Ele atravessou mais de meio século trabalhando como coadjuvante ou em papéis principais em quase duzentos filmes de longa-metragem, escolhido muitas vezes por grandes cineastas que reconheceram seu talento e o ajudaram a se distinguir como um dos grandes atores do cinema francês.
Bernard Blier (1916 -1989) nasceu em Buenos Aires na Argentina, filho de Suzanne e Jules Blier. Seu pai era veterinário e estava neste país a serviço do exército francês durante a Primeira Guerra Mundial com a missão de reagrupar cavalos semi-selvagens e enviá-los de navio para Europa. De volta à França, a família se instalou em Paris, onde Bernard estudou no liceu Condorcet, e apaixonou pela literatura, devorando os romances de Alexandre Dumas, Gustave Flaubert, Victor Hugo e sobretudo “Le Petit Chose” de Alphonse Daudet, romance semi-autobiográfico do escritor no qual são transpostas suas recordações como professor em Alès.
Aos doze anos de idade quando Bernard viu pela primeira vez Pierre Fresnay na Comédie-Française, ficou impressionando com a força de sua composição e com a ovação ininterrupta que ele recebeu do público, e decidiu que iria ser ator. Sua vocação foi impulsionada pelos seus pais, pois Jules e Suzanne levavam regularmente seus filhos para ver grandes atores do palco como Louis Jouvet ou Charles Dullin. Ele, por sua vez, encontrava sempre uma maneira de penetrar nos bastidores do L´Éuropéen e ver desfilar, gratuitamente, todas as vedetes do music hall, que se apresentavam nesta casa de espetáculos de Paris.
Ao terminar os estudos secundários, sempre sonhando em entrar para o Conservatório, Bernard começou seu aprendizado de ator atuando em companhias de pequeno porte e frequentando cursos de arte dramática entre eles a Escola de Teatro fundada por Raymond Rouleau, Julien Bertheau e Jean-Louis Barrault. Raymond Rouleau foi o primeiro mentor de Bernard Blier e foi sob sua direção, como figurante, que ele estreou no cinema no filme Trois…Six…Neuf / 1936, conseguindo ao mesmo tempo ser admitido no Conservatório como ouvinte do curso de Louis Jouvet. Ele continuou como acteur de complément nos cinco filmes seguintes dos quais participou (Mulher Fatal / Gribouille de Marc Allégret; Atração da Carne / Le Messager (dir: R. Rouleau); O Segredo da Linha Maginot / Double Crime sur la ligne Maginot (Dir: Félix Gandera); A Dama de Malacca / / La Dame de Malacca (Dir: Marc Allégret), L ´Habit Vert (Dir: Roger Richebé), todos de 1937) e finalmente, em 17 de novembro de1937, Bernard Blier foi admitido como aluno regular na classe de Louis Jouvet.
Ao se aproximar o final da década de trinta Blier começou fazer pequenos papéis inclusive em filmes muito importantes como os assinalados em negrito: 1938 – Grisou / Les hommes sans soleil (Dir: Maurice de Canonge); Altitude 3200 (Dir: Jean Benoît Lévy); Entrée des Artistes (Dir: Marc Allégret); Le Ruisseau (Dir: Maurice Lehmann, Claude Autant-Lara); Place de la Concorde (Dir: Carl Lamac); Hotel do Norte / Hôtel du Nord (Dir Marcel Carné); Accord Final (Dir: I.R. Bay (Ignacy Rosenkranz). 1939 – Quartier Latin (Dir: Pierre Colombier); Trágico Amanhecer / Le Jour se lève (Dir: Marcel Carné). No filme de Allégret ele era Pesconi, um dos alunos do professor Lambertin (Louis Jouvet) no Conservatório e nos filmes de Carné, marcava sua presença respectivamente como o operador de eclusa Prosper e o operário Gaston. Em 1938 Jean Renoir pensou em Blier para interpretar Pecqueux, o mecânico da locomotiva companheiro de Jacques Lantier (Jean Gabin) em A Bêsta Humana / La Bête Humaine; porém depois mudou de idéia achando que Blier era muito jovem para o papel, que acabou sendo de Julien Carette.
Justamente quando a carreira de Blier no cinema estava decolando, ele foi convocado para servir o exército. Mobilizado em 1939, serviu em um regimento de infantaria. Capturado pelos alemães, foi enviado para o Stalag XVIIA. Após duas tentativas de fuga frustradas, graças à cumplicidade de um oficial austríaco benevolente, conseguiu ser transferido para o Stalag XVIIB, de onde foi libertado em virtude de um programa de repatriação médica de conveniência, convencendo as autoridades locais de que era médico veterinário e seria mais útil livre do que preso. Ele conseguiu isso colocando seu nome em um papel timbrado em branco que seu pai lhe enviou dissimulado em uma caixa de biscoitos, no qual constava sua condição de veterinário.
Nos anos quarenta Blier apareceu em cenas breves, mas também em papéis de coadjuvante mais destacados e papéis principais, sobressaindo nos filmes em negrito: 1940 – Les Musiciens du ciel (Dir: Georges Lacombe). 1941 – A Noite de Dezembro / La Nuit de décembre (Dir: Kurt Bernhardt); L ´Enfer des anges (Dir: Christian-Jaque); O Assassinato de Papai Noel (na TV) / L´Assassinat du Père Noël (Dir: Christian-Jaque); Premier Bal (Dir: Christian-Jaque); Le pavillon brûle (Dir: Jacques de Baroncelli). 1942 – Caprices (Dir: Léo Joannon); O Casamento de Chiffon / Le Mariage de Chiffon (Dir: Claude Autant-Lara); La Symphonie fantastique (Dir: Christian-Jaque); A Noite Fantástica (na TV) / La Nuit fantastique (Dir: Marcel L´Herbier); La Femme que j´ai plus aimé (Dir: Robert Vernay); Le journal tombe à cinq heures (Dir: Georges Lacombe); Romance à trois (Dir: Roger Richebe); Os Amores de Carmen / Carmen (Dir: Christian Jaque). 1943 – Marie-Martine / Marie Martine (Dir: Albert Valentin); Domino (Dir: Roger Richebé); Les Petites du quai aux Fleurs (Dir: Marc Allégret); Je suis avec toi (Dir: Henri Decoin). 1944 – Farandole (Dir: André Zwoboda). 1945 – Seul dans la nuit (Dir: Christian Stengel); Monsieur Grégoire s ´evade (Dir: Jacques Daniel-Normand). 1946 – Messieurs Ludovic (Dir: Jean-Paul le Chanois); Le Café du Cadran (Dir: Jean Gehret). 1947 – Crime em Paris / Quai des Orfèvres (Dir: Henri-Georges Clouzot); Escravas do Amor / Dédée d´Anvers (Dir: Yves Allégret). 1948 – Les Casse-pieds (Dir: Jean Dréville); D´homme à hommes (Christian-Jaque); Retour à la vie (esquete Le retour de tante Emma (Dir: André Cayatte); L´École buissonnère (Dir: Jean-Paul Le Chanois); A Cínica / Manèges (Dir: Yves Allégret); Monseigneur (Dir: Roger Richebé); La Souricière (Dir: Henri Calef).
No filme de Clouzot Blier era Maurice Martineau, o pianista casado com a cantora de music-hall Jenny Lamour (Suzy Delair) que, movido pelo ciúme, acaba sendo suspeito de ter assassinado um velho produtor libidinoso (Charles Dullin) com o qual sua esposa tivera um encontro. Nos filmes de Allégret, Blier interpretava respectivamente M. René, dono de um bar, que ajuda a prostituta Dédée (Simone Signoret) a eliminar seu rufião (Marcel Dalio), responsável pela morte do homem por quem ela se apaixonara e Robert, dono de uma escola de equitação enganado várias vezes por sua mulher Dora (Simone Signoret), que se acidentou quando ia se encontrar com seu último amante e corre o risco de ficar paralítica. Em L´École buissonière Blier era M. Pascal, o novo professor de uma pequena cidade do interior da Provença no princípio dos anos vinte, cuja concepção liberal da educação perturba o conservadorismo de seu predecessor, do prefeito e dos vereadores, que vão tentar afugentá-lo; porém a conspiração organizada contra ele fracassa diante do sucesso de seus alunos. Em Monseigneur Blier era o serralheiro Louis Mennechain acolhido por um grupo de aristocratas convencidos por um historiador trapaceiro (Fernand Ledoux) de que era o único descendente autêntico de Luis XVI. Nesta excelente comédia com enredo original, inspirado no famoso enigma da evasão de Louis XVII da prisão do Templo e o aparecimento de falsos delfins, Blier teve certamente a melhor de interpretação de toda a sua carreira. Ele soube expressar com espantosa habilidade as diferentes facetas de sua personagem que, após um período de estupefação e ceticismo, vai tomando gosto pelo papel de rei, com um desembaraço e uma naturalidade saborosos.
Nos anos cinquenta, Blier continuou trabalhando muito, com destaque para os personagens que interpretou nos filmes em negrito: 1950 – L´Invité du mardi (Dir: Jacques Deval); Les Anciens de Saint Loup (Dir: Georges Lampin); Lembranças do Pecado / Souvenirs perdus, esquete Le violon (Dir: Christian-Jaque); O Último Endereço / … Sans laisser d´addresse (Dir: Jean-Paul Le Chanois). 1951 – La Maison Bonnadieu (Dir: Carlo Rim); Agence matrimoniale (Dir: Jean-Paul Le Chanois). 1952 – Je l ái été trois fois! (Dir: Sacha Guitry); Suivez cet homme! (Dir: Georges Lampin). 1953 – Antes do Dilúvio / Avant le déluge (Dir: André Cayatte); Segredos de Alcova / Secrets d ´alcove, esquete Le lit de la Pompadour (Dir: Jean Delannoy). 1954 – Scènes de ménage (Dir: André Berthomieu). 1955 – O Processo Negro / Le Dossier noir (Dir: André Cayatte); Les Hussards (Dir: Alex Joffé); Prigioneri del male (Dir: Mario Costa). 1956 – Crime e Castigo / Crime et Châtiment (Dir: Georges Lampin); Minha Mulher vem aí / L ´Homme à l´impermeable (Dir: Julien Duvivier). 1957 – Os Covardes também amam / Retour de manivelle (Dir: Denys de La Patellière); Os Miseráveis / Les Misérables (Dir: Jean-Paul Le Chanois); Uma tal Condessa (na TV) / Quand la femme s´en mêle (Dir: Yves Allégret); Tudo aconteceu numa Noite / La Bonne Tisane (Dir: Hervé Bromberger); Sans famille (Dir: André Michel); Escola de Mundanas / L´École des cocotes (Dir: Jacqueline Audry). 1958 – En légitime défense (Dir: André Bertomieu); A Gata / La Chatte (Dir: Henri Decoin); Le Joueur (Dir: Claude Autant-Lara); A Volúpia do Poder / Les Grandes Familles (Dir: Denys de La Patellère); Arquimedes o vagabundo / Archimède le clochard (Dir: Gilles Grangier; Marie-Octobre (na TV) / Marie Octobre (Dir: Julien Duvivier). 1959 – Le Secret du Chevalier d ´Éon (Dir: Jacqueline Audry); A Grande Guerra / La grande guerra (Dir: Mario Monicelli); Os Olhos do Amor / Les Yeux de l´amour (Dir: Denys de La Patellère); Marche ou crève (Dir: Georges Lautner).
Em O Último Endereço Blier era o chofer de taxi Émile Gauthier que ajudava uma jovem provinciana (Danièle Delorme) a encontrar o pai de seu filho em Paris. Em Os Miseráveis assumiu os traços do inflexível Inspetor Javert, perseguidor implacável de Jean Valjean (Jean Gabin) e em A Volúpia do Poder aparecia como Simon Lachaume, assistente desonesto de Noel Schoudler (Jean Gabin), chefe autocrático de empresas familiares diversificadas que incluiam um banco, um jornal e uma refinaria de açúcar.
Nos anos sessenta, o incansável ator esteve ainda mais vezes diante das câmeras inclusive sob as ordens de diretores italianos e pela primeira vez do seu filho Bertrand Blier: 1960 – L´Ennemi dans l´ombre (Dir: Charles Gérard); O Corcunda de Roma / Il Gobbo (Dir: Carlo Lizzani); Mais forte que o Amor / Arrêtez les tambours (Dir: Georges Lautner); Crime em Monte Carlo / Crimen (Dir: Mario Camerini); O Presidente / Le Président (Dir: Henri Vernueil); La Famile Fenouillard (Dir: Yves Robert (não creditado). 1961 – Os Amores de um rei / Vive Henry IV … vive l ´amour (Dir: Claude Autant-Lara); O Rei dos Falsários / Le cave se rebiffe (Dir: Gilles Grangier); Monocle, o Agente Secreto / Le Monocle noir (Dir:Georges Lautner); Legenda Heróica / I brigante italiani (Dir: Mario Camerini); Operação Barra de Ouro / En plein cirage (Dir: Georges Lautner); Mulher na Estrada / Les Petits Matins (Dir: Jacqueline Audry); O Sétimo Jurado / Le Septième Juré (Dir: George Lautner). 1962 – Marco Polo (Dir: Christian-Jaque); Mathias Sandorf (Dir: Georges Lautner); Pourquoi Paris? (Dir: Denys de La Patellìere); Les Saintes – Nitouches (Dir: Pierre Montazel); Germinal (Dir: Yves Allégret). 1963 – Os Companheiros / I compagni (Dir: Mario Monicelli); O Magnífico Aventureiro / Il magnifico avventuriero (Dir: Riccardo Freda); O Testamento de um Gângster / Les Tontons flingueurs (Dir: Georges Lautner); Amor à francesa / La Bonne Soupe (Robert Tomas); Alta Infidelidade / Alta infedeltà (Dir: esquete Gente Morderna (Dir: Mario Monicelli); 100000 dólares ao sol / Cent mille dollars au soleil (Dir: Henri Verneuil). 1964 – A Caça ao Homem / La Chasse à l ´homme (Dir: Édouard Molinaro); La Chance et l´Amour esquete Une chance explosive (Dir: Bertrand Tavernier); O Magnífico Traído / Il magnifico cornuto (Dir: Antonio Pietrangeli); Os Supersecretas / Les Barbouzes (Dir: Georges Lautner). 1965 – Quand passent les faisons (Dir: Édouard Molinaro); Os Gozadores / Les Bons Vivants / Un grand seigneur esquetes La fermeture e Le procès (Dir: Gilles Grangier); Casanova 70 / Casanova 70. (Dir: Mario Monicelli); Traído …Por uma Questão de Honra / Una questione d´onore (Dir: Luigi Zampa); Crime Quase Perfeito / Delitto quase perfetto (Dir: Mario Camerini); Duello nel mondo (Dir: Georges Combet e Luigi Scattini. 1966 – 100 ragazze per um play boy (Dir: Michael Pfleghar); Le Grand Restaurant (Dir: Jacques Besnard); Du mou dans la gâchette (Dir: Louis Grospierre); A Ordem é Matar / Peau d´espion (Dir: Édouard Molinaro); Un idiot à Paris (Dir: Serge Korber); Si j ´étais um espion (Dir: Bertrand Blier). 1967 – O Estrangeiro / Lo straniero (Dir: Luchino Visconti); Le Fou du labo 4 (Jacques Besnard); O assassino tem as horas contadas / Coplan sauve as peau (Dir: Yves Boisset); Os Amantes de Carolina / Caroline chérie (Dir: Denys de La Patellière). 1968 – As Doces Assaltantes / Faux pas prendre les canards du Bon Dieu pour des canards sauvages (Dir: Michel Audiard); Conseguirão nossos heróis encontrar o amigo misteriosamente desaparecido na África? / Riusciranno i nostri eroi a ritrovare l´amico misteriosamente scomparso in Africa? (Dir: Ettore Scola; Quarta parete (Dir: Adriano Bolzoni). 1969 – Appelez-moi Mathilde (Dir: Pierre Mondy); Meu tio Benjamim / Mon oncle Benjamin (Dir: Édouard Molinaro); Ela não bebe, não fuma, não paquera, mas… / Elle boit pas, elle fume pas, elle drague pas … mais ele cause! (Dir: Michel Audiard). Distinguiram-se suas atuações em dois filmes excelentes, O Presidente como Philippe Chalamont, chefe de gabinete sem escrúpulos do presidente do Conselho da República, Emile Beaufort (Jean Gabin), e seu opositor político e O Sétimo Jurado, como o farmacêutico Grégoire Duval escolhido como jurado no julgamento de um jovem que foi acusado do crime que ele cometeu. Vale mencionar também sua contribuição para o sucesso comercial de O Testamento de um Gangster como o mafioso Volfoni.
Na fase final de sua carreira, abrangendo os anos setenta e parte dos oitenta, Blier demonstrou seu grande talento principalmente nos filmes que estão em negrito: 1970 – Il furto è l´anima del commercio …!? (Dir: Bruno Corbucci); Le Distrait (Dir: Pierre Richard); Le Cri du cormoran, le soir au-dessus des jonques (Dir: Michel Audiard); Laisse aller … c´est une valse (Dir: Georges Lautner). 1971 – Jo, o Diabólico / Jo (Dir: Jean GIrault); O Super Macho / Homo eroticus (Dir: Marco Vicario); Como Agarrar um Espião / Catch Me a Spy (Dir: Dick Clement); Boccacio (Dir: Bruno Coerbucci); Le Tueur (Dir: Denys de La Patellìere. 1972 – Tout le monde il est beau, tout le monde il est gentil (Dir: Jean Yanne; Ela não fala … Atira! / Elle cause plus, elle flingue (Dir: Michel Audiard); Loiro Alto do Sapato Preto / Le Gran Blond avec une chaussure noire (Dir: Yves Robert); Moi y´en a vouloir des sous (Dir: Jean Yanne). 1973 – Je sais rien, mais je dirai tout (Dir: Pierre Richard); Quando o Sangue não é nosso (na TV) / Par le sang des autres (Dir: Marc Simenon); Os Chineses em Paris (na TV) / Les Chinois à Paris (Dir: Jean Yanne); A Mão Amputada (na TV) / La Main à couper (Dir: Étienne Pèrier). 1974 – Processo per direttissima (Dir: Lucio de Caro); Il piatto piange (Dir: Paolo Nuzzi); Bons baisers … à lundi (Dir: Michel Audiard); C ´est pas parce qu ´on a rien à dire qu´il faut ferner sa gueule … (Dir: Jacques Besnard); Ce cher Victor (Dir: Robin Davis). 1975 – Meus Caros Amigos / Amici miei (Dir: Mario Monicelli); C ´est dur pour tou le monde (Dir: Christian Gion); Le Faux-cul (Dir: Roger Hanin); Calmos (Dir: Bertrand Blier). 1976 – Nuit d ´or (Dir: Serge Moati); Ânsia de VIngança / Le Corps de mon ennemi (Dir: Henri Verneuil). 1977 – La Fuite en avant / Le Compromis (Dir: Christian Zerbib). 1978 – Série noire, exibido somente no Cine Clube da Maison de France na Semana do Cinema e da TV Francesa (Dir: Alain Corneau). 1979 – Il Malato immaginario (Dir: Tonino Cervi); Coquetel de Assassinos / Buffet froid (Dir: Bertrand Blier); Voltati Eugenio (Dir: Luigi Comencini). 1981 – Il turno (Dir: Tonino Cervi); Passione d´amore (Dir: Ettore Scala); Pétrole! Pétrole! (Christian Gion). 1983 – Cuore – Lembranças do Coração / Cuore (Dir: Luigi Comencini). 1984 – As duas vidas de Matttia Pascal / Le due vite di Mattia Pascal (Dir: Mario Monicelli); Ça n´arrive qu´a moi (Dir: Francis Perrin); Scemo di guerra (Dir: Dino Risi). 1985 – Amici miei atto 3 (Dir: Nanni Loy); Tomara que seja mulher / Speriamo che sia femmina (Dir: Mario Monicelli). 1986 – Je hais les acteurs (Dir: Gérard Krawczyk); Twist again à Moscou (Dir: Jean-Marie Poiré); Sotto il ristorante cinese (Dir: Bruno Bozzetto). 1987 – Os Possessos / Les Possédés (Dir: Andrzej Wajda); I picari (Dir: Mario Monicelli); Kinski Pagannini (Dir: Klaus Kinski; Migrations / La guerre la plus glorieuse (Dir: Aleksandar Petrovic). 1988 – Ada dans la jungle (Dir: Gérard Zingg); Mangeclous (Dir: Moshé Mizrahi); Una botta di vita (Dir: Enrico Oldoini).
Em Loiro Alto de Sapato Preto, Blier faz o papel de Milan, auxiliar imediato do chefe de um serviço secreto, que cobiça o posto de seu superior hierárquico (Jean Rochefort); porém este lhe prepara uma armadilha, usando um tímido violinista (Pierre Richard), o tal Loiro Alto. Em Série Noire, Blier foi indicado para o César por sua intepretação como Staplin, patrão chantagista do vendedor ambulante que se transformara em assassino (Patrick Dewaere). Em Coquetel de Assassinos, Blier é o Inspetor de polícia Morvandiaux, empenhado em uma investigação envolvendo um rapaz desempregado que acredita ter cometido um crime (Gérard Depardieu) e o assassino paranóico (Jean Carmet) da esposa deste. Em 1986, Blier ganhou o prêmio David di Donatello (Oscar do Cinema Italiano) como melhor ator não protagonista por sua atuação como Gugo, octogenário totalmente caduco, tio do personagem interpretado por Phillippe Noiret em Tomara que seja mulher. No ano seguinte, festejou seu meio século de cinema, longevidade profissional somente superada por Charles Vanel entre os atores franceses que ainda estavam em atividade.
Em 1 de janeiro de 1989, ele foi promovido ao grau de oficial da Legion d´Honneur. Dois meses mais tarde recebeu um Cesar honorário (Oscar do Cinema Francês) e durante a cerimônia de entrega do prêmio pelas mãos de seu ex-aluno Michel Serrault, recebeu uma ovação da plateia em pé por mais de cinco minutos. Muito enfraquecido e magro, trocou umas palavras engraçadas com um Serrault que mal continha sua emoção e suas lágrimas e depois se foi. Faleceu três semanas mais tarde, em 29 de março de 1989, em consequência de um câncer na Clinique du Val d´Or em Saint Cloud.