Só pude ver cinco comédias de Antonio Silva: A Canção de Lisboa / 1933, O Costa do Castelo / 1943, A Menina da Rádio / 1943, O Leão da Estrela / 1947, O Grande Elias / 1950; porém foi o bastante para perceber que ele era um grande artista. Neste artigo, desejo prestar homenagem a esse notável comediante português e, ao mesmo tempo, chamar a atenção dos estudiosos de cinema para a sua pessoa. Para isso, recorrí principalmente ao Dicionário do Cinema Português de Jorge Leitão Ramos (Editorial Caminho, 2011), ao Dicionário de Cinema Brasileiro de Jurandyr Noronha (EMC, 2008), a História do Cinema Português de Luís de Pina (Europa-América,1986) e completei minha pesquisa em jornais antigos, acrescentando algumas informações às duas primeiras obras citadas.
Antonio Maria da Silva nasceu em Lisboa no dia 15 de agosto de 1886. De origens modestas, começa a trabalhar muito novo, como aprendiz de caixeiro em uma loja onde se vendiam artigos de costura. Em dezembro de 1905 inicia atividade como bombeiro. Apaixonado pela arte dramática, participa de récitas de amadores, sincroniza vozes no Salão Ideal (um primeiro arremedo de cinema sonoro) e acaba estreando como ator em 1910 no antigo teatro da Rua dos Condes em uma peça de Tolstoi, O Novo Cristo. Nesse mesmo ano, inicia sua carreira cinematográfica em um minúsculo papel em Rainha Depois de Morta. Continua sua trajetória artística no palco na Companhia Alves da Silva, interpretando papéis fugidíos e, em 1911, e, depois, em 1913, faz tournées ao Brasil. No final da segunda temporada, resolve ficar em nosso país, onde trabalha até 1921, em teatro e cinema.
Jurandyr Noronha apontou como primeiro filme de Antonio Silva no Brasil, Seiscentos e Seis Contra o Espiroqueta Pallido, que teria sido produzido em 1909 e exibido em 24 de janeiro de 1910 no Cinema Soberano. Entretanto, conforme apurei, em 1911, o caricaturista e compositor Luiz Peixoto e o jornalista Carlos Bittencourt, escreveram uma peça para o teatro de revista, intitulada 606 (que era a marca de fantasia do primeiro remédio contra a sífilis), e tentaram o cinema falado-cantado, realizando um filme mudo e dublado pelos atores atrás da tela. De acordo com um anúncio publicado no Correio da Manhã, este filme foi exibido no Cinema Soberano, em 24 de janeiro de 1911, e nele Antonio Silva fazia o papel de Frei Thomaz. Creio que esta é a informação correta. Mesmo porque, em 1910, cf. o Dicionário do Cinema Português, Antonio Silva ainda estava em Portugal trabalhando no teatro.
O segundo filme do ator português no Brasil foi Ubirajara / 1919, drama produzido pela Guanabara Filme e dirigido por Luiz de Barros baseado no romance de José de Alencar. Ubirajara (Alvaro Fonseca) chefe dos araguaias é noivo de Jandira (Antonia Denegri). Um dia, porém, apaixona-se por Aracy (Otilia Amorim), filha de Itaquê (Manoel Ferreira de Araujo), chefe dos tocantins e irmã de Pojucã (João de Deus), seu prisioneiro. Ubirajara liberta Pojucã, para poder declarer guerra a Itaquê e buscar Aracy. Itaquê, no entanto, é ferido por outros inimigos e fica cego. As duas tribos unem-se contra inimigos comuns e Ubirajara é eleito chefe. O filme teve requintes de produção: tabas, arcos, flechas, enfeites, ornamentos cedidos pela Seção de Etnografia do Museu Nacional e pela Seção de Proteção aos Índios do Ministério da Agricultura. Uma sequência de batalha entre duas tribos rivais foi filmada com cerca de 200 figurantes. Não encontrei em nenhuma fonte qual o papel interpretado por Antonio Silva, nem pelos outros nomes do elenco, Candida Leal, Fausto Muniz, Teixeira Pinto.
A terceira atuação de Antonio Silva no Brasil deu-se em Convém Martelar / 1920, filme de propaganda de 20 minutos produzido pela Amazonia Film, dirigido por ele próprio e fotografado pelo operador de câmara João Stamato. O enredo diz respeito a uma jovem de Niterói que embarca com a sua família e o noivo não desejado em uma das barcas da Cantareira, pois o casamento seria realizado no Rio de Janeiro. Entretanto, o preferido do seu coração toma um da colherada do Elixir de Inhame, entra em um barco a remos e consegue ultrapassar a grande embarcação coletiva a vapor, “martelando”, ou seja, insistindo, para conquistar a mulher amada, o que afinal consegue. Não encontrei em nenhuma fonte qual o papel desempenhado por Antonio Silva e demais atores: Josephina Barco, Manoel Ferreira de Araujo, Carlos Barbosa, Albino Vidal.
A quarta intervenção de Antonio Silva na nossa terra foi em Coração de Gaucho / 1920, drama produzido pela Guanabara Film e dirigido por Luiz de Barros. O filme aproveita usos e costumes do extremo sul do país e, apesar de ser mudo, aparecem sequências mostrando os bailados da região. Na trama, o Gaucho (Alvaro Fonseca) apaixona-se pela filha (Antonia Denegri) de um fazendeiro (Manoel Ferreira de Araujo). Por sua vez, a moça é cortejada por um caixeiro viajante (Antonio Silva) que, após conseguir o consentimento do pai para casar-se com ela, consegue também ficar a par de todos os negócios da família. Ele consegue um testamento do fazendeiro em seu favor e termina por mandar matá-lo. O pai da moça morre, morre o matador (não sem antes ter confessado o crime), e o Gaucho casa-se com a moça. No elenco estavam ainda: Candida Leal, Luiz de Barros e atores da Companhia do Teatro São José. Em agosto de 1920, Antonio Silva casa-se secretamente com Josephina Barco, causando escândalo com a família dela e repercussões na imprensa.
Retornando a Lisboa em 1921, Antonio Silva ingressou na Companhia Luísa Satanela – Estevão Amarante e doravante atuou (depois também em outras companhias) predominantemente em operetas, comédias musicadas e revistas, formando a certa altura uma dupla com outro excelente comediante, Vasco Santana, que se tornaria célebre. Em 1932, torna-se comandante dos bombeiros da Ajuda, cargo que manteria por muitos anos.
No ano seguinte, alcançou grande notoriedade, através do filme A Canção de Lisboa, no qual atuou ao lado de Vasco Santana e Beatriz Costa. Luis de Pina (História do Cinema Português, Europa-América, 1986) percebeu os primeiros contornos do personagem-tipo criado por Antonio Silva, em A Canção de Lisboa; mas segundo ele foi a partir de O Costa do Castelo que o Antonio Silva-Homem das Arábias (encarnação do lisboeta ladino, que resolve os problemas e nunca está de mal com ninguém) se afirmou plenamente.
No teatro de revista, o nome de Antonio Silva ascendeu ao topo do cartaz, mas ele também fez comédias musicadas e operetas em uma atividade ininterrupta, onde o cinema aparecia com regularidade. Em 1940, ele esteve no Brasil em temporada relâmpago no Teatro República com a revista Tiro-Liro-Liro ao lado de Irene Izidro, Ribeirinho e João Vilaret.
Em 1945, nos Comediantes de Lisboa, companhia que deu grande impulso à renovação do teatro declamado, Antonio Silva interpretou o papel de Doolittle no Pigmalião de Bernard Shaw; em 1948, esteve novamente no Brasil com a Cia. Portuguêsa de Revistas e Opereta e se apresentou no Teatro Carlos Gomes, nas revistas Alto Lá com o Charuto, Se Aquilo Que a Gente Sente, Ribatejo e Tá Bem ou Não Tá?, Ribatejo, Nazaré, tendo ao seu lado em destaque Irene Isidro, Ribeirinho e João Villaret. Em 1958, colaborou com uma companhia dirigida por Bibi Ferreira, emprestando seus imensos dotes artísticos como, por exemplo, na peça Com o Amor Não se Brinca de Terence Rattigan.
Como escreveu Jorge Leitão Ramos, “Antonio Silva esteve em todos os momentos marcantes da comédia à portuguesa dos anos 30/40 e foi o seu esteio fundamental, criando um personagem-tipo, o do português desenrascado, meio vigarista, meio fala-barato, de bom coração. E, quando foi preciso que houvesse um português pronto a tentar mudar a vida e tornar toda a gente mais igual (uma espécie de quase neorealismo no princípio dos anos 50) foi ainda Antonio Silva quem foram buscar e bem (Sonhar é Fácil)”.
Mas, conforme J.L.R., não se resumiu à comédia o seu talento. Basta lembrar o João da Cruz do filme Amor de Perdição de Lopes Ribeiro, para confirmar que ele foi, de fato, o ator número um de todo o cinema português”. Sem esquecer, dizem outros que puderam ver todos o seus filmes, o inesquecível João da Esquina de As Pupilas do Senhor Reitor ou o Evaristo, dono de uma mercearia em O Pátio das Cantigas. Antonio Silva também fez trabalhos para a televisão (telefilmes e séries), encerrando a carreira em 1967. Ele faleceu no dia 3 de março de 1971 em Lisboa.
Antes de reproduzir a longa filmografia do artista, vou expor as sinopses dos filmes dele que pude assistir, com breves comentários, para dar uma idéia de suas comédias.
A CANÇÃO DE LISBOA.
Vasco Leitão, o Vasquinho (Vasco Santana), estudante de medicina por conta de umas tias ricas de Trá-os-Montes (Teresa Gomes, Sofia Santos), é um bôemio que não quer nada com os livros. Ele namora Alice (Beatriz Costa), filha do alfaiate Caetano (Antonio Silva) que não vê com bons olhos tal relação. Tudo se complica quando as tias, julgando o sobrinho já doutor, resolvem vir a Lisboa visitá-lo e ver como bem aplicaram seu dinheiro.
Clássico do cinema falado português, esta comédia musical transmite uma alegria contagiante, sendo ainda beneficiada por canções deliciosas (de Raul Ferrão e Raul Portela) como, por exemplo, “A Agulha e o Dedal” (interpretada por Beatriz Costa com muita graça) e pela vivacidade de todos os atores, destacando-se Beatriz, Vasco Santana e Antonio Silva. A cena da eleição de Miss Castelinho é digna de figurar em qualquer antologia que se faça do cinema português. Na cena final, o Vasquinho, referindo-se às dificuldades de ser médico e de curar, cantava: “morrer por morrer / que seja a rir!”, versos que refletem bem o tom de todo o filme.
O COSTA DO CASTELO.
Fingindo-se de motorista, Daniel (Curado Ribeiro) aluga um quarto na humilde casa da senhora Rita (Maria Olguim) e do senhor Januário (João Silva) na Costa do Castelo, onde mora Luisinha (Milú) uma jovem bancária orfã por quem Daniel se sente atraído e um professor de guitarra, Simplicio Costa (Antonio Silva), mais conhecido como o Costa do Castelo. A verdadeira identidade de Daniel é desmascarada por Mafalda da Silveira (Maria Matos) sua tia, o que causa grande problema na relação entre Luisinha e ele, pois trata-se de um fidalgo cujo verdadeiro nome é André da Silveira. Depois de várias peripécias, toda a gente vai morar na sua mansão.
Esta farsa divertida, baseada em uma peça teatral de sucesso da autoria de João Bastos (cf. Pina um dos componentes do grupo que dominou a comédia popular à portuguesa nos anos 40, do qual faziam parte ainda o realizador Arthur Duarte, o argumentista Fernando Fragoso, o fotógrafo Aquilino Mendes e o compositor Jaime Mendes), recorre a velhos truques cênicos como a identidade escondida, mas a graça das cenas cômicas (como, por exemplo, quando Antonio Silva ensina Maria Rosa (a grande fadista Herminia Silva) a cantar o fado e das piadas é incontestável. O filme descobria também uma nova estrela, a bela Milú, e apresentava duas lindas canções: “Cantiga da Rua” e “Minha Casinha, que Antonio Melo compôs para letras de João Bastos.
A MENINA DA RÁDIO.
Cipriano Lopes (Antonio Silva) e Rosa Gonçalves (Maria Matos), lojistas na mesma rua, detestam-se comercialmente. Os respectivos filhos, Geninha (Maria Eugénia) e Óscar (Óscar de Lemos) amam-se apaixonadamente e ambos gostam de música, tendência compartilhada por Cipriano e odiada por Rosa. Cipriano cria o Radio Clube da Estrela, onde Geninha provaria seus dotes musicais e Oscar provaria seus dotes como compositor. Mas as coisas se complicam com a entrada em cena de Teresa Valdemar (Teresa Casal) e Fernando Verdial (Curado Ribeiro), astros .da Emissora Nacional. No final, Cipriano se reconcilia com Rosa, à quem o ligava um antigo amor contrariado.
Esta nova comédia de Arthur Duarte tenta reeditar o sucesso de O Costa do Castelo, trazendo de volta a dupla Antonio Silva / Maria Matos e encomendando a João Bastos um argumento de traços muito similares mas, desta vez, girando em torno da febre radiofônica nos anos 40. O filme tem algumas piadas engraçados (sobretudo baseadas no jogo de trocadilhos) e belas canções como, por exemplo, “Sonho de Amor”, composta por Antonio Melo e Silva Tavares. Conforme explica J. L. R., foi a primeira produção da Companhia Portuguesa de Filmes, rebatismo da Tobis Portuguesa, que mudara de nome, para não ser confundida com a germânica Tobis e não ser abrangida pelo boicote declarado pelas forças aliadas.
O LEÃO DA ESTRELA
Anastácio (Antonio Silva), funcionário de uma repartição pública lisboeta, e sportinguista ferrenho, vai ao Porto assistir à final do Campeonato de Futebol de Portugal, apresentando-se em casa dos Barata (Erico Braga, Cremilda de Oliveira), uma família abastada, que a mulher Carlota (Maria Olguin) as filhas Juju (Milú) e Branca (Maria Eugénia) haviam conhecido nas termas, como um rico comerciante de Lisboa. A situação complica-se quando Eduardo (Curado Ribeiro), filho do casal Barata, se apaixona por Branca e os dois resolvem casar-se. A cerimônia é em Lisboa e o pai da noiva tem que manter as aparências a todo custo.
Comédia de equívocos mais uma vez centrada na figura de Antonio Silva, que reedita seu personagem tipo de lisboeta ladino, dividindo com o gorducho Erico Braga (impagável no comerciante portuense novo-rico e portista convicto) os louros do espetáculo em matéria de atores. A discussão de Anastácio e Barata no Estádio do Lima durante o jogo do Porto contra o Sporting e a visita dos dois às “espanhuelas” do Cassino de Espinho, explicada às referidas esposas como visita a umas órfãs da Guerra da Espanha (“aquilo é que era um orfeão!”, um deles comenta), são os seus melhores momentos. Na trama secundária merece menção o par formado por Rosa (Laura Alves) e Miguel (Artur Agostinho), a criada e o motorista apaixonados, com o famoso “Ai, a loiça”, quando Rosa enfrenta o mau humor do patrão Anastácio.
O GRANDE ELIAS.
Carlos (Estevão Amarante) se vê no aperto, quando sua irmã aristocrata, Adriana (Cremilda de Oliveira), decide visitá-lo inesperadamente. Ele havia inventado, com o auxílio do amigo Elias (Antonio Silva), um série de mentiras sobre si próprio com relação a riqueza e a existência de mais filhos do que sua filha única, Ana Maria (Milú), assim como tampouco dissera que a mulher o havia abandonado. Em poucas horas, ele forja a existência de dois filhos gêmeos encarnados pelo namorado da filha, Ribeirinho (ambos vividos por Francisco Ribeiro), uma mulher (Maria Olguim), um palacete arranjado por uma semana pelo amigo Elias, que se torna o mordomo.
No início dos anos 50, Arthur Duarte regressa à comédia, onde obtivera seus maiores êxitos na década anterior, trazendo mais uma vez a história de pobres que querem parecer ricos com Antonio Silva de novo como um enganador às voltas com os clichés habituais desse tipo de farsa. O diretor consegue manter o senso cômico ao longo de praticamente todo o filme embora algumas situações não cheguem a funcionar como, por exemplo, o momento no ringue com Ribeirinho, que pretendia ser, provavelmente , uma homenagem a Charles Chaplin. As cenas de Ribeirinho com o boneco de ventríloco, seu sósia e alter-ego, são mais hilariantes, mas o melhor momento do filme ocorre no final, com o discurso persuasivo do Elias, que consegue o perdão da ricaça para os envolvidos na impostura e ainda conquista seu coração.
FILMOGRAFIA
1910
Rainha Depois de Morta (Dir: Carlos Santos)
1911
Seiscentos e Seis (Dir: Paulino Botelho)
1919
Ubirajara (Dir: Luiz de Barros)
1920
Convém Martelar (Dir: Antonio Slva)
Coração de Gaucho (Dir: Luiz de Barros)
1933
A Canção de Lisboa (Dir: Cottineli Telmo)
1935
As Pupilas do Sr. Reitor (Dir: Leitão de Barros)
1936
Bocage (Dir: Leitão de Barros)1937
Maria Papoila (Dir: Leitão de Barros)
1939
Varanda dos Rouxinóis (Dir: Leitão de Barros)
1940
João Ratão (Dir: Jorge Brum do Canto)
Feitiço do Império (Dir: Antonio Lopes Ribeiro)
1941
O Pátio das Cantigas (Dir: Francisco Ribeiro)
1942
Lobos da Serra (Dir: Jorge Brum do Canto)
1943
O Costa do Castelo (Dir: Arthur Duarte)
Amor de Perdição (Dir: Antonio Lopes Ribeiro)
1944
A Menina da Rádio (Dir: Arthur Duarte)
1945
A Vizinha do Lado (Dir: Antonio Lopes Ribeiro)
1946
Camões – Erros meus, má fortuna, amor ardente (Dir: Leitão de Barros)
1947
O Leão da Estrela (Dir: Arthur Duarte)
Fado, História d’uma Cantadeira (Dir: Perdigão Queiroga)
Três Espelhos (Dir: Ladislao Vajda)
Os Vizinhos do Rés-do-Chão (Dir: Alejandro Perla)
1948
Heróis do Mar (Dir: Fernando Garcia)
1950
O Grande Elias (Dir: Arthur Duarte)
1951
Sonhar é Fácil (Dir: Perdigão Queiroga)
1952
Os Três da Vida Airada (Dir: Perdigão Queiroga)
O Comissário de Polícia (Dir: Constantino Esteves)
1956
O Dinheiro dos Pobres (Dir: Arthur Semedo)
Perdeu-se Um Marido (Dir: Henrique Campos)
O Noivo das Caldas (Dir: Arthur Duarte)
1957
Dois Dias no Paraíso (Dir: Arthur Duarte)
1959
O Passarinho da Ribeira (Dir: Augusto Fraga)
As Pupilas do Senhor Reitor (Dir: Perdigão Queiroga)
1964
Aqui há Fantasmas (Dir: Pedro Martins)
1967
Sarilhos de Fraldas (Dir: Constantino Esteves)