Miklos Rozsa

Nicholas Rozsa (1907-1995) nasceu em Budapest, Hungria, filho de Regina (cujo nome de nascença era Berkovits) e Gyula Rozsa, ambos de origem judaica. O pai de Gyula, Moritz Rosenberg, mudou o sobrenome para Rozsa em 1887. Nicholas estudou violino com seu tio, Lajos Berkovits e depois viola e piano. Frequentou escolas secundárias em Budapest e, em 1925, matriculou-se na Universidade de Leipzig na Alemanha, aparentemente para estudar química a mando de seu pai. Porém, determinado a se tornar um compositor, transferiu-se para o Conservatório no ano seguinte, onde estudou com Hermann Grabner.

Miklos Rozsa

Sua extensa carreira de compositor pode ser dividida em uma série de períodos distintos baseados em associações com certos estúdios ou gêneros. No entanto, apesar da diversidade de seu trabalho as partituras de Rózsa têm um estilo e consistência facilmente identificáveis.

O primeiro período de Rozsa começou com sua associação com os Korda (Alexander, Zoltan e Vincent), para quem compôs as partituras de uma série de grandes produções de época e fantasia tais como O Ladrão de Bagdad / The Thief of Bagdad / 1940 e Mogli, o Menino Lobo / The Jungle Book / 1942, ambos com o jovem ator indiano Sabu Dastagir, que depois se tornou cidadão americano.

O trabalho com os Korda resultou na migração de Rozsa para Hollywood, onde um contrato com a Paramount levou a uma associação com Billy Wilder. O score de Rozsa para o filme de Wilder Cinco Covas no Egito / Five Graves to Cairo / 1943 serviu para preencher o intervalo entre seu trabalho em filmes centrados em torno de locais exóticos e sua mudança para melodramas psicológicos mais sérios. Rozsa tornou-se um contribuinte eminente para a ascenção do estilo noir com seu trabalho para os filmes de Wilder Pacto de Sangue / Double Identity / 1944 e Farrapo Humano / The Lost Weekend / 1945.

Farrapo Humano também introduziu o theremin (teremim), para fornecer um acompanhamento lamentoso para o estado de delírio alcoólico do protagonista e este instrumento eletrônico tornou-se um preferido para temas psicológicos, empregado por Rozsa também em A Casa Vermelha / The Red House / 1947 e em Quando Fala o Coração / Spellbound / 1947 de Alfred Hitchcock. As partituras de Assassinos / The Killers / 1946, Brutalidade / Brute Force / 1947 e Cidade Nua / The Naked City / 1948 frutos da associação de Rozsa com o produtor Mark Hellinger também se encaixam neste período de psicológico contemporâneo.

A assinatura de um contrato com a MGM no final dos anos quarenta levou ao período de seu trabalho em filmes históricos e religiosos que continuou por mais de uma década. Em vez de ser considerado um passo atrás para o período Korda, os scores de Rozsa para a MGM podem ser vistos como uma espécie de progressão para um estilo reconhecível, combinando o exotismo dos scores de Korda com o forte impulso emocional do período do filme noir. Os scores também lhe deram a oportunidade de mergulhar na antiguidade musical, buscando um realismo no acompanhamento musical de obras como Quo Vadis / Quo Vadis / 1951, Ivanhoé, o Vingador do Rei / Ivanhoe / 1952, Ben-Hur / Ben-Hur / 1959 e El Cid / El Cid / 1961. Consequentemente os scores são caracterizados por uma série de fanfarras, marchas e danças tecidas em uma tapeçaria orquestral ricamente texturizada. O trabalho de Rozsa para estes épicos muitas vezes inclui passagens corais ascendentes combinadas com orquestra para causar forte impacto emocional. Apesar de Rozsa ter sido estereotipado como compositor de tais scores, o período MGM também proporcionou oportunidades para temas mais contemporâneos bem como para experimentação, como a combinação de romantismo e impressionismo propiciada para Sede de Viver / Lust fo Life / 1956.

Com a maior ênfase dada aos estilos modernos populares nos anos sessenta, Rozsa se tornou menos ativo em filmes e voltou sua atenção cada vez mais para obras de concerto. Seu famoso Violin Concerto, encomendado por Jascha Heifetz, serviu de inspiração para A Vida Íntima de Sherlock Holmes / The Private Life of Sherlock Holmes / 1970 de Billy Wilder e ocasionou a reunião de Rozsa com este diretor. Para o filme de Holmes Rozsa reorganizou e variou os temas principais do concerto bem como forneceu novo material, e o estilo deliberadamente nostálgico do filme e da trilha sonora foram repetidos em Fedora / Fedora / 1978, no qual a reflexão de Wilder sobre o fim da Idade de Ouro de Hollywood correspondeu ao acompanhamento manifestamente sinfônico de Rozsa.

O período mais recente de Rozsa na composição de música para filmes é caracterizado não pela identificação com um estúdio ou gênero específico, mas por um estilo musical distinto, que tem sido aplicado a uma ampla série de assuntos. Os Poderosos / The Power / 1968, por exemplo, contém um tema difícil tocado em um címbalo que depois é modificado para uma apresentação mais convencional por instrumentos de corda, inclusive um arranjo cigano florido para um solo de violino.

Entre outras trilhas músicais de Rozsa constam A Filha da Pecadora / Desert Fury / 1947, A Sedutora Madame Bovary / Madame Bovary / 1949, Baixeza / Criss Cross / 1949, Segredo da Jóias / The Asphalt Jungle / 1950, Júlio César / Julius Caesar / 1953, Os Cavaleiros da Távola Redonda / Knights of the Round Table / 1953, O Tesouro do Barba Rubra / Moonfleeet / 1955, A Encruzilhada dos Destinos / Bhowani Junction / 1956, O Rei dos Reis / King of Kings / 1961, O Buraco da Agulha / Eye of the Needle / 1981 etc. A última partitura de Rozsa foi para Cliente Morto Não Paga / Dead Men Don’t Wear Plaid /1982, homenagem cômica aos filmes noirs dos anos quarenta, gênero para o qual ele próprio compôs scores.

Rozsa recebendo de Gene Kelly seu Oscar por Ben-Hur

Rozsa ganhou o Oscar de Melhor Música em Quando Fala o Coração / Spellbound / 1945; Fatalidade / A Double Life / 1947 e Ben-Hur / Ben-Hur / 1959.

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