Diretor de gênero, seus filmes se caracterizam sobretudo pela ação contínua, um cinema dinâmico, executado com perfeito domínio da técnica, concisão, objetividade e clareza. Suas tramas, muito bem narradas, transcorrem de maneira espontânea e fluente, sem que a gente sinta o tempo passar. Um cineasta clássico, despretencioso, que pôs seu talento cinematográfico a serviço do entretenimento.
Walsh iniciou sua carreira com D.W. Griffith nos anos dez (como ator no papel de John Wilkes Booth em Nascimento de uma Nação / The Birth of a Nation). No mesmo ano, sob a tutela de Griffith, começou a dirigir seus próprios filmes. Depois, transferiu-se para a Fox Pictures e trabalhou para outras companhias, mas foi na Warner Bros, que ocorreu seu período áureo como realizador e encerrou sua trajetória artística nos anos sessenta. Fêz grandes filmes tanto no cinema mudo (O Ladrão de Bagdad / The Thief of Bagdad / 1924, Sangue Por Glória / What Price Glory / 1926, Sedução do Pecado / Sadie Thompson / 1928) como no cinema falado (Último Refúgio / High Sierra / 1941, O Ídolo do Público / Gentleman Jim / 1942, Fúria Sanguinária / White Heat / 1949). Vou recordar neste artigo seus melhores westerns.
A GRANDE JORNADA / THE BIG TRAIL / 1930.
Ao saber que Red Flack (Tyrone Power Jr.) será o líder de um comboio que parte em direção ao Oregon, Breck Coleman (John Wayne, estreando no cinema, depois de cogitado Gary Cooper) aceita servir como seu guia, pois suspeita de que Red Flack foi o assassino de seu velho amigo Ben, desapossado de seu carregamento de peles. Desde o começo da viagem, Breck se apaixona por Ruth Cameron (Marguerite Churchill), filha de um general, pela qual também se interessa Thorpe (Ian Keith), jogador profissional fugitivo da justiça e amigo de Red Flack. No decorrer da jornada, Breck tem que enfrentar as ameaças climáticas e geográficas da natureza e os ataques dos índios (interpretados por índios de verdade, falando sua própria língua) e escapar das tentativas de Thorpe e de Lopez (Charles Stevens), outro assecla de Red Flack, para matá-lo.
Em 1930, Walsh empreendeu este western épico, para rivalizar com os grandes épicos do cinema silencioso, O Cavalo de Ferro / The Iron Horse / 1924 de John Ford e Os Bandeirantes / The Covered Wagon / 1926 de James Cruze e assumiu a responsabilidade de usar (auxiliado pelo fotógrafo Arthur Edeson) o novo processo Grandeur de 70 mm. O filme foi rodado também em 35mm (com fotografia a cargo de Lucien Andriot) e foram feitas versões em Alemão, Francês, Espanhol e Italiano. O espetáculo estreou em 70mm no Cinema Roxy em Nova York, porém o processo foi logo abandonado por causa do custo de reaparelhamento de outras salas de projecão. Em 1986, o MOMA reconstituiu uma cópia de 35mm em CinemaScope. Filmado quase que inteiramente em exteriores em diversas locações na Califórnia, Arizona, Wyoming, Utah, Montana e Oregon, o filme apresenta belos planos gerais e sequências espetaculares (v.g. a descida das carroças no desfiladeiro), e expressa com precisão a força instintiva, telúrica, que faz os pioneiros vencerem os obstáculos inumeráveis que entravam a sua marcha.
COMANDO NEGRO / DARK COMMAND / 1940.
Em Lawrence, no Kansas, William Cantrell (Walter Pidgeon), insatisfeito com sua condição social e despeitado por ter perdido a eleição para delegado, torna-se contrabandista. Ao irromper a Guerra Civil, ele faz seu bando vestir o uniforme confederado e dá início a uma onda de saques. Cantrell disputa o amor de Mary McCloud (Claire Trevor) com Bob Seton (John Wayne), texano analfabeto mas decidido, que o vencera nas eleições e colocará um ponto final nas suas atividades criminosas.
Produzido pela Republic e rodado no Placenta Ranch em Newhall, Califórnia e na Sherwood Forest ao norte de Los Angeles com fotografia de Jack Marta, trata-se de western inspirado na figura de William Clark Quantrill (apresentado como Cantrell), que aterrorizou o Kansas, emboscando, saqueando ou simplesmente assassinando, com o pretexto de estar agindo em nome da Confederação. Duas participações importantes foram as de Roy Rogers, no início de carreira, no papel do irmão mais moço de Mary McCloud que passa momentaneamente para o lado de Cantrell e de Marjorie Main, interpretando a progenitora do facínora, que se volta contra seu próprio filho. É um filme de ação rápida e com uma cena famosa – a carroça com quatro homens que cai do alto de uma colina em um lago – dirigida por Joe Kane com o auxílio dos excelentes stuntmen Yakima Canutt e Cliff Lyons. Outra cena excitante é a do incêndio da cidade de Lawrence no Kansas. O filme teve boa acolhida de crítica e de público e foi a única produção da Republic indicada para dois Oscars: pela direção de arte de John Victor Mackay e pelo score original de Victor Young.
O INTRÉPIDO GENERAL CUSTER / THEY DIED WITH THEIR BOOTS ON / 1941.
George Armstrong Custer (Errol Flynn, no primeiro dos sete filmes que fez com Walsh na Warner), aluno de West Point, se faz notar pela sua indisciplina e dons militares. Ali ele conhece Elizabeth Bacon (Olivia de Havilland, depois de cogitada sua irmã, Joan Fontaine), por quem se apaixona. Promovido por engano a general durante a Guerra Civil, Custer ataca, desobedecendo as ordens de seus superiores, e, graças a ele, a batalha de Hanover é uma vitória espetacular. Seu último ato de heroismo vai ocorrer no massacre de Little Big Horn.
Nesta biografia deliberadamente mitificada da figura controvertida de George Custer, Walsh denuncia, com bastante antecedência sobre os outros westerns da época, a conduta escandalosa dos políticos e dos especuladores. Apesar das falsidades históricas, a vivacidade da narrativa e a energética atuação de Errol Flynn compõem um espetáculo eletrizante, salientando-se a carga final da 7a Cavalaria, onde triunfa o estilo trepidante do diretor. Contando com a perícia do fotógrafo, Bert Glennon, Walsh rodou o filme em West Point, em Washington, D.C.; Monroe no Michigan; Bush Gardens, Pasadena, na Califórnia; e no Calabasas Ranch da Warner em San Fernando Valley. Além dos índios Sioux que conseguiu reunir, contratou alguns membros da comunidade Filipina como figurantes. Anna Q. Nilsson, um jovem Gig Young e o atleta Jim Thorpe também integraram a produção, sem receberem crédito. Na sequência espetacular do massacre da tropa de Custer (um quadro igual às pinturas de Frederic Remington, que Walsh admirava), o stuntman Yakima Canutt dublou Errol Flynn e ajudou a supervisionar as cenas de batalha. Foram usados aproximadamente cem extras montados a cavalo, muitos dos quais eram inexperientes, e três deles morreram tragicamente. Um dos homens estava bêbado, caiu do cavalo, e quebrou o pescoço. Outro figurante sofreu um ataque cardíaco em cima de sua montaria. E um terceiro extra caiu em cima de sua própria espada, quando o cavalo o derrubou.
SUA ÚNICA SAÍDA / PURSUED / 1947.
No velho rancho dos Rand, Jeb Rand (Robert Mitchum) se recorda de alguns fatos enquanto aguarda a chegada dos homens que vêm para linchá-lo. Na sua infância, ele testemunhara acontecimentos que marcaram sua vida, mas só se lembra de um par de botas e esporas indo e vindo em um assoalho de madeira. Criado por Adam (John Rodney) e Thorley (Teresa Wright), os dois filhos de Medora Callum (Judith Anderson), Jeb tem constantemente a impressão de que uma maldição pesa sobre ele. Quando as crianças se tornam adultas, sucedem-se varios incidentes até que, após o retrospecto, o mistério é esclarecido. À frente dos linchadores está Grant Callum (Dean Jagger), que assassinara o pai de Jeb e outras pessoas de sua família, porque era amante de Medora e matara o marido dela, seu irmão.
Sua Única Saída introduz (por via do roteirista Niven Busch) a psicanálise no western graças em parte à influência do filme noir então em voga. Assim como o anti-herói noir, o protagonista é introspectivo e tem um passado que o atormenta. Sua memória foi queimada, tal como a casa da família, lugar onde ocorre o desfecho, o qual vai esclarecer brutalmente as zonas obscuras de sua vida. O tema não é de western. Pertence ao trágico universal. Podemos pensar evidentemente no Cid de Corneille no momento em que o personagem mata o irmão da jovem que ama e, como Chimène, esta ficará indecisa entre um desejo de vingança e um amor igualmente ardente. Rodado em Red Rock Mess perto de Gallup, New Mexico e no Dark Lake Canyon, mais ao norte, o filme propicia a Walsh a oportunidade de usar aquele plano geral que se tornaria sua marca registrada – a imagem de homens solitários a cavalo tendo como fundo montanhas enormes – enquanto seu fotógrafo James Wong Howe aponta com capricho sua câmera para os céus negros, os rochedos e os interiores pouco iluminados que, juntamente com a partitura sombria de Max Steiner, ajudam a dar o tom sombrio indicado para a história trágica.
COVIL DO DIABO / CHEYENNE / 1947.
Em 1867, no Wyoming, o jogador profissional James Wiley (Dennis Morgan) para escapar de uma condenação e ganhar uma vultosa recompensa, compromete-se com o xerife (Barton Mac Lane), a descobrir a identidade e prender um bandido misterioso, apelidado de “O Poeta”, porque deixa sempre uns versos dentro dos cofres roubados em uma série de assaltos das diligência da Wells Fargo. Fazendo-se passar por ele, Wiley conhece Ann Kincaid (Jane Wyman) e a cantora de saloon Emily Carson (Janis Paige). Após aventuras movimentadas, Wiley destrói um outro bando de assaltantes liderado por Sundance (Arthur Kennedy) e põe fim às atividades do “Poeta”, que não era outro senão Ed Landers (Bruce Bennett), inspetor da Companhia de Diligências e marido de Anne. Com a morte de Landers, Anne pode se casar com Wiley, por quem se apaixonara.
Mesmo em uma obra menor como esta, Walsh não perde o senso rítmico, e faz um fome agradável cheio de ação (v.g. boas cavalgadas nas cenas do ataques à diligência, tendo como fundo montanhas rochosas), boas surpresas (v.g. quando Wiley descobre que Ann é mulher de Landers) e humor (v.g. a certa altura, o xerife medroso (Alan Hale) diz para Wiley, quando este o manda ir atrás do bandido: “Eu não quero acabar no céu, estou muito bem aquí em Cheyenne”.
SANGUE E PRATA / SILVER RIVER / 1948.
Julgando que a batalha de Gettysburg parecia favorável ao Sul, um oficial nortista, Mike McComb (Errol Flynn) queima um milhão de dólares, dos quais ele tinha a guarda, para evitar que o dinheiro caisse nas mãos do inimigo. Quando a batalha é ganha pelo Norte, ele é levado à côrte marcial, degradado, e expulso do exército. Após este julgamente, Mike decide cuidar da sua vida. Ele ganha um cassino no jogo de poquer em Silver City e depois enriquece, tornando-se proprietário das principais minas de prata da região Cobiçando a bela Georgia Moore (Ann Sheridan), esposa de seu sócio, Stanley Moore (Bruce Bennett), Mike consegue fazer com que Stanley seja morto pelos índios. Esta conduta desgosta seu amigo, o advogado John Beck (Thomas Mitchell), que rompe com Mike. Posteriormente, John Beck vem a ser assassinado por um concorrente de Mike e, este, arruinado e abandonado por Georgia, vai à procura do culpado. Ocorre um conflito urbano, que termina com a morte do assassino de Beck. Mike procura trabalho entre os mineiros, a fim de recuperar sua fortuna, e o amor de Georgia.
GOLPE DE MISERICÓRDIA / COLORADO TERRITORY / 1949.
Wes McQueen (Joel McCrea) foge da prisão graças ao auxílio de um velho amigo, que lhe pede um ultimo serviço: assaltar um trem. Wes executa o plano mas, traído pelos parceiros e perseguido pelo xerife (Morris Ankrum), tem que fugir. Somente uma mestiça, Colorado Carson (Virginia Mayo), lhe oferece ajuda e o seu amor.
Nesta refilmagem e transposição para o western de Último Refúgio / High Sierra / 1941, Walsh nos proporciona uma história dark, porém intrinsicamente romântica, de amor condenado pelo destino. A ação evolui em um cenário inquietante e fantasmagórico (Cânion da Morte, a Cidade da Lua). O diretor descreve a trajetória de seu personagem em um estilo seco e cortante e os momentos de ação da trama filmados (em Gallup, New Mexico ressaltando-se a contribuição do fotógrafo Sidney Hickox) com um rigor visual e uma economia de meios capazes de satisfazer aos espectadores mais exigentes. No final, a união dos dois amantes assume uma dimensão trágica, quando ambos são mortos diante das gigantescas rochas corroídas pelo sol. O zoom sobre as mãos de Wes conseguindo tocar nas de Colorado, ficou na memória dos fãs de cinema.
EMBRUTECIDOS PELA VIOLÊNCIA / ALONG THE GREAT DIVIDE / 1951.
Ed Roden foi assassinado. Seu pai, Ned Roden (Morris Ankrum), e seu irmão Dan (James Anderson) querem linchar Pop Keith (Walter Brennan), um velho ladrão de cavalos, acusando-o do crime. Surge o xerife Clint Merrick (Kirk Douglas) que, com seus dois ajudantes, Billy Shean (John Agar) e Lou Gray (Ray Teal), prende Pop, o qual protesta sua inocência. Apesar da hostilidade de Roden e seus companheiros, Merrick conduz Pop e sua filha Anne (Virginia Mayo) através do deserto. Depois de várias vicissitudes, chegam a Santa Loma. Pop é condenado. Mas, no último momento, Merrick descobre o verdadeiro culpado.
Western psicológico de fundo edipiano, com ação bastante concentrada e sempre interessante (emboscadas, tempestade de areia, sol escaldante, falta de água etc.), passada em um cenário deslumbrante. No final, uma nota de humor: o velho larápio exclama, ao saber que sua filha vai se casar com o xerife: “Um homem da lei na família. Isso é assustador! A rodagem em exteriores (Lone Pine, Califórnia), novamente com o apoio do fotógrafo Sidney Hickox, permitiu que o diretor desse ênfase ao panorama, que ele tanto gostava de filmar e, de fato, o ponto alto do filme é a beleza selvagem das paisagens. Ela forma um contraste com a sensibilidade dos três protagonistas principais, que alternadamente se odeiam, se suspeitam, e acabam se amando.
TAMBORES DISTANTES / DISTANT DRUMS / 1951.
O capitão Quincey Wyatt (Gary Cooper), o tenente Tufts (Richard Webb) e seus homens atacam um forte ocupado por traficantes de armas, que comerciam com os índios Seminoles. Eles explodem o forte e libertam os prisioneiros. Porém, os Seminoles os seguem e o barco que deveria resgatá-los é obrigado a partir sob o fogo dos índios. Wyatt e seus companheiros penetram nos pântanos, sempre seguidos pelos Seminoles.
Refilmagem disfarçada de Um Punhado de Bravos / Objective, Burma!, realizado pelo mesmo Walsh em 1945, substituindo a estação de radar pelo forte, os japoneses pelos Seminoles e as selvas da Birmânia pelos Everglades da Flórida. A intriga se reduz a uma longa perseguição, permanentemente emocionante – merece destaque o combate corpo a corpo singular entre o Capitão Wyatt e o chefe Seminole, após o qual os índios, obedecendo às suas tradições, abandonam a luta. A natureza hostil, os ataques constantes dos índios, a inquietude dos soldados, a habilidade serena de Wyatt apesar de seu passado doloroso, compõem o enredo de aventura. O diretor trabalhou mais uma vez com Sidney Hickox que, adicionou ao belo Technicolor uma fotografia submarina impressionante. Tambores Distante foi o primeiro filme a utilizar o que se tornou conhecido como “the Wilhelm Scream” (O Grito Wilhelm), o efeito sonoro de um homem gritando, que passou a ser usado frequentemente a partir de então, para indicar pessoas em perigo, atacadas por forças hostís ou por animais selvagens. No filme ele é ouvido, por exemplo, na cena em que os soldados atravessam o pântano e um deles é mordido e arrastado por um crocodilo. O apelido “Wilhelm Scream” pegou após o filme Investida de Bárbaros / The Charge of the Feather River / 1953, produzido originariamente em 3-D, no qual o mesmo efeito é aplicado, quando um personagem chamado Soldado Wilhelm (Ralph Brooks), dá um grito, ao ser morto por uma flecha.
BANDO DE RENEGADOS / THE LAWLESS BREED / 1952.
John Wesley Hardin (Rock Hudson), filho de um pastor autoritário (John McIntire), quer partir para a Califórnia com sua noiva Jane (Mary Castle). Em um jogo de pôquer, Hardin mata Gus Henley (Michael Ansara) em legítima defesa. Atacado traiçoeiramente pelos irmãos de Gus, Dirk (Lee Van Cleef), Ike (Hugh O’Brien), e Ben (Glenn Strange), e por um xerife (George Eldredge), Hardin defende-se, matando-os. Jane morre em um tiroteio e Hardin se casa com Rosie (Julia Adams), uma dançarina de saloon que o socorrera. Os Texas Rangers descobrem seu paradeiro e ele é condenado a 25 anos de prisão. Após ter recebido o perdão, Hardin reencontra Rosie e seu filho John, que é aconselhado pelo pai a não usar uma arma quando for ofendido.
O filme limpa milagrosamente a vida do assassino racista que matou mais de quarenta pessoas, notadamente negros, “sem falar nos mexicanos e índios”. Hardin é apresentado como vítima do destino e da incompreensão de um pai intransigente e violento e os episódios dramáticos de sua existência são contados em um retrospecto, no estilo bem animado característico do diretor. Rodado (com a colaboração do fotógrafo Irving Glassberg) em Newhall, Thousand Oaks e Agua Dulce na Califórnia, o filme apresenta duas cenas brilhantes: um tiroteio em uma rua varrida pela ventania, logo após a passagem de um carro fúnebre e uma curta corrida de cavalos, mas soberbamente filmada.
IRMÃOS INIMIGOS / GUN FURY / 1953.
O ex-confederado Ben Warren (Rock Hudson) vai com sua noiva Jennifer Ballard (Donna Reed) para a Califórnia. Eles viajam na companhia de Frank Slayton (Phil Carey) e Jess Burger (Leo Gordon), que também lutam pelo Sul na Guerra de Secessão. Frank, Jess e o bando deles assaltam a diligência, atiram em Ben e fogem levando Jennifer. Mas Ben não morre e sai no encalço dos fugitivos.
Frank e Ben reagem de maneira diferente ao traumatismo causado pela guerra. Ben pensa em levar uma vida tranquila em um rancho ao lado da futura esposa. Frank torna-se ladrão porque agora no Sul “só existem, viúvas, aleijados e ladrões” e ele não é “nem uma viúva nem um aleijado”. Walsh é desses diretores sem pretensões intelectuais, possuindo um senso de aventura encarada sob o ângulo dinâmico, quer dizer, da ação pura. Encontramos no espetáculo: uma jovem sequestrada e um rapaz justiceiro; um bandido sanguinário e outro de boa índole; um índio decidido a vingar sua irmã; uma mestiça ciumenta; muitas cavalgadas e tiroteios, e uma bela paisagem colorida de poeira vermelha (filmada por Lester H. White em Sodoma, Arizona, originariamente em 3-D).
SASKATCHEWAN / PACTO DE HONRA / 1954.
No Canadá, um oficial da Polícia Montada, Thomas O’Rourke (Alan Ladd), retornando de uma caçada, encontra a jovem Grace Markey (Shelley Winters) sobrevivente de um ataque dos índios da tribo Cree e a leva para o seu acampamento. Um novo comandante, Benton (Robert Douglas), que confiscara as armas dos Crees, censura a amizade de Tom pelos indígenas. Os Sioux, dos Estados Unidos, vêm para o Canadá com a finalidade de se aliar com os Crees contra a Polícia Montada. O destacamento dos “mounties” se põe em movimento, levando Grace que o delegado Carl Smith (Hugh O’Brian) acusa de assassinato. Encurralado pelos índios, Tom decide ir mais adiante, contrariando as ordens de seu superior e entregando as armas aos Crees. Estes, não tendo mais necessidade dos Sioux, se voltam contra eles e salvam os policiais.Tom escapa da côrte marcial por insubordinação e pode fazer planos para o futuro ao lado de Grace, cuja inocência foi reconhecida.
A excelente fotografia em cores do veterano John F. Seitz realça os exteriores majestosos (o filme foi rodado em Vancouver e no Banff National Park) e os uniformes vermelhos dos soldados da Policia Montada, sem dúvida muito fotogênicos. Com a habilidade de sempre, Walsh utiliza muito bem uma importante figuração de cavaleiros e índios em combates espetaculares e providencia outros incidentes de ação intensa como explosões, lutas corpo a corpo, fugas em canoas, etc., movimentando a trama. Esta é caraterizada por inversões: O’Rourke transformado em comandante de fato da tropa, os Cree tornando-se os seus salvadores, para mencionar apenas os exemplos mais proeminentes.
NAS GARRAS DA AMBIÇÃO / THE TALL MEN / 1955.
Dois irmãos, Ben (Clark Gable) e Clint Allison (Cameron Mitchell), chegam ao Texas sem dinheiro e sequestram um homem de negócios, Nathan Stark (Robert Ryan). Stark os convence de que podem ganhar muito mais se o ajudarem a levar um rebanho de gado até Montana. No caminho, Ben socorre Nella Turner (Jane Russell), única sobrevivente de um ataque de índios, e ela se junta ao comboio, exacerbando as rivalidades entre os três homens. Após vários incidentes, em um dos quais Clint morre, Ben tem um último confronto com Stark e Nella escolhe com quem quer passar o resto de sua vida. Stark oferece a Nella posição e riqueza (ele tem a pretensão de se tornar o dono de Montana) enquanto Ben “pensa pequeno”, oferecendo-lhe somente seu amor e um lar. O filme é construído sobre este contraste entre dois tipos de personalidade: o capitalista, que necessita sempre de um novo desafio, e o homem menos ambicioso, que não precisa ficar testando a si mesmo continuamente. Filmando em Durango, México (com o fotógrafo Leo Tover providenciando belas imagens em De Luxe Color e CinemaScope do céu azul e das montanhas cobertas de neve), Walsh conduz o espetáculo com desenvoltura e forja algumas sequências empolgantes (v.g. a resistência dos mexicanos aos jayhawkwers); porém o lado romântico retarda o andamento da narrativa.
UM CLARIM AO LONGE / A DISTANT TRUMPET / 1964.
Em 1862, perto da fronteira mexicana, o tenente Matt Hazard (Troy Donahue) chega a um forte isolado em pleno deserto, constantemente sob ameaça dos Apaches Chiricaua. Horrorizado pela disciplina frouxa de sua tropa, ele restringe os privilégios dos soldados e os submete a exercícios árduos. Ao mesmo tempo, Matt se apaixona instantaneamente por Kitty Mainwaring (Suzanne Pleshette), a esposa do comandante do forte, e é correspondido, mas o romance se complica, quando Laura (Diane McBain), a noiva que deixara no Leste, resolve visitá-lo. Depois de lançar um ataque violento contra os índios, o velho comandante, General Quait (James Hregory), incumbe Matt de convencer o chefe do indígenas a aceitar a paz e se reassentar em uma reserva no Arizona. Matt cumpre sua tarefa, rompe o noivado, e fica com Kitty, depois que o marido dela foi convenientemente morto pelos apaches.
Com filmagem de exteriores em Flagstaff, Arizona e Gallup, New Mexico, o espetáculo beneficia-se antes de mais nada da esplêndida fotografia de William Clothier e da música estridente de Max Steiner, além é, claro da competência com a qual o diretor encena algumas sequências de ação vigorosas. Para dar maior realismo à história, Walsh colocou atores Navajos nos papéis de Apaches e não sentimentalizou os índios, servindo como exemplo estas duas cenas: o comandante Mainwaring estrangulado e amarrado a uma carroça queimada na qual seus homens foram “torrados”; o soldado e a mexicana fugitivos enterrados até o pescoço, para que as formigas comessem seus cérebros.
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Caro Prof. mais uma vez, agradecido pela postagem destes textos muito bons sobre cinema. Gosto bastante e obrigado.
G ALVES
Muita gentileza sua. Obrigado.