Frank Launder e Sidney Gilliat

Eles formaram uma parceira famosa no Cinema Britânico como roteiristas de filmes de Alfred Hitchcok e Carol Reed e depois fundaram sua própria companhia e se tornaram produtores-roteiristas-diretores, dirigindo em conjunto ou separadamente, uma sucessão de filmes que, embora não possam ser comparados aos de David Lean ou Michael Powell ou ainda aos criadores das grandes comédias da Ealing, tinham suas qualidades como divertimento inteligente com um sabor tipicamente britânico ou como reflexões  sobre a cultura que os produziu.

Assim como a dama da Gainsborough, o alvo da The Archer’s, o gongo da Rank e a torre do Big Ben nas Casas do Parlamento da London Film, seus filmes também tinham uma marca registrada na sua abertura: duas cadeiras de lona com os seus nomes, vistas em plano médio no interior de um estúdio cinematográfico.

Frank Launder e Sidney Gilliat

Frank Launder (1907 – 1997) nasceu em Hitchin, Hertfordshire e após seu primeiro emprego como funcionário do Office of Bankrupticies, envolveu-se com a Brighton Repertory Company, para a qual atuou como ator e escreveu uma peça e, através dela, entrou para a indústria do cinema, iniciando suas atividades no departmento de roteiros da British International Pictures (BIP) em Elstree.

Sidney Gilliat (1908 – 1994) nasceu em Stockport, Greater Manchester, seguiu a carreira de seu pai jornalista, exercendo a função de resenhista de livros e ingressou no meio cinematográfico também em 1928 por intermédio do crítico de cinema Walter C. Microft (que escrevia no Evening Post de Londres, quando o pai de Sidney era o editor), quando ele assumiu o departamento de roteiros da BIP

Antes de começarem a trabalhar juntos como roteiristas, Launder e Gilliat fizeram seu aprendizado cinematográfico separadamente, exercendo funções variadas em uma quantidade espantosa de filmes de várias companhias. Launder: 1928 – Cocktails (Dir: Monty Banks, intertítulos); 1929 – Under the Greenwood Tree (Dir: Harry Lachman, co-roteirista); 1930 – The Compulsory Husband (Dir: Monty Banks, diálogos, dublagem); Song of Soho (Dir: Harry Lachman, co-roteirista); Harmony Heaven (Dir: Thomas Bentley, diálogos adicionais); The W Plan (Dir: Victor Saville, diálogos adicionais); The Middle Watch (Norman Walker, co-roteirista); Children of Chance (Dir: Alexander Esway, co-roteirista); How He Lied to Her Husband (Dir: Cecil Lewis, roteiro). 1931 – Keepers of Youth (Dir: Thomas Bentley, co-roteirista); Hobson’s Choice (Dir: Thomas Bentley, co-roteirista); A Gentleman of Paris ( Sinclair Hill, co-roteirista); The Woman Between (Dir: Miles Mander, co-roteirista). 1932 – After Office Hours (Dir: Thomas Bentley, co-roteirista); The Last Coupon (Dir: Thomas Bentley, co-roteirista); Arms and the Man (Dir: Cecil Lewis, co-roteirista, sem ser creditado); Josser and the Army (Dir:  Norman Lee, roteirista). 1935 – Emil and the Detectives (Dir: Milton Rosmer, co-roteirista); Rolling Home (Dir: Ralph Ince, roteirista); So You Won’t Talk (Dir: William Beaudine, co-roteirista); Mr. What’s His Name? (Dir: Ralph Ince, co-roteirista); Educated Evans (Dir: William Beaudine, co-roteirista); Windbag the Sailor (Dir: William Beaudine, editor de roteiro). Gilliat: 1928 – Toni (Dir: Arthur Maude, intertítulos); Champagne (Dir: Alfred Hithcock, intertítulos); Adam’s Apple (Dir: Tim Whelan, intertítulos); Weekend Wives (Dir: Harry Lachman, intertítulos); The Manxman (Dir: Alfred Hitchcock, pesquisa). 1929 – The Tryst (curta-metragem, co-diretor); Would You Believe It? (Dir: Walter Forde, assistente de direção, pequeno papel). 1930 – Red Pearls (Dir: Walter Forde, assistente de direção); You’d Be Surprised (Dir: Walter Forde, assistente de direção, pequeno papel); The Last Hour (Dir: Walter Forde, assistente de direção); Lord Richard in the Pantry (Dir: Walter Forde, roteiro); Bed’s Breakfast (Dir: Walter Forde, roteiro). 1931 – 3rd Time Lucky (Dir: Walter Forde, diálogos adicionais); The Ghost Train (Dir: Walter Forde, diálogos adicionais); A Gentleman of Paris (Sinclair Hill, roteiro); The Happy Ending (Dir: Millard Webb, co-roteirista, sem ser creditado); Night Shadows (Dir: Albert de Courville, roteiro); Two Way Street(Dir: George King, roteiro, 1932 – Lord Babs (Dir: Walter Forde, diálogos adicionais); Jack’s the Boy (Dir: Walter Forde, co- roteirista); Rome Express (Walter Forde, roteiro, diálogos adicionais); For the Love of Mike (Dir: Monty Banks, co-roteirista). 1933 – Sign Please (Dir: John Rawlings, curta- metragem, roteiro); Post Haste (Dir: Frank Cadman, curta-metragem, roteiro); Falling for You (Dir: Jack Hulbert / Robert Stevenson, história); Order is Orders (Dir) Walter Forde, co-roteirista); Friday the Thirteenth (Dir: Victor Saville, co-autor da história). 1934 – Jack Ahoy! (Dir: Walter Forde, co-roteirista); Chu-Chin-Chow (Dir: Walter Forde, co-roteirista); My Heart is Calling (Dir: Carmine Gallone, adaptação, diálogos). 1935 – Bulldog Jack (Dir: Walter Forde, co-roteirista); King of the Damned (Dir: Walter Forde, co-roteirista).

Os dois homens trabalharam como uma equipe em 1933, quando co-escreveram com Clifford Grey e Stanley Lupino, o roteiro de Facing the Music, comédia com músicas, dirigida por Harry Hughes e estrelada por Lupino e Jose (Josepha) Collins e, em 1936, escreveram o roteiro de Seven Sinners, thriller de mistério, suspense e comédia, dirigido por Albert de Courville, com Edmund Lowe e Constance Cummings nos  papéis principais.

 

Após este primeiro trabalho em conjunto, Launder e Gilliat continuaram funcionando separadamente — Launder1937 – Good Morning Boys (Dir: Marcel Varnel, editor de roteiro); Fim de Semana Atribulado / Bank Holiday (Dir: Carol Reed, editor de roteiro); Okay for Sound (Dir: Marcel Varnel, editor de roteiro); Doctor Syn (Dir: Roy William Neill, editor de roteiro); Oh, Mr. Porter (Dir: Marcel Varnel, história.  1938 – Owd Bob (Dir: Robert Stevenson, editor de roteiro); Strange Boarders (Dir: Herbert Mason, editor de roteiro); Convict 99 (Dir: Marcel Varnel, editor de roteiro); Alf’s Button Afloat (Dir: Marcel Varnel, editor de roteiro); Hey! Hey! (Dir Marcel Varnel, editor de roteiro); Old Bones of the River (Dir: Marcel Varnel, editor de roteiro). 1939 – Ask a Policeman (Dir: Marcel Varnel, editor de roteiro); Garotas Apimentadas / A Girl Must Live (Dir: Carol Reed, roteiro); The Frozen Limits (Dir: Marcel Varnel. editor de roteiro). 1940 – Inspector Hornleigh Goes to It (Dir: Walter Forde, história).  1969 – An Elephant Called Slowly (Dir: James Hill, roteiro, sem ser creditado). Gilliat: 1936 – Rainha por 9 Dias / Tudor Rose(Dir: Robert Stevenson, produtor associado); Where There’s a Will (Dir: William Beaudine, roteiro); O Homem Que Mudou de Alma / The Man Who Changed His Mind (Dir: Robert Stevenson, co-roteirista, produtor associado); Estranhos em Lua de Mel / Strangers on a Honeymoon (Dir: Albert de Courville, co-roteirista). 1937 – Take My Tip(Dir: Herbert Mason, co-roteirista); Um Ianque em Oxford / A Yank at Oxford (Dir: Jack Conway, história). 1938 – Strange Boarders (Dir: Herbert Mason, co-roteirista); Fantasma Assassino / The Gaunt Stranger (Dir: Walter Forde, roteiro). 1939 – Ask a Policeman (Dr: Marcel Varnel, história; A Estalagem Maldita / Jamaica Inn (Dir: Alfred Hitchcock, roteiro). 1940 – Ré Inocente / The Girl in the News (Dir: Carol Reed, roteiro). 1941 – The Ghost Train (Dir: Walter Forde, diálogos adicionais); Kipps (Dir: Carol Reed, roteiro); Mr. Proudfoot Shows a Light  (Dir: Herbert Mason, curta-metragem, história); You’re Telling Me! (Dir: Bladon Peake, curta-metragem, roteiro); From the Four Corners (Dir: Anthony Havelock-Allan, curta-metragem, roteiro, sem ser creditado. 1942 – Unpublished Story (Dir: Harold French, co-roteirista) — ou juntos, responsáveis pelos roteiros de: 1936 – Twelve Good Men(Dir: Ralph Ince. 1938 – A Dama Oculta / The Lady Vanishes (Dir: Alfred Hitchock. 1939 – Inspector Hornleigh on Holiday (Dir: Walter Forde). 1940 – Chegaram com a Noite / They Came by Night (Dir: Harry Lachman); Gestapo / Night Train to Munich (Dir: Carol Reed). 1942 – O Jovem Mr. Pitt / The Young Mr. Pitt (Dir: Carol Reed). 1956 – The Green Man (Dir:  Robert Day).

Basil Radford e Nunton Wayne em A Dama Oculta

 

Entre estes filmes nos quais Launder e Gilliat formaram dupla como roteiristas, destacam-se A Dama Oculta de Alfred Hitchcock e Gestapo de Carol Reed, excelentes thrillers de mistério, suspense e humor, este providenciado por dois personagens  originais, Charters (Basil Radford) e Caldicot (Nunton Wayne), cidadãos britânicos imperturbáveis da classe média alta, fanáticos pelo críquete, que se envolvem nas tramas e ajudam o herói e a heroina a se livrarem dos vilões.

Em 1940, Launder e Gilliat dirigiram juntos Partners in Crime, curta-metragem de propaganda contra o mercado negro e, em 1943, escreveram o roteiro (combinando ficção e documentário) e dirigiram Million Like Us, filme muito bom produzido pela Gainsborough (com um elenco no qual se destacam Patricia Roc, Anne Crawford, Eric Portman, Gordon Jackson, Anne Crawford, Megs Jenkins, Joy Shelton, Gwen Price, Terry Randall) em prol do esforço de guerra doméstico. O relato mostra o trabalho das mulheres convocadas para trabalhar nas fábricas e a transformação social efetivada durante o conflito mundial. A dupla Charters e Caldicot foi reaproveitada em três vinhetas cômicas e há um paralelismo entre dois romances: o de Celia (Patricia Roc) e Fred (Gordon Jackson), jovens da mesma classe social, que termina tragicamente com a morte do piloto Fred na guerra e o de Jennifer (Anne Crawford) e Charlie (Eric Portman), par mais maduro, de estratos diferentes, que somente os deslocamentos da guerra pôde reunir, e cujo relacionamento não prossegue, porque Charlie, capataz da fábrica de aviões, acaba rejeitando o casamento com a granfina da alta sociedade – pelo menos até que saiba se as mudanças sociais ocorridas durante a guerra continuarão após o fim do conflito.

Cenas de Millions Like Us

Depois disso, Launder e Gilliat resolveram dirigir separadamente. Em 1945, eles fundaram sua própria companhia, Individual Pictures, mas trabalharam também com outras companhias. Launder realizou: 1944 – 2.000 Mulheres / Two Thousand Women. 1946 – Marcada pelo Destino / I See a Dark Stranger. 1947 – Capitão Boycott / Captain Boycott. 1949 – Lago Azul / The Blue Lagoon. 1950 – The Happiest Days of Your Life. 1951 – Lady Godiva / Bikini Baby. 1952 – Folly to Be Wise. 1954 – The Belles of St. Trinian’s. 1955 – Wee Geordie. 1957 – Blue Murder at St. Trinian’s. 1959 – The Bridal Path. 1960 – The Pure Hell of St. Trinian’s. 1965 – Joey Boy. 1980 – The Wildcats of St. Trinian’s. Gilliat realizou: 1945 – Waterloo Road; Ironia do Destino / The Rake’s Progess. 1946 – Verde Passional / Green for Danger. 1948 – London Belongs to Me 1950 – Segredo de Estado / State Secret. 1953 – Sublime Inspiração / Gilbert and Sullivan. 1955 – O Passado de meu Marido / The Constant Husband. 1957 – A Fortuna é Mulher / She Played with Fire. 1959 – Left Right and Centre. 1962 – O Preço do Pecado / Only Two Can Play. 1972 – Noite Interminável / Endless Night. Em 1945 Launder escreveu o roteiro de Soldier, Sailor (Dir: Alexander Shaw) para o Ministério da Informação.  Em 1957 Launder e Gilliat produziram The Smallest Show on Earth (Dir: Basil Dearden). Em 1966, dirigiram juntos The Great St. Trinian’s Train Robbery. Em 1972, foram produtores executivos de Ooh…You Are Awful! (Dir: Cliff Owen).

Cenas de 2000 Mulheres

 

Deborah Kerr e Trevor Howard em Marcada pelo Destino

Dos filmes dirigidos por Launder destaco 2.000 Mulheres e Marcada pelo Destino, comédias dramáticas originais passadas durante a Segunda Guerra Mundial. No primeiro, em um grande hotel convertido pelos alemães em campo de internamento para mulheres britânicas em Marneville na França ocupada, as prisioneiras deixam de lado suas diferenças sociais, para ajudar três pilotos da RAF que inadvertidamente pousaram perto daquele lugar. Entre as mulheres estão uma freira (Patricia Roc), uma jornalista, Freda (Phyllis Calvert), uma dançarina de striptease, Bridie (Jean Kent), duas solteironas de meia-idade, Miss Manningford (Flora Hobson) e Miss Meredith (Muriel Aked), e uma escocesa, Maud (René Huston). A tensão cresce quando as cativas descobrem que uma espiã nazista se infiltrou entre elas. No segundo, uma jovem irlandesa, Bridie Quilty (Deborah Kerr), cheia de rancor contra os ingleses, auxilia a fuga de um espião nazista, mas se apaixona por um oficial do exército britânico, David Baynes (Trevor Howard). Eles se casam e a noite de núpcias vai se desenrolar em uma estalagem chamada “O Brasão de Cromwell”.  A cena final, mostra David gritando da janela do quarto no qual estão hospedados, ao vê-la partir, carregando uma mala, irritada com o nome do inimigo dos irlandêses, que despertou a sua memória histórica. Em ambos os filmes cenas de humor como esta são disseminadas durante o percurso da narrativa, enquadrando-se perfeitamente com os momentos dramáticos de ação.

Rex Harrison e Lili Pamer em Rake´s Progress

Dos filmes dirigidos por Gilliat destaco Ironia do Destino, Verde Passional, Segredo de EstadoIronia do Destino é um estudo de costumes, apresentando por meio de uma narrativa picaresca aspectos variados – dramáticos ou humorísticos – do mau comportamento da classe alta inglêsa, sempre com um sabor tipicamente britânico e inteligência cinematográfica. Vivian Kenway (Rex Harrison), filho de um deputado conservador (Goodfrey Tearle), é expulso da Universidade de Oxford por ter escalado o Martyrs Memorial e colocado um penico no topo do monumento. Enviado por sua família para uma plantação de café na América do Sul, passa o tempo todo perturbando seus superiores e perde o emprego. Ele retorna à Inglaterra e retoma sua vida de libertinagem. Quando seu pai lhe pergunta o que gostaria de fazer, ele responde: “Nada”. Vivian seduz a mulher  (Jean Kent) de um amigo da universidade e se vê em apuros com o marido (Griffith Jones). Vivian se volta para o automobilismo e, em sua permanência na Europa como piloto de corrida, conhece uma mulher judia, Rikki Krausner (Lili Palmer), fugitiva dos nazistas, que lhe propõe um casamento de conveniência, para que possa sair do país. Ela se apaixona por ele e sofre com sua infidelidade, o que a leva a tentar o suicídio. Eles se divorciam, Vivian, dirigindo embriagado, é responsável pela morte de seu pai em um acidente de automóvel. Atormentado pela culpa, Vivian desaparece da sociedade, mas a secretária de seu pai, Jennifer Calthrop (Margaret Johnston), vai atrás dele até um salão de dança, onde ele é pago para dançar com as mulheres. Determinada a reabilitá-lo, Jennifer leva-o para Cornwall. Quando Vivian se recupera, ele anuncia que vai partir, mas muda de idéia e pede Jennifer em casamento. Ela aceita e toma o trem para Londres, a fim de comprar seu enxoval. Quando volta, encontra apenas uma carta de Vivian, dizendo que ele sente muito mas não poderá sustentar uma vida de casado. Vivian alista-se no exército e morre como um herói de guerra. O simpático estroina é magnificamente interpretado por  Rex Harrison.

Cenas de Verde Passional

Verde Passional é um eficiente thriller criminal de mistério – cheia de instantes de suspense e senso de humor – desenrolado em um hospital do sul da Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial. Ferido durante um bombardeio, um carteiro (Moore Marriott) morre, quando é anestesiado na sala de cirurgia. Uma das enfermeiras, Sister Bates (Judy Campbell), diz que a morte não foi um acidente, e é também assassinada (em uma sequência cinematograficamente admirável, auxiliada pela fotografia em claro-escuro de Wilkie Cooper e pela trilha sonora). O inspetor Cockrill (Alastair Sim) da Scotland Yard investiga entre os cinco membros sobreviventes da equipe médica, três enfermeiras (Nurse Freddi Linley / Sally Gray), Nurse Sanson / Rosamund John), Nurse Woods / Megs Jenkins), o cirurgião (Dr. Eden / Leo Genn) e o anestesista (Dr. Barnes / Trevor Howard), quem é o culpado. Finalmente Cockrill tem que colocar um dos suspeitos em risco para atrair o assassino. Alastair Sim absorve continuamente a atenção da platéia como o detetive excêntrico, irreverente  e nem sempre  infalível.

Douglas Fairbanks Jr e Glinys Johns em Segredo de Estado

Jack Hawkins, Douglas Fairbanks Jr. e Glinys Johns em Segredo de Estado

Segredo de Estado é um thriller de intriga política bem movimentado. Durante sua estadia em Londres, um grande cirurgião americano John Marlowe (Douglas Fairbanks Jr.) é convidado para ir com urgência a Vosnia, um país totalitário, a fim de receber uma condecoração e também para fazer uma demonstração de uma cirurgia que somente ele pratica. Marlowe descobre que o paciente que ele acabou de operar é o ditador do país, General Niva (Walter Rilla). O Coronel Galcon (Jack Hawkins), chefe do Serviço Secreto, obriga o médico a permanecer na Vosnia, até que o Niva tenha alta, pois ninguém pode saber que ele está doente. Niva morre, e Marlowe, temendo por sua vida, foge, sendo perseguido pela polícia. Ele é ajudado por uma jovem atriz, Lisa (Glynis Johns). Eles conseguem deixar a capital, mas são presos na fronteira por Galcon. Neste momento, o rádio anuncia que Niva – ou melhor, o sósia do general que foi apresentado ao povo – acaba de ser morto em um atentado. Não há mais segredo de Estado e John e Lisa são libertados. Este desfecho inesperado é um dos trunfos do espetáculo, que é sempre interessante.

Artisticamente os anos 50 e 60 foram menos gratificantes para os dois cineastas com exceção de duas comédias satíricas populares de Launder (The Happiest Days of Your Life com Alastair Sim e Margaret Rutherford como os respectivos diretores de um colégio para meninos e de um colégio para meninas que têm de administrar a confusão causada quando os alunos passam a estudar no mesmo prédio e The Belle’s of St. Trinian’s, baseada nos livros do cartunista Ronald Searle, com Alastair Sim de novo como diretor – desta vez vestido de mulher – de uma escola para meninas totalmente anárquica) e uma comédia sofisticada muito divertida de Gilliat, O Passado de Meu Marido, cujo pretexto reside nas peripécias conjugais de um amnésico (Rex Harrison), barba-azul involuntário, polígamo de sete esposas. Com o auxílio de um psiquiatra (Cecil Parker), ele localiza sua residência e aí uma esposa, Mônica (Kay Kendall). Mas a narrativa prossegue e ele terá de se avistar com  outra cônjuge, Lola (Nicole Maurey), com um júri feminino, com as demais consortes e ainda com uma advogada (Margaret Leighton), que o defende … para si.  Ignorando o esforço desta na sua defesa, ele prefere admitir sua culpa e ir para a prisão, optando por uma vida mais tranquila, longe das “esposas”. Porém, ao sair da prisão, ainda é procurado por elas, assim como pela sua ardorosa defensora.

 

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