Arquivo mensais:junho 2016

TRIBUTO A MARCEL CARNÉ

O lugar de Marcel Carné (Paris, 1909-1996) na história do cinema está assegurado como o principal expoente do realismo poético, especialmente na sua colaboração com o poeta / roteirista Jacques Prévert.

Marcel Carné

Marcel Carné

O termo realismo poético, na sua expressão fílmica, nasceu de uma rede de influências literárias, com as variações em torno do naturalismo, do populismo e do fantástico social de Pierre Mac Orlan e Marcel Aymé e influências cinematográficas, com o expressionismo realista, frequentemente chamado de Kammerspielfilm (filme de interiores), do qual tomou emprestado a temática (personagens que representavam a escória da sociedade, abatidos pela fatalidade), a atmosfera (a famosa Stimmung, prezada pelos alemães), a iluminação (utilização expressionista da luz devido a grandes fotógrafos alemães emigrados na França, como Eugen Schufftan) e a representação cênica estilizada (que privilegiava a filmagem em estúdio).

As principais obras do realismo poético tentavam, de uma maneira ou de outra, encontrar uma dimensão trágica na vida dos marginais, dos excluídos, que não tinham outra escolha se não o exílio ou a morte. Transitando por portos banhados de sombras, bares sórdidos, hotéis de terceira categoria ou desertos distantes, esses seres procuravam se evadir para um outro destino pela aventura ou pelo sonho. Alguns comentaristas preferem usar o termo “tragédia populista” ou “populismo trágico” para denominar essa corrente do cinema francês.

Jacques Feyder e Marcel Carné

Jacques Feyder e Marcel Carné

Carné foi aprendiz de marceneiro, depois empregado de uma companhia de seguros. Apaixonado pelo cinema, frequentou cursos de fotografia e exerceu a crítica de filmes. O encontro com a atriz Françoise Rosay, esposa do cineasta Jacques Feyder, ajudou-o a começar sua carreira como assistente de câmera em Les Nouveaux Messieurs / 1929 (Dir: Jacques Feyder), e Cagliostro / 1929 (dir: Richard Oswald). No mesmo ano, Carné dirigiu um documentário de curta-metragem, Nogent, Eldorado du Dimanche, e depois se tornou assistente de René Clair (Sob os Tetos de Paris / Sous les Toits de Paris / 1930) e de Feyder (A Última Cartada / Le Grand Jeu / 1934; Pensão Mimosas / Pension Mimosas / 1935; A Quermesse Heróica / La Kermesse Héroique / 1935).

Cena de Nogent, Eldorado du Dimanche

Cena de Nogent, Eldorado du Dimanche

Trabalhando intimamente com Prévert, Carné ascendeu para uma grande proeminência no cinema francês dos anos 30. De sua cumplicidade nasceram sete filmes, dotados de um equilíbrio exemplar entre o lirismo eloquente do dialoguista e a visão moderada do cineasta. Sua colaboração produziu filmes memoráveis como Jenny / Jenny / 1936; Família Exótica / Drôle de Drame / 1937; Cais das Sombras / Quai des Brumes / 1938; e Trágico Amanhecer / Le Jour se Lève / 1939. Essas duas últimas obras foram o ápice do realismo poético, juntamente com Hotel do Norte / Hotel du Nord / 1938, no qual Carné não contou com a participação de Prévert, substituído por Henri Jeanson.Celebrando Prévert, os críticos talvez tenham subestimado atributos distintivos de Carné: seu senso refinado de composição e iluminação, sua capacidade para dar vida ao artifício do estúdio, sua articulação do estado psicológico de seus heróis. Certamente seus filmes do período em questão também devem muito ao decorador Alexandre Trauner, ao compositor Joseph Kosma e a uma grande quantidade de atores notáveis,  Como Jean Gabin, Louis Jouvet, Arlette, Michèle Morgan, Simone Signoret etc., porém Carné era o catalisador, o condutores centro de tudo.

Marcel Carné e jacques Prévert

Marcel Carné e jacques Prévert

Durante a Ocupação houve um êxodo de diretores e artistas (Jean Renoir, René Clair, Julien Duvivier, Jacques Feyder, Max Ophuls, Pierre Chenal, Robert Siodmak, Jean Gabin, Charles Boyer, Louis Jouvet, Michèle Morgan, Françoise Rosay, Marcel Dalio, Victor Francen etc.), porém Marcel Carné e Jacques Prévert continuaram em atividade nos palcos de filmagem, sem se comprometerem com o poder. Carné, em 1940, havia recusado convites da Continental (firma destinada a produzir na França filmes com capital alemão e mão de obra francesa) e sido arrastado para a lama pelos jornais colaboracionistas (Lucien Rebatet: “Os subúrbios leprosos e brumosos que lhes servem de moldura exalam apenas sentimentos sórdidos (…) Seus heróis são assassinos medíocres, candidatos ao suicídio, rufiões, prostitutas, cafetinas (…)”). No contexto reprimido da Ocupação, Carné e Prévert se voltaram mais para o fantástico / poético do que para o real, realizando Os Visitantes da Noite / Les Visiteurs du Soir e O Boulevard do Crime / Les Enfants du Paradis, dois dos filmes mais populares do cinema francês. O primeiro estreou em dezembro de 1942; o segundo, após a Libertação, na primavera de 1945.

Filmagem de As Portas da Noite

Filmagem de As Portas da Noite

Em 1946, a dupla de cineastas fez Portas da Noite / Les Portes de la Nuit. Depois disso então se separaram e os críticos começaram a achar que, sem o concurso do seu parceiro poeta, os filmes de Carné não eram tão eficientes. Na realidade, o declínio de Carné coincidiu com o rompimento com Prévert, porém teve mais a ver com as mudanças do panorama social e do gosto do público. Carné passou a simbolizar a “estagnação” do cinema francês tradicional aos olhos dos jovens críticos da Nouvelle Vague, que o julgaram fora de moda, apesar de ele ter feito vários filmes interessantes: Paixão Abrasadora / La Marie du Port / 1950; Juliette ou la Clef des Songes / 1951; Teresa Raquin / Thérèse Raquin / 1953; L’Air de Paris / 1954; Os Trapaceiros / Les Tricheurs / 1958 e Ele, Ela … e o Outro / Le Pays d’ou Je Viens / 1956.

Cena de Les Tricheurs

Cena de Os Trapaceiros

Dos derradeiros filmes de ficcão de Carné, realizados nos anos 60 e 70, apenas um passou no Brasil, o razoável As Testemunhas do Medo / Les Assassins de l’Ordre / 1971. Como não ví os outros, passo a palavra a Jacques Siclier, renomado crítico francês. Segundo JS, após Os Trapaceiros, o cinema de Marcel Carné declinou. O realismo social de Terrain Vague / 1960 não o instigou mais do que o populismo um tanto impudico da comédia de costumes Du Mouron pour les Petits Oiseaux / 1963. Com Trois Chambres à Manhattan / 1965, Carné mostrou-se hábil ao lidar com o realismo psicológico, mas não logrou recriar a atmosfera específica do romance de Georges Simenon. A mediocridade de Les Jeunes Loups / 1968 não derivou dos embaraços que o filme teve com a censura. Quanto a La Merveilleuse Visite / 1974, recolhí de outro excelente comentarista francês, Pierre Murat, mais esta constatação da decadência do diretor: “Em nome de tantas alegrias experimentadas diante de tantos filmes (Família Exótica, Trágico Amanhecer, O Boulevard do Crime…), esqueçamos esta “bomba” colossal de Marcel Carné: a história de um anjo louro e nú que encalha em uma praia da Bretanha … Horroroso”.

Neste artigo presto uma homenagem ao grande cineasta, relembrando alguns de seus melhores filmes.

PIerre Brasseur, Arletty e Jean-Louis Barrault em O Boulverdad do Crime

PIerre Brasseur, Arletty e Jean-Louis Barrault em O Boulverdad do Crime

BOULEVARD DO CRIME, O / LES ENFANTS DU PARADIS.

No meio da multidão que passeia pelo Boulevard du Temple, surge Garance (Arletty), que vai ser amada por quatro homens: Lacenaire (Marcel Herrand), o assassino-poeta, Frédérick Lemaître (Pierre Brasseur), o ator exuberante; Baptiste Debureau (Jean-Louis Barrault), o mímico, e o conde Edouard de Montray (Louis Salou). Apesar de seu relacionamento com Lacenaire, Lemaître e Montray, Garance nunca deixa de amar profunda e incessantemente o tímido Baptiste, mesmo depois de ele ter se casado com sua colega do Teatro dos Funâmbulos, Nathalie (Maria Casarès), e ela, com o conde. No entanto, compreende a impossibilidade do seu amor e foge. Baptiste, desesperado, procura-a em vão no tumulto dos folguedos do Carnaval.

carne les enfants du paradis poster

Produzido em circunstâncias difíceis durante a Ocupação, o filme focaliza os infortúnios do amor e a Paris romântica e misteriosa do tempo de Louis-Philippe, mostrando as relações entre a vida e a arte. Por exemplo, no quadro “O namorado da lua”, no meio do qual Baptiste vê nos bastidores Lemaître beijando Garance e ele para repentinamente. A realidade se confunde com a representação, o palco com a vida e a vida repete os dramas vividos no palco, segundo o conceito shakespereano (em Como Gostais, ato II, cena VII). Alguns críticos acharam o filme muito literário, mas todos reconhecem a sua concepção arrojada, o brilhantismo da reconstituição histórica, as atuações magistrais de um elenco homogêneo e os diálogos poéticos e elegantes, como aquele dito no interrogatório de Garance: “Garance é uma flor. Meu nome verdadeiro, meu nome de moça solteira é Clara”. “Clara de quê?”, pergunta o policial. Ela responde com um sorriso: “Clara como o dia, como a água da fonte …”

Jean Gabin e Michèle Morgan em Cais das Sombras

Jean Gabin e Michèle Morgan em Cais das Sombras

CAIS DAS SOMBRAS / QUAI DES BRUMES.

Jean (Jean Gabin), um desertor, chega ao Havre e procura um abrigo. Trazido por um mendigo, Quart-Vittel (Aimos), ele é hospedado na taverna do velho Panama (Edouard Delmont), onde conhece um pintor alucinado, Michel Krauss (Robert Le Vigan), e uma bela jovem triste, Nelly (Michèle Morgan). Ela é assediada por seu tutor, Zabel (Michel Simon), um traficante que vem sendo espreitado por um bando de malandros, cujo chefe é Lucien (Pierre Brasseur). Uma manhã, quando Lucien importunava Nelly, Jean o esbofeteia. Michel se suicida, deixando para Jean suas roupas civís e seu passaporte, e o desertor decide embarcar para a Venezuela. Jean encontra Zabel querendo abusar de Nelly e o mata. Ao se dirigir para o porto, é abatido a tiros por Lucien enquanto o navio parte.

carne quai des brumes poster

A beleza do filme reside primeiramente nas sua atmosfera, as docas inundadas de brumas e as ruas de calçadas reluzentes, onde os personagens passeiam ao rítmo de uma música extraída de uma velha canção dos marinheiros. Essa estética foi fruto da composição visual de Marcel Carné; da pena de Jacques Prévert inspirada nos mitos da evasão e do destino, já articulados no livro de Mac Orlan, no qual o filme foi baseado; da iluminação de um fotógrafo veterano do expressionismo alemão (Eugen Schüfftan); e das geniais reconstituições de um esplêndido cenógrafo (Alexander Trauner), que refez em estúdio as ruas do Havre, o parque de diversões e a loja de Zabel. Obra-prima plástica, uma das mais representativas do realismo poético, o espetáculo apoia-se também nos atores, perfeitamente encaixados em um pessimismo lírico, que muitos viram como um eco de certo fatalismo que sucedeu ao fracasso da Frente Popular.

Arletty e Louis Jouvet em Hotel do Norte

Arletty e Louis Jouvet em Hotel do Norte

HOTEL DO NORTE / HOTEL DU NORD.

Um casal de jovens amantes hospeda-se no modesto Hôtel du Nord na margem do canal Saint-Martin. Pierre (Jean-Pierre Aumont) e Renée (Annabella) fizeram um pacto de morte. Pierre atira em Renée, mas não tem coragem de se matar. Ao ouvir o barulho do disparo, seu vizinho, Sr. Edmond (Louis Jouvet), arromba a porta e deixa Pierre fugir ma ele, pela manhã, se entrega à polícia. Renée, transportada para o hospital, é salva e vai trabalhar no hotel. Edmond vive ali com Raymonde (Arletty), uma prostituta que “trabalha” para ele. Ele se apaixona por Renée e tenta levar a jovem consigo para Marselha.

carne hotel du nord poster

Esse melodrama populista, com os ingredientes do realismo poético, como observou Jacques Lourcelles, conta a história de um contágio. Contágio do suicídio, passando de dois personagens (Pierre e Renée) para um terceiro (Edmond), que conseguirá o que os outros dois não conseguiram utilizando a mesma arma (Edmond a havia resgatado de um garoto, que a encontrara em uma mata onde Pierre a havia jogado). Um diálogo entre Jouvet e Arletty tornou-se célebre. Depois de uma briga, Edmond diz para Raymonde: “Preciso mudar de atmosfera e minha atmosfera é você”. Incapaz de compreender o que ele quis dizer, Raymonde toma a palavra atmosfera como um insulto e responde, exagerando nas vogais abertas com seu estridente sotaque parisiense: “Atmosfera! Atmosfera! Eu tenho cara de atmosfera? Carné diria, com toda razão, que Arletty foi a “alma” de Hotel do Norte.

Raf Vallone e Simone Signoret em Teresa Raquin

Raf Vallone e Simone Signoret em Teresa Raquin

TERESA RAQUIN / THÉRÈSE RAQUIN.

Casada com seu primo Camille Raquin (Jacques Duby), de saúde frágil, Thérèse (Simone Signoret) não é feliz. Uma noite, Camille, bêbado, é reconduzido para a sua casa por um caminhoneiro italiano, Laurent (Raf Vallone). Este torna-se amante de Thérese. No curso de uma viagem de trem, após uma discussão violenta, Camille é morto por Laurent. O inquérito policial conclui que a morte de Camille foi um acidente, mas o destino intervém na pessoa de Riton (Roland Lesaffre), um marinheiro que testemunhara o crime e começa a chantagear o casal de amantes.

carne therese raquin poster

No romance de Émile Zola, após a morte de Camille não há mais “ação”, somente uma longa exposição do comportamento dos dois amantes, obcecados pelo remorso. No filme, Carné preocupou-se mais em precipitar o drama por meio de uma testemunha que aparece para exigir sua parte no crime. O diretor deu ao assunto uma força trágica, cuja cena mais característica é o confronto entre Thérèse e Mme. Raquin paralítica (Sylvie), mas que sabe tudo o que se passou. Simone Signoret dá conta de uma composição difícil. Ela consegue passar da frustração resignada ao êxtase do amor, depois à tristeza, ao ódio e ao medo.

Jean Gabijn e Arletty em Trágico Amanhecer

Jean Gabijn e Arletty em Trágico Amanhecer

TRÁGICO AMANHECER / LE JOUR SE LÈVE.

Nas escadas de uma casa no subúrbio ouve-se o barulho de uma discussão acalorada. Um tiro é disparado. Uma porta se abre, um homem rola pelos degraus e morre. O assassino, François (Jean Gabin), se refugia em seu quarto. A polícia chega, mas ele se recusa a sair e o imóvel é cercado. Durante a noite, François, sabendo que não poderá escapar, relembra sua história de amor com Françoise (Jacqueline Laurent), uma jovem florista, seu encontro com Valentin (Jules Berry), o adestrador de cães, e com Clara (Arletty), a companheira deste último.

carne le jour se leve poster

A fatalidade social não dá nenhuma chance ao protagonista. Seus atos são, por assim dizer, programados por todo o seu passado e as circunstâncias de sua existência quotidiana, elementos de uma engrenagem que vai acabar com sua vida. O primeiro plano do filme já revela o fim trágico, o que nos leva a acompanhar a história em estado de imensa compaixão. Carné usa com muita perfeição o retrospecto, para integrar o passado no presente e observar o mundo interior e o comportamento de François. A sua tragédia é explicitamente formulada na cena em que Gabin grita da janela para a turba reunida lá embaixo, manifestando a sua infelicidade e a sua cólera. Nesta cena Gabin está falando também para os espectadores, para cada um de nós que somos testemunhas de seu drama.

Arlettey e Alain Cuny em os Visitantes da Noite

Arlettey e Alain Cuny em os Visitantes da Noite

VISITANTES DA NOITE , OS / LES VISITEURS DU SOIR.

Em 1485, Gilles (Alain Cuny) e Dominque (Arletty), dois menestréis enviados pelo diabo, dirigem-se ao castelo do barão Hugues (Fernand Ledoux), onde está sendo festejado o noivado de sua filha Anne (Marie Déa) com o cavaleiro Renaud (Marcel Herrand). Dominque, que é na realidade uma mulher, seduz o velho barão e depois Renaud, enquanto Gilles se apaixona por Anne. Furioso, o diabo (Jules Berry), fingindo-se de viajante, chega para restabelecer a ordem. Renaud é morto pelo barão em um torneio. O diabo transforma os dois amantes em estátuas de pedra, mas não consegue impedir que seus corações continuem a bater em uníssono, indefinidamente.

carne visisteurs du soir poster

Este final foi muito discutido. Ele tem uma significação mística (o amor é mais forte do que a morte)? Ou é uma alusão política disfarçada (o coração da França continua a bater apesar dos esforços diabólicos dos ocupantes)? Seja qual for a interpretação – aliás, elas não se excluem -, as qualidades desse filme são poéticas. O ambiente estranho do castelo todo branco, o aparecimento dos dois visitantes em uma paisagem desolada, os pequenos bufões monstruosos, o baile e a dança que se imobiliza parando magicamente o tempo, o rítmo voluntariamente lento como se tudo fosse um sonho, nos transportam para um universo fantástico, criado com amplos recursos materiais.

                                                                        FILMOGRAFIA

1929 – Nogent, Eldorado du Dimanche (Documentário). 1936 – Jenny. 1937 – Família Exótica / Drôle de Drame. 1938 – Hotel do Norte / Hôtel Du Nord; Cais das Sombras / Quai des Brumes. 1939 – Trágico Amanhecer / Le Jour se Lève. 1942 – Os Visitantes da Noite / Les Visiteurs du Soir. 1945 – O Boulevard do Crime / Les Enfants du Paradis. 1946 – Portas da Noite/ Les Portes de La Nuit. 1947 – La Fleur de L’Age (não completado). 1950 – Paixão Abrasadora / La Marie du Port. 1951 – Juliette ou la Clef des Songes. 1953 – Teresa Raquin / Thérèse Raquin. 1954 – L’Air de Paris. 1956 – Eu, Ela … e o Outro / Le Pays d ‘ou Je Viens. 1958 – Os Trapaceiros / Les Tricheurs. 1960 – Terrain Vague. 1963 – Du Mouron pour le Petis Oiseaux. 1965 – Trois Chambres à Manhattan. 1968 – Les Jeunes Loups. 1971 – As Testemunhas do Medo / Les Assassins de l ‘Orde. 1974 – La Merveilleuse Visite. 1977 – La Bible (Documentário).

AS BIG BANDS NO CINEMA DE HOLLYWOOD

A partir de meados dos anos 30 até pouco depois dos anos 40, além de serem ouvidas através do rádio e das gravações fonográficas, as Big Bands (Grandes Orquestras) se apresentavam em vários lugares como hotéis elegantes, salões de baile espaçosos, boates, cassinos, certas salas de cinema, e nos filmes de Hollywood.

O estilo musical variava radicalmente de banda para banda. Cada uma dependia de seu estilo particular, de seu som identificável, para obter uma aceitação geral, parcial ou precária. Geralmente era o diretor musical da banda, seu arranjador ou seu líder (chefe da orquestra) ou talvez ambos, que estabeleciam o estilo. Ele ou eles decidiam que espécie de som a adotar, como poderia ser realizado, e como seria apresentado. Em segundo lugar, os músicos de uma banda, seus sidemen, como costumavam ser chamados, desempenhavam papéis importantes. Sua aptidão para tocar os arranjos era, naturalmente, de vital importância e, em algumas bandas, os líderes, que dependiam de seus solos, ouviam e aceitavam com frequência suas sugestões. Em terceiro lugar, os cantores (ou vocalistas como se dizia) muitas vêzes contribuíam para firmar a popularidade de uma banda, em alguns casos, até ultrapassando-a, o que aconteceu, por exemplo, com Frank Sinatra na banda de Tommy Dorsey ou Doris Day na banda de Les Brown.

Frank Sinatra

Frank Sinatra

Tommy Dorsey e sua orquestra e o crooner Frank Sinatra

Tommy Dorsey e Frank Sinatra

Les Brown e Doris Day

Les Brown e Doris Day

Porém, de todos os fatores envolvidos no sucesso de uma banda, nenhum igualava em importância o papel desempenhado pelos próprios líderes. Em torno dele girava a música, os músicos, os vocalistas os arranjadores e todos os elementos comerciais envolvidos na administração de uma banda, cabendo-lhe reunir essas partes componentes e com elas alcançar êxito, mediocridade ou fracasso.

Como observou George T. Simon (comentarista e depois editor-chefe da revista especializada Metronome entre 1935 e 1955) em The Big Bands (Schirmer Books, 1981 – 4a ed.), livro sem o qual eu não poderia escrever boa parte deste artigo, alguns bandleaders eram completamente devotados à música, outros inteiramente ao dinheiro que ela podia trazer. Suas propostas variavam de acordo com sua personalidade e seu talento.

Glenn Miller e sua orquestra

Glenn Miller e sua orquestra

Benny Goodman e sua orquestra

Benny Goodman e sua orquestra

Artie Shaw e sua orquestra

Artie Shaw e sua orquestra

Alguns líderes (v.g. Glenn Miller, Benny Goodman, Artie Shaw, Tommy Dorsey) exigiam de seus grupos um trabalho árduo, para atingir a perfeição ou algo próximo,  porque achavam que somente assim poderiam realizar seus objetivos artísticos e comerciais.

Woody Herman e sua orquestra

Woody Herman e sua orquestra

Duke Ellington e sua orquestra

Duke Ellington e sua orquestra

Count Basie e sua orquestra

Count Basie e sua orquestra

Harry James e sua orquestra

Harry James e sua orquestra

Jimmy Dorsey e sua orquestra

Jimmy Dorsey e sua orquestra

Outros (v.g. Woody Herman, Les Brown, Duke Ellington, Count Basie, Harry James, Jimmy Dorsey), igualmente devotados a atingir altos padrões musicais e êxito financeiro, atuavam de uma maneira mais relaxada, sem pressionar suas equipes. Para ainda outros (v.g. Guy Lombardo, Kay Kyser, Sammy Kaye, Lawrence Welk), a música parecia ser menos uma arte e mais um produto a ser embalado com brilho e promovido inteligentemente.

Guy Lombardo e sua orquestra

Guy Lombardo e sua orquestra

Kay Kyser e sua orquestra

Kay Kyser e sua orquestra

Lawrence Welk e sua orquestra

Lawrence Welk e sua orquestra

Os dias áureos das big bands eram excitantes e gratificantes para os músicos mais importantes. As maiores recompensas – o reconhecimento e os melhores salários – chegavam rapidamente para aqueles que, além de tocar seus instrumentos extraordinariamente bem, conseguiam se comunicar facilmente com o público. Entre eles estavam a maioria dos grandes solistas. Eventualmente, muitos deles como Harry James, Lionel Hampton, Gene Krupa, Charlie Spivak, Bunny Berigan e Tony Pastor tornaram-se líderes de sucesso. Outros, como Ziggy Elman da banda de Benny Goodman, Johnny Hodges da banda de Duke Ellington, Budd Freeman da banda de Tommy Dorsey, Tex Beneke da banda de Glenn Miller continuaram como sidemen durante a era das big bands, retribuídos generosamente pelos seus líderes e pela adulação de seus fãs.

Lionel Hampton

Lionel Hampton

Gene Krupa

Gene Krupa

Numerosas circunstâncias, sobre nenhuma das quais os vocalistas exerciam contrôle, muitas vêzes determinavam como um cantor era ouvido e, no final das contas, com ele poderia obter sucesso. Alguns cantores eram obrigados a se desviar do seu alcance vocal, porque um arranjador cometeu um erro ou porque eles foram incumbidos de cantar de acordo com arranjos herdados de predecessores, que tinham outra altura de voz.

Rítmos também podiam ajudar ou prejudicar os vocalistas. Frequentemente os líderes sacrificavam o canto em proveito da dança e os cantores, masculinos e femininos, poderiam ser forçados a apressar seus refrões, a ponto de algumas vezes tornar as palavras ininteligíveis.

E havia ainda outros fatores que os cantores tinham que superar – pianos e orquestras desafinados ou que tocavam muito alto, sistemas de amplificação de som deficientes – assim como problemas puramente físicos, tais como manter a garganta sempre em condição (resfriados e falta de sono eram mortais) e se apresentar bem vestido  apesar da falta de dinheiro.  

Com as cantoras alguns dos motivos físicos eram ainda mais importantes. Boa aparência, vestidos atraentes e, é claro, equilíbrio, eram tão vitais para o sucesso quanto o próprio talento. Uma jovem solteira no meio de um bando de homens certamente encontrava certos obstáculos. Se o seu líder tinha inclinação para conquistador, como alguns deles eram, as dificuldades aumentavam em proporção às suas pretensões e / ou ao seu ardor. A vocalista tinha que ser diplomática ao lidar não somente com os homens interessados em atividades extracurriculares, mas também com o grupo como um todo nas relações usuais do dia-a-dia.

Peggy Lee e Dave Barbour

Peggy Lee e Dave Barbour

 Algumas cantoras casaram-se com músicos da mesma banda (v.g. Doris Day casou-se com o saxista de Les Brown, George Weidler; Peggy Lee casou-se com o guitarrista de Benny Goodman, Dave Barbour; Jo Stafford casou-se com o arranjador de Tommy Dorsey, Paul Weston) e outras contraíram matrimônio com seus patrões (v.g. Harriet Hilliard com Ozzie Nelson; Georgia Carroll com Kay Kyser; Irene Day com Charlie Spivak; An Richards com Stan Kenton). E não posso esquecer de Abbe Lane, que contraiu matrimônio com o  violinista hispano-americano Xavier Cugar, líder da orquestra muito visto nos musicais da MGM na década de quarenta.

Perry Como

Perry Como

Dick Haymes e Helen Forrest

Dick Haymes e Helen Forrest

Jo Stafford

Jo Stafford

Billy Ekstine

Billy Ekstine

Quando as big bands começaram a entrar em decadência em meados dos anos quarenta foram seus vocalistas – especialmente aqueles com maior talento e inteligência – que emergiram como grandes astros. Entre os homens estavam Frank Sinatra, Perry Como, Dick Haymes, Billy Eckstine, Vaughn Monroe, Joe Williams, Merv Griffin, Mike Douglas, Eddy Howard, Don Cornell, Johnny Desmond. Entre as mulheres, incluíam-se Peggy Lee, Doris Day, Ella Fitzgerald, Jo Stafford, Kay Starr, Sarah Vaughn, Betty Hutton, Helen Forrest, Anita O’Day, June Christy, Connie Haines, Diana Washington, Lena Horne e, é claro, Billie Holiday (que fôra band singer de Count Basie e Artie Shaw por períodos bem curtos) e Mildred Bailey (que iniciara sua carreira antes mesmo da maioria das big bands).

SARAH VAUGHN

Sarah Vaughn

Ella Fitzgerald

Ella Fitzgerald

Lena Horne

Lena Horne

Billie Holiday

Billie Holiday

Nos anos que se seguiram imediatamente à era das big bands e precedendo a dos  rock and rollers  (mais ou menos de 1947 a 1953) praticamente todo grande cantor com a exceção de Nat King Cole, Dinah Shore e Kate Smith, vieram das big bands.

Até Bing Crosby, firmemente estabelecido como o cantor mais notável do mundo na ocasião em que as big bands começaram a despontar  em 1935, já havia recebido sua experiência  e educação musical nas orquestras de Paul Whiteman e Gus Arnheim.

Nat Cole

Nat Cole

BIng Crosby, Dinah Shore e um soldado durante a 2a Guerra Mundial

Bing Crosby, Dinah Shore e um soldado durante a 2a Guerra Mundial

asa kate smith

Até Bing Crosby, firmemente estabelecido como o cantor mais notável do mundo na ocasião em que as big bands começaram a despontar em 1935, já havia recebido sua experiência e educação musical nas orquestras de Paul Whiteman e Gus Arnheim.

Bing Crosby (extrema direita) na orquestra de Gus Arnheim

Bing Crosby (extrema direita) na orquestra de Gus Arnheim

Bing Crosby

Bing Crosby

Para George T. Simon, tudo começou com Benny Goodman. Foi a sua banda que iluminou todo o cenário para as big bands. Ele foi o primeiro músico realmente importante a preencher a lacuna existente entre os líderes e suas bandas e o público em geral. “Benny e seu clarinete”- disse Simon –  “tornaram-se um símbolo, uma linha direta de comunicação entre os que estavam no palco e os que se reuniam para assistir, idolatrar, dançar e ouvir – em pessoa, através de discos ou pelo radio”.

Paul Whiteman e sua orquestra

Paul Whiteman e sua orquestra

Fred Waring e sua orquestra

Fred Waring e sua orquestra

Abe Lyman e sua orquestra

Abe Lyman e sua orquestra

Antes de Benny haviam existido muitas big bands. A mais importante entre as mais antigas foi a de Paul Whiteman, seguindo-se as de Art Hickman, Ben Selvin, Vincent Lopez, Fred Waring, Coon-Sanders, Don Bestor and the Benson Orchestra, Abe Lyman, Eddie Elkins, Art Landry, Bert Lown, George Olsen, Don Voorhees, Leo Reisman, Jan Garber, Paul Ash, Paul Specht, Paul Tremaine e tantas outras. Muitas das mais criativas e excitantes bandas dos meados dos anos vinte foram algumas black bands, destacando-se as de Duke Ellington, Fletcher Henderson, Jimmie Lunceford, William McKinney (McKinney’s Cotton Pickers), Bennie Moten, Jean Goldkette, Ben Pollack.

Jimmie Lunceford e sua orquestra

Jimmie Lunceford e sua orquestra

Em 1929, aconteceram o Colapso da Bôlsa e a Depressão. O clima e a música do país mudaram. Os gostos musicais das pessoas refletiram-se na aceitação de crooners como Rudy Vallee, Will Osborne, Bing Crosby e Russ Columbo e na preferência por música de dança, que encorajava o romance, o sentimento e o escapismo. Foi uma época que estimulou as bandas suaves – Guy Lombardo e seus Royal Canadians, Hal Kemp, Isham Jones, Eddy Duchin, Ozzie Nelson e sua girl singing Harriet Hilliard, Wayne King. 

Guy Lombardo e sua orquestra

Guy Lombardo e sua orquestra

Eddie Duchin ao piano e orquestra

Eddie Duchin ao piano e orquestra

Despercebida a princípio pelo público em geral, embora impressionando os músicos e os fãs de jazz desde 1930, a Casa Loma Orchestra, dirigida por Glenn Gray, entremeava sons do swing com belos arranjos de baladas, executadas por instrumentistas vestidos sofisticadamente. Foi este grupo que preparou a emergência das bandas de swing e eventualmente o florescer de toda a era das big bands.

GlennGray e Casa Loma Orchestra

GlennGray e Casa Loma Orchestra

Em 1934, outras turmas musicais também estavam produzindo sons atraentes: os irmãos Dorsey, ainda um pouco na sombra; Ray Noble, vindo da Inglaterra, e Benny Goodman. Em 1935, surgiu a grande chance para Goodman, quando ele apareceu em um show semanal de sábado à noite, transmitido de costa-a-costa e, pela primeira vez, a América pôde ouvir uma banda de swing realmente admirável.

Ray Noble e sua orquestra

Ray Noble e sua orquestra

O sucesso de Goodman abriu caminho para outros. Os irmãos Dorsey subitamente encontraram uma boa acolhida, primeiramente em dupla e depois individualmente. Vários instrumentalistas excelentes que estavam estavam escondendo seu talento no rádio e nos estúdios de gravação, emergiram em frente de suas próprias bandas – Artie Shaw, Bunny Berigan, Glenn Miller, Will Bradley, Charlie Spivak, Jack Jennet e outros mais.

Jack Tiegarden e sua orquestra

Jack Teagarden e sua orquestra

Do campo do jazz puro vieram mais líderes – Jack Teargarden, Count Basie, Charlie Barnet, Red Norvo e outros. E, eventualmente, das fileiras das novas bandas de swing chegaram mais outros como os três famosos graduados de Goodman, Gene Krupa, Lionel Hampton e Harry James e os alunos de Artie Shaw, Tony Pastor e Georgie Auld.

Charlie Spivak

Charlie Spivak e seu trompete

Claude Thornhill e seu piano

Claude Thornhill e seu piano

Hal McIntyre e seu

Hal McIntyre e seu saxofone alto

Freddy martin e seu saxofone

Freddy Martin e seu saxofone tenor

Nem todos eles eram músicos de jazz no sentido estrito. Com a ênfase mudada para o líder da banda e o intrumento que ele tocava, outros instrumentalistas que se comunicavam de uma maneira mais romântica e muito pessoal, ganharam seguidores – Charlie Spivak e seu trompete, Claude Thornhill e seu piano, Hal McIntyre e seu saxophone alto, Freddy Martin e seu saxofone tenor, e todos os imitadores do piano de Eddie Duchin.

Major Glenn Miller divertindo os pracinhas

Orquestra do Major Glenn Miller divertindo os pracinhas

Em 1942, muitos líderes e músicos alistaram-se nas Forças Armadas entre eles Dean Hudson, Artie Shaw, Eddy Duchin, Claude Thornhill, Ted Weems, Bob Crosby, Glenn Miller e outros. Sua contribuição para o esforço de guerra foi massiva. A de Glenn Miller tornou-se legendária. Ao voar da Inglaterra para Paris, seu avião desapreceu, não tendo sido encontrados destroços nem os corpos de seus ocupantes.

Tenente Eddie Duchin

Tenente Eddie Duchin

Outros líderes e músicos ainda como civís prestaram serviço em atividades recreativas para os soldados nos quartéis e algumas bandas excursionaram com as unidades da USO (United Service Organizations) divertindo as tropas no exterior. As moças na frente doméstica e os rapazes no além-mar ou nos acampamentos  sentiam-se igualmente solitários, igualmente sentimentais, e preferiam ouvir Frank Sinatra ou Peggy Lee cantando em voz baixa em vez do som alto do trompete de Harry James ou dos tambores de Gene Krupa.

O momento era propício para os cantores com suas mensagens mais personalizadas e a greve dos músicos contra as gravadoras (1942-1944) ajudou-os,  deixando todo o campo de gravação popular aberto para eles.

bandas ANDY RUSSELL

No final da guerra, o mundo da música popular havia se tornado principalmente o mundo dos cantores. Não somente nos discos, mas também nos programas radiofônicos, anteriormente dominados pelas grandes bandas, Frank Sinatra, Perry Como, Dick Haymes, Nat Cole, Andy Russell, Dinah Shore, Jo Stafford, Peggy Lee e outros haviam substituido Glenn Miller, Harry James, Tommy Dorsey, Benny Goodman e outras bandas como principais atrações.

A excitação e sentimento geral de celebração que se seguiu ao armistício, somado ao retorno da maioria dos grandes músicos e líderes, trouxe um certo alento para as big bands. Porém os novos gôstos haviam se firmado.  A idéia de sair de casa para ouvir uma big band tornou-se menos atraente tendo em vista os preços que os lugares noturnos estavam cobrando para que pudessem pagar os salários mais altos e as despesas com transporte, além da taxa de diversão de 20% que fôra imposta durante a guerra e ainda continuava sendo cobrada. Além disso, os americanos haviam se tornado mais apreciativos da vida no lar e logo veio o maior de todos  os divertimentos domésticos – a televisão.

Ina Ray Hutton and Her Melodears

Ina Ray Hutton and Her Melodears

Finalmente, em dezembro de 1946, dentro de poucas semanas, oito dos maiores bandleaders da nação encerraram suas atividades – alguns temporariamente, outros permanentemente: Benny Goodman, Woody Herman, Harry James, Tommy Dorsey, Les Brown, Jack Teagarden, Benny Carter e Ina Ray Hutton (and Her Melodears). Por um ano ainda as bandas persistiram, mas lentamente, mais e mais começaram a pendurar suas trompetas e tambores para sempre, e o mundo, que antes era delas, tornou-se agora  propriedade de um grupo de seus diplomados mais ilustres – os cantores!

Cena de Jammin' the Blues

Cena de Jammin’ the Blues

Como não podia deixar de acontecer, Hollywood decidiu investir na popularidade das grandes bandas, incluindo-as em filmes de longa-metragem. Alguns deles colocaram-nas em tramas e situações ridículas e inverossímeis e outros apresentaram-nas como elas realmente eram. Certas companhias realizaram também shorts, alguns dirigidos com inteligência. A Warner produziu Symphony of Swing / 1939, Jammin’ the Blues / 1944 e a “Melody Masters” Series, na qual Jean Negulesco, com o auxílio dos fotógrafos, George Barnes e Charles Rosher, fizeram malabarismos usando espelhos e ângulos bizarros.  A Universal rodou a série Name Band Musical. A Paramount realizou Paramount Headliners. A Columbia tinha uma série denominada Community Sing, que passou no Brasil sob o título de O Mundo Canta e não era especificamente sobre bandas, dela constando apenas Gene Morgan e sua orquestra. Em 1938, a MGM mandou George Sidney a Forth Worth, Texas para filmar a Billy Rose’s Casa Mañana Revue, show estrelado pela bailarina Harriet  Hoctor. A RKO fez Let’s Make Rhythm / 1946. A Fox apresentou Movietone Melodies.

bandas caca manan poster

A Soundies Distributing Corporation of America, por sua vez, divulgava as bandas através dos soundies (filmes de 16mm com duração de 3 minutos exibidos nas juke boxes). No catálogo da Castle Films encontra-se a série Band Parade, cada item combinando três números musicais de 3 minutos dos shorts da série Name Band Musical da Universal em 9 minutos.

Depois que a era das big bands acabou e segmentos do público começaram a pensar nostalgicamente no que haviam perdido, algumas empresas cinematográficas resolveram fazer filmes biográficos sobre os grandes artistas como os Dorseys, Eddie Duchin, Benny Goodman, Red Nichols, Glenn Miller.

 

                                                                    FILMOGRAFIA

1930

O Rei do Jazz / King of Jazz. Paul Whiteman.

Check and Double Chek. Duke Ellington.

Ex-Flame. Louis Armstrong.

Paul Whiteman e sua orquestra em O Rei do Jazz

Paul Whiteman e sua orquestra em O Rei do Jazz

1932

Ondas Musicais / The Big Broadcast. Cab Calloway; Vincent Lopez.

 1933

Sweetheart of Sigma Chi. Ted Fio Rito.

Torre de Babel / International House . Cab Calloway.

1934

Muitas Felicidades / Many Happy Returns. Guy Lombardo.

Vinte Milhões de Namoradas / Twenty Million Sweethearts. Mills Brothers; Ted Fio Rito.

Dick Powell, Ginger Rogers e Ted Fio Rito em Vinte Milhões de Namoradas

Dick Powell, Ginger Rogers e Ted Fio Rito em Vinte Milhões de Namoradas

 1935

Ondas Sonoras / The Big Broadcast of 1936. Ray Noble. 

1936

Ondas Sonoras de 1937 / The Big Broadcast of 1937. Benny Goodman.

Dinheiro do Céu / Pennies from Heaven. Louis Armstrong.

Canta e Serás Feliz / The Singing Kid. Cab Calloway

1937

Artistas e Modelos / Artists and Models. Louis Armstrong.

Adorável Impostora / Dancing Co-Ed.  Artie Shaw.

Hollywood Hotel / Hollywood Hotel. Benny Goodman, Raimond Paige.

Artistas em Folia / Manhattan Merry-Go-Round. Ted Lewis, Cab Calloway, Louis Prima.

Aprenda a Sorrir / Varsity Show. Fred Waring.

arroz VAROSITY SHOW BEST

1938

Mocidade Gloriosa / Start Cheering. Louis Prima; Johnny Green.

Coragem a Muque / Going Places. Louis Armstrong.

1939

Garota Apaixonada / Some Like It Hot. Gene Krupa.

O Caloteiro / So’s Your Uncle. Jack Teagarden, Jan Garber.

Isso Mesmo, Está Errado! / That’s Right, You’re Wrong. Kay Kyser.

Paulette Goddard e Fred Astaire em

Paulette Goddard e Fred Astaire em Amor de Minha Vida

Artie Shaw e sua orquestra em Amor da Minha Vida

Artie Shaw e sua orquestra em Amor da Minha Vida

 1940

O Rei da Alegria / Strike Up the Band. Paul Whiteman.

Amor da Minha Vida / Second Chorus. Artie Shaw.

O Palácio dos Espíritas / You’ll Find Out. Kay Kyser.

Dois Romeus Enguiçados / Playmates. Kay Kyser.

Desfile Triunfal / Hit Parade of 1941. Jan Garber.

1941

Bola de Fogo / Ball of Fire. Gene Krupa.

Sinfonia Bárbara/ Birth of the Blues. Jack Teagarden.

Uma Canção para Você / Blues in the Night. Jimmie Lunceford; Will Osborne.

Quero Casar-me Contigo / Sun Valley Serenade. Glenn Miller.

Glenn Miller e sua orquestra em

Glenn Miller e sua orquestra em Quero Casar-me Contigo

ana SUN VALLEY SERENADE POSTER

Entra no Cordão / Time Out for Rhythm. Glen Gray e Casa Loma Orchestra.

Noites de Rumba / Las Vegas Nights. Tommy Dorsey.

Vamos Compor Música / Lets Make Music. Bob Crosby.

A Namorada do Colégio / Sweetheart of the Campus. Ozzie Nelson.

Ruby Keeler e Ozzie Nelson e sua orquestra em Sweetheart of the Campus

Ruby Keeler e Ozzie Nelson e sua orquestra em Sweetheart of the Campus

 1942

Duas Semanas de Prazer / Holiday Inn. Bob Crosby.

Bodas no Gelo/ Iceland. Sammy Kaye.

 Rainha das Melodias/ Juke Box Jenny. Charlie Barnet.

 O Prefeito da Rua 44 / Mayor of 44th Street. Freddy Martin.

 Aspirante a Músico / Strictly in the Grove. Ozzie Nelson.

 Minha Espiã Favorita / My Favorite Spy. Kay Kyser.

ARROZ ORCHESTRA ORCHESTRA

Serenata Azul / Orchestra Wives. Glenn Miller.

Private Buckaroo. Harry James.

Cavalgada de Melodias / Syncopation. Charlie Barnet; Benny Goodman, Harry James, Alvino Rey, Gene Krupa, Joe Venuti.

Minha Secretária Brasileira / Springtime in the Rockies. Harry James.

Alvorada da Alegria / Reveille with Beverly. Bob Crosby; Freddie Slack; Duke Ellington; Count Basie.

Rua das Ilusões / The Big Street. Ozzie Nelson.

Rhythm Parade. Mills Brothers, Ted Fio Rito.

Tudo por um Beijo / The Fleet’s In. Jimmy Dorsey.

asa THE FLEET'S IN

Sete Dias de Licença / Seven Days Leave. Les Brown; Freddie Martin.

Barulho a Bordo / Ship Ahoy. Tommy Dorsey; The Pied Pipers.

Dois Herdeiros e um Trapaceiro / Sing Your Worries Away. Alvino Rey.

De Que Se Trata? / What’s Cookin’. Woody Herman.

Bonita Como Nunca / You Were Never Lovelier. Xavier Cugat.

Mania Musical / Strictly in the Groove. Ozzie Nelson

 1943

Carmen Miranda em Entre a Loura e a Morena

Carmen Miranda em Entre a Loura e a Morena

Entre a Loura e a Morena / The Gang’s All Here. Benny Goodman.

Herança Mágica / Swing Fever.  Kay Kyser

A Filha do Comandante / As Thousands Cheers. Kay Kyser; Bob Crosby; Benny Carter.

Noivas de Tio Sam / Stage Door Canteen. Guy Lombardo; Benny Goodman; Xavier Cugat; Freddy Martin; Count Basie; Kay Kyser.

Rainha dos Corações / Best Foot Forward. Harry James.

Uma Cabana no Céu / Cabin in the Sky. Duke Ellington.

Nasce o Amor / Hit Parade of 1943. Count Basie; Ray McKinley; Freddy Martin.

Louco por Saias / Girl Crazy. Tommy Dorsey.

Lily, a Teimosa / Presenting Lily Mars. Bob Crosby; Tommy Dorsey.

Here Comes Elmer. Jan Garber.

arroz STORMY WEATHER POSTER

Cab Calloway em Tempestade de Ritmos

Cab Calloway em Tempestade de Rítmo

Tempestade de Rítmo / Stormy Weather. Cab Calloway.

Pistoleiros sem Pistola / Hit the Ice. Johnny Long.

Amor Tirano / Honeymoon Lodge. Ozzie Nelson

Muralhas de Jericó/ I Dood It. Jimmy Dorsey

Melody Parade. Ted Fio Rito.

Patins de Prata / Silver Skates. Ted Fio Rito. 

Tudo por Ti / The Sky’s The Limit. Freddie Slack.

asa WHAT'S BUZZIN

O Amor Faz Das Suas / What’s Buzzin’ Cousin. Freddy Martin.

Flor de Inverno / Winter Time. Woody Herman.

Sedução Tropical / The Heat’s On. Xavier Cugat.

Casa de Loucos / Crazy House. Count Basie.

Amor e Batucada / Follow the Band. Alvino Rey.

 1944

Harry James em Escola de Sereias

Harry James em Escola de Sereias

ARROZ BATHING BEAUTY POSTEREscola de Sereias / Bathing Beauty. Harry James; Xavier Cugat.

Atlantic City / Atlantic City. Louis Armstrong.

Orgia Musical / Jam Session. Charlie Barnet; Glen Gray e Casa Paloma Orchestra; Alvino Rey; Jan Garber; Louis Armstrong; Teddy Powell; The Pied Pipers.

Mocidade Divertida / Babes of Swing Street. Freddie Slack.

Viva a Folia! / Broadway Rhythm. Tommy Dorsey.

Epopéia da Alegria / Follow the Boys. Freddie Slack; Ted Lewis; Charlie Spivak; Louis Jordan.

Vênus e Companhia / Gals Incorporated. Glen Gray e Casa Paloma Orchestra, The Pied Pipers.

arroz MEET MTHE PEOPLE MEET

Dê-se Com a Gente  / Meet the People. Spike Jones; Vaughn Monroe.

Um Sonho em Hollywood / Hollywood Canteen. Jimmy Dorsey, Carmen Cavallaro.

Pequena do Cabaré / Hat Check Honey. Freddie Slack; Ted Weems; Harry Owens.

Olá, Beleza! / Hi Good Lookin. Ozzie Nelson; Jack Teagarden.

Casei-me por Engano / Music in Mahattan. Charlie Barnet.

asa SENSATIONS

Sensações de 1945 / Sensations of 1945. Woody Herman; Cab Calloway.

7 Dias Para Amar / Seven Days Ashore. Freddie Slack; Freddy Fisher.

Explosão Musical / Sweet and Lowdown. Benny Goodman.

Sweethearts of the USA. Jan Gaber.

Dono do Seu Destino / Take It Big. Ozzie Nelson.

Xavier Cugar em Duas Garotas e um Marujo

Xavier Cugar em Duas Garotas e um Marujo

Duas Garotas e um Marujo / Two Girls and a Sailor. Harry James; Xavier Cugat.

Idílio Sincopado / Carolina Blues. Kay Kyser.

Xerife Trovador / The Singing Sheriff. Spade Cooley.

1945

ana thrill thrill

Paixão em Jogo / Thrill of a Romance. Tommy Dorsey.

Que Falta faz Um Marido / Pillow to Post. Louis Armstrong.

 1946

A Professora  se Diverte / Do You Love Me?. Harry James.

Música, Maestro! / Make Mine Music. Benny Goodman.

Sem Licença Nem Amor / No Leave, No Love. Xavier Cugat.

Ruby Keeler e Ozzie Nelson e sua orquestra em Sweetheart on the Campus

Ruby Keeler e Ozzie Nelson e sua orquestra em Sweetheart on the Campus

Xavier Cugat e sua orquestra no Waldorf Astoria

Xavier Cugat e sua orquestra no Waldorf Astoria

Aquí Começa a Vida / Weekend at the Waldorf. Xavier Cugat.

Se Eu Fosse feliz / If I’m Lucky. Harry James.

Um Parecido Infernal / Freddie Steps Out. Charlie Barnet.

Uma Pequena Ideal / Idea Girl. Charlie Barnet.

Canção da Alvorada / Riberboat Rhythm. Frankie Carle.

1947

Sinfonia Romântica / Beat the Band. Gene Krupa.

Carnegie Hall / Carnegie Hall. Vaughn Monroe.

Romance, Sorriso e Música / Hit Parade of 1947. Woody Herman.  

arroz HI DE DO POSTER

Cab Calloway em Hi-De-Do

Cab Calloway em Hi-De-Do

HI-De-Ho. Cab Calloway.

New Orleans / New Orleans. Louis Armstrong, Woody Herman.

Férias Atribuladas / Sarge Goes to College. Russ Morgan.

Os Fabulosos Dorseys / The Fabulous Dorseys. Biog. Irmãos Dorsey. Paul Whiteman, Charlie Barnet.

Aquela Mulher Ingrata / Ladie’s Man. Spike Jones.

Saudade de Teus Lábios / This Time for Keeps. Xavier Cugat.

 1948

O Príncipe Encantado / A Date With Judy. Xavier Cugat.

Romance em Ritmo / Glamour Girl. Gene Krupa.

Jane Powell e orquestra de Xavier Cugat em Transatlântico de Luxo

Jane Powell e orquestra de Xavier Cugat em Transatlântico de Luxo

Transatlântico de Luxo / Luxury Liner. Xavier Cugat.

A Canção Prometida / Song is Born. Benny Goodman; Tommy Dorsey; Louis Armstrong; Lionel Hampton; Charlie Barnet; Mel Powell.

Tempo de Melodia / Melody Time. Fred Waring; Freddy Martin.

Numa Ilha Com Você / On An Island With You. Xavier Cugat.

1949

Amor e Melodia / Make Believe Ballroom. Gene Krupa, Charlie Barnet, Jimmy Dorsey, Jan Garber, Pee Wee Hunt, Ray McKinley.

Make Mine Laughs. Frankie Carle.

A Filha de Netuno / Neptune’s Daughter. Xavier Cugat.

Ricardo Montalban e Esther Williams em A Filha de Netuno

Ricardo Montalban e Esther Williams em A Filha de Netuno

Xavier Cugat e sua orquestra em A Filha de Netuno

Xavier Cugat e sua orquestra em A Filha de Netuno

 1950

De Corpo e Alma / I’ll Get By. Harry James.

 1951

Amei e Errei / The Strip. Louis Armstrong.

1954

James Stewart em Música e Lágrimas

James Stewart em Música e Lágrimas

Cena de Música e Lágrimas

Cena de Música e Lágrimas

Música e Lágrimas / The Glenn Miller Story. Biog. Glenn Miller.

1956

Cena de A Música Inesquecível de Benny Goodman

Steve Allen em A Música Irresistível de Benny Goodman

A Música Irresistível de Benny Goodman / The Benny Goodman Story. Biog. Benny Goodman.

Alta Sociedade / High Society. Louis Armstrong. 

1957

Rockabilly Baby. Les Brown.

1959

cena de A Lágrima que Faltou

Danny Kaye em A Lágrima que Faltou

Sal Mineo em O Rei do Rítmo

Sal Mineo em O Rei do Rítmo

A Lágrima que Faltou / The Five Pennies. Louis Armstrong. Biog. Red Nichols.

O Rei do Rítmo / The Gene Krupa Story. Biog. Gene Krupa.

A Noite dos Malditos / The Beat Generation. Louis Armstrong.