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CLARENCE BROWN II

Em 1935, sob a produção de David O. Selznick, Greta Garbo e Clarence Brown fizeram Anna Karenina / Anna Karenina, adaptação muito bem feita do romance de Tolstoi. Orientada delicadamente por Brown, a atriz deu vida à personagem trágica, por meio de uma interpretação que se destaca por um ar distante e um olhar frio, próprio de uma mulher forte que enfrenta as convenções sociais. Sem a preocupação de abranger todos os acontecimentos de uma obra literária bastante longa, Clemence Dane, Salka Viertel e S N Behrman (diálogos) conseguiram construir um roteiro tenso e compacto que, tratado por meio de uma linguagem cinematográfica impecável, flui maravilhosamente até o desfecho terrível.

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Greta Garbo e Fredric March em Anna Karenina

Greta Garbo e Fredric March em Anna Karenina

Com valores de produção de primeira ordem – notável fotografia em preto e branco de William Daniels (indicado para o Oscar); direção de arte suntuosa de Cedric Gibbons e seus colaboradores; lindo score de Herbert Stothart acrescido de trechos de composições de Tchaikowky, entre elas o Romance op. 6, n. 6 (Apenas um Coração Solitário); figurinos luxuosos de Adrian; um bom elenco em torno da “Divina” (Fredric March, Basil Rathbone, Maureen O’Sullivan, Freddie Bartholomew etc.); e cenas antológicas (v. g. a primeira aparição de Anna saindo do meio da fumaça de uma locomotiva; o banquete; o encontro de Anna e Vronski no jardim sob um caramanchão florido; o baile; a corrida de cavalos no prado; Karenin dizendo ao filho angustiado que sua mãe está morta; a ópera com as danças folclóricas; o suicídio na estação de trem) – , este filme se impõe como um dos melhores do currículo do diretor.

Clarence Brown dirige Anna Karenina

Clarence Brown dirige Anna Karenina

Basil Rathbone e Greta Garbo em Anna Karenina

Basil Rathbone e Greta Garbo em Anna Karenina

Cena de Anna Karenina

Cena de Anna Karenina

Greta Garbo e Fredric March em Anna Karenina

Greta Garbo e Fredric March em Anna Karenina

Antes de ser emprestado para a Twentieth Century-Fox, Brown fez mais seis filmes na MGM: Fúrias do Coração / Ah! Wilderness / 1935, Ciúmes / Wife VS. Secretary / 1936, Mulher Sublime / The Gorgeous Hussy / 1936, O Romance de Madame Walewska / Conquest / 1937, Ingratidão / Of Human Hearts / 1938 e Este Mundo Louco / Idiot’s Delight / 1938

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Comédia dramática nostálgica, baseada na peça de Eugene O’Neill, Fúrias do Coração retrata os problemas da adolescência e os valores familiares em uma pequena cidade do interior na Nova Inglaterra, acompanhando as angústias e confusões de um jovem idealista, Richard Miller (Eric Linden) durante o período que vai da sua formatura até o feriado do Quatro de Julho, no seu caminho para a idade adulta.

Wallace Beery e Lionel Barrymore em Fúrias do Coração

Wallace Beery e Lionel Barrymore em Fúrias do Coração

Eric Linden e Cecilia Parker em Fúrias do Coração

Eric Linden e Cecilia Parker em Fúrias do Coração

Mickey Rooney e Wallace Beery em Fúrias do Coração

Mickey Rooney e Wallace Beery em Fúrias do Coração

Aline MacMahon e Wallace Beery em Fúrias do Coração

Aline MacMahon e Wallace Beery em Fúrias do Coração

Richard mora com os pais (Lionel Barrymore, Spring Byington); sua irmã, Mildred (Bonita Granville); seus irmãos, o universitário Arthur (Frank Albertson) e o mais moço, Tommy (Mickey Rooney); a tia solteirona (Aline MacMahon), irmã da mãe de Richard; e o tio Sid (Wallace Beery), irmão do pai de Richard e alcoólatra desempregado – e o conflito tem início quando o pai da namorada de Richard, Muriel (Cecilia Parker), fica sabendo que o rapaz escreveu para sua filha uma “poesia inapropriada” (citando frases de Omar Khayám e Swinburne) e a obriga a desfazer sua amizade com ele. Revoltado, Richard vai para um bar, onde descobre o álcool e os artifícios de uma mulher de vida livre; porém, após ouvir os conselhos do tio Sid, ele percebe rapidamente que seu coração pertence a Muriel, e alcança a maturidade. Brown narra com bom humor esse rito de passagem, extraindo dos seus intérpretes a graça e humanidade necessárias; porém em certas passagens percebe-se algum resquício teatral.

Jean Harlow, Clark Gable, Myrna Loy em Ciúmes

Jean Harlow, Clark Gable e Myrna Loy em Ciúmes

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Jean Harlow e Myrna Loy em Ciúmes

Jean Harlow e Myrna Loy em Ciúmes

Em Ciúmes, o tema banal e corriqueiro – as atenções de um editor, Van Stanhope (Clark Gable) para com sua dedicada secretária, Helen (Jean Harlow) despertam o ciume da esposa Linda (Myrna Loy), estimulado pela sogra (May Robson) – é valorizado pela direção sem tempos mortos de Brown e pelo desempenho do trio de astros. Ao contrário do que ocorre normalmente no tratamento desse triângulo, existe uma certa alquimia entre o patrão e sua datilógrafa, um ciúme que cresce no coração da esposa, mas isto não resulta em adultério. Van não está disposto a sacrificar sua felicidade conjugal com Linda e será justamente Helen que tentará reconciliar o casal, embora esteja ardendo de desejo pelo seu belo patrão. No final, tudo entra nos eixos com uma certa lucidez de cada uma das partes.

Joan Crawford e Robert Taylor em Mulher Sublime

Joan Crawford e Robert Taylor em Mulher Sublim

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James Stewart, Joan Crawford e Robert Taylor em Mulher Sublime

James Stewart, Joan Crawford e Robert Taylor em Mulher Sublime

Mulher Sublime é um drama histórico enfocando a vida amorosa de Peggy O’Neal (Joan Crawford), sua amizade e influência sobre o Presidente dos Estados Unidos, Andrew Jackson (Lionel Barrymore). Os valores de produção são melhores do que o script com Crawford vestida elegantemente por Adrian e namorando um punhado de astros (Melvyn Douglas, Robert Taylor, Franchot Tone, James Stewart). Sente-se o toque poético de Brown nas cenas do relacionamento de Jackson com a esposa, muito bem interpretada por Beulah Bondi (indicada para o Oscar, juntamente com o fotógrafo George Folsey); porém a deficiência do roteiro prejudica o espetáculo, tornando-o monótono.

Charles Boyer e Greta Garbo em Madame Walewska

Charles Boyer e Greta Garbo em O Romance de Madame Walewska

O Romance de Madame Walewska põe em relêvo o relacionamento amoroso entre a Condessa Maria Walewska (Greta Garbo) e Napoleão (Charles Boyer). Embora a História tivesse sido modificada pela necessidade de dramaturgia do filme, este conserva uma certa realidade histórica com relação aos lugares e aos acontecimentos. Brown, parte do princípio de que o público já conhece a História e, para não arrastar o andamento da narrative, faz alguns saltos no tempo, concentrando-se nos episódios em que há uma evolução real na relação entre Napoleão e Maria.

Clarence Brown dirigindo Madama Waleswka

Clarence Brown dirigindo O Romance de Madama Waleswka

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Greta Garbo e Charles Boyer em Madame Walewska

Greta Garbo e Charles Boyer em O Romance de Madame Walewska

Dispondo de um orçamento vultuoso e apoiado por um equipe da qual fazem parte o Diretor de Arte Cedric Gibbons e seu associado William A. Harnung, o músico Herbert Stothart, o figurinista Adrian (que não dispensa as jóias de Eugene Joseff) e do experimentado fotógrafo Karl Freund, o diretor criou um espetáculo opulento e nas cenas íntimas prevalece a arte interpretativa de Greta Garbo e Charles Boyer, que estão presentes praticamente em todas as cenas. Ela, como sempre, enquadrada em formosos close-ups. “És um ser de carne e de sangue ou um fantasma vindo da neve?”, pergunta Napoleão àquela que será sua amante polonesa, quando a vê pela primeira vez. Porém, para os espectadores, a “Divina” surge logo no início do filme diante dos cossacos que invadiram o castelo de seu marido, sob as sombras expressionistas provocadas pelas luzes de Freund.

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Uma cena bem forte ocorre quando Napoleão pretende se divorciar de Josefina e Maria fica grávida; ela vai contar ao imperador sobre o bebê, mas este lhe diz secamente que precisa se casar com a Arquiduquesa Maria Luísa da Austria, para ter uma dinastia. Porém há também um momento de humor quando a Condessa Pelagia (Maria Ouspenskaia), a tia senil de Maria, não reconhece o imperador, travando-se entre eles uma conversa hilariante enquanto os dois estão jogando cartas.

Walter Huston e James Stewart em Ingratidão

Walter Huston e James Stewart em Ingratidão

Walter Huston, Beulah Bondi e James Stewart em Ingratidão

Walter Huston, Beulah Bondi e James Stewart em Ingratidão

Em Ingratidão, na época da Guerra Civil americana, Jason Wilkins (James Stewart), deseja estudar medicina, mas enfrenta a resistência do pai, o pastor Ethan Wilkins (Walter Huston), que cria a família na pobreza, para servir de exemplo a seus paroquianos. Diante disso, a mãe, Mary Wilkins (Beulah Bondi) vende seus bens mais valiosos para financiar os estudos do filho. Jason vai para a Costa Leste e volta somente com a morte do pai. Em seguida, Jason se alista no exército da União e sua mãe não tem mais notícias dele. Desesperada, ela escreve ao presidente Lincoln (John Carradine), que se prontifica a ver o que aconteceu com Jason. Quando este é encontrado, o presidente repreende-o por ter sido um filho egoista, e o faz prometer que se reunirá à sua mãe, o que vem a acontecer.

Cena de Ingratidão

Cena de Ingratidão

Pintura consistente da América Rural do século XIX, esse drama histórico moralista originou-se de um projeto de estimação do diretor, e este o considerava um de seus melhores trabalhos. O filme, rodado principalmente em Lake Arrowhead, na Califórnia (onde o diretor de arte Cedric Gibbons supervisionou a construção de uma cidade de fronteira com cerca de 50 edificações, plantações de milho, hortas com repolhos, um cais e um barco a vapor), apresenta uma esplêndida foto em exteriores de Clyde de Vinna e proporcionou a Beulah Bondi uma indicação para o Oscar.

Cena de Este Mundo Louco

Cena de Este Mundo Louco

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Este Mundo Louco é uma versão confusa e desarticulada de uma peça anti- fascista e em favor da paz de Robert E. Sherwood, ganhadora do Prêmio Pulitzer de 1936, que mistura comédia sofisticada com drama politico. No enredo do filme, o ator de vaudeville Harry Van (Clark Gable), veterano da Primeira Guerra Mundial, tenta voltar ao show business e acaba participando de um número de telepatia com uma inepta e alcoólatra, Madame Zuleika (Laura Hope Crews). Durante uma tournée em Omaha, ele conhece a acrobata Irene Fellara (Norma Shearer) e eles vivem um breve romance. Vinte anos depois, quando Harry excursiona pela Europa com um grupo de dançarinas, ele e suas companheiras se vêm retidos na fronteira de um país beligerante indeterminado, que está se preparando para as hostilidades da Segunda Guerra Mundial.

Clark Gable e Norma Shearer em Este Mundo Louco

Clark Gable e Norma Shearer em Este Mundo Louco

Brown , Gable e as garotas na filmagem de Este Mundo Louco

Brown , Gable e as garotas na filmagem de Este Mundo Louco

No hotel onde ficam isolados encontram-se também um grupo de viajantes, entre os quais um pacifista exaltado, Quillery (Burgess Meredith), um cientista que está pesquisando a cura do câncer, Dr. Hugo Waldensee (Charles Coburn), um casal inglês em lua-de-mel (Peter Willes, Pat Paterson), um alemão fabricante de armas, Achille Weber (Edward Arnold) e uma aristocrata russa expatriada, que se parece muito com a Irene de duas décadas antes. O duelo de ironias entre Gable e Shearer, a pose e o sotaque dela, e as expressões dele ao ouvir suas mentiras bem como o número musical de Gable cantando “Puttin’ on the Ritz” divertem, mas isso não basta para salvar o espetáculo.

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George Brent, Myrna Loy e Tyrone Power em E As Chuvas Chegaram

George Brent, Myrna Loy e Tyrone Power em E As Chuvas Chegaram

Em 1938, a MGM emprestou Clarence Brown e Myrna Loy para a Twentieth Century-Fox (em troca de receber da Fox Tyrone Power para a filmagem de Maria Antonieta / Marie Antoinette / 1938), onde eles fizeram E As Chuvas Chegaram / The Rains Came / 1939, drama romântico-exótico inspirado no romance de Louis Bromfield com sequências espetaculares (um terremoto, uma inundação), premiadas com o primeiro Oscar a ser concedido na categoria Efeitos Especiais.

Tyrone Power e Myrna Loy em E As Chuvas Chegaram

Tyrone Power e Myrna Loy em E As Chuvas Chegaram

Em Ranchipur na Índia, durante uma festa no palácio do Marajá, Tom Ransome (George Brent) – cuja reputação de conquistador fascina a jovem Fern Simon (Brenda Joyce), filha de missionários americanos – reencontra uma antiga amante, que é agora Lady Edwina Esketh (Myrna Loy), por ter se casado com rico mas entediante Lord Esketh (Nigel Bruce). Após ter ficado a sós na recepção com Edwina em um encontro amoroso, Tom fica alarmado, quando percebe que ela decidiu conquistar seu amigo, o Major Safti (Tyrone Power), médico dedicado a ajudar os mais necessitados. As chuvas chegam e Ranchipur é abalada por um terremoto, que rompe as represas, provocando uma inundação, no decurso da qual Lord Esketh e o Marajá perdem suas vidas. Edwina se apresenta como voluntária para ajudar no hospital. Seu desprendimento faz com que o Major se apaixone por ela mas, quando Edwina se torna vítima da praga, ele não consegue salvá-la.

Myrna Loy e George Brent em E As Chuvas Chegaram

Myrna Loy e George Brent em E As Chuvas Chegaram

Brown apreciava uma fotografia bem brilhante, bem contrastada, e o fotógrafo Arthur Miller então lambuzou de óleo o cenário e os acessórios, obtendo assim um rendimento mais cintilante como o diretor queria. Uma cena serve como exemplo do instinto estético-cinematográfico formidável de Brown. Tom mostra o palácio a Edwina. Eles relembram o passado. Ele diz: ”Você ainda é encantadora. É excitante vê-la novamente. Belos close-ups de Myrna Loy. Relampeja um trovão, uma ventania balança as cortinas tênues da janela, cai a chuva, e a luz se apaga. Tom acende o isqueiro, que ilumina dois rostos cheios de paixão. Ela assopra a chama do isqueiro, e escurece.

Retornando à MGM, Brown realizou: Edison, O Mago da Luz / Edison, The Man / 1940, Aventura no Oriente / They Met in Bombaim / 1941, Pede-se um Marido / Come Live With Me / 1941, A Comédia Humana / The Human Comedy / 1943, Evocação / The White Cliffs of Dover / 1944 e A Mocidade é Assim Mesmo / National Velvet / 1944

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Indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original, Edison, o Mago da Luz é o segundo filme de um par de cinebiografias descrevendo a vida de Thomas Alva Edison, lançado depois de O Jovem Thomas Edison / Young Tom Edison / 1940, estrelado por Mickey Rooney, que conta a história da juventude do grande inventor.

Cena de Edison, o Mago da Luz

Cena de Edison, o Mago da Luz

Spencer Tracy e Rita Johnson em Edison, o Mago da Luz

Spencer Tracy e Rita Johnson em Edison, o Mago da Luz

Spencer Tracy em Edison, o Mago da Luz

Spencer Tracy em Edison, o Mago da Luz

Cena de Edison, o Mago da Luz

Cena de Edison, o Mago da Luz

Boa parte do filme ficcionaliza ou exagera os acontecimentos reais, mas a interpretação de Spencer Tracy – beneficiado por uma leve semelhança física com o biografado – dá autenticidade à figura do retratado. A cena mais lembrada é a do pedido de casamento que Edison, no andar de baixo da fábrica, faz à Mary (Rita Johnson, que trabalha no andar de cima, usando o Código Morse, cujos sinais são “traduzidos” pelos seus companheiros de trabalho. Outro bom momento ocorre quando Edison explica a Mary o que é eletricidade até a chegada do policial e a frase do inventor:”Alguém sempre interfere na ciência”. Mais para o final, instalam-se duas cenas de suspense: uma, antes da invenção do fonógrafo e outra, que precede a invenção da lâmpada elétrica, notando-se nesta um esplêndido close-up de Tracy ao lado da lâmpada acesa.

Clark Gable e Rosalind Russell em Aventura no Oriente

Clark Gable e Rosalind Russell em Aventura no Oriente

Em Aventura no Oriente, Gerald Meldrick (Clark Gable) and Anya von Duren (Rosalind Russell) são ladrões de jóias rivais em atividade na Índia. Ambos estão atrás de um colar de diamantes de propriedade da Duquesa de Beltraves (Jessie Ralph). Para conquistar a confiança da duquesa, Gerald faz-se passar por um detetive da Lloyd’s de Londres enquanto Anya finge ser uma aristocrata. Anya consegue roubar a jóia, mas Gerald se apodera dela. Eles afinal se entendem e fogem juntos do inspetor de polícia Cressney (Mathew Boulton) em um cargueiro, onde são chantageados pelo Capitão Chang (Peter Lorre). Desvencilhando-se de ambos, desembarcam clandestinamente em Hong Kong. Gerald se disfarça de capitão das tropas britânicas, para roubar um chinês rico. Eventualmente enviado para uma expedição contra os japonêses invasores, é condecorado pelos seus atos de bravura. Entretanto, o inspetor acaba prendendo o casal de larápios, que já haviam se regenerado.

Clark Gable e Rosalind Russell em Aventura no Oriente

Clark Gable e Rosalind Russell em Aventura no Oriente

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Cena de Aventura no Oriente

Cena de Aventura no Oriente

Nessa aventura cômico-romântica (que, na parte final, torna-se um filme de guerra), não há preocupação com a verossimilhança nem na intriga nem nos cenários (um oriente de fantasia e de pacotilha), nem nas situações. Mas a qualidade da realização, o rítmo imprimido à narrativa, e a dupla dinâmica formada por Clark e Rosalind, garantem uma hora e trinta e dois minutos de projeção agradáveis.

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Na trama de Pede-se um Marido, Johnny Jones (Hedy Lamarr), refugiada austríaca nos Estados Unidos, deve ser expulsa do país, a não ser que se case com um cidadão americano. Bill Smith (James Stewart), um humilde escritor sem dinheiro, concorda em receber um “empréstimo semanal” para se casar com ela, salvando-a da deportação. Mas o que Smith não sabe é que Johnny é amante de um editor, Barton Kendrick (Ian Hunter). Este concorda com o matrimônio de conveniência enquanto tenta arrumar coragem para se divorciar de sua esposa (Verree Teasdale). Inspirado pelo seu relacionamento bizarro com Johnny, Smith resolve escrever um romance sobre isso. O manuscrito vai parar nas mãos de Kendrick, e este e sua esposa reconhecem os personagens retratados no livro. Seguem-se alguns acontecimentos, até que Johnny e Smith, depois de passarem um dia no campo na casa da avó de Smith (Adeline de Walt Reynolds), admitem que estão apaixonados um pelo outro.

Hedy Lamarr e James Stewart em Pede-se um Marido

Hedy Lamarr e James Stewart em Pede-se um Marido

Faltou vivacidade a esta comédia romântica, mas Stewart e Lamarr conseguem sustentar o interesse da platéia. Em uma cena, Bill e Johnny estão deitados em camas separadas por uma “Muralha de Jericó” reminiscente de Aconteceu Naquela Noite / It Happened One Night / 1934 e ele recita o poema de Christopher Marlowe que deu o título ao filme. Interessante a cena final, quando Johnny ilumina o rosto de Bill com uma lanterna, ele se levanta, e os dois se beijam por cima da “Muralha”.

O filme é significativo porque marcou o início do trabalho de Clarence Brown como produtor. Ele produziu e dirigiu Pede-se um Marido, como fez em mais seis filmes. Brown também produziu dois outros filmes, O Jardim Encantado / The Secret Garden / 1949 (Dir: Fred W. Wilcox) e Nunca Me Deixes Ir / Never Let Me Go / 1953 (Delmer Daves)

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Embora tenha sido divulgado que A Comédia Humana foi baseado em um romance de William Saroyan, este autor apenas apresentou à MGM um argumento original, que serviu de base para o roteiro de Howard Eastabrook, e depois é que Saroyan escreveu o livro com base no dito argumento. O trabalho do escritor foi premiado com o Oscar de Melhor História Original. Houve ainda indicações para as categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (Mickey Rooney) e Melhor Fotografia em preto e branco (Harry Stradling).

Clarence Brown, Fay Bainter e Mickey Rooney na filmagem de A Comédia Humana

Clarence Brown, Fay Bainter e Mickey Rooney na filmagem de A Comédia Humana

 Mickey Rooney em A Comédia Humana

Mickey Rooney em A Comédia Humana

Mickey Rooney e Ralph Morgan em A Comédia Humana

Mickey Rooney e Ralph Morgan em A Comédia Humana

Em torno de uma linha de enredo que tem como centro Homer Macaulay (Mickey Rooney), um jovem entregador de telegramas, frequentemente contendo mensagens de condolência do Departamento de Guerra, transcorre uma série de cenas curtas dramáticas, cômicas ou poéticas, mostrando com muito sentimentalismo a repercussão do conflito mundial na frente doméstica, no caso, a pequena cidade de Ithaca da Califórnia.

Cena de A Comédia Humana

Cena de A Comédia Humana

Encenados com a simplicidade e a sensibilidade natural do diretor surgem alguns momentos encantadores: as crianças tentando roubar frutas, sendo cuidadosamente observadas, com uma alegria secreta, pelo ancião dono do pomar; o jantar no qual o telegrafista humilde (James Craig) subitamente descobre que a família e os amigos de sua namorada rica (Marsha Hunt), afinal são pessoas comuns e amáveis; a despedida gentil dos três soldados (Robert Mitchum, Don DeFore, Barry Nelson) que haviam saído com duas garotas locais (Donna Reed, Dorothy Morris); o menino Ulysses (Jackie “Butch” Jenkins) tendo uma crise de medo histérica ao ver um autômato em uma vitrine; a fascinação do “quatro olhos” Lionel (Darryl Hickman) pelos livros, quando percorre os salões da biblioteca com Ulysses; Homer lendo o telegrama fatídico para uma mãe mexicano-americana.

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Irene Dunne e Alan Marshall em Evocação

Irene Dunne e Alan Marshall em Evocação

Baseado em um longo poema narrativo de Alice Duer Miller, Evocação é a história de Susan Dunn (Irene Dunne), jovem americana que visita a Inglaterra na companhia de seu pai (Frank Morgan), assim que irrompe o Primeiro Conflito Mundial. Ela se apaixona por um aristocrata inglês, Sir John Ashwood (Alan Marshall) e se casa com ele. Eles têm um filho, John (Roddy Mac Dowall), porém seu marido é morto na guerra. Em 1939, John (Peter Lawford) se alista. Ferido mortalmente em Dieppe, ele morre no hospital, onde sua mãe é enfermeira-chefe. Lady Ashwood compreende que esses sacrifícios são necessários para se construir um mundo novo.

Irene Dunne e Peter Lawford em Evocação

Irene Dunne e Peter Lawford em Evocação

Este filme de guerra é obviamente patriótico, feito especialmente para fortificar a amizade entre os americanos e seus aliados britânicos mas, apesar de seu clima dramático, inclui certos momentos de humor como os diálogos maledicentes entre Irene e os aristocratas britânicos e a irascibilidade do pai dela. Quando a narrativa ainda está nos anos trinta, uma cena causa arrepios: dois adolescentes alemães que fazem parte de um programa de intercâmbio, hospedados na casa de campo da família inglêsa, deixam escapar em uma conversa suas tendências nazistas, ponderando como aquele local seria perfeito para os planadores, transportando tropas alemãs, desembarcarem. Brown incutiu emoção na história e a fotografia de George Folsey – indicada para o Oscar – é realmente admirável.

Elizabeth Taylor em A Mocidade é Assim Mesmo

Elizabeth Taylor em A Mocidade é Assim Mesmo

Clássico “filme para a família”, adaptado do romance de Enid Bagnold, A Mocidade é Assim Mesmo, mostra a persistência e a coragem de uma jovem de Sussex, Inglaterra chamada Velvet Brown (Elizabeth Taylor), apaixonada por cavalos. Velvet conhece um jovem errante, Mi Taylor (Mickey Rooney) e o convida para jantar com sua família – sua mãe (Anne Revere), seu pai (Donald Crisp) e seus irmãos (Juanita Quigley, Angela Lansbury e Jackie “Butch” Jenkins) – que o abriga. Velvet ganha um cavalo em uma rifa, lhe dá o nome de Pie, e persuade Mi, que era um ex-jóquei, a ajudá-la a treiná-lo para disputar a principal corrida de obstáculos do país. Ao perceber que o jóquei que supostamente montaria Pie, não acredita nas possibilidades do animal, Velvet pede para Mi cortar seus cabelos bem curtos, a fim de que ela possa se passar por jóquei, mesmo sabendo que, se for desmascarada será desclassificada.

Elizabeth Taylor, Ann Revere e Donald Crisp em A Mocidade é Assim Mesmo

Elizabeth Taylor, Ann Revere e Donald Crisp em A Mocidade é Assim Mesmo

Elizabeth Taylor e Mickey Rooney em A Mocidade é Assim Mesmo

Elizabeth Taylor e Mickey Rooney em A Mocidade é Assim Mesmo

Mickey Rooney e Elizabeth Taylor em A Mocidade é Assim mesmo

Mickey Rooney e Elizabeth Taylor em A Mocidade é Assim mesmo

Elizabeth Taylor e Mickey Rooney em A Mocidade é Assim Mesmo

Elizabeth Taylor e Mickey Rooney em A Mocidade é Assim Mesmo

Brown narra os esforços da heroína com candura e calor humano, mostrando sua afinidade com o tema e os exteriores rurais, estes captados lindamente em Technicolor por Leonard Smith. A sequência da corrida deveu muito aos cuidados do montador Robert Kerne que, juntamente com Ann Revere, foi agraciado com o Oscar, tendo sido indicados ainda Brown, Leonard Smith e os responsáveis pela Direção de Arte: Cedric Gibbons e Urie McCleary.

Ainda nos anos quarenta, Clarence Brown realizou três filmes, Virtude Selvagem / The Yearling / 1946, Sonata de Amor / Song of Love / 1947 e O Mundo Não Perdoa / Intruder in the Dust / 1949, o primeiro e o terceiro dos quais podem ser considerados suas obras-primas no período sonoro.

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Drama familiar sobre a infância e o fim da inocência, Virtude Selvagem começou a ser feito em 1941, com direção de Victor Fleming e Spencer Tracy, Anne Revere e Gene Eckman nos papéis principais; porém uma série de incidentes paralisaram a produção, que seria retomada cinco anos mais tarde sob o comando de Clarence Brown e com Gregory Peck, Jane Wyman e Claude Jarman Jr.

Claude Jarman Jr. em Virtude Selvagem

Claude Jarman Jr. em Virtude Selvagem

No entrecho, Jody (Claude Jarman Jr.), filho único de um casal de fazendeiros (Gregory Peck, Jane Wyman), habitantes de um lugar ermo nos Everglades da Flórida no século passado, vive em comunhão com a natureza. Ele se afeiçoa pelo filhote de uma corça, que fora morta por seu pai, porque este precisava dos orgãos dela, para curar uma mordida de cascável. O filhote cresce e devora as plantações de milho, ameaçando a família de fome. É preciso que Jody mate seu animal de estimação; sem ter coragem de fazer isso, sua mãe se encarrega da triste missão enquanto o menino foge de casa, amaldiçoando seus pais. Depois de uma longa escapada, Jody voltará ao seu lar, após ter passado da meninice para a maturidade.

Gregory Peck, Jane Wyman e Claude Jarman Jr. em Virtude Selvagem

Gregory Peck, Jane Wyman e Claude Jarman Jr. em Virtude Selvagem

Cena de Virtude Selvagem

Cena de Virtude Selvagem

Cena de Virtude Selvagem

Cena de Virtude Selvagem

Com a delicadeza de sempre, Brown reconstituiu, através de uma sucessão de episódios emocionais, a atmosfera terna e sensível do romance de formação de Marjorie Kinnan Rawlings, ganhador do Prêmio Pulitzer. A amizade de um menino por um animal e a descrição da natureza selvagem foram tratados pelo diretor com muito sentimento e senso cinematográfico (destacando-se uma caça ao urso espetacular por sua montagem e seus travelings alucinantes), servindo-se de uma equipe técnica de primeira qualidade, sem deixar que o excesso de música quebrasse a unidade do filme. Além do filme, Clarence Brown; Gregory Peck; Jane Wyman e Harod Kress foram indicados respectivamente para o Oscar de Melhor Diretor, Ator, Atriz, Montagem. Arthur E. Arling, Charles Rosher e Leonard Smith ganharam o Oscar de Melhor Fotografia em Cores e Cedric Gibbons e Paul Groese o de Melhor Direção de Arte.

Katherine Hepburn e Paul Henreid em Sonata de Amor

Katherine Hepburn e Paul Henreid em Sonata de Amor

Brown dirige Katherine Hepburn em Sonata de Amor

Brown dirige Katherine Hepburn em Sonata de Amor

Katherine Hepburn, Robert Walker e Henry Daniels em Sonata de Amor

Katherine Hepburn, Robert Walker e Henry Daniels em Sonata de Amor

Aceitando certas liberdades (assumidas na própria apresentação do filme) com os fatos verdadeiros e levando em conta de que se trata de uma produção típica de Hollywood dos anos quarenta, Sonata de Amor é uma cinebiografia romanceada e condensada bastante apreciável, graças à competente direção de Brown e à razoável autenticidade que o trio de intérpretes principal deu às personalidades dos três gênios da música. As cenas domésticas com a participação dos filhos de Clara (Katherine Hepburn) e Robert (Paul Henreid) Schumann e da sua governanta insatisfeita são bem divertidas. Um toque comovente é a admiração que cada um dos quatro musicistas – pois além de Brahms (Robert Walker), Franz Liszt (Henry Daniels) também entram na trama – têm pelo outro, e como se ajudam mutuamente.

Katharine Hepburn e Paul Henreid em Sonata de Amor

Katharine Hepburn e Paul Henreid em Sonata de Amor

A cena mais grandiosa é a da execução da música da ópera “Fausto”, quando Schumann enlouquece de vez; mas o filme tem mais um momento engraçado – quando Clara pula um trecho, executando ao piano “Carnaval”, para poder terminar logo o concêrto e ir amamentar seu sétimo filho récem-nascido – e, é claro, a música maravilhosa, com a intervenção de Arthur Rubinstein na dublagem.

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Último grande filme de Clarence Brown e o melhor de sua carreira, O Mundo Não Perdoa teve como inspiração o romance de William Faulkner e uma recordação da sua adolescência, quando presenciou um dos distúrbios raciais mais sangrentos, ocorrido em Atlanta.

Em uma pequena cidade do Sul dos Estados Unidos, Lucas Beauchamp (Juano Hernandez), um orgulhoso proprietário de terras negro, é acusado do assassinato de um branco. Preso e ameaçado de ser linchado, ele encontra um apoio na pessoa de Chick Mallison (Claude Jarman Jr.), sobrinho do advogado John Gavin Stevens (David Brian). Acompanhado por uma velha senhora, Miss Eunice Habersham (Elizabeth Patterson), tão obstinada quanto ele na busca da verdade, e um amiguinho negro, Aleck Sander (Elzie Emanuel), Chick encontra a prova que inocenta Lucas – cujo filho o ajudara no passado. Com o auxílio de Stevens e do xerife (Will Geer) é preso o verdadeiro culpado: o irmão da vítima.

Claude Jarman Jr. e Juano Hernandez em O Mundo Não Perdoa

Claude Jarman Jr. e Juano Hernandez em O Mundo Não Perdoa

Brown trata esse drama social de uma maneira objetiva, tensa e sincera, usando uma estrutura narrativa de filme policial de mistério (que já existia no romance), para fazer com que o espectador participe da ação e solucione o crime, além de um estilo naturalista, que dá a impressão de realidade (a maior parte do filme foi rodada em Oxford, Mississipi – a cidade natal de Faulkner, reconhecida com a “Jefferson” do livro e o emprego de figurantes locais contribuiu para dar mais autenticidade ao espetáculo assim como o uso do som natural e a ausência de música).

Juano Hernandez e David Brian em O Mundo não Perdoa

Juano Hernandez e David Brian em O Mundo não Perdoa

Cena de O Mundo Não Perdoa

Cena de O Mundo Não Perdoa

O cineasta explorou ao máximo a fotografia em preto e branco de Robert Surtees, que é excelente, evocando perfeitamente o ambiente sulista, e conseguiu extrair do seu elenco sem astros interpretações impecáveis, destacando-se a de Juano Hernandez, que faz passar com inteligência a integridade firme, o porte altivo (quase arrogante) de seu personagem.

Cena de O Mundo Não Perdoa com Elizabeth Patterson, Elzie Emanuel e Claude Jarman Jr.

Cena de O Mundo Não Perdoa com Elizabeth Patterson, Elzie Emanuel e Claude Jarman Jr.

Entre os melhores momentos do filme destacam-se estes três: a peregrinação noturna inquietante dos dois rapazes e Miss Habersham para exhumar o corpo da vítima em um cemitério no meio do mato; a coragem de Miss Habersham sentada em uma cadeira, enfrentando a multidão racista impedindo-a de entrar na cadeia, mesmo quando o líder dos racistas despeja gasolina perto dela e ameaça acender um fósforo; a horda de cidadãos – que parece querer assistir ao linchamento como uma espécie de entretenimento – na expectativa de ver o que Crawford Gowrie (Charles Kemper), o irmão da vítima, vai fazer com Lucas; a retirada da turba, silenciosa e decepcionada – uma imagem mais poderosa do que qualquer discurso contra a intolerância e o fanatismo.

Brwon na filmagem de O Mundo Não Perdoa

Brown na filmagem de O Mundo Não Perdoa

Claude Jarman Jr. e William Faulkner

Claude Jarman Jr. e William Faulkner

Clarence Brown encerrou sua carreira nos anos cinquenta com cinco filmes menos importantes: Agora Sou Tua / To Please a Lady / 1950; Anjos e Piratas / Angels in the Outfield / 1951; No Palco da Vida / It’s a Big Country /1951; Uma Aventura em Roma / When in Rome / 1952 e O Veleiro da Aventura / Plymount Adventure /1952.

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Agora Sou Tua mostra um ás da corrida automobilística, Mike Brannan (Clark Gable) acusado por uma jornalista, Regina Forbes (Barbara Stanwick), de ter sido responsável por vários acidentes mortais; depois, os dois se apaixonam e ele, em Indianópols, às portas da vitória, joga o carro fora da pista para evitar o desastre como o carro de um companheiro. Em Anjos e Piratas forças celestiais ajudam o treinador Aloysius X. “Guffy” McGovern (Paul Douglas) de um time de beisebol, “Os Pittsburgh Pirates”, a ganhar o campeonato. Palco da Vida é um filme decantando as virtudes da democracia americana (Brown dirigiu Gary Cooper em um monólogo de cinco minutos, exaltando o Texas). Em Uma Aventura em Roma, o gangster Joe Brewster (Paul Douglas) foragido de San Quentin se faz passar por padre em Roma durante os festejos do Ano Santo; um padre de verdade, Padre Halligan (Van Johnson), ajuda-o a encontrar a fé.

Gene Tierney e Spencer Tracy em O Veleiro da Aventura

Gene Tierney e Spencer Tracy em O Veleiro da Aventura

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A viagem do Mayflower trazendo os Puritanos para a América é o tema de Veleiro da Aventura, em cuja trama o capitão Christopher Jones (Spencer Tracy) desdenha de seus passageiros, tenta seduzir uma mulher casada, Dorothy Bradford (Gene Tierney), e é indiretamente responsável por seu afogamento; depois se redime, ajudando a colônia a sobreviver no Novo Mundo. Em todos esses filmes Brown esforçou-se para garantir um bom entretenimento, mas não não conseguiu reviver os bons tempos de um império – a MGM – em desintegração.

CLARENCE BROWN I

Submisso aos propósitos e à estética de um poderoso estúdio – a MGM – ele serviu aos seus astros mais populares, procurando sempre contar uma história de maneira límpida e fluente com vistas ao sucesso comercial.

Como realizador, Brown não tinha algo para dizer, porém dotado de um senso plástico apurado, enriqueceu os variados temas de sua longa filmografia com momentos privilegiados de mise-en-scène, nos quais transparece também o seu virtuosismo técnico.

Clarence Brown

Clarence Brown

Cineasta romântico e sentimental, pelo estilo discreto e elegante e pela beleza visual de suas imagens ele se tornou um dos diretores mais refinados de Hollywood, mas subordinando o formalismo à narrativa. No melhor esquema narrativo clássico, Brown fazia com que os espectadores ficassem completamente envolvidos pelo enredo e pelos personagens.

Ele logo começou a ser conhecido como um “women’s director” por causa do seu trabalho na Universal, onde dirigiu Pauline Frederick em À Míngua de Amor e Louise Dresser em Mãe é sempre Mãe, reputação confirmada pela orientação dada a Greta Garbo e mais tarde a Joan Crawford na MGM. Brown fez sete filmes com Garbo e cinco filmes com Crawford.

Clarence Brown em ação

Clarence Brown em ação

Apesar de seu renome como “diretor de mulheres’, Brown extraiu um dos melhores desempenhos de Rudolph Valentino em A Águia e dirigiu Clark Gable mais vêzes do que qualquer outro diretor, lançando a personalidade fílmica de Gable como “homem durão com as mulheres” em Uma Alma Livre, o primeiro dos oito filmes que fez com ele. Brown demonstrou ainda um talento raro para despertar as emoções de astros infantís como, por exemplo, Butch Jenkins em A Comédia Humana, Elizabeth Taylor e Mickey Rooney em A Mocidade é Assim Mesmo e Claude Jarman Jr. em Virtude Selvagem.

Stevens Duryea Company

Stevens Duryea Company

Clarence Brown nasceu em Clinton, Massachussets, onde seus pais trabalhavam em uma manufatura de algodão. Quando Brown tinha onze anos de idade, a família se estabeleceu em Knoxville no Tennessee. Alí ele completou os estudos secundários e se formou em engenharia mecânica e elétrica. Apaixonado por automóveis, arrumou emprego na Moline Auto Company. Depois, trabalhou na Stevens Duryea Company e, mais tarde, abriu uma concessionária, a Brown Motor Car Company em Birmingham, Alabama.

Os negócios iam bem, mas Brown começou a se interessar por outra coisa: todos os dias, na hora do almoço, ia ver os filmes produzidos pelos estúdios Peerless, onde funcionavam como diretores Frank Crane, Albert Capellani, Emile Chautard e Maurice Tourneur.

Estúdio da Peerless

Estúdio da Peerless

Maurice Tourneur

Maurice Tourneur

Repentinamente, decidiu largar o que estava fazendo e partir para Fort Lee, New Jersey, onde se situava a séde da Peerless, tendo a sorte de ser logo contratado como assistente de Tourneur. “Em menos de seis meses eu já redigia os títulos e filmava todas as tomadas em exteriores. Tourneur detestava as externas, porque não podia controlar as condições de filmagem como em um estúdio. Ele me ensinou o que se deve saber sobre a fabricação de um filme: a composição de um plano (Touneur era um verdadeiro pintor, capaz de compor os mais belos enquadramentos) e o ritmo. Devo tudo o que sei a este grande artista” (Entrevista concedida a Kevin Brownlow, reproduzida em The Parade’s Gone By). A primeira intervenção de Brown deu-se em Lágrimas e Risos da Boemia / Trilby / 1915, interpretado por Clara Kimball Young, e ele ficou com Tourneur cerca de seis anos.

Ao retornar da primeira Guerra Mundial, durante a qual serviu como instrutor de vôo, dirigiu sozinho, mas supervisionado por Tourneur, Sublime Redentor / The Great Redeemer / 1920, co-dirigiu com Tourneur Mulheres Levianas / Foolish Matrons / 1921 e, quando o mestre se acidentou após duas semanas de filmagem de O Último dos Moicanos / The Last of the Mochicans / 1921, assumiu a direção, realizando provavelmente três quartos do filme.

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Produzido pela Associated Producers, O Último dos Moicanos manteve o máximo de fidelidade ao romance célebre de James Fenimore Cooper e explorou magnificamente a paisagem a ar livre do Big Bear Valley e do Yosemite National Park. Brown forjou planos em silhuetas e de interiores escuros enquadrados em contraste com a luz, de grande beleza pictórica. Ele usou potes com fumaça para criar a ilusão de raios de luz atravessando a neblina e acionou um carro de bombeiros e suas mangueiras para providenciar uma tempestade na floresta. As sequências mais emocionantes são o massacre no Fort Williams e a perseguição de Cora (Barbara Bedford) por Magua (Wallace Beery) e o seu salto para a morte do alto de uma colina.

Cena de O Último dos Mohicanos

Cena de O Último dos Mohicanos

Cena de O Último dos Mohicanos

Cena de O Último dos Mohicanos

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Cena de O Último dos Mohicanos

Cena de O Ultimo dos Mohicanos

Cena de O Ultimo dos Mohicanos

Quando Brown se desligou de Tourneur, fez A Luz nas Sombras / The Light in the Dark / 1922 para Jules Brulatour e Não Case por Dinheiro / 1923, para a Preferred. Ele depois assinou um contrato com a Universal e fez cinco filmes, todos de muito sucesso: Libelo Tremendo / The Acquittal / 1923, Heroismo Sublime / The Signal Tower / 1923, A Borboleta / Mademoiselle Butterfly / 1924, À Míngua de Amor / Smouldering Fires / 1925 e Mãe é Sempre Mãe / The Goose Woman / 1925, filme que o ajudaria a conseguir um contrato com a United Artists.

Lon Chaney em A Luz nas Sombras

Lon Chaney em A Luz nas Sombras

Esta companhia deu a Brown a oportunidade de dirigir o grande sedutor da tela Rudoph Valentino em A Águia / The Eagle / 1925 e Norma Talmadge em Kiki / Kiki / 1926. Os últimos quatro filmes citados foram os mais importantes desta fase da carreira de Brown.

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Cena de A Míngua de Amor

Cena de A Míngua de Amor

Cena de A Míngua de Amor

Cena de A Míngua de Amor

À Mingua de Amor é um estudo psicológico que chama a atenção pela esplêndida caracterização de Pauline Frederick como Jane Vale, mulher de negócios quarentona, enérgica e exigente, que se rende a um amor impossível. Jane casa-se com Robert (Malcolm McGregor), jovem empregado da fábrica que dirige mas depois, percebendo a diferença de idades entre eles e que sua irmã Dora (Laura La Plante) o ama, abre mão da felicidade. Em uma cena de mau presságio Brown enquadra o triângulo amoroso atrás de um lindo arranjo de flores (Jane no centro, juntando seu rosto aos de Dora e Robert, que a ladeiam). Jane diz: Nós vamos ser as pessoas mais felizes do mundo” e espeta o dedo em um espinho. O filme acaba com outro three shot (planos com três pessoas dentro do quadro), mas desta vez Jane está conformada e feliz com a união de Dora e Robert.

Louise Dresser em Mãe é Sempre Mãe

Louise Dresser em Mãe é Sempre Mãe

Mãe é Sempre Mãe é um melodrama sentimental tendo como figura central, Marie de Nardi (Louise Dresser), cantora de ópera de fama internacional. Ela dá a luz um filho ilegítimo e, em consequeência, perde a voz no auge de uma carreira brilhante. Amargurada, começa a beber e depois, para sobreviver, passa a criar gansos, morando em uma choupana miserável em lugar afastado. Sob o nome de Mary Holmes, educa o filho Gerald (Jack Pickford), culpando-o sempre pelo seu declínio. Gerald fica noivo de uma atriz, Hazel Woods (Constance Bennett). Quando um milionário que patrocina o teatro local é assassinado, Marie vê a chance de se projetar de novo diante do público e inventa uma história sobre o crime, colocando-se como testemunha-chave: porém seu depoimento prejudica Gerald, acusado do crime. Percebendo isso, o seu amor suprimido vem à tona, e ela se retrata, aparecendo depois o verdadeiro culpado.

Jack Pickford e Constance Bennett em Mãe é Sempre ãe

Jack Pickford e Constance Bennett em Mãe é Sempre Mã

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Clarence Brown na filmagem de Mãe é Sempre Mãe

Clarence Brown na filmagem de Mãe é Sempre Mãe

Brown repete suas composições triangulares para sugerir emoção e pensamentos e usa o simbolismo como, por exemplo, em uma cena na qual Gerald acidentalmente quebra a unica gravação registrando a voz da sua mãe famosa. Mas a dona do espetáculo é Louise Dresser com a sua representação de uma atriz decaída e sua impressionante transformação de megera desgrenhada, suja e maltrapilha para uma mulher redimida pelo poder do amor.

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Na trama de A Águia, Vladimir Dubrowski (Rudolph Valentino), jovem tenente cossaco, rejeita os avanços amorosos da Czarina Catarina II (Louise Dresser), torna-se “A Águia”, defensor do pobres e oprimidos, e jura vingança contra Kirilla Troekouroff (James Marcus), que se apoderara dos bens de sua família. Disfarçando-se como o professor particular francês da filha de Kirilla, Mascha (Vilma Banky), apaixona-se pela moça. Aprisionado pelas tropas do governo, é sentenciado à morte, casa-se com Mascha na prisão e, no último momento, ele e Mascha são salvos graças à Czarina.

Louise Dresser e Valentino em A Águia

Louise Dresser e Valentino em A Águia

Rudolph Valentino e Louise Dresser em A Águia

Rudolph Valentino e Louise Dresser em A Águia

O script de Hans Kraly tomou emprestado a máscara negra do Zorro, a audácia física, e o tema da dupla identidade; mas foi além, dando ao herói não duas, mas três personas: o tenente cossaco da Guarda Imperial Vladimir Dubrowski, o bandido mascarado tártaro Águia Negra, e o professor particular francês Marcel Le Blanc de cartola e colete. Kraly e Brown temperam o romantismo da história com um leve humor satírico (Valentino zomba de sua imagem fílmica – tentando tirar com dificuldade um anel que ficou emperrado no seu dedo ou quando põe pimenta demais na sua sopa porque ele está olhando estupidamente para a sua deslumbrante pupila etc.).

Vilma Banky e Rudolph Valentino em A Águia

Vilma Banky e Rudolph Valentino em A Águia

Clarence Brown dirige Valentino em A Águia

Clarence Brown dirige Valentino em A Águia

Cena de A Águia

Cena de A Águia

William Cameron Menzies caprichou na decoração de interiores, Adrian fez o mesmo com o vestuário, o astro encarnou um herói de ação em movimento perpétuo (perseguindo uma carruagem conduzida por cavalos desembestados, escapando por uma janela, lutando contra um urso ameaçador), e Vilma Banky formou com ele uma dupla romântica ideal.

Vilma Banky e Valentino em A Águia

Vilma Banky e Valentino em A Águia

O filme continha ainda um dos travelings mais famosos da História do Cinema, quando a câmera desliza para trás sobre uma mesa de banquete enorme. A câmera inicia seu percurso a partir de um personagem, Kirilla, comendo em uma das extremidades da mesa. Montada em cima de uma ponte de madeira construída sobre dois carrinhos colocados em cada lado da mesa, a câmera desliza pelo meio da mesa, passando por outros ocupantes, até a sua outra extremidade. Para não obstruir a passagem da câmera, os aderecistas iam retirando os candelabros e os recolocando nos seus lugares depois que a câmera passasse por eles. O mesmo efeito seria repetido em Anna Karenina.

Cena de Kiki

Cena de Kiki

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Ronald colman e Norma Talmadge em Kiki

Ronald Colman e Norma Talmadge em Kiki

No filme restante, uma jovem parisiense vendedora de jornais, Kiki (Norma Talmadage), tentando ser corista, vive brigando com Paulette (Gertrude Astor), a estrela e namorada do gerente do teatro, Monsieur Renal (Ronald Colman), e acaba conquistando o amor dele. Brown dirigiu esta comédia romântica gostosa – escrita por Hans Kraly – na qual Norma, apesar de não ter a mocidade que o papel requeria, demonstra seu talento histriônico. Brown declarou em uma entrevista, que Norma possuia um dom natural para a comédia, e serve como um exemplo disto a sequência na qual ela finge que está inconsciente e dura como uma tábua e o doutor diagnostica um ataque de catalepsia. O seu timing enquanto o médico levanta e abaixa sua perna e seu braço se levanta é perfeito e o efeito cômico, engraçadíssimo. As outras cenas da estratégia da jovem jornaleira para chegar ao empresário também são muito divertidas.

Norma Talmadge e Ronald Colman em Kiki

Norma Talmadge e Ronald Colman em Kiki

Da United Artists, Brown transferiu-se para a MGM onde (com exceção de quando a MGM emprestou-o para a Twentieth Century–Fox como diretor de E as Chuvas Chegaram), ficaria pelo resto de sua carreira e, se tornaria um de seus top directors.

Três grandes filmes marcaram o início da trajetória artística do diretor na “Marca do Leão”: A Carne o Diabo / Flesh and the Devil / 1926, Ouro / Trail of the ’98 / 1927 e Mulher de Brio / A Woman of Affairs / 1928.

Clarence Brown dirige Greta Garbo e John Gilbert em A Carne e o Diabo

Clarence Brown dirige Greta Garbo e John Gilbert em A Carne e o Diabo

Na sinopse de A Carne e o Diabo, Leon von Sellenthin (John Gilbert) e Ulrich von Kletzigk (Lars Hanson) nasceram juntos e fazem um pacto de eterna amizade. Leo encontra Felicitas (Greta Garbo) em um baile. Quando o marido dela surpreende os dois a sós, trava-se um duelo, e o marido é morto. Forçado a partir em missão no exterior, Leo pede que Ulrich console a viúva. Ao retornar, três anos depois, perdoado pelo imperador, Felicitas está casada com Ulrich. Leo tenta em vão refutar as tentativas dela em reviver o antigo romance, e afinal os dois amigos se defrontam em duelo, cada qual incapaz de desferir o tiro fatal. Correndo para o local do confronto, Felicitas cai em um rio gelado e morre, e os dois amigos se reconciliam.

Cena de A Carne e o Diabo

Cena de A Carne e o Diabo

Cena da comunhão em A Carne e o Diabo

Cena da comunhão em A Carne e o Diabo

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Greta Garbo e John Gilbert em A Carne e o Diabo

Greta Garbo e John Gilbert em A Carne e o Diabo

Cena de A Carne e o Diabo

Cena de A Carne e o Diabo

Neste primeiro dos sete filmes que fez com Garbo, Brown compôs cenas de raro esplendor plástico, sendo muito lembradas as do primeiro duelo, com os contendores fotografados em silhueta e a fusão para Garbo experimentando seu chapéu preto; a de Gilbert acendendo o cigarro de Garbo e jogando um reflexo luminoso no rosto de sua amada; a da sincronização do nome de Felicitas nos títulos com as imagens dos cascos do cavalo, do apito da barca e das rodas do trem que conduzem Gilbert, cada corte mais curto, à medida que o meio de transporte é mais veloz; a da comunhão – ao mesmo tempo erótica e sacrílega – quando Garbo vira o cálice com a hóstia e beija o lugar onde Gilbert colocara seus lábios. Sem dúvida alguma, um dos melhores filmes do cineasta.

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Ouro focaliza a febre do ouro, que se espalha por toda a nação, atiçando os homens a partirem para o Alasca. Um grupo de pessoas, incluindo a jovem Berna (Dolores Del Rio) e seu avô cego, ruma para o Klondike, onde impera a vontade e a lei do cruel Jack Locasto (Harry Carey). Berna enamora-se de um jovem aventureiro, Larry (Ralph Forbes), e tenta convencê-lo a voltar; mas o rapaz quer tentar a sorte mais uma vez e, juntamente com o grandalhão Lars Petersen (Karl Dane), Salvation Jim (Tully Marshall) e Samuel Foote, conhecido como “O Verme” (George Cooper), acha um veio de ouro. Enquanto Lars e Jim vão à cidade registrar seus direitos, Larry é atacado por “Verme” que, ao fugir, é devorado pelos lobos. Na cidade, Larry encontra Berna prostituída e, depois de liquidar com Locasto, reúne-se com a amada, Jim e Lars.

Clarence Brown na filmagem de Ouro

Clarence Brown na filmagem de Ouro

Dolores Del Rio e Ralph Forbes em Ouro

Dolores Del Rio e Ralph Forbes em Ouro

Filmagem de Ouro

Filmagem de Ouro

Brown e sua equipe tiveram muitos obstáculos durante a filmagem, entre eles a grande altitude e o frio nas locações em Denver. Ele relatou para Kevin Bronlow que esse foi o filme mais difícil que fez. Quando deixou o Colorado, parte da companhia ficou para trás, para fazer algumas tomadas extras, e “uma avalanche matou dois ou três homens”. No Alaska, onde levou uma unidade para filmar a sequência nas correntezas, mais três homens foram perdidos. Porém o diretor conseguiu reviver com eficiência a epopéia da corrida do ouro. Desde a partida do navio com seus milhares de figurantes à uma avalanche espetacular, o filme é soberbo. Ainda mais, suponho, visto no processo chamado Fantom Screen, a resposta da MGM para o processo Magnascope da Paramount (um dos vários processos de tela larga desenvolvidos nos anos vinte).

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Greta Garbo e John Gilbert em Mulher de Brio

Greta Garbo e John Gilbert em Mulher de Brio

Em Mulher de Brio, a linda e elegante Diana Merrick (Greta Garbo) apaixona-se pelo aristocrático Neville Holderness (John Gilbert), mas o pai dele desaprova o casamento, e Neville obedece. Diana casa-se com David Furness (Johnny Mack Brown), amigo de seu irmão Geofrey (Douglas Fairbanks, Jr.), sem saber que ele é um ladrão. Durante a lua-de-mel, ao saber que a polícia anda atrás dele, David se mata, e Diana indeniza as vítimas de seus crimes. Retornando à Inglaterra depois de alguns anos, não consegue salvar Geofrey do alcoolismo; e quando Neville tenta voltar para os seus braços, Diana o repele, influenciada pela atitude do pai dele, e porque ele está casado com Constance (Dorothy Sebastian). Diana então joga seu carro contra uma árvore, debaixo da qual ela e Neville declararam amor um pelo outro pela primeira vez, e morre.

Douglas Fairbanks Jr. e Greta Garbo em Mulher de Brio

Douglas Fairbanks Jr. e Greta Garbo em Mulher de Brio

Cena de Mulher de Brio

Cena de Mulher de Brio

Greta Garbo e Lewis Stone em Mulher de Brio

Greta Garbo e Lewis Stone em Mulher de Brio

Duas cenas em particular tornaram-se clássicas. A primeira passa-se no quarto de Gilbert. Garbo se estende sobre um divã, faz girar distraidamente seu anel demasiado grande em torno de seu dedo, e observa: “Disseram-me que eu era como este anel – pronto para cair”. Em câmera baixa, sob uma iluminação expressionista, vemos Gilbert se inclinar lentamente sobre ela; eles se confundem em um beijo e, da mão abandonada de Garbo, cai o anel. Imagem altamente metafórica. O segundo instante antológico sobrevém perto do final, quando Garbo no hospital, após uma depressão nervosa, recebe um buquê de flores de Gilbert e o afaga em uma ardente pantomima de amor. Filmada mais uma vez em low angle, ela projeta seu desejo sobre as flores que envolvem seu rosto. Brown dá o sopro passional a este drama, cuja personagem tem remota ressonância ibseniana.

Greta Garbo em Mulher de Brio

Greta Garbo em Mulher de Brio

Depois de realizar duas produções de pouca envergadura, O Prodígio das Mulheres / Wonder of Women / 1929 e Turuna da Marinha / Navy Blues, Brown foi convidado para dirigir Greta Garbo no seu primeiro filme falado, Anna Christie / Anna Christie / 1930, adaptado por Frances Marion com uma fidelidade surpreendente à peça de Eugene O’ Neill, ganhadora do Prêmio Pulitzer em 1921, mas um tanto “envelhecida” em 1930.

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Greta Garbo e Marie Dressler em Anna Christie

Greta Garbo e Marie Dressler em Anna Christie

Greta Garbo e Charles Bickford em Anna Christie

Greta Garbo e Charles Bickford em Anna Christie

Tal como os outros filmes do início do cinema falado – este é bastante estático, destacando-se todavia o desempenho de Greta Garbo e seus partners Marie Dessler e Charles Bickford. Aparecendo somente após decorridos quinze minutos de projeção, ela põe fim à ansiedade da platéia de saber se a atriz sueca passaria no teste sonoro, dizendo – com uma voz que se adequava à sua personalidade e à sua aparência – estas primeira palavras memoráveis: “Gimme a visky, ginger ale on the side – and don’t be stingy baby”. Anna Christie obteve um sucesso tal, que a MGM decidiu realizar uma versão alemã, confiada a Jacques Feyder, mantendo-se Garbo no papel principal. Ela, Brown e o fotógrafo William Daniels foram indicados para o Oscar.

Clarence Brown dirige Greta Garbo em Anna Christie

Clarence Brown dirige Greta Garbo em Anna Christie

Infelizmente, os dois filmes seguintes de Brown com Greta Garbo Romance / Romance / 1930 e Inspiração / Inspiration / 1931, apesar do luxo e do glamour providenciados pela mesma equipe de Anna Christie (William Daniels, Cedric Gibbons e Adrian), decepcionaram – em grande parte devido à má qualidade dos seus respectivos roteiros e diálogos ridículos. No primeiro ela contracena com Gavin Gordon; no segundo, contracena com Robert Montgomery: em ambos os filmes, coajuvados por Lewis Stone.

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Uma Alma Livre / A Free Soul / 1931, conta a história de Stephen Ashe, advogado criminalista alcoólatra (Lionel Barrymore), que livra o gângster Ace Wilfong (Clark Gable) da prisão e o convida para uma festinha em sua casa. Ace conquista o coração de Jan (Norma Shearer), a filha de Stephen. Os dois fogem juntos para desespêro do causídico e de Dwight Winthrop (Leslie Howard), jogador de polo que ia se casar com Jan. Dwight mata Ace ao vê-lo maltratar Jan e Stephen o defende no tribunal com tanto entusiasmo, que sofre um ataque cardíaco e morre nos braços de Jan.

Norma Shearer e Clark Gable em Uma Alma Livre

Norma Shearer e Clark Gable em Uma Alma Livre

Norma Shearer, Clark Gable e Leslie Howard em Uma Alma Livre

Norma Shearer, Clark Gable e Leslie Howard em Uma Alma Livre

Lionel Barrymore e Norma Shearer em Uma Alma Livre

Lionel Barrymore e Norma Shearer em Uma Alma Livre

Clarence Brown orienta seus atores na filmagem de Uma Alma Livre

Clarence Brown orienta seus atores na filmagem de Uma Alma Livre

Esse melodrama criminal, repleto de sensualidade, realizado no estilo típico da Metro dos anos 30, assinala o encontro de Brown com Gable e deu o Oscar de Melhor Ator para Lionel Barrymore, notadamente pelo seu monólogo (de 14 minutos) na argumentação jurídica sentimental diante dos jurados. Norma Shearer e Clarence Brown também foram candidatos

Cena de Possuída

Cena de Possuída

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Clark Gable e Joan Crawford em Possuída

Clark Gable e Joan Crawford em Possuída

No mesmo ano, Clark Gable apareceu em mais um filme de Brown, Possuída / Possessed, que marcou o início de outra parceria de sucesso do diretor com uma estrela da MGM, esta vez com Joan Crawford. Ela é Marian, a operária de fábrica cansada da rotina da cidade pequena, que vai para Nova York; lá torna-se amante de Mark Whitney (Clark Gable), um advogado com ambições políticas, e se sacrifica para não lhe atrapalhar a carreira.

Clarence Brown dirige Joan Crawford e Clark Gable em Possuída

Clarence Brown dirige Joan Crawford e Clark Gable em Possuída

Filmagem de Possuída

Filmagem de Possuída

Joan Crawford e Clark Gable em um intervalo de filmagem de Possuída

Joan Crawford e Clark Gable em um intervalo de filmagem de Possuída

Em uma cena famosa, muito bem armada por Brown,  a operária contempla maravilhada  as representações de riqueza e lazer nos compartimentos luxuosos de um trem que passa e agarra a chance de escapar do seu ambiente triste e monótono, guardando o cartão de visitas que um dos passageiros ricos lhe dá, oferecendo-lhe champagne e convidando-a para ir procurá-lo em Nova York. Trava-se então um diálogo premonitório. Ele diz: “Existem duas espécies de pessoas: as que estão dentro (do trem) e as que estão fora. Ela responde: “Não é fácil (de entrar)”. Ele retruca: “Tudo é fácil para uma mulher”.

Clark Gable e Joan Crawford em Possuída

Clark Gable e Joan Crawford em Possuída

Retratando Marian ocomo uma mulher obstinada e cínica, que obtém sucesso material, Possessed oferece uma saída para as platéias da era da Depressão. Porém a realização de seu desejo de ascenção social tem um preço: ela se afasta da suas raízes da classe trabalhadora enquanto seu status como amante a exclui da sociedade “respeitável”.

Seguiram-se no percurso cinematográfico de Brown vários filmes de rotina, que se equivalem artísticamente: Emma / Emma / 1931, Redimida / Letty Lynton / 1932, Amor de Mandarim / The Son-Daughter / 1932, O Futuro é Nosso / Looking Forward / 1933, Asas da Noite / Night Flight / 1933, Três Amores / Sadie McKee / 1934 e Acorrentada / Chained / 1934.

Marie Dressler e Jean Hersholt em Emma

Marie Dressler e Jean Hersholt em Emma

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Filmagem de Emma

Filmagem de Emma

Em Emma, o destaque vai para Marie Dressler, indicada para o Oscar de Melhor Atriz por sua atuação como a criada, Emma Thatcher, que trabalha durante anos para uma família e cria com carinho maternal os filhos do casal. Quando o patrão, Mr. Fredrick Smith (Jean Hersholt), fica viúvo, ela se casa com ele e, quando ele morre, deixa para ela toda a sua fortuna, ocorrendo graves consequências com relação aos filhos. No meio do drama ocorrem cenas divertidas como aquela passada na estação ferroviária, quando Smith está procurando Emma, comprando a passagem dela e despachando suas malas. Ela está indo para Niagara Falls e, antes de sua partida, Smith lhe propõe casamento, e em seguida acompanha-a na sua viagem, e eles se casam.

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Joan Crawford em Redimida

Joan Crawford em Redimida

Melodrama audacioso em termos de censura, Redimida traz de novo Joan Crawford sob o comando de Brown, desta vez como uma jovem da sociedade, Leticia Lytton, que se envolve com um ricaço americano, Hale Darrow (Robert Montgomery) e acaba envenenando acidentalmente seu ex-amante, Emile Renaul (Nils Ahster) … ficando contente com isso e não sendo punida pela justiça. O que mais chama atenção no filme, além desta impunidade, é o vestido que Adrian criou para a estrela, a fim de tornar seus ombros ainda mais largos, envolvendo-os em volumosos tufos de fazenda. Embora o vestido fosse visto apenas brevemente, ele causou tamanha sensação, que milhares de cópias tiveram que ser feitas, para serem vendidas às fãs no varejo (v. meu post, Grandes Figurinistas do Cinema I). O filme saiu completamente de circulação depois que um tribunal decidiu que seu script era muito semelhante à peça Dishonored Lady (1930).

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Helen Hayes em Amor de Mandarim

Helen Hayes e Ramon Novarro em Amor de Mandarim

Cena de Amor de Mandarim

Cena de Amor de Mandarim

Amor de Mandarim, é uma mistura de história de amor e intriga política, um tanto letárgica, passada na San Francisco de 1911, onde, com a finalidade de angariar fundos para a revolução em seu país, um chinês vende a própria filha Lien Wha (Helen Hayes) em um leilão, frustrando seu ídilio com um jovem estudante universitário pobre, Tom Lee (Ramon Novarro), que é, na verdade, o Príncipe Chun, herdeiro de uma posição importante na rebelião. A melhor cena é a do assassinato do vilão Fen Sha (Warner Oland) por Lien, com a sua trança, no quarto nupcial.

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Lionel Barrymore e Lewis Stone em O Futuro é Nosso

Lionel Barrymore e Lewis Stone em O Futuro é Nosso

O Futuro é Nosso, mostra, em chave sentimental, como Gabriel Service (Lewis Stone), dono de uma grande loja de departamentos de Londres, ameaçada de falência, reativa seus negócios graças à ajuda de seu filho Michael (Phillips Holmes) e de um velho empregado, Tim Benton (Lionel Barrymore) que fôra demitido devido à má situação da empresa. Brown trata o assunto com a delicadeza e finura que lhe são peculiares, apresentando cenas de grande sentimento como, por exemplo, o momento em que Service despede Benton e também a chegada deste em casa, dando a notícia à esposa.

John e Lionel Barrymore em Asas da Noite

John e Lionel Barrymore em Asas da Noite

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Myrna Loy e William Gargan em Asas da Noite

Myrna Loy e William Gargan em Asas da Noit

Robert Montgomery e Lionel Barrymore em Asas da Noite

Robert Montgomery e Lionel Barrymore em Asas da Noite

Asas da Noite revive episodicamente, com boas cenas aéreas (a sombra do avião passando sobre os pampas e um cavalo selvagem que corre, um aparelho que sobrevoa a cordilheira dos Andes, perde-se na tempestade, e cai no mar etc.) e certo suspense, os personagens do romance de Saint Exupéry, tendo à frente do elenco John Barrymore como Rivière, o severo e inflexível diretor da linha aérea sul-americana, Lionel Barrymore como o Inspetor Robineau, Clark Gable e Helen Hayes (piloto Fabian e sua esposa), Robert Montgomery (piloto Pellerin), William Gargan e Myrna Loy (piloto brasileiro e sua espôsa).

Cena de Três Amores

Cena de Três Amores

Franchot Tone e Joan Crawford em Três Amores

Franchot Tone e Joan Crawford em Três Amores

Joan Crawford em Três Amores

Joan Crawford em Três Amores

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Franchot Tone, Joan Crawford e Clarence Brown ensaiam

Franchot Tone, Joan Crawford e Clarence Brown ensaiam

Três Amores descreve com uma ousadia própria da era Pré-Código os três relacionamentos de Sadie McKee Brenan (Joan Crawford), copeira de uma mansão na qual a mãe é cozinheira: com um namorado escroque, Tommy Wallace (Gene Raymond) que a abandonou; com um milionário alcoólatra, Jack Brennan (Edward Arnold); e com o filho do seu patrão, Michael Anderson (Franchot Tone), que sempre fôra enamorado dela. O tema desse melodrama é o amor perdido e a recuperação emocional após este trauma; mas percebe-se também na trama alguma análise do mecanismo social. O maior trunfo do filme são os vestidos deslumbrantes de Adrian para Crawford, e os close-ups da atriz, no auge do seu glamour.

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Otto Kruger e Joan Crawford em Acorrentada

Otto Kruger e Joan Crawford em Acorrentada

Clark Gable e Joan Crawford em Acorrentada

Clark Gable e Joan Crawford em Acorrentada

Acorrentada é um drama romântico seguindo a velha fórmula do triângulo amoroso. Dono de uma companhia de navegação (Otto Kruger) enamora-se da jovem Diana (Joan Crawford), mas a esposa dele não quer lhe conceder o divórcio. Diante do impasse, Diana parte para a América do Sul e, na viagem, apaixona-se por Mike Bradley (Clark Gable). Filmado no estilo chique da MGM, o filme realça o magnetismo da dupla Gable-Crawford e foi o primeiro dos oito filmes que Joan Crawford fez com o fotógrafo George Folsey. Folsey descobriu um esquema de iluminação que enfatizava a beleza da atriz. Crawford adorou ver como a sua imagem ficou e pediu o mesmo tipo de iluminação pelo resto de sua carreira.

 

CINEMA MEXICANO NO BRASIL – PELMEX III

Com seus popularíssimos melodramas o cinema mexicano fez muita gente chorar, mas atendeu também à preferência do público pelas comédias.

Tal como aconteceu no cinema norte-americano, após a chegada do som, o cinema mexicano transferiu as revistas musicais do palco para a tela. Essa técnica culminou em 1936 com Rancho Grande / Allá en el Rancho Grande, de Fernando de Fuentes, estrelado por Tito Guizar, o primeiro grande sucesso que consolidou a indústria cinematográfica mexicana, transcendeu fronteiras, e estabeleceu o primeiro gênero genuinamente mexicano: a comédia ranchera.

pelmex allá en el rancho grande poster

Esta se caracterizava pela paisagem rural, humor simples e mitificação da vida e moralidade provinciana. O herói dessas comédias era o charro cantor, um cavaleiro mexicano, namorador galante, alegre e temerário, vestido com jaquetas pitorescas, calças justas e o imprescindível sombrero, que a todo momento entoava uma canção.

pelmex ay jalisco

Herdeiro do personagem de Tito Guizar em Rancho Grande, Jorge Negrete firmou-se como ídolo popular em 1941, quando interpretou um charro ousado e sedutor em Ay Jalisco, no te rajes. Ele manteve sua hegemonia sobre a constelacão de astros do cinema azteca até o aparecimento de Pedro Infante que, com seu machismo ranchero (vg. Os Tres Garcia / Los Tres Garcia / 1946) se tornou a figura mais querida pelos frequentadores das salas de cinema mexicanas. Negrete e Infante chegaram a trabalhar juntos em Dos Tipos de Cuidado / 1952, em uma tentativa dos produtores para revitalizar o gênero, que estava começando a perder seu prestígio.

pelmex los tes garcia

Carmelita González, Jorge Negrete, Yolanda Varela e Pedro Infante em Dos Tipos de Cuidado

Carmelita González, Jorge Negrete, Yolanda Varela e Pedro Infante em Dos Tipos de Cuidado

Outro gênero de grande sucesso no cinema mexicano foi a comédia burlesca, cujo representante máximo foi Mario Moreno ”Cantinflas”, cômico oriundo do circo e do teatro de variedades. A primeira fase de sua carreira cinematográfica culminou com o sucesso espetacular de Aí é que está a Coisa / Ahí está el Detalle /1940, que o impulsionou para a fama através de todo o cinema de língua espanhola. Mario Moreno interpretava um peladito, ou seja, um mexicano humilde, com um bigodinho esparso nas pontas de sua boca, calças propensas a cair, e fala incoerente que desafiava a hipocrisia e a presunção da classe média com sua verborragia incompreensível e espírito anárquico.

pelmex ahi está el detalle

A certa altura de sua trajetória artística Cantinflas se dedicou, sempre com seu temperamento caótico, à paródia de certas profissões (vg. Herói por Acaso / El Gendarme Desconocido / 1941, O Circo / El Circo / 1943, O Mago / El Mago / 1949, El Bombero Atômico / 1950, O Porteiro / El Portero / 1950, Se Eu Fosse Deputado / Si yo fuera Deputado / 1951, O Engraxate / El Bolero de Raquel / 1957)) ou de romances célebres (vg. Nem Sangue Nem Areia / Ni Sangre Ni Arena / 1941, Os Três Mosqueteiros / Los Tres Mosqueteros / 1942), gozando sempre do apoio das platéias.

Um outro cômico original e simpatico, Germán Valdez “Tin Tan”, ficou famoso pelo personagem que criou com bigodinho à la Clark Gable e vestido no estilo pachuco, ou seja, com um zoot-suit (traje com ombros largos, paletó muito comprido, calças folgadas mas estreitas embaixo, chapéu fedora e sapato bicolor, usado por alguns jovens latinos nos Estados Unidos nos anos 40); mas assumiu também outros papeís, demonstrando sempre uma grande capacidade de improvisação.

Germán Valdez "Tin Tan"

Germán Valdez “Tin Tan”

Tin Tan estreou no cinema em 1943 interpretando um pequeno papel em Hotel de Veran, mas seu estilo original se desenvolveu plenamente a partir de 1948 com um clássico da comédia mexicana: Eu Sou do Amor / Calabacitas Tiernas. Posteriormente apareceu em várias paródias de histórias clássicas tais como La Marca del Zorrillo / 1950, Sinbad el Mareado / 1950, El Ceniciento / 1951 e Las Mil y Una Noches / 1957, porém seu filme mais aplaudido foi El Rey del Barrio / 1949, que apresenta uma versão humorística dos tipos e situações que tornaram célebre o melodrama mexicano.

1956

Janeiro:

CONGA SELVAGEM / KONGA ROJA / 1943. Dir: Alejandro Galindo. Maria Antonieta Pons, Pedro Armendáriz, Tito Junco, Carlos López Moctezuma.

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A GAIVOTA / LA GAVIOTA / 1955. Dir: Raúl de Anda. Maria Antonieta Pons, Dagoberto Rodriguez, Joaquin Cordero.

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A INFAME / LA INFAME / 1954. Dir: Miguel Zacarías. Libertad Lamarque, Carmen Montejo, Luis Aldás.

Captura de Tela 2016-03-22 às 12.03.55Abril:

MEU REINO POR UM TOUREIRO / MI REINO POR UN TORERO / 1944. Dir: Fernando A. Rivero. Maria Antonieta Pons, Carlos Arruza, Aurora Segura.

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SOMBRA VERDE / SOMBRA VERDE. Dir: Robert Gavaldón, Ricardo Montalban, Ariadne Walter, Victor Parra.

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Maio:

MULATA / MULATA / 1954. Dir: Gilberto Martinez Solares. Ninón Sevilla, Pedro Armendáriz, René Cardona.

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Junho:

NUNCA É TARDE PARA AMAR / NUNCA ES TARDE PARA AMAR / 1953. Dir: Tito Davison. Libertad Lamarque, Roberto Cañedo, Martha Valdéz.

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O RAPTO / EL RAPTO/ 1956. Dir: Emilio Fernández. Jorge Negrete, Maria Félix, Andrés Soler.

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Julho:

O ADORADO TIRANO / MÁS FUERTE QUE EL AMOR / 1955 (Co-produção México-Cuba). Dir: Tulio Demicheli. Jorge Mistral, Miroslava, Chela Castro.
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MULHER SEM RUMO / VIAJERA. Dir: Alfonso Patiño Gómez. Rosa Carmina, Fernando Fernández, Georgina Barragón.

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Setembro:

CASA DE PERDIÇÃO / CASA DE PERDICIÓN /1956. Dir: Ramón Pereda. Maria Antonieta Pons, Fernando Fernández, José Baviera.

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CAVALEIRO SOB MEDIDA / CABALLERO A LA MEDIDA / 1954. Dir: Miguel M. Delgado. Cantinflas, Martha Valdés, Ángel Garasa.

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Outubro:

REPRISE DE CAMÉLIA

Dezembro:

ESCOLA DE VAGABUNDOS / ESCUELA DE VAGABUNDOS / 1955. Dir: Rogelio A. González. Pedro Infante, Miroslava, Blanca de Castejón.

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COM QUEM ANDAM NOSSAS FILHAS / CON QUIÉN ANDAN NUSETRAS HIJAS / 1956. Dir: Emilio Gómez Muriel. Silvia Derbez, Yolanda Varela, Martha Mijares.

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1957

Janeiro:

HISTÓRIA DE UM GRANDE AMOR / HISTORIA DE UN AMOR / 1956. Dir: Roberto Gavaldón. Libertad Lamarque, Emilio Tuero, Domingo Soler.

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CLUBE DE SENHORITAS/ CLUB DE SEÑORITAS / 1956. Dir: Gilberto Martinez Solares. Ninón Sevilla, Ramón Gay, Joaquin Pardavé.

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QUANDO EU PARTIR / CUANDO ME VAYA / 1954. Dir: Tito Davison. Libertad Lamarque, Miguel Torruco, Lilia Martinez “Gui-Gui”.

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BANDIDO A MUQUE / SOY UN PRÓFUGO / 1946. Dir: Miguel M. Delgado. Cantinflas, Emilia Guiú, Daniel “Chino” Herrera.

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Fevereiro:

SERENATA NO MÉXICO / SERENATA EN MEXICO / 1956. Dir: Chano Urueta. Rosita Quintana, Luis Aguilar, Abel Salazar.

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NECESSITO DE UM MARIDO / NECESITO UN MARIDO / 1955. Dir: José Diaz Morales. Maria Antonieta Pons, Abel Salazar, Domingo Soler.

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PARA SEMPRE MEU AMOR / PARA SIEMPRE / 1955. Dir: Tito Davison. Jorge Mistral, Maria Carmen Pardo, Rosario Granados, Lilia Martinez “Gui Gui”.

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Março:

MÚSICA NORTUNA / MUSICA EN LA NOCHE / 1956. Dir: Tito Davison. Amalia Aguilar, Pedro Vargas, Katherine Dunham.

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Abril:

TRÊS VIÚVAS ALEGRES / MIS TERES VIUDAS ALEGRES / 1953. Dir: Fernando Cortés. Amalia Aguilar, Lilia del Valle, Silvia Pinal.

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A DONZELA DE PEDRA / LA DONCELLA DE PIEDRA / 1956. Dirt: Miguel M. Delgado. Elza Aguirre, Victor Manuel Mendoza, Armando Silvestre.

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Maio:

CHAMAS CONTRA O VENTO / LLAMAS CONTRA EL VIENTO. Dir: Emilio Gómez Muriel. Ariadne Welter, Yolanda Varela, Anabelle Gutiérrez.

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Junho:

ADÃO E EVA / ADÁN Y EVA / 1956. Dir: Alberto Gout. Christiane Martel, Carlos Baena , Carlos Martinez Baena.

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A FORÇA DO DESEJO / LA FUERZA DEL DESEO / 1955. Dir: Miguel M. Delgado. Armando Calvo, Ana Luisa Peluffo, Rosario Granados.

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Julho:

CARAS NOVAs / CARAS NUEVAS / 1956. Dir: Mauricio de la Serna. Sergio Corona, Alfonso Arau, Elmo Maciel.

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UM ESTRANHO NA ESCADARIA / UN EXTRAÑO EN LA ESCALERA / 1947. Dir: Tulio Demicheli. Arturo de Córdova, Silvia Pinal, Jose Maria Linares-Rivas, Andrés Soler.

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Agosto:

VAMOS VOAR, MOÇO! / A VOLAR JOVEN / 1947. Dir: Miguel M. Delgado. Cantinflas, Ángel Garasa, Daniel “Chino” Herrera.

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Setembro:

TROPICANA / TROPICANA / 1957. Dir: Juan José Ortega. Evagelina Elizondo, Ana Bertha Lepe, Abel Salazar, Agustin Lara.

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CANASTRA DE CONTOS MEXICANOS / CANASTA DE CUENTOS MEXICANOS / 1956. Dir: Julio Bracho. Maria Félix, Arturo de Córdova, Pedro Armendáriz.

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AMOR E PECADO / AMOR Y PECADO/ 1956. Dir: Alfredo B. Crevenna. Ninón Sevilla, Ramón Gay, Rosa Elena Durgel.

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Outubro:

YAMBAÓ / YAMBAIO / 1957. Dir: Alfredo B. Crevenna. Ninón Sevilla, Ramón Gay, Rosa Elena Durgel.

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Novembro:

HISTÓRIA DE UM CASACO DE PELES / HISTORIA DE UN ABRIGO DE MINK / 1955. Dir: Emilio Gómez Muriel. Irasema Dilián, Silvia Pinal, Columba Dominguez, Carlos Navarro, Maria Elena Marques, José Maria Linares-Rivas, Miguel Torruco, Armando Silvestre.

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A ILEGÍTIMA / LA ILEGÍTIMA / 1956. Dir: Chano Urueta. Miguel Torruco, Amanda del Llano, Ariadne Welter.

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Dezembro:

MULHERES QUE BRIGAM/ QUE BRAVAS SON LAS COSTEÑAS / 1955. Dir: Roberto Rodriguez. Maria Antonieta Pons, Andy Russell, Evangelina Elizondo.

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LOUCURA PASSIONAL / LOCURA PASIONAL / 1956. Dir: Tulio Demicheli. Silvia Pinal, Carlos Lopes Moctezuma, César del Campo.

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O SETE LÉGUAS ou O CAVALO DE PANCHO VILLA / EL 7 LEGUAS / 1955. Dir: Raúl de Anda. Luis Aguilar, Yolanda Varela, Linda Cristal.

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DE CARNE SOMOS / DE CARNE SOMOS / 1955. Dir: Roberto Gavaldón. Marga López, Carlos Rivas, José Elias Moreno.

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ABAIXE O PANO / ABAJO EL TÉLON / 1955. Dir: Miguel M. Delgado. Cantinflas, Christiane Martel, Beatriz Saavedra.

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A VÍBORA / LA INTRUSA / 1954, Dir: Miguel Morayta. Rosario Granados, Eduardo Fajardo, Evangelina Elizondo.

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1958

Janeiro:

ESCOLA DE MAMBO / SALÓN DE BAILE / 1952. Dir: Miguel Morayta. Fernando Fernández, Meche (Mercedes) Barba, Manolo Fábregas, Taña Lynn, Perez Prado.

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Março:

FELIZ ANO MEU AMOR / FELIZ AÑO AMOR MIO / 1957. Dir: Tulio Demicheli. Arturo de Córdova, Marga López, Ignacio López Tarso.

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Abril:

OS AMANTES / LOS AMANTES / 1951. Dir: Fernando A. Rivero. Emilia Guiú, David Silva, Luis Aldás, Rodolfo Acosta.

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MULHERES DE TEATRO / MUJERES DE TEATRO / 1951. Dir: René Cardona. Emilia Guiú, Rosita Fornés, Armando Sivestre.

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A CULPA DOS PAIS / LA CULPA DE LOS HOMBRES / 1955. Dir: Roberto Rodriguez. Maria Antonieta Pons, Enrique Rambal, Julio Villareal.

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VIRTUDE NUA / LA VIRTUD DESNUDA/ 1957.A Dir: José Diaz Morales. Columba Dominguez. Pedro Vargas. Agustin Lara, Victor Junco, Joaquin Pardavé.

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Junho:

DELÍRIO TROPICAL / DELIRIO TROPICAL / 1952. Dir: Miguel Morayta. Amalia Aguilar, Carlos Valdez, Lupe Llaca.

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TEATRO DO CRIME / TEATRO DEL CRIMEN / 1957. Dir: Fernando Cortés. Maria Antonieta Pons, César del Campo, Manuel Medel, Silvia Pinal, Lucho Gatica, Pedro Vargas, Agustin Lara, Gérman Valdéz “Tin Tan”.

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A TENTADORA / ESTAFA DE AMOR / 1955. Dir: Miguel M. Delgado. Elsa Aguirre, Ramón Gay, Carmen Montejo, Eduardo Morigea.

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BATACLAN MEXICANO / BATACLAN MEXICANO / 1956. Dir: Raúl de Anda. Christiane Martel, Agustin de Anda, Fernando Casanova.

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AMOR ÍNDIO / TIZOC / 1957. Dir: Ismael Rodriguez. Maria Félix, Pedro Infante, Andrés Soler.

Captura de Tela 2016-03-22 às 13.33.54

O SEDUTOR / EL SEDUCTOR / 1955. Dir: Chano Urueta. Ramón Gay, Amanda del Llano, Ana Luisa Peluffo.

Captura de Tela 2016-03-22 às 13.34.31

Julho:

DEVORADORA DOS HOMENS/ LA DULCE ENEMIGA / 1957. Dir: Tito Davison. Silvia Pinal, Joaquín Cordero, Carlos Riquelme.

Captura de Tela 2016-03-22 às 13.35.56

Agosto:

A MULHER DE FOGO / MUJERES DE FUEGO / 1958. Dir: Tito Davison. Ninón Sevilla, Carlos Baena, Wilson Viana, Grande Otelo, Walter Pinto e sua “beldades bem despidas”, Osvaldo Louzada, Francisco Dantas, Carlos Cotrim, Joãozinho da Goméia, Orlando Guy, Nélia Paula, Jece Valadão, Altair Vilar.

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ESPOSAS INFIÉIS / ESPOSAS INFIDELES / 1956. Dir: José Diaz Morales. Columba Dominguez, Lilia del Valle, Octávio Arias, Agustin Lara, Kitty de Hoyos, Armando Calvo.

Captura de Tela 2016-03-22 às 15.04.12Novembro:

QUANDO A CARNE MANDA / LOS AMANTES / 1956. Dir: Benito Alazraki. Yolanda Varela, Carlos Baena, Amanda del Llano.

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Dezembro:

O MAGO / EL MAGO / 1949. Dir: Miguel M. Delgado. Cantinflas, Leonora Amar, José Baviera.

Captura de Tela 2016-03-22 às 15.11.251959

Janeiro:

O ENGRAXATE / EL BOLERO DE RAQUEL / 1957. Dir: Miguel M. Delgado. Cantinflas, Manola Saavedra, Flor Silvestre, Paquito Fernández, Daniel “Chino” Herrera.

Captura de Tela 2016-03-22 às 15.12.36

FLOR DE CANELA/ FLOR DE CANELA / 1958.Dir: Ramón Pereda. Maria Antonieta Pons, Joaquin Cordero, Raúl Meraz, Pedro Vargas, Los Tres Caballeros, Hermanos Reyes.

Captura de Tela 2016-03-22 às 15.13.16

A CIDADE DOS MENINOS / LA CIUDAD DE LOS NIÑOS / 1957. Dir: Gilberto Martinez Solares. Arturo de Córdova, Marga López, Sara Garcia.

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Fevereiro:

A ESCONDIDA / LA ESCONDIDA / 1956. Dir: Roberto Gavaldón. Pedro Armendáriz, Maria Félix, Andrés Soler.

Captura de Tela 2016-03-22 às 15.16.05

O QUE É QUE HÁ COM SANSÃO / LOQUE SE PASÓ A SANSÓN / 1955. Dir: Gilberto Martinez Solares. Ana Bertha Lepe, Yolanda Varela, Andrés Soler.

Captura de Tela 2016-03-22 às 15.16.57

OS 3 AMORES DE LOLA / LOLA TORBELLINO / 1956 (Co-produção México-Eespanha). Dir: René Cardona. Lola Flores, Luis Aguilar, Agustin Lara.

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Julho:

A MULHER X / LA MUJER X / 1956. Dir: Julian Soler. Libertad Lamarque, Victor Junco, Andrés Soler.

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Agosto:

ELA OU O DIABO / SUCEDIÓ EN MEXICO / 1958. Dir: Ramón Pereda. Maria Antonieta Pons, Joaquin Cordero, Carmelita González, José Baviera.

Captura de Tela 2016-03-22 às 15.20.25Setembro:

CIELITO LINDO / CIELITO LINDO / 1957. Dir: Miguel M. Delgado. Rosita Quintana, Luis Aguilar, Carlos Lopes Moctezuma.

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Outubro:

SOBE E DESCE / SOBE Y BASA / 1959.a Dir: Joaquin Garcia Vargas. Cantinflas, Teresa Velasquez, Domingo Soler.

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DIANA, A CAÇADORA / LA DIANA CAZADORA / 1957. Dir: Tito Davison. Ana Luisa Peluffo, Armando Calvo, Roberto Canedo.

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Dezembro:

VIVA O AMOR! / VIVA EL AMOR / 1958. Dir: Mauricio de la Serna. Silvia Pinal, Christiane Martel, Emilio Tuero.

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