Arquivo diários:maio 27, 2024

ALLAN DWAN PIONEIRO DO CINEMA

Joseph Aloysius Dwan (1885-1981) nasceu em Toronto, Ontário no Canadá. Filho de Joseph Michael, irlandês comerciante de tecidos e de Mary Hunt, ele foi com sua família uma primeira vez para Detroit, e depois para Chicago em 1893, onde frequentou a Alcott School e a North Division High School antes de entrar para a Universidade de Notre Dame e se formar em engenharia elétrica em 1907.

Allan Dwan

Dwan iniciou sua carreira no cinema por acaso quando trabalhava para a Peter Cooper-Hewitt Company, uma companhia de iluminação, para a qual desenvolveu os tubos de vapor de mercúrio. Em 1909, quando estava instalando estes tubos nos correios de Chicago, um homem se apresentou como George K. Spoor e lhe perguntou se as luzes seriam adequadas para a fotografia. Ele respondeu que sim e Spoor, um dos donos da Essanay Company, fez um pedido. Durante o período de experimentação Dwan ficou observando o que faziam no estúdio, ficou fascinado pelos filmes bobos que estavam fazendo sob as luzes, perguntou onde arranjavam aquelas histórias, quanto pagavam por elas, e lhes ofereceu as que havia escrito para a revista da sua Universidade.  Spoor gostou de seu trabalho e o contratou para ser supervisor de roteiros. Dwan aceitou o encargo e ainda o acumulou supervisionando também as iluminações.

Duas semanas depois, a maioria dos executivos da Essanay deixaram a empresa para formar a American Film Manufacturing Company (também conhecida como estúdios “Flying A”) e persuadiram Dwan a acompanhá-los, ganhando duas vezes o seu salário. A nova companhia tinha um problema. Em algum lugar da Califórnia – ninguém sabia ao certo – onde estava uma de suas equipes de filmagem. O suprimento de filmes havia cessado e, apesar de telegramas frequentes, também havia sido interrompido o fornecimento de qualquer informação. Dwan, na qualidade gerente de produção, foi designado para descobrir o que aconteceu. Ele localizou a equipe em San Juan Capistrano e verificou que eles estavam sem diretor porque ele (Frank Beal) era alcoólatra e havia partido para Los Angeles depois de uma bebedeira em uma farra. Então Dwan informou: “Sugiro que dissolvam a equipe, pois vocês não têm mais um diretor”. Os patrões responderam: “Você dirige”. Diante desta responsabilidade repentina, Dwan reuniu os atores e anunciou: “Ou em sou um diretor ou vocês estão sem emprego. Resposta dos atores: “Você é o melhor diretor que já vimos”.

Dwan fez seu primeiro filme (de 1 rolo – aproximadamente 10 minutos) em 1911 e continuou atrás das câmeras até 1961, quando terminou seu último longa-metragem, O Mais Perigoso dos Homens / Most Dangerous Man Alive, já que o projeto de Marine! em 1967 sobre a Guerra da Coréia (que ele preparava aos 82 anos de idade) não foi adiante. Assim, sua carreira durou 56 anos, mas ele se considerava orgulhosamente e antes de tudo um cineasta do cinema mudo. Como sua filmografia é muito extensa (cerca de 400 filmes) e a maior parte deles estão perdidos, vou apenas mencionar os mais importantes no cinema mudo e no sonoro.

Douglas Fairbanks em Robin Hod

Gloria Swanson em Este Mundo é um Teatro

Em 1914, Dwan fez seu primeiro longa-metragem, Richelieu, para a Universal -101 Bison Film Company e depois foi para a Famous Players, onde dirigiu Mary Pickford em A Sombra do Passado ou Traições e Bondades / A Girl of Yesterday / 1915 e A Enjeitada / The Foundling / 1915. Estes filmes com Mary e aqueles que fez com Norma Talmadge, Douglas Fairbanks e Gloria Swanson deram-lhe muita projeção no tempo da cena muda. Com Norma Talmadge fez A Via Dolorosa / Fifty-Fifty / 1916 e Pantéia / Panthea / 1917 (com Erich von Stroheim como assistente de direção e ator). Com Douglas Fairbanks fez Um Professor de Alegria / The Habit of Happiness / 1916; O Bom Facínora / The Good Bad Man / 1916; O Índio Amoroso / The Half Breed / 1916; Nova York Misteriosa / Manhattan Madness / 1916; Um Moderno Mosqueteiro / A Modern Musketeeer / 1917; O Protetor / M. Fix-It / 1918; O Homem do Automóvel / Bound in Morocco / 1918; Sempre Sorrindo / He Comes Up Smiling / 1918; Robin Hood / Robin Hood / 1923; O Máscara de Ferro / The Iron Mask / 1929. Com Gloria Swanson fez: Zaza / Zaza / 1923; Escândalo Social / A Society Scandal / 1924; Escravizada / Manhandled / 1924; Sua História de Amor / Her Love Story / 1924; A Bela Pecadora / Wages of Virtue / 1924; Folia / Coast of Foly / 1925; Este Mundo é um Teatro / Stage Struck / 1925.

Loretta Young e Tyrone Power em Suez

Dennis O´Keefe e Helen Walker em Chutando Milhões

John Wayne em Iwo Jima – O Portal da Glória

John Payne e Ronald Reagan em A Audácia é Minha Lei

Seu primeiro filme falado foi Ouro Sedutor / Tide of Empire (MGM) e na sua copiosa filmografia constam bons filmes sonoros, principalmente quando, nos anos 50, teve o apoio do produtor Benedict Bogeaus e do diretor de fotografia John Alton. Posso citar: Heidi / Heidi / 1937 e Sonho de Moça / Rebeca of Sunnybrook Farm / 1938, ambos com Shirley Temple; Suez / Suez / 1938; A Lei da Fronteira / Frontier Marshal / 1939; Chutando Milhões/ Brewster’s Millions / 1945; O Último Milagre / Angel in Exile / 1948; Iwo Jima – O Portal da Glória / Sands of Iwo Jima / 1949;  A Renegada / Woman They Almost Lynched / 1953; Montana, Terra do Ódio / Cattle Queen of Montana / 1954; Homens Indomáveis / Silver Lode / 1954;  A Audácia é a Minha Lei / Tennesse´s  Partner / 1955;  O Poder do Ódio / Slightly Scarlet / 1956; Matar para Viver / The River’s Edge / 1957).

Anthony Quinn, Debra Paget e Ray Milland em Matar para Viver

O incansável pioneiro Allan Dwan não foi um grande cineasta como Ford ou Hitchcock, mas apenas um profissional competente, despretensioso, capaz de lidar habilmente com variados gêneros e de filmar com rapidez, concisão, e simplicidade, procurando sempre eliminar o supérfluo, adaptando-se facilmente ao esquema tradicional dos estúdios no tempo do cinema americano clássico. Quando lhe caia em mãos uma boa história, fazia um bom filme.