ELLERY QUEEN NO CINEMA, NO RÁDIO E NA TV

Ellery Queen é o pseudônimo de dois autores americanos Manford Lepofsky (1905-1971), que passou a se chamar Manfred Blennington Lee e Daniel Nathan (1905-1982), que passou a se chamar Frederic Dannay, ambos nascidos no Brooklyn, Nova York. Manford e Daniel eram primos que trabalhavam em publicidade e se associaram em 1928 para participar de um concurso de romances policiais organizado pela revista McClure’s. Eles concorreram com o livro The Roman Hat Mystery, publicado no ano seguinte por um grande editor. Seu herói era um detetive particular, chamado Ellery Queen, ele próprio escritor de romances policiais, que foi também o pseudônimo conjunto que seus autores escolheram para assinar sua obra.

Os primos Manford e Daniel

Surgiram então vários crimes contados sob títulos insólitos e brilhantemente elucidados por Queen e seu pai, o inspetor Richard Queen, pois foi outra originalidade dos autores terem flanqueado Ellery de seu pai, que era policial. Outros ingredientes dos romances são um crime incomum, uma série complexa de pistas e aquilo que viria a se tornar a parte mais famosa de alguns romances: Ellery’s Challenge to the Reader (O Desafio de Ellery ao Leitor). Ou seja: em uma página próxima do fim do livro, o autor informava o leitor que ele já possuía todas as pistas na posse de Ellery e o desafiava a tentar solucionar o mistério, antes da leitura do restante da obra.

Em 1941, Manfred e Dannay criaram a Ellery Queen´s Mystery Magazine, revista que publicava o que havia de melhor em ficção policial da época, tendo apresentado um grande úmero de excelentes autores. No Brasil, a revista Mistério Magazine de Ellery Queen foi publicada primeiramente – de 1949 a 1975 – pela Editora Globo; houve uma interrupção de janeiro a outubro de 1976; a partir de novembro de 1976 a revista passou a ser publicada em São Paulo, pela Idéia Editorial, do grupo da Editora Três.

Conforme nos lecionou Paulo de Medeiros e Albuquerque (O Mundo Emocionante do Romance Policial (Livraria Franciso Alves Editora S.A,1970), filho do Inspetor Richard Queen, da Polícia Metropolitana de Nova Iorque, Ellery Queen derrota sempre por seu raciocínio os argumentos apresentados pelo próprio pai. Sem pertencer diretamente dos quadros da polícia, Ellery aproveita dele todo o serviço de rotina, terminando por encontrar, com essa ajuda, o criminoso que, na maioria das vezes, não é o elemento suspeito pelas autoridades policiais. Em 3 de abril de 1971, Manfred B. Lee, um dos primos autores, falece terminando dessa forma a dupla famosa.

Ellery Queen eclipsou um outro herói dos autores, Drury Lane, antigo ator shakespeareano que ficou surdo e se tornou detetive amador. Foi uma tentativa dos dois primos de criar outro detetive sob o pseudônimo de Barnaby Ross, surgindo daí quatro romances: The Tragedy of X e The Tragedy of Y, ambos em 1932; em 1933, mais dois, completando a tetralogia: The Tragedy of Z e Drury Lane’s Last Case.

As aventuras de Ellery Queen foram levadas ao rádio, cinema e televisão.

 

Santos Ortega, Hugh Marlowe e Maria Shockley num dos programas no rádio

NO RÁDIO

Na série do Rádio, The Adventures of Ellery Queen, a ação era interrompida perto do final e um painel de supostos especialistas tentava descobrir quem era o assassino. Os especialistas vinham do mundo do entretenimento, adicionando uma camada de glamour ao thriller policial padrão. Entre as celebridades que participaram do painel estavam, por exemplo, Gypsy Rose Lee, John Wayne, Jane Russel, Orson Welles Milton Berle, Bela Lugosi. Nos primeiros quatro meses, somente a escritora Lillian Hellman acertou em cheio quem era o culpado. Houve cinco transmissões da série entre 1939 e1948 com vários atores fazendo sucessivamente o papel de Ellery Queen: Hugh Marlowe, Carleton Young. Sydney Smith e Lawrence Dobkin.

William Gargan e Margaret Lindsay em A HerdeiraDesaparecida

Charley Grapewin, Margaret Lindsay e Ralph Bellamy em Mistério da Capa Espanhola

NO CINEMA

Infelizmente as histórias com o personagem criado em 1928 pelos primos não foram bem reproduzidas na tela. Nenhum dos atores que interpretaram Ellery (Donald Cook em Mistério da Capa Espanhola / The Spanish Cape Mystery / 1935; Eddie Quillan em The Mandarin Mystery / 1936; Ralph Bellamy em A Linda Impostora / Ellery Queen, Master Detective / 1940, Jóias Falsas / Ellery Queen´s Penthouse Mystery / 1941, A Sombra da Morte / Ellery Queen and the Perfect Crime / 1941, Quadrilha Diabólica / Ellery Queen and the Murder Ring / 1941; William Gargan em Herdeira Desaparecida / A Close Call for Ellery Queen / 1942; Arriscando Com a Sorte / Desperate Chance for Ellery Queen / 1942; Contrabando de Guerra / Enemy Agents Meet Ellery Queen / 1942) se aproximaram nas suas caracterizações do personagem descrito nos livros.

Jim Hutton e David Wayne numa das  séries de TV

NA TELEVISÃO

Nas series de televisão – The Adventures of Ellery Queen (1950-1951) com Lew Bowman; The Adventures of Ellery Queen (1954 -1956) com Hugh Marlowe; The Further Adventures of Ellery Queen (1958-1959) 25 episódios com George Nader e 12 episódios com Lee Philips; Ellery Queen: Don´t Look Behind You (1971) com Peter Lawford; Ellery Queen (1975-1976) com Jim Hutton (e David Wayne como seu pai) – a definição do personagem também não correspondeu às expectativas dos leitores dos romances policiais. Neste último espetáculo, foi retomado o “desafio ao leitor”, quando Hutton, como Queen, volta-se para a câmera e pergunta aos telespectadores se, depois de examinar todas as pistas oferecidas, eles descobriram quem é o culpado.

2 pensou em “ELLERY QUEEN NO CINEMA, NO RÁDIO E NA TV

  1. Newton C Braga

    Boa tarde, professor. Sou apreciador incondicional da música desses impressionantes compositores e regentes. A música no cinema é indissociável, é carne e osso. Grato por seu excelente e oportuno artigo, mas – e sempre há um mas – senti falta de John Barry e de Leonard Bernstein. Continue o belo serviço e receba um forte abraço deste fã.

  2. Newton C Braga

    Peço desculpa por ter colocado o comentário no artigo errado. Não descobri como apagá-lo.

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