FRANK LLOYD

dezembro 6, 2018

Diretor tecnicamente habilidoso, esquecido por alguns dicionários de cinema, ele realizou um punhado de clássicos de Hollywood nos anos 30, notabilizando-se especialmente no melodrama de época e aventura marítima, romântica ou histórica. Com seu estilo simples e despretencioso arrebatou o Oscar de Melhor Diretor por A Divina Dama / The Divine Lady em 1929 e Cavalcade / Cavalcade em 1933. O próprio Cavalcade e outro filme que dirigiu, O Grande Motim / Mutiny on the Bounty / 1935, também conquistaram o troféu da Academia e, além disso, outros dois filmes, Regeneração / Weary River e O Parasita / Drag, concorreram ao prêmio por Melhor Direção em 1929. Releva notar que Lloyd funcionou muitas vêzes também como roteirista e produtor.

Frank Lloyd

Sua carreira cinematográfica se estende dos tempos pioneiros do cinema silencioso, quando estreou como ator em 1913, através da “idade de ouro” de Hollywood nos anos 20, 30 e 40, até sua despedida como diretor em duas modestas produções na Republic em 1954 e 1955. Lloyd sempre se sentiu confortável sob o sistema de estúdio e nunca desejou ser um “autor”, mas sim proporcionar ao público um bom divertimento.

Frank William George Lloyd (1886-1960) nasceu em Glasgow, Escócia, filho de um engenheiro naval. Após atuar como ator em Londres, incluindo quinze semanas no Shepherd’s Bush Theatre, emigrou para o Canadá em 1909, e ali trabalhou em uma fazenda até que um encontro casual em Winipeg com a Walker Theatrical Enterprises, pequena companhia itinerante, encorajou-o a voltar para o teatro. Quando se apresentou em Edmonton, Alberta, conheceu sua futura esposa Alma Heller, que interpretava papéis de criada na Lewis and Lake Company.

Como ator, Lloyd também subiu ao palco no Century Theatre de Los Angeles em 1913 e, seguindo o conselho de um colega, pediu e obteve emprego na Universal, comparecendo em mais de cinquenta filmes, a maioria de um e dois rolos, quase sempre como vilão. Destes, o mais importante foi o drama histórico de seis rolos, Damon e Pythias / Damon and Pythias / 1914, estrelado por William Worthington e Herbert Rawlinson nos papéis título sob a direção de Otis Turner. Lloyd tinha o papel proeminente de Dyonisius, “o tirano de Siracusa” e a revista The Moving Picture World descreveu sua performance como “conscienciosa”.

Cena de Damon and Pythias

Lloyd atuou sob as ordens de outros diretores, inclusive a mais famosa das diretoras do cinema mudo, Lois Weber, porém foi com Otis Turner, então descrito como  “O Decano dos Diretores da Universal“, que ele aprendeu o ofício de realizador de filmes. Quando Turner fez uma viagem de férias a Nova York, a Frank Lloyd foi oferecida a oportunidade de assumir a direção, realizando ao todo 40 filmes de um e dois rolos.

No verão de 1915, Lloyd deixou a Universal para ingressar na recém-formada Pallas Pictures Inc., cujos filmes eram distribuídos pela Paramount e que, ao contrário da Universal, estava empenhada em produzir somente longas-metragens. A Pallas estava associada e dividia o estúdio com a Oliver Morosco Photoplay Co. e, dentro de poucas semanas, Lloyd estava dirigindo filmes para ambas as companhias.

O primeiro filme de Lloyd na Pallas foi The Gentleman from Indiana/ 1915, superprodução estrelada por Dustin Farnum, que ele dirigiria novamente em David Garrick / David Garrick/ 1916, baseado em uma peça sobre o famoso ator inglês do século XVIII e em Depois da Batalha/ The Call of the Cumberlands/ 1916, baseado em uma peça de ambiente rural. Além desses dois, Lloyd dirigiu mais nove filmes para a Pallas / Oliver Morosco / Paramount: Jane / 1915, The Reform Candidate / 1915, The Tongues of Men / 1916,  Madame La PresidenteMadame la Presidente / 1916, The Code of Marcia Gray / 1916, The Making of Maddalena / 1916, Casamento Internacional /  An International Marriage / 1916, The Stronger Love / 1916 e A IntrigaThe Intrigue.

William Farnum em A Tale of Two Cities

Entre 1916 e o final de sua carreira na Pallas e 1922, início de seu contrato com a Associated First National, Lloyd prestou serviço à Fox e à Goldwyn. Ele dirigiu um total de 28 longas – metragens, sendo 15 filmes na Fox ( Pecado de MãeSins of Her Parent/ 1916, O Poder do AmorThe Kingdom  of Love / 1917, O Preço do Silêncio / The Price of Silence/ 1917*, Thermidor/ A Tale of Two Cities / 1917*, Métodos Americanos / American Methods / 1917*, Febre de Vingança/ When a Man Sees Red / 1917*, Coração de Leão/ The Heart of a Lion/ 1917*, Os Miseráveis / Les Miserables / 1918*, O Cancro da Sociedade/ The Blindness of Divorce / 1918, Sangue Nobre / True Blue / 1918*, O Vingador Peregrino / Riders of the Purple Sage / 1918*, A Volta do Vingador / The Rainbow Trail / 1918*, Sacrifício de Irmão / For Freedom / 1918*, Justa Vingança / The Man Hunter / 1919*, A Sombra do Presídio / Pitfalls of a Big City / 1919) e 13 filmes na Goldwyn (O  Mundo e Suas Mulheres / The World and the Woman / 1919,  Os Amores de Letty / The Loves o fLetty / 1919, Sublime Dignidade / The Woman in Room 13 / 1920, A Horda de PrataThe Silver Horde / 1920, A Ré Misteriosa / Madame X / 1920, Sedutor Pela Voz / The Great Lover / 1920, O Lírio do Reino Florido / A Tale of Two Worlds / 1921, Uma Voz na Escuridão / A Voice in the Dark / 1921, Caminhos do Destino / Roads to Destiny / 1921, Vítima da SociedadeThe Invisible Power / 1921, Tentações Fatais / The Grim Comedian / 1921, A Vitória do Amor/ The Man From Lost River / 1921); O Dilúvio / The Sin Flood / 1922.

Norma Talmadge em A Duquesa de Langeais

Cena de O Dilúvio

Nessse período merece destaque os 11 filmes estrelados por William Farnum (marcados com asterisco), as adaptações de A Tale of Two Cities de Charles Dickens (Thermidor) e Les Miserables (Os Miseráveis) de Victor Hugo bem com os dois westerns de Zane Grey (O Vingador Peregrino e A Volta do Vingador), que seriam refilmados pela Fox em 1925 com Tom Mix. Os filmes mais importantes de Lloyd na Goldwyn foram: O Mundo e Suas Mulheres, drama tendo como pano de fundo a revolução russa, estrelado pela cantora de ópera Geraldine Farrar e seu marido Lou Tellegen; A Ré Misteriosa, o célebre melodrama baseado na peça de Alexandre Bisson, com Pauline Frederick no papel principal; e O Dilúvio, drama psicológico  com Richard Dix e Helene Chadwick, envolvendo um grupo eclético de pessoas confinadas em um saloon no rio Mississipi vítimas de uma inundação.

Deixando a Goldwyn, Lloyd tornou-se o que pode ser basicamente descrito como um realizador semi-independente, dirigindo filmes para serem distribuídos pela Associated First National Pictures. Sob contrato com a Jackie Coogan Productions  (formada pelo pai de Jackie, assessorado pelo produtor independente Sol Lesser), ele dirigiu Oliver Twist / Oliver Twist / 1922 e sob contrato com a Norma Talmadge Film Corporation e/ou Joseph M. Schenck Productions, ele dirigiu a esposa de Schenck, em quatro filmes: A Duquesa de Langeais / The Eternal Flame / 1922; A Voz do Minarete / The Voice from the Minaret; Dentro da Lei / Within the Law (este para Joseph M. Schenck Productions) e Cinzas de Vingança / Ashes of Vengeance (todos de 1923).

Lon Chaney e Jackie Coogan em Oliver Twist

Nesta fase de sua trajetória artística distinguem-se Oliver Twist (Charles Dickens) e A Duquesa de Langeais (Honoré de Balzac) por sua origens literárias nobres. Na realização de Oliver Twist, um dos filmes nos quais Lloyd funcionou também como adaptador, ele teve sob sua orientação, no papel título, o gracioso e espontâneo Jackie Coogan – que se tornara um astro graças ao seu desempenho ao lado de Charles Chaplin em O Garoto The Kid / 1921 e Lon Chaney como Fagin. Em A Duquesa de Langeais, adaptado livremente por Frances Marion, o diretor contou com a presença de Norma Talmadge como a coquette Antoine de Langeais, que acaba se tornando freira.

Reconhecendo a posição de destaque que Lloyd conquistara na indústria, a Associated First National (que a partir de 1924 tornou-se também produtora sob a denominação de First National Pictures) ofereceu-lhe um contrato generoso, cobrindo seus serviços também como produtor. Assim, entre 1924 e 1926, Lloyd produziu e dirigiu: Os Bois Negros ou O Que As Mulheres Querem / Black Oxen/ 1914, com Corinne Griffith; O Gavião do Mar / The Sea Hawk / 1924, com Milton Sills, Enid Bennett); Vigília Silenciosa / The Silent Watcher / 1924, com Bessie Love; O Segredo do Marido / Her Husband’s Secret / 1925, com Antonio Moreno, Patsy Ruth Milller; À Mercê da Sorte / Winds of Chance / 1925 e Uma Grande Aventura / The Splendid Road / 1925, ambos com Anna Q. Nilsson; e Missão de Amor/ The Wise Guy / 1926, com Mary Astor, Betty Compson.

Milton Sills e Enid Bennet em O Gavião do Mar                                                                                     

Desde a infância, Lloyd gostava de tudo que estivesse relacionado com o mar, navios e marinheiros e em Gavião do Mar, o mais famoso dos filmes citados, ele pôde transmitir esta afeição, dedicando-se a uma pesquisa intensa a respeito da história mourisca e cuidando para que esta produção não contivesse tomadas de miniaturas de navios flutuando em um tanque. Preferiu usar galeões espanhóis do século XVI de verdade, construídos especialmente para o filme e as réplicas de tamanho natural foram consideradas tão bem recriadas, que a Warner Bros. usou-as repetidamente em outros filmes náuticos. As melhores cenas são as de combate entre os galeões, porém o restante do espetáculo é demasiadamente longo e estático, e as cenas de ação com Milton Sills, não são tão espetaculares como as de Douglas Fairbanks, por exemplo, em O Pirata Negro / The Black Pirate, realizado em 1926.

Ainda na década de 20, Lloyd fez dois filmes para a Famous Players-Lasky / Paramount (O Capitão Sazarac / The Eagle of the Sea / 1926, com Florence Vidor e Ricardo Cortez, filme de aventura marítima envolvendo um grupo de patriotas francêses que tenta resgatar Napoleão de Santa Helena e as atividades do pirata Jean Lafitte – rebatizado de Sazarac – e Filhos do Divórcio / Children of Divorce / 1927, drama romântico com Clara Bow como uma jovem pressionada pela mãe mercenária a se casar por dinheiro) e mais seis filmes para a First National (Adoração / Adoration / 1928, com Billie Dove, Antonio Moreno; Regeneração / Weary River / 1929; A Divina Dama / The Divine Lady / 1929; O Parasita / Drag / 1929; Ruas de Amargura / Dark Streets / 1929 e Febre de Juventude / Young Nowheres / 1929).

Richard Barthelmess em Regeneração

Corinne Griffith e Victor Varconi em A Divina Dama

Ainda na First National, Lloyd dirigiu Richard Barthelmess (com quem havia feito Regeneração, O Parasita e Febre da Juventude, todos exibidos em versões muda e sonora) em O Filho dos Deuses / Son of the Gods / 1930 e O Chicote / The Lash / 1930 (filmado em Vitascope, 65mm); The Way of All Men / 1930 com Douglas Fairbanks Jr.; The Right of Way / 1931 com Conrad Nagel e Loretta Young e foi emprestado à Fox para assumir a direção de Lágrimas de Amor/ East Lynne / 1931, com Ann Harding, Clive Brook e à Caddo Co. de Howard Hughes para dirigir e produzir  Idade para Amar / The Age of Love / 1931, com Charles Starrett e Lois Wilson.

Lágrimas de Amor, melodrama sobre uma infeliz heroína da Era Vitoriana, Lady Isobel Dane (Ann Harding) que, após um casamento desfeito (com Conrad Nagel) e uma aventura amorosa frustrada (com Clive Brook), fica cega, passando ainda por outros tormentos; sob astuta direção de Lloyd e belíssima foto de John Seitz, o filme obteve indicação para o Oscar.

Lloyd fez em seguida, ainda na Fox, A Dama Errante / A Passport to Hell / 1932, com Elissa Landi e Paul Lukas; Cavalcade / Cavalcade / 1933, com Diana Wynyard, Clive Brook; Romance Antigo / Berkeley Square / 1933, com Leslie Howard, Heather Angel; Lábios de Fogo / Hoop-La / 1933, com Clara Bow, Preston Foster; e Cinderela à Força / Servant’s Entrance / 1934, com Janet Gaynor, Lew Ayres.

Diana Wyniard e Clive brook em Cavalcade

Elegante adaptação da peça de Noel Coward, que mostra os acontecimentos históricos do início do século XX e suas consequências sobre uma família da classe média inglesa, Cavalcade ganhou o Oscar de Melhor Filme, Direção e Cenografia (William S. Darling). Frank Borzage pensou que poderia ocupar a direção, mas foi substituído por Lloyd e as cenas de guerra ficaram a cargo de William Cameron Menzies. Frase de anúncio: “A marcha do tempo medida por um coração humano – um coração de mulher!”.

Heather Angel e Leslie Howard em Romance Antigo

Em Romance Antigo, fantasia romântica baseada na peça de John L. Balderston sobre o rapaz que passa a fazer frequentes incursões na Londres do século XVIII, reencarnando-se em um antepassado, Leslie Howard transmite com perfeição a tristeza sentimental do protagonista e seu desempenho proporcionou-lhe indicação para o Oscar da Academia.

O período mais fértil de Frank Lloyd como mestre dos filmes de aventura marítima romântica ou histórica foram os anos de 1935 a 1939, quando ele realizou sucessivamente: O Grande Motim / Mutiny on the Bounty/ 1935 (MGM), Sob Duas Bandeiras / Under Two Flags / 1936 (20thCentury-Fox), A Donzela de Salem / Maid of Salem / 1937 (Paramount), Uma Nação em Marcha / Wells Fargo / 1937 (Paramount), Se Eu Fora Rei / If I Were King / 1938 (Paramount) e A Conquista do Atlântico / Rulers of the Sea / 1939 (Paramount).

Charlese Laughton Clark Cable em O grande Motim

A MGM adquiriu os direitos de filmagem da trilogia campeã de vendas de Charles Nordoff e James Norman Hall (Mutiny on the Bounty, Men Against The Sea, Pitcairn Island) e os roteiristas aproveitaram material dos dois primeiros livros, baseando-se também no diário do Capitão Bligh que relatava os fatos reais sobre um motim ocorrido durante uma viagem do navio HMS Bounty com 46 pessoas a bordo e ordens para transportar mudas de fruta-pão do Taiti para as Índias Ocidentais. Construiu-se duas réplicas perfeitas do Bounty e dois meses levaram as filmagens nos Mares do Sul, com muitos prejuízos por causa do mau tempo. A produção de Irving Thalberg custou dois milhões de dólares, cifra bem elevada em tempo de Depressão e arrebatou o Oscar. Ao prêmio da Academia concorreram também Clark Gable, Charles Laughton, Franchot Tone, o compositor Herbert Stothart, os roteiristas Talbot Jennings, Jules Furthman e Carey Wilson e a montadora Margareth Booth. Laughton compôs um Capitão Bligh muito mais cruel que o verdadeiro, papel com o qual ficaria eternamente identificado.

Após terminar O Grande Motim, Lloyd retornou para a Fox (denominada 20th Century-Fox a partir de 1935,) a fim de fazer um último filme, Sob Duas Bandeiras, antes de se transferir para a Paramount, onde havia trabalhado nos anos 20. Os exteriores dessaaventura romântica na Legião Estrangeira, extraída do romance de Ouida – com Ronald Colman como o legionário disputado por Cigarette, a simples camponesa que acompanha a tropa (Claudette Colbert, substituindo Simone Simon) e pela aristocrática Lady Venetia (Rosalind Russell), e vem a ser alvo da inveja do enciumado comandante do forte, interpretado por Victor MacLaglen – foram rodados no deserto do Arizona. Otto Brower encarregou-se das cenas de batalha em locação, ficando Lloyd ocupado com as cenas mais íntimas, filmadas no estúdio. Darryl F. Zanuck interferiu arbitrariamente na montagem. Lloyd anunciou que nunca mais trabalharia na 20thCentury-Fox e cumpriu sua promessa. Frase de publicidade: “Um amor tão quente quanto as areias do Saara”.

Em Donzela de Salem, primeiro filme de Lloyd na Paramount (onde tinha a sua unidade de produção denominada Frank Lloyd Pictures), envolvendo fanatismo e superstição na Nova Inglaterra do século XVII, Claudette Colbert interpreta a jovem inocente acusada de feitiçaria; Fred MacMurray, o rebelde da Virginia, que a salva da fogueira após um julgamento de grande tensão; e Bonita Granville, a menina que motiva todo o conflito do filme, acusando a heroína falsamente. Filmado em estúdio no Paramount Ranch ao norte de Los Angeles e em locação em Santa Cruz, passando por uma velha aldeia de Salem em 1692. No primeiro script, cuidadosamente pesquisado por Lloyd e seus roteiristas, a personagem de Claudette Colbert morria na fogueira; mas Joseph Breen, o chefe da Production Code Administration, observou que, apesar da lenda, as feiticeiras em Salem eram enforcadas. Foi uma decepção para o diretor pois, pela primeira vez havia contratado formalmente o consultor técnico, Lance Baxter, que já havia feito pesquisa para ele informalmente na filmagem de Cavalcade e Sob Duas Bandeiras.

Joel McCrea e Frances Dee em Uma Nação em Marcha

Uma Nação em Marcha, mostra ficcionalmente a criação da Wells Fargo através da história do mensageiro Ramsay MacKay (Joel McCrea) e de sua esposa sulista, Justine (Frances Dee). Depois de passar por alguns dissabores como o de ter sido roubado quando transportava o dinheiro dos mineiros para San Francisco, Ramsay faz a firma prosperar mas, durante a Guerra Civil, suas carruagens são atacadas quando transportavam ouro para Washington. Ramsay encontra-se com o presidente Lincoln e concorda em apoiar a União, porém como o irmão mais novo de Justine foi morto lutando pelos Confederados, seu casamento é abalado. O filme é um pouco longo, mas cheio de ação.

Ronald Colman e Frances Dee em Se Eu Fôra Rei

Desprezando a exatidão histórica, o roteiro de Preston Sturges para Se Eu Fora Rei, enriqueceu com toques cômicos deliciosos a peça de Justin Huntly McCarthy, inspirada na figura de François Villon. Basil Rathbone foi indicado para o Oscar pela espirituosa composição do Rei Luís XI e Ronald Colman era mesmo o ator ideal para viver o personagem do poeta vagabundo da Idade Média, apaixonado pela dama Katherine de Vaucelles  (Frances Dee).

O enredo fictício de A Conquista do Atlântico– baseado na viagem verídica do SS Savannah em 1819 – descreve os esforços de um jovem marujo, David Gillespie (Douglas Fairbanks) e um mecânico visionário, John Shaw (o ator britânico Will Fyffe), para construir o primeiro navio a vapor a atravessar o Atlântico Norte de Liverpool para Nova York.   David fora imediato de um navio a vela comandado pelo brutal Capitão Oliver (George Bancroft), que naturalmente não fica contente em perder um bom imediato e ver a criação de um método de transporte rival. David namora Mary (Margaret Lockwood), filha de Shaw e o filme acompanha este romance e as tentativas e aflições de David e Shaw até que o navio chega a seu destino – mas infelizmente Shaw, ferido por uma explosão, morre, abençoando a união de David e Mary.

 Nos anos 40, Lloyd produziu e dirigiu Flama da Liberdade / The Howards of Virginia / 1940 na Columbia, com Cary Grant, Martha Scott, e voltou para a Universal, onde iniciara sua carreira em 1913, agora como produtor semi-independente à frente de sua Frank Lloyd Productions Pictures, Inc.  Na Universal, produziu e dirigiu Paixão e Vingança / The Lady From Cheyenne / 1941, com Loretta Young, Robert Preston e Esta Mulher me Pertence  / This Woman is Mine  / 1941, com Franchot Tone, John Carroll; e apenas produziu: Sabotador / Saboteur / 1942 de Alfred Hitchcock; A Indomável / The Spoilers / 1942 de Ray Enright; Espião Invisível / The Invisible Agent / 1942.

 

Flama da Liberdade conta a história de Matt Howard (Cary Grant), jovem fazendeiro dos meados do século XVIII, amigo de Thomas Jefferson (Richard Carlson), que se casa com Jane Peyton (Martha Scott), filha de uma família rica de Williamsburg, e depois, contra o desejo de sua esposa – cujo irmão (Cedric Hardwicke) é leal ao governo britânico -, se junta aos colonistas na luta revolucionária. A maioria dos pontos altos da Revolução Americana são recriados inclusive os tumultos causados pelo Stamp Act, o Boston Tea Party, e o discurso inflamatório  “Give me Liberty” de Patrick Henry.

Loretta Young e Robert Preston em Paixão e Vingança

Paixão e Vingança é um western feminista com uma história inventada sobre a adoção do voto feminino em 1869 no Território do Wyoming. O figurão Jim Cork (Edward Arnold) espera manipular a venda de lotes da cidade para obter mais poder, mas a professora Annie Morgan (Loretta Young) compra um dos melhores lotes, atrapalhando seu plano. O advogado de Cork, Steve Lewis (Robert Preston), resgata-a de um sequestro ordenado por Cork e tenta persuadí-la a abandonar a política, porém Annie, é dura na queda e, juntamente com outras mulheres, levam Cork ao tribunal e ainda conseguem convencer os legisladores a aprovar o sufrágio feminino.

Esta Mulher Me Pertence é uma aventura marítima passada em 1810, tendo como personagens centrais uma cantora, Julie Morgan (Carol Bruce) que, apaixonada por um caçador de peles canadense, Ovide (John Carroll), segue-o como clandestina em uma viagem no navio “Tonquin” para o Oregon, sem saber que se trata de uma expedição organizada por Robert Stevens (Franchot Tone), homem de confiança do investidor milionário John Jacob Astor. Quando é descoberta, o Capitão Thorne (Walter Brennan) não tem intenção de retornar ao cais, e assim começam a se desenrolar os acontecimentos, como a queda de Julie ao mar e seu salvamento por Ovide, ataque dos índios, explosão do “Tonquin”, dois homens a bordo cortejando a mesma mulher etc. O filme foi relançado em 1969 com o título de Fury at Sea.

Ao irromper o Segundo Conflito Mundial na Europa, a comunidade britânica em Hollywood se movimentou para levantar fundos para o British War Relief e o resultado foi Para Sempre e Um Dia / Forever and a Day / 1943, no qual um repórter americano, Gates Trimble Pomfret  (Kent Smith) quer vender a casa que pertence à sua família, mas a atual ocupante, Lesley Trimble (Ruth Warrick) pensa que esta deve ser preservada como um monumento àqueles que viveram ali. Ela lhe conta a história do prédio desde sua construção em 1804 até o presente. O filme termina com a casa sendo bombardeada pela blitz nazista, mas Gates e Lesley resolvem reconstruí-la.

Anna Neagle, Ray Milland e Claude Rains em Para Sempre e Um Dia

Produzido pela Anglo-American Film Co e distribuído pela RKO, com um elenco de dezenas de atores e atrizes na sua maioria de nacionalidade britânica (Victor MacLaglen, Ray Milland, Anna Neagle, Jessie Mathews, Claude Rains, Charles Laughton, Ida Lupino, Brian Aherne, Merle Oberon, Cedric Hardwicke, Nigel Bruce, Donald Crisp, Ian Hunter, June Duprez, Edmund Gwenn, Reginald Gardiner, Gene Lockhart, Roland Young, Robert Coote, Gladys Cooper, Dame May Witty, Richard Haydn, Elsa Lanchester) e alguns americanos (Buster Keaton, Robert Cummings, Kent Smith, Ruth Warrick etc.), vários roteiristas e sete diretores nascidos na Europa (Edmund Goulding, Cedric Hardwicke, Frank Lloyd, Victor Saville, Robert Stevenson, Herbert Wilcox, René Clair), Para Sempre e Um Diacomeçou a ser filmado em maio de 1941, antes de Pearl Harbor, e a contribuição de Frank Lloyd foi na direção  das cenas de abertura e encerramento  do espetáculo.

Em 1944, com o pôsto de major, Lloyd foi indicado para o comando da 13thAir Force Combat Camera Unit e nesta época dirigiu Air Pattern – Pacific, documentário de 42 minutos, distribuído pelo Office of War Information.  Em junho de 1944, ele foi condecorado com a Legion of Merit pelo presidente Roosevelt pelo seu trabalho em missões de fotografia de combate no Sul do Pacífico. Como civil, Lloyd retornou a Guam em 1945, para servir como coordenador de uma produção para o Army Air Corps de um short emTechnicolor de 35 minutos, The Last Bomb (mostrando vários bombardeios sobre Tóquio e terminando com a explosão causada pela bomba atômica), narrado por Reed Hadley e distribuído pela Warner Bros.

Silvia Sidney e James Cagney em Sangue Sob o Sol

No último filme de Lloyd na década de 40, Sangue Sobre o Sol / Blood on the Sun / 1945 (produzido pela William Cagney Productions), James Cagney, é Nick Condon, editor americano de um jornal de Tóquio nos anos 30 (e bom lutador de judô), que encontra um colega (Wallace Ford) morto logo depois de sua esposa, por ter obtido  uma informação sobre um plano militar japonês expansionista. Nick obtém a mesma informação e, com a ajuda de uma mestiça chamada Iris (Silvia Sidney), luta por sua sobrevivência e tenta levar a notícia para fora do país. O filme apresenta o estereotipo do japonês enganoso e risonho Na cena final do filme, em frente aos portões da Embaixada Americana, Nick é confrontado pelos seus perseguidores. Os japoneses verificam que ele não tem o documento que estão procurando, e tentam se fazer de bonzinhos. “Vocês têm um ditado, perdoa seus inimigos”, diz um japonês sorridente. “Certo, perdoa seus inimigos, mas antes faça com ele o que ele quis fazer com você”, responde Nick.

Cena de A Última Barricada

Lloyd só voltou a filmar, após a morte de sua esposa Alma, em 16 de março de 1952. Em vez de ficar gozando a aposentadoria em seu rancho, ele se consolou, assinando um contrato de dois anos com a Republic, onde fez seus derradeiros filmes, Xangai,  Cidade Maldita / The Shanghai Story / 1954, drama de espionagem passado em Shanghai após a tomada comunista da China com Ruth Roman e Edmond O’Brien, e A Última Barricada  / The Last Command / 1955, filmado em Trucolor, focalizando Jim Bowie (Sterling Hayden) e a secessão do Texas do Mexico, que levou ao episódio histórico do Alamo. Tal como já vinha acontecendo inúmeras vezes com os filmes de Lloyd, as cenas de ação foram assinadas por outros, neste caso, pelo diretor veterano da Republic, William Witney.

Em 1954, Lloyd casou-se com a roteirista divorciada, Virginia Kellog, quase vinte anos mais moça do que ele. Virginia fora indicada duas vezes para o Oscar por Fúria Sanguinária / White Heat/ 1949 e À Margem da Vida / Caged / 1950. Não somente Llloyd decidiu se afastar definitivamente da direção, mas também sua esposa anunciou que estava abrindo mão de sua carreira para ser apenas Mrs. Frank Lloyd.

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