Os atores latinos foram usados por Hollywood no seu período clássico de duas maneiras: como astros e estrelas, personificando homens sedutores e mulheres lascivas ou temperamentais (porém ambos interpretando quase sempre papeís não-latinos, geralmente personagens europeus de vários países) ou como coadjuvantes ou extras, encarnando principalmente indígenas ou os estereotipos mexicanos de bandidos grotescos, peões preguiçosos ou cômicos, ditadores cruéis, señoritas virginais e as garotas das cantinas.
Curiosamente, houve atores não latinos ou que eram apenas descendentes de latinos, fazendo papéis de latinos como Ricardo Cortez, cujo verdadeiro nome era Jacob Krantz, criado no Lower East Side de Nova York e Joseph Calleia, que era filho de espanhóis, nascido em Malta.Existiram ainda atores latinos que anglicizaram seu nome artístico como Barry Norton e Gilbert Roland, nascidos respectivamente na Argentina e no México com os nomes de Alfredo Biraben e Luís Antonio Damaso de Alonso.
De modo inverso, outros artistas de origem latina ou semi-latina, que nasceram nos Estados Unidos e tinham nomes não-latinos, escolheram nomes artísticos, que soassem mais como latinos como Raquel Torres, que era meio-alemã e meio-mexicana, nascida no México com o nome de Paula Marie Osterman.
Vários fatores cooperaram para que atores latinos atingissem o estrelato. Primeiramente, a expansão industrial e a competição internacional levou os estúdios a dar mais destaque para atores estrangeiros ou “étnicos”, a fim de ampliar a atração dos filmes de Hollywood nos mercados internacionais. Outro fator foi a enorme popularidade de todas as coisas mexicanas entre 1920 e 1935, quando houve um entusiasmo tanto pela herança do período pré-conquista como pela obra de artistas contemporâneos e muralistas como Diego Rivera e José Clemente Orozco, um aumento da publicação de livros sobre o México, e um estreitamento das relações entre os dois países, tornando-os mais abertos ao intercâmbio cultural.Finalmente, os sotaques não eram problema na cena muda e a transferência da produção de filmes da Costa Leste para a Califórnia, proporcionou a proximidade e acesso, particularmente para os mexicanos, ao mundo do cinema.
Feita essa breve introdução, seguem, em ordem alfabética, bio-filmografias sucintas dos atores e atrizes latinos mais conhecidos no cinema americano clássico, exluídos alguns grandes astros (v.g. Dolores Del Rio, Ramon Novarro, Anthony Quinn, Rita Hayworth), artistas brasileiros, portuguêses e italianos, os que fizeram apenas versões em língua espanhola de filmes americanos ou filmes falados originariamente em espanhol e apenas um ou dois filmes americanos, e as aparições em filmes ou séries de televisão.
RODOLFO ACOSTA (1920-1974). Local de nascimento: Chihahua, México. Nome verdadeiro: Rodolfo Acosta Pérez. Quando tinha três anos de idade, sua família mudou-se para a Califórnia. Fascinado pela arte dramática, frequentou a Pasadena Playhouse. Aos dezenove anos de idade, ganhou uma bolsa para o Palacio de Bellas Artes em Mexico City, ali permanecendo por três anos. Com o advento da Segunda Guerra Mundial, Acosta alistou-se na Marinha dos Estados Unidos, incorporando-se na Naval Intelligence. Depois da guerra, por intermédio de John Ford, ele conseguiu fazer uma ponta em Dominio de Bárbaros / The Fugitive / 1947, e depois trabalhou em muitos filmes mexicanos, destacando-se Santa entre Demônios / Salón Mexico / 1949
com Marga López e Vítimas do Pecado / Victimas del Pecado /1951 com Ninon Sevilha e Tito Junco, ambos dirigidos por Emilio Fernández. Acosta conquistou o premio Ariel (o equivalente ao Oscar no México) por sua interpretação como o gigolô Paco no primeiro filme, o que o levou a um contrato com a Universal, onde estreou em Nem o Céu Perdoa / One Way Street / 1950, estrelado por James Mason. Entre os filmes que fez desde então em Hollywood merecem destaque seus papéis em Império do Pavor / Horizons West / 1952 (General José Escobar Lopes), Revolta do Desespero / Wings of the Hawk / 1953 (Arturo Torres), Caminhos Ásperos / Hondo / 1953 (Silva) e, principalmente, o de Scarface Charlie, em Rajadas de Ódio / Drum Beat / 1954.
MARIA ALBA (1910-1999). Local de nascimento: Barcelona, Catalunha, Espanha. Nome verdadeiro: Maria Casajuana Martínez. Foi a vencedora da Espanha (juntamente com Antonio Cumellas) no Concurso de Beleza Fotogênica, que a Fox promoveu em alguns países de língua latina, inclusive no Brasil, onde os ganhadores foram Lia Torá e Olimpio Guilherme. Como consequência, Maria Casajuana firmou um contrato com a dita produtora e foi com este nome mesmo que apareceu em um short intitulado Her Blue, Black Eyes / 1927. Ainda como Casajuana, estreou no longa-metragem Uma Noiva em Cada Porto / A Girl in Every Port / 1928 de Howard Hawks como Chiquita, ao lado de Victor Mac Laglen e Louise Brooks. Em seguida, já com o nome artístico de Maria Alba, fez na Fox Frutos da Época / Road House / 1928, Consciência Velada / Blindfold / 1928, Rua Alegre / Joy Street / 1928 e Os Três Padrinhos / Hell’s Heroes / 1929. Depois de aparecer em uma revista musical da Hollywood Spanish Pictures, dirigida por Xavier Cugat, Charros, gauchos y manolas / 1930, ela participou de versões em espanhol de filmes americanos na Fox e em outras companhias (Corpo de Delito / El Cuerpo del Delicto, v.esp. de The Benson Murder Case / 1930;
A Força de Querer / La Fuerza del Querer, v.esp. de The Big Fight / 1930; Olimpia / Olimpia, v.esp. de His Glorious Night / 1930; Los Que Danzan, v.esp. de Those Who Dance / 1930; El Código Penal, v.esp. de The Criminal Code / 1931; Camino del Infierno, v.esp. de The Man Who Came Back / 1931; Sua Última Noite / Su Última Noche / 1931, v.esp. de The Gay Deceiver; A Lei do Harem / La Ley del Haren, v.esp. de Fazil / 1931) e de outros filmes na MGM (Gigolô / Just a Gigolô / 1931, Fox (Por uma Mulher / Goldie / 1931, Almost Married / 1932), Mack Sennett (Hypnotized / 1932), Monarch (Beijo de Árabe / Kiss of Araby / 1932), Monogram (Flirting with Danger / 1932, Great God Gold /1935), RKO (No Domínio dos Homens / West of the Pecos / 1934). Maria Alba trabalhou também em um seriado, A Volta de Chandu / The Return of Chandu como Nadji – Princesa do Egito e em Robinson Crusóe Moderno / Robinson Crusoe, no seu melhor papel, “Saturday”, ao lado de Douglas Fairbanks. Em 1946, retirou-se das telas, após aparecer em dois filmes mexicanos, El Hijo de Nadie e La Morena de mi Copla.
DON ALVARADO (1905-1967). Local de nascimento: Albuquerque, New Mexico, EUA. Nome Verdadeiro: José Paige. Começou sua carreira como extra em 1924 e se tornou um leading man no final dos anos vinte, aparecendo com maior destaque em Os Amores de Carmen / The Loves of Carmen / 1927 e Vendida / No Other Woman / 1928, ao lado Dolores Del Rio; A Dança da Vida / Drums of Life / 1928, com Mary Philbin; A Dama Escarlate / The Scarlet Lady / 1928 com Lya de Putty; A Ponte de San Luis Rey / The Bridge of San Luis Rey / 1929 com Lili Damita.
PEDRO ARMENDÁRIZ (1912-1963). Local de nascimento: Mexico City, México. Nome verdadeiro: Pedro Gregorio Armendáriz Hastings. Filho do mexicano Pedro Armendáriz García-Conde e da americana, Adela Hastings, Pedro e seu irmão Francisco, moraram com seu tio, Henry Hastings, Sr. em Laredo, depois que sua mãe faleceu. Após se formar em engenharia na California Polytechnic State University, Pedro retornou ao México no início dos anos trinta e começou uma carreira de ator no teatro. Desde seu primeiro filme Maria Elena / 1935 até estrear no cinema americano em Domínio de Bárbaros / The Fugitive / 1947, sob as ordens de John Ford, Armendáriz fez mais 48 filmes mexicanos, entre os quais se destacaram Flor Silvestre / Flor Silvestre / 1943, Maria Candelaria / Maria Candelaria / 1943, As Abandonadas / Las Abandonadas / 1944, A Pérola / La Perla / 45, Coração Torturado / Bugambilia / 1944 e Enamorada /Enamorada / 46, todos dirigidos por Emilio Fernández, firmando-se como um grande astro na cinematografia azteca.
Em Hollywood, passou a coadjuvante, salientando suas aparições nos três filmes de Ford (os outros dois foram: O Céu Mandou Alguém / Three Godfathers / 1948 e Sangue de Heróis / Fort Apache / 1948) e em um de John Huston, Resgate de Sangue / We Were Strangers / 1949). Porém continuou como astro em filmes mexicanos (v.g. Maclovia / Maclovia / 1949, A Malquerida / La Malquerida / 1949, Do Ódio Nasce o Amor / The Torch / 1950 (co-produção com EUA) todos de Emilio Fernandez, e O Bruto / El Bruto / 1953, de Luis Buñuel e Mulata / 1954, ao lado de Nino Sevilla). Posteriormente, tornou-se um artista internacional, atuando em filmes europeus (vg. O Tirano de Toledo / Les Amants de Tolède / 1952, Os Amores de Lucrécia Borgia / Lucrèce Borgia / 1953, O Diabo do Deserto / Fortune Carrée / 1955, Homens e Lobos / Uomini I Lupi / 1957), sem deixar de lado os americanos (vg. Diana da França / Diane / 1953, Sangue de Bárbaros / The Conqueror / 1955, Terra Maravilhosa / The Wonderful Country / 1959, São Francisco de Assis / Francis of Assisi / 1961).
Seu último filme foi Moscou contra 007 / From Russia with Love / 1963, produzido no Reino Unido. Durante a filmagem, Armendáriz estava seriamente doente com câncer avançado nas glândulas linfáticas. Quando recebeu a notícia de que teria somente mais um ano de vida, ele se matou com um tiro no quarto do hospital em Los Angeles.
ARMIDA (1913-1989). Local de nascimento: Aguascalientes, México. Nome verdadeiro: Armida Vendrell. Seu pai, Joaquin Vendrell, era um mágico conhecido como “The Great Arnold”, que imigrou para o México, oriundo de Barcelona, Espanha. Armida começou a representar aos dezesseis anos de idade, quando sua família se mudou para os Estados Unidos. Seu pai abriu o primeiro cinema em Douglas, Arizona, onde ela e suas irmãs, Lydia e Lola, cantavam e dançavam durante o intervalo e seu progenitor praticava seus atos de ilusionismo. Armida foi descoberta pelo ator, produtor e compositor Gus Edwards, que a introduziu no vaudeville e depois a levou para Hollywood, colocando-a em shorts musicais na MGM (Colortone Novelties) até que ela obteve o papel principal de Conchita em Border Romance /1929. Ainda em 1929, ela fez um número musical intitulado “Irmãs Unidas” / “Meet my Sister” em A Parada das Maravilhas / The Show of Shows, do qual participaram vários astros e estrelas da Terra do Cinema. Entre seus filmes mais conhecidos estão:
Don Juan do México / Under a Texas Moon / 1930; O General Crack / General Crack / 1930, estrelado por John Barrymore; Ai Vêm os Navais / The Marines are Coming / 1934; Sob o Luar dos Pampas / Under the Pampas Moon / 1934; Ritmo Serrano / Rootin’ Tootin’ Rhythm / 1937 com Gene Autry e Smiley Burnette; Ao Sul de Tahiti / South of Tahiti / 1941; Sempre em meu Coração / Always in My Heart / 1942; Nocaute do Amor / The Girl from Monterey / 1943; dois filmes da série Cisco Kid (A Canção da Fronteira / South of the Rio Grande / 1945 e The Gay Amigo / 1949; A Deusa das Selvas / Jungle Goddess / 1948; e o seriado A Rainha do Congo / Congo Bill / 1948, no qual ela fazia o papel de uma nativa, Zulea.
DESI ARNAZ (1917-1986). Local de nascimento: Santiago de Cuba, Cuba. Nome verdadeiro: Desiderio Alberto Arnaz y de Acha III. Seu pai foi prefeito de Santiago e também ocupou uma cadeira na Câmara dos Deputados de Cuba. Após a Revolução Cubana de 1933, liderada por Fulgêncio Batista, que derrubou o governo do presidente Gerardo Machado, o pai de Desi foi preso e teve seus bens confiscados. Quando recuperou a liberdade, a família mudou-se para Miami. Desi arrumou emprego como guitarrista em uma banda que tocava rumba e, eventualmente, foi para Nova York, juntando-se à orquestra de Xavier Cugat. Desi introduziu a moda da conga como dansa de salão na América e sua popularidade levou-o à Broadway, onde obteve um papel no musical de George Abbott, “Too Many Girls” como Manuelito, um jogador de futebol sulamericano. Em 1940, Desi foi convocado por Hollywood para recriar seu papel na versão cinematográfica do musical. Ele conheceu Lucille Ball na RKO, onde Garotas em Penca / Too Many Girls foi filmado, e eles se casaram. Desi fez mais três filmes corriqueiros na RKO (Papai Vai Casar / Father Takes a Wife / 1941, Quatro Valetes e uma Dama / Four Jacks and a Jill / 1942, Emboscada em Alto Mar / The Navy Comes Through / 1942) e participou, na MGM, de um bom filme de guerra dirigido por Tay Garnett, A Patrulha de Bataan / Bataan / 1943, no papel de Felix Ramirez, um dos soldados componentes da unidade totalmente dizimada pelos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial.
Depois de mais dois filmes de pouca importância, Ao Calor da Rumba / Cuban Pete / 1946 e Holiday in Havana / 1947 e um short musical, Jitterumba / 1947, produzido pela Universal, ele e Lucille Ball tentaram repetir o êxito que estavam alcançando na série de televisão I Love Lucy (1951-1957), compondo um outro casal em Lua-de-Mel Agitada / The Long Long Trailer / 1953; mas, apesar de dirigido por um cineasta do porte de Vincente Minelli, o espetáculo foi apenas razoável. A dupla tentou de novo com Eu e Meu Anjo / Forever, Darling / 1956, porém o resultado foi pior. Desi só retornaria ao cinema em 1982 para fazer, ao lado de Raul Julia, seu último filme, O Pequeno Mágico / The Escape Artist, cujo produtor-executivo era Francis Ford Coppola. Com o sucesso de I Love Lucy, Desi e Lucille formaram a Desilu Productions, compraram as instalações do estúdio da RKO e se dedicaram à produção de programas para a televisão. Eles se divorciaram em 1960.
LITA BARON (1929 – ). Local de nascimento: Almería, Espanha. Nome verdadeiro: Isabel Beth Castro. Quando tinha quatro anos de idade, sua família emigrou para os Estados Unidos. A primeira incursão de Lita no mundo do espetáculo foi pela mão de Xavier Cugat, com quem cantou no Trocadero, apresentando-se sob o nome artístico de Isabelita. Em 1943, ela apareceu em um filme da Republic, That’s My Baby! juntamente com o Guadalajara Trio, formado por cantores guitarristas. Em 1945, contratada pela RKO Pictures, participou do elenco de Pan-Americana / Panamericana no papel de Lupita. Em seguida, fez filmes dois shorts (Champagne for Two e Samba-Mania na Paramount (série Musical Parade) e longas-metragens em vários estúdios (v.g. A Alegre Mexicana / The Gay Señorita / 1945 (Columbia); Clube Havana / Club Havana / 1945 e A Volta de Don Ricardo / Don Ricardo Returns / 1946 (PRC); Ligeiramente Escandalosa / Slightly Scandalous / 1946 (Universal); Herói Ginasial / School Hero / 1946 e Bomba e a Pantera Negra / Bomba on Panther Island / 1949 (Monogram);
Jim das Selvas / Jungle Jim / 1948 (Esskay), já como o nome de Lita Baron no papel de Zia; Mercado Humano / Border Incident / 1949 como Rosita, sem ser creditada (MGM); Savage Drums /1951 (Sigmund Neufeld), co-estrelando com Sabu. Nos anos cinquenta, Lita trabalhou com seu marido Rory Calhoun nos westerns O Tesouro de Pancho Villa / The Treasure of Pancho Villa / 1955 e Onde Imperam as Balas / Red Sundown / 1956, e foi ao lado dele que fez seu ultimo filme em 1979, Bitter Heritage, no papel de La Madre.
ALFONSO “INDIO” BEDOYA (1904-1957). Local de nascimento: Vicam, Sonora, México. Descendente da tribo Pascua Yaqui, teve uma infância nômade, morando em vários lugares, inclusive, durante certo tempo, em Mexico City. Na adolescência, recebeu uma educação particular em Houston, Texas, mas logo largou os estudos, e teve vários empregos. Entretanto, sua família, trouxe-o de volta para Mexico City, onde ele encontrou trabalho na indústria de cinema mexicana. Bedoya fez dezenas de filmes mexicanos em papéis muito pequenos até ser descoberto pelo diretor John Huston, que lhe ofereceu o papel de Gold Hat em O Tesouro de Sierra Madre / The Treasure of Sierra Madre / 1948. Bedoya roubou as cenas nas quais aparecia. Quando Gold Hat e seu bando tentam convencer os garimpeiros (Walter Huston, Tim Holt, Humphrey Bogart) de que são “federales”, Dobbs, o personagem interpretado por Bogart, pergunta: “Se vocês são da polícia, onde estão seus distintivos?”. E aí, Gold Hat diz uma frase, que foi incluída em uma enquete feita pelo American Film Institute, entre as mais memoráveis do cinema: “Badges? We ain’t got no badges. I don’t have to show you any stinking badges!”(Distintivos? Não temos distintivos. Não preciso mostrar para vocês nenhum distintivo nojento!).
Ele atuou ainda em muitos filmes americanos, a maioria westerns, comumente como bandido mexicano (vg. Tentação Selvagem / Angel and the Amazon / 1948, Mosqueteiros do Mal / Streets of Laredo / 1949, Mercado Humano / Border Incident / 1949; A Rosa Negra / The Black Rose / 1950 (como o chinês Lu Chung), O Fidalgo da California / California Conquest / 1952, Arizona Violenta / Ten Wanted Men / 1955 O Pistoleiro / Stranger Wore a Gun / 1953 e Da Terra Nascem os Homens / The Big Country / 1958. O alcoolismo destruiu sua saúde e Bedoya morreu com 53 anos.
FORTUNIO BONANOVA (1895-1969). Local de nascimento: Palma de Mallorca, Espanha. Nome verdadeiro: Josep Lluís Moll. Estudou música, no Conservatório Real de Madrid e teve professores particulares de música em Milão, Itália e no Conservatório de Paris. Aos dezessete anos de idade, o jovem barítono estava cantando com o grupo da Capela Real em Madrid, quando Feodor Chaliapin o ouviu e o estimulou nas suas ambições musicais. Bonanova estreou na ópera em Paris como o toureador em “Carmen” de Bizet e depois cantou em várias companhias de ópera internacionalmente. No cinema mudo espanhol, atuou em Don Juan Tenorio / 1922 e produziu, dirigiu e estrelou Don Juan / 1924. Sua estréia no cinema americano deu-se em Mulheres e Aparência / Careless Lady / 1932, seguindo-se pequenos papéis em produções americanas (Manias de Gente Rica / A Successful Calamity / 1932, A Princesa e o Galã / Romance in the Dark /1938, Feitiço do Trópico / Tropic Holiday / 1938 ) e papéis principais em produções espanholas (v.g. El Capitan Tormenta / 1936, Poderoso Caballero / 1936, El Carnaval del Diablo /1936).
Em 1939, Bonanova produziu, compôs a música e estrelou em um filme americano falado em espanhol, La Immaculada, dirigido por Louis J. Gasnier. Na sua extensa filmografia como coadjuvante em Hollywood seus papéis mais lembrados são: Matiste, o professor de canto de Susan Alexander Kane em Cidadão Kane / Citizen Kane / 1941; Dom Miguel em O Cisne Negro / The Black Swan / 1942; Fernando, o guerrilheiro espanhol em Por Quem Os sinos Dobram / For Whom the Bell Tolls / 1943; o General Sebastiano em Cinco Covas no Egito / Five Graves to Cairo / 1943; Sam Garlopis em Pacto de Sangue / Double Indemnity / 1944; Carmen Trivago, o amante de ópera cujo disco raro é quebrado diante de seus olhos pelo detective particular Mike Hammer em A Morte Num Beijo / Kiss me Deadly / 1955.
ARGENTINA BRUNETTI (1907-2005). Local de nascimento: Buenos Aires, Argentina. Nome verdadeiro: Argentina Ferrau. Iniciou sua carreira no mundo do espetáculos aos três anos de idade como figurante na ópera “Cavalaria Rusticana” e seguiu os passos de sua mãe famosa, a atriz de teatro italiana Mimi Aguglia. Em 1937, foi contratada pela MGM e começou dublando as vozes de Jeanette MacDonald e Norma Shearer para o italiano. Em seguida, tornou-se narradora do programa A Voz da América, entrevistando astros e estrelas americanos para as transmissões radiofônicas na Itália. Ao mesmo tempo, começou sua carreira cinematográfica estreando em A Felicidade Não Se Compra / It’s a Wonderful Live / 1946 como Mrs. Martini, depois de aparecer sem ser creditada em Gilda / Gilda / 1946 e A Volta de Monte Cristo / The Return of Monte Cristo / 1946.
Argentina fez mais 63 longas-metragens (sem receber crédito em pelo menos um terço deles), sendo mais lembrados seus papéis como Mrs. Rodriguez em O Fugitivo de Santa Marta / The Lawless / 1950, Nalikadeya, a mulher de Cochise em Flechas de Fogo / Broken Arrow / 1950, Mama Antony em Sofrendo da Bola / The Caddy / 1953, para quem o filho, interpretado por Dean Martin, canta “That’s Amore”), Mrs. Ricco em Os Irmãos Ricco / The Brothers Ricco / 1957. Seu filme derradeiro foi O 4º Tenor / The 4th Tenor / 2002, em uma breve aparição nesta comédia de Rodney Dangerfield.
JOSEPH CALLEIA (1897-1975). Local de Nascimento: Rabat, República de Malta. Nome verdadeiro: Giuseppe Maria Spurrin Calleja. Filho de espanhóis, quando estva no colégio, organizou um conjunto juvenil de harmônica, que lhe rendeu o dinheiro necessário para sair de Malta em 1914, com 17 anos de idade e iniciar uma carreira de cantor, excursionando pela Europa. Posteriormente, foi para Nova York, ainda como cantor, e depois se interessou pela arte dramática, atuando em várias peças. No cinema, estreou em Meu Pecado / My Sin / 1931, filme estrelado por Tallulah Bankhead e Fredric March. Fez ao todo 57 filmes até 1963, interpretando quase sempre papéis de mexicano ou espanhol típicos (v.g. Alejandro Uradi em Juarez / Juarez, El Surdo em Por Quem Os Sinos Dobram / For Whom the Bells Toll / 1943, Juan Moreno em Nenhuma Mulher Vale Tanto / The Iron Mistress / 1952);
gangster (vg. Sonny “Dinkie” Black em Armas da Lei / Public Hero Nº 1 / 1935, Ace Acello em Jogo Perigoso / Exclusive Story / 1936, Nick Varna em Capitulou Sorrindo / The Glass Key / 1942) e policial (v.g. Inspetor Slimane em Argélia / Algiers /1938, detective Maurice Obregon em Gilda / Gilda /1946 e sargento detective Pete Menzies em A Marca da Maldade / Touch of Evil, seu personagem inesquecível. Calleia colaborou no roteiro de O Bandoleiro do Eldorado / Robin Hood of Eldorado / 1935.
LEO CARRILLO (1881-1961). Local de nascimento: California, EUA. Nome verdadeiro: Leopoldo Antonio Carrillo. Descendente de uma família que exerceu um papel importante na história da Califórnia hispano-mexicana, decidiu seguir carreira como artista. Mas, para ganhar dinheiro, a fim de prosseguir seus estudos superiores, empregou-se no departamento de engenharia da Southern Pacific Railroad. Posteriormente, Carrillo foi contratado como cartunista do San Francisco Examiner e pisou no palco pela primeira vez em um espetáculo beneficente. Depois, entrou para o vaudeville, onde atuou por sete anos até que, em 1914, ingressou no chamado legitimate theater, aparecendo em várias peças de sucesso após a Primeira Guerra Mundial. Ele estreou no cinema (depois de participar de três shorts) em Mister Antonio / 1929, seguindo-se mais 85 longas-metragens, destacando-se seus papéis como Don Jose Tostado em Girl of the Rio / 1932; Sierra em Viva Villa! / Viva Villa! / 1934; Father Joe em Vencido pela Lei / Manhattan Melodrama / 1935;
Pablo Braganza (o bandido mexicano que sequestra um cantor de ópera (Nino Martini) e uma herdeira (Ida Lupino) em O Mundo é Meu / The Gay Desperado / 1936), o chefe de polícia em Domínio de Bárbaros / The Fugitive / 1947; o gangster Tony Marlow em Crime S/A / Crime, Inc. / 1945; e, principalmente, como Pancho, o companheiro leal de Cisco Kid (Duncan Renaldo) na série de 5 fimes feitos pela Inter-American Productions e distribuídos pela United Artists.
LINDA CHRISTIAN (1923-2011). Local de nascimento: Tampico, Tamaulipas, México. Nome verdadeiro: Blanca Rosa Welter. Filha de um engenheiro holandês e executivo da Royal Dutch Shell, Gerardus Jacob Welter e de sua esposa nascida no México, Blanca Rosa Vorhauer, de descendência hispano-germânico-francêsa. A família Welter morou em tudo que é lugar desde a América do Sul, Europa, Oriente Médio até a África e, em consequência desse estilo de vida nômade, Linda tornou-se uma poliglota consumada, com a capacidade de falar fluentemente vários idomas. Na sua juventude, o único desejo de Linda era ser médica porém, depois de formada na escola secundária, teve um encontro fortuito com seu ídolo da tela, Errol Flyyn, que se tornou seu amante, e foi persuadida por ele a ir para Hollywood. Seu nome artístico foi inventado por Flynn, inspirado no personagem de “Mutiny on the Bounty”, Fletcher Christian, que ele havia interpretado em um filme australiano de 1933.
Ela estreou (como Goldwyn Girl) na comédia musical Sonhando de Olhos Abertos / Up in Arms com Danny Kaye e Dinah Shore e começou a chamar atenção do público como Hine-Moa em A Rua do Delfim Verde / Green Dolphin Street / 1947 e como Mara em Tarzan e as Sereias / Tarzan and the Mermaids / 1948. Em 1952, Linda atuou com maior destaque como Mignonette Chappuis em O Amor, Sempre o Amor / The Happy Time e como atriz principal, ao lado de Richard Conte, em Escravos da Babilônia / Slaves of Baylon / 1953, no papel da Princesa Panthea. Fêz também vários filmes europeus, porém ficou mais célebre por seus casamentos com Tyrone Power e Edmund Purdom, e seu romance rumoroso como o milionário e playboy brasileiro Baby Pignatari.
RICARDO CORTEZ ( 1899-1977). Local de nascimento: Viena, Austria. Nome verdadeiro: Jacob Krantz. Sua familia emigrou para a América quando ele tinha três anos de idade. Sua aparição em um concurso de dança proporcionou-lhe um contrato com a Paramount. Krantz era um excelente dançarino de salão e ele e sua parceira estavam participando de um concurso de dança no Cocoanut Grove em 1922. Jesse L. Lasky estava na platéia e notou logo como o rapaz austríaco se parecia com Valentino, que estava querendo deixar a Famous Players. Lasky imediatamente ofereceu um contrato a Krantz e começou a prepará-lo para substituir o grande latin lover. O primeiro passo foi a invenção de um nome latino adequado, e foi a secretária de Lasky quem escolheu o novo nome: Ricardo Cortez.
Ele ficou mais seis anos na Famous Players e depois transferiu-se para a MGM, onde foi o único astro que teve o nome nos créditos acima do de Greta Garbo no filme de estréia da atriz sueca no cinema americano, Laranjais em Flor / Torrent / 1926. De 1923 a 1958, fez mais de cem filmes, encerrando sua carreira cinematográfica em O Último Hurrah / The Last Hurrah / 1958 de John Ford. Cortez foi Sam Spade em O Falcão Maltês / The Maltese Falcon / 1931, a primeira versão do romance de Dashiel Hammett e, entre 1939-40 dirigiu sete producões modestas (Sombra de Noite / Inside Story /1939, Cortejando a Morte / Chasing Danger / 1939, A Fuga / The Escape /1939, Heaven With a Barbed Wire Fence / 1939, A Sorte Engana / City of Chance / 1940, Loura Perigosa / Free, Blonde and 21 / 1940, O Quarto 313 / Girl in 313 / 1940. Quando se retirou das telas, tornou-se corretor de títulos em Wall Street e viveu confortavelmente até o fim da vida. Foi casado com a atriz do cinema mudo Alma Rubens.
XAVIER CUGAT (1900-1990). Local de nascimento: Girona, Catalunha, Espanha. Nome verdadeiro: Francisco de Asís Javier Cugat Mingall de Bru y Deulofeo. Sua família emigrou para Cuba, quando ele tinha cinco anos de idade. O pequeno Francisco foi treinado para ser um violinista clássico e, quando Enrico Caruso esteve em Havana, conheceu o menino prodígio e o contratou para uma excursão nos Estados Unidos, na qual Cugat, com o nome de Frances Cugat, apresentou-se tocando solos de violino nos intervalos dos números do famoso tenor. Nos anos vinte, Cugat foi para a Califórnia, onde trabalhou como cartunista no Los Angeles Times durante o dia e à noite tocava com sua banda nas boates. Sua grande chance aconteceu em 1928, quando ele e seu conjunto foram contratados pelo prestigioso Cocoanut Grove. Eles fizeram um short, A Spanish Ensemble creditados como “Xavier Cugat and his Gigolos” e, em 1933, se transferiram para Nova York, a fim de inaugurar o novo Starlight Room do Hotel Waldorf-Astoria. Seu estilo musical agradou o público e nos anos 30 e 40 foi apelidado de “O Rei da Rumba” por causa da sua popularização dessa dança latina nos Estados Unidos
Além de continuar se exibindo no Waldorf, Cugat e sua orquestra passaram a ser vistos na tela em Bonita Como Nunca / You Were Never Lovelier /1942, Noivas de Tio Sam / Stage Door Canteen / 1943, Sedução Tropical / The Heat’s On / 1943, Duas Garotas e um Marujo / Two Girls and a Sailor / 1944, Aquí Começa a Vida / Week-End at the Waldorf / 1945, Romance no México / Holiday in Mexico / 1946, Sem Licença nem Amor / No Leave, No Love / 1946, O Príncipe Encantado / A Date with Judy / 1948, Transatlântico de Luxo / Luxury Liner / 1948, Crime em Chicago / Chicago Syndicate / 1955 e em quatro filmes de Esther Williams: Escola de Sereias / Bathing Beauties / 1944, Saudade de Teus Lábios / This Time for Keeps / 1948, Numa Ilha com Você / On an Island with You / 1949, A Filha de Netuno / Neptune’s Daughter / 1949. Uma das marcas registradas de Cugat era segurar um cãozinho Chihuaha enquanto agitava sua batuta com o outro braço, acompanhado sempre de uma bela cantora (vg. Lina Romay, Abbe Lane).
PEDRO DE CORDOBA (1881-1950). Local de nascimento: Nova York, NY, EUA. Filho de pai cubano e de mãe francêsa, e com formação teatral, tornou-se um dos mais prolíficos coadjuvantes dos filmes americanos mudos e sonoros. Entre 1915 e 1951, apareceu em mais de 100 filmes (entre eles The Young Diana / 1922), começando diante das câmeras como Escamillo em Carmen / Carmen / 1915 de Cecil B. DeMille. Na sua longa carreira, seus papéis mais lembrados são os de Don Diego em Capitão Blood / Captain Blood / 1935, Don Miguel em A Marca do Zorro / The Mark of Zorro / 1940, Capitão Mendoza em O Gavião do Mar / The Sea Hawk / 1940, Havez em Castelo Sinistro / The Ghost Breakers / 19040,Gravini em Os Irmãos Corsos / The Corsican Brothers / 1941, Don José Alvarez em Sangue e Areia / Blood and Sand / 1941,
Bones, “o homem-esqueleto” que esconde os fugitivos (Robert Cummings e Priscilla Lane) na sua carroça do circo em O Sabotador / Saboteur / 1942 de Alfred Hitchcock, Bar Simon em Sansão e Dalila / Samson and Delilah / 1949 e Father Del Puento em Terra em Fogo / Crisis / 1950.
ARTURO DE CORDOVA (1907-1973). Local de nascimento: Mérida, Iucatã, México. Nome verdadeiro: Arturo García Rodríguez. Filho de cubanos radicados no México, foi criado em Mérida até os sete anos de idade e depois sua família o levou para os Estados Unidos, onde estudou até os doze anos, quando todos se mudaram para a Argentina. Mais tarde, seus pais o enviaram para a Suiça, a fim de realizar estudos de idiomas. Ele regressou a Argentina em 1928, começando a trabalhar na United Press na qualidade de correspondente. Em 1932, decidiu emigrar para os Estados Unidos mas, durante a viagem, fez uma escala em sua cidade natal, ficando ali alguns meses até ser “fisgado” por uma jovem chamada Enna Arana, com a qual terminou se casando em 23 de agosto de 1933. Por causa do seu casamento, decidiu ficar em Mérida, onde logo arrumou emprego como locutor graças a sua voz clara, sonora e varonil, e sua dicção impecável. Como locutor, conseguiu ingressar na emissora de radio XEW do México, e acabou sendo “descoberto” pelo cinema, estreando no filme Celos / 1935, dirigido pelo russo Arcady Boytker, compartilhando o tôpo do elenco com o ator Fernando Soler. A partir daí, Cordova construiu uma carreira internacional, trabalhando em cinco cinematografias: 83 filmes de longa-metragem no México (v.g. El Conde de Montecristo / 1942, Palavras de Mulher / La Selva de Fuego / 1945, A Deusa Ajoelhada / La Diosa Arrodillada / 1947, O Homem sem Rosto / El Hombre sin Rostro / 1951, O Alucinado / El / 1953, dirigido por Luis Buñuel; Um Estranho na Escadaria / Un Extraño en la Escalera / 1955, Quarta-feira de Cinzas / Miércoles de Ceniza / 1958);
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AGRADEÇO IMENSAMENTE MMAIS ESTA POSTAGEM SOBRE CINEMA.
OBRIGADO
G ALVES
Muita gentileza sua
FICO SEMPRE MUITO SATISFEITO QUANDO POSSO REVERASSUNTOS SOBRE O CINEMA PASSADO. AGRADEÇO
G ALVES
Eu é que agradeço a sua visita. Volte sempre. Muito bom o seu blog.