Arquivo mensais:outubro 2015

CONEXÃO TEATRO-CINEMA I

Dulcina como Sadie Thompson, Cacilda Becker como Marguerite Gauthier, Henriette Morineau como Blanche Dubois. Estas e tantos outros personagens famosos de peças teatrais levadas à tela foram reencarnados nos palcos da cidade do Rio de Janeiro nas décadas de 40 e 50.

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Fiquei impressionado com a quantidade e a qualidade de peças relacionadas com filmes e fiz um levantamento desses espetáculos teatrais no período citado, mencionando os filmes aos quais eles correspondem, porém excluindo: filmes brasileiros (v.g. A Pensão de Dona Stela, A Família Lero Lero, Moral em Concordata); filmes do cinema mudo e/ ou realizados posteriormente aos decênios objetos desta pesquisa; peças que não geraram filmes ou foram representadas por alguns grupos amadores, filmes oriundos de romances, poemas ou de argumentos escritos originariamente para o cinema.

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Bibib Ferreira em Conchita

Bibib Ferreira em Conchita

Captura de Tela 2015-11-01 às 12.25.37Assim sendo, não foram incluídas, por exemplo, as performances de Bibi Ferreira em Rebecca (correspondente a Rebecca, a Mulher Inesquecível / Rebecca / 1940 de Alfred Hitchock bas. romance de Daphne du Maurier), Madame Bovary (Madame Bovary / Madame Bovary / 1949 de Vincente Minnelli e outras versões cinematográficas bas. romance de Gustave Flaubert) e em Conchita, a Mulher e o Boneco (Mulher Satânica / The Devil is a Woman / 1935 de Josef von Sternberg e outras versões cinematográficas bas. romance de Pierre Louys); Dulcina em Ninotchka (Ninotchka / Ninotchka / 1939 de Ernst Lubitsch bas. história original de Melchior Lengyel); Henriette Morineau como Norma Desmond em Também os Deuses Amam (Crepúsculo dos Deuses / Sunset Boulevard / 1948 de Billy Wilder bas. história original de Charles Brackett e Billy Wilder); Eva Todor como Leslie Crosbie em A Carta (A Carta / The Letter / 1940 de William Wyler bas. história Somerset Maugham);

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Cacilda Becker em Maria Stuart

Cacilda Becker em Maria Stuart

Ziembinski e Cacilda Becker em Longa Jornada De Uma Dia Para Dentro da Noite

Ziembinski e Cacilda Becker em Longa Jornada De Um Longo Dia  Para Dentro da Noite

Procópio Ferreira em A Mulher do Padeiro (La Femme du Boulanger / 1938 de Marcel Pagnol bas. romance de Jean Giono); Cacilda Becker em Maria Stuart (porque o filme de John Ford, Maria Stuart / Mary of Scotland / 1936 não foi baseado na peça de Schiller mas sim na peça de Maxwell Anderson); Natalia Timberg como Alma Winemiller em O Anjo de Pedra (porque o filme correspondente, O Anjo de Pedra / Summer and Smoke, de Peter Glenville, é de 1961); Cacilda Becker como Mary Tyrone em Longa Jornada de um Longo Dia Para Dentro da Noite (porque o filme correspondente, Longa Jornada Noite Adentro / Long Day’s Journey Into The Night, de Sidney Lumet, é de 1962);

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Maria Della Costa e Sandro Polonio em A Rainha Morta

Maria Della Costa e Sandro Polonio em A Rainha Morta

Cena de Gigi

Cena de Gigi

Leonardo Vilar como Eddie Carbone em Panorama Visto da Ponte (porque o filme correspondente, O Panorama Visto da Ponte / A View from the Bridge, de Sidney Lumet, é de 1962; Maria Della Costa como Joana D’Arc em O Canto da Cotovia de (porque a peça de Jean Anouilh, “L’Alouette”, não foi levada ao cinema, existindo apenas o filme Joana D’Arc / Joan of Arc / 1949, baseado na peça de Maxwell Anderson, “Joan of Lorraine”) ou como Inês de Castro em A Rainha Morta (porque a peça de Henri de Montherlant não foi levada ao cinema, existindo apenas o filme português Inês de Castro, baseado em poema de Afonso Lopes Vieira); Nicette Bruno como Margarida, Graça Mello como Fausto e Luiz Tito como Mefistófeles em Fausto (porque os filmes correspondentes não são da década 40/50); Henriette Morineau como Medéia (porque o filme correspondente não é do decênio 40/50); Ana Edler, Iracema de Alencar, Laura Suarez, Maria Clara Machado, Maria Pompeu e outros em Diálogo das Carmelitas (pelo mesmo motivo); Henriette Morineau em Gigi (Gigi / Gigi / 1958 de Vincente Minnelli) e Chéri (Chéri / 1950 de Pierre Billon), porque ambos os filmes foram baseados em romances de Colette etc.

1941

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NUNCA ME DEIXARÁS. Autor: Margaret Kennedy. Tr. Maria Jacinta. Dulcina, Odilon, Conchita de Morais, Aristoteles Pena, Suzana Negri, Sara Nobre, Jorge Diniz, Danilo Ramires, Armando Rosas, Atila de Morais, Mary May, Laura Santos, Vicente Gil, Roque da Cunha.

Filmes: Contudo és Meu / Escape me Never / 1935. Dir: Paul Czinner. Elizabeth Bergner, Hugh Sinclair, Griffith Jones, Penelope Dudley-Ward, Irene Vanbrugh, Leon Quartermaine. Quero-te Junto a Mim / Escape me Never / 1947. Dir: Peter Godfrey. Errol Flynn, Ida Lupino, Eleonor Parker, Gig Young, Reginal Denny, Albert Basserman, Isobel Elsom.

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 ESTA NOITE OU NUNCA. Autor: Lily Hatvany. Tr. Oduvaldo Viana. Dulcina, Odilon, Aristoteles Pena, Sara Nobre, Armando Rosas, Mary May, Roque da Cunha.

Filme: Esta Noite ou Nunca / Tonight or Never / 1933. Gloria Swanson, Melvyn Douglas, Alison Skipworth, Ferdinand Gottschalk, Robert Kreig, Boris Karloff.

 1942

Dulcina em Pigmalião

Dulcina em Pigmalião

PIGMALIÃO. Autor: Bernard Shaw. Tr. Miroel Silveira. Dulcina (como Eliza Guarapa), Odilon (como Prof. Henrique Mascarenhas), Aristoteles Pena, Jorge Diniz, Conchita de Morais, Sara Nobre, Mary May, Roque da Cunha, Danilo Ramires, Léo Romano, Dilú Dourado,

Filme: Pigmalião / Pygmalion / 1938. Dir: Gabriel Pascal. Wendy Hiller, Leslie Howard, Wilfrid Lawson, Scott Sunderland.

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 A DAMA DAS CAMÉLIAS. Autor: Alexandre Dumas Filho. Tr. Alvaro Peres. Amélia de Oliveira, Rodolfo Mayer, Teixeira Pinto, Maria Castro, Lourdes Mayer, Lú Marival, Arnaldo Coutinho, Victória Régia, Antonio Ramos, Carlos Machado, Brandão Filho, Rui Viana, Alvaro Rocha, Ribeiro Fortes, Antonio Ramos, Gim Mamoré.

Filmes: ver adiante a peça A Dama das Camélias encenada em 1951.

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DO MUNDO NADA SE LEVA. Autor: Autor: George S. Kaufman, Moss Hart. Tr. Maria de Lourdes Araujo Lima. Dulcina, Odilon, Conchita de Morais, Aristoteles Pena, Jorge Diniz, Sara Nobre, Dilú Dourado, Natara Ney, Mary May, Suzana Negri, Danilo Ramires, Roque da Cunha, Armando Rosas, Léo Romano.

Filme: Do Mundo Nada se Leva / You Can’t Take it With You / 1938. Dir: Frank Capra. James Stewart, Jean Arthur, Lionel Barrymore, Mischa Auer, Ann Miller, Spring Byington.

ORFEU. Autor: Jean Cocteau. Tr. Raul Penido Filho. Paulo Soledade, Zezé Pimentel, Luiza Barreto Leite, Fadah Gattass, Eloi Brandão, Armando Riedel, José Mauro, Graça Mello, Mario Brasini.

Filme: Orfeu / Orphée / 1950. Dir: Jean Cocteau. Jean Marais, Marie Déa, Maria Casares, François Périer, Henri Cremieux, Juliette Greco, Roger Blin.

 1943

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UMA MULHER DO OUTRO MUNDO. Autor: Noel Coward. Tr. Carlos Lage. Dulcina, Odilon, Conchita de Morais, Manuel Pera, Zilka Salaberry, Mario Salaberry, Carlos Perry, Atila de Morais, Luiza Satanela, Natara Ney.

Filme: Uma Mulher do Outro Mundo / Blithe Spirit / 1945. Dir: David Lean. Rex Harrison, Constance Cummings, Kay Hammond, Margaret Rutherford.

FIM DE JORNADA. Autor: R.C. Sheriff. Tr. Isaac Pascoal. Ziembinski, Graça Mello, Figueiredo Junior, Brutus Pedreira, Carlos Mello, Alvaro Alberto, Nelson Vaz, Armando Couto, Darci dos Reis, Fadal Gattass.

Filme: Journey’s End / 1930. Dir: James Whale. Colin Clive, Ian Maclaren, David Manners, Billy Bevan, Anthony Bushell.

A FELICIDADE. Autor: Henri Bernstein. Tr. Heitor Moniz. Dulcina, Odilon, Manuel Pera, Atila de Moraes, Natara Ney, Roque da Cunha, Armando Rosas, Armando Louzada, Dinorah Marzulo, Leo Romano, Sylvio Silva.

Filme: Le Bonheur / 1935. Dir: Marcel L’Herbier. Charles Boyer, Gaby Morlay, Paulette Dubost, Jean Toulout, Jaque Catelain, Michel Simon.

 1944

Dulcina em Cesar e Cleópatra

Dulcina em Cesar e Cleópatra

CESAR E CLEOPATRA. Autor: Bernard Shaw. Tr. Miroel Silveira. Dulcina, Odilon, Conchita de Morais, Luis Tito, Jorge Diniz, Nelson Vaz, Sadi Cabral, Danilo Ramires, Ribeiro Fortes, Manuel Pera, Milton Carneiro, Roque da Cunha, Olavo de Barros, Grijó Sobrinho, Iris Belmonte, Dinorah Marzulo, Sonia Marques Lopes, Alvaro de Paula, Rocir Silveira, Isolino Teixeira, João Zacarias, Pedro Veiga, Decio Stuart, Lília Naldi e Felicitas.

Filme: Cesar e Cleopatra / Caesar and Cleopatra / 1945. Dir: Gabriel Pascal. Claude Rains, Vivien Leigh, Stewart Granger, Flora Robson, Basil Sidney, Cecil Parker, Raymond Lowell, Ernest Thesiger.

Dulcina em Santa Joana

Dulcina em Santa Joana

SANTA JOANA. Autor: Bernard Shaw. Tr. Dinah Silveira de Queiroz. Dulcina, Odilon, Luiz Tito, Sadi Cabral, Manuel Pera, Jorge Diniz, Danilo Ramires, Armando Rosas, Nelson Vaz, Ribeiro Fortes, Milton Carneiro, Grijó Sobrinho, Roque da Cunha, Rocir Silveira, Iris Belmonte, João Zacharias, Geraldo Avelar, Pedro Veiga, Carlos Viana.

Filme: Santa Joana / Saint Joan / 1957. Dir: Otto Preminger. Jean Seberg, Richard Widmark, Richard Todd, Anton Walbrook, John Gieguld, Margot Grahame.

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SÉTIMO CÉU. Autor: Austin Strong. Tr. Elsie Lessa. Bibi Ferreira, Suzana Negri, Ribeiro Martins, Maria Isabel, Jorge Diniz, Ferreira Leite, Hamilton Ferreira.

Filme: Sétimo Céu / Seventh Heaven / 1937. Dir: Henry King. Simone Simon, James Stewart, Jean Hersholt, Gregory Ratoff, Gale Sondergaad, J. Edward Bromberg, John Qualen, Sig Ruman, Victor Kilian.

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DESLUMBRAMENTO. Autor: Keith Winter. Tr. Bandeira Duarte. Dulcina, Odilon, Conchita de Morais, Aurora Aboim, Milton Carneiro, Ribeiro Fortes.

Filme: A Mulher Proibida / The Shinning Hour. Dir: Frank Borzage. Joan Crawford, Margaret Sullavan, Robert Young, Melvyn Douglas, Fay Bainter, Hatty MacDaniel, Allyn Joslyn.

1943

Dulcina em Rainha Vitória

Dulcina em Rainha Vitória

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 RAINHA VITÓRIA. Autor: Lawrence Housman. Tr. Bandeira Duarte. Dulcina, Odilon, Conchita de Morais, Atila de Morais, Manuel Pera, Aurora Aboim, Dinorah Marzulo, Armando Rosas, Milton Carneiro, Ribeiro Fortes, Renato Restier, Cléia Barros, Luiza Barreto Leite, Maria Luiza, Wolf Harnisch, Urbano Silva.

Filme: A Rainha Vitória / Victoria, the Great / 1937. Dir: Herbert Wilcox. Anna Neagle, Anton Walbrook, Walter Rilla, H. B. Warner, Mary Morris, Felix Aylmer.

O Imperador Jones

Aguinaldo de Oiliveira Camargo em O Imperador Jones

O IMPERADOR JONES. Autor: Eugene O’Neill. Tr. Ricardo Werneck de Aguiar. Aguinaldo de Oliveira Camargo, Natalino Dionisio, José da Silva, Fernado Oscar de Araujo, Arinda Serafim (depois Ruth de Souza), Sady Cabral (depois José Medeiros). FIlme: O Imperador Jones / Emperor Jones/ 1933. Dir: Dudley Murphy. Paul Robeson, Duddley Digges, Frank H. Wilson, Fredi Washington, Ruby Elgy, George Hayhid Stamper.

O PIRATA. Autor: S.N. Behrman. Tr. Raimundo Magalhães Junior. Dulcina, Odilon, Conchita de Morais, Atila de Morais, Aurora Aboim, Manuel Pera, Armando Rosas, Milton Carneiro, Ribeiro Fortes, Renato Restier.

Filme: O Pirata / The Pirate / 1948. Dir: Vincente Minnelli. Judy Grland, Gene Kelly, Walter Slezak, Gladys Cooper, Reginald Owen, George Zucco, The Nicholas Brothers.

Dulcina como Sadie Thompson em Chuva

Dulcina como Sadie Thompson em Chuva

Cena de Chuva

Cena de Chuva

Dulcina em Chuva

Dulcina em Chuva

CHUVA. Autor: John Colton e Clemence Randolph baseado história de Somerset Maugham. Tr. Genolino Amado. Dulcina, Odilon, Conchita de Morais, Manuel Pera, Aurora Aboim, Armando Rosas, Ribeiro Fortes, Luiza Barreto Leite, Renato Restier, Milton Carneiro, Urbano Silva.

Filmes: O Pecado da Carne / Sadie Thompson / 1932. Dir: Lewis Milestone. Joan Crawford, Walter Huston, William Gargan, Beulah Bondi, Mary Shaw, Fred Howard, Ben Hendricks Jr., Walter Cattlett. A Mulher de Satã / Sadie Thompson / 1953. Dir: Curtis Bernhardt. Rita Hayworth, José Ferrer, Aldo Ray, Russell Collins, Diosa Costello, Peggy Converse.

UMA MULHER SEM IMPORTÂNCIA. Autor: Oscar Wilde. Versão modernizada: Raimundo Magalhães Junior. Maria Sampaio, Mario Brasini, Aimée, Sara Nobre, Maria Castro, Lisette Buono, Danilo Ramires, Lydia Matos, Paulo Moreno, Fernando Delmar.

Filme: Uma Mulher sem Importância / Una Mujer sin Importancia / 1945. Dir: Luis Bayón Herrera. Mecha Ortiz, Santiago Gómez Cou, Golde Fiani, Hugo Pimentel, Lidia Denis, Bianca Vidal, Sara Barrié.

Sara Nobre e Maria Sampaio em Luz de Gás

Sara Nobre e Maria Sampaio em Luz de Gás

Maria Samnpaio em Luz de Gás

Maria Samnpaio em Luz de Gás

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LUZ DE GÁS. Autor: Patrick Hamilton. Tr. Raimundo Magalhães Junior. Maria Sampaio, Mario Brasini, Sara Nobre, Paulo Moreno, Auristela Araujo.

Filmes: À Meia-Luz / Gaslight / 1940. Dir: Thorold Dickison. Diana Wyniard, Anton Walbrook, Frank Petingell, Cathleen Cordele, Robert Newton.   À Meia-Luz / Gaslight / 1944. Dir: George Cukor. Ingrid Bergman, Charles Boyer, Joseph Cotten, Dame May Whitty, Angela Lansbury.

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 DELICIOSO VENENO. Autor: Joseph Kesselring. Tr. Carlos Lage. Bibi Ferreira, Suzana Negri, Maria Isabel, Ribeiro Martins, Jorge Diniz, Alberto Pérez.

Filme: Este Mundo é um Hospício / Arsenic and Old Lace / 1946. Dir: Frank Capra. Cary Grant, Priscilla Lane, Josephine Hull, Jean Adair, John Alexander, Raymond Massey, Peter Lorre, Jack Carson, Edward Everett Horton.

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PAPÁ LEBONARD. Autor: Jean Aicard. Tr. Gastão Pereira da Silva. Jaime Costa, Nelma Costa, Cora Costa, Aristoteles Pena, Francisco Dantas, Grace Moema, Sandro Roberto, Cirene Tostes.

Filme: Papa Lebonard / Papa Lebonard / 1946. Dir: Ramón Péon. Luana Alcañiz, Victoria Argota, José Baviera, Adriana Lamar, Rául Lechuga, Ramón Pereda.

Maria Sampaio em A Família Barrett

Maria Sampaio em A Família Barrett

 

Cena de A Família Barrett

Cena de A Família Barrett

Captura de Tela 2015-08-30 às 12.35.48A FAMÍLIA BARRETT. Autor: Rudolf Besier. Tr. Miroel Silveira. Maria Sampaio. Paulo Moreno, Sara Nobre, Stella Perry, Wahita Brasil, Altivo Diniz, David Conde, Wallace Viana, Carlos Geraldo, Antonio Henrique, Nelson Vaz, Eugênia Levy, Pedro Veiga, Rodolfo Arena, Castro Viana, Geraldo Brasil, Z. Orlando.

Filmes: A Família Barret / The Barretts of Wimpole Street / 1934. Dir: Sidney Franklyn. Norma Shearer, Fredric March, Charles Laughton, Maureen O’Sullivan, Katherine Alexander, Ralph Forbes, Una O’Connor, Leo G. Carroll. O Céu em Teu Amor / The Barretts of Wimpole Street / 19 Dir: Sidney Franklyn. Jennifer Jones, Bill Travers, John Gieguld, Virginia McKenna, Susan Stephen, Vernon Gray.

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CASA DE BONECA. AUTOR: Henrik Ibsen. Tr. Renato Vianna. Maria Caetana, Renato Viana, Joyce de Oliveira, Alice Gunther, Dalva Galimberti, Mauro Magalhães, João Pedro Barrinuevo, Ruy Vianna, Cirene Tostes.

Filmes: Casa de Bonecas / Casa de Muñecas / 1943. Dir: Ernesto Arancibia. Delia Garcès, Jorge Rigaud, Maria Arrieta, Agustín Barrios, Olga Casares Pearson, Orestes Caviglia. Nora (Casa de Bonecas) / Casa de Muñecas / 1954. Dir: Alfredo B. Crevenna. Marga López, Ernesto Alonso, Miguel Torruco, Maria Douglas, Augusto Benedico, Mimi Derba, Lupe Carriles.

1944

Olga Navarro e Ziembinski em

Olga Navarro e Ziembinski em Desejo

Cena de Desejo

Olga Navarro e Sandro Polonio em Desejo

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DESEJO. Autor: Eugene O’Neill. Tr. Miroel Silveira. Olga Navarro, Ziembinski, Sandro Polonio, Orlando Guy (depois Graça Mello), Jardel Filho, Jackson de Souza, Labanca, David Conde, Virginia Vanni, Berta Scliar, Amalita, Maria Margarida Lopes, Waldir Moura, Geraldo Ribeiro, Marcos R. dos Santos, Fernando Lancelotte.

Filme: Desejo / Desire Under the Elms / 1958. Dir: Delbert Mann. Sophia Loren, Burl Ives, Anthony Perkins, Frank Overton, Pernell Roberts, Rebecca Welles, Jean Willes.

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Cena de Perfídia

Cena de Perfídia

 PERFIDIA. Autor: Lillian Helman. Tr. Raimundo Magalhães Junior. Maria Sampaio, Rodolfo Mayer, Nelson Vaz, Wahita Brasil, Renée Bell, Rodolfo Arena, Castro Viana, Cirene Tostes, Francisco Moreno, Luiz Piccini, Aberto Perez, Jesus Ruas.

Filme: Pérfida / The Little Foxes / 1941. Dir: William Wyler. Bette Davis, Herbert Marshall, Teresa Wright, Richard Carlson, Dan Duryea, Charles Dingle, Patricia Collinge, Carl Benton Reid.

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 CLAUDIA. Autor: Rose Franken. Tr. Raimundo Magalhães Junior. Eva Todor, Elza Gomes, Afonso Stuart, André Villon, Samaritana Santos, Armando Braga, Judith Vargas.

Filme: Claudia / Claudia / 1943. Dir: Edmund Goulding. Dorothy McGuire, Robert Young, Ina Claire, Reginald Gardiner, Olga Baclanova.

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ANNA CHRISTIE. Autor: Eugene O’Neill. Tr. Genolino Amado. Dulcina, Odilon, Conchita de Morais, Graça Mello, Renato Restier.

Filme: Anna Christie / Anna Christie / 1930. Dir: Clarence Brown. Greta Garbo, Marie Dressler, Charles Bickford, George F. Marion, James T. Mack, Lee Phelps.

 1947

Alma Flora, Procópio Ferreira e Bibib Ferreira em Divórcio

Alma Flora, Procópio Ferreira e Bibib Ferreira em Divórcio

Cena de Divórcio

Cena de Divórcio

DIVÓRCIO. Autor: Clemence Dane. Tr. Bibi Ferreira. Procópio Ferreira, Bibi Ferreira, Alma Flora, Alexandre Carlos, Belmira de Almeida, Jorge Diniz, Rodolfo Mayer, Renato Restier, Palmerim, Valery Martins.

Filme: Vítimas do Divórcio / A Bill of Divorcement / 1932. Dir: George Cukor . John Barrymore, Katharine Hepburn, Billie Burkem David Manners, Paul Cavanagh, Henry Stephenson. Vítimas do Divórcio / A Bill of Divorcement / 1940. Dir: John Farrow. Maureen o”Hara, Adolphe Menjou, Fay Bainter, Herbert Marshall, Dame May Witty, Patric Knowles, C. Aubrey Smith.

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O PECADO ORIGINAL. Autor: Jean Cocteau. Tr. Carlos Brant. Henriette Morineuau, Manuel Pera, Luiza Barreto Leite, Flora May, Alexandre Carlos.

Filme: O Pecado Original / Les Parents Terribles / 1948. Dir: Jean Cocteau. Jean Marais, Josette Day, Yvonne de Bray, Gabrielle Dorziat, Marcel André.

 1948

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Sergio Cardoso em Hamlet

Sergio Cardoso em Hamlet

teatro sergio cardoso hamlet II

Cena de Hamlet

Maria Fernanda e Sergio Cardoso em Hamlet

Sergio Cardoso e Sergio B rito em Hamlet

Sergio Cardoso e Sergio Britto
 em Hamlet

Cena de Hamlet

Cena de Hamlet

HAMLET. Autor: William Shakespeare. Tr. Tristão da Cunha. Sergio Cardoso, Maria Fernanda, Carolina Sotto Maior, Ary Palmeira, Sergio Britto, Luiz Linhares, Ambrósio Fregolente, Irmgard Müller, Nilson Pena, Tarquinio Lopes, Carlos Couto, Elisio de Albuquerque, Antonio Ventura, Pedro Henrique, José Valluzi, T. Zanotta, Sergio de Albuquerque e Silva, Wilson Grey, Jaci Campos.

Filme: Hamlet / Hamlet / 1948. Dir: Laurence Olivier. Laurence Olivier, Jean Simmons, Basil Sidney, Eileen Herlie, Felix Aylmer, Norman Wooland, Anthony Quayle, Peter Cushing, Terence Morgan.

SÓ NÓS TRÊS. Autor: Sidney Howard. Tr. Raimundo Magalhães Junior. Henriette Morineau, Flora May, Margarida Rey, Jaci Campos, Dary Reis, Nieta Junqueira.

Filme: Mãe e Rival / The Silver Cord / 1933. Dir: John Cromwell. Irene Dunne, Joel McCrea, Laura Hope Crewws, Eric Linden, Frances Dee

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A ÁGUIA DE DUAS CABEÇAS. Autor: Jean Cocteau. Tr. Raimundo Magalhães Junior. Dulcina, Odilon, Suzana Negri, Ribeiro Fortes, Jardel Filho, José Onofre (Zuza).

Filme: A Águia de Duas Cabeças / L’Aigle a Deux Têtes / 1948. Dir: Jean Cocteau. Jean Marais, Edwige Feuillère, Silvia Monfort, Jean Debucourt, Jacques Varennes, Yvonne de Bray.

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Cena de O Amor Que Não Morreu

Cena de O Amor Que Não Morreu

O AMOR QUE NÃO MORREU. Autor: Allan Langdon Martin (pseudônimo de Jane Cowl e Jane Murfin). Tr. Raimundo Magalhães Junior. Vanda Lacerda, Iris del Mar, Mario Brasini, Maria Luiza, Milton Carneiro, Oswaldo Louzada.

Filmes: O Amor que não Morreu / Smilin’ Through / 1932. Dir: Sidney Franklin. Norma Shearer, Fredrich March, Leslie Howard. Ralph Forbes, Beryl Mercer, O. P. Heggie. O Amor que não Morreu / Smilin’ Through / 1941. Dir: Frank Borzage. Jeanette MacDonald, Brian Aherne, Gene Raymond, Ian Hunter, Frances Robinson.

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ESTRADA DO TABACO. Autor: Jack Kirkland bas. romance Erskine Caldwell. Tr. Raimundo Magalhães Junior. Italia Fausta, Maria Della Costa, Sadi Cabral, Sandro Polonio, Josef Guerreiro, Nieta Junqueira, Aurora La Bele, Yara Isabel.

Filme: Caminho Áspero / Tobacco Road / 1941. Dir: John Ford. Gene Tierney, Charley Grapewin, Marjorie Rambeau, William Tracy, Elisabeth Patterson, Dana Andrews, Ward Bond, Slim Summerville.

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Cena de Uma Rua Chamada Pecado

Cena de Uma Rua Chamada Pecado

Henriette Morineau e Graça Mello em Uma Rua Chamada pecado

Henriette Morineau e Graça Mello em Uma Rua Chamada pecado

UMA RUA CHAMADA PECADO. Autor: Tennesssee Williams. Tr. Carlos Lage. Henriette Morineau, Graça Mello, Flora May, Ambrósio Fregolente, Margarida Rey, Joyce de Oliveira, Luiz Fróis, Jacy Campos, Dary Reis, Maria Castro.

Filme: Uma Rua Chamada Pecado / A Streetcar Named Desire / 1951. Dir: Eliza Kazan. Vivien Leigh, Marlon Brando, Kim Hunter, Karl Malden, Nick Dennis.

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O GRANDE FANTASMA. Autor: Eduardo De Filippo. Tr. Mario da Silva e Renato Alvim. Procópio Ferreira, Alma Flora, Belmira de Almeida, Rodolfo Arena, Renato Restier, Carlos Duval, Salú Carvalho, Tereza Lane, Mozart Regis.

Filmes: Questi Fantasmi / 1954. . Dir: Eduardo De Filippo. Renato Rascel, Erno Crisa, Maria Frau, Ugo D’Alessio, Franca Valeri.

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MULHERES. Autor: Clare Booth Luce. Tr. Lucia Benedetti. Dulcina, Suzana Negri, Conchita de Morais, Cirene Tostes, Mara Rúbia, Yara Côrtes, Terezinha (filha de Mara Rúbia), Maria Isabel, Lidia Vani, Beyla Genauer, Ninon de Oliveira, Maria Roth, Virginia Alves, Aracy Cardoso, Anita Leite, Isabel de Almeida Cardoso, Inah Regis, Rosa Radi, Aida Ferreira, Zulmira Miranda, Neusa Silva, Felicitas Baer, Tereza Araujo, Suzy Kirby, Nina Nara, Anita Alfa, Regina de Aragão, Yara Isabel.

Filme: As Mulheres / The Women / 1939. Dir: George Cukor. Norma Shearer, Joan Crawford, Rosalind Russell, Mary Boland, Paulette Goddard, Joan Fontaine, Ruth Hussey, Virginia Weidler, Lucille Watson Hedda Hopper.

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A … RESPEITOSA. Autor: Jean-Paul Sartre. Tr. Miroel Silveira. Olga Navarro, Roberto Duval, José Maria Monteiro, Fernando Villar, Wallace Viana, Antonio Gonçalves.

Filme: A Respeitosa / La P … Respectueuse / 1952. Dir: Charles Brabant, Marcel Pagliero. Barbara Laage, Marcel Pagliero, Walter Bryant, Yolande Laffon, Nicolas Vogel.

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A MULHER DE NÓS DOIS. Autor: André Roussin. Tr. Brício de Abreu. Odilon, Eugenia Levy, Manuel Pera, Luiz Delfino, Lucio Fernandes, Dinorah Marzulo.

Filme: Dois Amores e uma Cabana / The Little Hut / 1957. Dir: Mark Robson. Ava Gardner, Stewart Granger, David Niven, Walter Chiari, Finlay Curie.

1949

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PANCADA DE AMOR. Autor: Noel Coward. Tr. Djalma Bittencourt e Renato Alvim. Mario Salaberry, Zilka Salaberry, Augusto Anibal, Lucy Lamour, Hildomar Pimenta.

Filme: Vidas Particulares / Private Lives / 1931. Dir: Sidney Franklin, Norma Shearer, Robert Montgomery, Reginald Denny, Una Merkel, Jean Hersholt.

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DIABINHO DE SAIAS. Autor: Norman Krasna. Tr. Raimundo Magalhães Junior. Bibi Ferreira, Jardel Filho, Delorges Caminha, Cirene Tostes, Belmira de Almeida, Luiz Cataldo, Antonia Marzulo, Nair Regina.

Filme: Ruth Querida / Dear Ruth / 1947. Dir: William D. Russell. Joan Caulfield, William Holden, Mona Freeman, Edward Arnold, Billy De Wolfe.

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NOSSA QUERIDA GILDA. Autor: Noel Coward. Tr. Genolino Amado. Dulcina, Odilon, Graça Mello, Suzana Negri, Conchita de Morais, Yara Côrtes, Jorge Diniz. Filme: Sócios no Amor / Design for Living / 1933. Dir: Ernst Lubitsch. Gary Cooper, Fredric March, Miriam Hopkins, Edward Everett Horton, Franklin Pangbordn, Jane Darwell. 

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TRAGÉDIA EM NOVA YORK. Autor: Maxwell Anderson. Tr. Raimundo Magalhães Junior. Sergio Cardoso. Beyla Genauer, Jaime Barcelos, Sergio Brito, Luiz Linhares, Elisio de Albuquerque, Carlos Couto, Renato Restier, Antonio Ventura, Tarcísio Zanotta, Rejane Ribeiro, Zilah Maria, Ary Palmeira, Wilson Grey, P. Cabral.

Filme: Os Predestinados / Winterset / 1936. Dir: Alfred Santell. Burgess Meredith, Margo, Eduardo Cianelli, John Carradine, Edward Ellis, Mischa Aurer, Stanley Ridges.

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APARTAMENTO SEM LUVAS. Autor: Jerome Chodorov e Joseph Fields. Tr. Raimundo Magalhães Junior. Eva Todor, Elza Gomes, André Villon, Roberto Gustavo, Afonso Stuart, Silvio Couto, Artur Costa Filho, Armando Braga, Ricardo Cardoso, Stênio Mendonça, Wagner Rodrigues, Rogério Macedo, Leo Gay, Gaziel Paraná, Ari Neves, Denis Roberti, Adakar Filho, Aloisio Cunha.

Filmes: Solteiras à Solta / My Sister Eileen / 1942. Dir: Alexander Hall. Rosalind Russell, Brian Aherne, Janet Blair, George Tobias, Allyn Joslyn. Jejum de Amor/ My Sister Eileen / 1955. Dir: Richard Quine. Janet Leigh, Jack Carson, Betty Garrett, Bob Fosse, Kurt Kasznar.

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À MARGEM DA VIDA. Autor: Tennessee Williams. Tr. Esther Mesquita. Nydia Licia, Marina Freire, Paulo Autran, Abilio Pereira de Almeida.

Filme: Algemas de Cristal / The Glass Menagerie / 1950. Dir: Irving Rapper. Jane Wyman, Gertrude Lawrence, Kirk Douglas, Arthur Kennedy.

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HIPÓCRITA. Autor: Hagar Wilde e Dale Eunson. Tr. Bibi Ferreira. Bibi Ferreira, Belmira de Almeida, Jardel Filho, Rodolfo Arena, Cirene Tostes, Sonia Maria, Luiz Cataldo, Delorges Caminha, Fernando Villar, Nair Regina, Laís Dias, Marcia Real, Aida Ferreira.

Filme: A Hipócrita / Guest in the House / 1944. Dir: John Brahm. Anne Baxter, Ralph Bellamy, Aline Mac Mahon, Ruth Warrick, Margaret Hamilton, Percy Kilbridge, Connie Laird.

Bibi Ferreira e Jardel Filho em Beija-me e Verás

Bibi Ferreira e Jardel Filho em Beija-me e Verás

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BEIJA-ME E VERÁS. Autor: F. Hugh Herbert. Tr. Raimundo Magalhães Junior. Bibi Fereira, Luiz Cataldo, Rodolfo Arena, Jardel Filho, Belmira de Almeida, Fernando Villar, Francisco Dantas, Cirene Tostes, Delorges Caminha, Marcia Leal, Sonia Maria, Laís Dias.

Filme: Ninguém Vive Sem Amor / Kiss and Tell / 1945. Dir: Richard Wallace. Shirley Temple, Jerome Courtland, Walter Abel, Katherine Alexander, Robert Benchley, Porter Hall.

TRIBUTO A JULIEN DUVIVIER

Com uma carreira excepcionalmente longa de realizações de 1919 a 1967, Julien Duvivier costuma ser apontado por muitos críticos como um técnico muito versátil e competente, mas sem personalidade. Porém a realidade é mais complexa, mesmo se a sua filmografia contém um bom número de filmes de encomenda.

Julien Duvivier

Julien Duvivier

Nascido no dia 8 de outubro de 1896 em Lille e educado em um colégio jesuita de sua cidade natal, Duvivier foi para Paris, onde arranjou emprego no Thêatre de l’Odeon nas funções de ator e encenador. Interessado pelo cinema, ingressou na Societé Cinématographique des Auteurs et Gens des lettres (SCAGL), na qual colaborou com André Antoine, o fundador do Thêatre Libre. Em 1919, dirigiu seu primeiro filme, Haceldama ou le Prix du sang. Após uma carreira bastante produtiva na cena muda, marcada por dois sucessos artísticos, Poil de Carotte / 1925 (que refilmaria em 1932) e Au Bonheur des Dames / 1930 (parcialmente sonorizado), Duvivier tornou-se posteriormente um dos grandes diretores do cinema francês – ao lado de René Clair, Jean Renoir, Marcel Carné e Jacques Feyder -, e realizou, entre 1930 e 1940, alguns dos melhores filmes da época, por meio dos quais expressava seu pessimismo amargo: Tragédia de um Homem Rico / David Golder / 1930; Pega-Fogo (TV)/ Poil de Carotte / 1932; Maria Chapdelaine / 1934; A Bandeira / La Bandera / 1935; Camaradas / La Belle Equipe / 1936, Um Carnet de Baile / Un Carnet de Bal / 1937; La Fin du Jour / 1939.

Cena de Poil de Carotte / 1925

Cena de Poil de Carotte / 1925

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Durante a Ocupação, Duvivier, cuja esposa era judia, foi para os Estados Unidos (onde já havia dirigido A Grande Valsa / The Great Waltz em 1938), e alí realizou Lydia / 1940; Seis Destinos / Tales of Manhattan / 1941-42; Os Mistérios da Vida / Flesh and Fantasy / 1943; O Impostor / The Impostor / 1943, todos muito interessantes. Ao retornar à França, ele reatou relações com o clima sombrio dos seus filmes de antes da guerra, focalizando em Pânico / Panique / 1946 o drama da exclusão social e os tormentos de um celibatário marginal, magnificamente vivido por Michel Simon. Juntamernte com Vítimas do Destino / Au Royame des Cieux / 1949, outro drama de uma obscuridade vigorosa, passado em uma casa de correção para moças delinquentes, foi o melhor trabalho do cineasta na segunda metade dos anos 40.

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No decênio seguinte, tal como no passado, Duvivier continuou experimentando vários gêneros, abordando diversos estilos, sem encontrar verdadeiramente o seu. Mas, com a sua notável noção de cinema, especialmente no que dizia respeito à criação de uma atmosfera e à imposição de um ritmo fluente nas narrativas, ele realizou, com a sua sensibilidade de artista, duas jóias raras (A Festa do Coração / La Fête a Henriette / 1952; Sedução Fatal / Voici les Temps des Assassins / 1955-56); filmes apreciáveis (Sinfonia de uma Cidade / Sous le Ciel de Paris / 1950; O Caso Maurizius / L’Affaire Maurizius / 1954: A Mulher dos Meus Sonhos / Marianne de ma Jeunesse / 1955; As Mulheres dos Outros / Pot Bouille / 1957; Marie Octobre (na TV) / Marie Octobre / 1959; e um imenso sucesso comercial (O Pequeno Mundo de Don Camilo / Le Petit Monde de Don Camillo / 1951).

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Em toda a sua obra esse professional eclético e muito produtivo demonstrou sempre um extremo rigor no plano da construção dramática, uma concepção de arte dinâmica e um técnica extraordinária. A fotografia sempre bem cuidada e seus movimentos de câmera virtuosos combinados com planos longos contribuiram para a mise-en-scène atmosférica das histórias, por cujos roteiros – convém lembrar – muitas vezes ele mesmo se responsabilizou. Julien Duvivier morreu no dia 29 de outubro de 1967 em um acidente de automóvel, após ter sofrido um ataque cardíaco ao volante. Jean Renoir escreveu nas suas memórias: “Se eu fosse arquiteto e devesse construir um monumento do cinema, colocaria uma estátua de Duvivier bem na frente. Esse grande técnico, esse rigorista era um poeta”. Na verdade, Julien Duvivier foi um artesão brilhante que, nos seus filmes maiores, se transformou em um artista.

Neste artigo, presto uma homenagem ao grande cineasta, relembrando alguns de seus melhores filmes.

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TRAGÉDIA DE UM HOMEM RICO / DAVID GOLDER / 1930.

David Golder (Harry Baur), judeu polonês imensamente rico, vai se encontrar em Biarritz com sua esposa Gloria (Paule Andral) e sua filha Joyce (Jackie Monnier). David e Gloria se detestam. Ela o trai com um aventureiro, o conde de Hoyos (Gaston Jacquet). David idolatra Joyce, que finge ser uma filha devotada, mas só pensa em explorar o pai. David sofre uma crise de angina e durante uma discussão com Gloria no hospital, esta lhe revela que Joyce é filha de Hoyos. Para se vingar, David abandona seus negócios e vai viver sozinho. Atendendo às súplicas de Joyce, faz uma transação lucrativa na Rússia para ajudá-la e morre solitário a bordo de um navio na viagem de volta.

Harry Baur e e Paule Andral em Tragédia de um Homem Rico

Harry Baur e e Paule Andral em Tragédia de um Homem Rico

Harry Baur e Jackie Monnier em Tragédia de um Homem Rico

Harry Baur e Jackie Monnier em Tragédia de um Homem Rico

Essa história, reminiscente de O Pai Goriot, convinha à visão do mundo pessimista que iria se afirmar nos filmes posteriores do diretor. A cena mais contundente do filme – realizado praticamente segundo a técnica do cinema mudo, mas cumprindo inteligentemente as exigências da reprodução do som – é aquela em que Golder, gravemente enferno, se defende das manobras de sua mulher, querendo lhe arrancar um testamento em seu favor. Quando Gloria se inclina sobre seu corpo e lhe diz cruelmente que Joyce não é sua filha, Golder estende o braço e aperta o pescoço da mulher com o seu colar de pérolas. É um momento terrível, no qual o ódio e a maldade se manifestam com uma intensidade impressionante.

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PEGA-FOGO (TV) / POIL DE CAROTTE / 1932.

François Lepic (Robert Lynen), um menino de 12 anos de idade e cabelos ruivos, apelidado de Poil de Carotte, é detestado pela mãe (Catherine Fonteney), mulher tirânica que reserva seu carinho para o filho mais velho, Félix (Maxime Fromiot), François sofre profundamente por não ser amado. Seu pai (Harry Baur) parece indiferente, preocupado com as próximas eleições municipais. Após diversas tentativas, François resolve se suicidar, enforcando-se no celeiro. Felizmente, M. Lepic chega a tempo de salvá-lo. Pela primeira vez, o pai tem uma conversa com o filho. A partir de então, Poil de Carrote terá um defensor contra sua mãe.

Cenas de Pega-Fogo

Cenas de Pega-Fogo

Harry Baur e Robert Lynen Pega-Fogo

Harry Baur e Robert Lynen Pega-Fogo

Obra ao mesmo tempo encantadora e amarga, retratando uma família provinciana tão desprovida de sentimento que o seu membro mais jovem é levado a tentar o suicídio. Apesar de o filme conter no seu conjunto muita crueldade e realismo, surgem momentos de doce ternura, como o casamento infantil de Poil de Carotte e de sua pequena companheira, impregnado de uma poesia bucólica: as duas crianças de pés no chão, a cabeça coroada de flores e de mãos dadas, caminham, seguidas por um pequeno cortejo de animais, em uma paisagem maravilhosa de colina ensolarada. O carinho que o pai revela afinal ao filho na última cena é um momento de grande emoção.

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MARIA CHAPDELAINE / 1934.

No Canadá, Maria Chapdelaine (Madeleine Renaud) é cortejada por três homens: um caçador, François Paradis (Jean Gabin), um lenhador, Eutrope Gannon (Alexandre Rignault), e um citadino que vem regularmente comerciar na região, Lorenzo (Jean-Pierre Aunont). Maria prefere François. Ele promete casar-se com ela asssim que retornar do sítio onde passará o inverno. Mas, desejando passar o Natal ao lado de sua amada, François resolve voltar imprudentemente em plena tempestade e morre de frio. Quando perde também sua mãe, Maria diz a Gannon que está disposta a se casar com ele.

Jean Gabin e Madeleine Renaud em Maria Chapdelaine

Jean Gabin e Madeleine Renaud em Maria Chapdelaine

Cena de Marie Chapdelaine

Cena de Marie Chapdelaine

A história de amor serve de pretexto para uma crônica da vida difícil dos homens do Quebec no começo do século XX. Esta tem por fundamento o apego à terra, ainda que deserta e selvagem. Os acontecimentos são dosados de maneira a tentar demolir esse espírito atávico por meio da tragédia e da desilusão. É possível sentir a desolação e a tristeza que pesam sobre as personagens e as coisas. A terra é uma terra de neve, branca e silenciosa cpomo a morte. A melhor sequência do filme é a do retorno do trenó que traz o cadaver de François. Ele cruza com outro trenó, no qual estão Maria e seus pais, dirigindo-se alegremente para as festividades do Ano-Novo. A expressão no rosto de Maria, quando ela avista o corpo inerte do seu amado enrolado em um cobertor, ninguém jamais esquece.

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A BANDEIRA / LA BANDERA / 1935.

Depois de matar um homem em Montmartre, Pierre Gilieth (Jean Gabin) se alista na Legião Estrangeira espanhola, onde se liga a dois compatriotas, Mulot (Aimos) e Lucas (Robert Le Vigan). Em um café, Gilieth apaixona-se por Aischa (Annabella), uma jovem dançarina berbere, e se casa com ela no meio das prostitutas e dos soldados. Seu companheiro de armas, Lucas, é na realidade um policial, que seguia sua pista desde Paris, visando a uma recompensa. O batalhão é enviado para um posto avançado. O forte é cercado, os legionários came um após o outro. Só resta Lucas, de pé, no meio de seus camaradas mortos.

Jean Gabin e Annabella em A Bandeira

Jean Gabin e Annabella em A Bandeira

Aimos e Gabin em La Bandera

Aimos e Gabin em La Bandera

Annabella, Jean Gabin e Robert Le Vigan em A Bandeira

Annabella, Jean Gabin e Robert Le Vigan em A Bandeira

Desde o início, Gilieth está marcado pelo destino e pela fatalidade, pedras angulares sobre as quais uma faceta essencial do “mito Gabin” vai ser construída. Embora tendo de lidar com certos convecionalismos do gênero aventura colonialista Duvivier cria algumas sequências notáveis: o crime contado por meio de uma elipse – a jovem embriagada e a mancha de sangue que ela descobre no seu vestido; o tumulto no café apanhado por uma câmera oblíqua oscilante; a cusparada no rosto do policial encoberto sob a bandeira da legião; Mulot bebendo a água envenenada debaixo do fogo inimigo e morrendo feliz com a sede aliviada; a chamada geral terminada a luta, a que só um homem responde.

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CAMARADAS / LA BELLE EQUIPE / 1936.

Cinco operários desempregados, Jean (Jean Gabin), Charles (Charles Vanel), Raymond (Aimos), Mario (Raphael Medina) e Jacques (Charles Dorat) ganham o grande prêmio da loteria. Eles decidem se associar para construir um restaurante. Huguette (Micheline Cheirel), noiva de Mario, junta-se a eles. Mas diversas ocorrências desagregam a belle équipe: a polícia procura Mario, que é imigrante; Jacques, o mais novo, prefere refazer sua vida no Canadá; Gina (Viviane Romance), ex-esposa de Charles, aparece para reivindicar sua parte no negócio. Jean esforça-se para manter a unidade da equipe. Raymond cai de um telhado e morre. Gina provoca uma rivalidade amorosa entre Charles e Jean.

Jean Gabin e Viviane Romance em Camaradas

Jean Gabin e Viviane Romance em Camaradas

Raphael Medina, Jean Gabin, Charles Dorat, Aimos, Charles Vanel em Camaradas

Raphael Medina, Jean Gabin, Charles Dorat, Aimos, Charles Vanel em Camaradas

Cena de Camaradas

Cena de Camaradas

Charles Vanel e jean Gabin em Camaradas

Charles Vanel e jean Gabin em Camaradas

Duas versões diferentes para o epílogo foram filmadas: na primeira, os dois homens matavam-se um ao outro; na segunda, a amizade de Charles e Jean era salva após uma explicação “entre homens” e o restaurante podia finalmente ser inaugurado. Produzido na época da Frente Popular, o filme expressa, por seu romantismo social, o espírito daquele tempo. A vida dos desempregados, a situação incerta dos refugiados políticos espanhóis, a Loteria Nacional, da qual se esperava um remédio para as dificuldades materiais, a associação em cooperative, tudo isso reflete uma realidade que Spaak e Duvivier usaram como pano de fundo de uma história sobre a amizade e o fim de uma utopia.

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UM CARNET DE BAILE / UN CARNET DE BAL / 1937.

Christine Surgère (Marie Bell) acaba de perder seu marido. Ela acha um carnê de seu primeiro baile, quando tinha 16 anos. Nostálgica, vai procurar os pares com quem dançou maquela noite. Madame Audié (Françoise Rosay) enlouqueceu ao saber do suicídio de seu filho André; Pierre (Louis Jouvet) tornou-se gângster; Alain (Harry Baur), um padre; Eric (Pierre Richard-Willm), guia de alpinistas; François (Raimu), prefeito de uma aldeia no Midi; Thierry (Pierre Blanchar), médico que pratica abortos e assassina sua amante Gaby (Sylvie) após a partida de seu antigo amor. É com Fabien (Fernandel), humilde cabelereiro, que Christine entra no salão do seu primeiro baile. Christine adota Jacques (Robert Lynen), filho de seu último admirador, que havia morrido.

Marie Bell e Françoise Rosay em Um Carnet de Baile Collection Christophel

Marie Bell e Françoise Rosay em Um Carnet de Baile

Louis Jouvet e Marie Bell em Um Carnet de Baile

Louis Jouvet e Marie Bell em Um Carnet de Baile

Harry Baur em Um Carnet de Baile

Harry Baur em Um Carnet de Baile

Pierre Richard-Willm e Marie Bell em Um Carnet de Baile

Pierre Richard-Willm e Marie Bell em Um Carnet de Baile

Raimu em Um Carnet de Baile

Raimu em Um Carnet de Baile

 Pierre Blanchar e Sylvie em Um Carnet de Baile

Pierre Blanchar e Sylvie em Um Carnet de Baile

Marie Bell e Fernandel em Um Carnet de Baile

Marie Bell e Fernandel em Um Carnet de Baile

Filme em esquetes com um elenco de grandes intérpretes, tendo como personagem central uma mulher que confronta o seu passado romântico com um presente decepcionante. Christine fica surpresa não somente com o que aconteceu com cada um de seus antigos admiradores, mas descobre também o impacto que teve, sem saber, nos sentimentos e no destino deles. E ao rever o salão de seu primeiro baile, ela não encontra o cenário de suas lembranças, de suas ilusões. Os três melhores episódios são os de Jouvet, Raimu e Blanchar. Louis Jouvet recitando melancolicamente os versos de Verlaine. Raimu engraçadíssimo, casando-se a si mesmo, e Blanchar, caolho, epilético, decadente no segmento mais sórdido e inquietante, visto inteiramente em plano inclinado.duvivier lafindu jour poster

LA FIN DU JOUR / 1939.

Em um retiro de artistas, três velhos atores se confrontam: Raphaël Saint- Clair (Louis Jouvet), antigo galã de sucesso, que perdeu sua fortuna no jogo; Gille Marny (Victor Francen), ator estimado pelo seu talento, mas que jamais conheceu o êxito (sua mulher foi seduzida por Saint-Clair e morreu em um acidente de caça, suspeitando-se de suicídio); e Cabrissade (Michel Simon), um fracassado, que só conseguiu ser o eventual substitute de outros atores. Para manter sua reputação de Don Juan, Saint-Clair seduz Jeannette (Madeleine Ozeray), jovem empregada da casa, e quase a conduz ao suicídio; mas ela é salva por Marny. Cabrissade, incapaz de dizer um verso em uma representação em benefício do retiro, sofre um ataque cardíaco. Saint-Clair enlouquece.

Louis Jouvet e madeleine Ozeray em La Fin du Jour

Louis Jouvet e madeleine Ozeray em La Fin du Jour

e Gabrielle Dorziat

e Gabrielle Dorziat ao centro

Michel Simon e Louis Jouvet em La Fin du Jour

Michel Simon e Louis Jouvet em La Fin du Jour

Victor Francen e louis Jouvet em La Fin du Jour

Gaston Modot, Victor Francen e louis Jouvet em La Fin du Jour

Artistas idosos sem as luzes da ribalta, as lembranças que os deprimem, a amargura que atiça as rivalidades de outrora, os rancores e as mesquinharias senis exacerbando-se no ambiente fechado de um pensionato. Com esse assunto, Duvivier construiu um drama cruel e mórbido sobre o egocentrismo feroz dos velhos atores e a dificuldade de envelhecer, que traz a marca do seu pessimismo em relação ao gênero humano. Nesse meio avulta a figura imponente e egosta de Saint-Clair, magnificamente vivido por Louis Jouvet. Uma velha atriz, Mme. Chabert (Gabrielle Dorziat), mostra-lhe o retrato do filho, lhe revela que ele é o pai e que o rapaz morreu. Saint-Clair parece se comover e pergunta: “Quantos anos tinha?”. “Vinte e oito anos”, ela responde. “A idade de um jovem galã”, diz ele secamente e logo se afastando. Porém, o tema fundamental do filme fica bem claro quando Marny faz o elogio fúnebre de Cabrissade: é a paixão pelo teatro, pelo qual todos ali dariam a vida.

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PÂNICO / PANIQUE /

Um crime é cometido, e o fotógrafo amador e misantropo Monsieur Hire (Michel Simon), que leva uma vida dupla mantendo um consultório de astrologia sob o nome de doutor Varga, é logo tido como suspeito pela polícia e pelos seus vizinhos. O verdadeiro assassino é Alfred (Paul Bernard), amante de Alice (Viviane Romance), e esta última faz caírem as suspeitas sobre Hire, que está secretamente apaixonado por ela. O infeliz, encurralado pela multidão, refugia-se no telhado de um imóvel, escorrega e morre. Ao lado do cadáver é encontrada sua máquina fotográfica com uma foto que denuncia o verdadeiro culpado.

Cenas de Pânico

Cenas de Pânico

Michel Simon e Viviane Romance em Pânico

Michel Simon e Viviane Romance em Pânico

Michel Simon em Pânico

Michel Simon em Pânico

História trágica de um homem solitário que não molesta ninguém, mas guarda distância de seus semlhantes, e por isso sofre o drama da incompreensão e da baixeza humana, tema que se encaixa perfeitamente no universo pessimista de Duvivier. A reconstituição bastante apurada de um quarteirão de Villejuif ajuda muito a criar a atmosfera social. A composição de Michel Simon é prodigiosa, principalmente quando exprime os tormentos ïnconfessáveis” e a paixão erótica do seu personagem. Na última cena, estritamente visual, Alice e Alfred, abraçados no carrinho de uma pequena montanha-russa de um parque de diversões, onde se refugiam, descem e sobem vertiginosamente no brinquedo, sem saber que serão presos.

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VÍTIMAS DO DESTINO / AU ROYAUME DES CIEUX / 1949.

Injustamente recolhida na casa de Correção de Haute-Mère, Maria Lambert ( Suzanne Cloutier) sofre nas mãos da nova diretora, Mlle. Chamblas (Suzy Prim), mulher sádica e autoritária. Pierre Massot (Serge Reggiani) tenta salvar sua noiva desse inferno. As detentas se opõem aos castigos injustos de Mlle. Chamblas, apoiadas por Mlle. Guérande (Monique Mélinande), educadora mais liberal. Auxiliados por todas as moças, Maria e Pierre conseguem fugir durante uma inundação. A polícia sai à procura deles enquanto a revolta cresce inexoravelmente na penitenciária.

Serge Reggiani e Suzanne Cloutier em Vítimas do Destino

Serge Reggiani e Suzanne Cloutier em Vítimas do Destino

Suzanne Clouthier em Vítima do Destino

Suzanne Clouthier em Vítima do Destino

O filme vale sobretudo pela atmosfera dramática: a paisagem sombria e úmida com a presence inquietante da águas do rio que se elevam até a inundação e a cólera das detentas, que aumenta no interior do estabelecimento, culminando no motim. As melhores cenas são as da greve de fome, quando a diretora traz um caldeirão fumegante de comida para tentar as detentas e a câmera faz uma série de panorâmicas bruscas em um vaivém entre o caldeirão e o rosto das moças; da ronda macabra, que a diretora obriga as detentas a fazerem torno do corpo da companheira morta e o barulho cada vez mais forte de seus sapatos martelando o solo; do grupo de detentas abatendo-se sobre a diretora como uma nuvem de insetos e depois o olhar extasiado delas vendo a megera ser atacada por um cão feroz.

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A FESTA DO CORAÇÃO / LA FÊTE A HENRIETTE / 1952.

Dois roteiristas (Louis Seigner, Henri Crémieux) trabalham em um novo projeto. O primeiro é mais razoável, lógico e realista que seu colega. O segundo, constantemente contraditado pelo primeiro, tem uma imaginação fértil, criando lances de um mau gosto, melodramáticos ou rotineiros. De suas idéias opostas nasce o argumento de um novo filme, com os mesmos episódios vistos duas vezes de maneiras diferentes, envolvendo Henriette (Dany Robin), seu namorado Robert (Michel Roux), um jornalista, e Maurice (Michel Auclair), um ladrão.

Louis Seigner e Henri Crémieux, os dois roteiristas de A Festa do Coração

Louis Seigner e Henri Crémieux, os dois roteiristas de A Festa do Coração, e Micheline Francey.

Daby Robin e Michel Roux em A Festa do Coração

Daby Robin e Michel Roux em A Festa do Coração

Hildegard Neff em A Festa do Coração

Hildegard Neff em A Festa do Coração

Uma idéia bastante original serve de ponto de partida e depois de fio condutor para essa sátira brilhante à profissão de roteirista: a composição de um argumento por dois autores com concepções diametralmente opostas, tendo como pano de fundo Paris na comemoração do 14 de julho. Conforme a história é vista por um ou por outro, o relato será alternadamente um melodrama sórdido ou uma comédia adocidada. Julien Duvivier passa de um aspecto a outro com uma virtuosidade espantosa, usando um estilo rápido, no qual a imagem é servida por diálogos muitos divertidos. A certa altura um dos roteiristas diz para o outro: “Quando eu penso como você, é porque eu não penso em nada”.

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SEDUCÃO FATAL / VOICI LE TEMPS DES ASSASINS / 1956.

Proprietário de um renomado restaurant no Halles, André Chatelin (Jean Gabin) recebe a visista de Catherine (Danièle Delorme), filha de Gabrielle (Lucienne Bogaert), sua ex-esposa. Ela anuncia a morte de sua mãe e diz que está sem recursos. Chatelin a acolhe sob seu teto e depois se casa com ela. Catherine seduz Gérard (Gérard Blain), jovem estudante orfão que Chatelin ajuda e considera como um filho. Ela pede a Gérard que mate Chatelin, mas ele se recusa, e é morto por Catherine. Chatelin descobre que Gabrielle ainda vive, é viciada em drogas e armou com a filha um plano para se aproveitar dele.

Cena de Sedução Fatal

Danièle Delorme, Jean Gabin e Gérard Blain em Sedução Fatal

Danièle Delorme e Jean Gabin em Sedução Fatal

Danièle Delorme e Jean Gabin em Sedução Fatal

Danièle Delorme e Lucienne Bogaert em Sedução Fatal

Danièle Delorme e Lucienne Bogaert em Sedução Fatal

Cena de Sedução Fatal

Lucienne Bogaert em Sedução Fatal

É o filme mais sórdido e cruel de Julie Duvivier, e também misogino. Difícil imaginar uma mulher mias perversa e feroz do que Catherine: ela seduz, engana, explora, mata com consciência e frieza. Sua mãe, deteriorada por uma existência próxima à prostituição, é um tipo ainda mais repugnante. Sem falar na progenitora de André (Germaine Kerjean), mulher cheia de ódio que mata as galinhas com o chicote, e sua governanta Mme. Jules (Gabrielle Fontan), maledicente e hipócrita. Ao lado delas, para contraste, está André (Jean Gabin compõe seu personagem com muita naturalidade), cuja bondade atinge os limites da cegueira. A cena final é grandiosa no seu horror: o cão de Gérard, enlouquecido pela perda de seu dono, faz justiça, atacando e matando a monstruosa Catherine.

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O PEQUENO MUNDO DE DON CAMILO / LE PETIT MONDE DE DON CAMILLO / 1951.

Na aldeia italiana de Bassa, o prefeito Peppone (Gino Cervi), comunista, acaba de triunfar nas eleições e seu sucesso desagrada a Don Camilo (Fernandel), padre simpático que, nas sombras do presbitério, se entende amigavelmente com Nosso Senhor. Entretanto, uma espécie de amizade, fundada em uma estima recíproca, une Peppone e Don Camilo nos casos graves, e eles agem então em comum acordo para o bem da comunidade e da paróquia.

Fernandel e Gino Cervi em O Pequeno Mundo de Don Camilo

Fernandel e Gino Cervi em O Pequeno Mundo de Don Camilo

Julien Duvivier e Fernandel na filmagem de O Pequeno Mundo de Don Camilo

Julien Duvivier e Fernandel na filmagem de O Pequeno Mundo de Don Camilo

Fernandel em O Pequeno Mundo de Don camilo

Fernandel em O Pequeno Mundo de Don camilo

FILMOGRAFIA (Com meus agradecimentos a Sergio Leemann pela revisão de alguns títulos).

1919- Haceldama ou Le Pris du Sang. 1920 – La Réincarnation de Serge Renaudier (o negativo do filme foi destruído antes de seu lançamento. 1922 – Les Roquevillard; L’Ouragan sur la Montagne; Le Logis de l’Horreur. 1923 – Le Reflet de Claude Mercouer; A Tragédia de Lourdes / Crédo ou La Tragédie de Lourdes. 1924 – Coeurs Farouches; La Machine à Refaire la Vie (uma segunda versão deste filme de montagem retraçando a evolução do cinema desde sua invenção até 1924, foi apresentada em 1933); L’Oeuvre Immortelle. 1925 – L’Abbé Constantin; Poil de Carotte. 1926 –  Agonia de Jerusalém ou Cristo Redentor / L’Agonie de Jerusalem; Supremo Adeus / L ‘Homme à Hispano. 1927 – Le Mariage de Mademoiselle Beulemans; O Fantasma da Torre Eiffel / Le Mystère de la Tour Eiffel. 1928 – Turbilhão de Paris / Le Tourbillon de Paris. 1929 – La Divine Croisière; La Vie Miraculeuse de Thérèse Martin; Maman Colibri. 1930 – Au Bonheur des Dames; Tragédia de um Homem Rico / David Golder. 1931 – Les Cinq Gentlemen Maudits. 1932 – Allo Berlin … Ici Paris; Pega-Fogo (TV) / Poil de Carotte; A Cabeça de um Homem (TV) / La Tête d’un Homme. 1933 – Le Petit Roi. 1934 – Le Paquebot “Tenacity; Maria Chapdelaine. 1935 – Gólgota, reprisado como O Mártir do Gólgota / Golgotha; A Bandeira / La Bandera. 1936 – Golem, o Monstro de Barro / Le Golem, Camaradas / La Belle Équipe; O Homem do Dia / L’Homme du Jour; O Demônio da Algéria, reprisado como Império do Vício / Pépé-le-Moko. 1937 – Um Carnet de Baile / Un Carnet de Bal. 1938 – Maria Antonieta / Marie Antoinette (sequências adicionais, não creditado); A Grande Valsa / The Great Waltz. 1939 – La Fin du Jour; O Fantasma da Esperança / La Charrette Fantôme. 1940 – França Eterna / Un Tel Père et Fils. 1941 – Lydia / Lydia. 1942 – Seis Destinos / Tales of Manhattan. 1943 – Os Mistérios da Vida / Flesh and Fantasy; O Impostor / The Imposter. 1946 – Pânico / Panique. 1948 – Anna Karenina / Anna Karenina. 1949 – Vítimas do Destino / Au Royaume des Cieux. 1950 – Cavalheiro da Aventura / Black Jack; Sinfonia de uma Cidade / Sous le Ciel de Paris. 1952 – O Pequeno Mundo de Don Camilo / Le Petit Monde de Don Camilo; A Festa no Coração Ver / La Fete à Henriette. 1953 – O Regresso de Don Camilo / Le Retoru de Don Camillo. 1954 – O Caso Maurizius / L’Affaire Maurizius; A Mulher dos Meus Sonhos / Marianne de Ma Jeunesse. 1956 – Sedução Fatal / Voici le Temps des Assassins; Minha Mulher Vem Aí / L’Homme à L’ Impermeable. 1957 – As Mulheres dos Outros / Pot-Bouille. 1958 – A Mulher e o Fantoche / La Femme et le Pantin; Marie Octobre / Marie Octobre. 1960 – La Grande Vie; O Despertar do Vício / Boulevard. 1962 – A Câmara Ardente / La Chambre Ardente; O Diabo e os Dez Mandamentos / Le Diable et les Dix Commandements. 1963 – Noite de Pânico / Chair de Poule. 1967 – Diabolicamente Tua / Diaboliquement Votre.

EMIL JANNINGS

Ele foi um dos atores dramáticos mais eminentes do cinema de Weimar desfrutando de um enorme sucesso internacional no final dos anos vinte, antes de emprestar seus serviços ao Terceiro Reich.

Emil jannings com o primeiro Oscar de melhor Ator concedido pela Academia de Artes e CiênciasCinematográficas

Emil jannings com o primeiro Oscar de Melhor Ator concedido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas

Theodor Friedrich Emil Janenz nasceu no dia 23 de julho de 1884 em Rorschach, Suiça, filho de pai americano e mãe alemã. Posteriormente a família morou em Leipzig e depois Görlitz. O pai viajava muito e eventualmente abandonou sua esposa e seus quatro filhos.

Após uma breve experiência na marinha mercante aos quinze anos de idade, Jannings começou seu treinamento na ribalta no Görlitz Stadttheater em 1900, trabalhando em companhias itinerantes entre 1901 e 1914. Neste ano retornou a Berlim e assumiu compromissos em vários teatros de Max Reinhardt em 1915/16, no Königliches Schauspielhaus em 1918, e no Deutsches Theater até 1920.

Emil Jannings em A Múmia

Emil Jannings em A Múmia

Jannings estreou no cinema no filme de propaganda Im Schützengraben / 1914, seguindo-se: Frau Eva / 1915-16; Im Angesicht des Toten; Der Morphinist; Aus Mangel an Beweisen; Passionels Tagebuch; Das Leben ein Traum; Stein under Steinen; Nächte des Grauens; Der 10, Pavillon der Zitadelle; Die Bettlerin von St. Marine; Unnheilbar (todos de 1916); Hoheit Radieschen / 1916-17; Die Ehe der Luise Rohrbach / 1916-17; Kinder des Ghettos / 1917-18; Das Geschäft; Gesühnte Schuld; Lulu; Wenn vier dasselbe tun; Das fidele Gefängnis; Der Ring der Giuditta Foscari (todos de 1917); Nach zwanzig Jahren / 1917-18; Der dunke Weg; Keimendes Leben (2 partes); Die Augen der Mumie Mâ; Der Mann der tat (todos de 1918). Desta fase, somente Die Ehe der Luise Rohrbach e Die Augen der Mumie Mâ foram exibidos no Brasil com os títulos em português respectivos de Os Dois Maridos de Mme. Ruth (ou Senhora Ruth ou Dona Ruth) e A Múmia, este o mais importante, porque foi dirigido por Ernst Lubitsch.

Emil Jannings e Pola Negri em Madame Bovary

Emil Jannings e Pola Negri em Madame Bovary

Emil Jannings e Henny Porten em Anna Boleyn

Emil Jannings e Henny Porten em Anna Boleyn

Emil Jannings em Figuras de Cêra

Emil Jannings em Figuras de Cêra

A partir de 1919, Jannings começou a adquirir reputação internacional, atuando em uma série de dramas nos quais interpretava personagens imponentes da História como Louis XV (Madame Dubarry / Madame Dubarry / 1919 de Ernst Lubitsch); Henrique VIII (Anna Boleyn ou O Barba Azul Coroado / Anna Boleyn / 1920, também de Lubitsch); Danton (Danton / Danton / 1921); Pedro, o Grande (Pedro, o Grande / Peter der Grosse / 1922); Harun-al-Rashid (Figuras de Cêra / Das Wachsfigurenkabinett / 1923); Nero (Quo Vadis? / Quo Vadis? / 1923-24) ou da Literatura como Dimitri Karamázof (Die Brüder Karamasoff / 1920); Otelo (Otelo / Othello / 1921-22); Tartufo (Tartufo / Tartuff / 1925) e Fausto (Fausto / Faust / 1925-26, ambos de F.W. Murnau).

Emil Jannings em Quo Vadis?

Emil Jannings em Quo Vadis?

Emil Jannings em Otelo

Emil Jannings em Otelo

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Jannings e Murnau na filmagem de Fausto

Jannings e Murnau na filmagem de Fausto

Captura de Tela 2015-09-10 às 16.57.02Entre esses, fez outros filmes: Colombina ou Estrela Cadente / Colombine / 1919; Die Braut des Apachen; Vendeta / Vendetta; Die Tochter des Mehemed; Rosa / Rose Bernd; Das Grosse Licht; As Filhas de Kohlihesel / Kohlhiesels Tötcher); Algol; O Craneo da Filha do Faraó ou A Filha do Faraó / Der Schädel der Pharaonentocher / 1920; O Chacal Amoroso / Der Stier von Olivera / 1920-21; Der Schwur des Peter Hergatz / 1921; Die Ratten; Amores de Faraó / Das Weib des Pharao (todos de 1921); A Divina Comédia do Amor / Tragödie der Liebe (4 partes) / 1922-23; Du solist nicht töten; Alles für Geld (ambos de 1923), sobressaindo As Filhas de Kohlihesel, variação em tom de farsa de A Megera Domada de Shakespeare e Amores de Faraó, fantasia histórica evocando o Egito antigo, ambos sob direção de Lubitsch. No primeiro, Jannings era Peter Xaver; no segundo, o Faraó Amenes.

Cena de As Filhas de Kohliehesel

Cena de As Filhas de Kohliehesel

Jannings e Ernst Lubitsch na filmagem de Amores de Faraó

Jannings e Ernst Lubitsch na filmagem de Amores de Faraó

A consagração mundial de Jannings solidificou-se em 1924-25, quando emergiram duas obras-primas às quais ele dedicou seu enorme talento: A Última Gargalhada / Der letzte Mann de F.W. Murnau e Varieté / Varieté de E.A. Dupont, nas quais  interpreta, pela ordem, o porteiro pomposo de um grande hotel rebaixado para a condição de encarregado do lavatório e o presidiário Stephan Huller, ex- trapezista de circo traído pela amante e assassino de seu rival. Nesses mesmos anos fez ainda: Maridos e Amantes / Nju; Eine unverstandene Frau; Gesünthe Schuld; Seja a Amante de seu Próprio Marido / Liebe macht blind (no qual Jannings faz uma ponta aparecendo como ele mesmo em uma cena passada em um estúdio).

Outra cena de A Última Gargalhada

Outra cena de A Última Gargalhada

Emil Jannings em A Última Gargalhada

Emil Jannings em A Última Gargalhada

Corpulento, projetando uma presença enorme na tela, Jannings era uma figura trágica ideal. Graças ao seu sucesso estrondoso nos filmes de Murnau e Dupont, a Paramount contratou-o por três anos, apesar de seus ataques histéricos e de sua fama de “destruir” as performances de seus colegas com seus exageros histriônicos.

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Emil Jannings em Varieté

Emil Jannings em Varieté

Cena de Varieté

Cena de Varieté

Em 4 de outubro de 1926, ele partiu da cidade portuária de Cuxhaven na Alemanha com destino a Hollywood, onde os estúdios costumavam preparar uma espécie de lenda para seus astros estrangeiros. Como seu verdadeiro local de nascimento na Suiça tinha muitas conotações germânicas, a Paramount anunciou que Jannings havia nascido no Brooklyn e depois foi levado para a Europa com um ano de idade. Isto porque, ao contrário de Greta Garbo, cujo background europeu a Metro enfatizou, porque sua popularidade apoiava-se mais nas audiências alemã e francêsa, Jannings foi apresentado primordialmente como um astro para a América, onde seu personagem do homem aniquilado, seu uso exagerado dos olhos e sobrancelhas e sua habilidade para se disfarçar com a maquilagem, deliciava as platéias, assim como Paul Muni faria uma década após.

Emil Jannings (barbudo) chega em Hollywood

Emil Jannings (barbudo) chega em Hollywood

Em Los Angeles, Jannings instalou-se com sua esposa, a ex-cantora Gussy Holl, na Hollywood Boulevard, em uma suntuosa cópia de uma mansão sulina, onde viveu cercado de cachorros latindo da raça Chow, papagaios grasnando e pássaros piando. No fundo do seu quintal havia um galinheiro e, confinados nele, estavam Greta Garbo, Pola Negri, Valentino, John Gilbert, Conrad Veidt, Lya de Putti e outras galinhas e galos batizados com o nome dos muitos visitantes que mereceram esta distinção, por terem trazido salsichas (cf. Josef von Sternberg em Fun in a Chinese Laundry, Mercury House, 1965).

Jannings era um anfitrião muito divertido, com sua ironia mordaz, suas brincadeiras licensiosas e seus excessos de mesa Rabelaisianos, e continuou assim depois que retornou à Europa, recebendo seus convidados na casa de campo que comprou na Austria, tendo como vizinhos Stefan Zweig e Max Reinhardt.

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Emil Jannings em Tortura da Carne

Emil Jannings em Tortura da Carne

Personificando mais uma vez uma pessoa infeliz destinada a um fim trágico, Jannings surgiu como August Schilling, um bancário desgraçado por uma mulher sedutora em Tortura da Carne / The Way of All Flesh / 1927 de Victor Fleming e no papel do Grão Duque Sergius Alexander, general czarista que se vê reencenando seu próprio passado como um figurante de Hollywood em A Última Ordem / The Last Command / 1928 de Josef von Sternberg. Por estes dois filmes, Jannings recebeu o Oscar de Melhor Ator, o primeiro a ser concedido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

Emil Jannings em A Última ordem

Emil Jannings em A Última ordem

Evelyn Brent e Emil Jannings em A Última Ordem

Evelyn Brent e Emil Jannings em A Última Ordem

EvelynBrent e Emil Jannings em A Última Ordem

EvelynBrent e Emil Jannings em A Última Ordem

William Powell e Emil Jannings em A Última Ordem

William Powell e Emil Jannings em A Última Ordem

Cena da filmagem de A Última Ordem

Cena da filmagem de A Última Ordem

No seu período americano Jannings fez ainda: A Rua do Pecado / The Street of Sin / 1927-28; Alta Traição / The Patriot / 1928 (pela última vez sob o comando de Ernst Lubitsch assumindo as feições do Czar Paulo I); Pecados dos Pais / Sins of the Fathers / 1928; Perfídia / Betrayal / 1929; porém seu forte sotaque germânico pôs um fim na sua carreira americana, quando a indústia aderiu ao som

Emil jannings em A Rua do Pecado

Emil jannings em A Rua do Pecado

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Florence Vidor e Emil Jannings em Alta Traição

Florence Vidor e Emil Jannings em Alta Traição

Emil Jannings e Lewis Stone em Alta Traição

Emil Jannings e Lewis Stone em Alta Traição

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Gary Cooper, Emil Jannings e Esther Ralston em Perfídia

Gary Cooper, Emil Jannings e Esther Ralston em Perfídia

Em 1929 ele voltou para a Alemanha e no ano seguinte, dirigido por Josef von Sternberg em O Anjo Azul / Der Blaue Engel, teve mais uma atuação brilhante como Immanuel Unrat, o professor autoritário e mal amado pelos seus alunos que se torna um palhaço grotesco e patético por sua paixão pela bela cantora de music hall Lola-Lola, personagem que impulsionou Marlene Dietrich para o estrelato.

Jannings e sua esposa retornam à Europa

Jannings e sua esposa retornam à Europa

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Emil Jannings em O Anjo Azul

Emil Jannings em O Anjo Azul

Emil jannings e Marlene Dietrich em O Anjo Azul

Emil jannings e Marlene Dietrich em O Anjo Azul

Der blaue Engel The Blue Angel Year : 1930 Director: Josef von Sternberg Emil Jannings, Kurt Gerron, Marlene Dietrich, . It is forbidden to reproduce the photograph out of context of the promotion of the film. It must be credited to the Film Company and/or the photographer assigned by or authorized by/allowed on the set by the Film Company. Restricted to Editorial Use. Photo12 does not grant publicity rights of the persons represented.

Josef von Sternberg e Emil Jannings em O Anjo Azul

Josef von Sternberg e Emil Jannings em O Anjo Azul

Em 10 de setembro de 1930, a UFA lançou o primeiro cinejornal sonoro alemão e convocou Jannings para fazer um discurso de apresentação. Entre 1930 e 1935, além de trabalhar no teatro, Jannings foi Albert Winkelmann na comédia Favorito dos Deuses / Liebling der Götter / 1930; Gustav Burke no drama criminal Tempestade de Paixões / Stürme der Leidenschaft / 1931, dirigido por Robert Siodmak; o Rei Pausole na comédia Die Abenteuer des Königs Pausole / 1932-33; e Peter Petersen versão de Fanny (com alguns elementos de Marius) de Marcel Pagnol em Abnegação / Der schwarze Walfisch / 1934-35.

Emil Jannings em Favorito dos Deuses

Emil Jannings em Favorito dos Deuses

Emil Jannings e Anna Sten en Tempestade de Paixões

Emil Jannings e Anna Sten en Tempestade de Paixões

Emil Jannings em Abnegação

Emil Jannings em Abnegação

A partir de 1934-35, Jannings foi recrutado para a propaganda do Terceiro Reich. Embora não fosse membro do partido, ele era um defensor entusiástico da ideologia nazista e assim participou de alguns filmes aberta ou camufladamente políticos. Após a produção da Deka, Alma Mascarada / Der alte und der junge König / 1934-35, de Hans Steinhoff, no qual Jannings era o velho Rei da Prússia, Frederico I, veio uma série de filmes da Tobis: o drama Ilusão da Mocidade ou Conflito / Traumulus / 1935, no qual Jannings era o diretor de um colégio interno, Professor Niemeyer, que vivia em um universo à parte, mas acabava abrindo os olhos para o mundo que o cercava após o suicídio de seu aluno predileto; a comédia Der zerbrochene Krug / 1937, na qual Jannings era Adam, o juiz de uma aldeia que julgava o caso para determinar quem quebrou um jarro, sabendo que fôra ele mesmo o causador do dano;

Emil Jannings em Robert koch

Emil Jannings em Robert koch

a cinebiografia Robert Koch / Robert Koch, der Bekämpfer des Todes no qual Jannings era o cientista pioneiro na luta contra a tuberculose; o drama de guerra pacifista Der letzte Appell, jamais exibido por ordem do governo e do qual só restam algumas fotos (todos de 1939); a comédia Altes Herz wird wieder jung / 1942-43, na qual Jannings era o diretor de fábrica Hoffman às voltas com uma neta cuja existência desconhecia; Wo ist Herr Bellings?, no qual Jannings era o industrial Eberahrd Bellings, mas caiu doente e o filme não pôde ser completado. Entre esses filmes surgiram os três mais abertamente políticos: Crepúsculo / Der Herrscher / 1936-37, Ohm Kruge / 1940-41 e Die Entlassung / 1942.

Emil Jannings em Alma Mascarada

Emil Jannings em Ilusão da Mocidade ou Conflito

Emil Jannings em Ilusão da Mocidade ou Conflito

Emil Jannings em Der zebrochene Krug

Emil Jannings em Der zebrochene Krug

Em Crepúsculo, de Veit Harlan, Jannings é Mathias Clausen, poderoso industrial do Ruhr (inspirado na dinastia Krupp), que fica viúvo e se enamora de sua jovem secretária. Seus filhos adultos e respectivos maridos e esposas fazem de tudo para perturbar seu novo casamento e eventualmente tentam interditá-lo por insanidade. A acusação de insanidade é rejeitada, e Clausen e sua amada, depois de muita tensão emocional, saem vitoriosos. No final, ele deserda sua família e ajuda a reconstruir a Alemanha, legando sua fábrica ao Estado. A semelhança com Hitler é evidente. Desde o início o magnata do aço é apresentado como um ditador e em certo momento os operários o chamam de Füherer.

Emil Jannings em Crepúsculo

Emil Jannings em Crepúsculo

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Em Ohm Kruger, de Hans Steinhoff, Jannings é Paul Kruger, o grande herói Boer que, imobilizado em uma clínica na Suiça, conta a sua vida. Steinhoff definiu claramente esta obra como “um filme de propaganda política (…) destinado a tirar a máscara da Inglaterra”. Para cumprir este objetivo, o filme faz uma paródia da Rainha Vitória, apresentando-a como uma bêbada, presidindo uma plutocracia corrupta e sem escrúpulos; mostra as maquinações diabólicas de Cecil Rhodes e Joseph Chamberlain; aponta o jovem Winston Churchill como responsável pelo massacre de mulheres prisioneiras nos campos de concentração, que teriam sido inventados pelos britânicos; e o paralelo entre o líder do Transvaal e Hitler é evidente.

Emil Jannings em Die Entlassung

Emil Jannings em Die Entlassung

Em Die Entlassung, de Wolfgang Liebeneiner, Jannings é um Bismark envelhecido, persuadido a sair da aposentadoria para prestar assistência ao novo Rei, o arrogante Guilherme II (que havia antagonizado o resto da Europa) com seu conhecimento superior e experiência na diplomacia política. Moral do filme: o trabalho de Bismarck ficou inacabado, aguardando a emergência de um novo Füherer. Este líder, claro, é Adolf Hitler, cuja ascenção ao poder é vista como a realização do destino da Prússia.

Goebbels e Jannings

Goebbels e Jannings

Depois de cogitados Gustaf Gründgens e Willi Forst, Goebbels sugeriu o nome de Emil Jannings para interpretar o papel de Joseph Süss Oppenheimer no famoso filme anti-semita Jud Suss / 1940, e estava certo de que o ator não se recusaria, porque o Ministro do Reich tinha certas provas da existência de sangue judeu na árvore genealógica dele. Jannings poderia ter aceitado, apesar da ameaça sinistra, porém o diretor Veit Harlan recusou esta escolha, alegando que “não se podia ter uma ópera com três baixos”, referindo-se a Eugen Klöpfer e Heinrich George, que já haviam sido contratados para papéis secundários.

Ferdinand Marian em Jud Suss

Ferdinand Marian em Jud Suss

A escolha final recaiu sobre Ferdinad Marian (que, em um primeiro casamento, havia esposado uma judia, com quem tivera uma filha). Marian foi intimado para comparecer ao escritório de Goebbels às duas da madrugada e na noite anterior implorara a Harlan que o ajudasse a sair dessa incumbência; porém intimidado pelo Ministro, Marian aceitou (cf. David Stewart Hull em Film in the Third Reich, Simon and Schuster, 1969).

O processo pelo qual o governo nazista assumiu o contrôle completo de todas as companhias cinematográficas começou em dezembro de 1936 e terminou nos primeiros mêses de 1938. Imediatamente depois disso, Goebbels ordenou que diretores e artistas fossem colocados no conselho de administração de todas as companhias cinematográficas, alegando que tal medida era para melhorar o nível artístico do Filme Alemão.

Emil Jannings

Emil Jannings

A Tobis, então parcialmente nas mãos do governo, obedeceu logo e, em 20 de janeiro de 1937, Willi Forst, Emil Jannings e Gustaf Gründgens foram eleitos para servirem como parte do conselho de seis membros da companhia. Devido à esta nova posição na empresa, a partir de 1937 Jannings assumiu o total controle da produção de seus filmes. Em 1941 ele foi agraciado como Artista do Estado (Staatsschauspieler), a maior honraria concedida a um ator.

Em dezembro de 1944, Jannings começou a filmar Wo ist Herr Belling?, porém a produção foi interrompida quando a enfermidade e a angústia pela derrota evidente de seu país na Segunda Guerra Mundial levaram-no a pleitear a cidadania austríaca e se retirar para a sua casa em Wolfgangsee. Após o fim do conflito, ele foi proibido pelas autoridades aliadas de trabalhar no teatro e no cinema e faleceu em 3 de janeiro de 1950 com a idade de 65 anos, vitimado pelo câncer.