Arquivo mensais:agosto 2015

RONALD COLMAN II

Sam Goldwyn estava compreensivelmente cauteloso a respeito do primeiro filme falado de Ronald Colman. Ele dizia que os talkies revolucionariam as sequências de amor, e estava certo. Os ruídos dos primeiros equipamentos de som prejudicavam qualquer romance e eram igualmente nefastos às vozes. Assim, ele colocou seu galã romântico número um em Amante de Emoções / Bulldog Drummond / 1929, um melodrama de ação baseado no personagem criado por “Sapper”, pseudônimo do escritor Herman C. McNeile. No enredo, o capitão Hugh Drummond (Ronald Colman), entediado com sua vida civil em Londres após a Primeira Guerra Mundial, põe um anúncio em um jornal oferecendo seus serviços para “qualquer tipo de aventura”. Seu anúncio é respondido por Phyllis Benton (Joan Bennett), jovem americana que deseja contratar Drummond para libertar seu tio, Hiram J. Travers (Charles Selton) de um asilo, onde ele está sendo mantido prisioneiro pelo Dr. Lakington (Lawrence Grant) e seu cúmplice Carl Peterson (Montagu Love). Lakington e Peterson pretendem torturar Travers para confiscar sua fortuna. Auxiliado por seu amigo Algy (Claude Allister) e seu mordomo Danny (Wilson Benge), Drummond consegue libertar o ricaço e conquistar o coração de sua cliente.

Ronald Colman e Joan Bennett em Amante de Emoções

Ronald Colman e Joan Bennett em Amante de Emoções

Cada cena foi ensaiada incessantemente, de modo que a filmagem transcorreu com rapidez, sem precisar de muitos Os microfones eram escondidos em vários pontos do cenário, entre os quais havia “lugares mortos”, onde as palavras dos atores não podiam ser ouvidas. Não somente a voz do ator era importante, mas o lugar preciso onde ele a usava. As luzes necessárias pelo novo meio reduzia os atores a poças de suor em poucos minutos. O som exigia mais concentracão e os atores ficavam exaustos no final de um dia mais longo de filmagem. Porém a história interessante de Bulldog Drummond, a fotografia de George Barnes e seu assistente Gregg Toland, a cenografia de William Cameron Menzies, e a excitação do som compensaram a direção estática do filme. Os críticos elogiaram a performance de Colman, dizendo que a voz lhe dava um novo charme”, e Goldwyn profetizou: “O que Chaplin foi para o filme silencioso, Colman será para o filme falado”.

Cena de Condenado

Cena de Condenado

Cena de Condenado

Ann Harding e Ronald Colman em  Condenado

Bulldog Drummond deu a Ronald Colman uma indicação para o Oscar como Melhor Ator bem como seu outro filme produzido no mesmo ano, Condenado / Condemned – talvez mais pela sua voz do que qualquer atuação. No segundo filme citado, um pouco menos estático do que o primeiro e com os mesmos Barnes, Toland e Menzies na equipe técnica, Colman é Michel, um ladrão charmoso prisioneiro na Ilha do Diabo, onde se envolve romanticamente com a mulher do diretor da prisão (Ann Harding). Os críticos ficaram pensando como um presidiário podia transmitir tanta despreocupação e alegria; porém, quem liga para a lógica e o bom senso, quando se está diante de um ator tão atraente como Ronald Colman?

Ronald Colmane Kay Francis em Raffles

Ronald Colmane Kay Francis em Raffles

Goldwyn quís repetir o êxito de Amante de Emoções , colocando Colman na pele de outra figura do romance policial. Ele convocou Sidney Howard (o mesmo roteirista daquele filme e de Condenados) e mais uma vez Barnes, Toland e Menzies, para a filmagem de Raffles / Raffles / 1930, adaptação da obra de E.W. Hornung, cujo herói é um ladrão inglês da classe alta, que ilude constantemente a Scotland Yard com refinamento e audácia. Em um papel feito sob medida, Colman foi o foco de todas as atenções, sustentando com sua classe o espetáculo, que contava ainda com a presença da sempre bela e elegante Kay Francis.

Ronald Colman e Loretta Young em O Diabo que Pague

Ronald Colman e Loretta Young em O Diabo que Pague

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Ronald Colmane Helen Hayes em Médico e Amante

Ronald Colman e Helen Hayes em Médico e Amante

Depois de participar de O Diabo que Pague / The Devil to Pay / 1930 e Jardim do Pecado / The Unholy Garden / 1931, o primeiro filme melhor do que o segundo, mas sem se distinguirem de centenas de filmes que eram realizados anualmente, Colman caiu nas mãos de John Ford em Médico e Amante / Arrowsmith / 1931. O enredo dessa adaptação (de Sidney Howard) para a tela do romance de Sinclair Lewis, focaliza um médico dedicado, Dr. Martin Arrowsmith (Ronald Colman), que se mantém fiel aos seus ideais e passa por momentos dramaticos ao tentar controlar uma epidemia de peste bubônica nos trópicos. Howard fez um bom trabalho, e Ford tirou o melhor partido da fotografia de Ray June e do talento de Colman e Helen Hayes (como Leora, esposa do Dr. Martin). A cena da morte de Leora e quando o Dr. Martin beija seus vestidos, é muito comovente. Juliet Benita Colman reproduziu estas palavras de John Ford: “Você não precisava trabalhar com Ronnie – era simples assim. Ele sabia exatamente o que fazer e era perfeito em todos os detalhes quando fazia”.

Kay Francis e Ronald Colman em Amante Discreto

Kay Francis e Ronald Colman em Amante Discreto

O filme seguinte de Colman, Amante Discreto / Cynara / 1932, dirigido por outro grande cineasta, King Vidor, contém uma de suas interpretações mais sutís no papel do advogado James Warlock. Na ausência de sua esposa Clemence (Kay Francis), com quem está casado há sete anos, ele é seduzido momentâneamente por uma jovem vendedora de loja (Phillys Barry), e essa aventura amorosa resulta no suicídio da moça e na sua desgraça. Do começo ao fim do escândalo e do inquérito que se seguem, Warlock permanece fiel ao seu código de honra. Em vez de se defender revelando o passado desregrado da jovem, Warlock sofre em silêncio com sua própria transgressão, exilando-se na África do Sul; entretanto, quando vai partir, Clemence corre em direção ao navio para ficar com ele.

Cena de O Acaso é Tudo

Cena de O Acaso é Tudo

Cena de O Acaso é Tudo

Cena de O Acaso é Tudo

Em O Acaso é Tudo / The Masquerader / 1933, Ronald Colman faz um papel duplo – o jornalista, John Loder, e seu primo muito parecido com ele, Sir John Chilcote, Membro do Parlamento viciado em entorpecentes, que fica incapacitado durante uma crise nacional. Loder está substituindo secretamente Sir John Chilcote no Parlamento, quando o verdadeiro Chilcote morre isolado, obrigando seu sósia a se fazer passar por ele pelo resto de sua vida. Esse tipo de história cria a inverossimilhança, mas os truques fotográficos funcionam bem e Colman fala consigo mesmo convincentemente.

Foi durante a filmagem das sequências com Chilcote em O Acaso é Tudo, que Goldwyn lançou uma mensagem publicitária, dizendo que, para conseguir interpretar melhor um viciado, Colman tomava muitos drinques antes de entrar no set. Ultrajado com o fato de que seu próprio produtor tivesse inventado histórias desnecessárias em benefício da publicidade, Colman declarou que nunca mais trabalharia para Goldwyn e lhe moveu uma ação indenizatória no valor de dois milhões de dólares.

O ator aproveitou o tempo livre para fazer uma longa viagem na companhia de seu amigo, Al Weingand, e obteve finalmente o divórcio de Thelma. Quando Colman voltou para Hollywood, fez um acordo extra judicial com Goldwyn, e conquistou sua liberdade. O único aspecto negativo da viagem foi o de ter perdido a oportunidade de trabalhar com Greta Garbo em Rainha Cristina / Queen Cristina / 1933, para o qual a MGM se empenhou em encontrá-lo durante a sua ausência.

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Foi a recém formada (por Darryl Zanuck e Joseph Schenck) 20thCentury Pictures que afinal contratou Colman para personificar novamente Bulldog Drummond em A Volta de Bulldog Drummond / Bulldog Drummond Strikes Back / 1934 e, a partir daí, inaugurou-se uma nova fase em sua carreira com uma impressionante sequência de filmes excelentes (A Conquista de um Império / Clive of India / 1935, A Queda da Bastilha / A Tale of Two Cities / 1935, Sob Duas Bandeiras / Under Two Flags / 1936, Horizonte Perdido / Lost Horizon / 1937, O Prisioneiro de Zenda / The Prisoner of Zenda / 1937, Luz Que Se Apaga / The Light That Failed / 1939, E A Vida Continua / The Talk of the Town / 1942, Na Noite do Passado / Random Harvest / 1942, Tenho Direito ao Amor / The Late George Apley / 1946, Fatalidade / A Double Life / 1947, Champagne para Cesar / Champagne for Caesar / 1950) e outros mais modestos, mas valorizados pela sua presença (O Homem Que Desbancou Monte Carlo / The Man Who Broke the Bank at Monte Carlo / 1935, Boa Sorte / Lucky Partners / 1940, Minha Vida Com Carolina / My Life with Caroline 1941 e Kismet / Kismet / 1944). Como disse um crítico, Colman era sempre bom, algumas vêzes melhor do que o próprio filme.

Ronald Colman e Joan Bennett em O Homem Que Desbancou Monte Carlo

Ronald Colman e Joan Bennett em O Homem Que Desbancou Monte Carlo

Spring Byington, Ronald Colman e Ginger Rogers em Boa Sorte

Spring Byington, Ronald Colman e Ginger Rogers em Boa Sorte

Ronald Colman e   em Minha Vida com Carolina

Ronald Colman e  Anna Lee em Minha Vida com Caroline

Ronald Colman e Marlene Dietrich em Kismet

Ronald Colman e Marlene Dietrich em Kismet

Loretta Young e Ronald Colman em A Conquista de um Império

Loretta Young e Ronald Colman em A Conquista de um Império

A Conquista de um Império aborda a epopéia do fundador do Império Britânico na Índia, Robert Clive, dando mais ênfase à sua vida matrimonial do que aos fatos políticos. Dirigido por Richard Boleslawski (que havia feito no mesmo ano Os Miseráveis / Les Miserables), o filme apoia-se na presença dos dois astros principais (Ronald Colman e Loretta Young) e só ocasionalmente acontecem cenas espetaculares como a da batalha de Plassey com as tropas atravessando um rio sob o vento, os elefantes blindados e o terrível combate corpo a corpo. Colman atuou sem o famoso bigode e, encontrando semelhanças básicas entre ele e Clive, personificou-o com exatidão.

Ronald Colman e Elizabeth Allan em A Queda da Bastilha

Ronald Colman e Elizabeth Allan em A Queda da Bastilha

Ronald Colman e o diretor Jack Conway na filmagem de A Queda da Bastilha

Ronald Colman e o diretor Jack Conway na filmagem de A Queda da Bastilha

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Ronald Colman em A Queda da Bastilha

Ronald Colman em A Queda da Bastilha

Face ao êxito comercial de David Copperfield / David Copperfield / 1935, a MGM incumbiu o produtor David O. Selznick de adaptar outro romance de Charles Dickens. Transcorrendo no ambiente da Revolução Francesa, reconstituida à maneira hollywoodiana, A Queda da Bastilha, dirigido por Jack Conway (ajudado por Jacques Tourneur e Val Lewton), apresenta um belo desempenho de Colman (outra vez sem bigode) como Sydney Carton, o advogado dissoluto que se sacrifica, trocando de lugar na guilhotina com o aristocrata (Donald Woods), amado pela jovem (Elizabeth Allan), por quem também se enamorara. A atriz inglêsa Elizabeth Allan era amiga íntima de Benita Hume, que chegara recentemente em Hollywood para participar do próximo filme de Tarzan (A Fuga de Tarzan / Tarzan Escapes / 1936) com Johnny Weismuller e Maureen O’Sullivan, e estava hospedada em sua casa. Foi lá que Benita e Colman se reencontraram. Eles namoraram durante quatro anos e meio, e se casaram em 1938.

Ronald Colman e Rosalind Russell em Sob Duas bandeiras

Ronald Colman e Rosalind Russell em Sob Duas bandeiras

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Ronald Colman e Claudette Colbert em Sob Duas Bandeiras

Ronald Colman e Claudette Colbert em Sob Duas Bandeiras

Sob Duas Bandeiras é uma aventura romântica na Legião Estrangeira, extraída do romance de Ouida, filmada no deserto do Arizona e bem acionada por Frank Lloyd (com auxílio de Otto Brower nas cenas de batalha), tendo Colman como o Sargento Victor, legionário disputado por Cigarette (Claudette Colbert) e Lady Venetia Cunningham (Rosalind Russell) e alvo da inveja do enciumado comandante do forte Major Doyle (Victor McLaglen). Frase da publicidade: “Um amor tão quente quanto as areias do Saara”.

Cena de Horizonte Perdido

Cena de Horizonte Perdido

Cena de Horizonte Perdido

Cena de Horizonte Perdido

Cena de Horizonte Perdido

Cena de Horizonte Perdido

Cena de Horizonte Perdido

Cena de Horizonte Perdido

Ronald Colman, Sam Jaffe e Frank Capra em um intervalo da filmagem de Horizonte Perdido

Ronald Colman, Sam Jaffe e Frank Capra em um intervalo da filmagem de Horizonte Perdido

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Ronald Colman e Jane Wyatt em Horizonte Perdido

Ronald Colman e Jane Wyatt em Horizonte Perdido

Adaptação cinematográfica por Robert Riskin do romance de James Hilton, Horizonte Perdido, um dos grandes filmes de Frank Capra, levou dois anos para ser realizado, custou dois milhões de dólares, metade do orçamento anual da Columbia, e foi indicado para o Oscar de Melhor Filme. Os cenários modernistas de Stephen Goosson (premiado pela Academia) foram um dos maiores até então construidos em Hollywood, e Colman encaixou-se perfeitamente no personagem do diplomata Robert Conway, um dos passageiros de um avião que caiu nas montanhas do Himalaia e foram resgatados pelos habitantes do misterioso vale Edênico de Shangri-La. Sam Jaffe encarna o Grande Lama, depois de previsto Charles Laughton para o papel.

Ronald Colman e Madeleine Carroll em O Prisioneiro de Zenda

Ronald Colman e Madeleine Carroll em O Prisioneiro de Zenda

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Ronald Colman, David Niven e Raymond Massey em uma cena de O Prisioneiro de Zenda

Ronald Colman, David Niven e Raymond Massey em uma cena de O Prisioneiro de Zenda

Douglas Fairbanks Jr. e Ronald Colman em O Prisioneiro de Zenda

Douglas Fairbanks Jr. e Ronald Colman em O Prisioneiro de Zend

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Ronald Colman e Mary Astro em um intervalo da filmagem de O Prisioneiro de Zenda

Ronald Colman e Mary Astro em um intervalo da filmagem de O Prisioneiro de Zend

Ronald Colman e Madeleine Carroll em O Prisioneiro de Zenda

Ronald Colman e Madeleine Carroll em O Prisioneiro de Zenda

O Prisioneiro de Zenda é uma realização de John Cromwell visualmente elegante do clássico de capa-e-espada de Anthony Hope com um elenco ideal liderado por Colman, galã perfeito no gênero aventura romântica, porém sem habilidade atlética. De modo que W.CS. Van Dyke foi chamado para ver se tornava a cena de luta de sabre entre Rudolph Rassendyl (Ronald Colman) e Rupert de Hentzau (vivido exuberantemente por Douglas Fairbanks Jr.) mais eletrizante. George Cukor filmou a cena final em que Flavia (Madeleine Carroll) renuncia ao seu amor por Rassendyl, para cumprir as obrigações de Rainha.

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Frances dee e Ronald Colman em Se Eu Fôra Rei

Frances dee e Ronald Colman em Se Eu Fôra Rei

Desprezando a exatidão histórica, o roteiro de Preston Sturges para Se Eu Fôra Rei enriqueceu com toques cômicos deliciosos a peça de Justin Huntly McCarthy, inspirada na figura de François Villon. Basil Rathbone foi indicado para o Oscar pela espirituosa composição do rei Luís XI e Colman era mesmo o ator ideal para viver o personagem do poeta vagabundo da Idade Média.

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Ida Lupino e Ronald Colman em Luz Que Se Aapaga

Ida Lupino e Ronald Colman em Luz Que Se Aapaga

Ronald Colman e Ida Lupino em A Luz Que se Apaga

Ronald Colman e Ida Lupino em  Luz Que se Apaga

Ronald Colman em Luz Que Se Apaga

Ronald Colman em Luz Que Se Apaga

William Wellman dirige Walter Huston e Ronald Colman em Luz Que Se Apaga

William Wellman dirige Walter Huston e Ronald Colman em Luz Que Se Apaga

O diretor William Wellman imprimiu o rítmo certo a Luz Que se Apaga, adaptação do romance de Rudyard Kipling, em consonância com o caráter intimista da história, e Colman teve um de seus melhores desempenhos, sensível e introspectivo. Ele é o pintor Dick Heldar, que vê seu amor rejeitado pela namorada de infância e truncada a carreira, justamente quando criara a sua obra-prima pela perda da visão. O ator queria Vivien Leigh no papel que coube a Ida Lupino (em marcante intervenção) e brigou seriamente com Wellman durante as filmagens, sendo espantoso como conseguiu se compenetrar nos takes. Mais para o final dos trabalhos, Wellman reconheceu que estava diante de um ator magnífico.

Cary Grant ,Jean Arthur e Ronald Colman em A Vida Continua

Cary Grant ,Jean Arthur e Ronald Colman em A Vida Continua

colman talk of the town poster

Cary Grant, Ronald Colman e Jean Arthur em A Vida Continua

Cary Grant, Ronald Colman e Jean Arthur em A Vida Continua

Dirigida por George Stevens, E A Vida Continua mistura com muita aptidão comédia e significação social. O anarquista Leopold Dilg (Cary Grant), acusado de ter provocado um incêndio, que teria causado a morte de um homem, foge da prisão antes do seu julgamento e se refugia na casa da professora Nora Shelley (Jean Arthur), quando ela acaba de alugá-la para um jurista, Michel Lightcap (Ronald Colman), que chega logo depois. Ela esconde logo Dilg e depois o faz passar por Joseph, o jardineiro. Os dois homens ficam amigos e trocam reflexões sobre diversas maneiras de compreender o conceito de Justiça. Lightcap descobre por acaso a identidade do pseudo Joseph e, acreditando em sua inocência, acaba encontrando o verdadeiro culpado. Dilg é absolvido e se casa com Nora, enquanto Lightcap, também apaixonado pela jovem, vai para Wasghington tomar posse na Suprema Côrte.

Ronald Colman e Greer Garson em na Noite do passado

Ronald Colman e Greer Garson em na Noite do Passado

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Greer Garson e Ronald Colman em Na Noite do Passado

Greer Garson e Ronald Colman em Na Noite do Passado

Greer Garson e Ronald Colman em Na Noite do Passado

Greer Garson e Ronald Colman em Na Noite do Passado

Em Na Noite do Passado, Colman é o ex-combatente, Charles Rainier que, tendo perdido a memória, foge do hospital onde estava internado e vaga pelas ruas até chegar a um music hall, onde conhece e se apaixona pela atriz Paula Ridgely (Greer Garson). Eles se casam e vivem felizes até que um dia Charles, que descobrira seu talento para escrever, é atropelado, recobra a memória, e se esquece da vida que levava com Paula. Para poder ficar ao lado de seu amado, Paula fica como sua secretária, esperando pacientemente que um dia ele se lembre do tempo em que passaram juntos. O romance de James Hilton recebeu um tratamento impecável da MGM com direção firme de Mervyn LeRoy, e Colman teve sua terceira indicação para o Oscar.

Ronald Colman e Peggy Cummings em Tenho Direito ao Amor

Ronald Colman e Peggy Cummings em Tenho Direito ao Amor

colman late george Appley poster

Cena de Tenho Direito ao Amor

Cena de Tenho Direito ao Amor

Ronald Colman em

Ronald Colman  em Tenho Direito ao Amor

Com roteiro de Philip Dunne baseado no romance de John P. Marquand e a subsequente peça escrita por ele e George S. Kaufman, Tenho Direito ao Amor é uma sátira gentil da classe alta de Boston tendo como figura central George Appley (Ronald Colman), um patriarca conservador e preconceituoso, que fica horrorizado ao saber que seu filho (Richard Ney) e sua filha (Peggy Cummings) se apaixonaram por pessoas de outro círculo social, mas acaba se ajustando a um mundo em transformação. Examinando um envelope endereçado ao seu filho pela sua namorada, Appley comenta: “Está carimbado Worcester; a moça é uma estrangeira!” Bem dirigido por Joseph L. Mankiewicz, e devido ao seu senso de humor e espirituosidade inatos, Colman está a vontade no papel do aristocrata de Beacon Street. No final, ele se rende às novas idéias e diz para sua mulher (Edna Best): “Estive pensando … Worcester não é Boston, mas fica em Massachusetts!”

Shelley Winters e Ronald Colman em Fatalidade

Shelley Winters e Ronald Colman em Fatalidade

alice poster double life

Shelley Winter e Ronald Colman em Fatalidade

Shelley Winter e Ronald Colman em Fatalidade

Ronald Colman em Fatalidade

Ronald Colman em Fatalidade

Cena de Fatalidade

Signe Hasso e Ronald Colman em Fatalidade

Ronald Colman, George Cukor e Walter Hampden em um intervalo da filmagem de Fatalidade

Ronald Colman, George Cukor e Walter Hampden  (consultor técnico para as cenas de Otelo”, em um intervalo da filmagem de Fatalidade

Ronald Colman e Loretta Young agraciados com  o Oscar

Ronald Colman e Loretta Young agraciados com o Oscar

Com Fatalidade, Ronald Colman atingiu o climax de sua carreira, conquistando o prêmio da Academia em uma quarta indicação. O entrecho do filme gira em torno de um ator de teatro famoso, Anthony John (Ronald Colman) que começa a viver os papéis de suas peças. Assumindo o ciúme patológico de Otelo, ele estrangula uma jovem garçonete (Shelley Winters) tal como faz com Desdêmona na representação da tragédia de Shakespeare. Mais tarde – no palco – quase mata Desdêmona, interpretada por sua ex-esposa (Signe Hasso), que ele pensa erroneamente que o traíra com seu assessor de imprensa (Edmond O’Brien). Finalmente, crava o punhal no seu peito e morre. Além da atuação marcante de Colman, não se pode esquecer do roteiro inspirado de Garson Kanin e Ruth Gordon, da direção segura de George Cukor, da fotografia noir esplêndida de Milton Krasner, da música cinematográfica de Miklos Rosza (premiada com o Oscar), e da contribuição prestimosa de Walter Hampden, transferindo-lhe em cuidadosos ensaios a experiência shakespereana que lhe faltava.

Vincent Price e Ronald Colman em Champagne para Cesar

Vincent Price e Ronald Colman em Champagne para Cesar

ronald colman champagne for cesar poster

Champagne para César, dirigido por Richard Whorf, é uma charge divertida ao ambiente de negócios e à publicidade americanos. Um intelectual, Beauregard Bottomley (Ronald Colman), decide participar de um programa radiofônico de perguntas que dobra o prêmio em dinheiro cada vez que o candidato responde corretamente, com a intenção de levar seu patrocinador (que lhe recusara um emprego) à falência. A cada pergunta, ele ganha o prêmio, que ele arrisca de novo, e não tarda a acumular somas astronômicas. O pomposo industrial patrocinador do programa, Bumbridge Waters (Vincent Price), presidente da Milady Soap Company, então envia Flame O’Neil (Celeste Holm) para perturbar seu espírito. Colman encarna o personagem com sua autoridade e distinção costumeiras, mas é quase ofuscado pela estupenda criação de Vincent Price no excêntrico – e simpático – vilão. Como contou V. Price, “o produtor executivo Harry Popkin não pagou a ninguém o que ainda devia, vendeu o filme para a televisão, e desapareceu. Colman contratou advogado e conversou com a MCA. Eles responderam que não havia nada que podiam fazer. Logo o filme caiu no domínio público: um pequeno filme que todos podiam exibir – e todos o fizeram!. Assim, Champagne para Cesar, que prometia ser um êxito de bilheteria, teve apenas uma breve exibição nos cinemas, e desapareceu na televisão”.

Ronald Colman e Benita Hume

Ronald Colman e Benita Hume

alice the halls of ivy

Ronald, Benita e sua filha

Ronald, Benita e sua filha Juliet Benita

Entre 1950 e 1952, Colman trabalhou no rádio (onde já havia participado, nos anos quarenta, do Screen Guild Theater, do Lux Radio Theater, do programa de Jack Benny (com Benita), de shows radiofônicos para entretenimento das tropas como Yarns for Yanks e Everything for the Boys e como mestre de cerimônias e ator da série Favorite Story com adaptações de obras literárias favoritas de personalidades como Einstein, Eleonor Roosevelt, Sinclair Lewis, H.L. Mencken etc.) na série Halls of Ivy ao lado de sua esposa Benita. Entre 1955 e 1956, Colman fez sua estréia na TV em The Lost Silk Hat, The Man Who Walked Out on Himself e Ladies on My Couch todos na série Four Star Playhouse e The Hall of Ivy passou para a tela pequena com grande sucesso.

Cedrick Hardwicke, David Niven, Colman e Cantinflas em A Volta ao Mundo em 80 Dias

Cedrick Hardwicke, David Niven, Colman e Cantinflas em A Volta ao Mundo em 80 Dias

Vincent Price e Ronald Colman em The Story of Mankind

Vincent Price e Ronald Colman em The Story of Mankind

As últimas aparições (bem rápidas) de Colman no cinema foram em A Volta ao Mundo em 80 Dias / Around the World in 80 Days / 1956 e em The Story of Mankind / 1957. Ele faleceu no dia 19 de maio de 1958 em Santa Barbara, Califórnia. Quando Mike Tood começou a preparar a produção de A Volta ao Mundo em 80 Dias, Colman foi convidado (juntamente com outros astros) para fazer um papel bem curto, podendo escolher como remuneração uma quantia em dinheiro ou um Cadillac. Ele aceitou e escolheu o Cadillac. Pouco depois, em uma festa em Beverly Hills, uma senhora lhe perguntou: “É verdade que o Sr. ganhou um Cadillac por apenas meio dia de filmagem?”. Ele respondeu: “De modo nenhum, madame, pelo trabalho de uma vida inteira!”.

RONALD COLMAN I

Dotado de uma voz magnífica com sotaque britânico, ele foi um dos atores mais bonitos de Hollywood, intérprete de grande talento e charme, que se tornou astro no cinema mudo e no falado.

Ronald Colman

Ronald Colman

Ronald Charles Colman nasceu em Richmond, Surrey no dia 9 de fevereiro de 1891, filho de Charles Colman, um comerciante de sedas e de sua esposa escocesa, Marjory Read Fraser. Educado em um internato em Littlehampton, Sussex, teve que deixar o colégio abruptamente aos 16 anos de idade por razões financeiras, quando seu pai faleceu, vitimado pela pneumonia. Para se sustentar, o rapaz foi obrigado a desistir do seu sonho de estudar na Universidade de Cambridge e a trabalhar como escriturário na British Steamship Company. Para fugir do seu serviço tedioso e rotineiro, matriculou-se na Bancroft Amateur Dramatic Society, onde se familiarizou com a arte da ribalta.

Quando completou 18 anos, alistou-se no London Scottish Regionals, um regimento territorial que, durante a Primeira Guerra Mundial, passou a fazer parte do Exército Regular. Em um confronto com os alemães, Ronald foi ferido na perna, desligado de sua funções por invalidez, condecorado, e mandado de volta para a casa da família em Ealing.

Foi então que alguns amigos seus, que também eram amigos da gerente de teatro Lena Ashwell, o informaram de que ela estava precisando de um “jovem, moreno” para um pequeno papel em um esquete que seria montando no London Coliseum. O esquete intitulava-se “The Maharanee of Arakan”, escrito por Rabindranath Tagore. Ronald obteve o papel, no qual ele não dizia praticamente nada: entrava com o rosto pintado de preto, balançava uma bandeira e tocava um trompete.

Lena Aswell

Lena Aswell

Lena Ashwell apresentou Ronald a atriz Gladys Cooper que, por sua vez, necessitava de um jovem ator para um papel modesto em sua nova peça “The Misleading Lady”. Ele tinha apenas 25 anos na época, era muito desajeitado e, nesse período inicial de sua trajetória artística, não havia nenhuma razão para se supor que estivesse destinado à fama teatral. Seu próximo compromisso deu-se em uma peça importante, “Damaged Goods”, que discutia pela primeira vez em um palco o tema da sífilis. Ronald interpretou o papel do paciente e recebeu a aprovação dos críticos.

Pouco depois o jovem ator recebeu uma proposta do pioneiro do cinema britânico, George Dewhurst, para participar de um filme de dois rolos, que acabou não sendo lançado. Ele continuou sua carreira no teatro até que obteve o papel principal em “The Live Wire” e passou a viver com a sua parceira na peça, Thelma Raye, que havia se separado de seu marido australiano.

Thelma Raye

Thelma Raye

Mais ou menos nessa ocasião, George Dewhurst ofereceu a Ronald um papel secundário no filme The Toilers /1919, dirigido por Tom Watts. Não foi um começo dos mais auspiciosos de uma longa carreira cinematográfica, mas o nome de Ronald foi automaticamente para os arquivos do London Casting Bureau (no qual as características físicas e qualidades de cada ator ou pretendente a ator eram listadas para benefício dos agentes etc.) com esta observação: “não é fotogênico”.

Ronald fez mais alguns filmes para outros pioneiros da cinematografia inglêsa como Walter West (A Daughter of Eve / 1919; Snow in the Desert / 1919; A Son of David / 1919); Cecil Hepworth (Sheba / 1919; Anna the Adventuress / 1920); e The Black Spider / 1920 para a British & Colonial Kinematograph Company, dirigido pelo Americano William J. Randolph.

Ronald Colman

Ronald Colman

Na primavera de 1920, Ronald integrou o elenco da peça “The Great Day”, prevista para uma excursão em Nova York. A esta altura, Thelma já havia obtido o divórcio. Eles se casaram no dia 18 de setembro e no mês seguinte, aos 29 anos de idade, Ronald partiu para a América, com uma passagem de segunda classe só de ida, um terno, algumas cartas de apresentação, pouco dinheiro, e um razoável grau de confiança.

Ronald trabalhou em algumas peças como, por exemplo, “East is West”, “East of Suez” e “La Tendresse”; nesta última, foi visto pelo director Henry King, que estava procurando deseperadamente um ator para atuar ao lado de Lilian Gish em A Irmã Branca / The White Sister / 1923. Ao ser convidado por King para fazer um teste, Ronald foi franco: “Agradeço ter me chamado para uma entrevista, mas não sou bom em filmes. Disseram-me em Londres que não fotografo bem”. Durante o teste, King lhe pediu permissão para “tomar certas liberdades” com sua aparência, mudou seu penteado e pintou um bigode nele. Da noite para o dia, Ronald ganhou um excelente papel em uma produção importante de Hollywood e, na companhia de Thelma, que já havia chegado em Nova York, chegou junto com a equipe de filmagem em Nápoles, onde iria ser rodado o filme.

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Lilian Gish e Ronald Colman em A Irmã Branca

Lilian Gish e Ronald Colman em A Irmã Branca

Ronald Colman eLilian Gish em A Irmã Branca

Ronald Colman eLilian Gish em A Irmã Branca

Ronald Colman e Lillian Gish em A Irmã Branca

Ronald Colman e Lillian Gish em A Irmã Branca

Baseado em um livro de Marion Crawford, A Irmã Branca é a história de uma jovem italiana, Angela Chiaromonte (Lillian Gish), que se separa do seu amante Giovanni (Ronald Colman), quando ele entra para o exército. Acreditando que ele foi morto na África, ela se torna uma noviça em um convento e finalmente, decide ordenar-se freira. Enquanto isso, Giovanni, que havia sido feito prisoneiro na África, consegue escapar e volta para pedir a mão de Angela, mas é tarde demais … Esplendidamente fotogrado por Roy Overbaugh, o filme fez muito sucesso, mas durante a filmagem o casamento de Ronald e Thelma foi se desintegrando -Thelma voltou para Londres e Ronald continuou filmando em Sorrento, Capri, Lago Montagna, Tivoli e Roma.

cola romola poster

Ronald fez mais um filme com Lilian Gish e Henry King, Romola / Romola / 1924, que inspirou milhares de cartas de fãs da Itália endereçadas ao Signor Colman; algumas diziam assim: “Você é obviamente italiano, porque então mudou seu nome para Colman? Tem vergonha de sua nacionalidade?”. Durante a locação em Florença, Colman recebeu convite de Samuel Goldwyn para trabalhar na sua produtora independente. O primeiro filme de Ronald na Goldwyn, Inc. foi A Eterna Questão / Tarnish / 1924, dirigido por George Fitzmaurice. Naquela época, o roteirista (no caso, Frances Marion) permanecia no set durante a filmagem como um ajudante do diretor. Várias vêzes, Fitzmaurice e Marion (que participaram de outros filmes de Colman) comentaram a qualidade da voz de seu leading man. Frances Marion disse: “Sua voz nos dá a impressão de um músico tocando um noturno de Chopin”.

Ronald Colman e Marie Prevost em  A Erterna Questão

Ronald Colman e Marie Prevost em A Eterna Questão

Ronald Colman e Constance Talmadge em Noite Romanesca

Ronald Colman e Constance Talmadge em Noite Romanesca

Ronald Colman e  em O Paraíso Achado

Ronald Colman e Doris Kenyon em O Paraíso Achado

Ronald Colman e Blanche Sweet em A Mulher que eu Amei

Ronald Colman e Blanche Sweet em A Mulher que eu Amo

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Ronald Colman e Constance Talmadge em Sua Mana de Paris

Ronald Colman e Constance Talmadge em A Mana de Paris

Ronald Colman e Vilma Banky em O Anjo das Sombras

Ronald Colman e Vilma Banky em O Anjo das Sombras

Em seguida, Ronald continuou trabalhando em seis filmes: Noite Romanesca / Her Night of Romance / 1924, O Paraíso Achado ou O Impostor / A Thief in Paradise / 1925, A Mulher que eu Amo / His Supreme Moment / 1925, A Caprichosa / The Sporting Venus / 1925,  A Mana de Paris / Her Sister from Paris / 1925 e O Anjo das Sombras / The Dark Angel / 1925. Este último filme citado foi um marco na carreira de Colman: pela primeira vez o seu nome não apareceu nos créditos abaixo da estrela feminina. Além disso, o personagem que ele interpretava corporificava pela primeira vez o cavalheiro galante que colocava a honra e o auto-sacrifício acima de seus sentimentos pessoais, o personagem com o qual o público o associaria completamente. Não era mais um latin lover, com toques de Valentino, e ficou claro que este personagem fílmico, com o qual Colman ficava mais à vontade, agradava ao público. No entrecho de O Anjo das Sombras, um jovem soldado, Capitão Trent (Ronald Colman), fica cego na guerra e, por causa disso, resolve não voltar para os braços de sua noiva, Kitty Vane (Vilma Banky). Este drama romântico que inundou de lágrimas os lenços das espectadoras, inaugurou a melhor fase da carreira de Colman no cinema mudo.

Ronald Colman, Lois Moran, Alice Joyce em O Leque de Lady Margarida

Ronald Colman, Lois Moran, Alice Joyce em Stella Dallas

Ronald Colman, May McAvoy e Bert Lytell em O leque de Lady Margarida

Ronald Colman, May McAvoy e Bert Lytell em O Leque de Lady Margarida

Ele fez, sucessivamente, um dramalhão, Stella Dallas / Stella Dallas / 1925 e uma comédia de costumes, O Leque de Lady Margarida / Lady Windermere’s Fan / 1925, respectivamente dirigidos por Henry King e Ernst Lubitsch. Produção dispendiosa, roteirizada por Francis Marion, Stella Dallas incluia um espectro de artistas em diversas fases de suas carreiras: o adolescente praticamente desconhecido Douglas Fairbanks Jr.; Colman, que estava chegando ao ponto alto de sua trajetória fílmica na cena silenciosa; Alice Joyce, então uma grande estrela; e, no papel título, Belle Bennett, uma antiga estrela trazida de volta às telas. O papel de Colman como Stephen Dallas, o marido de Stella que se separa de sua esposa socialmente inaceitável, é relativamente pequeno; porém ele incutiu refinamento e sensibilidade ao personagem.

Norma Talmadge e Ronald Colman em Kiki

Norma Talmadge e Ronald Colman em Kiki

O talento de Colman para a comédia (que ele gostava muito de fazer) foi muito bem explorado por Lubitsch e continuou em pleno vigor no seu próximo filme, Kiki / Kiki / 1925, uma comédia-dramática divertidíssima, estrelada por Norma Talmadge, escrita por Hans Kraly e dirigida por Clarence Brown, na qual Ronald Colman interpretava o papel do gerente teatral parisiense Victor Renal, assediado por Kiki (Norma Talmadge), uma aspirante a corista.

A esta altura, Samuel Goldwyn, que vinha ganhando muito dinheiro emprestando o ator para outras companhias, celebrou com ele um novo contrato, mais lucrativo, e o cedeu (à Famous Players-Lasky) pela última vez, para aquele que seria o seu filme mais magnificente da fase silenciosa: Beau Geste / Beau Geste / 1926, que elevou Ronald Colman ao pico do sucesso e da fama

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Cena de Beau Geste / 1925

Cena de Beau Geste / 1925

Ralph Forbes, Ronald Colman e Neil Hamilton em Beau Geste

Ralph Forbes, Ronald Colman e Neil Hamilton em Beau Geste

Ronald Colman e   Neil Hamilton em Beau Geste

Ronald Colman e Neil Hamilton em Beau Geste

colman beaugeste posrter emmaEste filme de aventura histórica, cujo enredo foi extraído do célebre romance de Percival Christopher Wren, contava com uma equipe de primeira: Herbert Brenon (director), J. Roy Hunt (fotógrafo) e, além de Colman (Beau Geste), com os atores Neil Hamilton (Digby Geste), Ralph Forbes (John Geste), Alice Joyce (Lady Brandon), Mary Brian (Isobel, Noah Beery (Sargento Lejaune), William Powell (Boldini) e Victor McLaglen (Hank). Filmado no meio do deserto do Arizona, sob um sol ardente, noites muito frias, vento, moscas, escorpiões, para testar a resistência de todos, Beau Geste agradou em cheio aos espectadores, aos críticos, ao autor da obra original que lhe serviu de inspiração, e foi um dos dez filmes mudos mais lucrativos jamais feitos.

Ronald Colman e VIlma Banky em Beijo Ardente

Ronald Colman e VIlma Banky em Beijo Ardente

Nos seus quatro filmes seguintes, Beijo Ardente / The Winning of Barbara Worth / 1926; A Noite de Amor / The Night of Love / 1927; A Chama do Amor / The Magic Flame / 1927; Dois Amantes / Two Lovers / 1928, Colman formou um par romântico famoso com a atriz húngara Vilma Banky, sua companheira em O Anjo das Sombras. Colman ficou incomodado pelo “romance” entre ele e Vilma inventado pelo departamento de publicidade de Goldwyn. O público adorava a dupla Colman-Banky e Goldwyn astutamente percebeu logo isso. Porém, como contou a filha única de Colman, Juliet Benita Hume no seu livro Ronald Colman, A Very Private Person (William Morrow & Company, 1975) – que nos ajudou enormemente na elaboração deste artigo – , o “romance” Colman-Banky foi permanentemente suprimido pelo casamento de Vilma com o ator Rod la Rocque, em uma cerimônia gigantesca encenada por Sam Goldwyn com seis damas-de-honra, seis padrinhos da noiva (um dos quais era Colman – escolhido por Sam), Cecil B.DeMille foi o padrinho do noivo e o próprio Goldwyn entregou a noiva para seu futuro marido. O bolo de noiva fantástico era de papier-mâché para surpresa dos convidados que tentaram comê-lo. Todo o evento com seu elenco de astros poderia ter sido parte de um dos filmes mais luxuosos de Goldwyn. Quando perguntaram a Vilma qual seria o nome de seu primeiro filho, ela respondeu: “Não sei, você vai ter que perguntar a Sam Goldwyn”.

Vilma Banky e Ronald Colman em A Noite de Amor

Vilma Banky e Ronald Colman em A Noite de Amor

Ronald Colman e Vilma Banky em Dois Amantes

Ronald Colman e Vilma Banky em Dois Amantes

Quando Dois Amantes foi concluído, Colman partiu para as suas primeiras férias de Goldwyn e Hollywood. Durante um almoço em um restaurante londrino, ele ficou encantado com uma certa morena que estava em uma mesa próxima. Nenhuma palavra foi dita, e ele não sabia quem ela era, mas eles trocaram olhares furtivos o tempo todo. Era uma jovem atriz britânica, já bem conhecida no seu próprio país – Benita Hume.

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Lily Damita e Ronald Colman em Culpas de Amor

Lily Damita e Ronald Colman em Culpas de Amor

Colman foi chamado de volta a Hollywood por um telegrama de Goldwyn dizendo-lhe que adquirira os direitos de filmagem de um romance de Joseph Conrad, intitulado The Rescue. O filme, com o mesmo nome na versão original, passou aquí no Brasil em 1929 como Culpas de Amor, e nele, Colman interpretava o herói Tom Lingard – um aventureiro que se apaixona pela mulher de um Membro do Parlamento Inglês – , contracenando com a nova descoberta francêsa de Goldwyn, Lily Damita. A história transcorre em Java, mas foi rodada na ilha de Santa Cruz (localizada no condado de Santa Barbara na Califórnia) sob mau tempo, custos crescentes de produção, e o mau genio do diretor Herbert Brenon, que piorou depois que ele quebrou a zzperna durante a filmagem. Apesar disso, a brilhante fotografia proporcionada por três ases da câmera (George Barnes, Joseph Biroc, James Wong Howe), e tanto o filme quanto Colman, obtiveram boas resenhas.

Graças à sua voz admirável, Ronald Colman foi mais bem sucedido do que qualquer outro ator ao fazer a transição para o cinema falado.