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LATINOS NO CINEMA CLÁSSICO AMERICANO I

Os atores latinos foram usados por Hollywood no seu período clássico de duas maneiras: como astros e estrelas, personificando homens sedutores e mulheres lascivas ou temperamentais (porém ambos interpretando quase sempre papeís não-latinos, geralmente personagens europeus de vários países) ou como coadjuvantes ou extras, encarnando principalmente indígenas ou os estereotipos mexicanos de bandidos grotescos, peões preguiçosos ou cômicos, ditadores cruéis, señoritas virginais e as garotas das cantinas.

Curiosamente, houve atores não latinos ou que eram apenas descendentes de latinos, fazendo papéis de latinos como Ricardo Cortez, cujo verdadeiro nome era Jacob Krantz, criado no Lower East Side de Nova York e Joseph Calleia, que era filho de espanhóis, nascido em Malta.Existiram ainda atores latinos que anglicizaram seu nome artístico como Barry Norton e Gilbert Roland, nascidos respectivamente na Argentina e no México com os nomes de Alfredo Biraben e Luís Antonio Damaso de Alonso.

De modo inverso, outros artistas de origem latina ou semi-latina, que nasceram nos Estados Unidos e tinham nomes não-latinos, escolheram nomes artísticos, que soassem mais como latinos como Raquel Torres, que era meio-alemã e meio-mexicana, nascida no México com o nome de Paula Marie Osterman.

Vários fatores cooperaram para que atores latinos atingissem o estrelato. Primeiramente, a expansão industrial e a competição internacional levou os estúdios a dar mais destaque para atores estrangeiros ou “étnicos”, a fim de ampliar a atração dos filmes de Hollywood nos mercados internacionais. Outro fator foi a enorme popularidade de todas as coisas mexicanas entre 1920 e 1935, quando houve um entusiasmo tanto pela herança do período pré-conquista como pela obra de artistas contemporâneos e muralistas como Diego Rivera e José Clemente Orozco, um aumento da publicação de livros sobre o México, e um estreitamento das relações entre os dois países, tornando-os mais abertos ao intercâmbio cultural.Finalmente, os sotaques não eram problema na cena muda e a transferência da produção de filmes da Costa Leste para a Califórnia, proporcionou a proximidade e acesso, particularmente para os mexicanos, ao mundo do cinema.

Feita essa breve introdução, seguem, em ordem alfabética, bio-filmografias sucintas dos atores e atrizes latinos mais conhecidos no cinema americano clássico, exluídos alguns grandes astros (v.g. Dolores Del Rio, Ramon Novarro, Anthony Quinn, Rita Hayworth), artistas brasileiros, portuguêses e italianos, os que fizeram apenas versões em língua espanhola de filmes americanos ou filmes falados originariamente em espanhol e apenas um ou dois filmes americanos, e as aparições em filmes ou séries de televisão.

Rodolfo Acosta

Rodolfo Acosta

RODOLFO ACOSTA (1920-1974). Local de nascimento: Chihahua, México. Nome verdadeiro: Rodolfo Acosta Pérez. Quando tinha três anos de idade, sua família mudou-se para a Califórnia. Fascinado pela arte dramática, frequentou a Pasadena Playhouse. Aos dezenove anos de idade, ganhou uma bolsa para o Palacio de Bellas Artes em Mexico City, ali permanecendo por três anos. Com o advento da Segunda Guerra Mundial, Acosta alistou-se na Marinha dos Estados Unidos, incorporando-se na Naval Intelligence. Depois da guerra, por intermédio de John Ford, ele conseguiu fazer uma ponta em Dominio de Bárbaros / The Fugitive / 1947, e depois trabalhou em muitos filmes mexicanos, destacando-se Santa entre Demônios / Salón Mexico / 1949

Rodolfo Acosta em

Rodolfo Acosta e Marga López em Santa entre Demônios

Rodolfo Acosta em Caminhos Ásperos

Rodolfo Acosta em Caminhos Ásperos

com Marga López e Vítimas do Pecado / Victimas del Pecado /1951 com Ninon Sevilha e Tito Junco, ambos dirigidos por Emilio Fernández. Acosta conquistou o premio Ariel (o equivalente ao Oscar no México) por sua interpretação como o gigolô Paco no primeiro filme, o que o levou a um contrato com a Universal, onde estreou em Nem o Céu Perdoa / One Way Street / 1950, estrelado por James Mason. Entre os filmes que fez desde então em Hollywood merecem destaque seus papéis em Império do Pavor / Horizons West / 1952 (General José Escobar Lopes), Revolta do Desespero / Wings of the Hawk / 1953 (Arturo Torres), Caminhos Ásperos / Hondo / 1953 (Silva) e, principalmente, o de Scarface Charlie, em Rajadas de Ódio / Drum Beat / 1954.

Maria Alba

Maria Alba

MARIA ALBA (1910-1999). Local de nascimento: Barcelona, Catalunha, Espanha. Nome verdadeiro: Maria Casajuana Martínez. Foi a vencedora da Espanha (juntamente com Antonio Cumellas) no Concurso de Beleza Fotogênica, que a Fox promoveu em alguns países de língua latina, inclusive no Brasil, onde os ganhadores foram Lia Torá e Olimpio Guilherme. Como consequência, Maria Casajuana firmou um contrato com a dita produtora e foi com este nome mesmo que apareceu em um short intitulado Her Blue, Black Eyes / 1927. Ainda como Casajuana, estreou no longa-metragem Uma Noiva em Cada Porto / A Girl in Every Port / 1928 de Howard Hawks como Chiquita, ao lado de Victor Mac Laglen e Louise Brooks. Em seguida, já com o nome artístico de Maria Alba, fez na Fox Frutos da Época / Road House / 1928, Consciência Velada / Blindfold / 1928, Rua Alegre / Joy Street / 1928 e Os Três Padrinhos / Hell’s Heroes / 1929. Depois de aparecer em uma revista musical da Hollywood Spanish Pictures, dirigida por Xavier Cugat, Charros, gauchos y manolas / 1930, ela participou de versões em espanhol de filmes americanos na Fox e em outras companhias (Corpo de Delito / El Cuerpo del Delicto, v.esp. de The Benson Murder Case / 1930;

Douglas Fairbanks e Maria Alba em Robinson Crusoe Moderno

Douglas Fairbanks e Maria Alba em Robinson Crusoe Moderno

Maria Alba e Bela Lugosi em O retorno de Chandu

Maria Alba e Bela Lugosi em A Volta de Chandu

A Força de Querer / La Fuerza del Querer, v.esp. de The Big Fight / 1930; Olimpia / Olimpia, v.esp. de His Glorious Night / 1930; Los Que Danzan, v.esp. de Those Who Dance / 1930; El Código Penal, v.esp. de The Criminal Code / 1931; Camino del Infierno, v.esp. de The Man Who Came Back / 1931; Sua Última Noite / Su Última Noche / 1931, v.esp. de The Gay Deceiver; A Lei do Harem / La Ley del Haren, v.esp. de Fazil / 1931) e de outros filmes na MGM (Gigolô / Just a Gigolô / 1931, Fox (Por uma Mulher / Goldie / 1931, Almost Married / 1932), Mack Sennett (Hypnotized / 1932), Monarch (Beijo de Árabe / Kiss of Araby / 1932), Monogram (Flirting with Danger / 1932, Great God Gold /1935), RKO (No Domínio dos Homens / West of the Pecos / 1934). Maria Alba trabalhou também em um seriado, A Volta de Chandu / The Return of Chandu como Nadji – Princesa do Egito e em Robinson Crusóe Moderno / Robinson Crusoe, no seu melhor papel, “Saturday”, ao lado de Douglas Fairbanks. Em 1946, retirou-se das telas, após aparecer em dois filmes mexicanos, El Hijo de Nadie e La Morena de mi Copla.

Don Alvarado

Don Alvarado

DON ALVARADO (1905-1967). Local de nascimento: Albuquerque, New Mexico, EUA. Nome Verdadeiro: José Paige. Começou sua carreira como extra em 1924 e se tornou um leading man no final dos anos vinte, aparecendo com maior destaque em Os Amores de Carmen / The Loves of Carmen / 1927 e Vendida / No Other Woman / 1928, ao lado Dolores Del Rio; A Dança da Vida / Drums of Life / 1928, com Mary Philbin; A Dama Escarlate / The Scarlet Lady / 1928 com Lya de Putty; A Ponte de San Luis Rey / The Bridge of San Luis Rey / 1929 com Lili Damita.

Don Alvarado e Dolores Del Rio em Os Amores de Carmen

Don Alvarado e Dolores Del Rio em Os Amores de Carmen

Don Alvarado e lili Damita em

Don Alvarado e Lili Damita em A Ponte de San Luis Rey

latinos don alvarado la cucaracha posterAlvarado sobreviveu à transição do cinema mudo para o falado, porém sua carreira foi declinando e o único papel de relêvo que ainda lhe coube foi no média-metragem em Technicolor de três cores La Cucaracha / La Cucaracha / 1934. Nos anos quarenta e cinquenta apareceu em filmes intermitentemente e depois passou a exercer a função de assistente de diretor, creditado como Don Page (vg. Juventude Transviada / Rebel Without a Cause / 1955 e A Mulher do Século / Auntie Mame / 1958). Sua ex-esposa, Ann Boyar, filha de imigrantes judeus russos, casou-se com Jack L. Warner. Com Ann, Alvarado teve uma filha, Joe Page, que também se tornou atriz.

Pedro Armendáriz

Pedro Armendáriz

PEDRO ARMENDÁRIZ (1912-1963). Local de nascimento: Mexico City, México. Nome verdadeiro: Pedro Gregorio Armendáriz Hastings. Filho do mexicano Pedro Armendáriz García-Conde e da americana, Adela Hastings, Pedro e seu irmão Francisco, moraram com seu tio, Henry Hastings, Sr. em Laredo, depois que sua mãe faleceu. Após se formar em engenharia na California Polytechnic State University, Pedro retornou ao México no início dos anos trinta e começou uma carreira de ator no teatro. Desde seu primeiro filme Maria Elena / 1935 até estrear no cinema americano em Domínio de Bárbaros / The Fugitive / 1947, sob as ordens de John Ford, Armendáriz fez mais 48 filmes mexicanos, entre os quais se destacaram Flor Silvestre / Flor Silvestre / 1943, Maria Candelaria / Maria Candelaria / 1943, As Abandonadas / Las Abandonadas / 1944, A Pérola / La Perla / 45, Coração Torturado / Bugambilia / 1944 e Enamorada /Enamorada / 46, todos dirigidos por Emilio Fernández, firmando-se como um grande astro na cinematografia azteca.

Pedro Armendáriz e Dolores Del Rio em Maria Candelaria

Pedro Armendáriz e Dolores Del Rio em Maria Candelaria

Pedro Armendáriz e Paulette Goddard em

Pedro Armendáriz e Paulette Goddard em Do Ódio nasce o Amor

Em Hollywood, passou a coadjuvante, salientando suas aparições nos três filmes de Ford (os outros dois foram: O Céu Mandou Alguém / Three Godfathers / 1948 e Sangue de Heróis / Fort Apache / 1948) e em um de John Huston, Resgate de Sangue / We Were Strangers / 1949). Porém continuou como astro em filmes mexicanos (v.g. Maclovia / Maclovia / 1949, A Malquerida / La Malquerida / 1949, Do Ódio Nasce o Amor / The Torch / 1950 (co-produção com EUA) todos de Emilio Fernandez, e O Bruto / El Bruto / 1953, de Luis Buñuel e Mulata / 1954, ao lado de Nino Sevilla). Posteriormente, tornou-se um artista internacional, atuando em filmes europeus (vg. O Tirano de Toledo / Les Amants de Tolède / 1952, Os Amores de Lucrécia Borgia / Lucrèce Borgia / 1953, O Diabo do Deserto / Fortune Carrée / 1955, Homens e Lobos / Uomini I Lupi / 1957), sem deixar de lado os americanos (vg. Diana da França / Diane / 1953, Sangue de Bárbaros / The Conqueror / 1955, Terra Maravilhosa / The Wonderful Country / 1959, São Francisco de Assis / Francis of Assisi / 1961).

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Pedro Armendáriz, Harry Carey Jr. e John Wayne em Os Três Padrinhos

Pedro Armendáriz, Harry Carey Jr. e John Wayne em Os Três Padrinhos

Pedro Armendáriz e Lana Turner em Diane

Pedro Armendáriz e Lana Turner em Diana da França

Seu último filme foi Moscou contra 007 / From Russia with Love / 1963, produzido no Reino Unido. Durante a filmagem, Armendáriz estava seriamente doente com câncer avançado nas glândulas linfáticas. Quando recebeu a notícia de que teria somente mais um ano de vida, ele se matou com um tiro no quarto do hospital em Los Angeles.

Armida

Armida

 ARMIDA (1913-1989). Local de nascimento: Aguascalientes, México. Nome verdadeiro: Armida Vendrell. Seu pai, Joaquin Vendrell, era um mágico conhecido como “The Great Arnold”, que imigrou para o México, oriundo de Barcelona, Espanha. Armida começou a representar aos dezesseis anos de idade, quando sua família se mudou para os Estados Unidos. Seu pai abriu o primeiro cinema em Douglas, Arizona, onde ela e suas irmãs, Lydia e Lola, cantavam e dançavam durante o intervalo e seu progenitor praticava seus atos de ilusionismo. Armida foi descoberta pelo ator, produtor e compositor Gus Edwards, que a introduziu no vaudeville e depois a levou para Hollywood, colocando-a em shorts musicais na MGM (Colortone Novelties) até que ela obteve o papel principal de Conchita em Border Romance /1929. Ainda em 1929, ela fez um número musical intitulado “Irmãs Unidas” / “Meet my Sister” em A Parada das Maravilhas / The Show of Shows, do qual participaram vários astros e estrelas da Terra do Cinema. Entre seus filmes mais conhecidos estão:

latinos armida the girl from monterey

Don Juan do México / Under a Texas Moon / 1930; O General Crack / General Crack / 1930, estrelado por John Barrymore; Ai Vêm os Navais / The Marines are Coming / 1934; Sob o Luar dos Pampas / Under the Pampas Moon / 1934; Ritmo Serrano / Rootin’ Tootin’ Rhythm / 1937 com Gene Autry e Smiley Burnette; Ao Sul de Tahiti / South of Tahiti / 1941; Sempre em meu Coração / Always in My Heart / 1942; Nocaute do Amor / The Girl from Monterey / 1943; dois filmes da série Cisco Kid (A Canção da Fronteira / South of the Rio Grande / 1945 e The Gay Amigo / 1949; A Deusa das Selvas / Jungle Goddess / 1948; e o seriado A Rainha do Congo / Congo Bill / 1948, no qual ela fazia o papel de uma nativa, Zulea.

Desi Arnaz

Desi Arnaz

DESI ARNAZ (1917-1986). Local de nascimento: Santiago de Cuba, Cuba. Nome verdadeiro: Desiderio Alberto Arnaz y de Acha III. Seu pai foi prefeito de Santiago e também ocupou uma cadeira na Câmara dos Deputados de Cuba. Após a Revolução Cubana de 1933, liderada por Fulgêncio Batista, que derrubou o governo do presidente Gerardo Machado, o pai de Desi foi preso e teve seus bens confiscados. Quando recuperou a liberdade, a família mudou-se para Miami. Desi arrumou emprego como guitarrista em uma banda que tocava rumba e, eventualmente, foi para Nova York, juntando-se à orquestra de Xavier Cugat. Desi introduziu a moda da conga como dansa de salão na América e sua popularidade levou-o à Broadway, onde obteve um papel no musical de George Abbott, “Too Many Girls” como Manuelito, um jogador de futebol sulamericano. Em 1940, Desi foi convocado por Hollywood para recriar seu papel na versão cinematográfica do musical. Ele conheceu Lucille Ball na RKO, onde Garotas em Penca / Too Many Girls foi filmado, e eles se casaram. Desi fez mais três filmes corriqueiros na RKO (Papai Vai Casar / Father Takes a Wife / 1941, Quatro Valetes e uma Dama / Four Jacks and a Jill / 1942, Emboscada em Alto Mar / The Navy Comes Through / 1942) e participou, na MGM, de um bom filme de guerra dirigido por Tay Garnett, A Patrulha de Bataan / Bataan / 1943, no papel de Felix Ramirez, um dos soldados componentes da unidade totalmente dizimada pelos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial.

Desi Arnaz e Lucille Ball em Lua-de-Mel Agitada

Desi Arnaz e Lucille Ball em Lua-de-Mel Agitada

Depois de mais dois filmes de pouca importância, Ao Calor da Rumba / Cuban Pete / 1946 e Holiday in Havana / 1947 e um short musical, Jitterumba / 1947, produzido pela Universal, ele e Lucille Ball tentaram repetir o êxito que estavam alcançando na série de televisão I Love Lucy (1951-1957), compondo um outro casal em Lua-de-Mel Agitada / The Long Long Trailer / 1953; mas, apesar de dirigido por um cineasta do porte de Vincente Minelli, o espetáculo foi apenas razoável. A dupla tentou de novo com Eu e Meu Anjo / Forever, Darling / 1956, porém o resultado foi pior. Desi só retornaria ao cinema em 1982 para fazer, ao lado de Raul Julia, seu último filme, O Pequeno Mágico / The Escape Artist, cujo produtor-executivo era Francis Ford Coppola. Com o sucesso de I Love Lucy, Desi e Lucille formaram a Desilu Productions, compraram as instalações do estúdio da RKO e se dedicaram à produção de programas para a televisão. Eles se divorciaram em 1960.

Lita Baron

Lita Baron

LITA BARON (1929 – ). Local de nascimento: Almería, Espanha. Nome verdadeiro: Isabel Beth Castro. Quando tinha quatro anos de idade, sua família emigrou para os Estados Unidos. A primeira incursão de Lita no mundo do espetáculo foi pela mão de Xavier Cugat, com quem cantou no Trocadero, apresentando-se sob o nome artístico de Isabelita. Em 1943, ela apareceu em um filme da Republic, That’s My Baby! juntamente com o Guadalajara Trio, formado por cantores guitarristas. Em 1945, contratada pela RKO Pictures, participou do elenco de Pan-Americana / Panamericana no papel de Lupita. Em seguida, fez filmes dois shorts (Champagne for Two e Samba-Mania na Paramount (série Musical Parade) e longas-metragens em vários estúdios (v.g. A Alegre Mexicana / The Gay Señorita / 1945 (Columbia); Clube Havana / Club Havana / 1945 e A Volta de Don Ricardo / Don Ricardo Returns / 1946 (PRC); Ligeiramente Escandalosa / Slightly Scandalous / 1946 (Universal); Herói Ginasial / School Hero / 1946 e Bomba e a Pantera Negra / Bomba on Panther Island / 1949 (Monogram);

Lita Baron em Jim das Selvas

Lita Baron em Jim das Selvas

Rory Calhoun e Lita Baron

Rory Calhoun e Lita Baron

Jim das Selvas / Jungle Jim / 1948 (Esskay), já como o nome de Lita Baron no papel de Zia; Mercado Humano / Border Incident / 1949 como Rosita, sem ser creditada (MGM); Savage Drums /1951 (Sigmund Neufeld), co-estrelando com Sabu. Nos anos cinquenta, Lita trabalhou com seu marido Rory Calhoun nos westerns O Tesouro de Pancho Villa / The Treasure of Pancho Villa / 1955 e Onde Imperam as Balas / Red Sundown / 1956, e foi ao lado dele que fez seu ultimo filme em 1979, Bitter Heritage, no papel de La Madre.

Alfonso Bedoya

Alfonso Bedoya

ALFONSO “INDIO” BEDOYA (1904-1957). Local de nascimento: Vicam, Sonora, México. Descendente da tribo Pascua Yaqui, teve uma infância nômade, morando em vários lugares, inclusive, durante certo tempo, em Mexico City. Na adolescência, recebeu uma educação particular em Houston, Texas, mas logo largou os estudos, e teve vários empregos. Entretanto, sua família, trouxe-o de volta para Mexico City, onde ele encontrou trabalho na indústria de cinema mexicana. Bedoya fez dezenas de filmes mexicanos em papéis muito pequenos até ser descoberto pelo diretor John Huston, que lhe ofereceu o papel de Gold Hat em O Tesouro de Sierra Madre / The Treasure of Sierra Madre / 1948. Bedoya roubou as cenas nas quais aparecia. Quando Gold Hat e seu bando tentam convencer os garimpeiros (Walter Huston, Tim Holt, Humphrey Bogart) de que são “federales”, Dobbs, o personagem interpretado por Bogart, pergunta: “Se vocês são da polícia, onde estão seus distintivos?”. E aí, Gold Hat diz uma frase, que foi incluída em uma enquete feita pelo American Film Institute, entre as mais memoráveis do cinema: “Badges? We ain’t got no badges. I don’t have to show you any stinking badges!”(Distintivos? Não temos distintivos. Não preciso mostrar para vocês nenhum distintivo nojento!).

Alfonso Bedoya em um intervalo de filmagem de A Rosa Negra

Alfonso Bedoya (à esquerda) em um intervalo de filmagem de A Rosa Negra

Ele atuou ainda em muitos filmes americanos, a maioria westerns, comumente como bandido mexicano (vg. Tentação Selvagem / Angel and the Amazon / 1948, Mosqueteiros do Mal / Streets of Laredo / 1949, Mercado Humano / Border Incident / 1949; A Rosa Negra / The Black Rose / 1950 (como o chinês Lu Chung), O Fidalgo da California / California Conquest / 1952, Arizona Violenta / Ten Wanted Men / 1955 O Pistoleiro / Stranger Wore a Gun / 1953 e Da Terra Nascem os Homens / The Big Country / 1958. O alcoolismo destruiu sua saúde e Bedoya morreu com 53 anos.

Fortunio Bonanova

Fortunio Bonanova

FORTUNIO BONANOVA (1895-1969). Local de nascimento: Palma de Mallorca, Espanha. Nome verdadeiro: Josep Lluís Moll. Estudou música, no Conservatório Real de Madrid e teve professores particulares de música em Milão, Itália e no Conservatório de Paris. Aos dezessete anos de idade, o jovem barítono estava cantando com o grupo da Capela Real em Madrid, quando Feodor Chaliapin o ouviu e o estimulou nas suas ambições musicais. Bonanova estreou na ópera em Paris como o toureador em “Carmen” de Bizet e depois cantou em várias companhias de ópera internacionalmente. No cinema mudo espanhol, atuou em Don Juan Tenorio / 1922 e produziu, dirigiu e estrelou Don Juan / 1924. Sua estréia no cinema americano deu-se em Mulheres e Aparência / Careless Lady / 1932, seguindo-se pequenos papéis em produções americanas (Manias de Gente Rica / A Successful Calamity / 1932, A Princesa e o Galã / Romance in the Dark /1938, Feitiço do Trópico / Tropic Holiday / 1938 ) e papéis principais em produções espanholas (v.g. El Capitan Tormenta / 1936, Poderoso Caballero / 1936, El Carnaval del Diablo /1936).

Fortunio Bonanova e Tyrone Power em O Cisne Negro

Fortunio Bonanova e Tyrone Power em O Cisne Negro

Fortunio Bonanova e Anne Baxter em Cinco Cova no Egito

Fortunio Bonanova e Anne Baxter em Cinco Cova no Egito

Raloph Meeker e Fortunio Bonanova em A Morte num Beijo

Raloph Meeker e Fortunio Bonanova em A Morte num Beijo

Em 1939, Bonanova produziu, compôs a música e estrelou em um filme americano falado em espanhol, La Immaculada, dirigido por Louis J. Gasnier. Na sua extensa filmografia como coadjuvante em Hollywood seus papéis mais lembrados são: Matiste, o professor de canto de Susan Alexander Kane em Cidadão Kane / Citizen Kane / 1941; Dom Miguel em O Cisne Negro / The Black Swan / 1942; Fernando, o guerrilheiro espanhol em Por Quem Os sinos Dobram / For Whom the Bell Tolls / 1943; o General Sebastiano em Cinco Covas no Egito / Five Graves to Cairo / 1943; Sam Garlopis em Pacto de Sangue / Double Indemnity / 1944; Carmen Trivago, o amante de ópera cujo disco raro é quebrado diante de seus olhos pelo detective particular Mike Hammer em A Morte Num Beijo / Kiss me Deadly / 1955.

Argentina Brunetti

Argentina Brunetti

ARGENTINA BRUNETTI (1907-2005). Local de nascimento: Buenos Aires, Argentina. Nome verdadeiro: Argentina Ferrau. Iniciou sua carreira no mundo do espetáculos aos três anos de idade como figurante na ópera “Cavalaria Rusticana” e seguiu os passos de sua mãe famosa, a atriz de teatro italiana Mimi Aguglia. Em 1937, foi contratada pela MGM e começou dublando as vozes de Jeanette MacDonald e Norma Shearer para o italiano. Em seguida, tornou-se narradora do programa A Voz da América, entrevistando astros e estrelas americanos para as transmissões radiofônicas na Itália. Ao mesmo tempo, começou sua carreira cinematográfica estreando em A Felicidade Não Se Compra / It’s a Wonderful Live / 1946 como Mrs. Martini, depois de aparecer sem ser creditada em Gilda / Gilda / 1946 e A Volta de Monte Cristo / The Return of Monte Cristo / 1946.

Argentina Brunetti e Dean Martin em

Argentina Brunetti e Dean Martin em Sofrendo da Bola

Argentina fez mais 63 longas-metragens (sem receber crédito em pelo menos um terço deles), sendo mais lembrados seus papéis como Mrs. Rodriguez em O Fugitivo de Santa Marta / The Lawless / 1950, Nalikadeya, a mulher de Cochise em Flechas de Fogo / Broken Arrow / 1950, Mama Antony em Sofrendo da Bola / The Caddy / 1953, para quem o filho, interpretado por Dean Martin, canta “That’s Amore”), Mrs. Ricco em Os Irmãos Ricco / The Brothers Ricco / 1957. Seu filme derradeiro foi O 4º Tenor / The 4th Tenor / 2002, em uma breve aparição nesta comédia de Rodney Dangerfield.

Joseph Calleia

Joseph Calleia

JOSEPH CALLEIA (1897-1975). Local de Nascimento: Rabat, República de Malta. Nome verdadeiro: Giuseppe Maria Spurrin Calleja. Filho de espanhóis, quando estva no colégio, organizou um conjunto juvenil de harmônica, que lhe rendeu o dinheiro necessário para sair de Malta em 1914, com 17 anos de idade e iniciar uma carreira de cantor, excursionando pela Europa. Posteriormente, foi para Nova York, ainda como cantor, e depois se interessou pela arte dramática, atuando em várias peças. No cinema, estreou em Meu Pecado / My Sin / 1931, filme estrelado por Tallulah Bankhead e Fredric March. Fez ao todo 57 filmes até 1963, interpretando quase sempre papéis de mexicano ou espanhol típicos (v.g. Alejandro Uradi em Juarez / Juarez, El Surdo em Por Quem Os Sinos Dobram / For Whom the Bells Toll / 1943, Juan Moreno em Nenhuma Mulher Vale Tanto / The Iron Mistress / 1952);

Joseph Calleia e Rita Hayworth em Gilda

Joseph Calleia e Rita Hayworth em Gilda

Joseph Calleia em

Joseph Calleia em Argélia

Joseph Calleia em A Marca da Maldade

Joseph Calleia em A Marca da Maldade

gangster (vg. Sonny “Dinkie” Black em Armas da Lei / Public Hero Nº 1 / 1935, Ace Acello em Jogo Perigoso / Exclusive Story / 1936, Nick Varna em Capitulou Sorrindo / The Glass Key / 1942) e policial (v.g. Inspetor Slimane em Argélia / Algiers /1938, detective Maurice Obregon em Gilda / Gilda /1946 e sargento detective Pete Menzies em A Marca da Maldade / Touch of Evil, seu personagem inesquecível. Calleia colaborou no roteiro de O Bandoleiro do Eldorado / Robin Hood of Eldorado / 1935.

Leo Carrillo

Leo Carrillo

LEO CARRILLO (1881-1961). Local de nascimento: California, EUA. Nome verdadeiro: Leopoldo Antonio Carrillo. Descendente de uma família que exerceu um papel importante na história da Califórnia hispano-mexicana, decidiu seguir carreira como artista. Mas, para ganhar dinheiro, a fim de prosseguir seus estudos superiores, empregou-se no departamento de engenharia da Southern Pacific Railroad. Posteriormente, Carrillo foi contratado como cartunista do San Francisco Examiner e pisou no palco pela primeira vez em um espetáculo beneficente. Depois, entrou para o vaudeville, onde atuou por sete anos até que, em 1914, ingressou no chamado legitimate theater, aparecendo em várias peças de sucesso após a Primeira Guerra Mundial. Ele estreou no cinema (depois de participar de três shorts) em Mister Antonio / 1929, seguindo-se mais 85 longas-metragens, destacando-se seus papéis como Don Jose Tostado em Girl of the Rio / 1932; Sierra em Viva Villa! / Viva Villa! / 1934; Father Joe em Vencido pela Lei / Manhattan Melodrama / 1935;

Wallace Beery, Leo Carrillo e Stuart Erwin em Viva Villa!

Wallace Beery, Leo Carrillo e Stuart Erwin em Viva Villa!

Leo Carrillo e Duncan Renaldo

Leo Carrillo e Duncan Renaldo

Pablo Braganza (o bandido mexicano que sequestra um cantor de ópera (Nino Martini) e uma herdeira (Ida Lupino) em O Mundo é Meu / The Gay Desperado / 1936), o chefe de polícia em Domínio de Bárbaros / The Fugitive / 1947; o gangster Tony Marlow em Crime S/A / Crime, Inc. / 1945; e, principalmente, como Pancho, o companheiro leal de Cisco Kid (Duncan Renaldo) na série de 5 fimes feitos pela Inter-American Productions e distribuídos pela United Artists.

Linda Christian

Linda Christian

LINDA CHRISTIAN (1923-2011). Local de nascimento: Tampico, Tamaulipas, México. Nome verdadeiro: Blanca Rosa Welter. Filha de um engenheiro holandês e executivo da Royal Dutch Shell, Gerardus Jacob Welter e de sua esposa nascida no México, Blanca Rosa Vorhauer, de descendência hispano-germânico-francêsa. A família Welter morou em tudo que é lugar desde a América do Sul, Europa, Oriente Médio até a África e, em consequência desse estilo de vida nômade, Linda tornou-se uma poliglota consumada, com a capacidade de falar fluentemente vários idomas. Na sua juventude, o único desejo de Linda era ser médica porém, depois de formada na escola secundária, teve um encontro fortuito com seu ídolo da tela, Errol Flyyn, que se tornou seu amante, e foi persuadida por ele a ir para Hollywood. Seu nome artístico foi inventado por Flynn, inspirado no personagem de “Mutiny on the Bounty”, Fletcher Christian, que ele havia interpretado em um filme australiano de 1933.

Linda Christian em Tarzan e as Sereias

Linda Christian em Tarzan e as Sereias

Casamento de Linda Christian e Tyrone Power

Casamento de Linda Christian e Tyrone Power

Linda Christian e Baby Pignatari

Linda Christian e Baby Pignatari

Ela estreou (como Goldwyn Girl) na comédia musical Sonhando de Olhos Abertos / Up in Arms com Danny Kaye e Dinah Shore e começou a chamar atenção do público como Hine-Moa em A Rua do Delfim Verde / Green Dolphin Street / 1947 e como Mara em Tarzan e as Sereias / Tarzan and the Mermaids / 1948. Em 1952, Linda atuou com maior destaque como Mignonette Chappuis em O Amor, Sempre o Amor / The Happy Time e como atriz principal, ao lado de Richard Conte, em Escravos da Babilônia / Slaves of Baylon / 1953, no papel da Princesa Panthea. Fêz também vários filmes europeus, porém ficou mais célebre por seus casamentos com Tyrone Power e Edmund Purdom, e seu romance rumoroso como o milionário e playboy brasileiro Baby Pignatari.

Ricardo Cortez

Ricardo Cortez

RICARDO CORTEZ ( 1899-1977). Local de nascimento: Viena, Austria. Nome verdadeiro: Jacob Krantz. Sua familia emigrou para a América quando ele tinha três anos de idade. Sua aparição em um concurso de dança proporcionou-lhe um contrato com a Paramount. Krantz era um excelente dançarino de salão e ele e sua parceira estavam participando de um concurso de dança no Cocoanut Grove em 1922. Jesse L. Lasky estava na platéia e notou logo como o rapaz austríaco se parecia com Valentino, que estava querendo deixar a Famous Players. Lasky imediatamente ofereceu um contrato a Krantz e começou a prepará-lo para substituir o grande latin lover. O primeiro passo foi a invenção de um nome latino adequado, e foi a secretária de Lasky quem escolheu o novo nome: Ricardo Cortez.

Ricardo Cortez e Greta Garbo em

Ricardo Cortez e Greta Garbo em Laranjais em Flor

Ricardo Cortez em O Falcão Maltês

Ricardo Cortez em O Falcão Maltês

Ele ficou mais seis anos na Famous Players e depois transferiu-se para a MGM, onde foi o único astro que teve o nome nos créditos acima do de Greta Garbo no filme de estréia da atriz sueca no cinema americano, Laranjais em Flor / Torrent / 1926. De 1923 a 1958, fez mais de cem filmes, encerrando sua carreira cinematográfica em O Último Hurrah / The Last Hurrah / 1958 de John Ford. Cortez foi Sam Spade em O Falcão Maltês / The Maltese Falcon / 1931, a primeira versão do romance de Dashiel Hammett e, entre 1939-40 dirigiu sete producões modestas (Sombra de Noite / Inside Story /1939, Cortejando a Morte / Chasing Danger / 1939, A Fuga / The Escape /1939, Heaven With a Barbed Wire Fence / 1939, A Sorte Engana / City of Chance / 1940, Loura Perigosa / Free, Blonde and 21 / 1940, O Quarto 313 / Girl in 313 / 1940. Quando se retirou das telas, tornou-se corretor de títulos em Wall Street e viveu confortavelmente até o fim da vida. Foi casado com a atriz do cinema mudo Alma Rubens.

Xavier Cugat

Xavier Cugat

XAVIER CUGAT (1900-1990). Local de nascimento: Girona, Catalunha, Espanha. Nome verdadeiro: Francisco de Asís Javier Cugat Mingall de Bru y Deulofeo. Sua família emigrou para Cuba, quando ele tinha cinco anos de idade. O pequeno Francisco foi treinado para ser um violinista clássico e, quando Enrico Caruso esteve em Havana, conheceu o menino prodígio e o contratou para uma excursão nos Estados Unidos, na qual Cugat, com o nome de Frances Cugat, apresentou-se tocando solos de violino nos intervalos dos números do famoso tenor. Nos anos vinte, Cugat foi para a Califórnia, onde trabalhou como cartunista no Los Angeles Times durante o dia e à noite tocava com sua banda nas boates. Sua grande chance aconteceu em 1928, quando ele e seu conjunto foram contratados pelo prestigioso Cocoanut Grove. Eles fizeram um short, A Spanish Ensemble creditados como “Xavier Cugat and his Gigolos” e, em 1933, se transferiram para Nova York, a fim de inaugurar o novo Starlight Room do Hotel Waldorf-Astoria. Seu estilo musical agradou o público e nos anos 30 e 40 foi apelidado de “O Rei da Rumba” por causa da sua popularização dessa dança latina nos Estados Unidos

Xavier Cugat

Xavier Cugat em Duas Garotas e um Marujo

Xavier

Xavier Cugat e Lina Romay

Além de continuar se exibindo no Waldorf, Cugat e sua orquestra passaram a ser vistos na tela em Bonita Como Nunca / You Were Never Lovelier /1942, Noivas de Tio Sam / Stage Door Canteen / 1943, Sedução Tropical / The Heat’s On / 1943, Duas Garotas e um Marujo / Two Girls and a Sailor / 1944, Aquí Começa a Vida / Week-End at the Waldorf / 1945, Romance no México / Holiday in Mexico / 1946, Sem Licença nem Amor / No Leave, No Love / 1946, O Príncipe Encantado / A Date with Judy / 1948, Transatlântico de Luxo / Luxury Liner / 1948, Crime em Chicago / Chicago Syndicate / 1955 e em quatro filmes de Esther Williams: Escola de Sereias / Bathing Beauties / 1944, Saudade de Teus Lábios / This Time for Keeps / 1948, Numa Ilha com Você / On an Island with You / 1949, A Filha de Netuno / Neptune’s Daughter / 1949. Uma das marcas registradas de Cugat era segurar um cãozinho Chihuaha enquanto agitava sua batuta com o outro braço, acompanhado sempre de uma bela cantora (vg. Lina Romay, Abbe Lane).

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PEDRO DE CORDOBA (1881-1950). Local de nascimento: Nova York, NY, EUA. Filho de pai cubano e de mãe francêsa, e com formação teatral, tornou-se um dos mais prolíficos coadjuvantes dos filmes americanos mudos e sonoros. Entre 1915 e 1951, apareceu em mais de 100 filmes (entre eles The Young Diana / 1922), começando diante das câmeras como Escamillo em Carmen / Carmen / 1915 de Cecil B. DeMille. Na sua longa carreira, seus papéis mais lembrados são os de Don Diego em Capitão Blood / Captain Blood / 1935, Don Miguel em A Marca do Zorro / The Mark of Zorro / 1940, Capitão Mendoza em O Gavião do Mar / The Sea Hawk / 1940, Havez em Castelo Sinistro / The Ghost Breakers / 19040,Gravini em Os Irmãos Corsos / The Corsican Brothers / 1941, Don José Alvarez em Sangue e Areia / Blood and Sand / 1941,

Pedro de Córdoba em Sangue e Areia

Pedro de Córdoba em Sangue e Areia

Pedro de Cordoba em O Sabotador

Pedro de Cordoba em O Sabotador

Bones, “o homem-esqueleto” que esconde os fugitivos (Robert Cummings e Priscilla Lane) na sua carroça do circo em O Sabotador / Saboteur / 1942 de Alfred Hitchcock, Bar Simon em Sansão e Dalila / Samson and Delilah / 1949 e Father Del Puento em Terra em Fogo / Crisis / 1950.

Arturo de Cordova

Arturo de Cordova

ARTURO DE CORDOVA (1907-1973). Local de nascimento: Mérida, Iucatã, México. Nome verdadeiro: Arturo García Rodríguez. Filho de cubanos radicados no México, foi criado em Mérida até os sete anos de idade e depois sua família o levou para os Estados Unidos, onde estudou até os doze anos, quando todos se mudaram para a Argentina. Mais tarde, seus pais o enviaram para a Suiça, a fim de realizar estudos de idiomas. Ele regressou a Argentina em 1928, começando a trabalhar na United Press na qualidade de correspondente. Em 1932, decidiu emigrar para os Estados Unidos mas, durante a viagem, fez uma escala em sua cidade natal, ficando ali alguns meses até ser “fisgado” por uma jovem chamada Enna Arana, com a qual terminou se casando em 23 de agosto de 1933. Por causa do seu casamento, decidiu ficar em Mérida, onde logo arrumou emprego como locutor graças a sua voz clara, sonora e varonil, e sua dicção impecável. Como locutor, conseguiu ingressar na emissora de radio XEW do México, e acabou sendo “descoberto” pelo cinema, estreando no filme Celos / 1935, dirigido pelo russo Arcady Boytker, compartilhando o tôpo do elenco com o ator Fernando Soler. A partir daí, Cordova construiu uma carreira internacional, trabalhando em cinco cinematografias: 83 filmes de longa-metragem no México (v.g. El Conde de Montecristo / 1942, Palavras de Mulher / La Selva de Fuego / 1945, A Deusa Ajoelhada / La Diosa Arrodillada / 1947, O Homem sem Rosto / El Hombre sin Rostro / 1951, O Alucinado / El / 1953, dirigido por Luis Buñuel; Um Estranho na Escadaria / Un Extraño en la Escalera / 1955, Quarta-feira de Cinzas / Miércoles de Ceniza / 1958);

Arturo de Cordova e   em A Deusa Ajoelhada

Arturo de Cordova  e Maria Felix  em A Deusa Ajoelhada

Arturo de Cordova em Casanova Aventureiro

Arturo de Cordova e Lucille Bremer em Casanova Aventureiro

Joan Fontaine e Arturo de Cordova em Gaivota Negra

Joan Fontaine e Arturo de Cordova em Gaivota Negra

Arturo de Cordova e Tonia Carrero em Mãos Sangrentas

Arturo de Cordova e Tonia Carrero em Mãos Sangrentas

Captura de Tela 2015-08-12 às 13.36.069 em Hollywood: (Miracle on Main Street / 1939, Chispa de Fogo / Incendiary Blonde / 1943, Por Quem os Sinos Dobram / For Whom the Bell Tolls / 1943, Reféns / Hostages / 1943, A Gaivota Negra / Frenchman’s Creek / 1944, A Morte de uma Ilusão / A Medal for Benny / 1944, Fantasia Mexicana / Masquerade in Mexico / 1945, Casanova Aventureiro / Adventures of Casanova / 1947, New Orleans / New Orleans / 1947); 6 na Argentina (Deus lhe Pague / Dios se lo Pague /1947, Passaporte para o Rio / Pasaporte a Río / 1948, Yo no elegí mi Vida / 1949, Fascinação / Fascinación / 1949, Santa e Pecadora / Nacha Regules / 1950, Fuego Sagrado / 1950; 5 na Espanha: Com a Morte no Coração / La Herida Luminosa / 1956, Amante e Assassino / El Amante Asesino / 1959, El Amor que yo te di / 1959, El Amor de los Amores / 1961, Cena de Matrimonios / 1962; 2 no Brasil: Mãos Sangrentas / 1954 e Leonora dos Sete Mares / 1955, ambos dirigidos por Carlos Hugo Christensen; 1 na Venezuela: La Balandra Isabel llegó esta Tarde / 1950. Cordova contracenou com algumas das atrizes mais bonitas e importantes do seu tempo (v.g. Dolores del Rio, Maria Felix, Silvia Pinal, Libertad Lamarque, Zully Moreno, Rosita Quintana, Delia Garcés, Sara Montiel, Amparo Rivelles, Joan Fontaine, Irasema Dilián, Miroslava, Tonia Carrero), porém merece menção especial o relacionamento cinematográfico, e logo sentimental (depois que se separou de sua esposa Enna), que ele manteve com a atriz argentina Marga López, com quem fez 15 filmes (v.g. Meia-Noite / Medianoche / 1948, Minha Esposa e a Outra / Mi Esposa y la Otra / 1951, A Entrega / La Entrega / 1954, Os Perversos / Los Perversos / 1965 e O Professor / El Profe / 1970 (ambos ao lado de Cantinflas).

AS BIOGRAFIAS HISTÓRICAS DE GEORGE ARLISS

George Arliss foi um grande ator e merece ser redescoberto. Após ter conquistado a popularidade nos palcos, principalmente por suas interpretações de personalidades célebres, ele transferiu essa especialidade para o cinema, estrelando uma série de biografias históricas, tendo sido o precursor desse gênero em Hollywood. Além dos dramas históricos, Arliss emprestou seu talento para outros tipos de filmes, mostrando sempre a sua dicção perfeita, senso de humor e perfeccionismo.

arliss pose melhor

Arliss nasceu em 10 de abril de 1868 no distrito de Bloomsbury em Londres.  Em 1887, assumiu seu primeiro compromisso como ator no Elephant and Castle Theater e depois teve a chance de interpretar papéis de destaque, excursionando pelas províncias das Ilhas Britânicas em pequenas trupes. Posteriormente, Arliss ingressou na companhia de repertório do Theatre Royal, situado na cidade balneária de Margate.  O teatro funcionava em associação com a Miss Thorne’s Academy of Acting e a escola precisava dos serviços de um ator para interpreter as “velhas comédias”, das quais Arliss não tinha a menor experiência. Porém um amigo mútuo de Arliss e Miss Thorne garantiu à mestra da escola que Arliss era “o homem certo”, e ele foi contratado. Uma das alunas da Miss Thorne’s Academy era uma jovem chamada Florence Montgomery, com quem Arliss se casou em 16 de setembro de 1899 na igreja Anglicana em Harrow Weald. Pouco depois do matrimônio, o casal passou a integrar a companhia de Mrs. Patrick Campbell, que atuava no West End em Londres, e eventualmente os levou para Nova York em 1901.  Nesta cidade, Arliss depois trabalhou com os empresários David Belasco e Charles Dillingham e com a companhia de Mrs. Minnie Maddern Fisk.

Edmund Lowe e George Arliss em The Devil

Edmund Lowe e George Arliss em Satanás

O primeiro filme de Arliss,  Satanás /  The Devil, foi uma adaptação, feita por Edmund Goulding, de uma peça de Ferenc Molnar, na qual ele havia atuado na Broadway em 1909, dirigida por James Young, produzida pela The Associated Exhibitors, Inc., e distribuída pela Pathé, a partir de janeiro de 1921.  No mesmo ano, ele repetiu outro sucesso da Broadway na versão silenciosa de Disraeli, acompanhado por sua esposa, creditada como Mrs. George Arliss, no papel de Lady Beaconsfield. Seguiram-se mais quatro filmes mudos (The Ruling Passion / 1922, The Man Who Played God / 1922, A Deusa das Delícias / The Green Goddess / 1923, e $20 a Week / 1924, antes de seu grande êxito na versão sonora de Disraeli / Disraeli em 1929, arrebatando o Prêmio da Academia como Melhor Ator.  Com este filme, ele iniciou um ciclo de dramas ou biografias históricas – Alexander Hamilton / Alexander Hamilton / 1931, Voltaire / Voltaire / 1933, A Casa de Rotschild /The House of Rotschild / 1934, O Duque de Ferro / The Iron Duke / 1934, Cardeal Richelieu / Cardinal Richelieu / 1935 – que se sucederam na sua carreira intermitentemente entre outras produções (A Deusa Verde / The Green Goddess / 1930, Old English / 1930, O Milionário / The Millionaire / 1931, O Homem Deus / The Man Who Played God / 1932, Manias de Gente Rica / A Successful Calamity / 1932, Amor na Côrte / The King’s Vacation / 1933, Negócios em Família / The Working Man / 1933, O Último Gentilhomem / The Last Gentleman / 1934, O Vagabundo Milionário / The Guv’nor / 1935, Oriente contra Ocidente /  East Meets West / 1936, Sua Excia., o Ministro / His Lordship / 1937 e Doctor Syn / 1937). O Duque de Ferro e os quatro últimos foram produzidos na Inglaterra, pela Gaumont British.  Os demais, pela Warner Bros. (dez filmes entre 1929 e 1933) e Twentieth Centuury (três filmes entre 1934 e 1935), todos com o apoio entusiasta de um jovem produtor, Darryl F. Zanuck.

George Arliss em A Deusa Verde

George Arliss em A Deusa Verde

George Arliss em Amor na Côrte

George Arliss em Amor na Côrte

Bette Davis e George Arliss  em O Homem Deus

Bette Davis e George Arliss em O Homem Deu

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Contribuindo na redação dos roteiros, podendo aprovar ou não o elenco, insistindo em duas semanas de ensaio “ao vivo” antes da filmagem de qualquer cena na presença do diretor, fotógrafo, cenógrafo, montador e outros membros de sua unidade de produção – com os quais discutia a sua visão do espetáculo embora nada disso estivesse previsto no seu contrato -, Arliss sempre foi a força criativa atrás de seus filmes, espécie rara de ator como autor.  Sua interpretação teatral pode parecer datada, mas a personalidade marcante do ator continua fascinando o público. Arliss escreveu duas autobiografias, Up the Years from Bloomsbury (1927) e Ten Years at the Studios (1940).  Sua esposa Florence, trabalhou com ele em vários filmes. Arliss retirou-se das telas em 1937, quando ela começou a perder a visão. O filho deles era Leslie Arliss, realizador entre outros de dois clássicos dos melodramas da Gainsborough, O Homem de Cinzento / The Man in Grey / 1943 e Malvada / The Wicked Lady / 1945.

Neste artigo vou relembrar apenas as biografias históricas de George Arliss, que pude assistir recentemente em três dias seguidos. Porque quando a gente fica conhecendo esse artista inimitável, dá vontade de ver todos os seus filmes.

DISRAELI / DISRAELI / 1929. Dir: Alfred E. Green.

Joan Bennett e George Arliss em Disraeli

Joan Bennett e George Arliss em Disraeli

Em 1874, a ambiciosa política exterior de Benjamin Disraeli, Primeiro Ministro da Grã Bretanha (George Arliss), visando criar um Império Britânico, é rejeitada pela House of Commons, após um discurso de seu maior rival, William Gladstone. Mais tarde, Disraeli recebe a boa notícia de que o Quediva do Egito está precisando de dinheiro e disposto a vender suas ações do Canal de Suez. A compra do Canal iria assegurar à Grã Bretanha o controle da India, mas Lord Michael Probert (David Torrence), presidente do Banco da Inglaterra, deixa claro para o Primeiro Ministro que ele se opõe veementemente a tal plano. Disraeli então convoca Sir Hugh Myers (Ivan F. Simpson), jovem banqueiro judeu e ainda encontra tempo para servir de casamenteiro para dois jovens, Lady Clarissa Pevensey (Joan Bennett) e Lord Charles Deeford (Anthony Bushell), que ele admite como seu secretário. Enquanto isso, a Russia, ansiosa para se apoderar da India para si mesma, designa dois espiões, Mrs. Travers (Doris Lloyd) e Mr. Foljambe (Norman Lannon), para vigiar Disraeli. Este usa suas habilidades para enfrentar os russos e resolver o problema do dinheiro. Ele desmascara os espiões e obriga Probert a dar um crédito ilimitado para Myers – que, vítima de uma sabotagem por parte dos russos, tivera que pedir falência -, sob pena da carta-patente do Banco da Inglaterra ser revogada pelo Parlamento. Depois que Probert sai da casa de Disraeli, este confessa para sua esposa, Mary Anne, Lady Beaconsfied (Florence Arliss) e Clarissa – que estava blefando.

George Arliss em Disraeli

George Arliss em Disraeli

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Cena de Disraeli

Cena de Disraeli

A peça “Disraeli”, escrita por Louis N. Parker, foi adaptada para a tela por Julian Josephson, sob a supervisão de Maude T. Howell, diretora de cena de Arliss desde 1920. Uma das responsabilidades de Howell era monitorar a filmagem das cenas nas quais Arliss não aparecia, particularmente com relação à caracterizacão. Ela eventualmente recebeu crédito como roteirista e/ou diretor associado em outros filmes de Arliss. Disraeli é um espetáculo estático revelando a sua origem teatral e a dificuldade de movimentação da câmera nos primeiros tempos do cinema sonoro; mas, como todos os filmes de Arliss, foi construído com inteligência e um bom encadeamento das cenas. Seus autores reduziram um fragmento complexo da História em uma simples história de espionagem e cometeram um erro fatual: não foi Hugh Meyer quem financiou o esquema do canal de Suez como descrito no filme, mas sim a família Rotschild. Apesar dessas falhas, George Arliss, com sua voz bem treinada no palco e gestos expansivos, brilhou no papel principal (que ele havia interpretado no palco e na versão muda de 1921), e arrebatou o Oscar de Melhor Ator da Academia.Disraeli agradou a todos os tipos de público e a Warner percebeu que havia adquirido um novo astro popular na pessoa de um inglês de 61 anos de idade, embora a publicidade do estúdio o descrevesse como “o distinto ator americano”.

ALEXANDER HAMILTON /ALEXANDER HAMILTON / 1931. Dir: John G. Adolfi.

George Arliss em Alexander Hamilton

George Arliss  como Alexander Hamilton

O enredo se concentra em dois acontecimentos aparentemente não relacionados entre si: os esforços do Secretário do Tesouro dos Estados Unidos (George Arliss) para aprovar seu projeto de lei, que estabeleceria um sistema bancário federal para assumir as dívidas dos Estados, especialmente as pensões que não haviam sido pagas aos veteranos das guerras revolucionárias e a tentativa de seus oponentes políticos – Thomas Jefferson (Montagu Love), Dudley Digges (James Roberts), James Monroe (Morgan Wallace) – de desacreditá-lo, difundindo um caso de adultério, no qual ele se envolvera. O episódio, historicamente conhecido como “O Caso Reynolds”, relacionava Hamilton com uma Mrs. Reynolds (June Collyer), cujo marido, James Reynolds (Ralf Harolde) subsequentemente o chantageara e usara o dinheiro para comprar as pensões dos velhos soldados por preço vil, prevendo que lucraria muito, quando elas fossem resgatadas pelo governo. Os dois elementos da trama convergem quando Hamilton é acusado de usar Reynolds como seu agente, na compra dos títulos, para enriquecer a si próprio enquanto garantia a aprovação de seu projeto de lei. A única maneira de provar sua inocência, seria revelar publicamente que o dinheiro que ele dera a Reynolds fora apenas para encobrir seu adultério com Mrs. Reynolds, uma declaração que poderia destruir seu casamento com sua fiel esposa Betsy (Doris Kenyon).

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June Collyer e George Arliss em Alexander Hamilton

June Collyer e George Arliss em Alexander Hamilton

A peça de George Arliss e Mary Hamlin foi adaptada por Julian Josephson e Maude Howell, expandindo-se o título original de “Hamilton” para “Alexander Hamilton”. Algumas liberdades foram tomadas com o fato histórico, porém a maior delas foi com relação à discrepância entre a idade do verdadeiro Hamilton e a do astro. Arliss tinha cinquenta anos de idade quando interpretou o Hamilton com cinquenta e cinco anos no palco. Em 1931, Arliss tinha sessenta e três anos. Entretanto, o seu físico esguio, uma peruca escura, e uma iluminação cuidadosa, disfarçaram a idade real do ator.Alexander Hamilton é um pouco menos estático do que Disraeli e começa com o “Farewell Adress” de George Washington aos seus soldados, dito magnificamente por Alan Mowbray. Washington não era um personagem na peça, mas é tratado quase que reverencialmente no filme, aparecendo na primeira e na última cena do espetáculo, quando Hamilton recebe a visita do presidente, que lhe diz que sua lei foi aprovada e renova a sua confiança nele.Pela primeira vez, a música de fundo foi usada dramaticamente em um filme de Arliss em duas cenas: quando Hamilton se despede de Betsy que está viajando para a Inglaterra, a fim de cuidar de sua irmã doente, ouve-se a melodia “Drink to Me Only with Thine Eyes”. Hamilton dá a Betsy uma flor de lembrança, um lance sentimental tomado emprestado de Disraeli. Mais tarde, o mesmo tema é usado eficazmente na cena climática em que Betsy esta arrumando as malas para partir, depois de saber do caso Reynolds. Hamilton traz de novo uma flor para Betsy e, sem ser visto, deixa-a para ela. Quando Betsy a descobre, se emociona, e decide ficar ao lado do marido.Alexander Hamilton não provocou o mesmo impacto que Disraeli e seu desempenho nas bilheterias foi modesto, mas Arliss, como sempre, teve uma interpretação magnética.

VOLTAIRE / VOLTAIRE / 1933.Dir: John G. Adolfi.

George Arliss como Voltaire

George Arliss como Voltaire

Na França pré-revolucionária, Voltaire (George Arliss, através de seus panfletos anônimos, tenta advertir o Rei Luis XV (Reginald Owen) sobre a crescente inquietacão entre seus súditos. O escritor e filósofo iluminista tem uma poderosa aliada na amante de Luis XV, Madame Pompadour (Doris Kenyon), porém o Conde de Sarnac (Alan Mowbray) é seu inimigo. Quando Voltaire pede ao rei pela vida de Jean Calas, um prisioneiro político, Sarnac convence o monarca de que isto seria um sinal de fraqueza e o acusado é executado. Incapaz de impedir a execução de Calas, Voltaire protege a filha dele Nanette (Margaret Lindsay), abrigando-a em sua casa. Enquanto isso, Sarnac tenta persuadir o rei de que Voltaire é um traidor, citando sua conhecida amizade com Frederico o Grande e insinuando que é ele que está revelando os segredos militares francêses para o soberano da Prússia. Louis XV não está inteiramente convencido, mas expulsa Voltaire de sua corte em Versailles. Madame Pompadour intercede em favor de Voltaire para que o rei permita que ele encene uma nova peça em Versailles. A peça é uma descrição ligeiramente disfarçada da execução de Calas transposta para um cenário exótico, em uma tentativa de obter o perdão póstumo do executado e a restauração de suas terras em nome de Nanette. O rei está gostando da representação, não se reconhecendo como opressor, mas Sarnac o faz ver que está sendo atacado e Louis XV ordena que Voltaire seja conduzido para a Bastilha. Entretanto, ao saber de um rico presente que foi dado a Sarnac por Frederico, Voltaire desmascara o conde como o verdadeiro traidor. Sarnac é preso, e Nanette empossada nas suas terras.

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George Arliss e Doris Kenyon em Voltaire

George Arliss e Doris Kenyon em Voltaire

Em 1933, a Warner estava procurando uma história para um novo filme de Arliss e este sugeriu a Darryl Zanuck a peça de E. Lawrence Dudley e George Gibbs, que ele havia representado no teatro. Zanuck ficou interessado na idéia, porém a realidade financeira do país, obrigou o estúdio a adotar algumas medidas de economia, e um filme de época precisava da aprovação dos irmãos Warner. Para surpresa de Arliss, e considerando o lucro medíocre de Alexandre Hamilton, eles concordaram, sendo designado Paul Greene para escrever o roteiro, que seria revisado por Maude T. Howell. Mal Greene acabara de terminar seu trabalho, os Warner voltaram atrás, e decidiram arquivar o projeto, quando consideraram a necessidade de recriar a faustosa corte de Luis XV. Depois, o estúdio verificou que a decoração de interiores do século dezoito criadas para o filme de 1927 de John Barrymore, Quando o Homem Ama / When a Man Loves, poderia ser reutilizada para Voltaire, proporcionando-lhe uma opulência pictórica por um preço razoável, e a produção foi avante. Tanto a Warner quanto Arliss temiam que um filme girando em torno de um homem que somente escrevia durante todo o tempo, seria anti-cinematográfico e muito intelectual para o gosto popular. Entretanto, o fato de que Voltaire “não faz nada” em termos dramáticos foi artisticamente dissimulado e Arliss conseguiu dar vida a essa figura ímpar que domino, com sua defesa intransigente contra a superstição e a injustiça, todo o século XVIII.  O velho irascível, propenso a acessos de cólera quando não consegue achar a peruca certa para usar, realiza algumas de suas proezas mais notáveis vestido com seu roupão. Ele não tem medo de incorrer na fúria do rei – ”O rei desafia meu poder”, diz ele a certa altura da trama -, mas é intimidado pelo seu médico.Os chefões da Warner devem ter ficado satisfeitos quando resolveram fazer o filme, porque ele obteve um resultado financeiro apreciável. Ironicamente, quando os irmãos Warner verificaram o lucro vultoso do espetáculo, eles haviam deixado Arliss escorregar pelos seus dedos. Voltaire foi o último filme de Arllis para o estúdio, encerrando uma relação harmoniosa de cinco anos.

A CASA DE ROTHSCHILD / THE HOUSE OF ROTHSCHILD / 1934. Dir: Alfred Werker (substituido brevemente por Sidney Landfield).

Arliss, Loretta Yong e Robert Yong em uma cena de A Casa de Rotschild

Arliss, Loretta Yong e Robert Yong em uma cena de A Casa de Rothschild

Em Frankfurt, que, em 1780, fazia parte da Prussia, os judeus eram proibidos de aprender uma profissão, cultivar terras, e sair da “Rua dos Judeus” após o pôr do Sol. Quando o coletor de impostos chega na casa do cambista Mayer Rothschild (George Arliss) e exige uma taxa mais alta do que a devida, seu filho, Nathan, ajuda o pai a subornar o coletor. Pouco depois, Mayer fica sabendo que o homem que teria que lhe trazer dez mil gulden de Hamburgo, foi emboscado e roubado por agentes do tesouro, Então ele se enfurece com a situação dos judeus, e sofre um colapso. No seu leito de morte, Mayer aconselha seus cinco filhos a, cada um, abrir uma casa bancária em países diferentes e permanecerem unidos. Eles os adverte de que devem se lembrar do gueto e lhes diz que nada lhes trará felicidade, até que seu povo tenha igualdade, respeito e dignidade. Trinta anos mais tarde, depois que Napoleão assolou a Europa, Nathan (George Arliss), em Londres, recebe uma petição trazida pelo Capitão Fitzroy (Robert Young), enviado do Duque de Wellington (C. Aubrey Smith), pedindo-lhe que permita a seus irmãos (Paul Harvey, Ivan F. Simpson, Noel Madison, Murray Kinney) em Viena, Nápoles, Paris e Frankfurt, emprestarem dinheiro para impedir o avanço de Napoleão. Depois que este é derrotado, Fitzroy e a filha de Nathan, Julie (Loretta Young), planejam contrair matrimônio e, embora Nathan prefira que ela se case com um judeu, ele dá seu consentimento, porque acredita que o mundo está mudando. Em gratidão, Wellington fornece a Nathan uma informação secreta relativa a um empréstimo necessitado pela França para se recuperar da guerra. Sabendo que o empréstimo tornará o Rothschild o banco mais poderoso da Europa, Nathan fica perturbado quando um Conselho Aliado, liderado por um anti-semita virulento, Conde Ledrantz (Boris Karloff), recusa sua oferta, que era a melhor de todas, e favorece um de seus rivais, com os quais pretende oferecer títulos do governo ao público, para pagar o empréstimo. Furioso, Nathan compra títulos do governo previamente e ameaça oferecê-los ao público a um custo baixo, forçando os membros do conselho a vender seus titulos para ele. Em represália, Ledrantz incita tumultos anti-semitas por toda a Prússia e, ao saber que Nathan está em Frankfurt, impede sua saída da cidade. Quando Napoleão foge da Ilha de Elba, Ledrantz é forçado a procurar Nathan em sua casa no gueto para persuadí- lo a não emprestar dinheiro para o imperador e concorda em aceitar os termos de Nathan exigindo liberdade, respeito e dignidade aos judeus. Em 22 de março de 1815, Napoleão chega a Paris, Luis XVIII foge, e a Europa é mobilizada. Em junho, após algumas vitórias de Napoleão, a Bolsa de Londres entra em pânico, e circulam rumores de que possa fechar. Para impedir seu fechamento, enquanto todos estão vendendo ações, Nathan continua a comprar, apesar dos boatos da derrota de Wellington, até que a guerra termina com a vitória de Wellington em Waterloo. Julie e Fitzroy se casam e Nathan é feito barão pelo Rei da Inglaterra.

Boris Karloff e George Arliss em A Casa de Rotschild

Boris Karloff e George Arliss em A Casa de Rotschild

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A Casa de Rothschild revitalizou a carreira cinematográfica de Arliss, levando-o para a capa da revista Time (de 26 de março de 1934), firmou a nova companhia de Darryl Zanuck (Twentieth Century Pictures), como um estúdio importante na indústria de cinema americana, e foi indicado para o Oscar de Melhor Filme.Primeiramente, Arllss ficou impressionado com a peça “Rothschild”, escrita em 1931 pelo jornalista George Hembert Westley, e propôs a Warner que a comprasse. O estúdio concordou, mas o projeto não foi adiante por motivos financeiros; entretanto, Zanuck se interessou pela idéia e comprou da Warner os direitos de filmagem da peça. Embora Nunnally Johnson apareça nos créditos como roteirista, um esboço anterior do script foi escrito anônimamente por Sam Mintz e Maude T. Howell (creditada como diretor associado), e foi para esta versão que Arliss contribuiu com algumas anotações e recomendações adicionais para a narrativa. Ele sugeriu que se acrescentasse um prólogo à história, no qual a família Rotschild é submetida ao preconceito e leis injustas no gueto judeu de Frankfurt.Paverell Marley, captou com esmêro os interiores da época da Regência assim como o clima opressivo do gueto e Alfred Newman, combinou cantigas ídiches com melodias patrióticas exictantes, tais como “God Save the King, para expressar o relacionamento inquietante entre judeus e gentios. Arliss conseguiu combinar seu senso de humor característico com o tema trágico do anti-semitismo. Quando um cocheiro se queixa de que a filha de Nathan lhe dá maiores gorjetas do que as que ele recebe de Nathan, Arliss responde: “Julie tem um pai rico; eu não”. Em outra fala de diálogo, Arliss comenta, quando uma pedra é arremessada através da janela da casa da família em Frankfurt: “Evidentemente algum gentio se extraviou no nosso bairro”. Não satisfeito com a produção já luxuosa, Zanuck mandou que a cena final, no St. James Palace, quando Nathan é feito barão, fosse fotografada no processo recentemente aperfeiçoado Technicolor de três cores. Embora a cena fosse fictícia – somente um outro Rotschild viria a receber tal honraria – a cena colorida produziu os efeitos esperados.

O DUQUE DE FERRO / THE IRON DUKE / 1934.Dir: Victor Saville.

George Arliss em O Duque de Ferro

George Arliss em O Duque de Ferro

Com Napoleão, derrotado e exilado, o relutante Arthur Wellesley, Duque de Wellington (George Arliss) é persuadido por Lord Castelreagh (Gerald Lawrence) a representar os interesses da Grã-Bretanha no Congresso de Viena, onde os aliados vitoriosos irão decidir o futuro da Europa. Enquanto ele está lá, durante um baile, sua amiga, a Duquesa de Richmond (Norma Varden) o apresenta a uma admiradora ardente, a linda Lady Frances Webster (Lesley Wareing). No decorrer da noite, Wellington recebe uma mensagem urgente: Napoleão escapou da ilha de Elba e chegou na França. O Rei Luis XVIII (Allan Aynesworth) e sua sobrinha e conselheira Madame, Duquesa de Angoulême (Gladys Cooper), ficam alarmados. Ney (Edmund Willard), ex-marechal de Napoleão, se oferece para reunir uma tropa e capturar seu antigo líder. Porém depois, muda de lado. Napoleão acaba sendo derrotado pelo Duque de Wellington na Batalha de Waterloo. Os aliados ocupam a França e se reunem em Paris para dividir o espólio de guerra. Castelreagh incumbe Wellington de tentar impedir que os outros imponham penas muito severas a França, a fim de assegurar uma paz duradoura. A tarefa de Wellington é dificultada pela oposição da Duquesa de Angoulême, que está certa de que ele mesmo quer governar a França. Wellington adverte Luis XVIII de que o desejo da duquesa de mandar executar por traição o ainda popular Marechal Ney corre o risco de uma nova revolução. Para desacreditar Wellington, a duquesa faz com que ele seja chamado a Londres para responder a uma história publicada pela imprensa segundo a qual ele estaria vivendo um romance adulterino com Lady Frances. Wellington logo desmente a alegação, porém na sua ausência, Ney é condenado e morto por um pelotão de fuzilamento. De volta a França, Wellington obriga o rei a se descartar de seus conselheiros, inclusive a duquesa. De retorno a Londres, ele tem que defender sua decisão de não aceitar ressarcimentos para seu país.

Em um intervalo da filmagem de O Duque de Ferro, Victor Saville explica alguma coisa para Arliss

Em um intervalo da filmagem de O Duque de Ferro, Victor Saville explica alguma coisa para Arliss

arlisss the iron duke caioposrterO Duque de Ferro marcou a estréia de Arliss no cinema britânico. Foi o primeiro filme falado que ele fez sem Darryl Zanuck e sua colaboradora habitual Maude T. Howell. Funcionando como diretor associado, Maude ficou em Hollywood preparando o próximo filme de Arliss na Twentieth Century. O roteiro foi escrito por H. M. Harwood, baseando-se em vários epísódios da vida de Arthur Wellesley enquanto a roteirista americana, Bess Meredith, o assistia na adaptação do script – porém somente Harwood foi creditado. No elenco estavam ainda Farren Soutar (Metternich), ator que raramente aparecia na tela mas era bem conhecido nos palcos londrinos, amigo de infância e padrinho de casamento de Arliss e o jovem talentoso, Emlyn Williams (Bates, o repórter sensacionalista), que depois ganharia fama. A Batalha de Waterloo, que era apenas sugerida em A Casa de Rotschild, recebeu um tratamento mais extenso em O Duque de Ferro, porém a sequência é uma miscelânea de cenas de batalha extraídas de um outro filme, mal encadeadas, e com tomadas de Arliss a cavalo, obviamente filmadas em um set de interiores do estúdio. Este era exatamente o tipo de deficiência técnica que fez Arliss recusar convites para fazer filmes nos estúdios britânicos. Entretanto, as cenas seguintes, quando Wellington chega ao refeitório dos oficiais e vê muitas cadeiras vazias é memoravelmente pungente.Temendo o pior, ele espera que seus comandados estejam meramente atrasados. Seu ajudante chega com uma lista de baixas e enquanto ele lê os nomes dos soldados mortos em combate, Arliss expressa convicentemente a tristeza e a angústia de perder cada colega e amigo.

 CARDEAL RICHELIEU / CARDINAL RICHELIEU / 1935. Dir: Rowland V. Lee.

George Arliss como Richelieu

George Arliss como Richelieu

Em 1630, um grupo representando os senhores feudais pede ajuda ao Papa na sua luta contra o Cardeal Armand Jean du Plessis, Duque de Richelieu (George Arliss), que havia preparado um édito para desapossá-los de suas terras, com a intenção de “federalizar” a França, transformando-a de um país de pequenos feudos em um governo unificado, controlado pelo rei Luis XIII (Edward Arnold). Ressentidos com a perda de seus reinos e poder, os nobres partem para a conspiração, celebrando um acordo secreto com a Espanha e a Inglaterra, para derrubar Luis e colocar seu irmão, Gaston (Francis Lister), no trono, como um monarca títere. O complô, liderado pelo Conde Baradas (Douglas Drumbrille), envolve também a própria esposa de Luís, Rainha Ana d’Austria (Katharine Alexander) e por sua mãe, Maria de Médicis (Violet Kemble Cooper). Richelieu enfrenta todos os obstáculos e intrigas, que envolvem ainda um casal de amantes, Lenore (Maureen O’Sullivan), a jovem sob sua guarda e Andre de Pons (Cesar Romero), um huguenote a serviço dos conspiradores, mas que depois passa para o lado do Cardeal.

arliss richelieu maureen

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Em dezembro de 1934, Arliss estava de volta aos estúdios da Twentieth Century em Hollywood, para a filmagem de Cardeal Richelieu. Ele antecipou para a imprensa que o roteiro de Nunnally Johson seria uma adaptação da famosa peça de Edward Bulwer-Lytton, “Richelieu or the Conspiracy”, escrita em 1839. Entretanto, Johnson resolveu criar um script original, devendo quase nada à obra de Bulwer-Lytton. Quando Arrliss persuadiu Darryl Zanuck de que o roteiro deveria ser rescrito para incluir algumas das cenas mais destacadas da peça, Johnson abandonou o projeto. Ele foi substituido por Cameron Rogers, Maude T. Howell e W.P. Lipscomb, creditados respectivamente como adaptador, roteirista e dialoguista.Zanuck produziu Cardeal Richelieu com muito luxo com a intenção clara de igualar A Casa de Rotschild em termos de valores de prdoução. Embora não tivesse sido usado o Technicolor na cena final, os cenários de Richard Day e Julia Heron e os figurines de Omar Kiam deram ao filme uma opulência visual, lindamente fotografada por J. Paverell Marley.O toque de Arliss, continua presente. Por exemplo, na cena em que Richelieu fica sabendo que seu comandante militar foi proibido por Luís XIII de conduzir o exército para fora de Paris, a fim de repelir as forças inimigas. Decidindo liderar o exército ele mesmo, Richelieu ergue uma espada e proclama: ”A Igreja tornou-se uma Igreja Militante” mas, antes de sair, lembra-se de alimentar seu gato, derramando um pouco de leite para o felino. Cardeal Richelieu foi o derradeiro filme de George Arliss em Hollywood e também o último no qual ele interpretou uma figura histórica.