Ele foi o mais internacional dos atores portugueses das décadas de 40/50. Recorrí ao magnífico Dicionário do Cinema Português de Jorge Leitão de Barros (ed. Caminho, 2011), fonte indispensável para traçar sua trajetória artística.
Antonio Vilar Justiniano dos Santos (1912-1995) nasceu em Lisboa e, depois de seus estudos secundários e de frequentar o Instituto Comercial, instituição de estudo pós-secundário politécnico na área da contabilidade e comércio, volta-se decisivamente para o meio artístico e boêmio lisboeta. Canta na rádio, é repórter do jornal O Século, faz figuração no cinema em A Severa / 1931 de Leitão de Barros, inicia-se como técnico, ao lado de Antonio Lopes Ribeiro em Gado Bravo / 1934.
Continua a trabalhar como técnico durante vários anos até que, em 1940, consegue um pequeno papel em Feitiço do Império de A.Lopes Ribeiro. Dois anos depois ele é o Carlos Bonito de O Pátio das Cantigas (com argumento e diálogos de A. Lopes Ribeiro e direção de seu irmão, Francisco Ribeiro) e, em 1934, assume o protagonismo em Amor de Perdição, também dirigido por A.Lopes Ribeiro, segunda versão cinematográfica do romance de Camilo Castelo Branco, como Simão Botelho, o estudante de Coimbra desajuizado que se apaixona perdidamente por Teresa de Albuquerque. Os pais de ambos se odeiam e se opõem a esta união, sucedendo -se os momentos de sofrimento e paixão. A partir daí sua carreira está firmada.
Em poucos anos, Vilar protagonizou um núcleo de filmes históricos de perfil nacionalista, que fez dele o ator por excelência do regime. No final da década de quarenta, vai para Madrid e, com base na capital espanhola, enceta uma atividade internacional, filmando na Espanha, Itália, França, Argentina. Em 1959, volta para Portugal para ser o Basilio de O Primo Basilio / 1959, adaptação do romance de Eça de Queiroz e derradeiro longa-metragem de A.Lopes Ribeiro, com a presença no elenco da atriz francesa Danik Patisson como Luisa, a burguesinha seduzida por Basilio e chantageada pela empregada.
Vilar contracenou também com Annabella em Don Juan / 1950; com Martine Carol e Françoise Arnoul em Le Désir et L’Amour / 1952; com Brigitte Bardot em A Mulher e o Fantoche / La Feme et le Pantin / 1959; e com Ana Karina em O Califa de Bagdá / Shéhérazade / 1963. Em Camões / 1946, encarnou o grande poeta lusitano e em Alba de America / 1951, o grande navegador genovês Cristovão Colombo. Em Inês de Castro / 1944 ele é o infante D. Pedro, que caça os assassinos de sua amada Inês (Alicia Palacios), “aquela que despois de ser morta foi Rainha” como nos conta Camões naquele episódio lírico-trágico do Canto Terceiro de Os Lusíadas.
Em abril de 1963, Vilar esteve no Rio de Janeiro (então Estado da Guanabara), procedente de Buenos Aires e São Paulo, de onde embarcou para Paris. O galã português informou à imprensa que seus entendimentos em Buenos Aires para a rodagem de alguns filmes chegaram a um bom termo, o mesmo não ocorrendo no Brasil, onde pretendia comprar os direitos autorais de filmagem do romance “O Tempo e o Vento” de Erico Verissimo.
FILMOGRAFIA COMO ATOR
1931 – A Severa (Dir: Leitão de Barros) figurante não creditado.1940 – Feitiço do Império (Dir: Antonio Lopes Ribeiro); Pão Nosso … (Dir: Armando de Miranda). 1941 – O Pátio das Cantigas (Dir: Francisco Ribeiro). 1943 – Amor de Perdição (Dir: Antonio Lopes Ribeiro); 1944 – Inês de Castro (Dir: Leitão de Barros) co-prod: Portugal-Espanha. 1945 – A Vizinha do Lado (Dir: Antonio Lopes Ribeiro). 1946 – Camões – Erros meus, má fortuna, amor ardente (Dir: Leitão de Barros); A Mantiha de Beatriz (Dir: Eduardo Garcia Maroto); Rainha Santa (Dir: Rafael Gil) co-prod: Espanha-Portugal. 1948 – El Duende y el Rey (Dir: Alejandro Perla) prod: Espanha; La Vida Encadenada (Dir: Antonio Roman) prod: Espanha; La Calle sin Sol (Dir: Rafael Gil) prod: Espanha; Guarany (Dir: Ricardo Freda) prod: Itália; Mare Nostrum (Dir: Rafael Gil) prod: Espanha. 1949 – Santo Disonore (Dir: Guido Brignone) prod: Itália; Uma Mujer Qualquiera (Dir: Rafael Gil) prod: Espanha; Alas de Juventud (Dir: Antonio del Amo) prod: Espanha. 1950 – Don Juan (Dir: José Luis Saenz de Heredia) prod: Espanha; Bel Amour (Dir: François Campaux) prod: França. 1951 – Le Désir et l’(Dir: Henri Decoin, Luis Delgado) co-prod: França-Espanha; Alba de America (Dir: Juan de Orduña) prod: Espanha. 1952 – El Judas (Dir: Ignacio F. Iquino) prod: Espanha. 1953 – Fuego en laSangre (Dir: Ignacio F. Iquino) prod: Espanha; Tres Citas com el Destino (Dir: Florian Rey) co-prod: Espanha-México-Argentina. 1954 – Los Hermanos Corsos (Dir: Leo Fleider) prod: Argentina. 1955 – La Quintrala (Dir: Hugo del Carril) prod: Argentina; El Festin de Satanás (Dir: Ralph Pappier) prod: Argentina. 1956 – Miedo (Dir: Leon Kimowsky) prod: Espanha; Embajadores en el Infierno (Dir: José Maria Forqué) prod: Espanha. 1957 – Los Misterios del Rosario (Dir: Joseph Breen, Fernando Palacios) co-prod: Espanha-EUA.1958 – Historiasde la Feria (Dir: Francisco Rovira Beleta) prod: Espanha. La Noche y el Alba (Dir: José Maria Forqué) prod: Espanha; Il Padrone delle Ferriere (Dir: Anton Giulio Majano) co-Prod: Itália- Espanha. 1959 – Muerte al Amanecer (Dir: Josep Maria Forn) prod: Espanha; A Mulher e o Fantoche / La Femme et le Pantin (Dir: Julien Duvivier) co-prod: França-Itália). O Primo Basilio (Dir: Antonio Lopes Ribeiro. 1960 – El Principe Encadenado (Dir: Luis Lucia) co-prod: Espanha-Itália. 1961 – Alerta en el Cielo (Dir: Luis Cesar Amadori) prod: Espanha; Cuidado com las Personas Formales (Dir: Augustin Navaro) prod: Espanha. 1963 – O Califa de Bagdá / Shéhérazade (Dir: Pierre Gaspard-Huit) co-prod: França-Itália-Espanha. 1964 – Proceso de Conciencia (Dir: Augustin Navarro) prod: Espanha. 1966 – Fim de Semana com a Morte (Dir: Julio Coll) co-prod: Portugal-Espanha-RFA. 1970 – Buon Funerale, Amigos!…Paga Sartana (Dir: Giuliano Carnimeo) co-prod: Itália- Espanha. 1973 – Sinal Vermelho (Dir: Rafael Romero Marchent) co-prod: Portugal-Espanha. 1976 – Fulanita y Sus Menganos (Dir: Pedro Lazaga) prod: Espanha. 1978 – Estimado Sr. Juez … (Dir: Pedro Lazaga) prod: Espanha.1980 – Asalto al Casino (Dir: Max H.Boulois) co-prod: Espanha-Reino Unido.
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