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UFA

 

A Universum-Film-Aktiengesellchaft (ou Universum AG) foi o conglomerado cinematográfico mais importante da Alemanha durante a República de Weimar e o Terceiro Reich e concorrente direta de Hollywood.

Durante a Primeira Guerra Mundial as autoridades alemãs perceberam a influência que os filmes anti-germânicos exerciam por toda a parte no exterior e reconheceram a insuficiência da sua produção de filmes doméstica. Para satisfazer às enormes demandas, os produtores inundaram o mercado com filmes de qualidade inferior à maior parte das películas estrangeiras; além disso, o cinema alemão não foi animado pelo mesmo zelo propagandístico que o cinema dos Aliados demonstrava.

Alfred Hugenberg

Consciente desta situação perigosa, as autoridades germânicas tentaram mudá-la, intervindo diretamente na produção de filmes. Em 1916, por iniciativa de Alfred Hugenberg, presidente do conselho de administração da indústria de aço e armamentos Krupp, foi fundada a Deustsche Lichtbild – Gesellschaft (DLG) – que depois da Primeira Guerra Mundial se tornou Deulig Film -, uma companhia cinematográfica para divulgar a Pátria no âmbito doméstico e no exterior através de filmes documentários. No início de 1917 foi criada a Bufa (Bild-und Filmamt), agência governamental com a finalidade de propiciar salas de exibição para as tropas na frente de batalha e fornecer esses documentários, que registravam atividades militares.

Isso já era algo, mas não o suficiente. Quando após a entrada dos Estados Unidos na guerra os filmes americanos tomaram conta do mundo, incentivando o ódio da Alemanha com uma fúria incomparável, os círculos de liderança germânicos concordaram que somente uma organização de grandes proporções seria capaz de neutralizar esta campanha. O todo-poderoso General Ludendorff, tomou a iniciativa de recomendar uma fusão das principais companhias cinematográficas, para que suas energias dispersas pudessem ser canalizadas em benefício do interesse nacional. Suas sugestões eram ordens. Por força de uma resolução adotada em novembro de 1917 pelo Alto Comando Militar Alemão em contato próximo com financistas, industriais e armadores, a Messter Film de Oskar Messter, a Union de Paul Davidson e as companhias controladas pela firma dinamarquesa Nordisk – com o apoio de um grupo de bancos – se fundiram em uma nova empresa: Ufa (Universum Film A. G.)

A nova companhia teve à sua disposição o capital apreciável de 25 milhões de marcos. O primeiro Conselho Administrativo foi constituído por membros da alta burguesia do período guilhermino e financistas e industriais prusso-germânicos e presidido por Emil Georg von Strauss do Deutsche Bank. Em 14 de fevereiro de 1918 a UFA foi registrada na Junta Comercial com a missão oficial de fazer propaganda da Alemanha de acordo com a diretivas do governo. Para atingir seus objetivos, tinha que melhorar o nível da produção doméstica, porque somente filmes de padrão artístico elevado poderiam rivalizar com as realizações estrangeiras. Animada por este interesse a Ufa reuniu uma equipe de produtores, artistas e técnicos talentosos e organizou o trabalho de estúdio com aquela meticulosidade da qual dependia o sucesso de toda campanha propagandística.

Com a fundação da Ufa a indústria cinematográfica alemã foi “Germanizada”. Desde 1914 os distribuidores foram impedidos de trazer filmes franceses e britânicos, logo depois filmes italianos e, a partir de 1917, também os filmes americanos. Ao mesmo mesmo tempo, ironicamente, o patriotismo fílmico germânico estava exausto. A guerra não era mais uma novidade e havia se tornado doloroso relembrá-la todo dia na tela. O público preferia ver a série de filmes do detetive Stuart Webb, criada antes da guerra pelo produtor e diretor Joe May e interpretado pelo ator Ernst Reicher. Diante da iminente derrota da Alemanha a maior preocupação dos líderes civís da Ufa era manter a empresa intacta e adotar todas as medidas que pudessem, para assegurar um futuro financeiro favorável nos próximos anos.

Graças à política de fusão promovida sob a proteção do Deustsch Bank, a Ufa desde o início ostentou uma galeria de astros com grandes nomes e apelo de bilheteria. Da Union de Paul Davidson vieram os diretores Ernst Lubitsch e Paul Wegener estes trouxeram seus colaboradores mais íntimos, o roteirista Hans Kraly e o diretor de arte Rochus Gliese, estrelas como Asta Nielsen, Pola Negri, Ossi Oswalda, Erna Morena, Harry Liedtke, Victor Janson, Emil Jannings, Hans Junkermann e muitos outros.  Da Messter de Oskar Messter a Ufa levou o diretor e ator Viggo Larsen assim como Henny Porten, Bruno Decarli, Arnold Rieck e outros favoritos do público. Em 1918 a Ufa comprou a May-Film de Joe e Mia May (obtendo o seu amplo estúdio em Weissensee) e assumiu dois estúdios em Tempelhof.

Em 1921, para superar dificuldades econômicas graves devidas à hiperinflação, a Ufa necessitava de uma drástica infusão de capital (algo como um aumento de 25 para 100 milhões de marcos), mas o Ministro das Finanças disse que isto estava fora de questão. Foi então recomendado que o principal acionista assumisse as ações do Reich, que se retiraria completamente da empresa. O principal acionista era o Deutsche Bank.

Em 1922, após a privatização, foi formalizada a fusão entre a Ufa e a Decla-Bioscop, a segunda maior companhia cinematográfica alemã. Em virtude desta fusão a Ufa se mudou para os estúdios da Bioscop em Neubabelsberg, expandiu-os  e recebeu em suas fileiras mais figuras proeminentes do Cinema Alemão como os diretores Ludwig Berger, Johannes Guter, Carl Froelich, E. A. Dupont, Fritz Lang, F. W. Murnau; o chefe de produção Eric Pommer; roteiristas como Thea von Harbou e Carl Meyer; arquitetos talentosos como Robert Herlth, Walter Röhrig, Hermann Warm, Otto Hunte, Rochus Gliese, Erich Czerwonski; fotógrafos como Karl Freund, Carl Hoffman, Axel Graatkjär, Fritz Arno Wagner, Eric Washneck e atores e atrizes como Lil Dagover, Aud Egede Nissen, Grete Berger, Agnes Straub, Gertrud Welcker, Paul Richter, Rudolf Klein-Rogge, Alfred Abel, Bernard Goetzke, Paul Hartmann,  Gustav von Wangenheim, Anton Edthofer, Werner Krauss, Hermann Thimig entre outros.

Cena de Siegfried

Cena de A Última Gargalhada

Graças ao talento destes artistas e técnicos e à capacidade organizacional de seus dirigentes a Ufa se impôs no mercado internacional e foi responsável pelos grandes clássicos da época áurea do cinema alemão como, por exemplo,  Siegfried / Die Nibelungen: Siegfried / 1924 (e sua segunda parte, A Vingança de Kriemhild / Die Nibelungen: Kriemhilds Rache) e Metrópolis / Metropolis de Fritz Lang ou Fausto / Faust: Eine deustche Volkssage / 1926 e A Última Gargalhada / Der letzte Mann / 1927 de Murnau. Porém não somente os filmes, como também seus estúdios e cinemas magníficos (e o esplendor de suas pré-estréias), ajudaram a empresa a adquirir uma fama especial.  O Ufa-Palast am Zoo, localizado perto do Jardim Zoológico de Berlim, inaugurado em 1919 e ampliado em 1926, foi o maior cinema da Alemanha até 1929 e um dos principais locais de pré-estréias no país.

Entretanto, a estratégia agressiva de expansão da Ufa, com superinvestimentos na produção de filmes monumentais como Siegfried e Metrópolis foi esgotando gradualmente o seu capital. Com estas produções em larga escala a Ufa tentou penetrar no mercado americano, porque o mercado alemão era muito pequeno para recuperar seus custos; porém o sucesso nos Estados Unidos não aconteceu e seus gestores admitiram que não poderiam resolver seus problemas financeiros sem ajuda externa. Assim, em troca de um empréstimo de 4 milhões de dólares, a Ufa celebrou um acordo sobre direitos de distribuição, com a Metro-Goldwyn-Mayer e a Paramount, conhecido como Acordo Parufamet, pelo qual grande estúdio alemão se comprometeu a comprar 20 filmes de cada parceiro americano anualmente e reservar 75% (percentagem depois reduzida para 50%) do tempo de exibição para eles na sua cadeia de cinemas. A Paramount e a MGM cada qual compraria dez filmes da Ufa por ano, para serem distribuídos nos cinemas americanos – com a condição onerosa de que eles “atendessem aos gostos dos espectadores americanos”.

Estúdio Tempelhof

Estúdio Neubabelsberg

O Acordo Parafumet não melhorou em nada a situação da Ufa. Esta – com suas 140 subsidiárias; suas sucursais em Amsterdan, Budapest, Helsinque, Londres, Praga, Roma, Estocolmo, Viena, Zurich, Nova York e vinte e sete outras cidades; seus 134 cinemas pelo mundo todo; seus 390 mil metros quadrados de espaço nos estúdios Tempelhof e Neubabelsberg -, necessitava de um salvador e o encontrou na forma de Alfred Hugenberg, conservador profundo com convicções anti-democráticas, dono do grupo editorial Scherl-Verlag e da Deulig Film. Em março de 1927 Hugenberg tornou-se o senhor todo-poderoso da Ufa e colocou um diretor executivo de seu grupo, Ludwig Klitzsch, no comando do estúdio. Em 1929 a reorganização da Ufa estava praticamente concluída. Ela permitiu que a empresa passasse incólume pelos anos de crise antes de 1933, mas em muitos casos que desse  maior peso às preocupações políticas do que às econômicas.

O período entre 1933 e 1945 foi caracterizado por um aumento constante do controle da indústria cinematográfica pelo governo. Em 1942, toda a indústria de cinema foi consolidada em um truste colossal: a Ufa-Film GmbH, mais conhecida como “Ufi”, administrada por Fritz Hippler, que foi nomeado Reichsfilmintendant (Administrador do Cinema do Reich). A Ufi incluia a Ufa-Film Kunst, Bavaria-Film Kunst, Tobis-Film. Kunst, Terra-Film Kunst, Prag-Film (criada pela apropriação dos estúdios Barrandov e Hostivar da firma checa AB-Film film fabrikation),  Wien-Film (criada pela apropriação da Tobis-Sascha Film Industrie AG, filial vienense da Tobis), Continental (criada para a produção na França de filmes com capital alemão e mão de obra francesa), Berlin-Film (criada para dar trabalho aps cineastas desempregados pela liquidação de companhias privadas), Mars-Film (antigo Serviço Cinematográfico do Exército compreendendo um laboratório e um estúdio de gravação em Berlin-Spandau), Deutsche Zeichenfilm (companhia produtora de animação).

Durante algum tempo a maioria dos estudos sobre o Cinema do Terceiro Reich concentrou-se nos filmes de propaganda explícita, porém recentemente os pesquisadores tiveram mais acesso aos filmes do período 1933-1945 e verificaram que os filmes de entretenimento (Unterhaltungsfilme) dominavam o mercado. O cinema nazi favorecia o ilusionismo. Seu objetivo em geral não era para o público ser confrontado com a realidade, mas para o público encontrar uma evasão da realidade.

Zarah Leander

Foi um cinema dominado pelos astros e sobretudo pelas estrelas. Adoradas pelos fãs e fotografadas pelas revistas ilustradas, as atrizes famosas proporcionavam a extravagância e o glamour, que havia sido eliminado da cultura oficial. As mais famosas na época foram: Zarah Leander (anunciada como a Garbo alemã), Kristina Söderbaum (a loura ingênua que personificava a mulher ariana ideal), Marika Rökk (frequentemente comparada a Eleonor Powell e Ginger Rogers), Lilian Harvey, Martha Eggerth, Renate Müller, Marlene Dietrich, Käthe von Nagy, Brigitte Helm. Olga Tschekowa, Paula Wassely, Brigitte Horney, Sibylle Schmitz, Pola Negri, Lil Dagover, Lida Baarova, Jenny Jugo, Marianne Hoppe, Louise Ullrich, La Jana. Entre os atores masculinos destacavam-se: Heinrich George, Emil Jannings, Werner Krauss, Hans Albers, Willy Fritsch, Gustav Fröhlich, Gustaf Gründgens, Willi Forst, Luis Trenker, Hans Söhnker, Jan Kiepura, Paul Hartman, Carl Raddatz, Paul Klinger, Paul Wegener, Karl-Ludwig Diehl, Heinz Rühmann, Mathias Wieman, Adolph Wohlbrück, Harry Piel, Johannes Hesters, Willy Birgel, Hans Moser.

Hans Albers e Kate von Nagy

Willi Forst e Olga Tschekowa

Leni Riefenstahl

Veit Harlan e Kristina Soderbaum

Lilian Harvey e Willy Fritsch

Os diretores foram muitos: Willi Forst, Leni Riefenstahl, Veit Harlan, Josef von Baky, Géza von Bolvary, Eduard von Borsody, Richard Eichberg, Arnold Fank, Carl Froelich, Georg Jacoby, Wolfgang Liebeneiner, Reinhold Schünzel, Herbert Maisch, Luis Trenker, Gustav Ucicky, Gerhard Lamprecht, Viktor Tourjansky, Karl Hartl, Erich Washneck, Paul Wegener, Frank Wysbar, Karl Anton, Rolf Hansen, Victor Janson, E. W. Emo, Gerhard Lamprecht, Helmut Käutner, Johannes Meyer, G. W. Pabst, Arthur Maria Rabenalt, Walter Reisch, Herbert Selpin, Karl Ritter, Hans Steinhoff, Detlef Sierk, Hans Heinz Zerlett, Werner Hochbaum, Kurt Hoffman, Ludwig Berger, Rolf Hansen, Hubert Marischka e outros.

Martha Eggerth

Adolph Wohlbrück e Renate Muller

Marika Rokk

Nos anos 30 o cinema alemão foi o mais exibido em nosso país depois do cinema americano, tendo grande penetração na colônia alemã e também junto ao grande público, que apreciava principalmente as comédias românticas ou musicais de Martha Eggerth, Renate Muller, Marika Rökk e os melodramas de Zarah Leander. Inaugurado em 1926, o Colyseo Paulista, um enorme cinema de rua localizado no início da Av. Duque de Caxias, ainda no largo do Arouche, foi o primeiro a ostentar o logotipo da empresa cinematográfica germânica Ufa. Em 1936 o Ufa-Palácio com linhas modernistas e capacidade para 3.139 lugares seria inaugurado na Av. São João e se tornaria o grande exibidor de filmes alemães em terras paulistanas. No final de 1939 poucos meses após o irromper da Segunda Guerra Mundial o Ufa-Palácio foi rebatizado para Art-Palácio.

Quando o exército vermelho entrou em Berlim todos os altos executivos e administradores da Ufi já haviam partido há muito tempo. No abrigo de Neubabelsberg e no porão do edifício da Ufa em Dönhoffplatz e no escritório e oficina na Krausenstrasse os funcionários, agachados, esperavam seu destino. Mal os soviéticos chegaram, eles começaram a desmantelar as instalações de administração e produção da Ufa, e ao mesmo tempo uma guerra fria estourou entre os americanos e soviéticos sobre os ativos e arquivos da Ufi e suas subsidiárias. Enquando o exército vermelho em Neubabelsberg estava limpando o equipamento, câmeras, refletores, mesas de montagem, gruas, luzes de emergência e geradores, os empregados do escritório em Dönhoffplatz escondiam das tropas soviéticas a existência do cofre com os arquivos administrativos da Ufa, dinheiro e ações; em poucas semanas, eles foram transportados secretamente para Tempelhof, que estava no setor americano.

A primeira e principal meta dos aliados depois da capitulação germânica foi o desmantelamento da estrutura monopolística hierarquicamente organizada da produção, distribuição e exibição, supervisionada pelo Ministro da Propaganda Joseph Goebbels. A difícil tarefa assumida pelo Ufa Liquidation Commitee (ULC) após a aprovação da assim chamada Lex Ufi em 1949, só foi completada em 1953. A Bavaria foi entregue à propriedade privada em 1956. Em 1964 o grupo editorial Bertelsmann adquiriu a Universum AG, a predileta  de Ludendorff, Hugenberg e  Goebbels.

Obs. Ver mais sobre o Cinema no Terceiro Reich na minha postagem de 28 de julho de 2019).

HOLLYWOOD CONTRA O JAPÃO

Em 7 de dezembro de 1941 a Fôrça Aérea Japonesa atacou a base militar americana de Pearl Harbor em Honolulu no Terrítório do Havaí e praticamente destruiu a maioria dos navios atracados naquele porto bem como aviões e instalações importantes da base. O ataque levou à entrada formal dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial primeiro contra o adversário oriental e depois contra a Alemanha e a Itália. Há mais de dois anos Hollywood já vinha produzindo filmes antifascistas, alertando para a inevitabilidade de uma guerra contra a Alemanha Nazista e agora a terrível profecia da indústria de cinema tornou-se realidade, não na Europa como estes filmes frequentemente previram, mas em uma ilha muito distante no Havaí.
Segundo observou John W. Dower no seu magnífico “War Without Mercy – Race and Power in the Pacific War” (Pantheon, 1986), para a indústria de cinema isto significou uma mudança de ênfase de um inimigo europeu para um adversário oriental, um beligerante que, por causa de suas diferenças faciais, de tamanho e pigmentação, prestou-se à caricatura. Nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha os japoneses eram mais odiados do que os alemães. Não havia contrapartida japonesa para o “bom alemão” na consciência popular dos aliados ocidentais. Estes, por exemplo, enfatizavam consistentemente a natureza “subhumana” dos japoneses, recorrendo rotineiramente a imagens de macacos e vermes para transmitir isto.
As frases favoritas do Almirante Halsey (comandante da 3a Fôrça Tarefa na Guerra do Pacífico), para designar os japoneses eram “yellow bastards” (bastardos amarelos) e “stupid animals” (animais estúpidos). Nas suas memórias escritas depois da guerra ele se referiu a eles como “monkeymen” (homens macacos). Em Iwo Jima (onde as baixas americanas foram de seis mil mortos e vinte e cinco mil feridos enquanto a fôrça japonesa de defesa de vinte mil homens foi praticamente aniquilada), muitos fuzileiros navais foram para a batalha com o rótulo “Rodent Exterminator” (Exterminador de Roedores) estampado nos seus capacetes.
Ainda conforme Dower, o jornalista Ernie Pyle (retratado na tela por Burgess Meredith em Também Somos Seres Humanos / The Story of G.I. Joe / 1945), que ganhou fama cobrindo a guerra na Europa e depois foi transferido para o Pacífico, disse para seus milhares de leitores que o inimigo na Asia era diferente. “Na Europa nós sentimos que nossos inimigos, horríveis e mortais como eles eram, ainda eram pessoas”, ele explicou em um des seus primeiros relatórios do Pacífico. “Mas lá fora eu logo percebí que os japoneses eram vistos como algo subhumano e repulsivo, à maneira como algumas pessoas se sentem em relação a baratas ou ratos”. Cartunistas, compositores, cineastas, correspondentes de guerra e a mídia em geral aproveitaram essas imagens assim como os cientistas sociais e os especialistas em Asia, que se aventuraram a analisar o “caráter nacional” japonês durante a guerra. Os filmes de Hollywood praticamente canonizaram estas percepções contrastantes do inimigo.
Dower segue dizendo que esta distinção entre o inimigo na Asia e o inimigo da Europa derivou menos dos acontecimentos da guerra do que de um preconceito racial profundo, como se refletiu nos primeiros meses de 1942, quando o governo americano encarcerou os nipo-americanos em massa sem tomar nenhuma ação comparável contra os residentes de origem germânica ou italiana. Com efeito, os cidadãos de extração japonesa foram tratados com maior suspeita e severidade dos que os estrangeiros alemães ou italianos – apesar do fato de que o German-American Bund, organização pro-nazi fundada em 1936 e composta por cidadãos americanos de origem germânica (com uma filiação estimada de 20 milhões) já estivesse agitando os Estados Unidos em nome de Hitler desde antes de irromper a guerra e também levando em conta que não se tivesse notícia, antes de Pearl Harbor ou depois, de uma subversão organizada entre a comunidade japonesa.
Em um estágio muito inicial do conflito, quando os japonêses supostamente inferiores varreram a Asia colonial como um redemoinho e fizeram milhares de prisioneiros aliados, outro estereótipo vingou: o japonês superhomem, dotado de uma disciplina espantosa e habilidades de luta. Um fluxo infinito de evidências, variando de atrocidades a táticas suicidas, poderia ser citado para substanciar a crença de que os japonêses eram um inimigo excepcionalmente desprezível e formidável, que não merecia misericórdia e devia ser exterminado.
Clayton R. Koppes e Gregory D. Black no seu livro “Hollywood Goes to War – How Politics Profits and Propaganda Shaped World War II Movies” (University of California, 1990) observaram que, anos de propaganda anti-japonesa nos Estados Unidos, reforçada por Pearl Harbor e relatos bem divulgados do que os militaristas de Tóquio haviam feito contra os amigos chineses, produziram imagens negativas assustadoras na cultura popular americana. Em 1944 uma enquete mostrou que 13% dos Americanos queriam matar todos os japoneses. Em 1945 cerca de 22% do público expressou desapontamento com o fato de que não tivessem sido jogadas mais bombas atômicas nos japoneses. Hadley Cantrill da Universidade de Princenton conduziu uma pesquisa para o OWI (Office of War Information), pedindo aos americanos que escolhessem uma lista de palavras descrevendo os japoneses: 73 % selecionaram traiçoeiros, 62 % astutos, e 55% cruéis. Segundo os dois autores citados, os filmes sobre o Japão não fizeram nenhum esforço para mostrar um soldado japonês envolvido pelas circunstâncias fora de seu controle ou um chefe de família que ansiava pelo seu lar ou um oficial que desprezasse os militaristas, embora apoiasse a campanha militar. Isso está em nítido contraste com o retrato dos soldados alemães que eram frequentemente mostrados como seres humanos decentes distintos dos nazistas.
Comparados com os alemães e japoneses, os italianos eram raramente retratados nos filmes de Hollywood pouco antes e durante a guerra. Michael S. Shull e David Edward Wilt (“Hollywood War Films, 1937-1945: An Exhaustive Filmography of American Feature Length Motion Pictures Relating to World War II” (McFarland, 1996) sugerem que isso pode ter sido porque os italianos nunca foram considerados uma ameaça séria. E, na opinião de Robert McLaughlin e Sally E. Parry (We’ve Always Have the Movies – American Cinema During World War II (University Press of Kentucky, 2006), pode-se especular que a indústria de cinema americana estava relutante em alienar o grande número de frequentadores de cinema ítalo-americanos.
Em outro livro importante, “Hollywood Propaganda of World War II” (Scarecrow, 1994), Robert Fyne examina os filmes americanos realizados durante e especificamente sobre a Segunda Guerra Mundial, analisando a máquina de propaganda dos estúdios e no capítulo terceiro, Remember Pearl Harbor: Hollywood Attacks Japan, ele faz referência aos filmes anti-japoneses e conclui: “Como propaganda, nenhum outro grupo de filmes jamais alcançou a eficácia dos filmes anti-japonêses produzidos durante a Segunda Guerra Mundial.

FILMES DE PROPAGANDA ANTI-JAPONESA PRODUZIDOS POR HOLLYWOOD DURANTE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL:

ACROSS THE PACIFIC / Garras Amarelas / 1942. Warner (Dir: John Huston, Vincent Sherman).
Julgado por uma côrte marcial, o militar Rick Leland (Humphrey Bogart) é expulso do exército americano. Trata-se, no entanto, de uma manobra destinada a facilitar seu trabalho de contra-espionagem. A fim de cumprir sua missão, ele embarca em um navio japonês, no qual viaja um dos espiões, o Dr. Lorenz (Sidnet Greenstreet), o homem que fora encarregado de seguir, e acaba descobrindo o plano dos sabotadores para dinamitar o Canal de Panamá. Quando as filmagens estavam quase terminadas, Huston foi convocado pelas Fôrças Armadas e, antes de se incorporar, iniciou uma cena em que Bogart está amarrado a uma cadeira, cercado por dezenas de soldados nipônicos. O estúdio o substituiu por Vincent Sherman e encontrou um jeito, incrivelmente implausível, de salvar o herói: um dos soldados tem um ataque de loucura e Bogie escapa na confusão.

AIR FORCE / Águias Americanas / 1943. Warner (Dir: Howard Hawks).
Focaliza a “Mary Ann”, uma Fortaleza Voadora B-17 cujo vôo de treinamento de rotina de San Francisco em 6 de dezembro de 1941 para o Havaí, transforma-se em aventura e heroismo, quando a tripulação (John Ridgely, Gig Young, Harry Carey, Arthur Kennedy, John Garfield, Charles Drake, George Tobias entre outros) se vê diante do ataque japonês a Pearl Harbor na manhã seguinte e depois entra em ação em Wake Island, nas Filipinas e na Batalha do Mar de Coral. O filme mostra os militares japoneses como selvagens sedentos de sangue. Em uma cena um japonês metralha um americano que desce de paraquedas. Quando o artilheiro da “Mary Ann” abate um avião japonês ele grita: “Japa frito caindo!”. Uma bela cena é a do comandante no seu leito de morte enquanto a tripulação simula a decolagem.

BACK TO BATAAN / Espírito Indomável / 1945. RKO (Dir: Edward Dmytryk).
John Wayne é o comandante que recebe a incumbência de continuar a resistência contra os japoneses nas Filipinas apesar de que as fôrças americanas principais tivessem sido derrotadas. Ele organiza um grupo de retardatários americanos e de batedores Filipinos para combater como guerrilheiros nas selvas, a fim de preparar o caminho da bem sucedida invasão de re. Muitas cenas – incluindo a queda de Corregidor e a infame Marcha para a Morte de Bataan – retratam os japoneses como selvagens, bestiais e desumanos. Um tímido professor filipino (Vladimir Sokoloff) recusa-se a profanar a bandeira americana e é brutalmente enforcado, envolto naquele emblema nacional.

 

BATAAN / A Patrulha de Bataan / 1943. MGM (Dir: Tay Garnett).
Pequeno grupo de soldados americanos (treze ao todo entre eles George Murphy, Lloyd Nolan, Thomas Mitchell, Desi Arnaz, Lee Bowman, Robert Walker, o negro Kenneth Spencer e dois filipinos) comandados pelo sargento Bill Dane (Robert Taylor), luta em uma ação de retaguarda, para atrasar uma ofensiva inimiga, a fim de assegurar o sucesso da retirada aliada de Bataan após a derrota. Um a um eles são mortos pelos japoneses, que atiram sem ser vistos das árvores próximas, capturam homens em patrulha e os torturam, para deixar os homens restantes loucos. Um dos filipinos tenta cruzar as linhas japonesas de noite. Na manhã seguinte é encontrado mutilado e balançando em uma árvore. Em uma das melhores cenas, o piloto (George Murphy), ferido ao tentar levantar vôo para buscar auxílio, bate seu avião danificado em uma ponte, para evitar que o inimigo cruze uma posição estratégica. Finalmente os japoneses saem de seus esconderijos e avançam em direção à câmera, parecendo um bando de insetos. Dane, o único americano ainda vivo, dispara sua metralhadora contra eles, determinado a levar o máximo deles consigo.

BEHIND THE RISING SUN / Atrás do Sol Nascente / 1943. RKO (Dir: Edward Dmytryk).
Nas ruínas bombardeadas de Tóquio em 1943 um diplomata japonês (J. Carroll Naish) lamentando a morte de seu filho Taro Seki (Tom Neal), educado na Universidade de Cornell nos EUA e se preprando para cometer hara kiri contra em retrospect a história trágica da participação de sua família na militarização de seu país. O filho amado que o diplomata havia encorajado para se alistar no Exército Imperial Japonês torna-se um fanático brutal. Como oficial na China ele comete atrocidades e testemunha contra sua noiva (Margo) e seus amigos americanos, acusados em um julgamento de espionagem (ameaçados por guardas armados com varas de bamboo). Em uma cena terrível (apenas sugerida) os soldados japoneses jogam um bebê chinês de uma janela e a criança é apanhada lá embaixo pela ponta de uma baioneta.

BETRAYAL FROM THE EAST / A Máscara Oriental / 1945. RKO (Dir: William Berke).
Agentes nipônicos contratam o ex-recruta Eddie Carter (Lee Tracy), para obter os planos de defesa do Canal de Panamá, achando que ele servira naquele país e obterá os dados de um antigo companheiro de armas. Para ganhar dinheiro dos japoneses Eddie inventou toda esta história, mas depois, por um sentimento de patriotismo, torna-se agente duplo, trabalhando clandestinamente para as fôrças de inteligência de Tio Sam. Eddie envolve-se românticamente com Peggy (Nancy Kelly), agente da Inteligência Militar, porém ela é assassinada pelos japonêses e seus cúmplices nazistas. No desenlace da trama, Eddie desmascara o Comandante Miyazaki (Richard Loo) – que se faz passar por Tani, estudante de línguas na Universidade de Stanford – como o chefe da rêde de espionagem, mas vem a ser morto em um tiroteio final com os japonêses. Duas cenas se destacam: a morte de Peggy em uma sauna e a luta corpo a corpo de Eddie com Miazaki, antes de ser morto.

BLOOD IN THE SUN / 1945 / Sangue sob o Sol). William Cagney Prod. – UA (Dir: Frank Lloyd).
Em 1928 no Japão Nick Condon (James Cagney) repórter investigativo do “Tokyo Chronicle”, de propriedade americana publicado em inglês publica uma matéria sobre um plano secreto japonês para conquistar o Extremo Oriente. O “Plano Tanaka” é denunciado como um mito pelas autoridades japonesas, mas Nick obtém cópia de um documento de uma espiã eurasiana, Iris Hilliard (Sylvia Sidney), a serviço da China. O plano é autenticado por um nobre japonês amante da paz e entregue a Iris para levá-lo para fora do Japão e depois Nick consegue chegar à Embaixada Americana, apesar dos japoneses terem tentado matá-lo. Quando o chefe de polícia de Tóquio, diante do representante da embaixada que viera socorrer seu concidadão, propõe que o incidente seja esquecido, dizendo “Forgive your enemies” (Perdoe seus inimigos), Nick responde: “Forgive your enemies but first get even” (Perdoe seus inimigos, mas primeiro vingue-se”).

BOMBARDIER / Bombardeio / 1943. RKO (Dir: Richard Wallace).
Em uma reunião de equipe o Major Chick Davis (Pat O´Brien) e o Capitão “Buck” Oliver (Randolph Scott) divergem sobre métodos de bombardeio. Oliver defende o uso do bombardeio de mergulho e Chick o bombardeio de grande altitude com bombas de alta precisão. Os dois vão ser instrutores em uma escola de treinamento de cadetes. Após Pearl Harbor, promovido a Coronel, Chick torna-se comandante de um grupo de fortalezas voadoras B-17 e parte para uma base secreta em uma ilha do Pacífico. Na base, Oliver, agora major, se junta ao grupo pouco antes dele levantar vôo para bombardear uma fábrica em Nagoya no Japão. Voando baixo, o bombardeiro de Oliver é abatido, antes que ele possa jogar as bombas. Ele e o restante de sua tripulação são capturados. Os japoneses executam os outros membros da tripulação para coagir Oliver e seu auxiliar Dixon (Barton MacLane) a revelar a localização de sua base. Ao tentar escapar, Dixon é metralhado, mas os tiros também atingem um caminhão carregado de barrís de gasolina. Oliver dirige o caminhão através da fábrica, incendiando sua rede de camuflagem e iluminando o alvo, sabendo que será morto por seus próprios companheiros.

BOMBS OVER BURMA / Estrada da Birmânia. 1942 (Dir: Joseph H. Lewis).
Em Chungking, a professora Lin Ying (Anna May Wong) recebe a incumbência de descobrir quem está passando informações sobre um comboio com suprimento de alimentos e assegurar a sua passagem através da Estrada da Birmânia. Após um bombardeio no qual é morto um de seus pequeninos alunos, Lin Ying embarca em um ônibus no qual estão, entre outros passageiros, Sir Roger Howe (Leslie Denison), na realidade um agente alemão, mancomunado com os japoneses. A certa altura os passageiros do ônibus são obrigados a se refugiar em um monastério cujo monge, Me-Hoi (Noel Madison) é um espião chinês. Quando Sir Roger descobre que Me-Hoi e Lin Ying estão a serviço do governo chinês, ele os prende, acusando-os de estar a serviço dos japoneses e os coloca sob a guarda do motorista do ônibus, o americano Slim Jenkins (Nedrick Young); mas eles conseguem convencê-lo de que Sir Roger é que deve ser preso. Para provar que o falso inglês é de fato um espião, Lin Ying o desafia para viajar com ela e Slim no primeiro caminhão do comboio, sabendo que, se eles forem atacados, certamente serão mortos. No momento em que ouve o som de aviões, ele fica apavorado e salta do caminhão. Lin Ying faz sinal para os trabalhadores chineses que estão por perto, eles cercam Sir Roger, e o matam. Tudo não passou de um truque para desmascarar Sir Robert, pois os aviões eram americanos.

CHINA / Irmãos em Armas / 1943. Paramount (Dir: John Farrow).
No outono de 1941 o americano oportunista David Jones (Alan Ladd) e seu parceiro Johnny Sparrow (Wiliam Bendix) estão na China vendendo gasolina para os ocupantes japonêses. Durante uma de suas viagens ele se depara com Carolyn Grant (Loretta Young), uma professora americana e suas alunas chinesas, que estão tentando escapar das tropas invasoras. Jones naturalmente não está preocupado com o perigo que elas correm e fica furioso ao saber que seu parceiro deu uma carona para as moças na trazeira de seu caminhão. Carolyn tenta convencer Jones que ele deve se juntar aos guerrilheiros na luta pela liberdade da China, mas ele não se comove. Entretanto, quando os japoneses estupram uma das alunas que fôra visitar sua família em uma fazenda e matam uma camponesa carregando no colo um menino orfão (que Johnny havia apelidado de “Donald Duck”), Jones planeja a vitória final sobre os japonêses. Os guerrilheiros, bem como Carolyn e suas alunas, colocam as cargas de dinamite nas montanhas diretamente sobre uma passagem pela qual devem passar os japoneses. Para ganhar tempo, Jones para o comboio japonês e provoca o seu general, que se delicia em lhe contar que Pearl Harbor acabou de ser atacada e surgiu uma “Nova Ordem” no mundo. Jones rebate, dizendo que a Nova Ordem não vai prosperar porque milhões de homens de pouca importância como ele por todo o mundo têm a liberdade nas veias. Assim que termina seu discurso, a dinamite explode, matando todos os japoneses juntamente com Jones, que de bom grado deu sua vida para a “Nova China”.

CHINA GIRL / Paixão Oriental / 1942. Twentieth Century-Fox (Dir: Henry Hathaway).
No final de 1941, Johnny Williams (George Montgomery), fotógrafo de cinejornais americano, é detido pelas fôrças japonesas de ocupação. Enquanto execuções em massa de civís descritos pelos japoneses como “espiões” ocorrem em uma área próxima, Johnny recusa uma oferta de dinheiro para fotografar a construção da Estrada de Burma. Esperando ser morto na manhã seguinte, Johnny e outro prisioneiro Major Bull Wead (Victor MacLaglen), com a ajuda de uma amiga de Bull, Fifi (Lynn Bari), os dois escapam e, na sua fuga, eles têm que rastejar por uma vala cheia de cadáveres das pessoas recentemente executadas. Dirigindo um avião japonês, Johnny chega à base dos Flying Tigers, onde resiste em ser recrutado pelos pilotos voluntários americanos, apaixona-se por Haoli Young (Gene Tierney), uma professora meio chinesa, e se envolve em espionagem, acabando por descobrir que Bull e sua colaboradora Fifi (Lynn Bari) estão a serviço dos japoneses. Durante um ataque aéreo japonês a jovem é morta enquanto está lendo um poema para a sua classe de estudantes chineses. Com um menino alimentando a munição de uma metralhadora, Johnny abate um dos aviões inimigos, para se vingar da morte de sua “garota chinesa”. O filme tem início com um prólogo dizendo: “Um americano lutará por somente três coisas – por uma mulher, por ele próprio, e por um mundo melhor”.

CHINA LITTLE DEVILS / Tormenta na China / 1945. Monogram (Dir: Monta Bell).
Quando Big Butch Dooley (Paul Kelly), piloto da esquadrilha Tigres Voadores, aterrissa seu avião nas ruínas de uma aldeia chinesa, ele resgata um menino ferido orfão de guerra. O menino (“Ducky” Louie) é adotado pelos Tigres Voadores e aprende com eles táticas de comandos. Entretanto, Big Butch e seus companheiros compreendem que o menino, apelidado de Little Butch, necessita de uma educação e o enviam para a Escola de uma Missão, administrada pelo bondoso Doc Temple (Harry Carey), sob a bandeira americana ainda neutra. Enquanto está na escola, Little Butch organiza um grupo de meninos refugiados e os treina para atividades de guerrilha. Apesar dos apelos de Doc, os órfãos – agora denominados “Little Devils” – fogem da Missão de noite a fim de atacar os japoneses. Durante uma de suas incursões, os “Little Devils” se apoderam de um estoque de gasolina muito útil para os Tigres Voadores. Após Pearl Harbor e a subsequente entrada dos Estados Unidos na guerra, os meninos resgatam Doc Temple dos japoneses e ainda salvam a tripulação de um bombardeiro americano abatido, inclusive Big Butch. Quando tentam escapar, uma patrulha japonesa converge sobre eles e os bravos jovens guerrilheiros sacrificam suas vidas em um tiroteio contra o inimigo. Algum tempo depois, o espírito de Little Butch acompanha Big Butch, quando ele joga uma carga de explosivos em Tóquio.

CHINA SKY / Sob o Céu da China / 1945. RKO (Dir: Ray Enright).

A aldeia chinesa de Wan-Li é um alvo frequente para os ataques aéreos japoneses, porque serve de base para os guerrilheiros O líder da guerrilha Chen Ta (Anthony Quinn) chega com um oficial japonês ferido Yasuda (Richard Loo). Chen Ta quer que Yasuda se recupere, para que possa ser julgado por crimes de guerra. O hospital da aldeia é dirigido pelo Dr. Gray Thompson (Randolph Scott|) e Sara Durand (Ruth Warrick). Thompson voltou recentemente dos Estados Unidos com sua esposa socialite Louise (Ellen Drew). Durante o próximo ataque aéreo Louise entra em pânico e perde o respeito dos aldeões. O médico coreano, Dr. Kim (Philip Ahn), que é (sem que ninguém saiba) meio-japonês, não gosta dos americanos e tem ciúmes do de Chen Ta, porque este se interessa por sua prometida, a enfermeira Siu-Mei (Carol Thurston). Ficando sob sua guarda, Yasuda o convence a ajudá-lo a escapar. Enquanto isso Thompson e Sara cuidam dos soldados de Chen Ta no acampamento dos guerrilheiros na montanha e percebem que estão apaixonados. Os paraquedistas japoneses atacam a aldeia, Thomson é ferido, e Kim é morto por Yasuda, que escapa para comandar seus homens no ataque. Na defesa da aldeia Louise tem uma crise de nervos e é metralhada mortalmente. Chen Ta e seus homens finalmente chegam, eliminando os japoneses e recapturando Yasuda.

CORREGIDOR / Corregidor / 1943. Atlantis Pictures/ PRC. (Dir: William Nigh).Em 6 de dezembro de 1941, a cirurgiã Royce Lee (Elissa Landi) e sua empregada, Hyacinth (Ruby Dandridger) chegam na ilha de Manoi nas Filipinas. No dia seguinte Royce se casa com o Dr. Jan Stockman (Otto Kruger) mas, no final da cerimônia, uma esquadrilha japonesa bombardeia a ilha. Hyacinth é morta e Royce e Jan se juntam a uma pequena unidade de soldados americanos, fazendo uma marcha cansativa até Manila. O grupo é atacado e Jan é ferido. O líder dos soldados americanos adoece com malária e comete suicídio, para não retardar a retirada de seus homens. Alguns dias mais tarde o grupo chega à ilha rochosa de Corregidor, onde as fôrças americanas estão resistindo em uma caverna. Um dos soldados, “Pinky” Mason (Rick Vallin) se reune com a enfermeira Jane “Hey-Dutch” Van Dornen (Wanda McKay), sua namorada. Royce e Jane trabalham no hospital do exército, onde Royce encontra seu ex-namorado, Dr. Michael (Donald Woods), que a havia abandonado sem explicação. Trabalhando como carregadora de maca, Jane é ferida e morre logo depois de se casar com Pinky no seu leito de morte. Jan é ferido novamente e morre, quando o hospital improvisado é bombardeado. Quando a munição acaba, Pinky e os soldados entram em um combate corpo-a-corpo com os japoneses. Royce e as enfermeiras recebem ordens de partir imediatamente e Royce promete se reunir com Michael após a guerra. Pinky é o artilheiro no avião e morre ao defender as enfermeiras. Em Corregidor a falta de suprimentos obriga Micahel a operar os feridos sem analgésicos e luvas e o operador de rádio envia seu último relatório, alguns minutos antes do posto avançado se render. Em casa, nos Estados Unidos, Royce derrama lágrimas pelos seus amigos perdidos.

CRY HAVOC / Aurora Sangrent / 1943. MGM (Dir: Richard Thorpe).
Em um hospital militar em Marivèles, na Península de Bataan das Filipinas, a enfermeira Tenente Mary “Smitty” Smith (Margaret Sullavan), sobrecarregada de trabalho e sua superiora Capitão Alice Marsh (Fay Bainter), necessitando de mais enfermeiras, recebem um grupo heterogêneo de voluntárias, refugiadas civís de Manila (entre elas uma beldade sulista (Diana Lewis), uma garçonete (Ann Sothern) e uma ex-corista (Joan Blondell), todas inexperientes e sem formação médica. As mulheres têm que suportar várias privações, a malária, e as bombas japonesas enquanto cuidam dos feridos e doentes. Quando chega a notícia de que o avanço inimigo não pode ser detido, as mulheres têm a opção de serem evacuadas para Corregidor, mas todas decidem permanecer em Bataan, onde são mais necessárias. A enfermeira Smitty é casada secretamente (porque o regulamento do Exército proibe enfermeiras de se casarem com soldados) com o Tenente Holt (Jack Randall), que vem a ser morto durante o ataque aéreo deliberado ao hospital. O filme termina com as mulheres levadas como prisioneiras pelas tropas japonesas.

DESTINATION TOKYO / 1943. Rumo a Tóquio. Warner Bros. (Dir: Delmer Daves). Dirigindo-se primeiro às Ilhas Aleutas para pegar o meteorologista Tenente Raymond (John Ridgely), o submarino Copperfin, comandado pelo Capitão Cassidy (Cary Grant) entra na Baía de Tóquio, a fim de obter informação vital sobre o tempo para o próximo ataque aéreo de Doolittle sobre a capital japonêsa. Vários incidentes ocorrem: o primeiro mergulho cheio de suspense sob ameaça de ataque aéreo; o recolhimento a bordo do metereologista em um recanto aleutiano envôlto em névoa; o ataque (e destruição) de dois aviões inimigos; a bomba não detonada na superestrutura do submarino, que deve ser desativada manualmente; uma operação de apendicite de emergência realizada por amadores; o funeral no mar etc. Em uma das melhores cenas, um marujo tenta resgatar um piloto japonês cujo avião foi atingido. O piloto esfaqueia o marujo pelas costas e é metralhado.

DRAGON SEED / A Estirpe do Dragão / 1944. MGM (Dir: Jack Conway).
Uma família chinesa e sua exposição gradual aos horrores da guerra. Ling Tan (Walter |Huston), fazendeiro chinês simples e trabalhador, tem uma vida confortável cercado pela esposa (Alne MacMahon), seus filhos, respectivas esposas e netos. Um filho (Turhan Bey) tem uma esposa, Jade (Katharine Hepburn), mulher moderna, livre-pensadora, que frequentemente desafia sua posição na vida e deseja aprender a ler e escrever. Um dia, na aldeia local, ela encontra um grupo de estudantes universitários que tenta convencer os camponeses de que a guerra contra a invasão do Norte da China é a guerra deles. Os camponeses ignoram os estudantes, mas Jade imediatamente os apoia. O velho Ling Tan não está convecido. Quando os soldados japoneses chegam pela primeira vez na aldeia, ele tenta argumentar com eles. Mas logo percebe a verdadeira natureza da agressão japonêsa, ao ver os soldados matar, estuprar e saquear. A família de Ling Tan é obrigada a se refugiar em uma missão local. Jade, que está grávida, tem que ir para o interior por segurança. As devastações da guerra agora fazem parte da vida diária de todos os chineses. Depois de dar à luz, Jade se reune com sua família e se torna uma lutadora pela liberdade. Ela convence Ling Tan e seus companheiros de luta de que eles devem queimar sua colheita e suas casas e se juntar às forças da guerrilha.

THE FIGHTING SEABEES / Romance dos Sete Mares / 1944. Republic (Dir: Edward Ludwig).
Wedge Donovan (John Wayne), dono de uma empresa de construção a serviço da Marinha, está mandando operários para a zona de guerra do Pacífico. Ele está perturbado, porque seus empregados ficam expostos ao fogo inimigo, mas são proibidos de revidar (porque isto os tornaria combatentes em vez de civís). O comandante Bob Yarrow (Dennis O´Keefe) propõe a criação de batalhões especiais dentro das fôrças armadas, apelidados de Seabees (“CB” = Construction Batalllions) e pede à sua namorada, a repórter Constance Chesley (Susan Hayward), para convencer Donovan e seus homens a apoiar seu plano. Eles são enviados novamente ao exterior, para construir um campo de aviação. Entretanto, quando os homens de Donovan são mais uma vez atacados pelo inimigo, ele abre fogo contra eles. Este ato impetuoso estraga o plano militar de emboscar as tropas japonesas e Donovan é obrigado a admitir seu erro. No retôrno aos Estados Unidos e os Seabees são formados, com Donovan recebendo o posto de Tenente Comandante. Sua próxima missão é a criação de um depósito de combustível em uma ilha do Pacífico Sul. Os japonêses atacam com todo vigor e quando seu amigo, Eddie (William Frawley), é morto, Donovan carrega sua escavadeira com dinamite e bate em um tanque de combustível (sendo mortalmente ferido ao fazer isto).

FLIGHT FOR FREEDOM / Adeus Meu Amor / 1943. RKO (Dir: Lothar Mendes).
Em 1942, como uma resposta ao ataque a Pearl Harbor, uma fôrça-tarefa naval lança aviões para bombardear uma das ilhas controladas pelos japoneses. O bombardeiro líder da esquadrilha, pilotado por Randy Britton (Fred MacMurray), comunica à frota pelo rádio de que todos os alvos estão identificados. Um narrador em voice over conclui que esta ofensiva teria sido impossível sem os esforços corajosos de uma mulher nos anos trinta. Durante um retrospecto ficamos sabendo sobre a vida de uma aviadora famosa, Toni Carter (Rosalind Russell). Atendendo a um pedido da Marinha, ela concorda em fazer um vôo em redor do globo para reconhecer certas áreas, que se acredita que os japoneses fortificaram. Um agente japonês maldoso (disfarçado de gerente de hotel) informa a Toni, na sua parada final, que sabe dos planos e do local onde ela será recolhida. Então ela decide levantar vôo e desaparecer nos Mares do Sul. De volta ao presente, Randy (com quem ela pretendia se casar) comanda o esquadrão no ataque. O filme foi baseado na vida de Amelia Earhart, cujo avião desapareceu misteriosamente no Pacífico em 1937.

FLYING TIGERS / Os Tigres Voadores / 1942 (Dir: David Miller).
Jim Gordon (John Wayne) comanda os Tigres Voadores, esquadrilha de pilotos voluntários americanos, que combate aviões japoneses a serviço do governo chinês durante a Segunda Guerra Sino-Japonêsa. Um velho amigo de Gordon e ex-piloto comercial, Woody Jason (John Carroll), inscreve-se no grupo e lembra frequentemente a seus colegas que veio motivado apenas pela gratificação que os pilotos recebem para cada avião inimigo abatido. Quando os japoneses atacam a base, o recém-chegado, vai atrás deles, usando uma aeronave sem permissão, só percebendo muito depois que ela está sem munição. Ele escapa ileso, mas uma aeronave preciosa foi completamente destruída. Conforme o tempo passa, Woody demonstra que não se acostuma a trabalhar em equipe, pondo em risco os outros pilotos. No dia seguinte ao do ataque japonês a Pearl Harbor, Jim recebe a notícia de que uma ponte tem que ser destruída. O alvo é tão fortemente defendido, que a única maneira de atíngi-lo, será voando muito baixo em apenas um bombardeiro sem escolta. Jim deseja cumprir esta missão perigosíssima, mas Woody também se apresenta no último instante. Durante a operação o avião deles é atingido pela defesa antiáerea e pega fogo. Jim salta do avião por um empurrão inesperado de Woody, esperando que ele o siga. Woody assume o controle do bombardeiro danificado e heroicamente o arremete contra um trem de suprimentos japonês, destruindo-o com o custo de sua própia vida.

GOD IS MY CO-PILOT / A Mão que nos Guia / 1945. Warner (Dir: Robert Florey).
Em Kumming, China, 1942, o piloto Robert L. Scott (Dennis Morgan) observa com inveja o General Claire L. Chennault (Raymond Massey), escolher uma esquadrilha de pilotos para um ataque aéreo ao Japão e lamenta não poder participar de uma ação para a qual se preparou desde o tempo em que era menino, vivendo em uma fazenda em Macon na Georgia. Em 1932 ele se formou em West Point e depois se qualificou como piloto em Kelly Field no Texas. Após algumas missões, o rapaz é designado para transportar suprimento para os Tigres Voadores. Após ter presenciado a resposta agressiva dos Tigres ao ataque japonês, ele pede a Chennault, que lhe ensine as técnicas de combate desta esquadrilha. Mais tarde, durante um encontro dele sozinho com os aviões inimigos, Scott é tão eficiente que os japoneses o confundem com uma esquadrilha inteira. A matança perturba Scott e ele tenta resolver seus sentimentos, conversando com o padre irlandês “Big Mike” Harrigan (Alan Hale). “Big Mike” lhe diz: “Ambos estamos lutando contra as fôrças do mal”. Quando os Tigres Voadores são incorporados à Fôrça Aérea Americana, Scott está entre eles. Apesar de ter sido vitimado pela malária, ele se recupera e consegue permissão para participar de uma última misão, justamente quando a esquadrilha levanta vôo em direção a Tóquio.

GUADALCANAL DIARY / Guadalcanal / 1943. Twentieth Century-Fox (Dir: Louis Seiler).
A bordo de um navio de transporte no Pacífico em julho de 1942, a costumeira mistura étnica de soldados (frequentemente mostrada nos filmes de guerra feitos durante o Segundo Conflito Mundial) incluindo Taxi Potts (William Bendix), um chofer de taxi do Brooklyn e Jesus “Soose” Alvarez (Anthony Quinn), um mexicano-americano (Anthony Quinn) e mais o sargento veterano Hook Malone (Lloyd Nolan), o capitão Davis (Richard Conte) e um jovem soldado raso, Johnny “Chicken” (Richard Jaeckel), se preparam para uma grande ofensiva contra Guadalcanal, ilha ocupada pelos japoneses. Já na ilha, o chofer do Brooklyn, fâ de Betty Grable, enquanto limpa seu fuzil, afirma: “Se isto fará os japas morrerem felizes por seu imperador, eu estou tentando fazê-los feliz”. Após sofrerem várias baixas, os fuzileiros navais aprendem que têm de eliminar sistematicamente o inimigo traiçoeiro. Um capelão irlandês (Preston Foster) está entre os homens paraconfortá-los. Em um paroxismo final de violência, a maior parte da guarnição inimiga é perseguida até a praia e abatida, seus corpos deixados flutuando nas ondas do mar. O inimigo é descrito como macacos ou outro tipo de símios. Quando o sargento é perguntado como se sente ao matar sêres humanos, ele responde: “Bem, é matar o ser morto – além disso eles não são gente”.

GUNG HO! / Gung Ho! / 1943. Walter Wanger Prod. / Universal (Dir: Ray Enright).
Na base dos Fuzileiros Navais em San Diego o Tenente Cristoforos (J. Carroll Naish) pede voluntários para um batalhão especial, que será treinado pelo Coronel Thorwald (Randolph Scott) para missões perigosas contra os japoneses. Entre os escolhidos estão: um sulista do Kentucky, Rube Tedrow (Rod Cameron); um rapaz recém-ordenado pastor, John Harbison (Alan Curtis); um pugilista, “Pig-Iron” Matthews (Robert Mitchum); dois irmãos por parte da mãe, Kurt Richter (Noah Beery, Jr.) e Larry O´Ryan (David Bruce), rivais nos EUA pela mesma moça (Grace McDonald); um filipino (Alex Havier). Com eles segue também o sargento Leo Andreof (Sam Levene), velho amigo de Thorwald e o grego Cristoforos. No seu primeiro encontro com os voluntários o coronel informa que o lema do batalhão será a expressão chinesa “Gung Ho!”, que significa trabalhar em equipe. Após uma viagem acidentada em dois submarinos os fuzileiros desembarcam na ilha de Makin, mantida pelos japoneses e Thorwald dá suas instruções finais: “Nenhum japa vivo de madrugada”. A princípio os fuzileiros não encontram resistência, mas logo sofrem vários ataques. Quando Thorwald percebe os aviões japoneses se aproximando, ele manda pintar uma bandeira americana no telhado de uma casa que serve de hospital, e ordena a retirada. Vendo a bandeira americana pintada, os pilotos nipônicos atacam imediatamente e os soldados japoneses são mortos pelos seus próprios aviões. Depois de dinamitar os depósitos de gasolina do inimigo, Thorwald e seus homens remanescentes retornam rapidamente para os submarinos, antes que navios japoneses os alcancem.

A GUY NAMED JOE / Dois no Céu / 1943. MGM (Dir: Victor Fleming).
Pete Sandidge (Spencer Tracy), piloto de bombardeiro americano, foi morto durante um ataque a um porta-aviões alemão. Pete vai para o céu onde encontra o “Patrão” (Lionel Barrymore), que em vida fôra um militar famoso. Este envia Pete de volta à Terra (como um espírito) a fim de transmitir seu conhecimento para Ted Randall (Van Johnson), piloto menos experiente e convencido. Algum tempo depois, Ted é transferido para o teatro de operações no Pacífico. A namorada de Pete, Dorinda (Irene Dunne), membro da WASP (Women Airforce Service Pilots, organização de mulheres pilotos cívis usadas para transportar os aviões das fábricas para os aeroportos) e os velhos amigos de Pete, Al (Ward Bond) e “Nails” (James Gleason) também estão lá. Dorinda e Ted se apaixonam, embora ela ainda esteja de luto por Pete. Ted é incumbido de bombardear um depósito de munição mas, em um climax inesperado (e improvável), Dorinda rouba o avião de Ted e (Pete está no banco trazeiro orientando-a) executa a missão por ele, destruindo o alvo e retornando vitoriosamente à base. Ela finalmente deixa de lado a memória de Pete e abraça Ted. Pete anda pelo campo de aviação com as mãos no bolso enquanto ouvimos uma canção patriótica.

LADY FROM CHUNGKING / China Inconquistável / 1942. PRC (Dir: William Nigh).
Uma nobre chinesa, Kwan Mei (Anna May Wong), ocultando sua verdadeira identidade, trabalha como camponêsa nas plantações de arroz de dia e ajuda os guerrilheiros chineses de noite. Ela protege dois pilotos americanos dos Tigres Voadores, cujos aviões foram abatidos, e os ajuda a escapar da área ocupada pelos japoneses. Mais tarde, Kwan Mei usa seus encantos femininos (com a ajuda de uma garrafa de champanhe) para fazer o general japonês Kaimura (Harodl Huber) falar sobre o movimento de tropas em um trem como preparação de um ataque a Chungking. Com esta informação os aviadores americanos estão aptos para bombardear o trem. Kwan Mei fere mortalmente o general que, por sua vez, ordena sua execução. Diante do pelotão de fuzilamento Kwan Mei começa a falar desafiadoramente: “Vocês não conseguirão me matar. Vocês não conseguirão matar a China … porque a alma da China é eterna!”.

LITTLE TOKYO, U.S.A. / Bairro Japonês /1942 Twentieth Century-Fox (Dir: Otto Brower).
Pouco antes do 7 de Dezembroo policial Mike Steele (Preston Foster), cuja área de atuação é o bairro japonês de Los Angeles, desconfia das atividades de uma rêde de espionagem, organizada pel sociedade secreta Black Dragon. Ele pede informações a seu amigo nipo-americano Oshima (Richard Loo). Quando este aparece morto, com a cabeça decepada, Steele redobra seus esforços para descobrir os espiões, que são comandados por um negociante nissei, Ito Takimura (Harold Huber) e contam com a ajuda de um traidor americano. Os espiões tentam transferir Steele para outro distrito e depois o envolvem com uma linda mulher nissei, Teru (June Duprez), que depois matam, fazendo com que ele seja acusado de assassinato. Nesta ocasião vem a notícia do ataque a Pearl Harbor. Steele consegue escapar com a ajuda de sua namorada, a locutora de rádio Maris Hanover (Brenda Joyce) e de um amigo punguista (Millard Mitchel e, por meio de um estratagema, consegue fazer com que a polícia prenda todos os quinta-colunistas, entre eles, Hendricks (Donald Douglas), o chefe de Maris na rádio, que estava a serviço dos nazistas. Steele esmurra Takimura, declarando: “Isto é por Pearl Harbor! Seu olho puxado.” No final as manchetes dos jornais estampam a remoção dos nipo-americanos da agora deserta Little Tokyo.

MANILA CALLING / Fala Manillha / 1942. Twentieth Century-Fox (Dir: Herbert J. Leeds).
Tom Logan (Ken Christy) é o líder da Philippine American Radio Communications Company, um grupo de engenheiros de rádio, encurralado na ilha de Mindanao, ao tentar destruir as estações de rádio, que transmitem propaganda japonesa. Eles capturam uma antiga fazenda usada pelos japoneses como base de transmissão em ondas curtas. Logan é morto e o idealista Jeff Baley (Cornel Wilde) assume seu lugar, mas o líder de fato é Lucky Matthews (Lloyd Nolan), que vinha lutando por várias causas com seu amigo irlandês, Tim O´Rourke (James Gleason). Lucky quer usar as metralhadoras apreendidas para abrir caminho até a costa e um possível resgate; porém Jeff insiste que eles mantenham a fazenda e reparem o gerador, a fim de transmitirem sua própria propaganda. Depois que os japoneses passam a controlar o abastecimento de água local, os guerrilheiros são surpreendidos pela chegada de Wayne Ralston (Lester Matthews), proprietário de uma fazenda vizinha e Edna “Eddie” Fraser (Carole Landis), uma ex-dansarina que deseja se casar com o ricaço Ralston. Lucky fica irritado com o aparecimento dos civis, principalmente Eddie, mas depois percebe que se trata de uma boa moça, quando ela serve de enfermeira para dois guerrilheiros Moro mutilados, que os japoneses enviaram como aviso. Quando Lucky e Jeff descobrem que Ralston apunhalou um de seus homens, quando tentou destruir o gerador, para que não houvesse mais motivo para eles permanecerem na ilha, Jeef manda Lucy executá-lo. Quando os japoneses atacam a fazenda, Lucky e um ex-piloto colocam Jeff em um avião japonês capturado e Lucky insiste para que Eddie vá junto, porém ela prefere ficar com Lucky. As bombas caem sobre eles e os dois se abraçam enquanto Lucky faz uma última transmissão pelo rádio.

MARINE RAIDERS / Inferno no Pacífico / 1944. RKO (Dir: Harold Schuster).
Em setembro de 1942 os fuzileiros navais estão lutando em Guadalcanal. O Capitão Dan Craig (Robert Ryan) comanda um grupo especial de fuzileiros navais paraquedista designado para auxiliar os fuzileiros navais regulares do Major Steve Lockhart (Pat O´Brien) em um ataque aos reforços japoneses que chegaram recentemente em barcaças. Quando seu tenente, aprisonado pelo inimigo, é descoberto amarrado entre duas árvores sem as mãos e os pés, Craig perde o controle e avança sozinho em direção aos japoneses, destruindo um ninho de metralhadora, antes que Lockhart chegue e o recrimine por esta conduta. Após aniquilarem os japoneses, os fuzileiros são enviados para a Australia, onde o amargurado Craig conhece e se apaixona por Ellen Foster (Ruth Hussey), tenente da Fôrça Aérea Auxiliar Feminina, mas é ferido durante um ataque japonês. Quando Lockhart visita Craig no hospital e fica sabendo que ele pretende se casar com Ellen pensa que ele está fora de si e o manda de volta para os EUA. O recuperado Craig e Lockhart estão de relações rompidas quando se apresentam em Camp Elliott, San Diego para treinar recrutas. Porém Lockhart acaba defendendo Craig, quando ele é considerado inepto para o serviço ativo e os dois partem para uma nova missão enquanto Ellen aguarda na Australia fazendo sua parte para apressar o fim da guerra e sua reunião permanente com Craig.

OBJECTIVE BURMA / Um Punhado de Bravos / 1945. Warner Bros. (Dir: Raoul Walsh).
O Major Nelson (Errol Flynn) e uma tropa de soldados americanos (juntamente com um correspondente de guerra (Henry Hull), caem de paraquedas em um território ocupado pelos japoneses em Burma, para destruir uma estação de radar do inimigo. A missão é bem sucedida, mas os planos para resgatá-los por avião não dão certo. Para diminuir a probabilidade de serem detidos, o grupo se divide em duas unidades, que devem se encontrar depois em uma aldeia birmanêsa. Quando Nelson chega no lugar de encontro, verifica que a outra unidade havia sido capturada, torturada e mutilada pelos japonêses. O major e seus homens têm que caminhar vários quilômetros através da selva para escapar e a certa altura ficam sem o rádio e não podem ser contactados. Até que avistam um avião americano, fazem sinal para ele com um espelho e suprimentos são jogados para os soldados famintos. Quando escurece, os japoneses atacam, mas de manhã eles haviam se retirado. Nelson e seus homens sobreviventes são finalmente resgatados.

 

PILOT Nº 5 / O Piloto nº5 / 1943 (Dir: George Sidney).
Em maio de 1942, uma base aliada em Java na Ilhas Orientais Holandesas é bombardeada pelos japoneses e outro ataque é esperado para o dia seguinte. Com apenas um aparelho em condições de vôo e cinco aviadores americanos dispostos a pilotá-lo, o comandante holandês Major Eichel (Steven Geray) escolhe George Collins (Franchot Tone), porque ele apresenta um plano ousado: prender um suporte para bombas no avião, a fim de bombardear o porta-aviões nipônico de onde veio o ataque. Depois que George parte, os outros pilotos – inclusive seu amigo Vito S. Alessandro (Gene Kelly) – contam para o comandante a história de sua vida. Ele era um jovem advogado que – apesar da preocupação de sua noiva Freddie (Marsha Hunt) – foi trabalhar para um governador corrupto, Hank Durban (Howard Freeman). Ele depois se redimiu, fornecendo informações que resultaram na queda de Durban, mas foi rejeitado pelos residentes de sua cidade, inclusive Freddie. George se alista na Fôrça Aérea, reconcilia-se com Freddie e parte para o Pacífico. De volta ao presente George localiza o porta-avião japonês e investe contra ele, mas a bomba não é liberada adequadamente. Depois de abater aviões inimigo, George toma uma decisão fatal e deliberadamente joga seu avião de encontro ao porta-aviões.

PRISONER OF JAPAN / Almas Indomáveis / 1942. PRC. (Dir: Arthur Ripley).
Na ilha de Nukuloa no Sul do Pacífico, o americano David Bowman (Alan Baxter), pacifista declarado, está prisioneiro em sua própria casa. Seu ex-professor de astronomia, Matsuru (Ernest Dorian), agente japonês, envia mensagens sobre a localização de navios americanos para seus superiores através de uma estação de rádio subterrânea. Toni Chase (Gertrude Michael), americana residente na ilha, faz uma visita a David na esperança de que ele a ajude a sair daquele lugar e fica perplexa com sua reação despreocupada diante da notícia de um ataque iminente à frota americana perto da costa. Ela logo percebe a razão deste comportamento estranho, quando tenta avisar os americanos e Matsuru a impede de fazer isto, destruindo seu rádio transmissor. Uma noite, Maui (Billy Moia), um menino nativo que estava indicando a David como escapar da ilha, é encontrado morto. Quando Matsuru confessa que matou o menino, David se lança sobre ele e, com a ajuda de Loti (Corinna Mura), uma nipo-americana, que até então servia ao japonês, consegue rendê-lo sob a mira de uma arma. Matusuru arrogantemente diz para David: “Largue esta arma. Não é de sua natureza matar”. David atira e fere mortalmente o agente inimigo. David e Toni se trancam na estação de rádio subterrânea e fazem contato com a frota americana, direcionado-a para bombardear o centro de comunicações na ilha, onde eles se encontram. Logo depois que eles juram seu amor mútuo, ocorre uma grande explosão.

PURPLE HEART, THE / Mais Forte que a Vida / 1944. Twentieth Century-Fox (Dir: Lewis Milestone).
Após um ataque aéreo ao Japão, oito pilotos americanos são capturados, depois que seu avião caiu em uma comunidade na China. Inicialmente eles foram presos por um governador local, que é um chinês colaborador dos japoneses. Este entrega os americanos para o Exército Imperial Japonês, a fim de sejam julgados em Shanghai, sob a alegação de terem bombardeado alvos civís. Embora jornalistas dos países do Eixo ou de países neutros como Rússia e Portugal, sejam autorizados a presenciar o julgamento, o General Ito Mitsubi (Richard Loo) não deixa que Karl Kappel (Torben Meyer), o cônsul suiço, representante da Cruz Vermelha, entre em contacto com Washington. Quando o comandante Capitão Ross (Dana Andrews) se recusa a revelar o local de onde vieram os aviões americanos, Mitsubi decide submetê-los à tortura mental e física. O colaborador chinês é morto pelo próprio filho (Benson Fong), após ter testemunhado no julgamento. Os aviadores americanos são uma mistura étnica, incluindo um judeu. Tenente Greenbaum (Sam Levene), um ítalo-americano, Tenente Canelli (Richard Conte), um polonês, Sargento Jan Skvonik (Kevin O’ Shea) e vários amaericanos natos (entre eles Dana Andrews, Farley Granger, Donald Barry). Em face da resolução inabalável dos cativos, Mitsubi se suicida. Os homens marcham para a morte com dignidade e o abuso que os aviadores sofreram em cativeiro bem como a humilhação de serem julgados, condenados e exceutados como criminosos de guerra é revelada para o mundo.

REMEMBER PEARL HARBOR / 1942. Republic (Dir: Joseph Santley).
Nas Filipinas três amigos do exército, Steve “Lucky” Smith (Donald Barry), Bruce Gordon (Alan Curtis) e “Portly” Porter (Maynard Holmes), se enredam com quinta-colunistas a serviço dos japoneses. Um espião nazista (Sig Ruman), faz-se passar por holandês, auxiliado pelo dono do bar Casa Marina, Andy Anderson (Rhys Williams) e por um negociante chamado Littlefield (Robert Emmett Keane). Enquanto “Lucky” corteja a secretária de Anderson, Marcia (Fay McKenzie), Bruce e Portly descobrem uma mensagem transmitida através do rótulo de um licor ao espião nazista, comunicando que um encouraçado japonês está se aproximando de Pearl Harbor. Um tiroteio irrompe e Portly é morto. Quando “Lucky” admite que não estava lá, o capitão manda prendê-lo por negligência do dever; porém ele escapa e, no decorrer dos acontecimentos, juntamente com Marcia e Bruce, ouve no rádio que Pearl Harbor foi atacada. Eles descobrem a verdadeira identidade do espião nazista e um plano para estocar munição e gasolina para as tropas japonesas, que chegaram em uma fazenda de propriedade do falso holandês. Uma batalha se trava entre os invasores e as tropas americanas, que também chegam ao local, avisadas pelo rádio por Marcia. “Lucky” entra em uma aeronave e faz um mergulho suicida contra um porta-aviões japonês, salvando heroicamente seus compatriotas.

SECRET AGENT OF JAPAN / O Espião Japonês / 1942. Twentieth Century-Fox (Dir: Irving Pichel).
O americano Roy Bonnell (Preston Foster), dono da boate Bar Dixie em Shanghai (sob dominação japonêsa) envolve-se em uma trama de espionagem com duas agentes britânicas, Kay Murdoch (Lynn Bari) e Doris Poole (Janis Carter). A polícia japonêsa, chefiada por Isoda Saito (Noel Madison), deseja recuperar uma lista em código dos nomes dos agentes japoneses atuando em Honolulu. Roy é avisado por um jovem advogado, Fu Yen (Victor Sen Yung), de que seu sócio, Victor Eminescu (Frank Puglia,) está sendo interrogado por Saito. Levado à presença do sinistro chefe de polícia, Roy é preso, depois de Eminescu ter sido torturado até a morte. Ele consegue escapar e, chegando ao Bar Dixie, verifica que seus empregados foram substituídos por japoneses e seu cofre foi saqueado. Ele os expulsa de lá e encontra o corpo de Doris. Antes de morrer ela escreveu “Mulhauser” na parede, nome de um misterioso agente alemão, que vem a ser Alec (Steve Geray), o pianista da boate e suposto amigo de Roy. Com a notícia do ataque a Pearl Harbor, Fu Yen (na realidade um agente secreto chinês) e seus amigos, fingindo-se de soldados japoneses, colocam o casal em um vôo para fora de Shanghai, a fim de evitar sua internação.

SO PROUDLY WE HAIL / A Legião Branca / 1943. Paramount (Dir: Mark Sandrich).
Um grupo de enfermeiras americanas, evacuadas de Corregidor e enviadas para a Australia, estão agora em um navio com destino aos Estados Unidos. A enfermeira Tenente Janet “Davey” Davidson (Claudette Colbert) está em coma e não demonstra desejo de viver. Então suas colegas contam para o médico de bordo a sua história. As enfermeiras deixaram San Francisco pouco antes de Pearl Harbor ser atacada. Elas desembarcam em Bataan no meio da batalha pelas Filipinas. Janet se apaixonou pelo paramédico John Somers (George Reeves) enquanto sua colega Joan (Paulette Goddard) fazia par com o fuzileiro naval Kansas (Sonny Tufts). As enfermeiras passaram por grandes dificuldades. Olivia (Veronica Lake), cujo noivo morreu em Pearl Harbor, se sacrificou, escondendo uma bomba debaixo de sua blusa e explodindo uma tropa de soldados japonêses, a fim de que suas companheiras pudessem escapar para ilha fortaleza de Corregidor. Elas receberam ordem de deixar o local, mas Janet se recusou a ir, até ter notícias de John, que estava cumprindo uma missão no interior da ilha. Ela entrou em choque quando uma bomba explodiu nas proximidades e foi carregada em coma para o navio encarregado da evacuação. Quando o filme termina, o médico lê uma carta de John – dizendo que ele acredita que irá sobreviver para vê-la novamente – e Janet começa a se recuperar.

SOMEWHERE I´LL FIND YOU / Ainda Serás Minha / 1942. MGM (Dir: Wesley Ruggles).
No outono de 1941, “Jonny” Davis (Clark Gable) e se irmão Kirk (Robert Sterling são chamados de volta da Alemanha pelo seu editor isolacionista, por terem mandado reportagens “belicistas” para o jornal. Johnny se apaixona pela repórter Paula Lane (Lana Turner), que está noiva de Kirk. Paula vai para a Indochina a serviço e desaparece; Johnny e seu irmão seguem para lá e a encontram contrabandeando crianças chinesas da zona de guerra para a Indochina de Vichy controlada pelos japoneses. O trio ruma para as Filipinas e, quando os japoneses atacam, Kirk se alista no Exército e Paula se torna uma voluntária da Cruz Vermelha. Mais tarde, em Bataan, Kirk é morto lutando contra os japoneses; “Jonny” e Paula se reencontram. Eles enfrentam a morte juntos calmamente durante uma investida nipônica enquanto Johnny dita uma reportagem inspiradora para a América.

THIRTY SECONDS OVER TOKYO / Trinta Segundos sobre Tóquio/ 1944. MGM (Dir: Mervyn LeRoy).
Este filme recria de forma semi-ficcional o ataque aéreo sobre Tóquio de abril de 1942 por bombardeiros sob o comando do Coronel Doolittle. Embora este apareça no filme (interpretado por Spencer Tracy), a história gira em torno de Ted Lawson (Van Johnson) e dos outros tripulantes da esquadrilha que participam da missão (entre eles David Thatcher (Robert Walker), Bob Gray (Robert Mitchum, Charles McClure (DonDeFore). O treinamento especial para a missão é detalhado e depois a esta é reconstruída (incluindo algumas tomadas de arquivo do porta-aviões Hornet, de onde foram lançados os aviões). Após o ataque, o avião de Ted cai na China. A tripulação é resgatada por guerrilheiros chineses, mas a perna de Ted tem que ser amputada. O filme termina quando Ted retorna aos Estados Unidos onde se reune com sua esposa grávida Ellen (Phyllis Thaxter).

WAKE ISLAND / Nossos Mortos Serão Vingados / 1942. Paramount (Dir: John Farrow).
No segundo semestre de 1941 os Fuzileiros Navais dos Estados Unidos comandados pelo Major Geoffrey Caton (Brian Donlevy) e uma equipe de construção sob as ordens do engenheiro civil Shad McClosky (Albert Dekker) terminam febrilmente as fortificações de um posto avançado em Wake Island. No final de novembro eles recebem brevemente a delegação de paz chefiada por Kurusu, quando ela faz uma parada a caminho de Washington. Imediatamente após o ataque a Pearl Harbor as fôrças navais japonesas sitiam a pequena ilha do Pacífico. Entre os fuzileiros defensores encontram-se os soldados Randall (William Bendix) e Doyle (Robert Preston), o tenente Bruce Cameron (MacDonald Carey) e o capitão Pete Lewis (Rod Cameron). Durante vários dias os soldados resistem ao inimigo em número esmagadoramente superior. Os japoneses exigem a rendição das tropas americanas, mas Caton recusa e, em 23 de dezembro de 1941, os fuzileiros combatem bravamente até a morte.


WING AND A PRAYER / Uma Asa e Uma Prece / 1944. Twentieth Century-Fox (Dir: Henry Hathaway).
No período logo após Pearl Harbor um porta-aviões (com o nome de código “Carrier “X”) é designado para ludibriar os japoneses, aparecendo em vários pontos do Oceano Pacífico, para dar a impressão de que a frota americana está espalhada, quando pretendem se concentrar em Midway para uma batalha decisiva. O porta-aviões é comandando pelo Capitão Waddell (Charles Bickford) enquanto a esquadrilha é liderada pelo Tenente Bingo Harper (Dana Andrews). Waddell recebe ordens de evitar combate, mas o Comandante de Vôo, Tenente Edward Moulton (Don Ameche), tem dificuldade de controlar seus homens, principalmente o segundo tenente Hallam Scott (William Eythe) – ator de Hollywood na vida civil – quando são obrigados a não responder ao fogo dos aviões inimigos. Durante o tempo em que o navio está evitando combate, um avião da Marinha é abatido e o piloto – em um bote salva-vidas – é metralhado pelos japonêses. Em outro lance dramático, o avião pilotado por Scott, voando sob nuvens baixas, tem dificuldade de encontrar o porta-aviões. Harper pede a Moulton que use os holofotes para guiá-lo, mas ele se recusa porque o porta-aviões pode ser visto por algum submarino inimigo. Ao que tudo indica o avião de Scott caiu no mar por falta de gasolina. Harper e Moulton discutem, porém em poucos minutos vem a informação de que Scott foi resgatado por um destróier. Finalmente o porta-aviões é autorizado a participar da Batalha de Midway.

A YANK ON THE BURMA ROAD / No Caminho de Burma / 1942. MGM (Dir: George B. Seitz).
Um taxista de Nova York, Joe Tracy (Barry Nelson), recebe muita publicidade quando captura sozinho dois bandidos notórios. Em consequência é convidado por uma Sociedade Benevolente Chinesa, para comandar um comboio carregando suprimentos médicos pela Estrada de Burma para Chungking. Em Rangoon, Joe conhece Gail Farwood (Laraine Day) e concorda em levá-la com ele. Mas o que Gail esqueceu de dizer para Joe é que seu marido germano-americano, que estava voando a serviço dos japoneses, foi capturado pelos guerrilheiros chineses. Assediado por aviões japoneses, o comboio chega a uma aldeia bombardeada, onde seus componentes testemunham o sofrimento dos chineses civís. Eles são informados do ataque a Pearl Harbor. Em troca pela vida do marido de Gail, Joe concorda em liderar os guerrilheiros locais em uma ofensiva contra uma cidade ocupada pelos japoneses, que controla a estrada. Durante a batalha o esposo traidor é morto. Depois de tomar a cidade, o sorridente Joe diz para seus aliados chineses: “Tragam mais japas”. Informado de que a estrada está liberada para Chungking, ele acrescenta confidencialmente: “Nós não vamos parar … Estamos a caminho de Tokyo”.

OS WESTERNS DE AUDIE MURPHY

Ele deixou sua marca em um gênero que costuma ser esquecido ou subestimado: o western de orçamento médio, chamado de co-feature, porque tinha o mesmo status de um filme A, diferenciando-se dos faroestes classe B.

Audie Murphy

Audie Leon Murphy (1924- 1971) nasceu em Kingston, Texas, filho de pobres agricultores meeiros de ascendência irlandesa. Seu pai, Emmett Berry Murphy, abandonou a família em 1939 e sua mãe, Josie Bell Murphy, faleceu em 1941. Quando o pai se afastou do lar, Audie teve que abandonar seus estudos na 5ª série, e foi trabalhar na colheita de algodão. A fim de sustentar seus irmãos mais novos e, para colocar comida na mesa, recorreu à caça com a ajuda de um rifle emprestado. Ele aprendeu a atirar muito bem e este talento foi útil quando se alistou no Exército (com a ajuda de sua irmã, que falsificou um documento, para aumentar sua idade) pouco depois do ataque a Pearl Harbor e após ter sido rejeitado pelos Fuzileiros Navais e Paraquedistas.

Murphy serviu na arma de infantaria em países como África, Itália, França e Austria, praticando atos de bravura incríveis, pelos quais recebeu inúmeras e prestigiosas condecorações, culminando com a Congressional Medal of Honor, a maior honraria militar concedida pelo governo dos Estados Unidos. Ele foi o Sargento York da Segunda Guerra Mundial, o soldado americano mais condecorado durante o conflito armado global.

Ao ver a foto de Murphy na capa da revista Life, James Cagney, decidiu trazê-lo para Hollywood, contratando-o pela companhia independente, que formara com seu irmão William, após ter deixado a Warner Bros, em 1943.Três anos de treinamento com os Cagney, resultaram em papéis minúsculos em dois filmes, Viver Sonhando / Texas, Brooklyn and Heaven e Código de Honra / Beyond Glory, ambos de 1948. Em 1949 Murphy escreveu, com a colaboração de David McClure, sua autobiografia “To Hell and Back”, que se tornou um best seller e, neste mesmo ano, a Allied Artists (ex-Monogram) lançou-o como ator principal em O Caminho da Perdição / Bad Boy, drama sobre delinquência juvenil.

Audie Murphy em Duelo Sangrento

O filme fez sucesso e os executivos da Universal, procurando um novo astro cowboy, contrataram Murphy para ser Billy the Kid em Duelo Sangrento / The Kid from Texas / 1950 (Dir: Kurt Newman com Gale Storm, Albert Dekker, Shepperd Strudwick, Will Geer, Martin Carralaga), western psicológico sobre o fora-da-lei lendário razoavelmente movimentado, mas desleixado no que diz respeito à história e ao mito.

Satisfeitos com o resultado financeiro de sua produção os chefões do estúdio ofereceram ao jovem ator o contrato padrão de sete anos com as opções usuais, seguindo-se até 1955: 1950 – Serras Sangrentas / Sierra (Dir: Alfred E. Green com Wanda Hendrix, Burl Ives, Dean Jagger, Richard Rober, Tony Curtis); Cavaleiros da Bandeira Negra / Kansas Raiders (Dir: Ray Enright com Brian Donlevy, Marguerite Chapman, Scott Brady, Tony Curtis, Richard Arlen). 1951 – O Último Duelo / The Cimarron Kid (Dir: Budd Boetticher com James Best, Yvette Dugay, Beverly Tyler, Roy Roberts, Leif Erickson). 1952 – Onde Impera a Traição / Duel at Silver Creek (Dir: Don Siegel com Stephen McNally, Faith Domergue, Susan Cabot, Gerald Mohr, Eugene Iglesias). 1953A Morte tem seu Preço / Gunsmoke (Dir: Nathan Juran com Susan Cabot, Paul Kelly, Charles Drake, Mary Castle, Jack Kelly); Jornada Sangrenta / Column South (Dir: Frederick de Cordova com Joan Evans, Robert Sterling, Ray Collins, Dennis Weaver, Russell Johnson. A Ronda da Vingança / Tumbleweed (Dir: Nathan Juran com Lori Nelson, Chill Wills, Roy Roberts, Russell Johnson, K.T. Stevens. 1954 – Traição Cruel / Ride Clear of Diablo (Dir: Jesse Hibbs com Dan Duryea, Susan Cabot, Abbe Lane, Russell Johnson, Paul Birch); Tambores da Morte / Drums Across the River (Dir: Nathan Juran com Walter Brennan, Lyle Bettger, Lisa Gaye, Hugh O´Brien, Mara Corday), Antro da Perdição / Destry (Dir: George Marshall com Mari Blanchard, Lyle Bettger, Thomas Mitchell, Edgar Buchanan, Lori Neson). Destaco em negrito os melhores, mas isto não quer dizer que todos os não sublinhados com traços mais grossos sejam ruins. Murphy sempre foi subestimado como ator. Ele sabia o que podia e o que não podia fazer. E o que fazia, era bem feito, atuando sempre com sinceridade e sobriedade.

Cena de Último Duelo

Sem respeitar perfeitamente a verdade histórica, O Último Duelo descreve episódios do envolvimento de Bill Doolin (Audie Murphy) com a quadrilha dos irmãos Dalton. Boetticher imprime dinamismo à narrativa, construindo boas sequências de assalto (v. g.  atraída em uma armadilha no centro da cidade, a quadrilha se vê cercada de ambos os lados por duas carroças, sendo obrigada a tentar a fuga através de uma rotunda após um tiroteio intenso; o roubo dos lingotes de ouro em de diversas estações da estrada de ferro e a traição de um elemento do bando), todas muito bem filmadas.

No início de A Morte tem seu Preço dois pistoleiros em fuga, Reb Kittredge (Audie Muphy) e Johnny Lake (Charles Drake), separam-se. Reb é contratado por Matt Telford (Donald Randolph), barão do gado que se apossou de todas as terras da região e cobiça o rancho de Dan Saxon (Paul Kelly) e sua filha Rita (Susan Cabot). Porém Dan, com segundas intenções, deixa que Reb ganhe a propriedade de seu rancho em um jogo de pôquer, desenrolando-se várias peripécias até um final surpreendente, no qual toma parte o novo capanga de Telford e velho amigo de Reb, Johnny Lake. Embora a direção não produza nenhum momento cinematograficamente brilhante, ela é bastante eficaz notadamente nas cenas de ação (v. g. brigas e tiroteios habituais, estouro da boiada provocado por um incêndio, descida vertiginosa de uma montanha por uma carroça e pelo gado), mantendo ininterruptamente o interesse do espectador pelo desenrolar da narrativa.

Dan Duryea e Audie Murphy em Traição Cruel

Em Traição Cruel Clay O’ Mara (Audie Murphy) chega em Santiago decidido a vingar o pai e o irmão, embora não saiba quem foi o culpado. Cúmplice do assassino, o xerife (Paul Birch), nomeia Clay como seu auxiliar e, já com um plano em mente, manda o rapaz em uma missão suicida prender Whitey Kincade (Dan Duryea), pistoleiro temível, que pode ser encontrado na cidade vizinha de Diablo.  Mas é precisamente Kincade que, admirando a tenacidade de Clay, vai ajudar o rapaz a concluir sua vingança, a ponto de dar a própria vida em um tiroteio no epílogo. Murphy atua com sinceridade e vigor enquanto Duryea, como um matador sorridente e cínico, compõe um tipo curioso cheio de vida e relevo.

Antro da Perdição

Antro de Perdição pode não ser um clássico como a versão anterior da história de Max Brand, Atire a Primeira Pedra / Destry Rides Again / 1939, dirigida pelo mesmo George Marshall, porém é um espetáculo sempre interessante, graças à divertida galeria de tipos pitorescos interpretados por esplêndidos coadjuvantes (v. g. o prefeito corrupto / Edgar Buchanan; o bêbado indicado para o cargo de xerife / Thomas Mitchell); o médico viciado no pôquer / Wallace Ford) e às atuações convincentes de Murphy como Tom Destry, o filho de um xerife legendário que não usa armas e afinal impõe o respeito na comunidade e de Mari Blanchard, a exuberante cantora do saloon.

Entre 1956 e 1962 Murphy fez mais nove filmes para a Universal: 1956 – Honra de Selvagens / Walk the Proud Land (Dir: Jesse Hibbs com Anne Bancroft, Pat Crowley, Charles Drake, Tommy Rall, Robert Warwick). 1957 – A Passagem da Noite / Night Passage (Dir: James Neilson com James Stewart, Dan Duryea, Dianne Foster, Elaine Stewart, Jay C. Flippen). 1958 – Na Rota dos Proscritos / Ride a Crooked Trail (Dir: Jesse Hibbs com Walter Matthau, Gia Scala, Henry Silva, Joanna Moore, Eddie Little. 1959 –Balas que não Erram / No Name in the Bullet (Dir: Jack Arnold com Charles Drake, Joan Evans, Virginia Grey, Warren Stevens, R. G. Armstrong); Antro de Desalmados / The Wild and the Innocent (Dir: Jack Sher com Joanne Dru, Gilbert Roland, Jim Backus, Sandra Dee, George Mitchell). 1960 – Com o Dedo no Gatilho / Hell Bent for Leather (Dir: George Sherman com Felicia Farr, Stephen MCNally, Robert Middleton, Jan Merlin, Rad Fulton; Matar por Dever / Seven Ways from Sundown (Dir: Harry Keller com Barry Sullivan, John McIntire, Venetia Stevenson, Kenneth Tobey, Mary Field. 1961 – Quadrilha do Inferno / Posse from Hell (Dir: Herbert Coleman com John Saxon, Zohra Lampert, Vic Morrow, Robert Keith, Royal Dano). 1962 – Gatilhos em Duelo / Six Black Horses (Dir: Harry Keller com Dan Duryea, Joan O´Brien, George Wallace, Roy Barcroft, Bob Steele).

Audie Murphy e James Stewart em A Passagem da Noite

No entrecho de A Passagem da Noite, Grant McLaine (James Stewart) – depois de ter sido despedido por ter deixado fugir de maneira inexplicável o jovem Utica Kid (Audie Murphy), um dos membros da quadrilha de assaltantes de trem liderada por Whitey Harbin (Dan Duryea) – passa a viver de gorjetas, que recebe ao tocar seu acordeão. Porém os assaltos continuam e ele é chamado de volta para impedir novos roubos. No decorrer da trama ficamos sabendo que Utica Kid é o irmão mais moço de Grant. A direção de Neilson é firme e eficiente, narrando a boa história de Borden Chase em ritmo movimentado, explorando fotograficamente belas paisagens do Colorado, forjando sequências emocionantes (v. g. o ataque do trem correndo pela encosta da montanha, que os ladrões tentam parar, derrubando um tanque de água sobre a linha férrea; o tiroteio final na mina abandonada) e boas interpretações, sobretudo de Murphy, alternadamente cínico, zombeteiro e sentimental.

Balas que não Erram tem uma história original: quando o famoso pistoleiro de aluguel John Gant (Audie Murphy) chega em Lordsburg, toda a cidade treme, porque não há quem não tenha um inimigo e naturalmente receiam que ele tenha vindo procurá-los. Gant não revela que veio para matar nem se veio mesmo com este propósito, mas o pânico vai crescendo. Após vários esforços Jane (Joan Evans), filha de um antigo juiz do condado, descobre finalmente que o homem que Gant quer abater, é seu próprio pai. O médico da localidade, Luke Canfield (Charles Drake), é o único personagem importante que não teme Gant, porque não tem inimigos, e a ele caberá punir o suposto matador mercenário. Jack Arnold dirige corretamente o excelente roteiro, mantendo permanentemente a angústia causada pelo medo até o combate final entre Luke e Gant. Murphy compõe habilmente um personagem imprevisível e complexo, ao mesmo tempo justiceiro e assassino.

Sandra Dee e Audie Murphy em Antro de Desalmados

Joanne Dru e Audie Murphy em Antro de Desalmados

Antro de Desalmados é um western romântico, enfatizando os perigos aos quais dois jovens criados nas montanhas, Yancey (Audie Murphy) e Rosalie (Sandra Dee) em estado selvagem estão sujeitos, quando se encontram bruscamente na presença da civilização. Sobrinho de um caçador, Yancey empreende uma viagem para vender suas peles. No caminho encontra Rosalie, adolescente que foge do pai trapaceiro e irresponsável  e o acompanha até a cidade. Os dois jovens matutos chegam no dia dos festejos pelo 4 de julho. Com o produto da venda de suas peles, eles compram roupas adequadas e se misturam à multidão. Yancey corteja a bela prostituta Marcy (Joanne Dru) enquanto sua companheira de jornada, empregada no saloon com o consentimento inadvertido do ingênuo Yancey, se vê assediada pelo xerife Paul Bartel (Gilbert Roland), dono do estabelecimento. Porém Yancey, após ter descoberto que fazia a corte a uma mulher de má vida, compreende em que mãos colocou Rosalie e vai resgatá-la do ambiente impróprio e das garras do homem-da-lei rufião. O filme não tem muita ação típica do faroeste, mas sua história cheia de candura e sentimentalismo é atraente do começo ao fim, contando com uma das melhores interpretações de Murphy, cercado por um bom elenco de coadjuvantes.

Com o Dedo no Gatilho aborda o tema da perseguição de um inocente caçado por um xerife desonesto. Clay Santell (Audie Murphy) oferece ajuda a um estranho, que em seguida o agride, e foge com seu cavalo, deixando o rifle.  Ao chegar em Sutterville, os moradores, ao vê-lo com a arma, pensam que ele é Travers (Jan Merlin), um bandido perigoso. O delegado Harry Deckett (Stephen McNally), que há muito tempo vinha seguindo Merlin, salva Clay do linchamento, para levar adiante seu plano diabólico: matá-lo no lugar do assassino (que ninguém conhece) e ganhar fama. Mas Clay foge e leva consigo a jovem Janet (Felicia Farr) como refém, sucedendo-se uma perseguição por uma paisagem desértica, marcada por vários acontecimentos até o ajuste de contas final entre Clay, Deckett e Merlin. Manejando com segurança o script econômico, Sherman mantém a narrativa em um ritmo fluente e concebe bons momentos de tensão (v.g. a chegada de Clay à cidade deserta onde se sente que algo está para acontecer, a aparição inesperada de três intrusos na cabana onde Clay e Janet se abrigam, a espera do confronto do herói com os dois vilões).

 

Audie Murphy e Barry Sullivan em Matar por Dever

 Em Matar por Dever o assunto é, em suma, a amizade entre adversários. O Texas Ranger novato Seven Jones (Audie Murphy) é designado para acompanhar o sargento veterano Henessey (Jay C. Flippen) na caçada ao pistoleiro Jim Flood (Barry Sullivan). Após descobrirem a pista do bandido, Jones e Henessey caem em uma emboscada armada por Flood. Henessey é morto, mas Jones leva adiante a missão e, finalmente consegue prender o fugitivo.  Pelo caminho, enquanto Flood tenta por vezes escapar, eles enfrentam juntos vários perigos (índios, caçadores de recompensas), estabelecendo-se uma estima recíproca entre o homem da lei decidido e decente e seu prisioneiro simpático, amante dos prazeres simples da vida, que só usa o gatilho quando inevitável. Apesar de seus esforços, Flood não consegue levar Jones para uma vida de crime; na verdade, ele próprio se deixa contaminar pela decência do jovem ranger, e isso determina o seu fim trágico. No final os dois homens puxam suas armas, Flood erra o tiro, mas Jones atinge certeiramente seu alvo.  Quando Flood morre em seus braços, Jones compreende que Flood deixou ele vencer. Keller filma o relato com profissionalismo, tornando este western insólito sempre interessante.

John Saxon, Audie Murphy e  Rodolfo Acosta em A Quadrilha do Inferno

No desenrolar de Quadrilha do Inferno quatro bandidos, um dos quais, Crip (Vic Morrow), é um louco sanguinário, semeiam o terror em Paradise. Eles matam o xerife, assaltam um banco e levam Helen Caldwell (Zohra Lampert) como refém. O auxiiar do xerife, Banner Cole (Audie Murphy), comanda uma patrulha, da qual fazem parte: o Capitão Brown (Robert Keith), velho combatente da Guerra Civil; Johnny Caddo (Rodolfo Acosta), mestiço que busca o reconhecimento da população; Jack Wiley (Paul Carr), jovem ágil no gatilho ansioso para demonstrar sua habilidade; Billy (Royal Dano), tio de Helen; Bert Hogan (Frank Overton), sujeito que deseja vingar o irmão morto pelos facínoras, e Seymour Kern (John Saxon), empregado do banco almofadinha, encarregado de recuperar o dinheiro roubado. ole consegue eliminar todos os bandidos à medida que vai perdendo seus companheiros, com exceção de Seymour. Rico em peripécias, o filme também faz considerações filosófico-morais sobre questões como humilhação, coragem, covardia e orgulho, a partir dos tipos humanos que compõem a expedição punitiva.

Em 1957 Murphy um filme para a Columbia O Renegado do Forte Petticoat / The Guns of Fort Petticoat e, em 1959 e 1960, dois filmes para a United Artists:  Um Homem contra o Destino / Cast a Long Shadow e O Passado Não Perdoa / The Unforgiven.

O Renegado do Forte Petticoat

Em O Renegado do Forte Petticoat o Tenente Frank Heavitt (Audie Murphy), de origem texana, percebe que os Comanches vão se dirigir para o Texas, no momento sem proteção, porque todos os homens foram mobilizados para o exército confederado. Frank deserta e retorna à sua terra natal, onde reúne as mulheres e as crianças em uma missão abandonada e as submete a um treinamento militar intensivo, para repelir as investidas dos índios. O enredo tem originalidade (um homem sozinho organizando militarmente um grupo de mulheres) e apresenta os elementos necessários para manter a ação incessante. A cena mais movimentada é aquela em que os índios aprisionam os três bandidos e estes os levam missão. Frank, as mulheres e crianças se escondem no terraço. Os selvagens, não vendo ninguém, matam seus prisioneiros e vão embora. Entretanto, um menino dispara sua arma acidentalmente, os índios escutam os tiros e voltam a atracar mais agressivos do que nunca.

Audie Murphy em O Passado não Perdoa

O Passado Não Perdoa tem início em um rancho isolado no Texas, onde vive uma família de colonos a mãe, Matilda Zachary (Lillian Gish); seus três filhos, Ben (Burt Lancaster), Cash (Audie Murphy), Andy (Doug McClure), e a filha, Rachel (Audrey Hepburn). Um estranho, Abe Kelsey (Joseph Wiseman), que se diz emissário de Deus, espalha na cidade que Rachel é uma índia adotada e sua presença significa uma ameaça , pois os temidos Kiowas a querem de volta. Os vizinhos se afastam dos Zachary. Matilda admite a veracidade da história de Kelsey e os quatro filhos ficam chocados. Cash, embriagado, abandona a família.Os Kiowas atacam. Matilda morre, Andy é ferido. Cash retorna e ele e Ben afugentam os índios. Bem casa-se com Rachel. Em um cenário de esplendor selvagem, Huston conta uma história de cativeiro invertida, para denunciar a intolerância racial. Pode-se vislumbrar alguns toques pessoais do diretor (Matilda tocando Mozart ao ar livre em um piano de cauda enquanto os índios batem seus tambores de guerra; o boi no telhado da casa; os guerreiros sob o luar; o cavaleiro espectral que se diz “a balança de Deus, o fogo da vingança”, que dão ao seu western uma ambientação quase fantática.

Audie Murphy em Gatilhos da Violência

Os últimos filmes de Murphy, realizados para diversas companhias: 1963 – Abatendo um a um / Showdown (Dir: R. G. Springsteen com Charles Drake, Kathleen Crowkley, Skip Homeier, Harold J. Stone); Fúria de Brutos / Gunfight at Comanche Creek (Dir: Frank McDonald com Ben Cooper, Coleen Miller, De-Forrest Keller, Jan Merlin, John Hubbard); Pistoleiro Relâmpago / The Quick Gun (Dir: Sidney Salkow com Merry Anders, James Best, Ted deCorsia, Walter Sande). 1964 – Balas para um Bandido / Bullet for a Badman (Dir: R.G. Springsteen com Darren McGavin, Ruta Lee, Beverly Owen, Skip Homeier); Rifles da Desforra / Apache Rifles (Dir: William Witney com Michael Dante, Linda Lawson, L. Q. Jones, Ken Lynch). 1965 – Bandoleiros do Arizona / Arizona Raiders (Dir: William Witney com Michael Dante, Ben Cooper, Buster Crabbe, Gloria Talbot. 1966 – Matar ou Cair / Gunpoint (Dir: Earl Bellamy com John Staley, Warren Stevens, Edgar Buchanan, Denver Pyle, Royal Dano); O Bandoleiro Temerário / The Texican (Dir: Lesley Selander com Broderick Crawford, Diana Lorys, Luz Marquez, Antonio Casas, Molino Rojo). 1967 – Os Rifles da Desforra / 40 Guns to Apache Pass (Dir: William Witney com Michael Burns, Kenneth Tobey, Laraine Stephens, Robert Brubaker, Michael Blodgett). 1969 – Gatilhos da Violência / A Time for Dying (Dir: Budd Boetticher com Richard Lapp, Anne Randall, Bob Random, Victor Jory, Walter Reed). não mantiveram o mesmo padrão artístico dos anteriores, mas não são totalmente desprezíveis.