Arquivo mensais:junho 2015

HOLLYWOOD NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL IV

Cinco jornais cinematográficos comerciais com cerca de oito minutos de duração forneciam um resumo das notícias da guerra: A Voz do Mundo / Paramount News; 20thCentury-Fox Atualidades / Fox-Movietone News; Atualidades RKO-Pathé / RKO-Pathé News; Noticiário Universal / Universal Newsreel; e Notícias do Dia / News of the Day (ex-Metroton Atualidades / Hearst Metrotone News), realizado pela MGM. Em 1942, a Warner pensou em produzir o seu jornal cinematográfico, mas depois desistiu da idéia e comprou o Pathé News da RKO, que passou a se chamar Warner-Pathé.

hollywood na guerra IV Paramount News

A cobertura feita pelos cine-jornais estava sob rigoroso contrôle militar. Os cinegrafistas civís tiveram de usar farda e viver sob as mesmas condições dos oficiais comissionados. A liberdade de movimento e autorização para filmar ficavam ao arbítrio das autoridades militares. Os editores dos newsreels sujeitaram-se a todos os constrangimentos, não apenas por razões patrióticas, mas porque dependiam da liberalidade das forças armadas para segurança, informação, transporte, acesso e, algumas vezes, até filme virgem.

Nos primeiros dias da guerra, quando a América estava às tontas, tanto no campo de batalha como na exploração da mídia, o registro dos combates feitos pelos cine-jornais era tardio e tímido. Prejudicados pela demora com que chegavam às telas e pela censura militar, os cine-jornais eram também reprimidos por uma incerteza editorial a respeito de como mostrar a guerra na frente doméstica. Sem contar com cenas contundentes da luta e das baixas dos soldados americanos que ela acarretava, os editores inicialmente apresentavam a guerra mais como uma campanha gloriosa do que como um serviço sórdido.

Hollywoodna guerra IV Hearst metrotone News

Somente no final de 1943, os dois problemas foram resolvidos. Representantes dos cinco jornais cinematográficos entraram em um acordo com o Exército, pelo qual os negativos das cenas de combate seriam enviados “por um avião bem veloz” diretamente a Washington (ignorando Londres) para serem revelados e censurados. O material seria então “rapidamente liberado para exibição nos cinemas”. O novo sistema entrou em vigor imediatamente. As cenas da campanha da Sicília chegaram aos cinemas em um tempo recorde de dez dias após o verdadeiro desembarque. O outro obstáculo foi superado pela intervenção pessoal do presidente Roosevelt. Em setembro de 1943 (porque, é claro, o curso do conflito havia mudado favoravelmente para os aliados), ele ordenou aos militares que mostrassem o lado realístico “embora cruciante” da guerra, inclusive as imagens dos americanos mortos nas batalhas

Louis de Rochemont

Louis de Rochemon

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Westbrook Van Voorhis

Westbrook Van Voorhis

Para os exibidores, os newsreels atualizados e dramáticos adquiriram subitamente um poder de bilheteria por si próprios. Ansiosas para reconhecer na tela um filho, marido ou pai, as mulheres acorriam avidamente aos cinemas, para ver os jornais cinematográficos. A Voz do Mundo providenciava para os familiares dos combatentes ampliações dos fotogramas nos quais apareciam seus filhos, pais e maridos, enquanto os gerentes dos cinemas das cidades pequenas comumente os obsequiavam com sessões privadas após o expediente. Os exibidores passavam por situações embaraçosas quando várias meninas pediam clipes do mesmo pracinha ou a progenitora de um soldado morto tinha um ataque de nervos dentro da sala de projeção ao reconhecer na tela o seu filho.

Hollywood na guerra IV This is America

Slavo Vorkapich à esquerda

Slavo Vorkapich à esquerda

Duas revistas cinematográficas ofereciam uma cobertura mais extensa sobre os acontecimentos. A mais conhecida era A Marcha do Tempo / The March of Time, lançada em 1935 pela Time Inc., produzida por Louis de Rochemont, distribuída pela 20thCentury-Fox, e narrada pela voz inconfundível de Westbrook Van Voorhis (“Time … marches on!”) que revolucionou os conceitos existentes de jornalismo fílmico e durante 16 anos causou um grande impacto sobre o público americano e internacional. A partir de outubro de 1942, a RKO lançou uma revista concorrente, Assim é a América / This is America, na qual muitos episódios foram dirigidos por Richard Fleischer e por Slavo Vorkapich, o mestre da sequência de montagem. A quantidade de programação era suficientemente generosa para manter a existência de newsreels houses (v.g. as cadeias Trans-Lux, Telenews, Newsreel Theatres, Embassy), cinemas devotados exclusivamente a notícias e informação.

hollywood na GUerra IV Telenews

hollywood na guerra IV Newsreel theatre

hollywoodnaguerraIV EMBASSYO pessoal do cinema impossibilitado de usar farda contribuiu para destruir a tirania e levantar o ânimo de seus compatriotas através da USO – United Organization Camp Shows. Esta organização se formou em 1941, para produzir recreação para os soldados – e vários atores, cantores e outros profissionais do show business imediatamente se colocaram à disposição para cooperar. Mais tarde, se criou o Hollywood Victory Committee, com a finalidade de coordenar as atividades das personalidades do rádio, do teatro e do cinema nos diversos acampamentos.

Joe E. Brown durante uma de suas apresentações

Joe E. Brown durante uma de suas apresentações

Paulette Goddard no esforço de guerra

Paulette Goddard no esforço de guerra

Os shows em acampamentos eram organizados em quatro circuitos: o Circuito da Vitória, com salas de primeira classe em cerca de setecentos quartéis do exército e base navais; o Circuito Azul, com lugares para espetáculos em 1.150 acampamentos; o Circuito dos Hospitais e o Circuito Toca da Raposa (que era o circuito do exterior). Antes de a guerra terminar, mais de dois mil artistas tinham cruzado os mares para divertir as tropas aliadas. Os dois que mais viajaram foram Paulette Goddard e Joe E. Brown. A popularidade do “Boca Larga” era seguida de perto por Bob Hope, mas Joe E. Brown foi o primeiro a ir ao Alasca, às ilhas Aleutas, ao Sudoeste do Pacífico e aos teatros de operação da China, Birmânia e Índia e, em 1944, proclamaram-no “Pai de todos os homens no além-mar”.

Bob Hope e Frances Langford divertindo os soldados

Bob Hope e Frances Langford divertindo os soldados

Lena Horne costumava atuar nos shows em acampamentos, cantando para soldados e concedendo autógrafos. Em Fort Huachuca, ela visitou a 92nd Infantary Division, onde se ofereciam dois espetáculos – um para os oficiais e soldados brancos e outro para os soldados negros e prisioneiros de guerra alemães. Alguns shows eram integrados, embora poucos. Certo dia, Lena causou sensação quando, depois de ser avisada sobre os shows separados, ela se apresentou para os recrutas negros e para os prisioneiros, e depois foi embora, sem se mostrar para os oficiais e soldados brancos.

Lena Horne

Lena Horne

Soldados negros no Fort Huachaca

Soldados negros no Fort Huachaca

Entre Pearl Harbor e o Dia da Vitória, o Hollywood Victory Committee programou 119 excursões no exterior, 2.700 eventos em hospitais, 3.050 eventos em acampamentos e 2.500 eventos de venda de bônus. Ao todo, 53.000 aparições foram feitas durante e logo após a guerra por mais de 4.100 indivíduos.

Astros e Estrelas na Hollywood Victory Caravan

Astros e Estrelas na Hollywood Victory Caravan

Em 1942, o Army-Navy Relief Fund organizou a Hollywood Victory Caravan, com o objetivo de levantar dinheiro para as famílias dos homens mortos no além mar. Era a maior coleção de celebridades de Hollywood jamais reunida até então, percorrendo o país em um trem de dezessete vagões. Entre elas estavam: Desi Arnaz, Joan Bennett, Joan Blondell, Charles Boyer, James Cagney, Claudette Colbert, Bing Crosby, Olivia de Havilland, Cary Grant, Charlotte Greenwood, Bert Lahr, Stan Laurel e Oliver Hardy, Groucho Marx, Frank McHugh, Merle Oberon, Pat O’Brien, Eleanor Powell, a mezzo-soprano Rise Stevens, Spencer Tracy – e, é claro, Bob Hope e seus leais companheiros, Frances Langford e Jerry Colonna.

Bette Davis e John Garfield comandando a Hollywood Canteen

Bette Davis e John Garfield comandando a Hollywood Canteen

hollywood na guerra IV Hollywood Canteen II

Rita Hayworth na Hollywood Canteen

Rita Hayworth na Hollywood Canteen

Bette Davis trabalhando na Hollywood Canteen

Bette Davis trabalhando na Hollywood Cantee

Marlene Dietrich na Hollywood Canteen

Marlene Dietrich na Hollywood Canteen

Ava Gardner na Hollywood Canteen

Ava Gardner na Hollywood Canteen

Dois outros métodos de entretenimento das tropas na frente doméstica mercem ser mencionados. Um, a concessão de ingressos de cinema gratuitos para os homens e mulheres de uniforme; o outro, a legendária Hollywood Canteen, concebida por Bette Davis e John Garfield. A cantina acolheu mais de dois milhões de soldados. Toda noite uma grande orquestra tocava, e os homens de uniforme podiam dançar com Bette, Hedy Lamarr, Betty Grable, Olivia de Havilland, Marlene Dietrich, Joan Crawford e dezenas de outras estrelas glamourosas. As atrizes também serviam as mesas e lavavam pratos, sem receberem qualquer pagamento. Outras atuavam como enfermeiras ou visitavam os feridos nos hospitais, ouviam relatos dos soldados de licença ou dos que retornavam ao lar, e vendiam bônus de guerra, percorrendo todo o país, para incentivar os cidadãos a investirem na defesa. Carole Lombard morreu em um desastre de avião, em uma dessas campanhas.

Carole Lombard em campanha de venda de bônus de guerra

Carole Lombard em campanha de venda de bônus de guerr

Hedy Lamarr vendendo bônus de guerra

Hedy Lamarr vendendo bônus de guerra

Como informou Orlando de Barros no seu livro “A Guerra dos Artistas” (2010), no final de 1942, instalou-se no Brasil a primeira USO Canteen como o nome de Cantina do Marinheiro Norte-Americano, servindo principalmente para os marujos dos navios que operavam com a Marinha brasileira na defesa do Atlântico Sul. Depois surgiram outras, nas bases americanas de Salvador, Maceió, Recife, Natal, Fortaleza, São Luis e Belém, com nove agências ao todo.

Captura de Tela 2015-06-14 às 17.56.34

Captura de Tela 2015-06-14 às 11.38.50

Pouco tempo depois, surgia a similar brasileira, A Cantina do Combatente, instalada na Avenida Venezuela 204 próximo da Rádio Nacional. Ali ocorriam shows variados com artistas do palco e do rádio e eram oferecidos vários serviços aos nossos soldados de terra, mar e ar, como lanches, refrescos, cigarros, barbearia, livros, jogos e outras diversões, tudo coordenado pela Legião Brasileira de Assistência, comandada pela então primeira-dama do nosso país, Sra. Darcy Vargas. A Cantina do Combatente também se espalhou por outras cidades do território nacional e, em 23 de novembro de 1943 (cf. jornal “Correio da Manhã”), a contralto húngara Ilona Massey (parceira de Nelson Eddy em Balalaika / Balalaika / 1939) apresentou-se na Cantina do Rio de Janeiro, e foi filmada por Gregg Toland. Em outra oportunidade, foi o cantor mexicano Pedro Vargas que se apresentou na Cantina.

hollywood na guerra IV Hollywood Bond Cavalcade

Em 1943, através do Treasury Department Bond Sales Drive, inúmeros artistas participaram das famosas excursões Stars Over America para a venda de bônus em pré-estréias, e os cinemas serviram ainda como centros coletores dos materiais estratégicos escassos. Pelo final de 1944, haviam arrecadado mais de 162 mil toneladas de metais vitalmente necessários. Pete Smith fez um short muito interessante, Ferro Velho / Scrap Happy / 1943, contando a história de curiosos pedaços de metal que foram encontrados nas pilhas de ferro-velho para a vitória. O governo organizou outra grande tournée para a venda de bônus, esta intitulada apenas Cavalcade, envolvendo vários artistas inclusive Fred Astaire, James Cagney, Judy Garland, Mickey Rooney, Greer Garson, Harpo Marx, Kathryn Grayson, Betty Hutton o pianista José Iturbi, Paul Henreid, Dick Powell e Kay Kyser e sua banda.

hollywood na guerra IV Victory Cavalcade

Apesar das limitações quanto aos gastos e à censura exercida pelo governo, a produção não perdeu o seu ritmo, e a indústria prosperava, na medida em que o índice de audiência se elevava e crescia a procura de novos filmes. A queda do desemprego, a afluência de mulheres assalariadas, as longas horas de trabalho devido à economia de guerra criando a necessidade de diversão, a dificuldade de se achar atividades recreativas alternativas devido ao racionamento, foram algumas das causas do aumento da frequência.

A guerra, entretanto, trouxe um certo número de problemas. Um cálculo feito no final de 1944, quando o número de empregados de estúdio servindo nas forças armadas chegou ao máximo, indicou que mais de seis mil deles haviam se juntado às forças armadas, incluindo 1.500 atores, 230 roteiristas, e 143 diretores. A Metro perdeu 1.090 para o serviço militar, a Fox 755, a Warner 720, a Paramount 525, a Universal 418, a Columbia 289, a RKO 224, a Republic 134 e a Monogram 129. Os setores de distribuição e exibição perderam mais mão-de-obra masculina para os militares (e fábricas) do que o setor da produção. Durante o primeiro ano da guerra a distribuição perdeu 4.500 empregados para o serviço militar e a exibição algo em torno de 18.000. Em março de 1943, a Warner anunciou que tinha o primeiro cinema nos Estados Unidos com um quadro de funcionários inteiramente feminino.

hollywoodnaguerraIV WANTEDFOR VICTORY

Outras restrições de tempo de Guerra afetaram a disponibilidade de filme virgem, materiais de construção (especialmente aço e madeira serrada) e transporte. A economia de filme virgem foi imposta principalmente pela necessidade de uma certa quantidade de película para se realizar filmes de treinamento, porém a indústria se adaptou rapidamente, diminuindo o número de tomadas nas filmagens e de cópias, estendendo o tempo de exibição, recorrendo a reprises. As restrições quanto aos materiais de construção aplicavam-se primordialmente à edificação de cenários e reformas nas salas de exibição, mas os estúdios desenvolveram métodos de reciclagem de cenários e aumentaram a filmagem em locação.

Rita Hayworth tirou o parachoque do seu carro e subsituio por madeira

Rita Hayworth tirou o parachoque do seu carro e subsituio por madeira

As limitações de transporte incluiam racionamento de gasolina, falta de pneus, limite de velocidade etc., prejudicando a distribuição de cópias, o deslocamento dos espectadores e, após um breve incremento, determinando o fim da filmagem em locação. Blecautes foram impostos pelo governo aos cinemas situados na faixa litorânea e nos principais centros de produção industrial, e o Office of Civilian Defense obrigou-os a treinar pessoal e a instalar um equipamento especial no caso da ocorrência de um ataque aéreo.hollywood na guerra IV Racionamento pneus best

hollywoodnaguerraIV RATIONING BOARD

Apesar das limitações quanto aos gastos e à censura exercida pelo governo, a produção cinematográfica não perdia o seu ritmo, e a indústria prosperava, na medida em que o índice de audiência se elevava e crescia a procura de novos filmes. A arma de guerra mais poderosa do arsenal de Hollywood foi o seu negócio normal, o filme de longa-metragem comercial. De 1942 a 1945, Hollywood desenvolveu um esforço notável para ajudar o governo a exaltar o patriotismo e manter o ódio contra o inimigo. Na maioria dos filmes de ficção, havia sempre uma mensagem explícita ou subentendida, expondo as virtudes da democracia ou a selvageria dos regimes totalitários. Os Estados Unidos e os Aliados eram os heróis; os japoneses, os alemães e os italianos, os vilões. Os primeiros lutando por algo chamado “liberdade”, que o outro lado tentava suprimir.

hollywoodnaguerraIV HATEPOSTERII

Hollywood na GuerraIV HATEPOSTERSI

Narrados com fluência e impregnados de glamour e escapismo, raramente esses filmes procuravam estudar com honestidade e realismo os homens envolvidos no conflito ou se aprofundar nos efeitos destes sobre as populacões dos países litigantes. Não há dúvida de que foram realizados alguns filmes originais e de bom nível artístico, porém a maior parte ficou restrita à formula e à propaganda.

Os “temas de guerra” podiam aparecer em qualquer gênero, porém havia algumas fórmulas específicas dominantes: o filme de combate (v.g. Nossos Mortos Serão Vingados / Wake Island / 1942, Um Punhado de Bravos / Objective Burma! / 1942, Sahara / Sahara / 1943, A Patrulha de Bataan / Bataan / 1943, Águias Americanas / Air Force / 1943, Guadalcanal / Guadalcanal Diary / 1943, Rumo a Tóquio / Destination Tokyo / 1943, Mergulho no Inferno / Crash Dive / 1943, Sargento Imortal / Immortal Sergeant / 1943, Comboio para o Leste / Action in the North Atlantic / 1943, Assim é a Glória / Salute to the Marines / 1943, Corvetas em Ação / Corvette K-225 / 1943, O Piloto #5 / Pilot #5 / 1943, Trinta Segundos sobre Tóquio / Thirty Seconds Over Tokyo / 1944, Uma Asa e Uma Prece / Wing and a Prayer / 1944, Inferno no Pacífico / Marine Raiders / 1944, Também Somos Seres Humanos / The Story of I. Joe / 1945, Um Passeio ao Sol / A Walk in the Sun / 1945, Fomos os Sacrificados / They Were Expendable / 1945, Espírito Indomável / Back to Bataan / 1945);

hollywood naguerraIV Wake Island

Águias Americanas

Águias Americanas

hollywoodnaguerraIV Guadalcanal Diary

hollywoodnaguerraIV Destination Tokyo

A Patrulha de Bataan

A Patrulha de Bataan

Trinta Segundos Sobre Tóquio

Trinta Segundos Sobre Tóquio

hollywoodna guerraIV Sction in the north

Também Somos Seres Humanos

Também Somos Seres Humanos

Um Passeio ao Sol

Um Passeio ao Sol

hollywoodnaguerraIV THey Were Expendablefilme de espionagem-sabotageminclusive em tom de comédia (v.g. Balas contra a Gestapo / All Trough the Night / 1942, Sabotador / Saboteur / 1942, Garras Amarelas / Across the Pacific / 1942, Almas Indomáveis / Prisoner of Japan / 1942, Remember Pearl Harbor / 1942, Bairro Japonês / Little Tokyo USA /1942, O Grande Impostor / The Great Impersonation / 1942, Sombra do Passado / Nazi Agent / 1942, Alarme no Atlântico / Dangerously they Live / 1942, O Espião Japonês / Secret Agent of Japan / 1942, Madame Espia / Madam Spy / 1942, O Farol dos Espiões / Seven Miles from Alcatraz / 1942, Buses Roar / 1942, Alma Torturada / This Gun for Hire / 1942, Caça ao Inimigo / Submarine Raider / 1942, Comboio Transatlântico / Atlantic Convoy / 1942, Avião do Oriente / Bombay Clipper / 1942, Estrada da Birmânia / Bombs Over Burma / 1942, Ao Toque do Clarim / The Bugle Sounds / 1942, Foreign Agent / 1942, Perigo Amarelo / Black Dragons / 1942, Pela Pátria / Sabotage Squad / 1942, Paris Era Assim / This Was Paris / 1942, Navio Espião / Spy Ship / 1942, A Fuga de Hong Kong / Escape from Hong Kong / 1942, Espião Invisível / Invisible Agent / 1942, Olhos da Noite / 1942, The Dawn Express / 1942, Perigo no Pacífico / Danger in the Pacific / 1942, Secret Enemies / 1942, Careful, Soft Shoulders / 1942, The Gorilla Man / 1943, Garota do Barulho / Joan of Ozark / 1942, Hillbilly Blietzkrieg / 1942, Cumpre teu Dever / Joe Smith, American / 1942, Encontro no Pacífico / 1942, Era Uma Lua-de-Mel / Once Upon a Honeymoon / 1942, Rio Rita / Rio Rita / 1942, Unseen Enemy / 1942, The Mysterious Doctor / 1943, Submarine Alert / 1943, A Yank in Libya / 1942, Encontro em Berlim / Appointment in Berlin / 1943, Cinco Covas no Egito / Five Graves to Cairo / 1943, Jamais Fomos Vencidos / We’ve Never Been Licked / 1943, Perseguidos / Northern Pursuit / 1943, Fugitivos do Inferno / Desperate Journey / 1943, Vieram Dinamitar a América / They Came to Blow Up America / 1943, Crepúsculo Sangrento / First Comes Courage / 1943, Noites Perigosas / Bomber’s Moon / 1943, Jornada do Pavor / Journey into Fear / 1943, Adventure in Iraq / 1943, Missão Secreta na China / Night Plane from Chungking / 1943, Submarine Base / 1943, Miss V from Moscow / 1943, Senda Perigosa / Junior Army / 1943, Correspondente Fenômeno / They Got Me Covered / 1943, Salve-se Quem Puder / Air Raid Wardens / 1943, Insuspeitos / Above Suspicion / 1943, Expresso Bagdad-Istambul / Background to Danger / 1943, Spy Train / 1943, I Escaped from the Gestapo / 1943, Adventure in Iraq / 1943, Ianques à Vista / Yanks Ahoy / 1943, Sargentos e Recrutas / Fall In / 1943, A Hora Antes do Amanhecer / The Hour Before the Dwan / 1944, Wings Over the Pacific / 1944, A Casa da Rua 92 / The House on 92nd Street / 1945, Invasão Atômica / First Yank into Tokyo / 1945);

Sabotador

Sabotador

hollywoodnaguerraIV AcrossthepacificBest

hollywoodnaguerraIV NaziAgent

hollywoodnaguerraIV Secret Agento of Japan Poster

Cinco Covas no Egito

Cinco Covas no Egito

Fugitivos do Inferno

Fugitivos do Inferno

Vieram Dinamitar a AMérica

Vieram Dinamitar a  América

Noites Perigosas

Noites Perigosas

hollywoodnaguerra IV First Yank into Tokyoo filme de ocupação-resistência-prisoneiros de guerra (v.g. Paris Está Chamando / Paris Calling / 1942, Os Comandos Atacam de Madrugada / Commandos Strike at Dawn / 1942, Fala Manilha / Manilla Calling / 1942, Uma Aventura em Paris / Reunion in France / 1942, Paris Era Assim / This Was Paris / 1942, Secrets of the Underground / 1942, They Raid by Night / 1942, Um Louco Entre Loucos / The Wife Takes a Flyer / 1942, Os Carrascos também Morrem / Hangmen also Die / 1943, A Cruz de Lorena / The Cross of Lorraine / 1943, Esta Terra é Minha / This Land is Mine / 1943, Revolta / Edge , of Darkness / 1943, Chetniks / Chetniks / 1943, Paris nas Trevas / Paris After Dark / 1943, Noite sem Lua / The Moon is Down / 1943, Reféns / Hostages / 1943, O Capanga de Hitler / Hitler’s Madman / 1943, Encontro com o Perigo / Assignment in Brittany / 1943, Os Super-Homens / The Master Race / 1944, A Sétima Cruz / The Seventh Cross / 1944, Quando Desceram as Trevas / The Ministry of Fear / 1944, Ninguém Escapará ao Castigo / None Shall Escape / 1944, Mais Forte Que a Vida / The Purple Heart / 1944, Paraquedas Negro / The Black Parachute / 1944, Motim em Alto-Mar / Prison Ship / 1945, Hotel Berlin / Hotel Berlim / 1945);

Os Comandos Atacam de madrugada

Os Comandos Atacam de madrugada

Os Carrascos Também Morrem

Os Carrascos Também Morrem

A Cruz de Lorena

A Cruz de Lorena

Esta Terra É Minha

Esta Terra é Minha

Revolta

Revolta

Noite Sem Lua

Noite Sem Lua

A Sétima Cruz

A Sétima Cruz

Quando Desceram as Trevas (pose)

Quando Desceram as Trevas (pose)

Ninguém Escapará ao Castigo

Ninguém Escapará ao Castigo

Mais Forte Que A Vida

Mais Forte Que A Vida

filme sobre a frente doméstica, envolvendo o recrutamento ou treinamento dos combatentes (v.g. Pode Ser … Ou Está Difícil / You’re in the Army Now / 1941, Águias de Fogo / Thunderbirds / 1942, Private Snuffy Smith / 1942, Nas Asas da Glória / Canal Zone / 1942, Artilheiro Aéreo / Aerial Gunner / 1943, Bombardeiro / Bombardier / 1943, Gung Ho! / Gung Ho! / 1943, Destróier / Destroyer / 1943, Dois no Céu / A Guy Named Joe / 1943, Às Portas do Inferno / Stand By for Action / 1942, Não Posso Querer-te / There’s Something About a Soldier / 1943, Encontro nos Céus / Winged Victory / 1944, Senhor Recruta / See Here Private Hargrove / 1944, Mr. Winkle Vai para a Guerra / Mr. Winkle Goes to War / 1944, O Rompe Nuvens / This Man’s Navy / 1945);

Bombardeiro

Bombardeiro

hollywoodnaguerraIV Destroyer

hollywoodnaguerraIV Standby for action

hollywoodnaguerraIV Winged Victory

holluywood na guera IV THis Man's navye / ou o trabalho nas fábricas e as experiências do dia-a-dia da população americana / estrangeira, incluindo situações cômicas ocasionadas pelas circunstâncias reinantes durante o conflito mundial (v.g. Rosa de Esperança / Mrs. Miniver / 1942, Ser ou Não Ser / To Be or Not To Be / 1942, Aço da Mesma Têmpera / The War Against Mrs. Hadley / 1942, Proa ao Perigo / Torpedo Boat / 1942, Tramp, Tramp, Tramp / 1942, Asas da Vitória / Wings for the Eagle / 1942, A Vida Tem Cada Uma / The Man From Down Under / 1943, Desde que Partiste / Since You Went Away / 1944, A Comédia Humana / The Human Comedy / 1943, Original Pecado / The More the Merrier / 1943, Mulheres de Ninguém / Tender Comrade / 1943, Filho Querido / 1943, Um Drama em Cada Vida / Gangway for Tomorrow / 1943, Dez Pequenas para um Homem / Government Girls / 1943, Um Sonho de Domingo / Sunday Dinner for a Soldier / 1944, Herói de Mentira / Hail the Conquering Hero / 1944, Pensando Sempre em Você / The Very Tought of You / 1944, Agarre Seu Homem / Johnny Doesn’t Live Here Anymore / 1944, A Aventureira / Ladies of Washington / 1944, Por Enquanto Querida / In the Meantime Darling / 1944, Esposas Solteiras / The Doughgirls / 1944, Rosie the Riveter / 1944, Army Wives / 1944, A Véspera de São Marcos / The Eve of St. Mark 1944, Rationing / 1944).

Rosa de Esperança

Rosa de Esperança

Desde Que Partiste

Desde Que Partiste

A Comédia Humana

A Comédia Humana

Herói de Mentira

Herói de Mentira

hollywoodnaguerraIV Rosiethe Riveter Best BestEntre os outros temas mais assíduos nos filmes americanos sobre a Segunda Guerra Mundial destacaram-se: filme sobre aviadores americanos lutando por outras nações (v.g. Esquadrão de Águias / The Eagle Squadron / 1942, Corsários das Nuvens / Captain of the Clouds / 1942, Tigres Voadores / Flying Tigers / 1942);

hollywoodna guerraIV Eagle Squadron

Corsários das Nuvens

Corsários das Nuvens

Tigres Voadores

Tigres Voadores

filme sobre enfermeiras ou mulheres e/ou engenheiros prestando serviços militares (v.g. Coragem de Mulher / Parachute Nurse / 1942, She’s in the Army / 1942, Asas da Vitória / Wings for the Eagle / 1942, Aurora Sangrenta / Cry Havoc / 1943, A Legião Branca / So Proudly We Hail / 1943, Estrada da Vitória / Alaska Highway / 1943, Amazonas dos Ares / Ladies Courageous / 1944, Romance dos Sete Mares / The Fighting Seabees 1944, Eramos Três Mulheres / Keep Your Powder Dry / 1945);

A Legião Branca

A Legião Branc

hollywoodnagueraIV Ladies Courageous

Romance dos Sete Mares

Romance dos Sete Mares

Eramos Três Mulheres

Eramos Três Mulheres

filme pró-Rússia (v.g. Missão em Moscou / Mission to Moscow / 1943, Estrela do Norte / The North Star / 1943, Canção da Russia / Song of Russia / 1943, Quando a Neve Tornar a Cair / Days of Glory / 1944, Três Heroínas Russas / Three Russian Girls / 1944, O Menino de Stalingrado / The Boy from Stalingrad / 1943, Alma Russa / Counter-Attack / 1945);

Missão em Moscow

Missão em Moscow

Canção da Rússia

Canção da Rússia

Quando a Neve Tornar a Cair

Quando a Neve Tornar a Cair

filme pró-China (v.g. No Caminho de Burma / A Yank in the Burma Road / 1942, China Inconquistável / Lady from Chungking / 1942, Paixão Oriental / China Girl / 1942, Irmãos em Armas / China / 1943, A Estirpe do Dragão / Dragon Seed / 1944, Tormenta na China / China’s Litte Devils / 1945, Sob o Céu da China / China Sky / 1945);

hollywoodnaguerraIV Lady from Chungking

hollywoodnaguerraIV Dragon seed

hollywoodnaguerraIV China's Little Devilsfilme sobre famílias ou jovens afetados pela guerra (v.g. Abandonados / The Pied Piper / 1942, Sublime Alvorada / Journey for Margareth / 1942, Eram Cinco irmãos / The Fighting Sullivans / 1944, Sementes de Ódio / Tomorrow the World / 1944);

hollywoodnaguerraIV The PiedPiper

hollywoodnaguerraIV The FightinfgSullivansfilme sobre refugiados e/ou fugitivos de guerra (v.g. Casablanca / Casablanca / 1942, Paris Subterrâneo / Paris Underground / 1945, Areias Escaldantes / Escape in the Desert / 1945);

Náufragos

Náufragos

hollywoodnaguerraIV Paris Undergroundfilme mostrando os contrastes entre as ideologias em confronto, a brutalidade e a insidiosa influência do nazismo (v. g. Atrás do Sol Nascente / Behind the Rising Sun / 1943, A Quadrilha de Hitler / The Hitler Gang / 1943 , Os Filhos de Hitler / Hitler’s Children / 1943, Horas de Tormenta / Watch on the Rhine / 1943, Escravas de Hitler / Women in Bondage / 1943, Endereço Desconhecido / Undress Unknown / 1944)

hollywoodnaguerraIV Behind the risng sun

Os Filhos de Hitler

Os Filhos de Hitler

e / ou paródias devastadoras do Terceito Reich (v. g. Ao Diabo com Hitler / The Devil With Hitler /1942, Mais Forte que Hitler / That Nazsty Nuisance / 1943, Hitler, Dead or Alive / 1943);

hollywoodnaguerraIVTheDevilWith Hitlerbest filme sobre cães utilizados militarmente (vg. War Dogs ou Pride of the Army / 1942, Sergeant Mike / 1944, O Filho de Lassie / Son of Lassie / 1945);

hollywoodnaguerraIVSergeant Mike filme sobre o retorno e readaptação de veteranos ou de toda uma cidade no pós-guerra (v.g. Um Lugar nas Trevas / Pride of the Marines / 1945, Um Sino para Adano / A Bell for Adano / 1945, Os Melhores Anos de Nossa Vida / The Best Years of Our Lives / 1946);

Um Lugar nas Trevas

Um Lugar nas Trevas

Os Melhores Anos de Nossas Vidas

Os Melhores Anos de Nossas Vidas

revistas musicais recreativas (v.g. Coquetel de Estrelas / Star Spangled Rhythm / 1942, Regresso Retumbante / When Johnny Comes Marching Home / 1942, Forja de Heróis / This is the Army / 1943, Noivas de Tio Sam / Stage Door Canteen / 1943; Graças a Minha Boa Estrela / Thank Your Lucky Stars / 1943, A Filha do Comandante / Thousands Cheer / 1943, Epopéia da Alegria / Follow the Boys / 1944, A Preferida / Pin Up Girl, Tentação da Sereia / Here Come the Waves / 1944, Quatro Moças num Jipe / Four Jills in a Jeep / 1944, Um Sonho de Hollywood / Hollywood Canteen / 1944, Marujos do Amor / Anchors Aweigh / 1945);

hollywoodnagueraIVThisisThe Army

Epopéia da Alegria

Epopéia da Alegria

biografias (v.g. O Gênio do Mal ou O Inimigo das Mulheres / Enemy of Women / 1944, Pelo Vale das Sombras / The Story of Dr. Wassell / 1944);

hollywoodnaguerraIVDRWASSELL

filme sobre crimes, situações românticas ou de perigo em ambiente de guerra (v.g. Dentro de Shanghai / Halfway to Shanghai / 1942, Ainda Serás Minha / Somewhere I’ll Find You / 1942, A Estranha Morte de Adolf Hitler / The Strange Death of Adolf Hitler / 1943, Um Barco e Nove Destinos / Lifeboat / 1944, Ela Quase Matou Hitler / Passport to Destiny / 1944, O Ponteiro da Saudade / The Clock / 1945);

Um Barco e Nove Destinos

Um Barco e Nove Destinos

filme sobre a redenção de um soldado ou condenado à morte por atos de heroismo (v.g. Sacrifício de Pai / Flight Lieutenant / 1942, Inimigos Amistosos / Friendly Enemies / 1942, O Impostor / The Impostor / 1943, Três Dias de Glória / Uncertain Glory / 1943, Varrendo os Mares / Minesweeper / 1943);

O Impostor

O Impostor

 Três Dias de Glória


Três Dias de Glória

filme sobre recordações de figuras da Guerra da Espanha ou da Primeira Guerra Mundial (v.g. Por Quem os Sinos Dobram / For Whom the Bell Tolls / 1943, Wilson / Wilson / 1944);

Por Quem Os Sinos Dobram

Por Quem Os Sinos Dobram

filme de selva envolvendo nazistas (A Sereia das Selvas / Jungle Siren / 1942, Tiger Fangs / 1943);

hollywoodna guerraIV Jungle Siren Entre 1946 e 1949, surgiram mais alguns filmes de longa-metragem relacionados com a guerra ou com os agentes do Eixo (v.g. Encontro Secreto / Rendezvous 24 / 1946, Rosa de Tóquio / Tokyo Rose / 1946, O Estranho / The Stranger / 1946, Interlúdio / Notorious / 947, Rua Madeleine 13 / 13 Rue Madeleine / 1947, Legião Sinistra / Rogue’s Regiment / 1948, O Preço da Glória / Battleground / 1949, Clamor Humano / Home of the Brave / 1949, Iwo Jima, o Portal da Glória / Sands of Iwo Jima / 1949, Almas em Chamas / Twelve O’Clock High) e, nas décadas seguintes, a Segunda Guerra Mundial continuaria a fascinar os cineastas americanos, que passaram a abordar inclusive assuntos inéditos sobre o conflito.

O Estranho

O Estranho

Interlúdio

Interlúdio

O Preço da Glória

O Preço da Glória

Iwo Jima, o Portal da Glória

Iwo Jima, o Portal da Glória

O ímpeto patriótico e propagandístico espalhou-se, não só por todos os gêneros cinematográficos, como também pelos diversos formatos, atingindo as séries (v.g. Tarzan, o Vingador / Tarzan Triumphs / 1943 (série Tarzan na RKO); Sherlock Holmes e a Arma Secreta / Sherlock Holmes and the Secret Weapon / 1942, Sherlock Holmes e a Voz do Terror / Sherlock Holmes and the Voice of Terror / 1942, Sherlock Holmes em Washington / Sherlock Holmes in Washington / 1943 (série Sherlock Holmes); Contrabando de Guerra / Enemy Agent Meets Ellery Queen / 1942 (série Ellery Queen); Charlie Chan no Serviço Secreto / Charlie Chan in the Secret Service / 1944 (série Charlie Chan); O Irmão do Falcão / The Falcon’s Brother / 1942 e O Falcão Contra-Ataca / The Falcon Strikes Back / 1943 (série The Falcon); Dama em Perigo / Counter Espionage / 1942, Passaporte para Suez / Passport to Suez (série Lone Wolf) / 1943, Sabotadora Romântica / Swing Swift Maisie / 1942 (série Maisie), Esposas em Pé de Guerra / Blondie for Victory / 1942 (série Blondie), Os Anjos contra o Dragão / Let’s Get Tough / 1942 (série East Side Kids), Secrets of the Underground / 1943 (série Mr.District Attorney), So This is Washington / 1943 (série Lum and Abner);

Tarzan, o Vingador

Tarzan, o Vingador

Sherlock Holmes e a Voz do Terror

Sherlock Holmes e a Voz do Terror

hollywoodnaguerraIVCharlie Chanseriados (v.g. Don Winslow na / Marinha / Don Winslow of the Navy / 1942, Polícia Montada contra a Sabotagem / King of the Mounties / 1942, Aventuras de Chico Viramundo / Adventure’s of Smilin’ Jack / 1943, A Adaga de Salomão / Secret Service in Darkest Africa / 1943);

Polícia Montada contra a Sabotagem

Polícia Montada contra a Sabotagem

hollywoodnaguerraIV Secret Servicee westerns B (v.g. Missão Perigosa / King of the Cowboys / 1943 / Roy Rogers), Cavaleiros da Pátria / Texas to Bataan /1942, Cowboy Commandos / 1943 (série The Range Busters), Vale dos Perseguidos / Valley of the Hunted Men / 1942, Wild Horse Rustlers / 1943 (série The Three Mesquiteers); O Rancho Misterioso / Rider of the Northland / 1942 /Charles Starrett).

hollywoodnaguerraIV CowboyCommandos

Durante a guerra, Hollywood produziu também filmes de mero escapismo ou para levantar a moral dos soldados e da população como, por exemplo, entre muitos outros, musicais de época (v.g. Turbilhão / Coney Island / 1943, Agora Seremos Felizes / Meet Me in St. Louis / 1944, Corações Enamorados / State Fair / 1945);

Agora Seremos Felizes

Agora Seremos Felizes

biografias musicais (v.g. A Canção de Dixie / Dixie / 1943, Tempestade de Ritmos / Stormy Weather / 1943, Melodia de Amor / Shine on Harvest Moon / 1944, Chispa de Fogo / Incendiary Blonde / 1945);

hollywoodnaguerraIV Stormy Weather dramas sentimentais religiosos (v.g. O Bom Pastor / Going my Way / 1944, As Chaves do Reino / Keys of the Kingdom / 1944, Os Sinos de Santa Maria / The Bells of St. Marys / 1945);

O Bom Pastor

O Bom Pastor

musicais tradicionais com astros como Betty Grable Bing Crosby,Betty Hutton Judy Garland, Gene Kelly, Kathryn Rita Hayworth, Fred Astaire, etc. e os musicais “aquáticos” com Esther Williams;

hollywoodnaguerraIV Bathing Beeauties

biografias (v.g. Ídolo, Amante e Herói / Pride of the Yankees / 1942, A Canção de Bernadette / Song of Bernadette /1943, Madame Curie / Madame Curie / 1943);

Ídolo, Amante e Herói

Ídolo, Amante e Herói

A Cançãp de Bernadette

A Cançãp de Bernadette

Madame Curie

Madame Curie

filmes de época tendo como protagonistas matriarcas poderosas (v.g. Parkington, a Mulher Inspiração / Mrs. Parkington / 1944, O Vale da Decisão / Valley of Decision / 1945;

O Vale da Decisão

O Vale da Decisão

Women’s pictures com Bette Davis (v.g. Estranha Passageira / Now Voyageur / 1942, Vaidosa / Mr. Skeffington / 1944);

Estranha Passageira

Estranha Passageira

histórias multigeracionais incorporando o ângulo histórico e da guerra (v.g. Na Noite do Passado / Random Harvest / 1942, Evocação / White Cliffs of Dover / 1944);

Na Noite do Passado

Na Noite do Passado

filmes com crianças ou animais (v.g. A Força do Coração / Lassie Come Home / 1943, A Mocidade é assim Mesmo / National Velvet / 1944);

A Mocidade é Assim Mesmo

A Mocidade é Assim Mesmo

melodramas românticos (v.g. Ver-te-ei Outra Vez / I’ll Be Seing You / 1945, O Seu Milagre de Amor / The Enchanted Cottage / 1945) ou psicológicos (v.g. Amar foi Minha Ruina / Leave Her to Heaven / 1945);

Amar Foi Minha Ruina

Amar Foi Minha Ruina

thrillers góticos (Suspeita / Suspicion / 1941, À Meia-Luz / Gaslight / 1944);

Suspeita

Suspeita

comédias (v.g. as da série Road to … com Bob Hope, Bing Crosby e Dorothy Lamour e as de Preston Sturges);

hollywoodnaGuerraIV Road to Rio e, principalmente, o aparecimento de dois novos subgêneros, o filme de horror psicológico (do produtor Val Lewton);

hollywoodnaguerraIV CatPeople e o filme noir, com toda certeza as duas inovações fílmicas mais significativas na cinematografia americana no período 1939-1945.

Relíquia Macabra

Relíquia Macabra

Em última análise, o cinema de Hollywood fez o que lhe foi pedido durante a Segunda Guerra Mundial. Ele auxiliou a campanha militar, disseminando informações sobre a luta armada e explicando ao público a sua razão de ser, emocionou o povo americano como nenhum outro meio foi capaz de fazer, continuou a divertir milhões de pessoa, demonstrando, de uma vez para sempre, o poder cultural dos filmes americanos.

HOLLYWOOD NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL III

Ao ser convidado pelo general Marshall para ajudá-lo a explicar aos soldados por que eles tinham que lutar, pela série Por que Combatemos / Why We Fight (1942-1945), o diretor Frank Capra respondeu: “General, acho justo dizer-lhe que nunca fiz um documentário em toda a minha vida. Na verdade, nunca cheguei nem perto de alguém que tivesse feito um”. Marshal retrucou: “Eu também nunca fui um comandante-chefe antes. Milhares de jovens mericanos nunca tinham tido suas pernas alvejadas. Os rapazes que estão comandando navios hoje, até há um ano nunca tinham visto o oceano”. Envergonhado, Capra aceitou o encargo e voltou a se dirigir a Marshall nestes termos: “Desculpe general. Vou fazer os melhores documentários que jamais foram feitos”.

General Marshall condecorando Frank Capra

General Marshall condecorando Frank Capra

A série, realizada sob o patrocínio do Army Pictorial Service, no velho estúdio da Fox na Western Avenue, continha sete filmes: Prelúdio de Guerra / Prelude to War / 1943, Os Nazistas Atacam / The Nazis Strike / 1943, Divide e Vencerás / Divide and Conquer / 1943, A Batalha da Inglaterra / Battle of Britain / 1943, Battle of China / 1944, Battle of Russia / 1944 e War Comes to America / 1945. Um sino badalando com a palavra “Liberdade” gravada nele e uma letra V enorme, apareciam no final de cada filme, que se compunha principalmente de cine-jornais alemães, italianos e japoneses, realizados nos últimos vinte anos ou filmes de propaganda feitos por esses países antes e durante a guerra (descobertos no Office of Alien Property Custodian, agência destinada a guardar material dos países inimigos dos Estados Unidos) e diagramas e mapas usados com técnica de animação (feitos pelo estúdio de Walt Disney), para ajudarem a exposição dos assuntos. Foram também utilizados, cine-jornais de países aliados, trechos de filmes de ficção, breves encenações, fotos de manchetes de jornais, narração, música e efeitos sonoros.

Frank Capra

Frank Capra

hollywood na guerra III Why We Fight logo

Cena de Prelúdio de Guerra

Prelúdio de Guerra

War Comes to America

War Comes to America

Cena de War comes to America

War comes to America

War Comes to America

War Comes to America

Para esse trabalho, foi criado o 834th Photo Signal Detachment, onde o tenente coronel Frank Capra contou com a colaboração principal do Major Anatole Litvak, dos capitães Anthony Veiler e William Hornbeck, todos veteranos de Hollywood; diretor, roteirista e montador, respectivamente. O sargento Richard Griffith (subsequentemente chefe do departamento de cinema do Museu de Arte Moderna) encarregou-se da pesquisa e outros artistas e técnicos de cinema, além dos já citados, deram a sua contribuição anônimamente (vg. Eric Knight, Walter Huston, Dimitri Tiomkin, Lloyd Nolan, Leonard Spielgass, Robert Heller), pois nenhum crédito pessoal aparecia nos filmes da série. Os outros filmes realizados pela unidade também receberam a contribuição de renomados cineastas, técnicos, escritores etc. Prelúdio de Guerra ganhou um Oscar da Academia “pela vigorosa concepção e dramatização autêntica e emocionante dos fatos que levaram nossa nação a entrar em guerra, e dos ideais pelos quais lutamos”.

Anthony Veiler, John Huston, Major Hugh Stewart  e Frank Capra

Anthony Veiler, John Huston, Major Hugh Stewart e Frank Capra

A unidade organizada por Capra lançou também um cine-jornal para as tropas, o Army-Navy Screen Magazine, e vários filmes adicionais, inclusive Know Your Ally: Britain / 1943, The Negro Soldier / 1944, a produção britânico-americana, A Conquista da Tunisia / Tunisian Victory / 1944, Know Your Enemy: Japan / 1944 e Here is Germany / 1945. Este último foi preparado inicialmente por Ernst Lubitsch com o título de Know Your Enemy: Germany. A idéia de Lubitsch era traçar a ascenção da Alemanha moderna através de um tal de Karl Schmidt, que seria mostrado em várias épocas. Dois anos depois, o projeto foi reativado, reescrito e entregue a Gottfried Reinhardt, Anthony Veiler e William L. Shirer, e o resultado final, Here is Germany, só seria distribuido em 1945.

hollywood na guerra III Tunisian Victory

Quanto ao antepenúltimo, A Conquista da Tunísia, Anatole Litvak e sua equipe haviam dado uma boa cobertura ao evento, mas o navio que transportava o filme foi alvejado. Como o presidente Roosevelt estava ansioso para assistir o material colhido nos desembarques do Norte da África, Capra e John Huston partiram para a base de treinamento do exército no deserto de Mojave, na Califórna, onde a paisagem se assemelha com a da Tunisía. Lá puseram as tropas a subir e descer morros, sob um fogo de artilharia falso. Depois, em Orlando, na Flórida, para similar bombardeios pesados sobre as fortificações do Norte da África, Huston pediu aos pilotos dos aviões que fingiam ser alemães, que voassem bem perto dos bombardeiros onde estavam as câmeras, para não serem identificados. Mais tarde, alguém teve a idéia de juntar as cenas “fabricadas” com as autênticas rodadas pelos inglêse.

Cena de The Negro Soldier

Cena de The Negro Soldier

hollywood na guerra III Negro soldier poster

Cena de The Negro Soldier

Cena de The Negro Soldier

Capra convidou William Wyler para dirigir um filme para a série Porque Combatemos. Wyler escolheu The Negro Soldier e pediu a Lillian Hellman que escrevesse um script. Lillian comunicou a Wyler que havia convidado o ator negro Paul Robeson, então no auge de sua fama, para atuar no filme. Entretanto, seus planos falharam, e Wyler procurou dois outros escritores, Marc Connelly (ganhador do Pulitzer Prize em 1930 por sua peça “The Green Pastures” e colaborador de George S. Kaufman em alguns sucessos da Broadway durante os anos vinte) e Carlton Moss (escritor negro que havia trabalhado com Orson Welles e John Houseman para o Federal Theater no Harlem).

Lena Horne e Carlton Moss

Lena Horne e Carlton Moss

Porém, quando Wyler chegou em New Orleans, ele sentiu o ambiente de segregação. “Mr. Moss não podia viajar na mesma cabine do trem que nós usavamos. Não podia se hospedar conosco no mesmo hotel.” Rumando para a Georgia, a equipe visitou um esquadrão de negros da Força Aérea do Exército. “Nós falamos com o coronel que estava no comando. Ele era o único branco. Eu perguntei: ‘O Senhor tem algum problema aqui?’. Ele respondeu: ‘Bem, um pouquinho’. Ele disse que a população local não gostava de ver rapazes negros em aeroplanos. ‘Eles acham que é muita arrogância’. O coronel contou que um dia alguns fanáticos ‘pegaram o telefone e chamaram a KKK local’. Wyler achou que o Exército não gostaria de ver nada disso registrado, certamente não em um filme destinado a levantar a moral. Além disso, no Tuskegee Institute, a famosa universidade negra, seu cientista mais eminente, George Washington Carver, recusou-se a recebê-lo. ‘Ele recebeu Marc Connelly, não a mim’, recordou Wyler. De volta a Washington, uma semana depois, Wyler decidiu abandonar a produção, sendo substituido por Stuart Heisler.                                                                             The Negro Soldier foi feito para aquietar os protestos contra a segregação nas fôrças armadas. Nem a segregação nem os protestos contra ela são mencionados no filme – a segregação é mostrada, como uma instituição aparentemente benigna e aceita.

Chiang Kai-shek, sua esposa e o General Joseph Stilwell em Burma, 1942

Chiang Kai-shek, sua esposa e o General Joseph Stilwell em Burma, 1942

Nem todos os filmes da unidade de Capra foram bem recebidos. The Battle of China descrevendo a China como uma nação resolutamente unida sob Chiang Kai-shek, parecia tão questionável que foi logo retirado de circulação. Know Yor Enemy: Japan – no qual Joris Ivens trabalhou com o roteirista Carl Foreman – foi completado em 1944, porém não foi distribuido, porque retratava o Imperador Hiroito como um criminoso de guerra. A série Porque Combatemos também fez isso, mas houve uma mudança de orientação política. Agora era percebido que o Imperador deveria ser mantido depois da guerra, como uma ajuda à manutenção da ordem.

Know Your Enemy: Japan

Know Your Enemy: Japan

General MacArthur e Hiroito após a guerra

General MacArthur e Hiroito após a guerra

Assim como aconteceu na realização da série Porque Combatemos, outros documentários de grande prestígio foram feitos para as forças armadas por veteranos de Hollywood. Entre eles estavam John Huston, John Ford, William Wyler e George Stevens. Em abril de 1942, John Huston apresentou-se ao quartel-general do U.S. Army Signal Corps Exército dos Estados Unidos para o serviço ativo. Sua primeira missão foi realizar um documentário, focalizando a vida dos soldados na base aérea de Adak, nas ilhas Aleutas, na costa do Alasca. No começo, Report from the Aleutians / 1943 mostra as atividades cotidianas e horas de lazer dos homens. O climax é o ataque à ilha Kiska, dominada pelos japoneses. Para filmá-lo, Huston e o cameraman Rey Scott executaram mais de 15 missões sobre os alvos inimigos, tendo o cinegrafista recebido uma condecoração pelo desempenho de nove missões em apenas seis dias.

Cena de Report from the Aleutians: Kiska

Cena de Report from the Aleutians: Kiska

Filmadas com negativo Kodachrome de 16mm, cuja velocidade lenta exigia forte iluminação, a maioria das cenas tiveram que ser rodadas, no período de seis mêses, na chuva e sob a neblina quase constante de Adak. O comentário, escrito por Huston e falado por seu pai, Walter, passa um sentimento de que o péssimo tempo, o tédio e a solidão eram tão inimigos quanto os japoneses. Mesmo com o final otimista (ouvem-se na trilha sonora a canção “Going Home” e a confirmação de que todos os aviões voltaram a salvo”), Report from the Aleutians não agradou aos militares. Eles acharam o filme muito longo, porém Huston insistiu na manutenção de todas as cenas.

Cena de Report from the Aleutians

Cena de Report from the Aleutians

Cena de Report from the Aleutians: Adak

Cena de Report from the Aleutians: Adak

hollywood na guerra III Report from the Aleutians poster

Cena de Report from the Aleutians

Cena de Report from the Aleutian

Ao retornar das Aleutas, Huston, ajudou Frank Capra a “fabricar” as cenas para a Conquista da Tunísia e, ao concluí-las, dirigiu-se à Itália, agregando-se ao 143º Regimento da 36ª Divisão de Infantaria do Texas. Ele foi encarregado de realizar The Battle of San Pietro / 1944, que aborda a sangrenta reconquista de uma pequena aldeia italiana pelo batalhão de infantaria. Durante muito tempo, só se conhecia a versão de Huston sobre a filmagem (narrada em sua autobiografia, “An Open Book”, 1980); porém, em 1998, o historiador militar Peter Maslowski (“Armed with Cameras – The American Military Photographers of World War II”) contestou a informação de Huston de que o filme foi rodado durante a batalha e, recentemente, outro historiador, Mark Harris (“Five Came Back”, 2014), afirmou categoricamente que The Battle of San Pietro foi um filme escrito, interpretado e dirigido, contendo apenas dois minutos de documentação real, não reconstruida. Huston também jamais reconheceu que seu documentário – narrado por ele mesmo – foi inteiramente uma recriação. Segundo Mark Harris, as tomadas mais “verdadeiras” são as que o cinegrafista Jules Buck filmou no primeiro dia em que a equipe de Huston chegou na cidade e uma outra na qual Buck, Huston e Eric Ambler se abrigaram para não serem atingidos pelas balas de uma metralhadora. Esta tomada é diferente das outras no filme por causa de seu movimento brusco, violento e caótico.

John Huston

John Huston

Cena de The Battle of San Pietro

Cena de The Battle of San Pietro

Cena de The Battle of San Pietro

Cena de The Battle of San Pietro

O resto de Battle of San Pietro é uma invenção. Harris revela que, no dia 10 de janeiro de 1944, a reportagem do famoso correspondente de guerra, Ernie Pyle, intitulada “This One Is Captain Waskow”, apareceu nos jornais de todo o país. O relato da morte do soldado americano de 25 anos de idade na Batalha de San Pietro tornou-se uma das histórias mais lidas da carreira de Pyle e o ajudou a ganhar um Prêmio Pulitzer. Ela inspirou um filme de ficção Também Somos Seres Humanos / The Story of G.I. Joe / 1945 e chamou a atenção de milhares de americanos para a pequena aldeia de San Pietro. O texto de Pyle era o tipo de reportagem de primeira mão que Huston esperava fazer em San Pietro e ele não se intimidou pelo fato de que, quando o artigo apareceu, a batalha já havia terminado há muito tempo. Não pensou em escolher uma outra cidade para servir como tema de seu filme. Só poderia ser um lugar onde o Capitão Waskow e tantos outros jovens americanos haviam morrido pelo seu país. Assim, com a cooperação total do exército, ele concebeu, encenou e rodou o filme.

Cenas de The Battle of San Pietro

Cenas de The Battle of San Pietro

Cena de Battle of San Pietro

Cena de Battle of San Pietro

Cena de Battle of San Pietro

Cena de Battle of San Pietro

De qualquer forma, o alto escalão do Pentágono não gostou de ver as cenas nas quais há uma justaposição das vozes dos soldados conversando (gravadas antes da batalha) com as imagens dos seus corpos mortos sendo colocados em sacos, achou o filme demasiadamente realista, e mandou engavetá-lo permanentemente. Ele só foi salvo, quando o General Marshall pediu para assistí-lo algumas semanas depois. Marshall concordou com seus colegas do Pentágono que o documentário era inadequado para o público em geral, mas poderia servir como filme de treinamento, a fim de introduzir os novos pracinhas nas realidades ásperas do combate, desde que fossem feitos alguns cortes. O filme acabou sendo exibido nos cinemas em 1945.

Cena de Let There Be Light

Cena de Let There Be Light

A seguir, Huston foi incumbido de uma reportagem sobre a recuperação de combatentes vítimas de distúrbios neuropsíquicos. A intenção era comprovar a viabilidade da reabilitação e mostrar aos empregadores que os feridos estavam aptos para o trabalho na indústria. O cineasta passou três meses no Mason General Hospital, em Brentwood, Long Island, onde rodou 350 mil pés de negativo, base de Let There Be Light / 1945. O diretor de fotografia Stanley Cortez escondeu as câmeras nas alas e divisões da instituição, registrando as entrevistas individuais dos pacientes e as terapias de grupo em imagens perturbadoras.

Cena de Let There Be Light

Cena de Let There Be Light

Um pracinha que perdeu a memória durante uma explosão de granada em Okinawa é hipnotizado e começa a recordar seu terror e medo da batalha. Outro soldado, que guagueja, recebe amobarbitol. Ele começa a falar e depois a gritar, meio soluçando: “Eu posso falar, Oh Deus, escutem! Deus, eu posso falar!” Os depoimentos se sucedem, compondo um impressionante registro dos efeitos da guerra e, após a montagem, adicionou-se a narração feita por Walter Huston.

Cena de Let There Be Light

Cena de Let There Be Light

Entretanto, o War Department vetou sua apresentação, alegando que ele violava a privacidade dos pacientes – embora todos os que foram filmados tivessem dado o seu consentimento prévio para a exibição. A proibição gerou protestos, como o de James Agee: “Não sei o que é necessário para revogar essa desgraçada decisão, mas se for preciso dinamite, então dinamite é o meio indicado”. Em junho de 1946 o Museu de Arte Moderna em Nova York programou uma exibição de Let There Be Light mas, poucos minutos antes de começar a sessão, dois policiais militares chegaram e confiscaram a cópia. Até a liberação definitiva do filme em 1980, graças aos esforços do Vice-Presidente dos EUA, Walter Mondale e de Jack Valenti, presidente da Motion Picture Association of America, poucos assistiram ao filme. No Brasil, Let There Be Light integrou a programação da Retrospectiva John Huston, organizada pelo Serviço de Divulgação e Relações Culturais dos Estados Unidos (U.S.I.S.), em outubro de 1982.

Capra e Ford de farda

Capra e Ford de farda

Como a inteligência militar havia antecipado a ofensiva japonesa na Ilha Midway, John Ford e seu assistente de câmera de 24 anos de idade, Jack MacKenzie Jr., foram até lá, a fim de registrar este ponto decisivo da Guerra para o Field Photographic Branch, que fazia parte do Office of Strategic Service (OSS), dirigido pelo coronel William “Wild Bill” J. Donovan.

Cena de The Battle of Midway

Cena de The Battle of Midway

Em A Batalha de Midway/ The Battle of Midway / 1942 em cores (16mm Kodachrome depois ampliado para 35 mm Technicolor) eles filmaram o ataque nipônico e a reação americana, inclusive um plano memorável da bandeira dos Estados Unidos sendo içada no tumulto da batalha. Ford montou essas tomadas com as vozes de atores (Henry Fonda, Jane Darwell, Donald Crisp, Irving Pichel) e um esplêndido score de música folclórica e hinos patrióticos, criando uma empatia impressionante entre as pessoas que estavam no cinema e aqueles que estavam na tela. Durante a filmagem, uma ofensiva de mais ou menos 60 “Zeros” – os aviões de combate japoneses – atingiu o lugar onde Ford estava filmando, deixando-o por uns instantes inconsciente e com um estilhaço de bala de metralhadora no seu braço esquerdo.

John Ford e sua equipe na filmagem de The Battle of Midway

John Ford e sua equipe na filmagem de The Battle of Midway

Battle of Midway

Battle of Midway

Battle of Midway

Battle of Midway

Battle of Midway

Battle of Midway

Por causa da rivalidade entre as forças armadas, era importante dar a mesma atenção à Marinha, ao Exército e ao Corpo de Fuzileiros Navais. Quando o montador Robert Parrish lhe informou que estava faltando algum material filmado para os Fuzileiros, Ford tirou do bolso um close-up em filme de 35mm colorido do filho do presidente Roosevelt, o fuzileiro major James Roosevelt. Naquela noite, eles levaram uma cópia do filme para a Casa Branca, porque era preciso o apoio do presidente para que fosse lançado. Roosevelt conversou durante toda a projeção e então, subitamente, ficou completamente em silêncio, quando seu filho apareceu. No final, Eleanor estava em prantos, e o presidente proclamou: “Quero que toda mãe na América veja este filme!” A maioria delas viu. Na estréia no Radio City Music Hall, as mulheres gritavam, as pessoas choravam muito, e os lanterninhas tinham de levá-las para fora da sala. Ford foi condecorado e o documentário ganhou o Oscar da Academia, entregue à Marinha e à Twentieth Century-Fox.

Gregg Toland e John Ford na filmagem de December 7th

Gregg Toland e John Ford na filmagem de December 7th

O Secretário da Marinha, Frank Knox amigo íntimo do coronel Donovan, que havia conduzido pessoalmente a primeira investigação sobre Pearl Harbor poucos dias após o bombardeio, aprovou a proposta de Donovan de fazer o que Knox chamava de “uma apresentação completa em filme do ataque a Pearl Harbor em 7 de dezembro de 1941”.

Cena de December 7th

Cena de December 7th

Ford designou Gregg Toland como diretor e cinegrafista de December 7th e o tenente Samuel G. Engel como roteirista-produtor, esperando uma operação rápida “típica de cine-jornal”, um relato breve, fatual, sobre o que acontecera em Pearl Harbor. Quando se passaram seis semanas sem que nenhum filme chegasse, Ford foi para Honolulu e descobriu que Toland e Engel haviam transformado December 7th em uma miscelânea em longa-metragem de documentário e dramatização. Eles combinaram as poucas tomadas verdadeiras do ataque, que haviam sido filmadas pelo pessoal da Marinha, com muitas recriações, usando marujos em Pearl Harbor e soldados na adjacente base aérea de Hickam Field; miniaturas de navios americanos; aviões japoneses filmados por Ray Kellog; encenações da vida antes da guerra na ilha de Oahu. Depois seriam filmadas as cenas com Walter Huston como Tio Sam evocando os encantos do Havaí enquanto Harry Davenport como Mr. C (a consciência de Tio Sam) lhe mostrava o perigo da espionagem por parte de muitos nipo-americanos, que passara despercebida pelas autoridades. No decorrer do filme ouve-se a insinuação de que os danos teriam sido menores, “se tivessemos ficado mais alertas”.

Cena de December 7th

Cena de December 7th

Enquanto decidia se iria mostrar esta versão a Donovan, Ford filmou a reconstrução dos navios danificados em Pearl Harbor, um dos quais ainda estava em chamas, quando chegou ao local. Ele também passou um dia dirigindo algumas reencenações do ataque, convocando amigos em Oahu para atuarem como atores. A cena mais linda do filme é o funeral no meio da praia com os marujos depositando as coroas de flores sobre as covas na areia e as bandeirinhas americanas tremulando ao vento enquanto se ouve um tenor cantando “My Country ‘Tis of Thee”.

December 7th

December 7th

Outra cena muito bonita é aquela na qual a voz de um dos soldados mortos se identifica como Robert L. Kelly do Exército dos Estados Unidos e vemos seu retrato na parede de sua casa. Ele nos diz que é natural de Ohio e nos apresenta a seus pais. A mesma voz continua mostrando retratos de mais seis soldados mortos – cada qual representando armas, regiões e origens raciais diferentes – e de seus respectivos progenitores. Um locutor pergunta: “Mas porque vocês todos falam com a mesma voz?”. E vem a resposta: ”Porque nós todos somos iguais. Nós somos todos americanos”.

John Ford dirigindo Decembert 7th

John Ford dirigindo Decembert 7th

A versão original de 82 minutos de December 7th acabou sendo arquivada pelas altas patentes militares. Toland entrou em depressão, requereu sua transferência para bem longe de Washington, e Ford mandou-o para o Rio de Janeiro em abril de 1943. Finalmente, Ford recebeu aprovação de uma nova versão de 20 minutos, omitindo a conversa entre Tio Sam e Mr. C. O filme tornou-se então um hino à capacidade de reação dos Estados Unidos e à Democracia, fazendo desfilar – após um discurso do ator Dana Andrews percorrendo um cemitério acompanhado por um veterano da Primeira Guerra (Paul Hurst) – as bandeiras de vários países amigos (inclusive a do Brasil), e terminando com um avião fazendo um V da vitória de fumaça no ar. December 7th ganhou o Oscar da Academia, concedido à Marinha e ao Field Photographic Branch.

hollywood na guerra III Seabees

O Field Photography Branch realizou muitos filmes de treinamento para o pessoal da OSS, filmou e fotografou vôos de reconhecimento aéreo, produziu informações sobre áreas de interesse vital para os planejadores militares, documentou mais de cinquenta missões de combate inclusive o Doolittle Raid contra o Japão e a Invasão da Normandia; mas somente uma fração desse material filmado foi vista em cine-jornais. Ford cuidou pessoalmente de alguns filmes mas, tendo em vista o vasto âmbito das atividades da Field, ele funcionou na maioria das vezes como um produtor executivo, designando e treinando equipes de cinegrafistas e supervisionando seus projetos, alguns mais íntimamente do que outros.

James H. Doolittle e sua tripulação

Tenente Coronel James H. Doolittle e sua tripulação

Entre os filmes mais ambiciosos incluiam-se: Undercover, curso de treinamento de agentes secretos que se infiltram em território inimigo; Meet the Enemy (Germany), German Air Power, German Manpower, This is Japan, Japanese Behaviour e Natural Resources of Japan, informações sobre os poderes do Eixo; Crete, análise de como os alemães ocuparam a ilha do Mediterrâneo ocupada por ingleses, em doze dias, com um poder aéreo superior; Inside Tibet, a viagem de uma missão militar e diplomática; Burma Butterflies, Chinese Commandos, Preview of Assam, a atividade da OSS no teatro de operações da China-Burma-India; Seabees, o trabalho dos Batalhões de Construção Naval através do mundo; Project Gunn, missão para resgatar prisioneiros de guerra na Romania; Cayuga Mission, a assistência da OSS a partisanos na Itália; We Sail at Midnight, os “navios da vitória” deixando o porto de Nova York para a Grã Bretanha; Mission to Giessen, história dramatizada de um agente da OSS que caira de paraquedas na Alemanha, a fim de obter inteligência tática durante os meses finais da guerra na Europa; e Manuel Quezon: In Memoriam, cobertura do funeral do presidente filipino exilado e seu enterro no Arlington National Cemetery.

hollywood na guerra III Memphis belle Poster lola

Após ter deixado a produção de The Negro Soldier, William Wyler foi apresentado pelo roteirista Sy Bartlett ao Major General Carl A. Spaatz, que havia sido encarregado de organizar para combate a Oitava Força Aérea baseada na Grã Bretanha. Huston disse a Spaatz: “General, eu não sei para onde o senhor vai e nem para fazer o quê, mas seja lá o que o senhor for fazer, eu penso que isto deve ser registrado em filme”. Spaatz virou-se para seu chefe do estado-maior, Brigadeiro General Claude E. Duncan, e ordenou: “Tome conta dele”. Nomeado major, Wyler recebeu a incumbência de recrutar uma equipe e adquirir equipamento de câmera em Los Angeles. Ele alistou dois cinegrafistas, William Clothier e William Skall, e o técnico de som Harold Tannenbaum, cinco anos mais velho do que Wyler, e que morreria dez meses depois em uma missão de bombardeio. Quando Wyler chegou em Londres, o primeiro esquadrão de bombardeiros americanos B-17 (conhecidos como “Fortalezas Voadoras”) havia acabado de iniciar as missões de combate. Wyler elaborou uma lista de cinco projetos, sendo que dois continham elementos chave para o que mais tarde tornou-se Por Céus Inimigos / The Memphis Belle, The Story of a Flying Fortress. 

Memphis Belle

Memphis Belle

Ele chamou um projeto de Nine Lives, a história de uma missão de bombardeio e a tripulação de um único bombardeiro. O outro projeto, chamado Phyllis Was a Fortress, seria baseado nas experiências da tripulação de um bombardeiro denominado “Phyllis” durante uma única missão de combate sobre a França ocupada. Os outros três projetos tinham menos interesse para Wyler, mas ele os propôs como parte das ordens que sua unidade havia recebido: Ferry Command, documentário sobre a entrega transatlântica de bombardeiros; The First Americans, documentário sobre os membros do Eagle Squadron, que foram os primeiros pilotos americanos na guerra; e A.F. – A.A.F., documentário sobre a cooperação perfeita entre as forças aéreas.

Memphis Belle e sua tripulação (William Wyler é o quarto à direita)

Memphis Belle e sua tripulação (William Wyler é o quarto à direita)

Depois de passar por um treinamento árduo (entre outras coisas como operar seu equipamento com máscaras pesadas ligadas a garrafas de oxigênio, uma vez que os B-17 eram não pressurizados, e tão frios, que o congelamento dos dedos ou das mãos deixava um bom número de pilotos fora de ação), Wyler e sua equipe participaram da primeira missão de combate com o 91º Bomb Group, aquartelado in Bassingbourn, cuja missão era atingir as instalações portuárias em Bremen e a base naval de Wilhelmshaven. Wyler voaria em um B-17, apelidado de “Jersey Bounce”, pilotado pelo Capitão Robert K. Morgan, um rapaz de 24 anos natural da Carolina do Norte. Comumente, Morgan e sua tripulação igualmente jovem voava em outra fortaleza voadora chamada de “Memphis Belle”, mas esta estava em conserto. Wyler revelou somente 250 pés de filme, “ de qualidade duvidosa”. Sua segunda missão de bombardeio ocorreu seis semanas após a primeira quando ele se uniu a Morgan e sua tripulação, desta vez na “Memphis Belle”, para alvejar bases de submarino em Lorient e Brest na Bretanha. Curiosamente, o nome “Memphis Belle” surgiu em homenagem à heroína de um filme que Morgan e seu co-piloto haviam visto, Dama por uma Noite / A Lady for a Night / 1942. A heroína, interpretada por Joan Blondell, era a dona de uma barcaça-cassino no Mississipi, que ia para Memphis. Ela e a barca eram chamadas de Memphis Belle.

William Wyler a bordo

William Wyler a bordo

Wyler realizou ao todo cinco missões (as duas últimas em outros B-17 que não a “Memphis Belle”) e, após a quinta, a mais perigosa de todas, foi condecorado com a Air Medal, e voltou para a Califórnia para montar o filme em Fort Roach. Wyler pediu à Oitava Força Aérea que mandasse a “Memphis Belle” para Fort Roach, porque precisava da tripulação para gravar os diálogos em voice-overs. No estúdio em Fort Roach, Wyler conseguiu evocar a atmosfera de um combate aéreo com o diálogo pelo interfone, que tipicamente ocorre a bordo de uma Fortaleza Voadora. Ele havia trazido 19 mil pés de material filmado em cores – todo ele silencioso – e precisava recriar a conversa da tripulação no calor da batalha.

Tripulação da  Fortaleza Voadora  b-17 (Memphis Belle)

Tripulação da Fortaleza Voadora b-17 (Memphis Belle)

Memphis Belle, B-17

The Memphis Belle (originariamente intitulado Twenty-Five Missions), acompanha a tripulação de uma Fortaleza Voadora B-17 na sua última missão. O filme tem cenas notáveis de perigo e tensão. A viagem de volta para a Inglaterra é espetacular. Quando os aviões inimigos voam enquadrados de todos os ângulos, tomadas subjetivas através do visor das metralhadoras restituem a perspectiva e captam a emoção de um tiroteio aéreo. Em uma sequência excitante, a B-17 move-se em forma de espiral desordenada, Duas figuras de pára-quedas aparecem na fortaleza descontrolada; as exclamações esbaforidas da tripulação da “Memphis Belle” (“saiam daí rapazes!”) através do interfone enchem a trilha sonora. O diálogo pelo interfone foi reconstruído na fase de pós-produção, porque o ruído do motor e das armas a bordo tornava a gravação direta impossível. No final, vemos o retorno das Fortalezas – muitas delas danificadas -, os rapazes que chegaram feridos ou mortos, a alegria dos sobreviventes, a cerimônia de sua condecoração, e a visita do Rei e da Rainha da Inglaterra para cumprimentá-los

Em junho de 1944 – o mês em que Roma foi libertada pelos Aliados – Wyler e John Sturges (que já fizera vários filmes de treinamento para o Signal Corps) integraram-se no 57º Grupo de Aviões de Combate na base aérea de Alto, na Corsega. Sua tarefa era contar a história dos bombardeiros P-47 Thunderbolt da 12ª Fôrça Aérea, usados na Operação Strangle, com a finalidade de atingir as rotas de abastecimento alemãs na Itália.

hollywood na guerra III Thunderbolt

Como não havia espaço nos aviões para o diretor e o cinegrafista, as câmeras tiveram que ser montadas na proa, na cabine do piloto, nas asas e até na cauda – todas cronometradas com o mecanismo de disparo das armas do avião. Bastava apertar dois botões, um marcado “Começo” e outro marcado ”Pare”, mas alguns dos homens a bordo não queriam se incomodar em operar as câmeras durante o vôo, outros achavam que a sua simples presença no avião dava má sorte, e outros simplesmente se esqueciam de usá-las no calor do momento. Por outro lado, elas só mostravam a perspectiva do piloto. Era preciso também tomadas contextuais – dos danos causados no solo e dos P-47 voando no céu. Para comprovar o quão mortífero foi o bombardeamento, Wyler e Sturges rumaram para Nápoles e de lá foram conduzidos de jipe para a frente de batalha, de onde trouxeram tomadas dos corpos estendidos nas margens das estradas, carros e linhas férreas destroçados, pontes e aquedutos derrubados.

Thunderbolts

Thunderbolts

 Thunderbolt

O material filmado aéreo adicional foi obtido de um B- 25, bombardeiro médio de duas hélices, com Wyler sentado na frente ao lado do piloto, Sturges na cauda, e o tenente sargento Karl H. Maslowski, que era o outro cinegrafista, movendo-se rapidamente de um lado para o outro do avião com sua câmera. Ironicamente, esse material filmado em um vôo de rotina, sem artilharia antiaérea, sem armas de fogo, foi o mais penoso da guerra. O B-25 era um avião muito barulhento. Em determinado momento durante o vôo, Wyler arrastou-se pelo interior do avião com uma Eyemo, deitou-se no chão e começou a filmar. O ruído dos motores e o som alto do vento com a janela aberta do aparelho fizeram com que ele perdesse a maior parte de sua audição. Thunderbolt só seria completado após o armistício e quando foi oferecido de graça aos exibidores pelo War Department, ninguém se interessou. Finalmente, em julho de 1947, a Monogram Pictures distribuiu o filme com uma breve apresentação de James Stewart.

George Stevnes no SPECOU

George Stevnes no SPECOU

Depois de passar seis meses no Norte da África, Egito e Irã cumprindo tarefas para o Signal Corps, George Stevens foi encarregado de dirigir e organizar a Special Coverage Unit (SPECOU) – na qual estavam, os cinegrafistas Joseph Biroc e William Mellor, os roteiristas Ivan Moffat e Anthony Veiler, e os romancistas Irwin Shaw e William Saroyan – que, acompanhando o exército americano durante dois mêses segundo as instruções dos Generais Patton e Bradley, documentaram momentos cruciais do conflito mundial, como a invasão da Normandia, a libertação de Paris, o encontro das forças americanas e soviéticas no rio Elba, a devastação ocorrida na Batalha do Bolsão das Ardennas, a rendição de 320 mil homens da Companhia B do Exército Alemão, a descoberta de uma fábrica subterrânea gigantesca de bombas V-2 em Nordhausen, Alemanha, a chegada da 99ª Divisão de Infantaria no campo de concentracão de Dachau, o retiro de Hitler em Berchtesgaden nos Alpes etc.

George Stevens

George Stevens

Dachau

Dachau

George Stevens na Libertação

George Stevens na Libertação

A SPECOU se desfêz, mas Stevens permaneceu na Europa, encarregado de reunir evidência cinematográfica para instruir o processo dos criminosos de guerra nazistas nos julgamentos de Nuremberg em 1945-46. Nos próximos meses ele se devotou à realização de dois documentários: Nazi Concentration and Prison Camps e The Nazi Plan. O primeiro filme é uma compilação de 59 minutos de atrocidades. Antes das imagens dos campos, aparecem na tela documentos assinados por Stevens e Ray Kellog (que assumira a chefia do Field Photographic Branch), atestando sua autenticidade. A declaração escrita de Kellog foi feita na presença de John Ford, cuja assinatura aparece ao lado da sua. O segundo filme, procura demonstrar que os crimes de guerra da Alemanha foram o resultado de mais de uma década de planejamento e premeditação.

hollywood na guerra III Withthemarines at tarawalogo

Louis Hayward

Louis Hayward

Cena de With the Marines at Tarawa

Cena de A Tomada de Tarawa

Em acréscimo a esses documentários de combate identificados com grandes diretores de Hollywood, foram feitos outros colaborativamente por equipes de filmagem (algumas vezes incluindo talentos de Hollywood) das várias forças armadas, destacando-se: A Batalha pelas Marianas / The Battle for the Marianas / 1944; Atacar! A Batalha da Nova Inglaterra / Attack! The Battle of New Britain / 1944; A Tomada de Tarawa / With the Marines at Tarawa / 1944 (dirigido por Louis Hayward (não creditado), premiado com o Oscar de Melhor Documentário Curto); Resisting Enemy Interrogation / 1944 (dirigido por Bernard Vorhaus (não creditado), Indicado para o Oscar de Melhor Documentário Longo); To the Shores of Iwo Jima / 1945; The Fleet That Came to Stay / 1945; Fury in the Pacific / 19

The Fighting Lady (USS Yorktown, não identificado no filme)

The Fighting Lady (USS Yorktown, não identificado no filme)

hollywood na guerra III Fighting LadyBelonave / The Fighing Lady – A Newsdrama of the Pacific / 1944 (dirigido por Edward J. Steichen, produzido por Louis de Rochemont, narrado por Robert Taylor, premiado com o Oscar de Melhor Documentário Longo)

Cena de A Verdadeira Glória

Cenas de A Verdadeira Glória

hollywood na guerra III The True glory e A Verdadeira Glória / The True Glory / 1945, co-produção britânico-americana dirigida por Carol Reed e Garson Kanin (traçando a história da campanha dos aliados na Europa , desde a invasão da Normandia até o Dia da Vitória) laureado com o Prêmio da Academia para Melhor Documentário Longo.