FILMES DE FICÇÃO CIENTÍFICA AMERICANOS DOS ANOS 50 -I I
A Guerra dos Mundos / War of the Worlds / 1953, produzido por George Pal para a Paramount e dirigido por Byron Haskin, ganhou um prêmio da Academia pelos efeitos especiais sob supervisão de Gordon Jennings. Chesley Bonestell chefiou a equipe responsável pelos mattes e pinturas, o roteiro foi escrito por Barré Lyndon e Sir Cedric Hardwicke atuou como narrador.
Baseado no conhecido romance de H. G. Wells, o filme passa-se na Califórnia em vez da Inglaterra e em 1953 em vez de 1890. Um disco voador pousa perto de uma pequena comunidade, mas um físico nuclear famoso, chamado Clayton Forrester (Gene Barry), supõe que se trata de uma espaçonave marciana. Na realidade a nave é parte de uma invasão em massa, pois os discos surgem em todo o mundo, abrindo-se para mostrar máquinas com raios mortíferos. Forrester manda chamar o exército, mas não importa quanto armamento seja usado contra os marcianos, eles são invencíveis. Estas máquinas marcianas inquietantes e futuristas, os jatos de fogo transformando os objetos ou os humanos em cinzas, tudo isto consitui uma bela vitória sob o ponto de vista dos cenários, efeitos fotográficos, côr e encenação. A luta cruel e impiedosa entre humanos para escapar da catástrofe aumenta ainda mais a angústia das cenas de destruição. São vistas imagens de cidades em ruínas e de refugiados enquanto Forrester e outros rezam para que Deus intervenha. Símbolos religiosos abundam e a solução parece mesmo ter sido enviada por Ele, porque os marcianos começam a morrer por exposição às bactérias da Terra.
O melhor filme sobre infiltração alienígena foi Vampiros de Almas / Invasion of the Body Snatchers, dirigido por Don Siegel, produzido por Walter Wanger e distribuído pela Allied Artists em 1956. O filme apresenta o inimigo como vagens gigantes que, como resultado da radiação atômica, chegam na Terra para se apossar de corpos humanos em uma pequena cidade da Califórnia. Apenas duas pessoas escapam, o Dr. Miles J. Bennell (Kevin McCarthy) e sua namorada Becky Driscoll (Dana Wynter). Como as vítimas continuam vivas, porém não mais controlando suas próprias mentes, a invasão alienígena aqui assemelha-se a uma lavagem cerebral, como ocorria nas prisões políticas durante a Guerra da Coréia. Miles e Becky têm que se esconder dos alienígenas e não podem dormir, porque é então que as vagens se apossam dos corpos humanos. Becky dorme quando Miles deixa o esconderijo deles por alguns momentos. Quando ele volta e a beija, os olhos dela se abrem com um olhar vazio e ele percebe que ela também é uma pessoa vagem. Miles corre pela rodovia, tentando em vão parar os carros. Ele grita: “Vocês serão os próximos, seus tolos! Vocês correm perigo! “, mas os motoristas o ignoram. Como o estúdio achou que o filme era muito pesssimista, um prólogo e uma conclusão foram acrescentados com Miles contando a história em retrospecto e finalmente conseguindo fazer com que as autoridades se conscientizassem da ameaça. Com um orçamento barato Siegel consegue criar uma atmosfera de temor apesar da quase completa ausência de efeitos especiais. O filme foi lançado em Superscope.
Em Casei-me com um Monstro / I Married a Monster from Outer Space / 1958, dirigido e produzido por Gene Fowler Jr. e distribuído pela Paramount, após um ano de casamento, Marge Bradley Farrell (Gloria Talbot) sente que seu marido Bill Farrell (Tom Tryon) não demonstra a mesma afeição que tinha por ela, quando eram noivos. Uma noite, ele sai para um passeio, e ela o segue até uma área isolada no bosque, onde vê uma forma de vida extraterrestre deixar o corpo de Bill e entrar em uma espaçonave escondida. Ela confronta o alienígena e ele explica que veio do planeta Andromeda Nebula, onde uma explosão solar matou todas as mulheres de sua raça. Ele e outros machos de sua espécie estão assumindo a forma humana para terem filhos com a mulheres da Terra, salvando sua raça de extinção. Marge fica aterrorizada com esta perspectiva e tenta avisar outras pessoas do plano alienígena, porém muitos homens da cidade ja foram assumidos pelos invasores de corpos, inclusive o Chefe de Polícia Collins (John Eldredge), que nada faz, depois de ouvir sua história. Finalmente, seu médico, Dr. Wayne (Ken Lynch), acredita em Marge e reune um grupo de homens – que ele sabe que não são alienígenas, porque se tornaram pais recentemente – na sala de espera da maternidade Eles atacam os invasores, mas as balas não lhes fazem mal; somente um par de cães pastores alemães consegue matá-los. Entrando na espaçonave, o grupo verifica que todos os machos humanos cativos estão inconscientes, porém ainda vivos, inclusive Bill.
Os efeitos terríveis da radiação atômica tornaram-se conhecidos depois de 1952, quando tanto os Estados Unidos como a União Soviética deram início a testes atmosféricos com bombas termonucleares de vários megatons. Um teste com uma bomba de hidrogênio em março de 1954 espalhou resíduos radioativos sobre cerca de 14 mil quilômetros quadrados do Pacífico. A Comissão de Energia Atômica manteve este caso em segredo do público até, que na primavera de 1955, a Administração Federal de Defesa Civil revelou que a precipitação nuclear era “insidiosa, invisível e singularmente perigosa”.
O pânico sobre os aspectos negativos da radiação forneceu matéria-prima para muitos filmes de ficção científica. Pequenos insetos transformaram-se em monstros enormes, pessoas tornaram-se impossívelmente grandes ou incrivelmente minúsculas e criaturas extintas há muito tempo ganharam vida.
O Mundo em Perigo / Them! produzido em 1954 pela Warner Bros e dirigido por Gordon Douglas em um estilo semi-documentário tinha um script inteligente escrito por Ted Sherdeman. A ação ocorre no New Mexico perto de Los Alamos, onde dois policiais, Sargento Ben Paterson (James Whitmore) e o soldado Ed Blackburn (Chris Drake) encontram um armazém destruído, o comerciante morto e uma menina (Sandy Descher), cujos pais desapareceram, em estado de choque. Ben vai pedir ajuda, trazendo o agente do FBI, Robert Graham (James Arness) para o local, onde encontram Ed morto e uma pegada estranha na areia. Dois entomologistas do Departamento de Agricultura Dr. Harold Medford (Edmund Gwenn) e sua filha Patricia (Joan Weldon) chegam no mesmo lugar e verificam que está faltando açucar no armazém e que os corpos do comerciante e do policial estão cheios de ácido fórmico. Eles identificam a pegada como sendo de uma formiga gigantesca. Além disso, quando os entomologistas fazem a menina aspirar um pouco de ácido fórmico, ela sai do estado de choque e grita: “Them! Them ! (Elas! Elas!)” e, a esta altura, aparece uma formiga gigante. Juntos, os cientistas e os militares destroem o ninho de formigas do New Mexico, porém duas rainhas escapam: uma, para um navio mercante, onde destroem quase toda a tripulação inclusive, em uma cena chocante, o operador de rádio; a outra, vai para um enorme bueiro subterrâneo de Los Angeles, onde se dá o final do filme. Dois meninos estão retidos pelas formiga. Ben consegue salvá-los, mas morre, e as formigas são exterminadas com lança chamas. A mutação genética delas fora causada pela radiação prolongada da explosão da primeira bomba atômica. O Mundo em Perigo trouxe uma mensagem anti-nuclear bem clara e as formigas podiam ser vistas como um inimigo simbólico: a União Soviética.
Tarântula! / Tarantula / 1955, produzido por William Alland, para a Universal- International e dirigido por Jack Arnold, deu continuidade ao ciclo de filmes sobre insetos gigantescos. Em uma pequena cidade do Arizona, um cientista morre em condições misteriosas de acromegalia, causando apreensão no médico local, Dr. Matt Hastings (John Agar), que passa a investigar e descobre que o falecido trabalhava com o Professor Deemer (Leo G. Carroll) em uma experiência secreta para encontrar a fórmula de determinada substância nutritiva. Deemer injeta uma mistura atômica em vários animais e obtém efeitos de gigantismo extraordinários. Uma târantula que chegou a atingir a altura de 30 metros, escapa do laboratório e prossegue destruindo tudo em seu caminho e atacando o Dr. Matt e a nova assistente de Deemer, Stephanie “Steve” Clayton (Mara Corday), até ser morta por bombas de napalm jogadas pela força aérea americana, cujo piloto principal é … Clint Eastwood.
Entre outros mutantes cinematográficos da década estavam: gafanhotos inchados pelas radiação que invadem Chicago em O Começo do Fim (TV) / Beginning of the End / 1957 (Dir: Bert I. Gordon); caracóis gigantes afetados por radiação que rastejam em direção à base Naval de Los Angeles para comer o pessoal da Marinha em O Monstro Que Desafiou O Mundo / The Monster That Challenged the World / 1957 (Dir: Jack Arnold) um polvo que se tornou monstro pela radioatividade que quase destrói San Francisco em O Monstro do Mar Revolto / It Came From Beneath The Sea / 1955 (Dir: Robert Gordon) e caranguejos enormes, alterados geneticamente por uma precipitação radioativa que absorvem o conhecimento e as vozes das pessoas que eles comem em A Ilha do Pavor / Attack of the Crab Monsters / 1957 (Dir: Roger Corman). Em cada caso explosões ou radiações atômicas trouxeram à vida um monstro que, por sua vez, foi destruído por algum uso de energia atômica. O retorno à normalidade se dá, quando a ciência e a tecnologia solucionam os problemas, que elas ajudaram a criar.
Os filmes com temas sobre metarmofoses eram sobre pessoas ou criaturas que mudaram completamente sua forma ou estrutura. A Mosca da Cabeça Branca / The Fly, produzido e dirigido por Kurt Neumann em CinemaScope para a Twentieth Century-Fox estreou em 1958. Em Montreal, Quebec no Canadá, o cientista André Delambre (Al Hedison, que depois adotou o nome de David Hedison) é encontrado morto com sua cabeça esmagada em uma prensa hidráulica. Embora sua esposa, Hélène (Patricia Owens) confesse o crime, ela se recusa a fornecer o motivo e começa a agir estranhamente, obcecada por uma suposta mosca de cabeça branca. Ela finalmente conta para François o que se passou na realidade. André trabalhava para o Ministério da Defesa Aérea, fazendo experiências com uma máquina de teleportação quando, sem que ele perceba, uma mosca cai no aparelho durante o processo e provoca uma fusão de suas moléculas com as do inseto. Ele se torna metade humano metade mosca, ou melhor, ficou com a cabeça e um dos braços iguais ao de uma mosca. Enquanto ainda pode pensar como um ser humano, André destrói seu equipamento e suas anotações. Depois, aciona a prensa hidráulica, põe sua cabeça e um de seus braços debaixo dela e manda Hélène apertar o botão. Após ouvir a confissão de Hélène, o Inspetor Charas (Herbert Marshall) considera-a insana. Quando ia levá-la para um sanatório, o filho do casal Delambre, Philippe (Charles Herbert) diz a François que viu a mosca presa em uma teia no jardim. François e Charas vêem a mosca com a cabeça e o braço de André gritando: “Ajude-me! Ajude-me!” enquanto uma aranha avança em direção a ela. Quando a aranha está prestes a devorar a criatura, Charas esmaga ambas com uma pedra. Sabendo que ninguém vai acreditar na verdade, ele e François decidem declarar André morto por suicídio. Um texto publicitário do filme dizia: “A primeira vez que a mutação atômica de humanos foi mostrada na tela”. Entretanto, no ano anterior as telas dos cinemas mostraram pelo menos três filmes nos quais humanos são metamorfoseados, dois em proporções gigantescas, o outro em dimensões minúsculas.
Em A Mulher de Quinze Metros / Attack of The 50 Foot Woman / 1958, lançamento da Allied Artists de uma produção de Bernard Woolner, dirigido por Nathan Hertz (Nathan Juran), Nancy Fowler Archer (Allison Hayes), mulher rica mas emocionalmente instável, é sequestrada por um gigante alienígena (Mike Ross) no deserto e contaminada por irradiação pelo seu toque. Nancy consegue fugir, mas ninguém acredita na sua história, devido ao seu problema com alcoolismo e uma recente estadia em um sanatório. Seu marido mulherengo, Harry Archer (William Hudson), está mais interessado na sua última conquista, Honey Parker (Yvette Vickers), e no dinheiro da esposa. Incentivado pela amante, Harry planeja injetar na esposa uma dose letal de sedativo, mas quando entra no seu quarto descobre que ela cresceu até atingir um tamanho enorme. O médico da família, Dr. Isaac Cushing (Roy Gordon) e um especialista, Dr. Von Loeb (Otto Waldis) não sabem como tratar sua paciente. Eles mantêm Nancy em um estado de coma induzido por morfina e acorrentada enquanto aguardam o xerife Dubbitt (George Douglas). Nancy desperta, livra-se das correntes, destrói o telhado de sua mansão e ruma para a cidade, a fim de se vingar de seu marido infiel, que ela esmaga, antes de ser morta por uma descarga elétrica provocada pelos tiros do xerife em um transformador de linha de energia.
Em O Monstro Atômico / The Amazing Colossal Man / 1957 lançamento da American-International (James H. Nicholson / Samuel Z. Arkoff), dirigido e produzido por Bert Gordon, o Tenente Coronel Glenn Manning (Glenn Langan creditado como Glen Langan) é queimado em uma explosão de plutônio durante um teste com uma bomba atômica, em Desert Rock, Nevada. Tratado pelo Dr. Paul Linstrom (William Hudson) e pelo cientista militar Major Eric Coulter (Larry Thor), ele regenera sua pele, porém cresce três metros por dia até atingir 21 metros de altura, para espanto de sua noiva, Carol Forrest (Cathy Downs). Quando Coulter informa a Linstrom de que pode ter encontrado uma solução para o crescimento fenonemal de Glenn, este desaparece. Os militares o encontram em Las Vegas, causando muito tumulto depois de ter tido um colapso mental. O gigante ruma para a Represa Boulder, perseguido por helicópteros. Coulter, Carol e Linstrom chegam lá com o sôro criado por Coulter. Quando eles enfiam uma seringa no tornozelo de Glenn, este arranca a seringa e espeta Coulter com ela, matando-o. Glenn apanha Carol e foge mas, atendendo a um apelo de Linstrom, ele a libera e é crivado pelas balas dos militares, mergulhando no rio Colorado.
Nenhum desses filmes tinha a pungência de O Incrível Homem que Encolheu / The Incredible Shrinking Man / 1957, produzido por Albert Zugsmith para a Universal-International e dirigido por Jack Arnold em CinemaScope. Nesta excelente adaptação escrita pelo próprio Richard Matheson de seu romance “The Shrinking Man”, Robert Scott Carey (Grant Williams) estava andando de barco, quando ficou exposto à precipitação nuclear de uma nuvem que deixou partículas brancas cintilantes nele. Isto fez com que começasse a encolher incontrolavelmente porque suas moléculas foram reordenadas e seu crescimento invertido. Ele consulta os médicos e um deles consegue interromper por algum tempo esta redução, porém a doença retoma seu curso e ele tem que iniciar uma luta solitária e permanente para sobreviver. Não há monstros nem alienígenas no filme, somente animais e objetos comuns tais como o tal gato, uma torneira vazando, uma caixa de costura com agulhas e alfinetes e uma aranha, que se tornam ameaçadores e perigosos para o herói liliputiano. Incapaz de ser um marido normal, sente-se humilhado e cheio de auto-aversão, mas quando diminui para pouco mais de dois centímetros e continua a encolher, ele afirma, “Eu existo”. Este é um momento marcante do filme, pois embora Scott tenha se tornado infinitesimal em tamanho, ainda é humano e consciente de sua própria existência. O Incrível Homem Que Encolheu capta as experiências emocionais da América da Guerra Fria com seus temas de paranóia, medo e desconfiança. Arnold resistiu à preferência da Universal por um final feliz com médicos encontrando um soro para reverter o processo de encolhimento, porque ele queria um final metafísico com o homem aceitando seu destino. No final do filme Scott aguarda com resignação o momento em que seu corpo acabará por se diluir no espaço.
Uma criatura extinta trazida à vida, geralmente por uma explosão atômica, foi a base para filmes como O Monstro do Mar / The Beast From 20.000 Fathoms / 1953. Produzido por Hal Chester e Jack Dietz da Mutual Pictures of Califórnia (pequena companhia independente que foi comprada pela Warner Bros.), e dirigido por Eugene Lourie, o filme é uma adaptação de um conto de Ray Bradbury, “The Foghorn”. Um redossauro, uma besta fictícia, é solto de uma calota de gelo por uma explosão atômica. Ele é máu, desordenado e mau-humorado, invadindo a cidade de Nova York, esmagando carros, arrazando edifícios, devorando pessoas, e criando pânico entre as multidões ao entrar como um furacão em Times Square. Prédios são destruídos, comunicações são inundadas e muitas vidas perdidas. A Guarda Nacional bombardeia o redossauro com bazucas, canhões e metralhadoras, mas ele desaparece, seriamente ferido. Quando os soldados o rastreiam, seguindo grandes poças de sangue, ficam muito doentes e desmaiam. Depois que amostras de sangue da fera são analisadas, descobre-se que elas contém uma bactéria tóxica resistente a antibióticos. Um jovem cientista atômico, Tom Nesbitt (Paul Hubschmid creditado como Paul Christian) conclui que eles devem usar um isótopo radioativo para matar o redossauro. Os soldados então confrontam a besta em Coney Island onde, enquanto ela está despedaçando uma montanha russa, um atirador de elite dispara o isótopo e a mata. O “monstro” (magnificamente animado por Ray Harryhauser) toma conta do filme por sua presença colossal, ofuscando a interpretação de Paul Christian e de Paula Raymond, que faz o papel de Lee Hunter, a paleontóloga assistente do Dr. Thurgood Elson (Cecil Kellaway); mas alguns personagens secundários ou episódicos chamam atenção como, por exemplo, o dito professor e Jacob, um marinheiro vítima do redossauro (Jack Pennick)
Talvez a criatura préhistórica mais inesquecível dos filmes de ficção científica dos anos cinquenta tenha sido O Monstro da Lagoa Negra / Creature From The Black Lagoon, uma produção de 1954 da Universal Internacional em 3-D, produzida por William Alland e dirigida por Jack Arnold, dois homens que se tornaram os maiores contribuidores para os filmes de ficção científica dos anos 50. Este filme é sobre o Homem Peixe, um ser metade peixe, metade humano, descoberto por paleontologistas nas selvas do Amazonas. Da expedição fazem parte: Dr. Carl Maia (Antonio Moreno); seu ex-aluno, o ictiologista Dr. David Reed (Richard Carlson), que trabalha no aquário do Instituto de Biologia Marítima e se interessa pelo conhecimento que a excursão poderá proporcionar; o Dr. Mark Williams (Richard Denning, chefe de David, que financia o projeto, obcecado pelo lucro econômico com a captura da criatura; a noiva de David, Kay Lawrence (Julia Adams); e um outro cientista, Dr. Edwin Thompson (Whit Bissell). Enquanto tentam estudar o Homem Peixe, vários membros da expedição são mortos. O monstro fica atraído por Kay e impede que os cientistas saiam do lugar onde o encontraram. Mark decide capturá-lo, mas é morto por ele, que o arrasta para as profundezas da Lagoa Negra. O Homem Peixe subsequentemente captura Kay, levando-a para uma caverna., onde David penetra para para atacar o monstro e salvá-la. O monstro está prestes a liquidar David, quando chegam Maia e o capitão do barco da expedição (Nestor Paiva) e desferem alguns tiros contra ele. Mortalmente ferido, o Homem Peixe cambaleia e desliza para a profundezas do rio. Como a criatura não morre, houve duas continuações: A Revanche do Monstro / The Revenge of the Creature /1955 e À Caça do Monstro / The Creature Walks Among Us / 1957. As cenas submarinas nas quais o Homem Peixe nada em baixo de Kay tentando tocar em suas pernas são tanto assustadoras quanto eróticas. Ricou Browning, estudante da Florida State University foi escolhido para ser o Homem Peixe debaixo d’água porque conseguia prender sua respiração por longos períodos de tempo. O stuntman Ben Chapman, interpretou a criatura em terra.
Godzilla, o Monstro do Mar / Godzilla, King of the Monsters refletiu a ansiedade nuclear tanto dos japoneses quanto do americanos. Realizado originalmente no Japão pela Toho como Gojira em 1954 com direção de Ishirô Honda, o filme japonês foi remontado sob a direção de Terry Morse para a Embassy Pictures (a companhia distribuidora do exibidor Joseph E. Levine) e lançado nos EUA em 1956. O diretor Terry Morse filmou inserções de Raymond Burr como Steve Martin, um repórter americano no Japão, com tal habilidade – respeitando o estilo visual do filme japonês – que pouca gente percebeu que as cenas com Burr foram filmadas 18 meses depois que o espetáculo original foi completado. Testes nucleares revivem um reptil anfíbio préhistórico, Godzilla, que tem mais de 120 metros de altura. Ele sai do mar em Tóquio vomitando chamas e destruindo edifícios, sendo impenetrável a tiros e alta tensão. Até que o cientista Dr. Daisuke Serizawa (Akihiko Hirata) inventa um “destruidor de oxigênio” e Godzilla finalmente sucumbe a esta arma secreta. O filme foi um sucesso de bilheteria e, assim sendo, retornou repetidamente em continuações realizadas no Japão.
O tema mais pessimista dos filmes de ficção científica dos anos cinquenta foi o medo de que as bombas nucleares explodissem a Terra. Entretanto, a maioria dos filmes também expressaram otimismo quanto a sobrevivência. O primeiro filme de ficção científica a lidar com o holocausto nuclear foi Os Últimos Cinco / Five, escrito, produzido, dirigido por Arch Oboler (Arch Oboler Productions) e distribuído pela Columbia em 1951. Após uma explosão atômica, somente cinco pessoas ainda existem. Nas montanhas perto de uma grande cidade está Michael (William Phipps), poupado porque estava sozinho no tôpo do Empire State Building. Eventualmente chegam os outros quatro únicos sobreviventes: Roseanne (Susan Douglas), que está grávida; um alpinista aventureiro, Eric (James Anderson); um porteiro de banco negro, Charles (Charles Lampkin) e Oliver Peabody Barnstable (Earl Lee), bancário idoso, que logo morre envenenado pela radiação. Eles enfrentam a díficil tarefa de se readaptarem à vida normal diante da destruição total do mundo no qual viviam e que agora está cheio de cadáveres. À medida em que os dias passam, as fraquezas de caráter e misérias humanas se tornam mais patentes neste reduzido grupo de sobreviventes. Charles e Eric se interessam por Roseanne, mas ela está certa de que seu marido ainda vive. Eric mata Charles por motivo racista e leva Roseanne para uma cidade próxima em busca do marido dela. Esqueletos jazem por toda a parte. Ela encontra os restos mortais de seu esposo e quer voltar para as montanhas, mas Eric tenta impedí-la de ir. Os dois lutam, a camisa de Eric se rompe e ele verifica horrorizado feridas de radiação no seu peito. Só ficam vivos Roseanne e Michael. Roseanne perde o bebê. Depois de enterrá-lo, ela e Michael tentarão construir um novo mundo, onde todas as pessoas poderão viver juntas em paz e harmonia.
O Fim do Mundo / When Words Collide / 1951, produzido por George Pal, dirigido por Rudolph Maté e distribuído pela Paramount, foi baseado em um romance de Philip Wylie e Edwin Balmer. A história diz respeito a um cientista que descobre que, dentro de um ano, o planeta Zyra vai passar tão perto da Terra que maremotos, erupções vulcânicas e incêndios irão ocorrer e então a estrela Bellus irá colidir com o que restar do mundo. Com uma reviravolta do tipo “Arca de Noé”, um foguete é construído para transportar 44 pessoas, animais e plantas para um novo planeta. A ONU se recusa a financiar o projeto, mas Sidney Stanton (John Hoyt), um milionário preso a uma cadeira de rodas, se oferece para pagar o custeio dela, se ele puder ir no foguete. Os viajantes são as seis pessoas que tiveram a idéia e 19 homens e 19 mulheres selecionadas por um sorteio. Entre os passageiros estão: o Dr. Cole Hendron (Larry Keating); sua filha Joyce (Barbara Rush); o namorado dela, Dr. Tony Drake (Peter Hanson) e seu rival romântico, o piloto David Randall (Richard Derr). O desastre ocorre, deixando a cidade de algumas pesssoas que não foram sorteados tentam penetrar no foguete. O Dr. Hendron resolve não embarcar para poupar combustível e se recusa a empurrar a cadeira de rodas de Stanton. Com um esforço desesperado, Stanton fica em pé e caminha em uma tentativa inútil de alcançar o foguete. Quando este levanta vôo, os passageiros vêem em uma tela de televisão a colisão entre a Terra e Bellus. Ao pousarem no novo planeta, verificam que ele é igual à Terra e que eles são peregrinos iniciando uma nova vida.
O Planeta Vermelho / Red Planet Mars, filme de 1952 dirigido por Harry Horner e produzido por Anthony Veiller e Donald Hyde (Melaby Productions) e distribuído pela United Artists, foi baseado na peça “Red Planet” de John L. Balderston e John E. Hoare. Na Califórnia, um casal de cientistas, Chris (Peter Graves) e Linda Cronyn (Andrea King), tenta fazer contato com Marte por meio de um transmissor de rádio com uma válvula de hidrogênio, invenção de um cientista nazista desaparecido logo após o fim do Terceiro Reich. Enquanto isso, Franz Calder (Herbert Berghof), o inventor da válvula, dado como morto, está em um laboratório nos Andes a serviço de comunistas russos, liderados por Gaspardian Arjenian (Marvin Miller). Os comunistas estão insistindo para que ele entre em contato com Marte antes dos Cronyn. Calder explica que não pode fazer contato com Marte, mas pode interceptar as mensagens transmitidas ou recebidas pelo laboratório da Califórnia. Ele então as forja, dando a entender que Marte é governado por um Ente Supremo e que o planeta vermelho está milhares de anos à frente do nosso no que tange à ciência. Essas noticias causam um pandemônio na Terra. O conhecimento de que Marte não necessita de carvão ou petróleo (que seus cientistas substituiram pelo aproveitamente de energia cósmica) acarreta o pânico na indústria e o consequente fechamento das fábricas. O desemprego, as revoltas populares, a proximidade da fome, tudo isto põe em perigo o Ocidente. Porém as últimas mensagens têm outra origem: são realmente de Marte e trazem palavras contidas no Sermão da Montanha. São comunicações de fundo religioso e pacifista e, difundindo-se por todo o mundo, atravessam também a “Cortina de Ferro” e alcançam a Rússia, onde tem lugar uma contra-revolução popular, que restabelece a prática religiosa, pondo fim à opressão comunista.
Day the World Ended / 1955, produzido e dirigido por Roger Corman e distribuído pela American Releasing Corporation (que se tornaria American International em 1956) tem como tema a quase destruição da Terra por uma guerra nuclear. Em um vale isolado o ex-capitão da Marinha, Jim Maddison (Paul Birch) estava preparado para esta eventualidade e sobreviveu, juntamente com sua filha Louise (Lori Nelson), em um abrigo antibomba. Louise aguarda ansiosamente o retorno de “Tommy” (não fica claro se ele é seu noivo ou irmão, provavelmente noivo, pois Maddison nunca se refere a um filho). Eles são surpreendidos com a chegada de Rick (Richard Denning), um geólogo; do pistoleiro Tony Lamont (Mike Connors, creditado como Touch Connors) e sua companheira Ruby (Adele Jergens), dançarina de striptease; do velho garimpeiro Pete (Raymond Hatton); e Radek (Paul Dubov), um homem já morrendo de radiação. Jim não quer recebê-los, porque tem suprimentos limitados, mas Louise insiste. Conflitos previsíveis se seguem. Tony e Rick se confrontam por causa de Louise. Ruby sente ciúmes. Maddison tenta manter contrôle sobre o grupo. Pete quer voltar a garimpar, sem compreender o que aconteceu com o mundo. Radek continua vagando de noite para comer animais selvagens. Maddison mostra para Rick desenhos que ele fez de animais alterados pelos testes da bomba atômica em Bikini. E com certeza, rondando na escuridão, está um sobrevivente humano, que se transformou em um mutante com três olhos. O mutante pode falar telepaticamente com Louise, sugerindo que ele é Tommy, que está voltando para ela (a foto deTommy é a de Roger Corman). A idéia central é a de que esta mutação é o último destino de todas as pessoas no vale. No climax do filme, depois que quase todos são mortos, Rick enfrenta o monstro (Paul Blaisdell) no lago do vale. Ele atira no mutante com seu rifle, porém seu corpo é impenetrável. Aí começa a chover. Aparentemente caindo de nuvens não contaminadas, a simples água da chuva mata a horrenda criatura. O filme foi lançado em SuperScope.
Em 1959 dois filmes retomaram o tema do apocalipse nuclear de uma maneira calma e realista, salientando a experiência de indivíduos comuns em vez de mutações, alienígenas ou outros elementos de fantasia. O Diabo, a Carne e o Mundo / The World, The Flesh and the Devil lançado pela MGM em CinemaScope foi dirigido por Ranald MacDougall com base no seu próprio argumento. Ele apresenta uma guerra pós-nuclear na cidade de Nova York habitada por apenas três sobreviventes. Ralph Burton (Harry Belafonte), um inspetor de minas de carvão que estava no subsolo de uma mina na Pennsylvania quando as bombas caíram, escapa do desmoronamento resultante e se dirige para Nova York. Ele encontra um segundo sobrevivente, uma loura chamada Sarah Crandall (Inger Stevens). Eles logo ficam amigos, mas Ralph se torna um tanto distante, quando fica claro que Sarah se sente atraída por ele. Apesar de estarem vivendo em um mundo pós-apocalíptico e do fato de que Susan parece despreocupada com suas diferenças raciais, Ralph não consegue superar as inibições instauradas nele em uma sociedade americana racista. Eventualmente um terceiro sobrevivente aparece: Benson Thacker (Mel Ferrer), que estava no mar quando as bombas caíram. Ralph e Sarah cuidam dele, mas quando ele se recupera, Ben fica interessado em Sarah e vê Ralph como um rival. Esta rivalidade romântica culmina com Benson insistindo em um conflito armado com Ralph. Os dois homens armados caçam um ao outro pelas ruas desertas. Finalmente Ralph passa pelo prédio das Nações Unidas e ao ler uma inscrição de um trecho da Bíblia que fala sobre a paz, ele joga seu rifle no chão e vai desarmado ao encontro de Ben que, por sua vez, não se sente capaz de matar seu inimigo. No final Sarah dá a mão para os dois e os três caminham juntos para construirem um futuro juntos. Durante toda a primeira parte do filme MacDougall capta muito bem – com o auxílio da magnífica foto em preto e branco de Harold J. Marzorati – o vazio de uma cidade outrora borbulhante, mostrando os carros abandonados e os imóveis meio soterrados, deixando-nos imaginar o pânico da população e a violência do cataclisma. Nota-se apenas uma implausibilidade: a ausência completa de cadáveres após a carnificina de dimensão inimaginável. No decorrer da intriga surge o problema social, mas a última imagem mostra os três sobreviventes caminhando de mãos dadas enquanto “The Beginning” aparece na tela no lugar do habitual “The End”. O final é ambíguo: os dois homens vão compartilhar a mulher? Ou Benson e Ralph estarão lutando novamente amanhã?
A Hora Final / On the Breach / 1959, produzido e dirigido por Stanley Kramer e distribuido pela United Artists, baseado no romance de Nevil Shute e adaptado para a tela por John Paxton, não mostra um holocausto nuclear com cidades bombardeadas e uma vasta destruição, mas sim os efeitos da chuva radioativa e os sentimentos de desesperança dela resultantes. A história tem início quando quase todas as pessoas do mundo morreram. Um submarino nuclear americano “Sawfish”, comandado por Dwight Towers (Gregory P9eck), chega na Austrália, onde os sobreviventes aguardam a morte na medida em que uma nuvem letal de poeira atômica desce lentamente sobre eles. Em Melbourne Towers encontra Porter Holmes (Anthony Perkins), oficial da Marinha cuja esposa Mary (Donna Anderson) deu à luz recentemente e o cientista britânico Julian Osborne (Fred Astaire). Julian sente-se amargurado por ter ajudado a desenvolver a Bomba. Em uma festa na praia organizada para ele por Holmes e sua esposa, Towers conhece Moira (Ava Gardner); eles são fortemente atraídos um pelo outro, porém Towers ainda se sente casado: ele sabe que sua esposa e família em Mystic, Connecticut estão mortos, mas não consegue aceitar o fato emocionalmente. Towers deixa a Austrália, procurando em vão sinais de vida em outro lugar. De volta a Melbourne, ele finalmente se permite amar Moira no tempo em que lhe resta. Julien compete pela primeira vez com o seu Ferrari em uma corrida automobilística, sai vencedor, volta para casa e, na sua garagem, senta no seu carro, acelera o motor e morre asfixiado pelo monoxido de carbono. Holmes convence sua esposa a tomar as pílulas de suicidio (que estão sendo distribuídas pelo governo) com ele e dar uma para seu bebê; eles morrem na cama, no seu lar. Sua tripulação deseja retornar aos Estados Unidos para morrer em casa – ou pelo menos naquela direção – e então Towers despede-se de Moira e parte no submarino. Ela fica na praia assistindo sua partida. As cenas finais mostram as ruas desertas de Melbourne. Um cartaz visto anteriormente no filme, “Ainda Há Tempo, Irmão” (presumivelmente significando tempo para encontrar Deus), se agita frouxamente sob o vento.