SABU

junho 11, 2020

Ele foi primeiro indiano a se tornar um astro de cinema internacional. Começou como ator infantil e subsequentemente apareceu em uma sucessão de produções britânicas antes de se transferir para Hollywood, onde foi repetidamente incluído em filmes technicoloridos de fantasias orientais e aventuras nas selvas.

Sabu

Sabu (1924-1963), cujo verdadeiro nome é Selar Sabu nasceu em Karapur no reino de Mysore, então um estado principesco da Índia Britânica, filho de um mahout (condutor ou domador de elefantes) indiano. Quando tinha treze anos de idade, o adolescente foi descoberto por Robert Flaherty, que lhe deu o papel do protagonista de O Menino e o Elefante / Elephant Boy, adaptação de “Toomai of the Elephants”, um conto de “The Jungle Book” (1894) de Rudyard Kipling. O filme foi originariamente concebido por Flaherty, diretor americano frequentemente considerado “o pai do filme documentário”, cuja reputação como um cronista dos povos “obscuros” e “primitivos” nasceu com a realização do seu famoso Nanook do Norte / Nanook of the North / 1922.

Sabe em O Menino e o Ellefante

Com o apoio financeiro de Alexander Korda, Flaherty começou a filmagem de O Menino e o Elefante em 1935 na Índia, porém transcorrido quase um ano o produtor húngaro, preocupado com a demora e os custos da produção, mandou a equipe de volta para seu estúdio em Denham, a fim de que o filme fosse ali completado, encarregando seu irmão Zoltan de dirigir cenas extras, para suplementar as cenas filmadas por Flaherty. O filme de 80 minutos, combinando cerca 40 minutos de cenas de Robert Flaherty e 40 minutos de cenas de Zoltan Korda, foi lançado em 1937, tendo sido ambos creditados como diretores. Durante o desenrolar da narrativa, tomadas de Sabu rodadas por Robert Flaherty na India alternam-se com tomadas de Sabu rodadas por Zoltan Korda na Inglaterra, sendo relativamente fácil distinguir as cenas de Flaherty das cenas de Korda. Enquanto Flaherty originariamente procurou fazer um retrato poético da relação de um menino indiano com seu elefante, que fosse o mais autêntico possível, o filme foi finalmente reconfigurado por Korda para ser uma adaptação fiel do conto de Kipling, que garantisse um sucesso comercial. As cenas mais impressionantes ocorrem no final, quando vemos a manada de elefantes enfurecidos e depois o ceremonial comovente homenageando o pequeno e corajoso herói.

Sabu, Valerie Hobson e Roger Livesey em Legião da Índia

Os três filmes britânicos technicoloridos nos quais Sabuy apareceu depois de O Menino e o Elefante foram produzidos como parte de acordo entre a London Films de Korda e a Technicolor do Dr. Herbert T. Kalmus. O segundo filme de Sabu, A Legião da Índia / The Drum foi o terceiro filme britânico totalmente em Technicolor. Sabu fez mais filmes em Technicolor do que qualquer outro astro  durante o período 1938-1944. Ele ficou identificado com o cinema em Technicolor e, depois que chegou a Hollywood em 1942, a Universal explorou a associação do seu novo contratado com esta tecnologia.

A Legião da Índia pertence mais explícitamente ao gênero empire film do que O Menino e o Elefante. É uma aventura colonial militar baseada em um livro de A. E. Mason e dirigida por Zoltan Korda. Planos de referência foram filmados na Índia e misturados com cenas rodadas com os atores no norte do País de Gales em locações escolhidas pelo exército como as mais parecidas com o terreno da Fronteira Noroeste. O filme tem início com a missão do Capitão Carruthers (Roger Livesey) em Tokot, para firmar um tratado de paz com o soberano. Porém este é assassinado pelo irmão, Ghul Khan (Raymond Massey), que usurpa o trono. Ghul planeja o massacre dos britânicos mas no momento crucial Azim (Sabu), o herdeiro legítimo do trono e amigo de Carruthers, toca seu tambor para avisar os britânicos, chega uma expedição de socorro, Ghul é morto e Azim colocado no trono.

A produção de Alexandre Korda recria em Technicolor toda a pompa do Império Britânico (o esporte do polo, a chegada do regimento em Tokot sob o som das gaitas e dos tambores, o baile do Governador em Peshawar, etc.) e tem boas cenas de ação notadamente o massacre final depois do banquete. No elenco, – além de Sabu com sua personalidade encantadora – destaca-se Raymond Massey no papel do fanático  ameaçador de duas caras que, em público, presta cumprimentos floridos aos ingleses (ele beija a mão da esposa de Carruthers (Valerie Hobson) dizendo “Eu beijo vossos pés… Eu sou vosso escravo”) e, em particular, despeja seu ódio com um olhar brilhante: “O Império está pronto para se esculpido em pedaços”.

 

Sabu em O Ladrão de Bagdad

Com O Ladrão de Bagdad / The Thief of Bagdad / 1940, Korda pretendeu realizar a sua produção mais esplêndida desde que o Technicolor foi inventado e, na verdade, a maior glória deste filme é a sua cor verdadeiramente magnificente. Este conto das Mil e Uma Noites, dirigido por Michael Powell, Ludwig Berger, Tim Whelan, repleto de aventura e fantasia romântica, já fora levado à tela de maneira magistral em 1924 por Raoul Walsh com Douglas Fairbanks; mas a versão de Korda também é excelente, não só pelo cuidado técnico-plático  – Oscar para fotografia em cores (George Perinal), efeitos especiais (Lawrence Butler / Jack Whitney), direção de arte em cores (Vincent Korda) – como pela magnífica partitura de Miklos Rposa e felicidade na escolha do elenco, em que se destacam John Justin (o rei destornado Ahmad), June Duprez (a Princesa), Sabu (Abu, o jovem ladrão), Conrad Veidt (o inesquecível Grão-Vizir Jaffar), Rex Ingram (o gênio negro) e Miles Maleson (o Sultão). Devido à guerra, Korda teve que desistir da idéia de filmar exteriores no Egito e na Arábia, transportando sua equipe para os Estados Unidos, onde Zoltan Korda e William Cameron Menzies, creditados como produtores associados, dirigiram as cenas finais no Grand Canyon. Os efeitos especiais tais como o gênio enorme saindo de uma garrafa, a luta entre contra uma aranha gigantesca, o tapete voador e o cavalo alado, são tão cativantes e convincentes quanto qualquer trabalho digital contemporâneo. A atmosfera das histórias orientais é realçada pelo Technicolor, que sublinha o luxo dos figurinos, a suntuosidade dos castelos e o mundo mágico e exótico descoberto pelo ladrãozinho das ruas de Bagdad.

Sabu em Mogli, o Menino Lobo

No terceiro filme de Sabu para Alexandre Korda, Mogli, o Menino Lobo / The Jungle Book, adaptação (por Laurence Stallings) da história de Rudyard Kipling, o jovem ator interpreta o papel de Mogli, jovem inocente sem nenhum conceito sobre o valor do dinheiro, criado pelos lobos de acordo com as leis da selva, capaz de matar um tigre, e imbuído de um respeito profundo pela natureza. O relato tem início com um velho indiano contando para uma mulher britânica a história de uma criança, Natu, que se perdeu na floresta e foi dada como morta pelo tigre Shere-Khan mas que, no entanto, foi encontrada e adotada por uma alcatéia de lobos. Chamado de Mogli pelos lobos, a criança cresceu e um dia retornou à cidade, onde sua mãe (Rosemary De Camp) a reconheceu como o filho perdido e o acolheu em sua casa A habilidade de Mogli falar com os animais tornou-o um objeto de fascinação pelos outros aldeões. Ele e a jovem Mahgala (Patricia O´Rourke) são atraídos um pelo outro, embora o pai de Mahal, Boldeo (Joseph Calleia ) considere Mogli como um animal selvagem. Mogli leva Mahala para o interior da selva e lhe mostra as ruínas de uma cidade perdida, que contém um tesouro. O problema surge quando ela retorna com uma moeda de ouro e Baldao se torna impiedosamente determinado a obrigar Mogli a lhe revelar o local daquela riqueza. Quando o velho indiano termina sua narrativa, verificamos que ele não é outro senão Boldeo.

Devido à guerra na Europa, Mogli, o Menino Lobo foi filmado inteiramente em um estúdio de Hollywood, sendo que a United Artists emprestou a Korda trezentos mil dólares para financiar a produção. O filme tem belos cenários, uma fauna e uma flora exuberantes e um trilha sonora envolvente, tendo ensejado indicações para o Oscar de Melhor Direção de Arte em cores (Vincent Korda), Melhor Fotografia em cores (W. Howard Greene), Melhor Trilha Sonora original (Miklos Rozsa) e Melhores Efeitos Especiais (Lawrence Butler, William H. Willmarth). O melhor momento é o do incêndio na floresta no desenlace com o uso espetacular do Technicolor. A única restrição que faço a este filme é a cobra que guarda o tesouro falar em língua de gente.

Maria Montez, Jon Hall e Sabu em uma pose para a publicidade deAs Mil e Uma Noites

Maria Montez, Sabu e Jon Hall em Mulher Satânica

Sabu em Mulher Satânica

Contratado pela Universal, Sabu apareceu ao lado de Maria Monrez e Jon Hall em uma sucessão de três filmes explicitamente escapistas: uma aventura oriental, As Mil e Uma Noites / Arabian Nights / 1942 (Dir: John Rawlings) e duas fantasias passadas em ilhas dos Mares do Sul, Branca Selvagem / White Savage  / 1943 (DIr: Arthur Lubin) e Mulher Satânica / Cobra Woman / 1944 (Dir: Robert Siodmak).  Essas fantasias pseudo-orientais ou tropicais tinham sempre os mesmo ingredientes: cenários grandiosos, fictícios e virtuais; fotografia em Technicolor de primeira ordem; histórias pitorescas com certas inverossimilhanças narradas em  uma média de oitenta minutos, com muita vivacidade; par romântico atraente formado por intérpretes sofríveis, mas que atuavam com sinceridade, sempre focalizados em lindos close-ups; coadjuvantes de origem estrangeira (v. g. Turhan Bey, nascido na Austria, filho de um diplomata turco e Sabu) e/ ou oriundos das comédias curtas (v. g. Bily Gilbert, Andy Devine, Shemp Howard) para os interlúdios cômicos ingênuos, porém espirituosos; figurinos belos e exóticos providenciados por Vera West e adornados pelas jóias de Eugene Joseff; música devidamente estridente para reforçar a ação (embora às vezes anacrônica); climaxes exictantes ( v. g. as centenas de cavaleiros, tendo à frente Ali Ben Ali, surgindo das montanhas em As Mil e Uma Noites, o terremoto em Branca Selvagem, a prova diante do rei Cobra e a erupção do vulcão em Mulher Satânica); propaganda para o esforço patriótico (eis que em todos os filmes subsistia subliminarmente o tema da resistência de um povo contra um tirano usurpador do poder); e, é claro, os finais felizes. Foram espetáculos muito populares e lucrativos na ocasião de seu lançamento, tendo sido reprisados algumas vezes, inclusive em nosso pais, apesar de serem fustigados pelos crítricos que, no entanto, reconheciam seu êxito como entretenimento.

Sabu recebendo a condecoração das mãos de Eleonor Roosevelt

Após se tornar cidadão americano em em 1944, Sabu se alistou no exército americano e serviu como artilheiro de cauda e de popa em bombardeiros e recebeu a Distinguising Flying Cross por seu valor e bravura.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial e depois que seu contrato com a Universal expirou, Sabu continuou encontrando trabalho esporádico como ator. Em 1946 ele fez Tanger / Tangier (Dir: George Waggner), drama de intriga e espionagem convencional e claudicante em ambiente exótico, no qual um jornalista (Robert Paige), uma dançarina espanhola, Rita (Maria Montez) e Pepe (Sabu), jovem empresário, se unem para levar à justiça um tal de Balizar, fantoche nazista autor da morte de vários parentes de Rita durante a Guerra Civil Espanhola, que agora é o chefe de polícia da cidade sob o nome de Coronel José Artiego (Preston Foster). No mesmo ano, Sabu voltou para a Inglaterra onde participou de Narciso Negro / Black Narcissus e O Fim do Rio / The End of the River, filmes de qualidade artística bem diversas.

Jean Simmons e Sabu em Narciso Negro

Sabu em Narciso Negro

No primeiro filme, muito melhor que o segundo, um grupo de freiras, comandado pela irmã Clodagh (Deborah Kerr), é encarregado de instalar uma escola e um hospital no pico de uma montanha do Himalaia, no palácio Mopu – sede de um antigo harém – que lhes fôra doado pelo General local Toda Raí (Esmond Knight). Apesar da ajuda do agente britânico local, Mr. Dean (David Farrar), logo surgem  as dificuldades. O vento, a natureza, o ambiente exótico e sensual – a linda Indiana Kanchi (Jean Simmons) cortejada pelo jovem Rai (Sabu), sobrinho do General – influem irresistivelmente sobre o comportamento das freiras. Após a morte de uma delas – a histérica irmã Ruth (Kathleen Brown), que manifestara um desejo obsessivo por Mr. Dean e, rejeitada, tentara matar, por ciúme, a madre superiora, as religiosas deixam o lugar, admitindo o fracasso da missão. O cenário indiano foi todo recriado nos jardins subtropicais de Leonardslee em Horsham, West Sussex e no estúdio de Pinewood. Os diretores Michael Powell e Emeric Pressburger achavam que, neste filme, a atmosfera era tudo e eles e sua equipe técnica tinham que controlá-la inteiramente. Vento, altitude, beleza do cenário – tudo tinha que estar sob rígido controle. Os cenários básicos – o templo / convento de Mopu e a aldeia nativa debaixo dele – foram construídos em tamanho natural, com o panorama dos vales e montanhas pintados em telas e depois fotografado por trás dos atores por meio de transparências. Disciplinando com segurança o trabalho dos técnicos – Oscar para Jack Cardiff (fotografia em cores) e Alfred Junge (direção de arte em cores) – Powell e Pressburger dotaram esse drama psicológico sobre o velho conflito entre o sagrado e o profano de um espendor visual empolgante e criaram cenas de notável intuição cinematográfica. Assim é, por exemplo, o longo episódio do desvario da irmã Ruth, quase sem diálogos; a tentativa de matar a irmã Clordagh na torre do sino e a queda de seu corpo na folhagem, assustando os pásaros; o desenlace, com os pingos de chuva caindo sobre as enormes folhas verdes e, pouco a pouco, aumentando de intensidade, enquanto a pequena caravana de religiosas desce a encosta, fugindo daquela atmosfera inadequada para seu objetivo.

Sabu e Bibi Ferreira em O Fim do |Rio

No segundo filme (rodado em preto e branco), cuja ação transcorre no Brasil (mais precisamente no Amazonas e Belém do Pará) Michael Powell e Emeric Pressburger atuaram apenas como produtores, confiando a direção para Derek Twist e outros auxiliares menos competentes. O resultado foi uma realização apenas sofrível com Sabu no papel de um índio chamado Manoel, da tribo Akuna, a nossa Bibi Ferreira, como uma cabocla chamada Teresa, e a história contada através de retrospectos, nos quais os personagens, prestam seus depoimentos no tribunal, onde Manoel está sendo acusado de assassinato.

Retornando aos EUA, Sabu fez mais dois filmes não technicoloridos nos anos 40: A Fera de Kumaon / Man-Eater of Kumaon / 1948 (Dir: Byron Haskin) e Canção da Índia / Song of India / 1949 (Dir: Albert S. Rogell). No primeiro filme, Sabu é Narain, marido da jovem Lali (Joanne Page) que, grávida, é vítima de um tigre, perde a criança e não poderá mais engravidar. Este acidente priva Narain de sua primogenitura: segundo a lei de sua tribo é preciso um herdeiro ou a separação de sua esposa. A fera é caçada pelo Dr. John Collins (Wendell Corey) e por Narain, sendo finalmente abatida e o casal adota um órfãozinho. No segundo filme, os habitantes de Combi e os animais ditos ferozes se entendem bem. Porém Gopal (Turhan Bey), a princesa Tara (Gail Russell) e sua comitiva vêm caçar (e ela fotografar) neste território. Ramdar (Sabu) liberta as feras enjauladas pelos caçadores. Para obrigar estes últimos a deixar a floresta, ele rapta Tara. Perseguido por Gopal, Ramdar trava uma luta de faca com ele. Um tigre ferido anteriormente por Gopal, o mata. A paz volta a reinar em Combi e Ramdar se casa com a princesa. O segundo filme tem, andamento ligeiro e ação suficiente para manter o espectador sempre interessado na intriga, o que não acontece infelizmente com o primeiro.  Em 19 de outubro de 1948, Sabu casou-se com uma atriz pouco conhecida, Marilyn Cooper, companheira  até o fim de sua vida, com a qual teve dois filhos.

Sabu em Jaguar

Os anos 50 e 60 não foram bons cinematograficamente para Sabu. Ele continuou a desempenhar os mesmos papéis exóticos indiano / asiáticos, a maioria deles em  produções de orçamento modesto: 1951 – Savage Drums(Dir: William Berke com Lita Baron, H. B. Warner). 1952 – Hello Elephant (Dir: Gianni Franciolini  com Vittorio De Sica, Maria Mercader); Baghdad (Dir: Nanabhai Bhatt com Master Bhagwan, Anwar Hussein, Bharati  Davi). 1953 – Il Tesoro del Bengali (Dir: Gianni Vernucci com Luisella Boni, Luigi Tosi). 1956 – Jaguar / Jaguar (Dir: George Blair com Chiquita Johnson, Barton Maclane)). 1957 – Jungle Hell (Dir: Norman A. Cerf com K. T. Stevens, David Bruce); The Black Panther  (curta-metragem Dir: Ron Ormond com Carol Varga, Don C. Harvey); Sabu e o Anel Mágico / Sabu and the Magic Ring (Dir: George Blair com Daria Massey, William Marshal). 1960 – A Senhora do Mundo / Mistress of the World (Dir: William Dieterle com Martha Hyer, Carlos Thompson, Micheline Presle, Gino Cervi). 1963 – Maldita Aventura / Rampage (Dir: Phil Karlson com Robert Mitchum, Elsa Martinelli, Jack Hawkins). 1964 – Um Tigre Caminha pela Noite / A Tiger Walks (Dir: Norman Tokar com Brian Keith, Martha Hyer). Merecem destaque A Senhora do Mundo e Maldita Aventura pelo prestígio de seus diretores

Martha Hayer, Gino Cervi e Sabu em A Senhora do Mundo

Sabu, Robert Mitchum e Jack Hawkins em Maldita Aventura

O filme de William Dieterle é uma refilmagem de um seriado do cinema mundo alemão A Soberana do Mundo / Die Herrin Der Welt / 1919 dirigido por Joe May. O produtor Arthur Brauner ofereceu o projeto primeiramente a Fritz Lang com Pola Negri no papel da maléfica Madame Latour, mas o cineasta não aceitou sua proposta e William Dieterle assumiu a direção, porque precisava urgentemente de dinheiro, resultando um filme 185 minutos, que não tinha quase nada de comum com o original. Insatisfeito com a intervenção de Brauner na filmagem, Dieterle abandonou o filme nas mãos do fotógrafo Richard Angst. Quanto ao conteúdo da realização, trata-se de um sub-James Bond. A ação transcorre em Estocolmo com as explosões nucleares em uma central termonuclear, onde o professor Johansson (Gino Cervi) acaba de descobrir um procedimento capaz de suprimir a gravidade terrestre. O sábio e seu assistente anamita (Sabu) são sequestrados por um bando de espiões internacionais sob as ordens da cruel Madame Latour (Micheline Presle). Um agente da contra-espionagem sueco (Carlos Thompson) e a filha do professor (Martha Hyer) se lançam à procura da quadrilha, deixando mortos a cada combate até o final no templo de Angkor no meio de maravilhas da arquitetura khmer. O filme de Phil Karlson é um filme de aventura passado na selva malaia, onde um caçador ingles, Otto Abbot (Jack Hawkins), se opõe a um capturador de animais americano, Harry Stanton (Robert Mitchum), para aprisionar um espécime raro, misto de tigre e leopardo, para um jardim zoológico alemão, disputando, ao mesmo tempo, o amor de Ana (Elza Martinelli), a secretaria e amante do caçador. Sabu faz o papel de Talib, guia da expedição. O filme tem uma trilha musical persistente de Elmer Bernstein, o cenário natural (na verdade o Havaí) enche os olhos, mas Karlson não consegue criar nenhuma cena excitante, dando primazia aos diálogos, salvo nos momentos finais.

 

Sabu faleceu subitamente de um ataque do coração aos 39 anos de idade, três meses antes de seu derradeiro filme ser lançado.

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