Arquivo mensais:novembro 2023

UMA SÉRIE ENCANTADORA

Existem certos filmes que jamais perdem o encanto. É o caso de Os Peraltas / Our Gang, série americana de comédias curtas sobre um grupo de crianças de um bairro pobre e suas aventuras. Elas começaram a ser produzidas em 1922 pelo estúdio de Hal Roach e distribuídas pela Pathé Exhange. Em 1927, a distribuição passou a ser feita pela Metro-Goldwyn-Mayer e a série entrou no seu período mais popular, após terem sido sonorizadas em 1929. A produção continuou no estúdio de Roach até 1938, quando a série foi vendida para a MGM, que passou a produzir as comédias ela própria até 1944. No total foram produzidos 96 filmes durante a fase do cinema mudo e depois mais 132, sonorizados, um dos quais, O Grande Generalzinho / General Spanky, era de maior metragem (1h,11m). Em 1955, os filmes da série sonorizados produzidos por Roach foram vendidos para a televisão onde receberam o título de Os Batutinhas / The Little Rascals.

Hal Roach

No Brasil, nos anos 70, Os Batutinhas foi exibida na TV Educativa, Canal 2 no Rio dentro do programa Arco-Íris que ia ao ar de segunda à sexta, às 19 horas. Durante os anos de 1978-1983, a convite de Paulo Alberto Monteiro de Barros (colunista de televisão, professor, escritor e político, mais conhecido como Artur da Távola), colaborei na revista Amiga (no encarte intitulado Amigão) das empresas Bloch, assinando duas colunas de uma lauda semanais nas contracapas da revista, intituladas Por dentro dos Seriados e, naquela ocasião, pronunciei-me quanto à série. Eis um trecho do meu comentário: “Impressionante como estas fitas resistem ao tempo, mas não é difícil compreender. Nós os adultos temos em geral a nostalgia da infância e, por outro lado, o espírito das crianças é o mesmo em qualquer época, de modo que as de hoje se identificam perfeitamente com as peraltices daquela garotada antiga que vêem no vídeo. Assim, vibram quando algum membro da turma vence um personagem pretencioso ou antipático, dando-lhe uma boa lição, ou diante da incrível competência com que se organizam, sem a ajuda da gente grande … Evidentemente que nem todas as histórias dos “Batutinhas” têm a mesma graça, mas isto não prejudica o passatempo porque todas as traquinadas possuem um clima de inocência, que é seu primordial fator de sedução”.

Segundo Roach, a idéia da Our Gang lhe veio à mente em 1921, quando encontrou uma criança negra extremamente talentosa, Ernie Morrison, cujo apelido era “Sunshine Sammy”. Ele trabalhou em várias comédias suas e teve uma boa acolhida por parte do público. O produtor e um de seus diretores mais jovens, Robert McGowan procuraram outras crianças talentosas profissionais e encontraram Mary Kornman (filha de Gene Kornman, fotógrafo de Harold Lloyd) e Jackie Davis (o irmão mais jovem de Mildred Davis, esposa e leading lady de Lloyd). O sardento Mickey Daniels; Jackie Condon; o gordinho Joe Cobb e o pretinho Allen Clayton Hoskins (conhecido como Farina) foram outros dos primeiros membros da trupe.

Our Gang 1923

Em 1922 Our Gang nasceu. McGowan e Anthony Mack dirigiram a série até o final dos anos vinte e até esta data o elenco, com recém-chegados ocasionais, permaneceu o mesmo. Em 1929 chegaram novos garotos entre os quais: Jackie Cooper, Bobby “Wheezer” Hutchins e Mary Ann Jackson (estes dois últimos haviam aparecido em alguns filmes mudos da série), Norman “Chubby” Chaney (que venceu um concurso nacional para substituir Joe Cobb como o “gordinho” da série), Dorothy De Borba, e Matthew “Stymie” Beard. Em 1930 surgiu a personagem de Miss Crabtree, a professora da turma, interpretada por June Marlowe. Nesta década ocorreram mudanças constantes no elenco juvenil de Our Gang. Em 1931, Jackie Cooper deixou a série para atingir o estrelado em filmes como O Campeão / The Champ / 1931 e Skippy / Skippy / 1931 e seu lugar foi ocupado por Dickie Moore.  Em 1932, outros membros acrescentados à equipe foram Spanky McFarland e Scotty Beckett e houve também a introdução de um novo diretor, Gus Meins, responsável algumas das melhores comédias da série.

Alfafa, Darla e Spanky

Tal como todas as comédias de Hal Roach, Our Gang se beneficiou muito da participação de atores coadjuvantes adultos como June Marlowe, Billy Gilbert, Franklin Pangborn, James Finlayson, Johnny Arthur, Gay Seabrook, Clarence Wilson, Dell Henderson, James C. Morton. Sem falar na presença, como convidados especiais, de Oliver Hardy e Stan Laurel (O Gordo e o Magro) vestidos com roupas de bebês em Quê Pose! / Wild Poses / 1933. Em 1935, em A Folia dos Peraltas / Our Gang Follies of 1936, a turma começou a trabalhar com um formato musical, que foi reutilizado várias vezes durante os anos seguintes. Um dos melhores destes musicais em miniatura e o último feito por Roach foi Alfafa, a Voz das Vozes / Our Gang Follies of 1938 / 1927, uma divertida paródia dos musicais dos anos 30 dirigida por Gordon Douglas. No elenco já estavam os novos garotos contratados para a série: Carl “Alfafa” Switzer, Darla Hood e Billy “Buckwheat Thomas, Eugene “Porky” Lee.

A Folia dos Peraltas

Fugindo da Escola

Em 1936, muitos dos shorts diminuíram de duração de dois rolos (aproximadamente 20 minutos) para um rolo (aproximadamente 10 minutos) e, surpreendentemente, o primeiro filme de um rolo (dir: Gordon Douglas), Fugindo da Escola / Bored of Education / 1936, recebeu o Oscar de Melhor Curta nesta metragem. Também nesta época, o elenco foi reforçado com um Pit Bull Terrier Americano com um círculo em torno de seu olho: originariamente chamado “Pansy”, o cachorro logo se tornou conhecido como Pete the Pup, o animal de estimação mais famoso da série. Ainda em 1936, Roach produziu um exemplar da série no formato de longa-metragem (1h,11m), O Grande Generalzinho   / General Spanky, co-dirigido por Gordon Douglas e Fred Newmeyer. porém o filme não obteve sucesso.

O Grande Generalzinho

Em 1938, Roach vendeu a série para a MGM (que vinha distribuindo os filmes), inclusive o direito de usar o nome Our Gang, razão pela qual as comédias originais de Roach foram chamadas The Little Rascals na TV. Inicialmente, os astros principais da série, o diretor (Gordon Douglas) e dois roteiristas (Robert McGowan e Harold Law) foram para a MGM a fim de continuar os shorts e foi admitido uma nova criança, Mike Gubitosi, que logo mudou o nome para Robert Blake, o futuro ator adulto do seriado Baretta e filmes conhecidos como A Sangue Frio / In Cold Blood / 1967 e Willie Boy / Tell Them Willie Boy is Here / 1969, entre outros. Our Gang foi usada pela MGM como campo de treinamento para futuros diretores: George Sidney, Edward Cahn e Cy Endfield trabalharam na série antes de passarem para a realização de filmes de longa-metragem.

CHIANCA DE GARCIA NO BRASIL

Em 18 de abril de 2011, amparando-me no Dicionário do Cinema Português 1895-1961 de Jorge Leitão Ramos (Ed. Caminho, 2011) e na História do Cinema Português de Luís de Pina (ed. Europa-América, 1986), escreví neste blogue “A Época de Ouro do Cinema Português” (um dos artigos mais apreciados pelos leitores conforme os comentários que recebí), no qual, entre outros, fiz referência à obra de cineastas portugueses renomados como, por exemplo,  Cottinelli Telmo, Antonio Lopes Ribeiro, Arthur Duarte, Jorge Brum do Canto, Manoel de Oliveira, Arthur Duarte Leitão de Barros, Chianca de Garcia. Neste artigo desejo falar sobre os dois filmes que este último realizou no Brasil: Pureza / 1940 e 24 Horas de Sonho / 1941, fazendo antes um resumo de sua vida e obra em Portugal e no Brasil.

Chianca de Garcia

Eduardo Augusto Chianca de Garcia (1898-1983) nasceu em Lisboa. Após a Primeira Guerra Mundial, seu nome começa a aparecer nos jornais, com artigos sobre teatro, esporte, cinema.  Em 1923, ele escreve, com Norberto Lopes, a peça A Filha de Lázaro, estreada no Teatro T-Politeama pela Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro. Em 1928, está na direção da revista de cinema Imagem (como João Botto de Carvalho e Antônio Lopes Ribeiro). Secretário técnico do Cineteatro São Luiz, ele teve, em 1929, a idéia de fazer um curta-metragem para abrilhantar o Carnaval de 1930. Devia chamar-se São Luiz Melody, mas acabou por se chamar Ver e Amar / 1930, tornou-se um longa-metragem, e chegou mesmo a ser vendido para o Brasil.

Na sinopse, uma jovem costureira aspira a ser vedete do teatro de revista, porém acaba escolhendo uma vida simples, por amor a um motorista de taxi. As filmagens decorreram no jardim de Inverno e no palco do teatro, transformados em um estúdio improvisado. O filme teve uma estréia polêmica e animadora, que mais espicaçou Chianca na sua idéia da necessidade de um estúdio devidamente equipado para que pudesse haver cinema em Portugal. Ele pugnou na imprensa e acabou nomeado para a comissão a que o Governo propôs para o estudo da questão. Assim nasceu a Tobis Portuguesa. Chianca é indicado como conselheiro técnico da primeira produção da nova empresa – A Canção de Lisboa /1933, dirigida por Telmo Continelli e com Beatriz Costa encabeçando o elenco.

Diretor de produção de As Pupilas do Sr. Reitor / 1935 de Leitão de Barros, Chianca consegue, no ano seguinte, realizar o seu primeiro filme sonoro – O Trevo de Quatro Folhas – estrelado por Beatriz Costa, num papel duplo. Ela foi também a protagonista da revista Água Vai! (que ele escreveu em 1937 de parceria com Tomás Ribeiro Colaço e foi apresentada no Teatro Trindade), e um dos filmes que fez em 1938, Aldeia da Roupa Branca – enorme sucesso. O outro filme dele de 1938 foi A Rosa do Adro, baseado no popularíssimo romance de Manuel Maria Rodrigues, mas com Maria Lalande no papel título.

Cenas de Aldeia da Roupa Branca

Para minha alegria, encontrei em Lisboa o dvd de Aldeia da Roupa Branca, produzido pela Madragoa Filmes, com a nova versão restaurada e, ao exibí-lo em minha casa, foi amor à primeira vista. Numa aldeia nos arredores de Lisboa, na zona saloia, duas famílias lutam pelo monopólio do transporte das lavadeiras, que se deslocam à capital, para recolher as roupas dos citadinos e entregar as encomendas de camisas e calças, já devidamente lavadas e engomadas. A personagem central da história é Gracinda (Beatriz Costa), sobrinha de Jacinto (Manuel Gomes Carvalho), que tem longa inimizade com sua eterna rival, a viúva Quitéria (Elvira Velez). As coisas não correm bem para o velho Jacinto, privado da ajuda do seu filho Chico (José Amaro), que tinha decidido seguir outro rumo. Enquanto na aldeia se luta pelo domínio do transporte, ele anda por Lisboa, divertindo-se com a namorada, uma fadista de renome (Herminia Silva) e trabalhando como motorista. Até que Gracinda vai à cidade convencer Chico, por quem se apaixonou, a voltar à terra e ajudar o pai a recuperar seu negócio. O filme é uma delícia e eu notei algumas influências do cinema americano de Ernst Lubitsch. Na sequência de abertura Beatrizinha – mais bela e faceira do que nunca – canta “Água fria na ribeira / Água fria que o sol esqueceu” enquanto a câmara ágil de Aquilino Mendes vai mostrando com inspiração pictórica e rítmica as lavadeiras na prática do seu ofício.

Do Brasil Adhemar Gonzaga convida Chianca para realizar Pureza, inspirado no romance de José Lins do Rego. Chianca aceita e parte para o Rio de janeiro, em junho de 1939.  No enredo, num pequeno vilarejo paraibano, um político dissoluto, Dr. Jorge (Sérgio Serrano) desperta o amor das duas irmãs, ávidas de uma vida melhor. Primeiramente atrai a loura Margarida (Nilza Magrassi), que sonhava com uma vida melhor na capital e depois a morena Maria Paula (Sônia Oiticica) que, mesmo prometida ao pobretão Chico Bem-Bem (Roberto Acácio) não consegue resistir aos encantos do doutor. O pai das moças, Cavalcanti (Procópio Ferreira), chefe da estação ferroviária, é covarde e relapso, trazendo transtornos constantes aos familiares.

Não posso comentar o filme, porque não pude ver a cópia recuperada por Alice Gonzaga em 1977. Mario Nunes (Jornal do Brasil, 5/11/1940 considerou Pureza “o melhor filme feito até hoje entre nós” e apontou sequências magníficas, como a festa da usina, a da luta do pequeno Joca (Jayme Pedro Silva) com a correnteza do rio e a queda na catarata, “que nada deixam a desejar e podiam figurar com honra em filmes de Hollywood”. Pureza recebeu o primeiro prêmio para filmes nacionais, instituído pelo então Departamento de imprensa e Propaganda. (DIP).

O segundo filme que Chianca realizou no Brasil, 24 Horas de Sonho, também produzido pela Cinédia, conta a história de uma moça, Clarissa (Dulcina de Moraes) decidida a se suicidar, mas antes quer aproveitar os últimos momentos de sua vida de maneira intensiva. Instala-se em um hotel luxuoso, fingindo-se passar por uma baronesa, compra a crédito e flerta com um empregado do hotel (Odilon de Azevedo).

Odilon e Dulcina em 24 Horas de Sonho

No meu artigo “Dulcina e Cacilda no Cinema” (2/8/2018) expûs as apreciações severas de Maria Andréia na revista Carioca e de crítico de A Noite (que se assinava R) e o comentário mais benevolente do comentarista da revista Cinearte e, em seguida, dei minha opinião: ”Esta imitação das comédias norte-americanas não tem o mesmo brilho das suas congêneres de Hollywood, mas a meu ver é uma produção digna de respeito com um argumento (de Joraci Camargo) interessante e divertido, uma técnica razoável dentro das possibilidades de nossos estúdios na época, interpretações corretas (distinguindo-se Dulcina, que está muito à vontade diante das câmeras)e, quanto à direção de Chianca de Garcia, se ele não foi tão feliz com relação principalmente ao ritmo, como no seu filmes português A Aldeia da Roupa Branca, também não merece desprezo”.

Chianca de Garcia assumiu então a direção artística do Cassino da Urca, tendo produzido inúmeros espetáculos (vários com Luís Peixoto) até o jogo ser proibido no Brasil em 1946. A seguir deslocou-se para o Teatro Carlos Gomes, onde produziu inúmeras revistas e peças de teatro ligeiro.

Cena de Escândalos com Bibi Ferreira e Mara Rubia

Em 1947, ele montou uma revista feérica, “Um Milhão de Mulheres”, de muito sucesso. Como informa Salvyano Cavalcanti de Paiva no seu magnífico Viva o Rebolado – Vida e Morte do Teatro de Revista Brasileiro (ed. Nova Fronteira, 1991). Em 1948, Chianca escreveu (com Geysa Bôscoli e J. Maia) e superproduziu o primeiro espetáculo musicado a despertar real entusiasmo da crítica e do público: Beijos, Abraços e Amor! estreada no João Caetano. Em 1950, Chianca escreveu com o jovem industrial Hélio Ribeiro, na época marido da artriz Bibi Ferreira, uma das melhores revistas do ano, Escândalos, superprodução montada por Hélio. Conta Salvyano que a profusão de graça e beleza surpreendeu a Praça Tiradentes, e a Zona Sul desceu toda para a cidade a fim de ver Bibi na revista.

Bibi Ferreira

Em 1951, Chianca entrou para a TV Tupi, onde dirigiu as primeiras novelas (entre elas Coração Delator, adaptação de um texto de Edgar Allan Poe), musicais com cantores da Rádio Tupi (entre eles Aracy de Almeida e Elizete Cardoso) e dois teleteatros intitulados Retrospectiva do Teatro Universal e Retrospectiva do Teatro Nacional, que a cada semana apresentavam uma peça do repertório clássico mundial e nacional, com um elenco do qual faziam parte Fernanda Montenegro, Paulo Porto, Fregolente, Heloisa Helena. Chianca escreveu ainda o argumento de Appassionata / 1952, filme produzido pela Companhia Vera Cruz e dirigido por Fernando de Barros com Tonia Carrero, Ziembinski, Anselmo Duarte e Paulo Autran.

Em 1960, Chianca retirou-se do mundo do espetáculo, torna-se bibliotecário da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais e dirige revista da instituição. Nessa década retoma o contato com os portugueses através de crônicas regulares no Diário de Lisboa. Mas nunca mais votaria a Portugal. Ele morreu, no Rio de Janeiro a 28 de janeirode1983.

ERICH POMMER

Ele foi um dos produtores mais significativos dos anos vinte e início dos anos trinta, ajudando a criar uma reputação internacional para os filmes germânicos depois da Primeira Guerra Mundial. Posteriormente, promoveu a idéia de um cinema “Pan-europeu” antes de ser obrigado a emigrar pelos Nazistas. Após a Segunda Guerra Mundial, e uma variada carreira na Inglaterra e nos Estados Unidos, foi fundamental na reconstrução da indústria cinematográfica da Alemanha Oriental.

Erich Pommer

Filho de um comerciante têxtil, Pommer (1889-1966) nasceu em Hildesheim, na Alemanha e começou a trabalhar para as companhias francesas Gaumont (a partir de 1907) e Éclair (a partir de 1912) nas suas respectivas filiais em Viena e Berlim. Ferido no serviço ativo durante a Primeira Guerra Mundial, contribuiu para o esforço de guerra trabalhando em cinejornais e documentários.

O Gabinete do Dr. Caligari

Em 1915, fundou com outro sócio a Decla-Film-Gesellschaft Holz und Co., sediada na filial germânica da Éclair (Deutsche Éclair), depois reunida com a Meiner Film Company, ampliando seu alcance. As primeiras produções foram do gênero popular como histórias de detetives, filmes de aventuras, melodramas e curtas-metragens de dois rolos com o comediante e artista de cabaré Harry Lambertz-Paulsen. Após o fim da Primeira Guerra Mundial e do retorno de Pommer a Berlim, as produções da Decla tornaram-se mais ambiciosas com filmes de renome mundial tais como O Gabinete do Dr. Caligari / Das Cabinet des Dr. Caligari / 1920

Os Nibelungos

Metrópolis

Uma futura fusão com a Deutsche Bioscop se seguiu em 1920. Durante estes anos Pommer promoveu as carreiras de diretores influentes como Fritz Lang, cujas produções na Decla Bioscop incluíram A Morte Cansada / Der Müde Todd / 1921 e Dr. Mabuse, o Jogador / Dr. Mabuse, Der Spieler / 1922 e O Castelo Vogelöd / Schloss Vogelöd /1921 de F. W. Murnau. Após a aquisição da Decla-Bioscop pela Ufa, Pommer em 1923 tornou-se membro do conselho consultivo da empresa, e continuou a formar um a equipe de diretores, roteiristas, cinegrafistas e atores talentosos. A estratégia de Pommer foi investir em produções caras de prestígio direcionadas para o mercado internacional, tais como Os Nibelungos – A Morte de Siegfried / Die Nibelungen / 1924 de Fritz Lang e Fausto / Faust – Eine deutsche Volkssage / 1926 de Murnau. Entretanto, o épico monumental de ficção científica Metrópolis / Metroplis / 1927 de Fritz Lang ultrapassou drasticamente seu orçamento, fazendo com que Pommer perdesse sua posição na Ufa, enquanto a companhia quase foi à falência.

Flor do Asfalto

O Anjo Azul

O Congresso Dança

Um breve período trabalhando para a Paramount nos Estados Unidos inspirou Pommer a adotar cronogramas de filmagem mais apertados e uma nova tecnologia de câmera. Chamado de volta pela nova administração de uma Ufa reestruturada em 1927, ele realizou uma série de produções de entretenimento de alta qualidade, notadamente Flor do Asfalto / Asphalt / 1929 de Joe May e O Anjo Azul / Der blaue Engel / 1930 de Josef von Sternberg. Seguindo o advento do som, o grupo de produção de Pommer na Ufa criou uma série de comédias musicais e opereta, tais como Os Três do Posto de Gasolina / Die Drei von der Tankstelle / 1930 e O Congresso Dança / Der Kongress tanzt / 1931. A maioria destes filmes foi filmada simultaneamente em versões em vários idiomas com atores diferentes, prática comum durante os primeiros anos do cinema sonoro.

Junto com outros realizadores judeus, aUfa rescindiu o contrato de Pommer apos a tomada de poder nazista wm 1933. Pommer foi para Paris como chefe da Fox Film Europa, produzindo dois filmes dirigidos respectivamente por Max Ophuls e Fritz Lang: Prisioneiro de uma Mulher / On a Volé un Homme / 1934 e Coração de Apache / Liliom / 1934.

Vivien Leigh e Laurence Olivier em Fogo sobre a Inglaterra

Transferindo-se para a Inglaterra, Pommer produziu para Alexander Korda (Fogo por sobre a Inglaterra / Fire Over England / 1936) e formou a Mayflower Pictures Corp.com o ator Charles Laughton. Da parceria resultaram três filmes: As Calçadas de Londres / St. Martin´s Lane / 1938, Náufrago da Vida / Vessel of Wrath / 1938 (a única intervenção de Pommer também como diretor) e A Estalagem Maldita. / Jamaica Inn / 1939 (dirigido por Alfred Hitchcock).

Charles Laughton e Maureen O´Hara em Estalagem Maldita

Na eclosão da Segunda Guerra Mundial, Pommer assinou contrato com a RKO e se mudou para Hollywood, onde a maioria de seus projetos de filme não conseguiram se materializar devido a problemas de saúde. Ele conseguiu realizar apenas:  A Vida é Uma Dança / Dance, Girl, Dance e Não Cobiçarás a Mulher Alheia / They Knew What They Wanted, ambos de 1940.

Pommer voltou para Berlim depois da guerra como funcionário encarregado do Gabinete do Serviço Militar dos Estados Unidos com a tarefa dede reestruturara indústria cinematográfica da Alemanha Ocidental. Embora Pommer tivesse conseguido muito ao dar o pontapé inicial na produção do pós-guerra, ele ficou desiludido com seus esforços e fundou uma companhia independente, Intercontinental Film, em 1951. A primeira produção Nachts auf den Strassen / 1952, drama criminal dirigido por Rudolf Jugert com Hans Albers, Hildegard Neff e Lucie Mannheim, teve boa recepção por parte da crítica e do público. As três produções subsequentes de Pommer da Alemanha Ocidental envolveram melodramas e filmes pacifistas, destacando-se Illusion in Moll / 1952 e Kinder, Mütter und ein General / 1955.

Illusion in Moll

Keinner mutter ein general

Sofrendo cada vez mais de problemas de saúde (usava uma cadeira de rodas após ter uma perna amputada), ele se retirou para a Califórnia em meados dos anos cinquenta, incapaz de realizar outros projetos.