Arquivo diários:fevereiro 6, 2025

MAX STEINER

De todos os nomes associados com a música de filmes ninguém se destaca mais claramente do que ele. Nascido em Viena, Austria, Maximiliam Raoul Walter Steiner (1888-1971) estudou música com Robert Fuchs, Herman Graedner, Felix Weingartner e Mahler, e na Academia Imperial de Música de seu país natal. Filho e neto de produtores teatrais envolvidos com Johan Strauss e outros compositores de opereta, foi um estudante brilhante de música e, aos onze anos de idade, escreveu uma opereta que ele próprio regeu.

Max Steiner

Aos dezoito anos mudou-se para Londres, aceitando a posição de maestro num teatro e lá ficou até o irromper da guerra em 1914, ocasião em que partiu para Nova York. Seu progresso como arranjador e maestro de musicais na Broadway foi lento, mas seguro e, ao longo da década de vinte, firmou uma boa reputação.

Max Steiner regendo a partitura de KIng Kong

Em 1929 a RKO decidiu filmar o musical Rio Rita de Harry Tierney e Tierney sugeriu que Steiner deveria reger também a versão para o cinema. Este trabalho único tornou-se uma nova carreira, quando a RKO ofereceu a Steiner a posição de diretor musical, com a incumbência de compor música para os intertítulos principais e finais bem como ocasionais “música na tela”. O score que ele compôs para King Kong / King Kong / 1933 representou uma mudança de paradigma na composição de músicas para filmes de fantasia e de aventura. Foi um marco na trilha sonora de filmes  e mostrou o poder que a música tem de manipular as emoções da platéia.

Após trabalhar sete anos na RKO, foi contratado pela Warner Bros. para compor a partitura de A Carga da Brigada Ligeira / The Charge of the Light Brigade / 1936. Seu contrato de longo-termo foi renovado repetidamente e, no decorrer dos próximos trinta anos, Steiner escreveu partituras para mais de cem dos principais filmes do estúdio – as aventuras de Errol Flynn, os dramas de amor de Bette Davis e filmes de gangster povoados por pessoas como James Cagney e Humphrey Bogart. Foi Bette Davis quem disse: “Max sabe mais sobre drama do que qualquer um de nós”. Felizmente ele também possuía o dom de compor lindas melodias de modo que suas partituras eram tão musicalmente atraentes quanto dramaticamente eficazes. Três delas lhe deram o Oscar: O Delator / The Informer / 1935, A Estranha Passageira / Now Voyageur / 1942 e Desde Que Partiste / Since You Went Away / 1944. E houve várias outras indicações: A Alegre Divorciada / The Gay Divorcee / 1934; A Patrulha Perdida / The Lost Patrol / 1934; O Jardim de Allah / The Garden of Allah / 1936; A Carga da Brigada Ligeira / The Charge of the Light Brigade / 1936; A Vida de Emile Zola / The Life of Emile Zola / 1937; Jezebel / Jezebel / 1938; Vitória Amarga / Dark Victory / 1939; … E O Vento Levou / Gone With the Wind / 1939; A Carta / The Letter / 1940; Sargento York / Sergeant York / 1941; Casablanca / Casablanca / 1942; As Aventuras de Mark Twain / The Adventures of Mark Twain / 1944; Rapsódia Azul / Rhapsody in Blue / 1945; Canção Inesquecível / Night and Day / 1946; Nossa Vida com Papai / Life With Father / 1947; Minha Rosa Silvestre / My Wild Irish Rose /1947; Belinda / Johnny Belinda / 1948; A Filha de Satanás / Beyond the Forest / 1949; O Gavião e a Flecha / The Flame and the Arrow / 1950; A Virgem de Fátima / The Miracle of Our Lady of Fatima / 1952; A Nave da Revolta / The Caine Mutiny / 1954; Qual Será Nosso Amanhã? / Battle Cry / 1955.

Steiner ganhou um prêmio internacional no Festival de Veneza de 1948 por sua partitura para O Tesouro de Sierra Madre / The Treasure of Sierra Madre e foi o responsável pela música da obra-prima de John Ford, Rastros de Ódio / The Searchers / 1956. Seus últimos scores foram para Somente os Fracos se Rendem / Those Calloways da Walt Disney Productions e para o filme de horror psicológico 7 Dias de Agonia / Two on the Guillotine da William Conrad Productions, ambos realizados em 1965. A falta de trabalho nos últimos anos de sua vida foi devido ao surgimento de um novo gôsto em matéria de música de filmes. Outra contribuição para a sua carreira em declínio foi a visão deficiente e estado de saúde deteriorado, que o obrigaram a se aposentar.

A contribuição de Max Steiner para a indústria cinematográfica é incomensurável. Ele foi um dos pioneiros da música de filmes e seu trabalho ajudou a moldar a forma pela qual a música é usada nos filmes hoje. Steiner foi o primeiro compositor a usar uma orquestra sinfônica completa em uma partitura e também o primeiro a usar o leit motif ou motivo condutor, espécie de “marca sonora” do personagem ou melhor, um tema musical que se repete frequentemente ao longo de uma obra, associado a um determinado personagem.

Em1937 Steiner compôs aquela fanfarra triunfante que se ouvia, acompanhando o logotipo da Warner Bros, no início da maioria dos filmes deste estúdio. Ela foi usada pela primeira na abertura do filme Nobres sem Fortuna / Tovarich, deliciosa comédia sofisticada com Claudette Colbert e Charles Boyer, dirigida por Anatole Litvak.

Steiner, o Pai da Música de Filme

A filmografia de Max Steiner é descomunal. Deixei de mencioná-la na sua totalidade, para não cansar os leitores. Porém não posso deixar de citar mais alguns filmes como Alma em Suplício / Mildred Pierce / 1945, As Aventuras de Don Juan / The Adventures of Don Juan / 1948 e Vontade Indômita / The Foutainhead / 1949. Sua influência sobre a arte da composição cinematográfica é enorme. Ele é frequentemente referido como “O Pai da Música de Filme”.