Arquivo diários:março 18, 2020

GEORGE SIDNEY

Ele foi um diretor que começou a aprender seu oficio desde muito jovem em um estúdio onde contava com as melhores equipes técnicas como mestres e, entre erros e acêrtos, foi demonstrando sua sensibilidade e seu talento, especialmente para a condução de musicais, revelando também notável aptidão para o filme de aventura de capa-e-espada.

George Sidney

Descendente de uma família judia da Hungria, George Sidney (1916-2002) nasceu em Nova York, filho de Louis K. (Kronowitz) Sidney e Hazael Mooney, ambos atores do vaudeville e recebeu o nome de seu tio, o também ator George Sidney. Louis foi produtor da Broadway e depois se tornou um executivo da MGM, onde alcançou o posto de vice-presidente e Hazel ficou conhecida como uma das Mooney Sisters. George entrou para a MGM como mensageiro, foi promovido a diretor de testes e depois passou a dirigir curtas-metragens para Pete Smith, Louis Lewyn, Os Peraltas (MGM / Prod: Jack Chertok), John Nesbitt.

Nesta fase de sua carreira ele fez: Polo / Polo / 1936 (Sports Parade n.10 – Pete Smith); Pacific Paradise / 1937 (Miniaturas Musicais MGM); Sunday Night at the Trocadero / 1937, Billy Rose’s Casa Mañana Review / 1938, Casamento Cabuloso /  Love on Tap / 1939, Hollywood Hobbies /1939 – Louis Lewyn); Party Fever / 1938, Valentes Amedrontados / Men in Fright / 1938, Football Romeo / 1938, Brincadeiras de Mau Gôsto / Practical Jokers / 1938,  A Tia de Alfafa / Alfafa’s Aunt / 1939, Ninharias / Tiny Troubles / 1939, Duel Personalities / 1939, Clown Princes / 1939, Cousin Wilbur / 1939, Dog Daze / 1939 (Série Os Peraltas / Our Gang); Loews Christmas GreetingThe Hardy Family) / 1939;  What’s Your IQ? / 1940, Tests / What’s Yor IQ? II /1940, Prodígios Fotográficos ou Coisas Que os Olhos Não Vêem / 1940, Assassinato Metroscópico / Three Dimensional Murder / 1941, Um Drama / Flicker Memories / 1941 (Pete Smith); A Door Will Open / 1940 – Jack Chertok); Willie and the Mouse / 1941, Cães e Charadas / Of Pups and Puzzles / 1941 (série A Parada da Vida / John Nesbitts’s Passing Parade). Prodígios Fotográficos e Cães e Charadas ganharam o Oscar de Melhor Curta de 1 rolo.

Sidney começou a dirigir longas-metragens em 1941, começando com Inimigos do Batente / Free and Easy, comédia romântica baseada em uma peça de Ivor Novello (com um elenco no qual se destacam Robert Cummings, Ruth Hussey, Nigel Bruce, C. Aubrey Smith, Judith Anderson). 1942 – Encontro no Pacífico / Pacific Rendevous. 1943, mistura de comédia romântica com filme de guerra (com um elenco no qual se destacam Lew Bowman, Jean Rogers, Mona Maris) – Piloto no. 5 / Pilot #5, drama de guerra (com um elenco no qual se destacam Franchot Tone, Marsha Hunt, Gene Kelly, Van Johnson), três filmes rotineiros apenas aceitáveis.

A próxima incumbência de Sidney foi A Filha do Comandante / Thousands Cheer / 1943, musical do subgênero filme-revista, produzido por Joe Pasternak, com um fio de intriga – acrobata (Gene Kelly) convocado para o exército, apaixona-se por uma cantora clássica (Kathryn Grayson), filha de um coronel (John Boles), separado de sua esposa (Mary Astor), os quais ela pretende reunir após anos de afastamento -, que serve de pretexto para uma série de shows – de qualidade variada – para as tropas com atores e atrizes da MGM. Os melhores números foram os de Mickey Rooney imitando Clark Gable e Lionel Barrymore; Judy Garland encorajando José Iturbi a executar um boogie-oogie; Kathryn Grayson cantando “Three Letters in the Mail Box”; Don Loper e Maxine Barrat dançando sob o som de “Tico Tico no Fubá”. Vincente Minelli dirigiu, sem ser creditado, o número de Lena Horne, “Honeysuckle Rose”.

Sidney continuou cuidando de musicais, seguindo-se Escola de Sereias / Bathing Beauties / 1944; Marujos do Amor / Anchors Aweigh / 1945; As Garçonetes de Harvey / The Harvey Girls / 1946; Romance no México / Holiday in Mexico / 1946. Em 1945, ele ainda dirigiu os seguintes segmentos do filme Ziegfeld Follies / Ziegfeld Follies, dirigido por Vincente Minelli: “Here’s to the Ladies”, “Pay the Two Dollars” e “When Television Comes”.

Esther Williams em Escola de Sereias

Escola de Sereias, produzido por Jack Cummings, também girava em torno de um enredo mínimo – um compositor (Red Skelton), por força de um mal entendido, briga com sua noiva (Esther Williams) e ela vai trabalhar como professora de natação em uma escola só para moças, na qual ele, aproveitando uma falha legal no regulamento da instituição estudantil, consegue se matricular como aluno – combinava música (Harry James e Xavier Cugat com suas orquestras; a organista Ethel Smith executando o  “Tico-Tico no Fubá”); canto (Carlos Ramirez, Lina Romay, Helen Forrest), balé aquático (Esther Wiliams); e comédia (Red Skelton), destacando-se os balés submarinos – dignos do melhor Busby Barkeley – dirigidos por John Murray Anderson.

Gene Kelly, Kathryn Grayson e Frank Sinatra em Marujos do Amor

Em Marujos do Amor, produzido por Joe Pasternak, dois marujos de folga em Los Angeles (Gene Kelly, Frank Sinatra) conhecem um menino (Dean Stockwell) e sua tia (Kathryn Grayson), uma jovem cantora, e tentam ajudá-la a fazer um teste na MGM, entrecho entremeado de números musicais, dos quais o mais lembrado é a dança combinando desenho animado-personagem vivo (Gene Kelly com o Camondongo Jerry da dupla Tom e Jerry). Frank Sinatra cantando “I Fell in Love So Easily”, Kathryn Grayson mostrando sua bela voz em  “Jealousy” e Gene Kelly dançando ao som de “La Cumparsita”, são outros momentos marcantes do espetáculo. As danças ficaram a cargo de Stanley Donen e Gene Kelly e Carlos Ramirez e José Iturbi integraram o elenco coadjuvante de artistas musicais.

Angela Lansbury e Judy Garland em As Garçonetes de Harvey

As Garçonetes de Harvey, musical passado no Oeste, produzido por Arthur Freed, inspira-se na história da cadeia de restaurantes de Fred Harvey, que em 1876 fundou um pequeno estabelecimento em Topeka, Kansas e desde então eles se espalharam por todo o país, distinguindo-se por empregar como garçonetes somente garotas bem comportadas. Susan (Judy Garland) chega a Sand Rock, para conhecer seu noivo por correspondência, No trem conhece as garçonetes que estão indo para o restaurante Harvey do local. Susan se decepciona ao conhecer seu pretendente e rompe com ele. Na verdade as cartas poéticas haviam sido escritas por Ned Trend (John Hodiak), dono do saloon Alhambra. Susan torna-se uma das garçonetes e o conflito entre elas e as garotas provocantes do Alhambra é acirrado. O único número musical arrebatador – muito bem filmado por Sidney (um plano sequênciacom apenas dois cortes) – é impulsionado pela canção “On The Atchison, Topeka and The Santa Fé “, de autoria de Harry Warren (música) e Johnny Mercer (letra), agraciada com um Oscar.

Em Romance no México, comédia musical produzida por Joe Pasternak, Christine Evans (Jane Powell), filha do embaixador dos EUA no México, Jeffrey Evans (Walter Pidgeon), pensa que está apaixonada pelo célebre pianista José Iturbi, ignorando a afeição de seu jovem amigo Stanley (Roddy MacDowell), filho do embaixador da Inglaterra. Enquanto isso, Evans reencontra a cantora húngara Toni Karpathy (Illona Massey), que ele ama. No final Evans se casa com Mila e Cristine continua a flertar com Stanley, depois de ter sido a estrela do grande recital de Iturbi. O ritmo do filme é arrastado, mas em compensação temos Iturbi tocando a versão hollywoodiana da Polonaise de Chopin e do 2º Concerto para Piano de Rachamninoff; Jane Powell revelando seu talento sonoro em “I Think of You” e “Ave Maria” de Schubert; a bela Illona Massey em “Gypsy Lullaby” e o sempre divertido Xavier Cugat e sua orquestra. Os letreiros de apresentação são mostrados com efeitos de animação proporcionados por William Hanna e Joseph Barbera.

Zachary Scott, Lana Turner e Spencer Tracy em Eterno Conflito

Van Heflin, Gene Kelly, Gig Young e Robert Coote em Os Três Mosqueteiros

June Allyson, Angela Lansbury e Vincent Price em Os Três Mosqueteiros

Lana Turner em Os Três Mosqueteiros

Em 1947, como diretor empregado de estúdio, Sidney foi designado para a filmagem de um drama romântico, Eterno Conflito / Cass Timberlane, adaptação superficial e insípida de um romance de Sinclair Lewis (com um elenco no qual se destacam Spencer Tracy, Lana Turner, Zachary Scott) e no ano seguinte realizou o primeiro de seus dois excelentes filmes de aventura de capa-e-espada, Os Três Mosqueteiros / The Three Musketeers, produção vistosa da MGM, a primeira versão cinematográfica do romance de Alexandre Dumas em Technicolor (Robert Planck foi indicado para o Oscar de Melhor Fotógrafo). Os duelos são tratados como verdadeiros balés. As cenas de lutas de espada contra os guardas de Richelieu, filmadas nos jardins Busch de Pasadena, distinguem-se pela coreográfica cômico-acrobática. Jean Heremans, mestre de esgrima belga, aparece no desenrolar do filme, interpretando diversos adversários de D’Artagnan, inclusive no duelo de cinco minutos na praia, um dos pontos altos desse entretenimento. Lana Turner é uma Milady de Winter vestida magnificamente por Walter Plunkett e conspirando com um Richelieu traiçoeiro, que tem os traços de Vincent Price. Van Heflin (Athos), Robert Coote (Aramis) e Gig Young (Porthos) são os outros mosqueteiros e June Allyson a doce Constance.

Clark Gable e Loretta Young em Mulher a Quanto Obrigas

Após duas realizações insatisfatórias, Danúbio Vermelho / The Red Danube / 1949, drama anticomunista – sem a tensão reclamada pelo tema – sobre refugiados russos  que tentam emigrar para países ocidentais após a Segunda Guerra Mundial (com um elenco no qual se destacam Janet Leigh, Walter Pidgeon, Ethel Barrymore, Louis Calhern, Peter Lawford, Angela Lansbury) e Mulher a Quanto Obrigas / Key to the City / 1950, comédia romântica apenas suportável passada em San Francisco onde, durante uma Convenção, dois prefeitos, um do sexo masculino (Clark Gable) e outro do sexo feminino (Loretta Young), apesar de serem de diferente nível social, se apaixonam, Sidney retornou ao gênero no qual foi mais assíduo com  Bonita e Valente / Annie Get Your Gun / 1950 e O Barco das Ilusões / Show Boat / 1951.

Betty Hutton em Bonita e Valente

O primeiro é uma adaptação de um musical da Broadway, inspirado na vida da famosa atiradora Annie Oakley do Buffallo Bill’s Wild West Show. Betty Hutton entrou no lugar de Judy Garland depois da interrupção da primeira filmagem (sob direção de Busby Berkeley) por causa do esgotamento físico da atriz e se tornou a alma do espetáculo, interpretando com vivacidade as canções bem humoradas e pitorescas de Irvin Berlin como “You Cant Get a Man With a Gun”, “Anything You Can Do” (com Howard Keel) e “There’s no Business Like Show Business” (com H. Keel, Louis Calhern e Keenan Wynn).

O segundo, baseado em um romance de Edna Ferber adaptado para a Broadway -com música de Jerome Kern e letra de Oscar Hammerstein II – e transportado para a tela duas vezes (em 1929 com Joseph Schildkraut como Gaylord Ravenal e Laura La Plante como Magnolia e em 1936 com Irene Dunne e Allan Jones 1936 nos mesmos papéis), é um musical dramático com Kathryn Grayson (Magnolia) e Howard Keel (Gaylord), conjugando canto e dança com temas como preconceito racial e amor trágico. Usufruindo da esplêndida fotografia em Technicolor (Charles Rosher, indicado para o Oscar); de um barco fabuloso construído especialmente para a filmagem; de belas canções como “Why Do I Love You”, Can’t Help Lovin’ Dat Man”, “Make Believe” e  “Old Man River”; dos figurinos vistosos de Walter Plunkett; e de um elenco afinado, onde encontramos ainda Ava Gardner  (Julie LaVerne), Joe E. Brown (Capitão Andy), o baixo barítono  William Warfield,  e os dançarinos Marge e Gower Champion,  Sidney alcançou um resultado artístico apreciável.

Cena de Scaramouche

Eleonor Parker e Janet Leigh em Scaramouche

Mel Ferrer e Stewart Granger em Scaramouche

Em 1952 ele se dedicou exclusivamente à realização de Scaramouche / Scaramouche, o segundo de seus dois filmes de aventura de capa-e-espada e certamente sua obra-prima. Coube a Stewart Granger fazer a melhor e mais longa luta de esgrima do Cinema. Subscrita por Jean Heremans e com a duração de seis minutos e trinta segundos, ela tem lugar no Ambigu Theatre. Granger (André Moreau, herói romântico perfeito) e Mel Ferrer (Marquês de Maines vilão gentil e diabólico) duelam pela borda dos camarotes, pelos corredores, escadas e saguão, no palco, sobre as poltronas, nos bastidores. Quando André tem o Marquês à sua mercê, uma força íntima impede de matá-lo. Fica sabendo logo depois que o adversário é, na realidade, seu meio-irmão. Porém o filme também tem outros atrativos: roteiro primoroso; esplêndida fotografia em technicolor (Charles Rosher); cenários e guarda-roupa deslumbrantes; feliz escolha dos intérpretes principais e coadjuvantes (além de Granger e Ferrer: Eleonor Parker, Janet Leigh, Robert Coote, Lewis Stone, Nina Foch); drama, ação e humor em alternância bem dosada; ritmo ágil; e uma cena final divertida com um personagem famoso da História.

Deborah Keer em A Rainha Virgem

Ainda nos anos cinquenta Sidney fez seus últimos três filmes para a MGM: A Rainha Virgem / Young Bess / 1953, drama pseudo-histórico technicolorido sobre a mocidade da Rainha Elizabeth I da Inglaterra (com um elenco no qual se destacam Jean Simmons, Stewart Granger, Charles Laughton, Deborah Kerr) que acompanhamos com interesse por causa da beleza das duas atrizes fotografadas maravilhosamente por Charles Rosher, dos figurinos de Walter Plunkett e da direção de arte de Cedric Gibbons e Urie McCleary (Plunkett, Gibbons e McCleary foram indicados ao Oscar);

Kathryn Grayson e Howard Keel em Dá-me um Beijo

Dá-me um Beijo / Kiss me Kate / 1953, sátira musical bem sucedida da comédia shakespereana “The Taming of the Shrew”, produzida por Jack Cummings e coreografada por Hermes Pan (com um elenco no qual se destacam Howard Keel, Kathryn Grayson, Ann Miller). Utilizando o processo do teatro dentro do teatro, um grupo de artistas encena uma adaptação musical da peça de Shakespeare e a representação constitui boa parte da ação do filme. O entrelaçamento teatro-realidade é bem equilibrado e o andamento da narrativa mantêm-se sempre animado. A Metro lançou o filme em 3-D, mas depois substituiu a cópia por outra comum. Os melhores números foram: “Tom Dick and Harry” (com Ann Miller, Tommy Rall, Bobby Van e Bob Fosse);  “From This Moment On” (com os três citados e mais Carol Haney e Jeanne Coyne); “So in Love” (com Kathryn Grayson e Howard Keel) e o vaudevillesco “Brush Up Your Shakespeare”(com Keenan Wynn, James Whitmore).

Esther Williams e Howard Keel em A Favorita de Jupiter

A Favorita de Júpiter / Jupiter’s Darling / 1955, farsa histórica com intervalos musicais, baseada na peça “Road to Rome” de Robert E. Sherwood. A história era original, mas devido a ausência de boas canções e de uma coreografia sem inspiração de Hermes Pan (a não ser no número de Marge e Gower Champion no mercado de escravos, ”If This is Slavery”), Sidney fez o que pôde, para entreter o público, explorando os shows aquáticos de Esther Williams (nadando sensual e insolitamente no fundo da piscina diante de estátuas gregas ou sendo vítima de uma perseguição submarina no mar) e o vestuário atraente de Helen Rose e Walter Plunkett.

Tyrone Power e Kim Novak em Melodia Imortal

Jeff Chandler e Kim Novak em Lágrimas de Triunfo

Em 1956 Sidney deixou a MGM e foi para a Columbia, onde recebeu a incumbência de dirigir Kim Novak sucessivamente em dois melodramas cinebiográficos, Melodia Imortal / The Eddie Duchin Story (sobre o pianista e chefe de orquestra muito popular nos anos 30-40, interpretado por Tyrone Power, dublado ao piano por Carmen Cavallaro) e Lágrimas de Triunfo / Jeanne Eagels / 1957 (enfocando a estrela em evidência no palco e na tela nos anos 10-20) e em Meus Dois CarinhosPal Joey / 1957, adaptação de um musical da Broadway de autoria de John O’Hara com músicas de Richard Rogers e Lorenz Hart, cujo personagem principal  é um cantor de boate (Frank Sinatra) envolvido com uma viúva milionária (Rita Hayworth) e uma corista provinciana (Kim Novak).  O primeiro, embora altamente ficcionalizado e com um roteiro seguindo apenas os clichês do gênero, serviu-se muito bem de uma suntuosa fotografia technicolorida dos exteriores de Manhattan  (Harry Stradling), de belas melodias e da formosura do par romântico, constituindo-se um êxito de bilheteria. O segundo, apesar de Kim não estar à altura de interpretar na tela a atriz famosa dos anos vinte, teve por mérito a fotografia de Robert Planck, acariciando-a esplêndidamente em claro-escuro. O terceiro encontrou Frank Sinatra em plena forma e um grande score de Rodgers e Hart incluindo os conhecidos “The Lady is a Tramp” e ‘Bewitched, Bothered and Bewildered”.

Ann Margret em Adeus, Amor!

Ann Margret e Elvis Presley em Viva Las Vegas!

Nos anos 60 Sidney fez mais seis filmes: 1960 – Quem Era Aquela Pequena? / Who Was That Lady?, comédia romântica razoavelmente divertida impulsionada pelo bom desempenho de seus três atores principais Dean Martin, Tony Curtis e Janet Leigh; Pepe / Pepe, comédia musical com Cantinflas que nem um punhado de astros e estrelas convidados, conseguem salvar de um desastre total; 1963 – Adeus,  Amor / Bye Bye Birdie, comédia musical satírica (aos entusiasmos histéricos que ídolos do rock como Elvis Presley provocam na juventude), baseada em um sucesso da Broadway. Um cantor de rock (Jesse Pearson) é convocado para o servico militar – o que provoca dificuldades para seu agente e habitual compositor (Dick Van Dyke) –  e chega a uma cidade do interior para dar um último beijo de despedida simbólico em uma de suas admiradoras (Ann-Margret), sorteada entre as milhares de seu fã clube, diante das câmeras da televisão. Alguns números musicais agitados – avultando entre eles aquele (“Honestly Sincere”) em que o rebolado do cantor provoca um desmaio coletivo na porta da Prefeitura- garantiram um bom espetáculo; Operação Matrimônio / A Ticklish Affair, comédia doméstica e sentimental sem brilho, girando em torno de um comandante da Marinha (Gig Young), que se apaixona por uma viúva (Shirley Jones) com três filhos, mas ela não quer mais saber de uniformes – sua cunhada (Carolyn Jones) e os três gurís decidem levá-la novamente ao matrimônio; 1964 – Amor a Toda Velocidade / Viva las Vegas, comédia musical valorizada pela perfeita alquimia entre Elvis Presley e Ann Margret (ela, sensual e sensacional!) e alguns números formidáveis bem dirigidos por Sidney. Elvys faz o papel de um mecânico que quer ser piloto de corridas e Ann Margret é a instrutora da piscina do mais afamado hotel de Las Vegas; 1966 – A Falsa Libertina / The Swinger, comédia sexy com Ann-Maigret  e Anthony Franciosa malograda em todos os sentidos; 1967 – A Moedinha do Amor / Half a Six Pence, musical exuberante produzido na Inglaterra com assunto, atores e cenários ingleses, baseado no romance “Kipps” de H. G. Wells com música de David Heneker e coreografia de Gillian Lynne, continuamente movimentado por ótimos números de canto e dança (v. g. “Flash Bang Wallop”, “If the Rain’s Got to Fall”. “This is My Dream”) tendo à frente Tommy Steele e com uma bela sequência não musicada nas regatas em Henley.

 

Sidney foi tanto um  “homem de estúdio” como um líder sindical. Aos 34 anos ele se tornou o presidente mais jovem do Screen Directors Guild (hoje Directors Guild of America), servindo de 1951-1959 e depois sucedendo Frank Capra como presidente no período 1961-1967. Para surpresa de todos aos 49 anos de idade deixou o  cinema, para se dedicar ao seu interesse por paleontologia, história da arte, compor música e, depois de passear pelo mundo no seu avião, foi estudar direito na UCLA. Faleceu aos 85 anos, vitimado pelo linfoma, tipo de cancer que afeta as células do sistema imunológico.