longa-metragem russo, Oborona Sevastopolya (Defesa de Sebastopol).
A Pathé Moscou competiu com Drankov e as duas novas empresas. Os primeiros filmes da Pathé produzidos na Rússia e dirigidos pelo franco-dinamarquês Kai Hansen, Vasili Goncharov e André Maître focalizaram figuras históricas como o grão-príncipe Dmitri Donskoi e Pedro, o Grande. Um dos filmes desta série foi Kniazhna Tarakanowa (Princesa Tarakanowa) / 1910, dramatização de um evento histórico envolvendo a princesa suspeita de reivindicar o trono ocupado por Catarina, a Grande. O filme foi dirigido por Hansen e Maître.
As adaptações dos clássicos da literatura – Pushkin, Gogol e Chekov – eram muito populares assim como as histórias místicas e sobrenaturais que haviam inspirado o Romantismo. Por exemplo o filme Rusalka / 1910, dirigido por Goncharov baseado em uma lenda folclórica, transformada em um poema dramático inacabado de Pushkin, contava a história da filha de um moleiro que é seduzida e abandonada por um príncipe. Desesperada, ela se afoga e ele passa a ser atormentado pela imagem da moça, como se fosse um espírito das águas (rusalka).
Os filmes russos também começaram a abordar o melodrama. Snokhach (O Amante da Nora) / 1912), dirigido por Alexander Ivanov-Gai e Petr Chardynin, versa sobre a prática de pais ou sogros que abusam sexualmente de suas filhas e noras. Ivan (Ivan Mozzhukhin) e sua esposa Lusha (Tatyana Shornikova) vivem uma vida tranquila, porém o pai de Ivan (Arseni Bibikov) estupra Lusha. Quando fica grávida, ela se enforca de vergonha. O nome de um dos primeiros astros do cinema russo inicial aparecia nos cartazes publicitários da produção: Ivan Mozzhukhin (pronunciado como Mosjoukine depois de sua emigração para a França); Krestianskaia dolia (O Lote do Camponês / 1912), dirigido por Goncharov, examinava a impossibilidade de amor para uma jovem camponesa. Masha (Alexandra Goncharova) e Petr (Ivan Mozzhukhin) estão apaixonados e os pais consentem no casamento. Mas o destino desfere um duro golpe: a casa dos pais de Masha se incendeia e o matrimônio é cancelado porque a moça perdeu seu dote. Masha vai trabalhar como empregada doméstica na cidade onde a princípio rechaça os avanços do patrão. Em uma montagem paralela o diretor mostra o sofrimento de seus pais após o incêndio e sua agitação emocional, surgindo então uma motivação psicológica para que ela acabe cedendo ao assédio em troca de uma grande soma de dinheiro, que ela leva para seus progenitores. Entretanto, seu amor por Petr, que agora está casado com uma mulher dura e cruel, está irremediavelmente perdido: Masha se casa com um senhor de idade; Doch kuptsa Bashkirova / 1913 (A Filha do Mercador Bashkirov), depois denominado Drama na Volge (Drama no Volga) dirigido por Nikolai Larin, fala sobre casamentos arranjados para benefício financeiro e a impossibilidade de amor romântico. A filha de um mercador, Nadia (atriz não creditada) ama o jovem mordomo Yegorushka (ator não creditado), mas seu pai não pode saber: ele arranjou o casamento de Nadia com um mercador rico, que ela não ama. A mãe de Nadia ajuda a filha a se encontrar com seu amado em segredo. Quando o pai de Nadia chega em casa inesperadamente, as duas mulheres escondem Yegorushka embaixo de um colchão onde ele morre sufocado. Elas pedem a um camponês que as ajude a se livrar do corpo, que é jogado no rio em um barril. Entretanto, o camponês chantageia Nadia, exigindo jóias e depois a estupra. Nadia ouve o camponês gabar-se do estupro na taverna; ela tranca o estuprador e seu público na taverna e ateia fogo no estabelecimento; Kliuchi schast’ ia (As Chaves de Felicidade) / 1913, dirigido por Gardin e Protazanov e baseado no romance sucesso de vendas de Anastasia Verbitskaya, conta como uma mulher adiante de seu tempo, Manja Elcova (Olga Preobrazhenskaya), tenta se adaptar à vida moderna e acaba se matando.
A comédia também esteve presente no ínicio do cinema russo primeiramente como esquetes cômicos de 10 minutos e depois esquetes mais longos, surgindo a comédia de situação, representada, por exemplo, por Roman s kontrabasom (Romance com Contrabaixo) / 1911, baseado em uma história de Anton Chekov e dirigido por Kai Hansen. A ação transcorre no campo, onde primeiro um tocador de contrabaixo (Nikolai Vasilyev) e depois a Princesa Bibulova (Vera Gorskaya) têm suas roupas roubadas enquanto nadam em um lago. Como um verdadeiro cavalheiro o músico oferece à dama a caixa de seu contrabaixo para ela se esconder, mas enquanto ele vai buscar socorro, a caixa é encontrada e transportada para seu destino. Quando a caixa é aberta uma dama de maiô muito envergonhada sai da caixa. Em outra comédia, Domik v Kolomne (A Casa em Kolomna) / 1913, baseada em um poema dramático de Pushkin e dirigida por Chardynin, um homem (Ivan Mozzhukhin) se disfarça de mulher, fazendo-se passar de cozinheira, a fim de ficar perto de sua namorada (Sofia Goslavskaya), que faz a faxina da casa sob a supervisão de sua mãe viúva (Praskoya Maksimova) uma velha mandona.
A arte da animação chegou ao estúdio de Khanzhonkov quando ele trouxe em 1912 o polonês Wladyslaw Starewicz, que adquiriu fama com mestre da animação de fantoches em filmes como Mest kinematograficheskogo operatora (A Vingança do Cameraman) / 1912, Strekoza i muravei (A Libélula e a Formiga) / 1913 e o parte-animação, parte ação ao vivo Liliya Belgii (O Lírio da Bélgica) / 1915, parábolas da vida moderna ambientadas no mundo dos insetos e flores. Starewitz especializou-se em filmar insetos, primeiramente em documentários e depois em forma de fantoches, transformando-os em figuras com características humanas.
Khanzhonkov importou filmes que mostraram aos russos os primeiros astros estrangeiros, focalizando a atenção do público no ator: o comediante francês Max Linder, a atriz dinamarquesa Asta Nielsen, o ator dinamarquês Valdemar Psilander (com o apelido de “Garrison”) e a polonesa Apolonia Chalupiec, que ganhou fama trabalhando com Ernst Lubitsch sob o nome artístico de Pola Negri. Entretanto, os atores e atrizes russos do teatro não tinham permissão para atuar no cinema. Assim, a reputação de um ator do teatro não podia ajudar na promoção de um filme. Mas o cinema logo criou seus próprios astros como Ivan Mozzhukhin, que mais tarde, em 1918, daria sua contribuição para a célebre experiência de montagem de Kulechov e aumentaria sua fama trabalhando no cinema francês dos anos vinte. Em 1916 Mozzhukhin foi para o estúdio de Iossif Ermoliev, ex-representante da Pathé na Rússia que se tornou dono de grandes estúdios em Yalta e Moscou e após a Revolução, emigrou para a França, onde fundou a Companhia Film Albatros e passou a ser conhecido como Joseph Ermolieff.
Quando Protazanov ingressou no estúdio de Ermoliev, ele se desenvolveu como diretor realizando adaptações de clássicos da literatura, destacando-se Pikovaya dama (A Dama de Espadas) / 1916, baseado no conto de Pushkin, espetáculo com altos valores de produção, técnica diretorial inventiva no uso dos flashbacks e das posições de câmera, e uma profundidade psicológica na interpretação, especialmente por parte de Ivan Mozzhukhin.
O ambiente depressivo causado pela guerra da Rússia contra a Austria-Hungria e Alemanha iniciada em julho de 1914 e pelo assassinato de Rasputin em 1916, que levaria à abdicação do tzar em 1917, fez com que as companhias produtoras procurassem desviar o público da realidade oferecendo-lhe, além das adaptações literárias, melodramas focados em mulheres. Em um desses filmes, Mirazhi (Miragens) / 1915, dirigido por Chardynin, Vera Kholodnaya (a primeira estrela do cinema silencioso russo) interpreta o papel de Marianna, jovem pobre e decente que está trabalhando para um milionário, Herr Dymov (Arseni Bibikov). Marianna tem uma preocupação especial e um talento para as Artes e foi precisamente por isso que Dymov a empregou para ler livros para ele. Quando Marianna conhece o filho dele (Vitold Polonsky), ela vai se afastando mais e mais de seu lar seguro e de seu noivo Sergei (Andrej Gromov) em direção ao mundo artístico boêmio e se entrega Dymov Filho. Quando ele a abandona, é tarde demais; rejeitada por sua família, ela se mata.
Entretanto, o mestre incontestável do melodrama (o “Rei do Melodrama”) foi Yevgeni Bauer, considerado na Rússia dos anos 1910 como o realizador de filmes mais importante do país, que seria condenado como “um decadente” pelas histórias oficiais soviéticas.
Yevgeny Frantsevich Bauer (1865-1917), nasceu em Moscou. Rússia filho de uma família de artistas. Seu pai, Franz Bauer, era um músico de renome que tocava cítara e sua mãe uma cantora de ópera. Ele estudou na Escola de Arte, Escultura e Arquitetura de Moscou e se tornou conhecido primeiramente como cenógrafo de operetas e comédias farsescas, apresentando-se também ocasionalmente como ator amador. Era também conhecido como caricaturista, jornalista e empresário teatral. Durante os anos 1900 envolveu-se com fotografia artística.
Em 1912 foi contratado como cenógrafo para a sucursal da Pathé Moscou como assistente do futuro principal cenógrafo soviético Alexei Utkin. Em 1913 Bauer desenhou os cenários de uma superprodução de Drankov e seu sócio Alexei Taldykin para comemorar o tricentenário da Dinastia Romanov e no final do mesmo ano iniciou sua carreira como diretor na Pathé e nos estúdios de Drankov – Taldykin. Em 1914 começou a trabalhar na companhia de Khanzhonkov.
Dos 82 filmes firmemente creditados a Bauer, 26 ainda existem e são suficientes para se avaliar seu estilo original em termos de cenografia com seus interiores excepcionalmente espaçosos e suas famosas colunas, que tinham afinidade com a versão Art Nouveau do arquiteto Fedor Shekhtel. Seu domínio da iluminação, seu uso da ângulos de câmera inusitados e primeríssimos planos, sua montagem inventiva e efeitos teatrais como planos gerais através de janelas ou o uso de gazes e cortinas para alterar a imagem na tela, todas essas invenções estavam décadas adiante de seu tempo.
Bauer foi um dos primeiros diretores que usaram a tela dividida (split screen). Ele desenvolveu movimentos de câmera engenhosos, mostrando uma extraordinária profundidade de campo e obtendo efeitos dramáticos poderosos. Os travellings de Bauer mostram uma simpatia pela vida interior dos personagens em vez de apenas enfatizarem a amplitude da decoração. Lembrando o trabalho de Bauer com a luz, o ator Ivan Perestiani disse: “Um feixe de luz em suas mãos era um pincel de artista”. O discípulo mais jovem de Bauer foi Lev Kulechov, que ficou famoso pela sua experiência com a montagem.
Os melodramas de Bauer exploram os sentimentos das pessoas que habitavam um mundo que estava se extinguindo e desapareceria para sempre com a Revolução. Eles captam o modo de vida decadente da época e lidam mais com ação psicológica do que com a ação física. Todos tinham finais infelizes. Em seguida dou alguns exemplos.
No primeiro filme de Bauer, Sumerki zhenskoi dushi (Crepúsculo da Alma de uma Mulher) / 1913, a jovem Vera Duboskaja (Nina Chernova), filha de uma condessa, leva uma vida de luxo, mas está entediada. Um dia, sua mãe a convida para fazer caridade. Vera fica muito comovida com a situação dos pobres e resolve dedicar sua vida para ajudá-los. Entretanto, um rufião, Maksim Petrov (V. Demert), aproveitando-se de sua inocência, atrai a moça para a sua morada e a estupra. Então Vera o mata. Ela se casa com o Príncipe Dolskij (A. Ugrjumov), porém quando lhe revela seu passado, ele a culpa pelo estupro. Vera abandona Dolskij e se torna uma cantora de ópera. Um dia, Dolskij a vê no palco sob um novo nome, Ellen Kay, interpretando La Traviatta, mas quando se aproxima dela, ela se recusa a aceitá-lo de volta. Dolskij se mata.
Em outro filme de Bauer, Ditya bolshogo goroda (Garota da Cidade Grande) / 1914, uma jovem costureira Manetschka (Elena Smirnova), sonha com uma vida melhor. Seus sonhos se realizam quando chama a atenção de Viktor Kravtsov (Mikhail Salarov), um cavalheiro que a convida para jantar e faz dela uma dama, que agora se chama Mary. Algum tempo depois ela se cansou dele e quase o arruinou financeiramente. Quando Viktor propõe a Mary se mudar para fora da cidade, onde seu dinheiro seria suficiente para uma vida modesta, ela rompe com ele e arruma um novo amante. Um ano mais tarde, Viktor está ocupando um pequeno quarto, escuro e frio, ainda pensando em se encontrar novamente com Mary. Ele vai procurá-la, mas o porteiro não o deixa entrar. Quando o porteiro comunica sua presença à Elena esta lhe dá três rublos, para que ele os entregue ao pobre Viktor. Desesperado, ele se mata nos degraus da casa de Mary e ela tem a arrogância e o sangue-frio de passar por cima de seu corpo para ir ao restaurante Maxim´s, falando: “Dizem que dá sorte passar por cima de um cadáver”.
Em Nemye svideteli (Testemunhas Silenciosas) / 1914, o tema central é a interação entre a criadagem de uma residência da classe alta e seus patrões. Uma das criadas dos Kostritzyns quer deixar o emprego a fim de ficar perto de seu marido e filhos. Nastya (Dora Tschitorina), uma moça curiosa que observa tudo o que se passa no andar de cima onde ficam os aposentos dos patrões, aceita substituí-la. Pouco depois a patroa parte em uma viagem, deixando seu filho Pavel (Aleksandr Chargonin) em casa. Nastya percebe que Pavel está apaixonado por Yelena (Elsa Krueger), mas ela está mantendo um relacionamento romântico com o Barão von Roheren (Viktor Petipa). Quando Nastya consola o bêbado Pavel, este a embriaga também e a seduz. Forçada pelo pai a se casar com Pavel Kostritzyn, Ellen continua seu caso amoroso com o barão abertamente. Nastya, que se apaixonou por Pavel, assiste tudo com tristeza.
Em Griozy (Devaneios) / 1915, Sergei Nedelin (Aleksandr Vyrubow), vive obcecado com a morte de sua esposa adorada Yelena (F. Werchowzewa) sempre lembrada pelas tranças que ele guardou em uma caixa de vidro. Um dia, ele pensa ter reconhecido a falecida ao ver passar na rua Tina (N. Tshernobajewa) atriz que atua em “Robert, le Diable” de Meyerbeer. Seu papel na ópera é o de uma mulher que ressuscita emergindo de um caixão. Nedelin consegue uma foto de Tina com seu autógrafo e quer vê-la pintada em um quadro vestida com as roupas de Yelena. Tina por sua vez espera obter vantagens através do relacionamento com Nedelin: ela exige as jóias e as roupas de Yelena e quando o provoca retirando as tranças da caixa de vidro e se enrolando nelas, ele a estrangula.
Em Deti Veka (Filhos do Século) / 1915, Maria Nikolaevna (Vera Kholodnaya) leva uma vida simples com seu marido, caixa de um banco (Ivan Gorskij), e seu filhinho. Um dia, ao sair para fazer compras, ela se encontra com sua velha amiga Lidija Verkhovskaya (Vera Glinskaya), herdeira da fortuna de seu esposo. Lidija convida Maria para sua casa e a introduz nos prazeres mundanos da alta sociedade. Maria vê assediada por Lebedev (Arseni Biibkov), empresário rico e influente. Lebedev usa sua influência no banco para que o marido de Maria seja demitido, sem que ela saiba. Eventualmente, Maria cede aos avanços de Lebedev. Envergonhada e com sentimento de culpa, ela deixa o marido e este recebe uma proposta deo advogado de Lebedev para renunciar a Maria e à criança em troca de dinheiro. Indignado, ele recusa e se suicida.
Em Zhizn za zhizn (Uma Vida por Outra) / 1916, baseado no romance “Serge Panine” de Georges Ohnet, a viúva milionária Senhora Khromova (Olga Rakhmanova) tem duas filhas: uma biológica Musya (Lidyia Koreneva) e outra adotada Nata (Vera Kholodnaya). Nata está apaixonada por pelo Príncipe Bartinsky (Vitold Polonsky) mas o rico comerciante Zhurov (Ivan Perestiani) também a quer. Bartinsky perdeu muito dinheiro no jôgo e precisa se casar com uma jovem rica. Zhukov sugere que Bartinsky se case com Musya e que ele se case com Nata. Apesar das reservas das Senhora Khromova sobre Bartinsky o casamento duplo segue em frente. Musya e Bartinsky viajam em lua-de-mel, mas após seu retorno ele reaviva seu caso amoroso com Nata, que revela a verdade para a Senhora Khromova. Enquanto isso, Musya dá todo seu dinheiro para Batinsky, que ele perde nas corridas de cavalos e na mesa de jogo. Zhukov surpreende Bartinsky em um encontro íntimo com sua esposa. Tendo sido incapaz de matá-los ele faz uma denunciação caluniosa contra Bartinsky, para que ele seja punido pela lei; depois, confessa para a Senhora Khromova que sua acusação contra Bartinsky era falsa. A Senhora Khromova e Bartinsky estão no mesmo aposento quando um criado chega avisando que a polícia cercou o local. Quando a Senhora Khromova fica a sós com Bartinsky, ela sugere que ele seja “homem pelo menos uma vez na vida” e se mate. Bartinsky a desafia, ela o mata, e coloca a arma na sua mão, para que pareça um suicídio. Na última cena vemos Musia e Nata desesperadas ao verem o cadáver do homem que as duas amavam.
Em Nelli Raintseva (Nelli Raintseva) / 1916, Nelli (Zoya Barantsevich), entediada pela falta de sentido na sua vida provinciana, vai a uma festa organizada por alguns criados, onde é embriagada e violentada por um dos empregados de seu pai. Quando descobre que está grávida, ela se mata.
Em Umirayushchiy lebed (O Cisne Moribundo) / 1916 Viktor (Vitold Polonsky) corteja a muda Giselle (Vera Karalli) sob o olhar vigilante de seu pai. Quando Giselle o vê com uma outra moça, ela fica enciumada e pede a seu pai que a deixe dançar no palco. Giselle faz uma bela carreira no tablado e sua performance é apreciada pelo pintor Valeri Glinsky (Andrej Gromov,) que estava procurando capturar “a morte” na tela. Vendo Giselle como um cisne moribundo no balé ele pede a ela para posar para ele, a fim de que possa pintá-la na pose final sem vida de sua dança. Quando Viktor reencontra Giselle e explica o malentendido, eles decidem se casar. Mas a energia na expressão de Giselle no seu retrato necrófilo atrapalha o pintor e ele mata Giselle a fim de que possa completar seu retrato.
Em Za schastiem (Para a Felicidade) / 1917 uma viúva rica, Zoya Verenskaia (Lidiia Koreneva), está apaixonada pelo advogado Dmitrii Gzhatskii (Nikolai Radin). Entretanto, como sua filha Li (Taisia Borman) está com problema de saúde e corre o risco de perder a visão, ela adia o casamento até que sua filha esteja melhor. Em uma estadia na Criméia, um rapaz, Enrico (Lev Kuleshov), propõe casamento a Li, mas é rejeitado porque ela está secretamente enamorada de Dmitrii. Zoya ouve a conversa entre Li e Enrico e implora a Dimitrii que ele se case com Li. Dmitrii recusa e quando diz a Li que ama sua mãe, a moça fica cega.
Bauer queria fazer o papel de Enrico, mas infelizmente sofreu uma queda e quebrou a perna. Mesmo assim ele usou uma cadeira de rodas e começou a filmar seu último filme, Korol Parizha (O Rei de Paris) / 1917. Complicações inesperadas interromperam seu trabalho e ele foi internado em um hospital. O filme foi completado pela atriz Olga Rakhmanova e seus colegas. Bauer faleceu de pneumonia aos 52 anos de idade. Ficamos sem saber se ele poderia ter sido um dos grandes cineastas do período soviético, caso tivesse vivido até os anos vinte.
Filmes de Bauer em Dvd:
Existem dois dvds da Milestone Films com três filmes de Bauer: Mad Love: The Films of Evgeni Bauer e Early Russian Cinema -10 volumes, sendo que nos volumes 7, 9, e 10 estão outros três filmes de Bauer.