Chamada de “The First Lady of the Screen”, ela era a heroína típica do filme silencioso. Lillian Diana Gish (1893-1993) nasceu em Springfield, Ohio, filha de Mary Robinson McConnel e James Leigh Gish. O pai de Lillian Lillian, alcoólatra, abandonou a família; sua mãe tornou-se atriz para sustentá-la.
Lilian e sua irmã mais nova, Dorothy, estrearam no palco ainda meninas. De 1903 a1904 trabalharam juntas na peça Her False Step e, no ano seguinte, Lillian dançou numa produção da companhia de Sarah Bernhardt em Nova York. Em 1912, Lillian e Dorothy entraram num nickelodeon e reconheceram na tela sua amiga Gladys Smith, que era chamada nos filmes de Little Mary e se tornara a atriz Mary Pickford. Mary apresentou Lillian e Dorothy a David Wark Griffith e ajudou as irmãs Gish a obter um contrato com o Biograph Studios.
“Lembro-me de um dia no começo do verão em que atravessava o velho e escuro corredor do estúdio Biograph, quando subitamente as trevas desapareceram. Esta mudança na atmosfera foi causada pela presença de duas adolescentes sentadas lado a lado num banco. Elas eram lourinhas e estavam ternamente enlaçadas. Tenho certeza de que jamais vi uma imagem tão bela. Eram Lillian e Dorothy Gish” (cf. The Movies, Mr. Griffith and me, ed. Prentice-Hall, 1969). Griffith havia ensaiado An Unseen Enemy / 1912 com outras atrizes, mas depois de conhecer as irmãs Gish, decidiu que elas é que eram apropriadas para desempenhar os papéis principais.
Lillian atuou em muitos dos filmes mais aplaudidos de Griffith, entre eles The Birth of a Nation / 1915 (jamais exibido comercialmente no Brasil), Intolerância / Intolerance / 1916, Lírio Partido / Broken Blossoms / 1919, Horizonte Sombrio ou Gente do Sertão / Way Down East / 1920, Orfãs da Tempestade / Orphans of the Storm / 1921.
Em 1920 ela dirigiu (sob supervisão de Griffith) sua irmã Dorothy em Remodeling her Husband. Em 1923 atuou, sob direção de Henry King, em A Irmã Branca / The White Sister, filme religioso de muito sucesso (com uma bela cerimonia de tomada do véu quando a heroína resolve ser freira) para a pequena Inspirational Pictures, tendo a seu lado Ronald Colman em início de carreira.
Entre 1926 e 1928 Lillian tornou-se uma grande estrela da Metro-Goldwyn- Mayer, onde foi a atriz principal de La Bohème / La Bohème / 1926, formando par romântico com John Gilbert sob direção inspirada de King Vidor e de duas obras-primas do diretor sueco Victor Sjostrom no cinema americano: A Letra Escarlate / The Scarlet Letter /1926 e Vento e Areia / The Wind / 1928, ambos com Lars Hanson no papel principal masculino.
Lillian fez seu primeiro filme sonoro, Noite de Idílio / One Romantic Night / 1930, comédia romântica da Feature Productions baseada na peça de Ferenc Molnar “The Swan” (que seria refilmada em 1956 com Grace Kelly) e depois deixou a tela por algum tempo, retornando para o palco. Ela atuou com grande êxito em peças como A Dama das Camélias (no papel de Marguerite Gauthier); Tio Vanya (no papel de Helena ao lado de Walter Conolly (Vanya) e Osgood Perkings, pai de Anthony Perkins (Astroff); Hamlet (no papel de Ofélia ao lado de John Gielguld como o príncipe da Dinamarca).
Gish ocasionalmente continuou aparecendo em filmes, entre eles, Os Comandos Atacam de Madrugada / The Commandos Attack at Dawn / 1942, Duelo ao Sol / Duel in the Sun / 1946 (indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante), O Mensageiro do Diabo / The Night of the Hunter / 1955, O Passado Não Perdoa / The Unforgiven / 1960, Os Farsantes / The Comedians / 1967, As Baleias de Agosto / The Whales of August / 1987, seu último filme. Ela também foi muito vista na televisão mais notavelmente em Arsenic and Old Lace ao lado de Helen Hayes, versão de Este Mundo é um Hospício, a famosa comédia macabra maluca de Frank Capra.
A longevidade artística (75 anos, 1912-1987) e etária (faleceu aos 99 anos de idade) de Lillian Gish é impressionante. Em 1971, recebeu um prêmio honorário da Academia pelo talento e contribuição ao progresso do Cinema.
Em 1894 recebeu o Lifetime Achievement Award do American Film Institute.