Arquivo mensais:setembro 2014

ESTUDIOS BRITÂNICOS III

A Gaumont Company começou em Londres em 1898 quando dois irmãos, A. C. (Alfred Claude) e R. C. (Reginald Claude) Bromhead decidiram distribuir os filmes feitos por Léon Gaumont na França. Embora a maior parte do seu negócio fosse a distribuição / aluguel de filmes na época, eles resolveram entrar no ramo da produção em um pequeno estúdio em Shepherd’s Bush e, por volta de 1912, adquiriram outras propriedades próximas, construindo depois um estúdio maior, Lime Grove, inaugurado em 1913.

Em 1922, após longas negociações e a ajuda financeira dos irmãos Ostrer (Isidore, Maurice, Mark, David), os Bromhead compraram a participação acionária francêsa na agência Gaumont da Inglaterra, e esta se tornou uma companhia exclusivamente britânica. Antes de 1915, os Bromhead haviam se concentrado na produção de “atualidades” e desenhos animados mas, com a abertura do novo estúdio, decidiram investir nos longas-metragens. Eles contrataram Thomas Welsh como gerente geral e este, por sua vez, empregou George Pearson, que havia trabalhado para a Samuelson Film Company.

Pôster de Squibbs

Ex-professor e diretor de escola, educado em Oxford, Pearson foi o Pai do Cinema Britânico assim como D.W. Griffith foi o Pai do Cinema Americano. Em A Study in Scarlet / 1914 e depois com a série Ultus: The Man from the Dead (1915-1917), planejada para rivalizar com a congênere francêsa Fantomas, ele demonstrou aptidão para o gênero, sendo comparado a Louis Feuillade. Em 1918, Pearson e Welsh deixaram a Gaumont e formaram a Welsh-Pearson Film Company, abrindo um estúdio minúsculo, Craven Park em Harlesden, Brent, onde Pearson introduziu na tela Betty Balfour, que ele colocou em uma série de comédias Squibs como a jovem vendedora de flores Squibs Hopkins, transformando-a em estrela no filme Réveille / 1924, espetáculo muito elogiado, mostrando-a como mãe de três filhos durante a Primeira Guerra Mundial.

George Pearson no seu escritório

George Pearson no seu escritório

Cena de Réveille

Cena de Réveille

Em 1926, em virtude de dificuldades financeiras, Pearson e Welsh foram obrigados a vender Craven Park. Durante uma de suas visitas à América para obter financiamentos, Pearson interessou-se pelo desenvolvimento da tecnologia do som e, em 1930, supervisionou a gravação sonora de Journey’s End de James Whale em Hollywood. A Welsh-Pearson acabou falindo e, durante a Segunda Guerra Mundial, Pearson trabalhou com Alberto Cavalcanti na GPO Film Unit, sendo depois nomeado Diretor da Colonial Film Unit, onde ajudou a abrir escolas de cinema em países emergentes da Comunidade Britânica.

A saída de Pearson de Lime Grove causou uma crise de produção para a Gaumont-British e, embora algumas comédias “Brimston and Eve” com Eileen Molyneaux tivessem sido produzidas, o estúdio teve que aguardar até 1918, para realizar filmes mais importantes como Bonnie Prince Charlie / 1923 (Ivor Novello, Gladys Cooper, que se distinguiria como coadjuvante em Hollywood nos anos quarenta).

Eileen Molyneaux

Eileen Molyneaux

ivor novello e Gldys Cooper em Bonnie Prince CharlieEm 1926, os Bromheads, com o apoio dos irmãos Ostrer, Simon Rowson da Ideal Films e do distribuidor C. M. Woolf fizeram uma operação gigantesca, registrando uma nova firma, Gaumont-British Picture Corporation, que incorporava produção, distribuição e exibição, modelo que J. Arthur Rank iria seguir nos anos trinta. Maurice Elvey (o mais prolífico dos diretores do cinema britânico) foi contratado, para estimular a produção e, entre os filmes que ele dirigiu, incluíam-se: Mademoiselle de Armentieres / Mademoiselle from Amermentières / 1927 (John Stuart, Estelle Brody); Hindle Wakes / 1927 (John Stuart, Estelle Brody); Rosas de Picardia / Roses of Picardy / 1927 (John Stuart, Lillian Hall-Davis, Marie Ault): Quinneys / 1927 (Alma Taylor, Cyril McLaglen, Ursula Jeans).

Maurice Elvey

Maurice Elvey

Pôster de Mademoiselle de Armentieres

Cena de Hindle Wakes

Cena de Hindle Wakes

Pôster de Rosas de PicardiaEm 1929, com a chegada dos “talkies”, a Gaumont decidiu reconstruir seu estúdio em Lime Grove e, enquanto essa obra estava sendo feita, a Gainsborough, com seu estúdio em Islington, serviu como um ramal da produção da Gaumont-British. Em torno de 1930, Michael Balcon estava dividindo suas responsabilidades como produtor entre Islington e Shepherd’s Bush. Ele permaneceu como chefe da produção até 1936 e, durante esses anos, desenvolveu contatos com realizadores e técnicos, muitos dos quais o acompanharam no final da década para o Ealing Studios. Entre os filmes feitos no “novo” Lime Grove Studios em Shepherd’s Bush, sob a gestão de Balcon, destacavam-se: Rome Express / 1932 (Conrad Veidt, Esther Ralston); The Constant Nymph / 1933 (Victoria Hoper, Brian Aherne); Eu fui uma Espiã / I Was a Spy / 1933 (Madeleine Carroll, Herbert Marshall); O Vagabundo Milionário / The Guv’nor / 1933 (George Arliss, Viola Keats, Gene Gerrard); O Judeu Suss e na reprise O Homem Que não Podia Morrer / Jud Suss / 1934 (Conrad Veidt, Benita Hume, Cedric Hardwicke); O Duque de Ferro / The Iron Duke / 1934 (George Arlisss, Galdys Cooper, Emlyn Williams); Destino Glorioso / Forever England / 1935 (Betty Balfour, John Mills); O Homem Que Sabia Demais / The Man Who Knew Too Much / 1935 (Edna Best, Leslie Banks, Peter Lorre, Nova Pilbeam); Ao Serviço de Sua Majestade / O.H.M.S. / 1937 (Wallace Ford, Anna Lee, John Mills).

Pôster de Rome Express

Pôster de Eu Fui uma Espiã

Anunciada como a “Divindade Dançante”, Jessie Matthews ficou conhecida em revistas musicais no final dos anos vinte e, no início dos anos trinta, atingiu o auge de sua popularidade no cinema. Embora tivesse feito The Good Companions / 1933 com o jovem John Gieguld e Edmund Gwenn, seus filmes mais famosos foram Sempre Viva / Evergreen / 1934; o delicioso Mulher Acima de Tudo / First a Girl / 1935; e Ainda o Amor / It’s Love Again / 1936, todos dirigidos por Victor Saville e com Sonnie Hale. Jessie foi a grande estrela de Lime Grove.

Jessie Mathews e Barry MacKay

Jessie Mathews e Barry MacKay

Jessie Mathews, Sonnie Hale e Griffith Jones em Mulher Acima de Tudo

Jessie Mathews, Sonnie Hale e Griffith Jones em Mulher Acima de Tudo

Pôster de Ainda o AmorNo começo de 1937, Isidore Ostrer revelou que a Gaumont-British tinha uma dívida de quase 100 milhões de libras, o Lime Grove Studios iria ser fechado, e um número limitado de filmes continuariam a ser feitos pela Gainsborough em Islington. Então J. Arthur Rank e C. M. Woolf (cuja companhia, General Film Distributors, já era proprietária da metade do Pinewood Studio) prepararam um pacote de auxílio para a Gaumont-British, conforme o qual eles assumiriam a distribuição dos filmes da mesma juntamente com seu estúdio e, em contrapartida, a produção da Gaumont-British seria transferida para Pinewood. Entre as produções transferidas de Lime Grove para Pinewood estavam:  Young and Innocent / 1937 (Nova Pilbeam, Derrick De Marney, Percy Marmont), Gangway / 1937 e Navegando em Ritmo / Sailing Along / 1938 (ambos com Jessie Matthews e Barry MacKay).

Isidore Ostrer

Isidore Ostrer

Quando irrompeu a Segunda Guerra Mundial em 1939, muitos estúdios foram requisitados pelo Ministério da Guerra, inclusive Pinewood. O gerente-produtor do estúdio, Edward “Ted” Black, (que havia assumido este cargo em Islington após a partida de Michael Balcon em 1936), anunciou que, como havia uma possibilidade da chaminé do prédio ser destruída por um ataque aéreo, a produção teria que ser transferida para o Lime Grove Studios em Shepherd’s Bush.

No final de 1941, J. Arthur Rank havia se tornado presidente do Gaumont-British Group e também adquirido (de Isidore Ostrer, antes deste se aposentar), os 251 cinemas da Gaumont-British. O outro protagonista na direção da firma, C. M. Woolf, morreu em 1942.

Michael Redgrave em Kipps

Michael Redgrave em Kipps

Anteriormente ao início da guerra, a 20thCentury-Fox resolveu fechar seu pequeno estúdio em Wembley e alugar o Lime Grove Studios, onde fez Kipps / 1941 (Michael Redgrave, Phyllis Calvert, Diana Wyniard, Michael Wilding) e O Jovem Mr. Pitt / The Young Mr. Pitt / 1942 (Robert Donat, Phyllis Calvert, Robert Morley, John Mills). O acordo da Fox com o estúdio expirou em 1942 e, apesar da dificuldade relacionamento entre os dois, coube a Edward Black e Maurice Ostrer expandir a produção de filmes. Ostrer estava convencido de que aquilo que o público mais queria em tempo de guerra era escapismo e instigou a realização de uma quantidade de melodramas de época sob a marca Gainsborough.

James Mason e Margaret Lockwood em O Homem de Cinzento

James Mason e Margaret Lockwood em O Homem de Cinzento

O primeiro filme neste gênero foi O Homem de CinzentoThe Man in Grey / (James Mason, Margaret Lockwood, Stewart Granger, Phyllis Calvert), cujo sucesso criou nova perturbação na balança de poder entre Edward Black e Maurice Ostrer, resultando a saída de Black da companhia, para se juntar a Alexander Korda na MGM. Com o acréscimo de Jean Kent e Patricia Roc, Ostrer desenvolveu uma espécie de companhia de repertório e fez: Amor das Sombras / Fanny by Gaslight / 1944 (Phyllis Calvert, James Mason, Stewart Granger); Madona das Sete Luas / Madonna of the Seven Moons / 1945 (Phyllis Calvert, Stewart Granger, Patricia Roc); Malvada / The Wicked Lady / 1945 (Margaret Lockwood, James Mason, Patrícia Roc, Michael Rennie); Espadas e Corações / Caravan / 1946 (Stewart Granger, Jean Kent, Dennis Price); Jassy, a Feticeira / Jassy / 1947 (Margaret Lockwood, Patricia Roc, Dennis Price) – obs. ver meu artigo de 4 de abril de 2010, “Melodramas de Época da Gainsborough”.

Pôster de Amor das Sombras

Pˆsoter de Madona das Sete Luas

Pôster de Espadas e Corações

Pôster de Jassy, a FeticeiraO mais exitoso comercialmente foi Malvada, dirigido por Leslie Arliss, que se passava no reinado de Carlos II e contava a história da perversa Lady Barbara Skelton, interpretada por Margaret Lockwood, que fazia amizade com um ladrão de estrada (James Mason), e enveredava pelo crime. O filme teve problemas com a censura nos Estados Unidos, quando o Hays Office bloqueou sua distribuição, desaprovando os decotes muito ousados de Patricia Rock e Margaret Lockwood. J. Arthur Rank, dono do Shepherd’s Bush Studios em 1945, buscava desesperadamente um sucesso de bilheteria americano, e ordenou que as cenas ofensivas fossem refilmadas; mas, explorando habilmente a publicidade, garantiu um número de filas ainda maior em torno dos cinemas no Reino Unido.

James Mason e Margaret Lockwood em Malvada

James Mason e Margaret Lockwood em Malvada

Pôster de MalvadaO contrato de Maurice Ostrer encerrou-se em 1946 e ele foi substituido por Sydney Box. Sydney e sua esposa Muriel, produziam, escreviam e dirigiam seus filmes e já tinham prestígio na indústria cinematográfica britânica, quando Sydney assumiu a Chefia de Produção da Gainsborough. Ele se queixava da pouca produtividade da companhia e se gabava de que iria ser capaz de produzir doze filmes por ano comparado aos três produzidos por Ostrer. Entre as suas produções incluiram-se: Cupido em Férias / Holiday Camp / 1947 (Jack Warner, Flora Robson, Dennis Price, Hazel Court, Kathleen Harrison); The Man Within / 1947 (Michael Redgrave, Jean Kent, Joan Greenwood, Richard Attenborough); Easy Money / 1948 (Jack Warner, Masrjorie Fielding); The Calendar / 1948 (Greta Gynt, John McCallum); The Bad Lord Byron / 1949 (Dennis Price, Mai Zetterling, Joan Greenwood).

Dennis Price e Joan Greenwood em The Bad Lord Byron

Dennis Price e Joan Greenwood em The Bad Lord Byron

No final dos anos quarenta, o império Rank estava começando a ruir e John Davis, um contador que havia entrado na empresa em 1939, teve que tomar medidas extremas para que o Pinewood sobrevivesse. Ele cortou orçamentos, fechou os estúdios da Gainsborough em Islington e Lime Grove em Shepherd’s em 1949 e, no mesmo ano, os vendeu para a BBC Television.

SHEPPERTON

Em 1931, um homem de negócios escocês, Norman Loudon, comprou Littleton Park, uma casa construída no século XVII, e a área circundante (que incluia um trecho muito bonito do Rio Ash) em Shepperton, Surrey, com a finalidade de usá-las como sede de sua nova companhia, Sound City Film Producing & Recording, fundada em 1932. No final deste ano, a Sound City registrou cinco produções: três curtas-metragens para a MGM e dois longas-metragens, Watch Beverly (Henry Kendall, Dorothy Bartlam, Francis X. Bushman) e Reunion (Stewart Rome, Anthony Holles, Fred Schwartz).

Sound City/ Shepperton

Sound City/ Shepperton

Sound City, como o estúdio ficou conhecido, atraiu vários jovens diretores entusiasmados como George King, W. P. Lipscombe, John Baxter, Ralph Ince e John Paddy Carstairs. Em 1936, após um breve período fechado para sua modernização, o estúdio reabriu produzindo entre outros: Sweeney Todd, The Demon Barber of Fleet Street / 1936 (Tod Slaughter, Stella Rho); Mill on the Floss / 1937 (Geraldine Fitzgerald, James Mason); The Last Adventurers / 1937 (Niall MacGinnis, Linden Travers ); Wake Up Famous / 1937 (Nelson Keys, Gene Gerrard); Life of Chopin / 1938 (curta-metragem (36’) de James A. FitzPatrick); Sexton Blake and the Hooded Terror / 1938 (Tod Slaughter, Greta Gynt); Caçadora de Corações / French Without Tears / 1940 (Ray Milland, Ellen Drew, Janine Darcey).

Tod Slaughter em Sweeney Todd

Tod Slaughter em Sweeney Todd

Pôster de Mill on the Floss

Pôster de Caçadora de CoraçõesNa Segunda Guerra Mundial, o Ministério da Guerra considerou o Shepperton Studios um local seguro, pois estava afastado do centro de Londres. Porém os militares se esqueceram de que a enorme fábrica de aviões Vickers-Armstrong ficava próxima e a filmagem tinha que ser interrompida continuamente por causa das bombas extraviadas que caíam dos ataques aéreos alemães no terreno do estúdio. Eventualmente, a fábrica foi atingida e parte de sua operação foi transferida para o Walton-on-Thames Studios. A esta altura, o Ministério da Guerra requisitou imediatamente o Shepperton Studios e a habilidade de seus artífices para fabricar réplicas de aviões, que seriam usados no Oriente Médio como chamariz, armas de mentira, e pistas de pouso e decolagem.

Michael Wilding e Paulette Goddard em An Ideal Husband

Michael Wilding e Paulette Goddard em An Ideal Husband

Kieron Moore e Vivien Leigh em Anna Karenina

Kieron Moore e Vivien Leigh em Anna Karenina

Michèle Morgan e Ralph Richardson em O Ídolo Caído

Michèle Morgan e Ralph Richardson em O Ídolo Caído

Robert Donat em Um Caso de Honra

Robert Donat em Um Caso de Honra

Em 1946, a British Lion de Alexander Korda (que já possuía 50% do Worton Hall Studios em Isleworth) adquiriu 74% da Sound City Film juntamente com seu estúdio em Shepperton e os 50% restantes do Worton Hall Studios. Estas novas aquisições preencheram o lugar do estúdio da British Lion em Beaconsfield, que fora alugado ao governo por vinte e um anos. Entre os filmes realizados em Shepperton sob o novo regime incluíam-se: Uma Mulher no Meu PassadoAn Ideal Husband /1947 (Paulette Goddard, Michael Wilding, Glynis Johns, Diana Wyniard, Hugh Williams); Anna Karenina / Anna Karenina / 1948 (Vivien Leigh, Ralph Richardson, Kieron Moore); Encontro Inesperado / The Courtneys of Curzon Street / 1947 e Loucuras da Primavera / Spring in Park Lane / 1948 (ambos com Anna Neagle e Michael Wilding); O Ídolo Caído / The Fallen Idol / 1948 (Ralph Richardson, Bobby Henrey, Michèle Morgan); Um Caso de Honra / The Winslow Boy / 1948 (Robert Donat, Cedric Hardwicke, Margaret Leighton); O Terceiro Homem / The Third Man / 1949 (Orson Welles, Joseph Cotten, Alida Valli, Trevor Howard); O Pária das Ilhas / An Outcast of the Islands / 1951 (Ralph Richardson, Trevor Howard, Robert Morley); Sem Barreira no Céu / The Sound Barrier / 1953 (Ralph Richardson, Nigel Patrick, Ann Todd, Dinah Sheridan); O Outro Homem / The Man Between / 1953 (James Mason, Claire Bloom, Hildegarde Neff); Papai é do Contra / Hobson’s Choice / 1954 (Charles Laughton, John Mills, Brenda de Banzie); A Rua da Esperança / A Kid for Two Farthings / 1955 (Celia Johnson, Diana Dors); O Nosso Homem em Havana / Our Man in Havana / 1959 (Alec Guiness, Maureen O’Hara, Noel Coward, Ralph Richardson, Burl Ives). Na mesma década, Hollywood chegou em Shepperton: Pandora / Pandora and the Flying Dutchman / 1951 (Ava Gardner, James Mason, Nigel Patrick); Uma Aventura na África / The African Queen / 1951 (Humphrey Bogart, Katharine Hepburn, Robert Morley); Moulin Rouge / Moulin Rouge / 1952 (José Ferrer, Zsa Zsa Gabor, Colette Marchand).

Orson Welles em O Terceiro Homem

Orson Welles em O Terceiro Homem

Pôster de O Päria das Ilhas islands poster

José Ferrer em Moulin Rouge

José Ferrer em Moulin Rouge

Em 1948, a British Lion estava à beira da falência, mas a agência governamental récem-formada, National Film Finance Corporation, lhe concedeu empréstimos de alguns milhões de libras. A British Lion não saldou os empréstimos e, em 1954, o governo pediu a liquidação da devedora, tendo sido nomeado um liquidante. Duas novas companhias foram criadas: British Lion Films Limited e uma subsidiária, British Lion Studio Company Limited, para gerir as atividades da British Lion na área de distribuição e o estúdio de Shepperton (o de Worton Hall já tinha sido vendido em 1952 por motivo de economia). A NFFC reestruturou a diretoria, designando os irmãos Boulting (Roy e John), Frank Launder e Sidney Gilliat para compô-la, com a condição deles realizarem seus filmes futuros exclusivamente para a British Lion (e assim foi feito vg. Roy e John Boulting: Ultimatum / Seven Days to Noon / 1950 (Barry Jones); Sidney Gilliat: O Passado me Condena / The Constant Husband / 1955 (Rex Harrison, Kay Kendall); Frank Launder: Geordie / 1955 (Bill Travers, Alastair Sim).

Laurence Olivier e Ralph Richardson em Ricardo III

Laurence Olivier e Ralph Richardson em Ricardo III

Charles Chaplin em Luzes da Ribalta

Charles Chaplin em Luzes da Ribalta

Laurence Harvey e Simone Signoret em Almas em Leilão

Laurence Harvey e Simone Signoret em Almas em Leilão

Entre outras produções britânicas feitas em Shepperton nos anos cinquenta e sessenta, sobressaíram: Ricardo III / Richard III / 1955 (Laurence Olivier, Ralph Richardson, John Gieguld, Claire Bloom); Vida de Artista / The Entertainer / 1960 (Laurence Olivier, Brenda de Banzie, Roger Livesey, Alan Bates, Albert Finney); Um Rei em Nova York / A King in New York / 1957 (Charles Chaplin, Dawn Adams); Bom Dia, Tristeza / Bonjour Tristesse / 1958 (Jean Seberg, David Niven, Deborah Kerr);  The Entertainer / 1960 (Laurence Olivier, Brenda de Banzie, Roger Livesey, Alan Bates, Albert Finney); Momentos de Angústia / The Angry Silence / 1960 ( Richard Attenborough, Pier Angeli); A Mulher que Pecou / The L-Shaped Room / 1962 (Leslie Caron, Tom Bell); Othello / 1965 (Laurence Olivier, Maggie Smith, Frank Finley); e filmes da “New Wave” inglesa: Almas em Leilão / Room at the Top / 1959 (Laurence Harvey, Simone Signoret, Heather Sears); Ainda Resta uma Esperança / A Kind of Loving / 1962 (Alan Bates, June Ritchie); O Mundo Fabuloso de Billy Liar / Billy Liar / 1963 (Tom Courtnenay, Julie Christie); Darling – A Que Amou Demais / Darling / 1965 (Julie Christie, Dirk Bogarde, Laurence Harvey).

Pôster de Ainda Resta uma Esperança

Em 1964, a NFFC vendeu a British Lion para um consórcio presidido por Michael Balcon. O estúdio continuou em funcionamento (com a realização de grandes filmes), passando por outros donos (entre eles um consórcio presidido por Ridley e Tony Scott), e hoje faz parte do Pinewood Studios Group.

TEDDINGTON

Em 1914, Charles Urban, pioneiro anglo-americano do filme documentário, educativo, propagandístico e científico, adquiriu uma mansão isolada à beira de um rio em Teddington, chamada de Weir House, para fazer – na sua estufa – filmes usando o processo de coloração aperfeiçoado por seu sócio, George Albert Smith.

Charles Urban

Charles Urban

Em 1918, a Weir House foi alugada, e mais tarde comprada, pela Master Films Limited, que transformou a estufa em um verdadeiro estúdio com paredes de vidro, camarins, oficinas, local para guardar os adereços e cenários, e uma sala de projeção minúscula. Em 1927, a Ideal Film Company, que havia anteriormente alugado o Neptune Studios em Elstree, fundiu-se com a Gaumont-British, e alugou o estúdio por pouco tempo, porque ele foi destruído em parte por um incêndio em 1929. No final dos anos vinte, o ator Henry Edwards e E. G. Norman compraram o Weir House Studios em Teddington e construiram outro no local instalando o sistema RCA de som no filme. Edwards produziu filmes falados sob o nome Teddington Film Studios e também alugou o complexo para produtores independentes.

Irving Asher e Jack Warner

Irving Asher e Jack Warner

Em 1931, a Warner Bros. primeiro alugou e depois comprou o Teddington Studios, para produzir seus “quota quickies” britânicos, modernizou o estúdio, e de 1931 a 1939, Irving Asher dirigiu-o com muita eficiência. Os “quota quickies” serviram como um campo de treinamento para produtores, diretores, técnicos e atores (vg. o futuro produtor e diretor Mario Zampi trabalhou na Warner como montador; Ida Lupino (High Finance / 1933) e Errol Flynn (Murder at Monte Carlo / 1935) atuaram no início de suas carreiras; Michael Powell dirigiu The Girl in the Crowd / 1935 ainda novato).

Errol Flynn em Murder at Monte Carlo

Errol Flynn em Murder at Monte Carlo

No começo da Segunda Guerra Mundial, o estúdio fechou, mas reabriu novamente alguns meses depois sob a administração de Doc Salomon. Até que o prédio fosse atingido diretamente por uma bomba voadora em 1944, entre as produções ali completadas estavam: The Night Invader / 1943 (Anne Crawford, David Farrar, Marius Goring); Dark Tower / 1943 (Ben Lyon, Anne Crawford, David Farrar, Herbert Lom, William Hartnell, Ben Lyon); The Hundred Pound Window / 1943 (Anne Crawford, David Farrar, Richard Attenborough); Flight from Folly / 1945 (Pat Kirkwood, Hugh Sinclair, Sydney Howard).

David Farrar e Anne Crawford em The Night Invader

David Farrar e Anne Crawford em The Night Invader

David Farrar, Anne Crawford  e William Hartnell em Dark Tower

David Farrar, Anne Crawford e William Hartnell em Dark Tower

A produção foi suspensa após o bombardeio, porém o estúdio, devidamente reconstruído, voltou a funcionar em 1948. Entrementes, em 1946, a Warner Bros. havia adquirido do espólio de John Maxwell uma parte expressiva da Associated British Picture Corporation e, pouco depois, toda a produção da Warner transferiu-se para o estúdio da ABPC em Elstree.

Burt Lancaster e Eva Bartok em O Pirata Sangrento

Burt Lancaster e Eva Bartok em O Pirata Sangrento

Teddington fechou mais uma vez em 1952, sendo a última produção ali realizada O Pirata Sangrento / The Crimson Pirate (Burt Lancaster, Eva Bartok, Nick Cravat). Em 1955, a ABC Television Limited comprou o estúdio e em 1968, a ABC e a Rediffusion Television se fundiram para formar a Thames Television, resultando daí uma maior expansão das instalações do Teddington Television Studos.

ESTÚDIOS BRITÂNICOS II

ISLEWORTH

Em 1913, o pioneiro do cinema britânico, G. B. (George Berthold) Samuelson, concebeu a idéia de realizar um filme épico sobre o reino da Rainha Vitória, que ele admirava muito. Samuelson financiou e teve uma participação importante na produção de Sixty Years A Queen, rodado no Ealing Studios de Will Barker. O espetáculo obteve muito sucesso, e ele resolveu adquirir seu próprio estúdio, alugando, com opção de compra, uma grande área – na qual se situava uma mansão de quarenta quartos -, em Worton Hall, Isleworth.

Cena de Sixty Years a Queen

O primeiro filme feito no estúdio, A Study in Scarlet / 1914, baseado na história de Conan Doyle e dirigido por George Pearson, alcançou grande êxito. Animado, Samuelson envolveu Pearson em um novo projeto, A Cinema’s Girl Romance, que não foi avante porque, com o irromper da Primeira Guerra Mundial, eles resolveram realizar dois cine-jornais fictícios, The Great European War Day-By-Day e Incidents Of The Great European War, muito bem recebidos pelo público. Nos dias que se seguiram, Samuelson e Pearson trabalharam ininterruptamente, produzindo filmes que lotavam os cinemas, tendo como Fred Paul. Como ator principal. No final de 1915, Pearson deixou Worton Hall e foi para o Lime Grove Studio da Gaumont em Shepherd’s Bush. Fred Paul assumiu suas funções em Worton Hall, começando por dirigir a série The Adventures of Deadwood Dick /1915, ao todo seis westerns de dois rolos, baseados nas proezas de um inglês, Dick Harry (interpretado por ele mesmo), no Oeste americano, Em 1916, Worton Hall foi ampliado e, daquele ano até 1919, conquistou uma reputação invejável pela realização de adaptações de dois rolos de livros e peças clássicos (vg. The Vicar of Wakefield de Oliver Goldsmith; The Admirable Crichton de J.M. Barrie; Lady Windermere’s Fan de Oscar Wilde, as duas últimas produzidas pela Ideal Film Company de Simon Rowson).

Cena de A Study in Scarlet

Cena de A Study in Scarlet

Em 1922, Samuelson formou uma companhia com o distribuidor Sir William Jury, sob a denominação de British Super Films. O primeiro filme sob a nova marca foi Stable Companions / 1922, estrelado por Lillian Hall-Davis e Clive Brook, seguindo-se, com a mesma atriz, The Game of Life / 1922; The Faithful Heart / 1922; Brown Sugar / 1922; The Hotel Mouse / 1923; The Right To Strike / 1923. Samuelson fez de Lillian Hall-Davis uma estrela imensamente popular. O filme mais controvertido dela, Maisie’s Marriage / 1923, causou um acesso de indignação por parte da British Board of Film Censors, que não admitia que um livro, cujo tema principal era o amor livre, tivesse sido transformado em filme. O livro em questão intitulava-se Married Love, de autoria de uma defensora do controle de natalidade, Dra. Maria C. Stopes, que também escreveu o roteiro para a transposição cinematográfica.

Cartaz de Maisie's Marriage

Cena de Maisie's Marriage

Cena de Maisie’s Marriage

Em 1925, Samuelson empreendeu uma versão para a tela de Ela / She, de Sir Henry Rider Haggard, filmada em um estúdio de Berlin, com um elenco internacional. Dificuldades com sua estrela americana, Betty Blithe, resultaram em uma ação judicial, e os gastos colossais com o processo somados às despesas extras de produção por causa do litígio, causaram-lhe muito prejuízo. Em 1928, Worton Hall foi vendido para a British Screen Productions, que George Pearson havia fundado, e Samuelson continuou a atuar no cinema como diretor.

Betty Blithe em Ela

Betty Blithe em Ela

A British Screen Productions realizou alguns filmes silenciosos de qualidade inferior e, em 1930, entrou em liquidação. Em 1931, Richard Norton (encarregado da realização de “quota quickies” na Inglaterra para a United Artists e que mais tarde teria uma participação importante no Pinewood Studios), chegou a organizar um esquema de produção de seis “quickies” no estúdio e este também foi alugado para outras companhias fazerem, por exemplo, Madame Guillotine – Prod: Reginald Fogwel; Birds of a Feather – Prod: G&L Films; Guilt – Prod: Reginald Fogwell; e Jealousy – Prod: Majestic Films / New Era. Porém, em 1933, Worton Hall foi vendido para J. W. Almond e Edward Gourdeau, donos da Interworld Films.

Isleworth Studios 1930

Isleworth Studios 1930

Em 1934, Worton Hall foi totalmente modernizado com a instalação do sistema de som Western Electric e, no final do ano, Alexander Korda, com o apoio financeiro da Prudential Assurance Company, alugou o estúdio. Douglas Fairbanks e seu filho, Douglas Fairbanks Jnr., celebraram um acordo com Alexander Korda pelo qual Fairbanks Sr. ofereceria a Korda uma participação na United Artists enquanto que seu filho integraria o elenco da produção de Korda, Catarina, a Grande (em reprise, A Rainha Imortal) / The Rise of Catherine The Great / 1934.

Pôster de Noites de Moscou

Pôster de O Homem Que Fazia Milagres

Pôster de BozamboEm 1936, após longas negociações com a família Almond, Douglas Fairbanks, Jnr. e seus colegas Marcel Hellman, Paul Czinner e A. Cunningham- Reid (da diretoria da firma que ele havia fundado no ano anterior, Criterion Film Production), adquiriram Warton Hall. Entre os filmes realizados no todo ou em parte por Korda, Fairbanks, Jnr. e produtores independentes neste estúdio em 1935-1937, destacaram-se: O Fantasma Camarada / The Ghost Goes West (Robert Donat, Jean Parker); Noites de Moscou / Moscow Nights (Harry Baur, Penelope Dudley Ward, Laurence Olivier); O Homem Que fazia Milagres / The Man Who Could Work Miracles (Roland Young, Ralph Richardson); Daquí a Cem Anos / Things to Come (Ralph Richardson); Bozambo / Sanders of the River (Paul Robeson, Leslie Banks, Nina Mae McKinney); Acusada / Accused (Douglas Fairbanks, Jnr. Dolores Del Rio); Crime Over London (Margot Grahame, Paul Cavanagh); Larápio Encantador / Jump for Glory (Douglas Fairbanks, Jnr. Valerie Hobson). Estes três últimos filmes, produzidos pela Criterion, foram um desastre nas bilheterias, e Douglas Fairbanks Jnr. voltou para os Estados Unidos. A produção continuou em Worton Hall até o início da Segunda Guerra Mundial, sobressaindo: Fanfarronadas / The Invader / 1936 (Buster Keaton, Lupita Tovar), um “quota quickie” feito por Sam Spiegel para a MGM) e Under Secret Orders, versão inglêsa de Mademoiselle Docteur / 1937 (Erich von Stroheim, John Loder, Dita Parlo) de G.W. Pabst.

Buster Keaton e Lupita Tovar em Fanfarronadas

Buster Keaton e Lupita Tovar em Fanfarronadas

Pôster de Under Secret Orders

Em 1939, o produtor Maurice Wilson alugou Worton Hall por um período breve, mas pouco depois o estúdio foi requisitado pelo Ministério de Obras Públicas e ficou fechado durante a guerra. Em 1944, a British Lion Film Corporation comprou 50% de Worton Hall. Entre os longas-metragens realizados sob a marca British Lion estavam algumas cenas de Picadilly Incident / 1946 (Anna Neagle, Michael Wilding); The Shop At Sly Corner / 1947 (Oscar Homolka, Muriel Pavlow, Derek Farr); White Craddle Inn / 1947 (Madeleine Carroll, Michael Rennie, Ian Hunter). O estúdio passou por outra mudança de propriedade quando, em 1946-47, Alexander Korda, adquiriu o controle acionário da British Lion, que também operava o Shepperton Studios. E assim, Shepperton Studios e Worton Hall tornaram-se inexoravelmente ligados. Por exemplo, algumas cenas de O Ídolo Caído / The Fallen Idol / 1948 (Michèle Morgan, Ralph Richardson), filmado principalmente em Shepperton, foram rodadas em Worton Hall. Outras produções que não puderam ser completadas em Shepperton acabaram sendo efetivadas em Worton Hall: The Last Days of Dolwyn / 1949 (Richard Burton estreando nas telas, Emlyn Williams); The Small Back Room / 1949 (David Farrar, Jack Hawkins). No período 1949-1950 houve grande atividade nos estúdios, destacando-se: Segredo de Estado / State Secret / 1950 (Douglas Fairbanks Jnr., Jack Hawkins, Glynis Johns, Herbert Lom) e algumas cenas de Uma Aventura na África / The African Queen / 1951 (Humphrey Bogart, Katherine Hepburn). Entretanto, a vida do Worton Hall Studios em Isleworth estava prestes a ter um fim abrupto.

Anna Neagle e Michael Wilding em Picadilly Incident

Anna Neagle e Michael Wilding em Picadilly Incident

Douglas Faibanks Jr. , Glynnis Johns e Herbert Lom em Segredo de Estado

Douglas Faibanks Jr. , Glynnis Johns e Herbert Lom em Segredo de Estado

Katharine Hepburn e Humphrey Bogart em Uma Aventura na África

Katharine Hepburn e Humphrey Bogart em Uma Aventura na África

Nos anos quarenta, a British Lion Film Corporation de Alexander Korda, dona de ambos os estúdios de Shepperton e Worton Hall, recebeu um empréstimo massivo da National Film Finance Corporation. Quando chegou a data do empréstimo ser pago em outubro de 1951, foi anunciado que “nenhum pagamento poderia ser feito sem a redução da produção”. Parte da redução significou a venda do Worton Hall Studios para a empresa estatal National Coal Board em maio de 1952.

ISLINGTON

Gainsborough Studios 1945

Gainsborough Studios 1945

Em 1919, a Famous Players-Lasky Company of America fundou a Famous Players-Lasky British Producers Limited, quando adquiriu uma antiga usina geradora ferroviária em Islington e a converteu em um estúdio com dois palcos de filmagem, oficinas e escritórios. Entre as primeiras produções constavam The Great Day / 1920 e O Imã da Juventude / The Call of Youth / 1921, (ambos com Marjorie Hume), Três Fantasmas Vivos / Three Live Ghosts / 1922 e O Compatriota / The Man from Home / 1922 (ambos com Anna Q. Nillson); Paixões da Bela Espanha / Spanish Jade / 1922 (Evelyn Brent). Todavia, em 1924, Jesse L. Lasky resolveu se retirar dos seus investimentos britânicos e o estúdio foi vendido para Michael Balcon e seus sócios, Victor Saville e o financiador John Freedman. Para a sua primeira produção em Islington, Mulher Contra Mulher / Woman to Woman / 1923, realizada com a ajuda monetária do distribuidor C. M. (Charles Moss) Woolf, eles convidaram a estrela do cinema americano Betty Compson, colocando-a ao lado de Clive Brook e confiaram a direção a Graham Cutts, um dos principais diretores ingleses nos anos vinte. Alfred Hitchcock (que havia iniciado sua carreira como desenhista de letreiros) foi o assistente de direção, roteirista e cenógrafo e Alma Reville, sua futura esposa, a montadora e script girl. O filme fez grande sucesso, porém o próximo espetáculo, The White Shadow / 1924, foi decepcionante comercialmente, e C. M. Woolf não quis mais investir na companhia.

Pôster de Mulher contraMulher

Em 1924, Michael Balcon fundou uma nova firma, Gainsborough Pictures, nome e logo que se tornariam famosos na indústria cinematográfica britânica. Com a criação dessa companhia a reputação de Balcon como produtor estava firmada assim como a de Reginald Baker, seu contador, com o qual Bacon teve uma longo relacionamento profissional. Os primeiros filmes da companhia foram A Porta Fechada / The Passionate Adventure (Clive Brook, Alice Joyce, Lillian Hall-Davis, Victor MacLaglen) e The Rat / 1925 (Mae Marsh, Ivor Novello), ambos dirigidos por Graham Cutts; três filmes de Hitchcock: Estrangulador de Louras / The Lodger / 1926 (Ivor Novello, June), Dowhnhill / 1927 (Ivor Novello, Isabel Jean),  Easy Virtue /1928 ( Robin Irvine, Isabel Jean); Incertezas da Sorte / The Constant Nymph / 1928 (Ivor Novello, Mabel Poulton).

Ivor Novello em O Estrangulador de Louras

Ivor Novello em O Estrangulador de Louras

Cena de Downhill

Cena de Downhill

Cena de Easy Virtue

Cena de Easy Virtue

Em 1928, a Gainsborough foi absorvida pela Gaumont-British Picture Corporation, conglomerado que possuía o Lime Grove Studios em Shepherd’s Bush e negócios no campo da distribuição e exibição. Entre 1928 e 1932, enquanto o estúdio em Shepherd’s Bush estava sendo preparado para o cinema falado, o estúdio da Gainsborough em Islington serviu como um ramal de produção para a Gaumont-British. No mesmo ano, o sistema de som da RCA Photophone foi instalado em Islington e, em 1931, Balcon estava dividindo suas responsabilidades entre os dois estúdios. Entre os filmes dos anos trinta, salientavam-se: algumas comédias com a dupla Jack Hulbert-Cicely Courtneidge; Friday the Thirteenth / 1933 (Jessie Matthews, Sonnie Hale); Rainha por Nove Dias / Tudor Rose  ou Nine Days a Queen / 1936 (Cedric Hardwicke, Nova Pilbeam); O Homem Que Mudou de Alma / The Man Who Changed His Mind /1936 (Boris Karloff, Anna Lee, John Loder, Cecil Parker).

Jack Hulbert e Cicely Courtneidge

Jack Hulbert e Cicely Courtneidge

Pôster de Tudor Rose

Boris Karloff em O Homem que mudou de Alma

Boris Karloff em O Homem que mudou de Alma

Em dezembro de 1936, provavelmente prevendo um desastre financeiro iminente para a Gaumont-British, Michael Balcon deixou a companhia, contratado pela MGM por um salário muito alto. Após a saída de Balcon, os estúdio foi reorganizado pelo seu ex-assistente, Edward Black, que se revelaria como um produtor de sucesso. No final de 1937, o balanço da Gaumont-British registrou perdas gigantescas com o seu estúdio subsidiário da Gainsborough em Islington. C. M. Woolf e J. Arthur Rank apresentaram um pacote de salvamento que estipulava que o Gaumont-British Studios em Shepherd’s Bush seria fechado e toda as produções transferidas para o Pinewood Studios enquanto Maurice Ostrer teria permissão para fazer alguns filmes no estúdio da Gainsborough em Islington.

Pôster de Garotas Apimentadas

Will Hay em Oh, Mr.Porter!

Will Hay em Oh, Mr.Porter!

Em 1938, o Islington Studios recebeu um empréstimo da 20thCentury-Fox, que decidira realizar filmes ali até a irrupção da Segunda Guerra Mundial. Duas dessas produções foram Garotas Apimentadas / A Girl Must Live / 1939 (Margaret Lockwood, Lili Palmer, e o veterano astro do music-hall Sir George Robey) e Bem Amada Impostora / Shipyard Sally / 1939 (Gracie Fields dirigida pelo italiano Monty Banks, com o qual depois ela se casaria e partiria para Hollywood, onde fez quatro filmes). Entre outras produções feitas em Islington: Oh, Mr. Porter / 1937 e Good-Morning Boys / 1937 (ambas com Will Hay, comediante também oriundo do music hall, muito apreciado na Grã Bretanha nos anos trinta); Hollywood às Avessas / O-Kay For Sound / 1937 (Flanagan e Allen, Nervo e Knox, Naughton e Gold, que formavam o The Crazy Gang (Os Seis Malucos); A Mulher Oculta / The Lady Vanishes / 1938 (Michael Redgrave, Margaret Lockwood, Dame May Whitty); Bank Holiday (Margaret Lockwood, Hugh Williams, John Lodge) .

Pôster de Bem Amada Impostora

Dame May Whitty, Michael Redgrave e Margaret Lockwood em A Dama oculta

Dame May Whitty, Michael Redgrave e Margaret Lockwood em A Dama oculta

O Islington Studios permaneceu fechado durante a maior parte da guerra, ali ocorrendo apenas filmes de treinamento para as Forças Armadas; a utilização do tanque do estúdio para O Jovem Mr. Pitt / Young Mr. Pitt / 1942 (Robert Donat, Robert Morley, Phyllis Thaxter); e a filmagem parcial de Dear Octopus / 1943 (Michael Wilding, Celia Johnson, Roland Culver) e Amor nas Sombras / Fanny by Gaslight / 1944 (James Mason, Phyllis Calvert, Stewart Granger).

Pôster de O Jovem Mr. Pitt

Cartaz de Her Come the Huggetts

Islington foi reaberto após o término das hostilidades pela J. Arthur Rank Organization, que havia adquirido o controle completo do estúdio. Em 1947, Sydney Box  (contando com a colaboração de sua esposa Muriel e de sua irmã Betty) assumiu o cargo de chefe da produção da Gaumont-British / Gainsborough Studios em Shepherd’s Bush e Islington. Betty, foi roteirista do  popular Here Come The Huggetts / 1948 (Jack Warner, Kathleen Harrison), e durante muitos anos fez filmes de diversos gêneros em associação  com o diretor Ralph Thomas. Lamentavelmente, diante do colapso do Império Cinematográfico de Rank no final dos anos quarenta, a Organização Rank, a fim de assegurar a sobrevivência de seu carro-chefe, Pinewood Studios, teve que vender, em 1949, os estúdios de Islington e Shepherd’s Bush e, com o fim deles, foi-se também, por um certo período de tempo, a famosa marca Gainsborough, inspirada no retrato de Mrs. Siddons com o seu charmoso chapéu de aba larga, pintado por Thomas Gainsborough.

Sydney, Betty e Muriel Box

Sydney, Betty e Muriel Box

A marca da Gainsborough

A marca da Gainsborough

PINEWOOD

Nascido em 1888 no seio de uma família milionária dona de moinhos de trigo, J. (Joseph) Arthur Rank tornar-se-ia uma figura poderosa do cinema britânico. Homem astuto para negócios (e Metodista devoto), ele ingressou na indústria cinematográfica britânica em 1934, fundando com o produtor John Corfield e Lady Yule, a British National Films, objetivando a realização de filmes com tema religioso ou forte conteúdo moral. Em colaboração com o dono de uma firma construtora, Sir Charles Boot, e sua parceira na British National, Lady Yule, Rank adquiriu Heatherden Hall, propriedade rural magnifica perto de Iver Heath em Buckinghamshire, onde, em 1936, foi construido o Pinewood Studio. No mesmo ano, a diretoria do novo estúdio foi reforçada com a adesão de Herbert Wilcox, cujo British and Dominons Studios em Elstree havia sido destruído por um incêndio. Com a indenização paga pelo seguro, a British and Dominions tornou-se dona de 50% de Pinewood. Em 1937, Rank comprou a participação de Lady Yule no estúdio, tornando-se o seu presidente e, ao mesmo tempo, vendeu para a referida dama a sua participação na British National Films.

J. Arthur Rank

J. Arthur Rank

A marca da Organização RankEx-banqueiro aristocrático, que usava monóculo e havia adquirido certa notoriedade na sua juventude pelo excesso de dívidas bem como pela sua dextreza financeira, Richard Norton chegou em Pinewood depois de ter trabalhado na United Artists e na British and Dominions. Assumindo o cargo de diretor administrativo, encontrou imediatamente uma solução engenhosa para manter o estúdio bastante ocupado Ele abriu uma subsidiária, Pinebrook, para fazer filmes de orçamento barato, quando precisasse preencher sua programação. Por exemplo, Repórter Número 1 / This Man is News / 1938 (Barry K. Barnes, Valerie Hobson, Alastair Sim), filmado com 14 mil libras rendeu dez vezes mais na bilheteria. Hoje em dia é comum dar aos atores e atrizes uma percentagem no lucro, mas Norton foi o primeiro a usar este esquema. Com a “Fórmula Norton” (como ficou conhecida), Pinewood nunca perdeu dinheiro. O primeiro filme terminado neste estúdio, apesar de ter sido iniciado no British and Dominions destruído, foi Orquídea Selvagem / London Melody / 1937 (Anna Neagle, Tullio Carminati, Robert Douglas) enquanto que o primeiro filme feito inteiramente no mesmo local foi Talk of the Devil / 1936 (Ricardo Cortez, Sally Eilers). Entretanto, mesmo o início mais otimista não poderia estancar o colapso da indústria de 1937-38, que afetou todos os estúdios britânicos, e Pinewood foi fechado em 1938 por um certo período de tempo.

Leslie Howard e Wendy Hiller em Pigmalião

Leslie Howard e Wendy Hiller em Pigmalião

Cena de O Mikado

Porém J. Arthur Rank, não ficou parado. No final de 1938, ele comprou de Alexander Korda, o Denham Studios financeiramente debilitado e, em 1939, adquiriu o Amalgamated Studios em Elstree. Assim, em 1939, Rank era dono de três dos maiores estúdios da Grã Bretanha, embora dois estivessem fechados e um estivesse lutando pela sobrevivência, feito extraordinário tendo em vista a situação da indústria e do clima político europeu naquela época. Antes da produção se transferir para Denham no limiar da Segunda Guerra Mundial, o Pinewood Studios havia completado 47 filmes entre os quais Gangway / 1937 e Navegando em Ritmo / Sailing Along / 1938 (ambos com Jessie Matthews); Young and Innocent / 1937 (Nova Pilbeam); Pigmalião / Pygmalion / 1938 (Leslie Howard, Wendy Hiller), produzido pelo húngaro Gabriel Pascal, que convenceu Bernard Shaw a lhe ceder o direito de filmar algumas de suas obras; O Mikado / The Mikado / 1939 (Kenny Baker, Martyn Greeen), primeiro filme em Technicolor realizado em Pinewood. Quando foi declarada a guerra, o governo britânico requisitou vários estúdios para servirem como base militar ou como depósitos camuflados para armazenar suprimentos de emergência e equipamentos. Durante seis anos, Pinewood serviu variadamente como escritório do Lloyds de Londres; base para a Royal Air Force e a Crown Film Unit; e como um posto remoto da Casa da Moeda Real, o que levou os estúdios rivais a comentarem que foi a primeira vez que Pinewood estava ganhando dinheiro.

Pôster de Navegando em Ritmo

John Howard Davies e Robert Newton em Oliver Twist

John Howard Davies e Robert Newton em Oliver Twist

David Lean

David Lean

Martita Hunt e Jean Simmons em Grandes esperanças

Martita Hunt e Jean Simmons em Grandes esperanças

Em 1942, J. Arthur Rank havia ganho o controle de ambos os grandes circuitos exibidores Odeon e Gaumont-British, totalizando 619 cinemas enquanto que a organização rival ABPC possuía 442. Durante o restante dos anos quarenta, foram feitos em Pinewood, entre outros, Grandes Esperanças / Great Expectations / 1946 (John Mills, Valerie Hobson, Jean Simmons) e Oliver Twist / Oliver Twist / 1948 (Alec Guiness, Robert Newton, John Howard Davies), ambos dirigidos por David Lean); Verde Passional / Green for Danger / 1946 (Sally Grey, Trevor Howard, Alastair Sim, Leo Genn); Os Sapatinhos Vermelhos / The Red Shoes / 1948 (Moira Shearer, Leonide Massine, Anton Walbrook), de Michael Powell e Emeric Pressburger; As Oito Vítimas / Kind Hearts and Coronets / 1949 (Dennis Price, Alec Guiness, Valerie Hobson, Joan Greenwood), parcialmente filmado em Pinewood, porque o estúdio da Ealing estava superlotado na época. Em setembro de 1942 a Organização Rank formou um consórcio, Independent Producers (sob a direção de George Archibald, que havia ocupado vários postos de executivo na indústria cinematográfica britânica), com o objetivo de oferecer às companhias independentes boas condições de trabalho. As unidades de produção que operavam sob a proteção da Independent Producers eram: a Cineguild (fundada por David Lean, Ronald Neame e Anthony Havelock-Allan; a Individual Pictures (Frank Launder e Sidney Gilliat); Wessex Films (Ian Dalrymple); Aquila (Donald e Frederick Wilson).

Michael Powell e Emeric Pressburger

Michael Powell e Emeric Pressburger

Cena de Os Sapatinhos Vermelhos

Cena de Os Sapatinhos Vermelhos

Rank acreditava apaixonadamente nos filmes britânicos e esperava assentar uma indústria pós-guerra, que pudesse competir com a indústria americana. Ele investiu em filmes Nosso Barco, Nossa Alma / In Which We Serve / 1942 (Noel Coward, John Mills, Bernard Miles), um dos filmes de guerra ingleses de maior sucesso na América, produzido por Filippo Del Giudice (fundador, com Mario Zampi, da Two Cities e principal produtor da Rank por oito anos) e Henrique V / Henry V / 1944 (Laurence Olivier, Robert Newton, Leslie Banks), que recebeu quatro indicações para o Prêmio da Academia, tendo sido conferido um Oscar Honorário para Laurence Olivier. Nos meados dos anos quarenta, Rank controlava também os estúdios em Islington e em Shepherd’s Bush, e havia adquirido 50% da Ealing Films. Três dos seus principais rivais haviam saído de cena. John Maxwell havia morrido em 1940; Oscar Deutsch do circuito Odeon falecera em 1941; e Isidore Ostrer, presidente do Conselho de Administração da Gaumont-British, afastara-se da indústria em 1941.

Em 1947, a Grã Bretanha passou por uma crise severa na balança de pagamentos. Cerca de 18 milhões de libras estavam saindo do país para os cofres de produtores americanos que exibiam seus filmes nos cinemas britânicos e a indústria ficou horrorizada com a imposição por parte do governo de uma taxa de 75% sobre a renda dos filmes americanos exibidos nos cinemas do Reino Unido. Naturalmente, a América retaliou, proibindo a exibição de filmes britânicos nos Estados Unidos. Em 1949, Rank tinha uma dívida de 16 milhões de libras e, no ano seguinte, o então diretor administrativo da Rank, John Davis, foi obrigado a cortar orçamentos, despedir empregados e reduzir os salários dos executivos remanescentes. O império Rank parecia estar se deteriorando, quando os estúdios de Islington e Shepherd’s Bush foram fechados, e parte do estúdio de Denham arrendado. Toda a produção estava agora concentrada no Pinewood Studios e produtores e companhias independentes foram estimuladas para fazer filmes neles. Com a coroação de Elizabeth II televisionada em 1953 e o incremento da televisão independente em 1955, o número de aparelhos de TV domésticos cresceu drasticamente, afetando a frequência aos cinemas e, em seguida, a produção cinematográfica britânica.

Michael Redgrave,J ean Kent e Nigel Patrick em Nunca te Amei

Michael Redgrave,Jean Kent e Nigel Patrick em Nunca te Amei

P6oster de A Importância de ser Ernesto

Kenneth Moore e Kay Kendall em Genevieve

Kenneth Moore e Kay Kendall em Genevieve

Dirk Bogarde em Rivais na Conquista

Dirk Bogarde em Rivais na Conquista

Norman Wisdom e Margareth Rutherford em Norman, o Recruta Biruta

Norman Wisdom e Margareth Rutherford em Norman, o Recruta Biruta

Pôster de Carry on SergeantEntretanto, a eficiência de John Davis rendeu dividendos e vários filmes de qualidade emergiram do Pinewood Studios na década de cinquenta: Nunca te Amei / The Browning Version / 1951 (Michael Redgrave, Jean Kent, Nigel Patrick); A Importância de Ser Ernesto / The Importance of Being Earnest / 1952 (Michael Redgrave, Joan Greenwood, Edith Evans); Genevieve / Genevieve / 1953 (Dinah Sheridan, Kay Kendall, John Gregson); Rivais na Conquista / Doctor in the House / 1954 (Dick Bogarde Kenneth More, Donald Sinden, Donald Houston, Kay Kendall e James Robertson Justice como o cirurgião irascível Sir Lancelot Spratt), primeiro filme da série de grande sucesso (houve seis continuações); a série Carry On, iniciada em 1958 com Carry on Sergeant (William Hartnell); filmes do cômico Norman Wisdom (vg. Norman, o Recruta Biruta / Trouble in Store /1953); dois filmes com Gregory Peck, Loucuras de um Milionário / The Million Pound Note /1954 e Terra Ensanguentada / The Purple Plain / 1954; Os Raptores / The Kidnappers / 1953 (Duncan Mcrae, Adrienne Corri); Mulheres Fugitivas / A Town Like Alice / 1956 (Virginia McKenna, Peter Finch); O Céu a Seu Alcance / Reach for the Sky / 1956 (Kenneth More, Muriel Pavlow); O Príncipe Encantado / The Prince and the Showgirl / 1957 (Laurence Olivier, Marilyn Monroe); Amanhã Sorrirei Outra Vez / Carve Her Name With Pride / 1948 (Virginia McKenna, Paul Scofield, Jack Warner); Os Sete Cavalheiros do Diabo / The League of Gentlemen / 1960 (Jack Hawkins, Nigel Patrick, Roger Livesey, Richard Attenborough, Bryan Forbes, Kieron Moore). Em 1960, quase que a superprodução Cleopatra / Cleopatra foi filmada em Pinewood; cenários grandiosos retratando Roma e o Egito antigos chegaram a ser construídos na área externa do estúdio porém depois que Elizabeth Taylor teve que ser levada para um hospital, a fim de ser submetida a uma traqueotomia, e depois ficou em convalescença por um longo período, a produção foi transferida para a Itália.

Gregory Peck na porta de Pinewood

Pôster de Amanhã Sorrirei Outra Vez

Laurence Olivier e Marilyn Monroe em O Príncipe Encantado

Laurence Olivier e Marilyn Monroe em O Príncipe Encantado

Pôster de Carve Her Name With Pride

Pôster de O Céu a seu Alcance

Cena de Os Sete Cavalheiros do Diabo

Cena de Os Sete Cavalheiros do Diabo

Todavia, nos anos sessenta, foram feitos 160 filmes em Pinewood entre eles os da série James Bond 007 com Sean Connery, e o estúdio começou a produzir também para a televisão. Nos anos setenta foram feitos mais 125 filmes. Lord Rank faleceu em 1972, ano em que “deixou o gongo” (obs. um homem tocando um gongo enorme era a marca da Rank nas telas). Sir John Davis (nomeado cavaleiro em 1971), levou o estúdio adiante, diversificando seus investimentos (aparelhos de TV, equipamento científico, hotéis, boliches e salões de baile, xerografia), aposentou-se como presidente da Organização Rank em 1983, e morreu em 1993. Em 2000, o grupo Rank foi vendido para um consórcio liderado por Michael Grade, ex-Diretor Executivo do Channel 4.

ESTÚDIOS BRITÂNICOS I

Na Grã Bretanha não se formou um oligopólio de grandes companhias, dominando o mercado como nos Estados Unidos, mas existiu um sistema de estúdio. No começo do cinema falado, os estúdios britânicos copiavam auto-conscientemente o modelo norte-americano, mantendo artistas com contratos de sete anos e criando departamentos de roteiros e publicidade separados. Quando Alexander Korda se estabeleceu em Denham nos meados dos anos trinta, o estúdio tinha sete palcos de som e seus próprios laboratórios. Pinewood, inaugurado em 1935, era ainda maior. Assim como a Warner Bros. durante a Depressão se especializou em filmes de gangster e musicais escapistas e a MGM sob o comando de Irving Thalberg ficou famosa por seus filmes luxuosos cheios de astros e estrelas, alguns estúdios e companhias britânicos ficaram conhecidos por se dedicarem a determinados gêneros. Gainsborough ficou marcada por seus melodramas de época; Ealing pelas suas comédias que, como disse o patrão Michael Balcon, “projetavam a Grã Bretanha e o caráter britânico”; e Bray, em Berkshire, tornou-se a casa dos filmes de horror da Hammer.

Hoje em dia não existe mais um sistema de estúdio, nem nos Estados Unidos, simplesmente porque não há uma continuidade de produção. Em vez de um sistema centralizado, os filmes são oferecidos como pacotes pelos produtores, financistas e agentes como algo exclusivo.

Neste artigo – com o auxílio principalmente de British Film Studios de Patricia Warren (B.T. Batsford, 1995), Film Making in 1930s Britain de Rachel Low (George Allen & Unwin, 1985), The British Film Catalog 1895-1970 de Dennis Gifford (McGrawHill, 1973) e The Film Business – A History of British Cinema 1896-1972 de Ernest Betts (Pitman, 1973), procuro dar, em ordem alfabética e sem a pretensão de esgotar o assunto, alguma informação sobre os principais estúdios britânicos até os anos sessenta e, através deles, um pouco de história do cinema inglês e do intercâmbio artístico anglo-americano.

 

BEACONSFIELD

O Beaconsfield Studios em Buckinghamshire foi inaugurado oficialmente pelo seu dono, George Clark, produtor sediado no Soho, na primavera de 1922. Ele escolheu esse lugar por três razões principais: fugir do notório nevoeiro londrino (e assim ter condições para filmar sob a luz do dia), ter fácil acesso a Londres por meio de um transporte ferroviário, e um cenário campestre para as cenas em exteriores.

No estúdio, a George Clark Productions, realizou comédias de dois rolos (vg. Fox Farm / 1922; The Starlit Garden / 1923) com a dupla Guy Newall e sua esposa, Ivy Duke e direção de Newall. Porém os tempos eram difíceis e, embora Clark tivesse alugado o estúdio para a Pathé fazer filmes inglêses sob a marca Britannia (produzidos por Frank Powell) e para a Anglia Films (fundada em 1923 por Archibald Nettlefold), a produção cessou no limiar de 1925.

Guy Newall e Ivy Duke

O estúdio ficou abandonado e, quando a British Lion Film Corporation de Sam (Samuel) W. (Woolf) Smith o adquiriu em 1927, estava em uma condição precária. A British Lion comprou Beaconsfield com a intenção de filmar os romances de Edgar Wallace, que havia cedido à companhia os direitos de filmagem de sua obra e sido convidado para fazer parte de sua diretoria. Sam Smith modernizou o estúdio, e fez logo The Forger / 1928 (Lillian Rich, James Raglan); Chick / 1928 (Bramwell Fletcher, Chili Bouchier); The Flying Squad / 1929 (Dorothy Bartlem, Donald Calthrop); The Clue of the New Pin /  1929 (Benita Hume, Donald Calthrop), o primeiro filme britânico todo falado. Entretanto, um ano depois de The Clue of the New Pin, a British Lion enfrentou dificuldades financeiras. Edgar Wallace foi para Hollywood, onde faleceu em 1932 cheio de dívidas.

Edgar Wallace

Edgar Wallace

Pôster de The Clue of the New Pin

No início dos anos trinta, enquanto esperava o seu novo estúdio ficar pronto, a Gainsborough / Gaumont-British usou o Beaconsfield Studios para a filmagem de Sally in Our Alley / 1931 (Gracie Fields, Ian Hunter) e, além de uns “quota quickies” (ver significação do termo mais adiante), foram feitos no estúdio: The Calendar / 1931 (Edna Best, Herbert Marshall), The Water Gipsies (Ann Todd, Ian Hunter, Sari Maritza); There Goes the Bride / 1932 (Jessie Matthews, Owen Nares); The Frightened Lady / 1932 (Emlyn Williams, Cathleen Nesbitt); Gay Love / 1934 (com uma dupla curiosa: Sophie Tucker, cantora, dançarina e atriz americana e Florence Desmond, atriz que costumava imitar estrelas famosas nos palcos londrinos). Em 1936, a British Lion se juntou à Hammer Productions de Will Hinds para co-produzir A Canção da Liberdade / Songs of Freedom  e Big Fella (ambos com ator e cantor Paul Robeson e Elizabeth Welch).

Paul Robeson e Elizabeth Welch em A Canção da Liberdade

Paul Robeson e Elizabeth Welch em A Canção da Liberdade

Pôster de Big Fella

Em meados de 1937, a British Lion, ainda presidida por Sam Smith, ficou novamente em situação financeira difícil e cessou suas produções até meados de 1938. Daí em diante, Herbert Wilcox alugou o estúdio para fazer Not Wanted on Voyage / 1936 (Bebe Daniels, Ben Lyon, Charles Farrell); The Return of the Frog / 1938 (Gordon Hacker, René Ray), baseado em romance de Edgar Wallace; The Chinese Bungalow / 1940 (Paul Lukas, Kay Walsh, Jane Baxter).

Com a irrupção da Segunda Guerra Mundial, o Beaconsfield Studios foi requisitado pelo Ministério de Obras Públicas para a Rotax Limited, que fabricava magnetos para motores de aeronaves. Embora o estúdio ainda estivesse alugado ao Ministério de Obras Públicas em 1947, a British Lion – que a essa altura controlava 74% da Sound City Film e seu estúdio em Shepperton e 50% do Worton Hall Studios em Isleworth, assim como o Beaconsfield – foi vendida para a London Films de Alexander Korda, com a morte de Sam Smith no mesmo ano. Korda comprou os 50% restantes de Worton Hall e o controle total de Shepperton. Essas novas aquisições preencheram o lugar de Beaconsfield, que foi reequipado pelo governo para ser utilizado pela Crown Film Unit, finalmente desativada em 1952. Posteriormente, o estúdio foi usado pela National Film Finance Corporation (agência governamental de financiamento para a produção de filmes) e pela Independent Artists (fundada por Julian Wintle em 1950),  serviu como um depósito para a North Thames Gas Board e, em 1971, foi vendido para a National Film School. Em 1983, tornou-se a National Film and Television School, financiada através de uma parceria entre o governo e a indústria de cinema,  televisão e vídeo.

BRAY

Tal como os estúdios de Pinewood e Shepperton, o Bray Studios fora outrora uma esplêndida residência particular. Down Place, mansão campestre do século XVII, era de propriedade de Jacob Tonson, eminente livreiro da época. Situada em Berkshire, permaneceu como moradia particular até 1949, quando foi vendida, e logo depois transformada no Bray Studios.

Bray Studios

Bray Studios

O Bray Film Studios será sempre associado com a Hammer Film Productions, fundada em 1934 por William Hinds (joalheiro que algumas vezes se apresentava como comediante no music hall, usando o nome artístico de Will Hammer). Em 1937, Hinds abriu, com Enrique Carreras, a distribuidora Exclusive Films, cujo escritório localizava-se na Wardour Street, no Soho. Em 1936, essa “House of Hammer” original se associou à British Lion, para produzir dois filmes com Paul Robeson, e funcionou até o fim da Segunda Guerra Mundial, quando uma nova Hammer foi constituída em Bray por Hinds e Carreras e seus filhos, Anthony Hinds e James Carreras.

No início dos anos cinquenta, a produção da  Hammer Films incluía versões de baixo orçamento de séries radiofônicas de sucesso (vg. The Man in Black (Sidney James, Betty Ann Davies); The Adventures of P.C. 4. / 1949 (Hugh Latimer, Annette Simmonds) e filmes também baratos com intérpretes americanos (The Stranger Came Home / 1954 (Paulette Goddard); The Glass Cage / 1955 (John Ireland); Break in the Circle  / 1955 (Forrest Tucker). 

Pôster de Terror que Mata

Em meados dos anos cinquenta, Carreras adquiriu os direitos de filmagem de uma série de televisão, resultando Terror que Mata / The Quatermass Xperiment / 1955. O sucesso do filme (com Brian Donlevy, Jack Warner) foi tão fenomenal, que a companhia decidiu se concentrar na fórmula do horror (Mais informações sobre a produção Hammer ver meu artigo  de 1 de janeiro de 2012, “Os Filmes da Hammer “).  O último filme da companhia feito em Bray foi O Sarcófago Maldito / The Mummy’s Shroud / 1967. Nos anos seguintes o estúdio continuou em atividade, passando pelas mãos de vários proprietários.

CRICKLEWOOD

Em 1919, o dono de teatro Sir Oswald Stoll decidiu ingressar na indústria cinematográfica britânica. Ele havia fundado a Stoll Picture Productions e, em 1920, comprou uma antiga fábrica de aviões em Cricklewood, convertendo-o em um estúdio onde, seguindo a tendência corrente na época, realizou adaptações de romances e peças populares como The Glorious Adventure / 1922 (Diana Manners, Flora le Breton, Victor McLaglen), filmado pelo americano J. Stuart Blackton no sistema bicolor Prizma; The Virgin Queen /  1923  (Diana Manners, Carlyle Blackwell); Becket  / 1923 (Frank Benson, A. V. Brumble); Don Quixote / 1923 (Jerrold Robertshaw/ Don Quixote, George Robey / Sancho Pança).

Sir "Harry" Lauder

Sir “Harry” Lauder

Betty Balfour

Betty Balfour

Em 1926, a Welsh-Pearson alugou o estúdio para a sua estrela Betty Balfour atuar em Blink Eyes  e, um ano depois, Sir Henry “Harry” Lauder (ator e cantor escocês do music hall, famoso internacionalmente pela sua indumentária de saiote masculino e bengala) aparecer no seu primeiro longa-metragem, Hunting Tower. No final dos anos vinte, Herbert Wilcox fez The Woman in White com Blanche Sweet para a sua British and Dominions Company e o comediante Harry Tate filmou alguns de seus esquetes lá. Nos anos trinta, Cricklewood produziu um certo número de “quota quickies” como vg. Such is the Law / 1930 (Lady Tree, C. Aubrey Smith); Dick Turpin, o Cavaleiro AudazDick Turpin / 1934 (Victor McLaglen); Joe Rock fez algumas comédias com Leslie Fuller; e a Butchers Film Service (administrada pelo produtor pioneiro F. W. (Francis William) Baker, em atividade desde 1897) também realizou alguns filmes no mesmo local, usando principalmente a marca Butcher-Panther. Em 1938, Cricklewood foi vendido para fins não-cinematográficos.

DENHAM

Por causa da situação política de 1919, o húngaro Alexander Korda, dono de um dos maiores estúdios de Budapeste, decidiu sair de sua terra natal acompanhado por sua protegida Maria Corda, com quem havia de casado. Ele continuou sua carreira na Austria e na Alemanha e, em 1926, foi para os Estados Unidos, onde ficou até 1930. Um dos filmes que fez em Hollywood, tendo Maria Corda como estrela, foi A Vida Privada de Helena de Tróia / The Private Life of Helen of Troy / 1927, romance histórico que serviu de modelo para muitos de seus filmes futuros. Em 1931, retornou à Europa e, um ano depois, fundou sua própria companhia, London Film Productions. Dois sucessos marcantes de Korda foram Os Amores de Henrique VIII / The Private Life of Henry VIII / 1933 (Charles Laughton, Robert Donat, Merle Oberon) e O Pimpinela Escarlate / The Scarlet Pimpernel / 1934 (Leslie Howard, Merle Oberon, Raymond Massey). Korda ajudou muito a carreira de seus dois irmãos, Zoltan, que era também diretor, e Vincent,  diretor de arte.

Alexander Korda

Alexander Korda

Maria Corda em A Vida Privada de Helena de Tróia

Maria Corda em A Vida Privada de Helena de Tróia

O êxito dos espetáculos mencionados atraiu a atenção dos consultores financeiros da Prudential Assurance Company, que investiu milhões de libras na London Film Productions, possibilitando, em 1936, a construção dos estúdios em Denham, em Buckinghamshire. Com sete palcos de filmagem, iluminação sofisticada, equipamento de som da Western Electric, ar condicionado, vários departamentos, e um laboratório muito bem equipado, era o maior estúdio na Grã Bretanha, grande até demais para a indústria cinematográfica britânica da época, ocasionando sérios prejuízos. Os dirigentes da Prudential pediram a Korda que atuasse somente como produtor e abandonasse a administração da companhia. Ele se recusou, mas depois teve que ceder o comando dos estúdios para a sua principal rival, J. Arthur Rank Organization.

Em 1939, uma nova companhia, denominada D and P Studios Limited, foi criada para supervisionar o Denham Studios juntamente com o Pinewood Studios de Rank, que ficava perto. Apesar de suas dificuldades iniciais, Denham produziu filmes famosos: Um Fantasma Camarada / The Ghost Goes West / 1935 (Robert Donat), Daquí a Cem Anos / Things to Come / 1936 (Raymond Massey), rodado enquanto o estúdio estava em construção), Idílio Cigano / Wings of the Morning /1937 (Henry Fonda, Annabella), primeiro filme em Technicolor no Reino Unido, realizado pela 20thCentury-Fox com locações em Epsom e na Irlanda; Rembrandt / Rembrandt / 1936 (Charles Laughton); O Menino e o Elefante / The Elephant Boy / 1937 (Sabu); Fogo Por Sobre a Inglaterra / Fire Over England  / 1937 (Laurence Olivier, Vivien Leigh); O Amor Nasceu do Ódio / Knight Without Armour / 1937 (Robert Donat, Marlene Dietrich); Alma de Apache / The Rat / 1937 (Ruth Chatterton, Anton Walbrook); O Divórcio de Lady X / The Divorce of Lady X / 1938 (Laurence Olivier, Merle Oberon); sem falar no inacabado I Claudius (Charles Laughton, Merle Oberon, Emlyn Willimans, Flora Robson).

Cena de Um Fantasma Camarada

Cena de Um Fantasma Camarada

Pôster de Idílio Cigano

Charles Laughton em Rembrandt

Charles Laughton em Rembrandt

Provavelmente  prevendo a perda do controle do estúdio, Rank, já havia feito um acordo com Irving Asher (ex-gerente de produção da Warner Bros. no Teddington Studios) em um novo empreendimento, a Harefield Productions, que contratou Korda para fazer alguns “quota films”: Nuvens sobre a Europa / Q Planes / 1939 (Leslie Howard, Ralph Richardson) e O Espião Submarino / The Spy in Black / 1939 (Conrad Veidt, Valerie Hobson). Continuando sua parceria com Irving Asher como produtor associado, Korda produziu As Quatro Penas Brancas / The Four Feathers / 1939 (John Clemens, June Duprez, Ralph Richardson) em Denham. Contando com um elenco que incluía Ralph Richardson, C. Aubrey Smith, John Clements e June Duprez, o filme obteve grande sucesso, dirigido por Zoltan Korda,  com Vincent como diretor de arte.

Cena de O Espião Submarino

Cena de O Espião Submarino

Pôster de As Quatro Penas BrancasO estúdio alugou espaço também para outras companhias entre elas a MGM-British, que produziu três filmes com elencos compostos por atores americanos e ingleses: Um Ianque em Oxford / Yank at Oxford / 1937 (Robert Taylor, Vivien Leigh,) A Cidadela / The Citadel / 1938 (Robert Donat, Rosalind Russell) e Adeus Mr. Chips / Goodbye Mr. Chips / 1939 (Robert Donat, Greer Garson). Um dos últimos filmes feitos em Denham nos anos trinta foi Sob a Luz das Estrelas / The Stars Look Down / 1940  (Michael Redgrave, Margaret Lockwood).

Cena de Um Ianque em oxford

Cena de Um Ianque em oxford

Pôster de A Cidadela

Robert Donat e Greer Garson em Adeus Mr. Chips

Robert Donat e Greer Garson em Adeus Mr. Chips

Durante os anos de guerra, Rank prosseguiu com seus planos de produção às custas de Alexander Korda, que fora para a América supervisionar a finalização de O Ladrão de Bagdad / The Thief of Bagdad / 1940 (Sabu, Conrad Veidt, June Duprez, John Justin), e depois voltou para dirigir Lady Hamilton, a Divina Dama / That Hamilton Woman / 1941 (Laurence Olivier, Vivien Leigh). Embora tivesse sido criticado por muita gente no Reino Unido por ter “desertado” para Hollywood, Korda fez várias travessias transatlânticas durante a guerra e hoje parece claro que ele estava levando e trazendo documentos secretos para Winston Churchill. Em 1942, Korda foi nomeado cavaleiro pelo Rei George V, a primeira personalidade do cinema a receber tal honraria.

Vivien leigh e Laurence Olivier em Lady Hamilton

Vivien leigh e Laurence Olivier em Lady Hamilton

No início de 1940, Denham foi requisitado pelo Ministério da Informação para servir ao esforço de guerra mas, no final de 1941, recebeu autorização para produzir seus próprios filmes nos palcos de filmagens não utilizados e aceitar produções que não puderam ser realizadas no seu estúdio-irmão Pinewood. Filmes notáveis desse período foram: Nosso Barco, Nossa Alma / In Which We Serve /1942 (Noel Coward, John Mills, Richard Attenborough, Celia Johnson, Bernard Miles);  This Happy Breed / 1944 (Robert Newton, Celia Johnson, John Mills); Henrique V / Henry V / 1944 (Laurence Olivier, Robert Newton, Leslie Banks); Alma Negra / So Evil My Love (Ray Milland, Ann Todd, Geraldine Fitzgerald) da Paramount; Têmpera de Aço / The Way Ahead / 1944 (David Niven); Coronel Blimp – Vida e Morte / The Life and Death of Colonel Blimp / 1943 (Roger Livesey, Anton Walbrook, Deborah Kerr); Desencanto / Brief Encounter / 1945 (Trevor Howard; Celia Johnson), César e Cleopatra / Caesar and Cleopatra / 1945 (Claude Rains, Vivien Leigh).

Pôster de Nosso Barco, Nossa Alma

Celia Johnson e Trevor Howard em Desencanto

Celia Johnson e Trevor Howard em Desencanto

Entrementes, Korda, que havia retornado à América, onde trabalhou em associação com a MGM durante os anos de 1943 a 1945, produziu apenas um filme em Denham, Perfect Strangers / 1945 (Robert Donat, Deborah Kerr). Em 1946, quando a MGM resolveu não continuar seu acordo com Korda, ele restabeleceu a London Films e adquiriu o controle da British Lion. A British era dona do Shepperton Studios em Surrey, que Korda então usou como base de suas produções.

James Mason em Condenado

James Mason em Condenado

Laurence Olivier e Jean Simmons em Hamlet

Laurence Olivier e Jean Simmons em Hamlet

Na segunda metade da década de quarenta, os filmes feitos em Denham que mais se destacaram foram Condenado / Odd Man Out / 1947 (James Mason, Robert Newton) e Hamlet / Hamlet / 1948 (Laurence Olivier, Jean Simmons), a primeira produção inglêsa a ganhar um Oscar de Melhor Filme. No final do decênio, o império Rank estava arruinado financeiramente e a produção passou a se concentrar no Pinewood Studios sob o controle rígido de John Davis e seu assistente, o  americano Earl St. John.

Pôster de Robin Hood , o Justiceiro

Os últimos filmes feitos em Denham foram The History of Mr. Polly / 1949 (John Mills, Sally Anne Howes) e Robin Hood, o Justiceiro / The Story of Robin Hood and his Merrie Men / Disney-RKO (Richard Todd, Joan Rice, Peter Finch). No início de 1950, a D e P Studios Limited, proprietária de Denham entrou em liquidação. Sir Alexander Korda faleceu em 1956 e Lord Rank morreu logo depois após sua aposentadoria em  1972.

 EALING

Em 1901, o produtor pioneiro William G. (George) Barker fundou a Autoscope Company e, no mesmo ano, construiu um estúdio ao ar livre – um palco, andaimes e um fundo de cenário – em Stamford Hill, norte de Londres. Em 1907, Barker comprou uma mansão em Ealing, oeste da capital londrina, e edificou três estúdios com paredes e tetos de vidro para as suas produções cinematográficas. Em 1911, ele realizou seu primeiro filme de dois rolos, Henry VIII, no qual o consagrado ator de teatro Sir Herbert Beerbohm Tree (pai de vários filhos ilegítimos entre eles Carol Reed e Peter Reed, progenitor de Oliver Reed) interpretou o papel do Cardeal Wolsey. Em 1913, Barker estava preparando seus atores para o estrelato entre eles Blanche Forsythe e Fred Paul, que apareceram em East Lynne, primeiro filme britânico de seis rolos, dirigido por Bert Haldane. Em 1915, Barker colocou a nova estrela Blanche Forsythe no papel principal de um drama histórico, Jane Shore, empregando centenas de figurantes, e foi comparado a D.W. Griffith.

Em 1920, Barker vendeu o estúdio para a General Film Renters Company, que logo encerrou suas atividades. Durante algum tempo, as instalações foram usadas por produtores independentes e eventualmente, em 1929, compradas pela Associated Radio Pictures Company, que, em 1931, construiu um novo estúdio muito perto do velho Barker Studio. A firma era encabeçada pelo ator-empresário Sir Gerald du Maurier, Reginald Baker (contador), Stephen Courtauld (diretor financeiro, membro da riquíssima família da indústria têxtil) e Basil Dean.

William George Barker

William George Barker

Ealing StudiosDean começou no mundo do espetáculo como ator aos dezoito anos de idade e depois produziu e dirigiu muitas peças e filmes. Ele foi o orientador mais influente do estúdio durante os anos trinta e responsável pelo desenvolvimento da carreira de dois artistas do music-hall que se tornaram os astros mais populares e bem pagos do período: Gracie Fields e George Formby.

 Gracie Fields

Gracie Fields

George Formby

George Formby

Carol Reed começou a trabalhar com Dean, primeiramente como diretor de diálogos, passando sucessivamente a diretor de segunda unidade, assistente de diretor, co-diretor, e finalmente diretor em Midshipman Easy / 1935 (Hughie Green, Margaret Lockwood, Roger Livesey). Nos anos quarenta, Reed formaria, juntamente com David Lean e Michael Powell o trio de diretores mais importante do cinema inglês.

Carol Reed

Carol Reed

Pôster de Mishipman EasyEm 1933, o estúdio mudou seu nome para Associated Talking Pictures e, tal como os demais estúdios no Reino Unido, fez seus próprios filmes (vg. Casamento Liberal / Perfect Understanding / 1933 (Gloria Swanson, Laurence Olivier) e alugou espaço para outras companhias produtoras. Na segunda metade dos anos trinta, David Lean trabalhou na Associated Talking Pictures  como montador e Ronald Neame como cinegrafista. Em 1938, após um desentendimento com os Courtauld, Dean deixou a companhia e Michael Balcon – que havia sido fundador e presidente da Gainsborough Films, diretor de produção na Gaumont British, e encarregado da produção na MGM-British -, tornou-se o novo chefe do estúdio. Na sua gestão, Balcon trouxe vários ex-colegas da Gaumont British para trabalharem juntos entre eles o ator-diretor Walter Forde e os diretores Sidney Gilliat e Robert Stevenson.

Pôster de Casamento Liberal

Ao mesmo tempo, a denominação do estúdio mudou de Associated Talking Pictures para Ealing Studios. Balcon era homem de equipe, encorajando idéias e iniciativas. Durante os vinte anos em Ealing ele formou um grupo de diretores talentosos muitos dos quais haviam sido montadores como Charles Crichton, Charles Frend, Robert Hamer, Leslie Norman e Thorold Dickinson e roteiristas como Alexander Mackendrick, Harry Watt e Basil Dearden, que formou uma longa parceria com o produtor-diretor-cenógrafo Michael Relph. Balcon também deu força para muitos novos roteiristas inclusive T.E.B. Clarke que escreveu o roteiro de Hue and Cry / 1947 (Alastair Sim, Jack Warner), O Mistério da Torre / The Lavender Hill Mob / 1951 (Alec Guiness, Stanley Holloway) e Um País de Anedota / Passport to Pimlico / 1949 (Stanley Holloway).

T.E.B. Clarke

T.E.B. Clarke

Pôster de O MIstério da TorreEm 1942, o brasileiro Alberto Cavalcanti, diretor, produtor, roteirista e diretor de arte se juntou a Balcon e introduziu a influência documentarista nos filmes de ficção. Cavalcanti fez na Ealing 48 Horas! / Went the day Well? / 1942 (Leslie Banks), Champagne Charlie/ 1944 (Stanley Holloway, Tommy Trinder) e As Vidas e Aventuras de Nicholas Nickleby / Nickolas Nickleby / 1947 (Derek Bond, Cedric Harwicke). Entre os filmes produzidos no estúdio nos anos quarenta e cinquenta, distinguiram-se ainda: Johnny Frenchman / 1945 (Françoise Rosay, Patricia Roc); Na Solidão da Noite / Dead of Night / 1945 (Michael Redgrave); Corações Aflitos / The Captive Heart / 1946 (Michael Redgrave); A Manada / The Overlanders / 1946 (Chips Rafferty); Heróis Anônimos / Against the Wind / 1948  (Simone Signoret, Jack Warner); Sarabanda /  Saraband for Dead Lovers / 1948 (Stewart Granger, Joan Greenwood), primeiro filme em Technicolor da Ealing; Epopéia Trágica / Scott of the Antarctic / 1948 (John Mills); Alegrias a Granel / Whisky Galore / 1949 (Basil Radford); As Oito Vítimas / Kind Hearts and Coronets / 1949 (Alec Guiness, Dennis Price, Joan Greenwood, Valerie Hobson),  parcialmente filmado em Pinewood -; The Blue Lamp / 1950 (Jack Warner, Dirk Bogarde); O Homem do Terno Branco / The Man in the White Suit / 1951 (Alec Guiness, Joan Greenwood); Martírio do Silêncio/ Mandy / 1950 (Jack Hawkins, Phyllis Calvert); The Titfield Thunderbolt / 1953 (Stanley Holloway); Mar Cruel /  The Cruel Sea / 1953 (Jack Hawkins); A Morte de um Herói / The Ship That Died of Shame / 1955 (Richard Attenborough, George Baker, Bill Owen, Roland Culver, Bernard Lee); Quinteto da Morte / The Ladykillers  / 1955 (Alec Guiness, Cecil Parker, Herbert Lom, Peter Sellers).

Michael Redgrave em Na Solidão da Noite

Michael Redgrave em Na Solidão da Noite

John Mills em Epopéia Trágica

John Mills em Epopéia Trágica

Cena de As Oito Vítimas

Cena de As Oito Vítimas

Alec Guiness em O Homem do Terno Cinzento

Alec Guiness em O Homem do Terno Cinzento

Dirk Bogarde em The Blue Lamp

Dirk Bogarde em The Blue Lamp

Jack Hawkins em Mar Cruel

Jack Hawkins em Mar Cruel

O Quinteto da Morte

O Quinteto da Morte

A partir de 1952, com o advento da televisão no Reino Unido  juntamente com a mudança no gosto do público, o Ealing Studios teve dificuldades financeiras. Em 1955, foi vendido para a BBC Television – duro golpe na indústria de cinema britânica.

ELSTREE

Este termo genérico compreende seis estúdios separados, que se instalaram nas cidades adjacentes de Borehamwood e Elstree no condado de Hertfordshire,  área que ficou conhecida como “Hollywood Britânica”.

O primeiro estúdio inaugurado em Elstree foi o Neptune Studios, fundado em janeiro de 1914 por dois atores, John East e Percy Nash, com ajuda financeira do advogado-empresário Arthur Moss Lawrence. O irromper da Primeira Guerra Mundial levou o Neptune a colaborar para o esforço de guerra, realizando filmes de recrutamento porém, normalmente, predominavam as adaptações de obras teatrais. O estúdio tinha um elenco permanente do qual faziam parte Daisy Cordell, Frank Tennant, Ben Webster, Fay Davis e Gerald Lawrence e recebia às vezes atrizes do palco como Gaby Deslys e May Whitty.

Gaby Deslys

Gaby Deslys

No período de 1915 a 1920, o Neptune costumava emprestar ou alugar suas instalações para outras companhias como, por exemplo, a Ideal Films (que foi fundada como distribuidora, depois se tornou produtora –  presidida pelo matemático e estatístico Simon Rowson – e mais tarde seria absorvida pela Gaumont-British) mas, por força da imposição pelo governo de um Imposto sobre Diversões e da inundação do mercado exibidor por filmes americanos, o estúdio foi obrigado a encerrar suas atividades em agosto de 1921. A Ideal Films continuou alugando o Neptune até 1928, quando Ludwig Blattner (inventor pioneiro de um sistema de gravação de som) o comprou para a British Phototone Sound Productions, também conhecida como Ludwig Blattner Film Corporation. Blattner obteve grande sucesso com A Knight in London / 1928, dirigido por Lupu Pick e estrelado por Lilian Harvey, (atriz inglesa que se tornou muito popular na Alemanha), mas foi comercialmente lento ao se adaptar ao som e, em 1932, os cobradores estavam batendo na sua porta.

Lilian Harvey em A Knight in London

Lilian Harvey em A Knight in London

Em 1935, o estúdio foi alugado por um longo período de tempo pelo produtor americano Joe Rock e, no final do mesmo ano, Ludwig Blattner se suicidou. Joe fez alguns filmes como o ator Leslie Fuller, porém o melhor filme do Rock Studios foi The Edge of the World de Michael Powell, que firmou a reputação deste grande cineasta. Em março de 1938, o banqueiro financiador do Rock Studios, John Henry Iles, declarou falência e Lady Annie Henrietta Yule (viúva milionária de um magnata da juta em Calcutá, ex-parceira de J. Arthur Rank na British National Films) comprou o estúdio e mudou seu nome para British National Studios, cujas produções nessa década incluíram Gaslight / 1940 (Diana Wyniard, Anton Walbrook) e Love on the Dole / 1941 (Deborah Kerr).

Anton Walbrook e Diana Wyniard em Gaslight

Anton Walbrook e Diana Wyniard em Gaslight

Lady Yule faleceu em 1950 e, em 1952, Douglas Fairbanks Jnr. alugou o estúdio (que ele passou a chamar de National Studios) e se tornou produtor de filmes para a televisão. Em 1962, a ATV Television comprou o estúdio e a BBC Television, por sua vez, adquiriu-os em 1984.

Entre os outros estúdios instalados em Elstree estavam o British International Studios, o British and Dominions Studios, o Amalgamated Studios / MGM-British, o Whitehall Studio e o Danziger Studio.

O pioneiro do cinema americano J. D.  (James Dixon) Williams havia fundado, em 1925, a British National Pictures com I. W. (Isadore William) Schlesinger, financista internacional (magnata de várias indústrias, inclusive a cinematográfica, na África do Sul), e convidou Herbert Wilcox para ingressar na companhia; mas surgiu uma discordância entre Williams e Schlesinger.  O conflito  evoluiu para  um litígio e, em 1927, John Maxwell,  escocês já muito respeitado no meio cinematográfico, acabou ganhando o controle da companhia e do estúdio correspondente, mudando a denominação deste para British International Studios (BIP). Devido à origem escocesa de seu dono e sua administração financeira cuidadosa da companhia, o BIP Studios  foi apelidado de “The Porridge Factory “ (mingau que faz parte do pequeno-almoço escocês).

British International StudiosStudios

Maxwell decidiu comprar o estúdio da British National Pictures porque soube com certa antecedência da próxima entrada em vigor do Cinematograph Films Act, que exigia a distribuição e exibição de uma percentagem de filmes britânicos. Para preencher essas cotas é que surgiram os chamados “quota quickies”, realizados com um mínimo  de custos e o máximo de rapidez, exibidos em um programa duplo. O propósito da lei era resistir ao domínio dos filmes americanos e estimular a produção cinematográfica britânica; porém não havia nada que impedisse os americanos de produzí-los.

Antonio Moreno e Dorothy Gish em Madame Pompadour

Antonio Moreno e Dorothy Gish em Madame Pompadour

Entretanto,  Maxwell inaugurou seu estúdio com Madame Pompadour / 1927 (Dorothy Gish, Antonio Moreno) e The White Sheik / 1928 (com a ex-Rainha da Beleza Lilian Hall-Davis, que se suicidaria em 1933);  depois, obteve os serviços de um diretor de 28 anos chamado Alfred Hitchcock, cujo primeiro filme na empresa foi  The Ring / 1927 com o ator dinamarquês Carl Brisson. A fim de conquistar o público americano, Maxwell convidou Syd Chaplin, Tallulah Bankhead, Lionel Barrymore e outros atores de Hollywood para aparecer em suas produções. Ele contratou também Maria Corda para ser a principal atriz de TeshaTesha / 1928, primeiro filme dirigido por Victor Saville, que foi depois produtor na Inglaterra e nos Estados Unidos. No mesmo ano,  atraiu para seus quadros o alemão E. A. (Ewald André) Dupont, que dirigiu seu filme mais caro até então, Moulin Rouge, protagonizado pela atriz russa Olga Tschechowa;  Picadilly / Picadilly / 1929 (Anna May Wong); e Atlantic / Atlantic / 1929 (Madeleine Carroll, John Stuart) – dois figurantes nesta produção iriam se tornar astros, Stewart Granger e Michael Wilding.

Lilian Hall Davis

Lilian Hall Davis

Pôster de O RIng

Em 1928, Maxwell abriu uma companhia subsidiária da BIP, Associated British Cinemas, que começou com 40 cinemas, número que em 1930 havia crescido para 120, incluindo uma das salas mais concorridas da época como o Regal em Marble Arch e o Lido em Golden Green. Com o advento do som, ele instalou o RCA Photophone no seu estúdio: Blackmail / 1929, de Alfred Hitchcock, feito no BIP em Elstree, é geralmente considerado o primeiro filme inglês sonoro (embora só parcialmente falado) e também o primeiro dublado – por mero acidente, pois o sotaque da atriz theca Anny Ondra exigiu que a atriz inglêsa Joan Barry a substituísse, lendo suas falas em um microfone enquanto Anny apenas movimentava os lábios diante das câmeras.   

Aparição de Hitchcock em Blackmail

Aparição de Hitchcock em Blackmail

Pôster de Chantagem e Confissão

Maxwell prosseguiu fazendo dois “quota quickies”, Flying Scotsman / 1929 e The Lady from The Sea / 1929 com a presença de um jovem Ray Milland e, nos anos trinta sobressaíram nos filmes do estúdio os comediantes Ernie Lotinga, Leslie Fuller, Will Hay; artistas americanos (Charles Bickford, Bebe Daniels em A Southern Maid / 1933; Ben Lyon, em I Spy / 1934; Douglas Fairbanks Jnr. em Mimi / Mimi / 1935; Buddy Rogers em O Amor Sempre Vence / Let’s Make a Night Of It / 1938); e dos palcos londrinos (Gertrude Lawrence e Gerald du Maurier em Lord Camber’s Ladies / 1932).

A “Porridge Factory” continuou a produzir filmes nesse período inclusive quatro musicais:  Canção da Saudade / Heart’s Desire / 1934 (com o tenor austríaco Richard Tauber); Folias de Versalhes / I Give my Heart / 1935 (a soprano húngara Gitta Alpar); A Valsa da Felicidade / Invitation to the Waltz / 1935 (Lilian Harvey); Music Hath Charms / 1935 (Henry Hall e sua orquestra). Todavia, foi o apoio construtivo de Maxwell à Mayflower Picture Corporation de Eric Pommer, que realmente chamou a atenção do público no final dos anos trinta. Com Charles Laughton estrelando cada produção, Pommer fez três filmes de qualidade: Náufrago da Vida / Vessel of Wrath / 1938 (Elsa Lanchester, Robert Newton); St. Martin’s Lane / 1938 (Rex Harrison, Vivien Leigh); e A Estalagem Maldita / Jamaica Inn / 1939 (Maureen O’Hara, Robert Newton).

Charles Laughton em Náufrago da Vida

Charles Laughton em Náufrago da Vida

Vivien Leigh e Charles Laughton em St. Martin's Lane

Vivien Leigh e Charles Laughton em St. Martin’s Lane

Charles Laughton em Estalagem Maldita

Charles Laughton em Estalagem Maldita

Com o início da Segunda Guerra Mundial, os estúdios foram comandados pelo Royal Ordonance Corps e algumas produções tiveram que ser transferidas para o Welwyn Studios, que o BIP havia comprado no começo dos anos trinta. Quando John Maxwell faleceu em 1940, foi o fim de uma era para o BIP e a perda de uma influência importante sobre a indústria cinematográfica britânica. Ele esperava que, após seu desaparecimento, sua família pudesse manter o controle sobre seu império fílmico, agora denominado ABPC (Associated British Picture Corporation). Porém isto não ocorreu. Nos primeiros anos da guerra, A Warner Bros. adquiriu uma quantidade de ações da família e, em 1946, comprou a maior parte das ações restantes do espólio de Maxwell, colocando-se assim em uma posição privilegiada.

O novo vínculo anglo-americano significava em príncipio que a Warner Bros. distribuiria os filmes da APBC nos seus 800 cinemas americanos e a ABPC, em reciprocidade, exibiria os filmes da Warner nos seus cinemas inglêses. A nova diretoria, tendo à frente Robert Clark como Diretor Executivo do Estúdio e da Produção, decidiu também por uma reconstrução completa de seu estúdio em Elstree. Clark contratou Robert Lennard, um excelente casting director, sugeriu-lhe que criasse um novo sistema de astros para a ABPC, e ele elevou ao estrelato alguns novatos como Michael Denison, Laurence Harvey, Kenneth Moore, Richard Todd, este último participando em primeiro plano ao lado de Patricia Neal e Ronald Reagan em Coração Amargurado / The Hasty Heart / 1949, primeira produção internacional do novo estúdio, produzida e dirigida por Vincent Sherman.

Patricia Neal e Richard Todd em Coração Amargurado

Patricia Neal e Richard Todd em Coração Amargurado

Pôster de Pavor nos BastidoresEm 1950, foram realizados, no estúdio, entre outros, Pavor nos Bastidores / Stage Fright / 1950 (Marlene Dietrich, Jane Wyman, Michael Wilding, Richard Todd) e A Desconhecida / Woman with no Name / 1950 (Phyllis Calvert e outro novo ator de cinema, Richard Burton). No mesmo ano, a ABPC vendeu seu Welwyn Studio e continuou com suas produções internacionais como Falcão dos Mares / Captain Horatio Hornblower / 1951 (Gregory Peck, Virginia Mayo) de Raoul Walsh e O Mundo a Seus Pés / Happy Go Lovely / 1951 (David Niven, Vera Ellen, Cesar Romero) de Bruce Humberstone. No novo estúdio da ABPC, como uma contribuição para o Festival da Grã Bretanha de 1951, foi produzido por Ronald Neame e dirigido por John Boulting (irmão gêmeo de Roy Boulting, com o qual formava uma dupla de diretor-roteirista-produtor) o longa-metragem The Magic Box sobre o pioneiro do cinema, William Frise-Green, protagonizado por Robert Donat, tendo sido convidados para pequenas aparições Laurence Olivier, Michael Redgrave e Richard Attenborough.

Pôster de  Falcão dos Maresr

Robert Donat em The Magic Box

Robert Donat em The Magic Box

No decorrer dos anos cinquenta, a “Hollywood Britânica” continuou a atrair investimentos e artistas americanos para seus estúdios: vg. A Morte do Fantasma / Happy Ever After / 1954 (Barry Fitzgerald, Yvonne de Carlo, David Niven);  Duelo na Selva / Duel in the Jungle / 1954 (Jeanne Crain, Dana Andrews); Moby Dick / Moby Dick / 1956 (Gregory Peck); Indiscreta /  Indiscreet /1958 (Ingrid Bergman, Cary Grant). Na mesma década, emergiram dois filmes de guerra excelentes,  Labaredas do Inferno / The Dam Busters / 1955 (Michael Redgrave, Richard Todd) e Sob o Sol da África /  Ice Cold in Alex / 1958 (John Mills, Sylvia Sims). Em 1955, a ABPC começou a abrigar produções da televisão juntamente com seus próprios projetos de filmes. Em 1959, Look Back in Anger, dirigido por Tony Richardson e estrelado por Richard Burton, marcou o início de uma “nova onda” de produção fílmica, que iria emergir no decênio seguinte.

Pôster de Labaredas do Inferno

John Mills e Sylvia Sidney em Sob o Sol da África

John Mills e Sylvia Sidney em Sob o Sol da África

Richard Burton em Look Back in Anger

Richard Burton em Look Back in Anger

Em 1960, a ABPC ainda tinha 319 cinemas para abastecer e decidiu abrir seus estúdios ainda mais, para produções independentes que quizessem utilizá-los, fazendo filmes de cinema ou de televisão. Dos anos sessenta aos anos noventa a ABPC passou por outras mudanças, e continuou em atividade incessante, até fechar suas portas em 1994.

Quando  surgiu o conflito entre J. D. Williams  e I. W. Schlesinger e John Maxwell ganhou o controle da British National Pictures, Herbert Wilcox e o ator-comediante Nelson Keys formaram uma nova companhia de cinema, a British and Dominions Film Corporation, construindo em uma área vizinha ao BIP, o seu Imperial Studios (também conhecido como B&D Studios) com três palcos de filmagem. Um dos primeiros na indústria cinematográfica britânica a perceber a importância do som, Wilcox recorreu  imediatamente a  Hollywood para obter experiência técnica. No seu retorno, ele instalou o sistema de som Western Electric e depois completou seu primeiro “talkie” inglês, Wolves / 1930, com Dorothy Gish e Charles Laughton.

Em 1933, Wilcox alugou para a Paramount-British um dos seus palcos de som, onde Alexander Korda fez  A Vida Privada de Helena de Tróia (outros filmes de Korda no Imperial Studios foram Os Amores de Henrique VIII, Strange Evidence / 1933 (Leslie Banks), Os Amores de Don Juan / The Private Life of Don Juan / 1934  (Douglas Fairbanks, Merle Oberon), e O Pimpinela Escarlate. Em 1935, Wilcox contratou Jack Buchanan e o colocou ao lado da estrela de Hollywood Lili Damita em O Galã da Nota / Brewster’s Millions, dirigido por Thorton Freeland.

Anna Neagle e Herbert Wilcox

Anna Neagle e Herbert Wilcox

O nome de Herbert Wilcox estará sempre inevitavelmente  ligado com o de Anna Neagle, pois eles formaram uma das mais longas parcerias romântica e profissional da indústria cinematográfica britânica. Anna tornou-se a principal estrela de Wilcox e entre seus filmes sobressaíram: O Tenente Naval / The Flag Lieutenant / 1932; Viena dos Meus Amores / Goodnight Vienna /1932; O Preço de um Amor / The Little Damozel / 1933; Doce Amargura / Bittersweet / 1933; Nos Braços do Rei / Nell Gwyn / 1934; The Queen’s Affair / 1934 (todos, menos o primeiro, dirigidos por Herbert Wilcox).  

Jack Buchanan e Anna Neagle em Viena dos Meus Amores

Jack Buchanan e Anna Neagle em Viena dos Meus Amores

Fernand Gravey e Anna Neagle em Doce Amargura

Fernand Gravey e Anna Neagle em Doce Amargura

Anna neagle em Nell Gwynn

Anna Neagle em Nell Gwynn

Nas primeiras horas de uma manhã de fevereiro de 1936,  irrompeu um incêndio no British and Dominions Studio, deixando tudo em ruínas. Somente o trabalho valoroso dos bombeiros impediu que o fogo atingisse o BIP Studio, ali bem próximo. Wilcox estava rodando Orquídea Selvagem / London Melody com Anna Neagle, Tullio Carminati e Robert Douglas e, como John Maxwell não estava em condições de ajudá-lo, teve de terminar a filmagem no Pinewood Studios de J. Arthur Rank.

Além de Pinewood, Rank comprou outro estúdio em Elstree em 1939, não porque necessitasse do espaço, mas para impedir que Maxwell ou uma das companhias americanas se apoderasse dele. O estúdio chamava-se Amalgamated Studios e havia sido construído por Paul Soskin e seu tio Simon Soskin, originários da Rússia. A fim de conseguir dinheiro para a obra, os Soskin penhoraram o imóvel, gastaram mais do que o esperado, e acabaram falindo. Rank ficou então com três dos maiores estúdios da Grã Bretanha. Ele alugou o Amalgamated Studios ao Ministério de Obras Públicas, para servir como depósito durante a Segunda Guerra Mundial e, em 1947, o transferiu para a Prudential  Assurance Company, que havia investido na produção de filmes nos anos trinta,  e esta, por sua vez,  vendeu-o para a MGM-British.

MGM British Studios

MGM British Studios

A MGM-British transformou o Amalgamated Studios em um estúdio no estilo dos de Los Angeles, tendo como atrações astros de Hollywood em filmes que seduziram ambas as platéias americana e inglêsa: vg. Meu Filho / Edward, My Son / 1949 (Spencer Tracy, Deborah Kerr); Romance de uma Esposa / The Miniver Story / 1950 (Greer Garson Walter Pidgeon); Ivanhoe, o Vingador do Rei / Ivanhoe /1952 (Robert Taylor, Elizabeth Taylor, Joan Fontaine, George Sanders); Os Cavaleiros da Távola Redonda / Knights of the Round Table / 1953 (Robert Taylor, Ava Gardner, Mel Ferrer); Atraiçoado / Betrayed / 1954 (Clark Gable, Lana Turner, Victor Mature); O Belo  Brummel /  Beau Brummell / 1954 (Stewart Granger, Elizabeth Taylor, Peter Ustinov); A Coroa e a Espada / Quentin Durward / 1955 (Robert Taylor, Kay Kendall, Robert Morley). Em 1958, a MGM-British alugou o estúdio para a 20th Century-Fox fazer A Morada da Sexta Felicidade  / The Inn of the Sixth Happiness com Ingrid Bergman, Curd Jurgens e Robert Donat, que morreria poucas semanas após o término da filmagem.

Robert Taylor e Elizabeth Taylor em Ivanhoe

Robert Taylor e Elizabeth Taylor em Ivanhoe

Pôster de O Belo BrummelAinda em 1958, vinte e três anos depois de ter sido contratada pela MGM para atuar com Clifton Webb em This Time It’s Love, um musical que ela afinal não pôde fazer, Jessie Mathews apareceu em O Pequeno Polegar / Tom Thumb, contracenando com o atlético ator-dançarino Russ Tamblyn, Peter Sellars e Terry-Thomas que, com ela, tornaram este espetáculo um favorito das crianças através dos tempos. Nos anos sessenta, a MGM-British continuou realizando filmes em Elstree (vg. Gente Muito Importante / The V.I.P. s / 1963; O Rolls Royce Amarelo /  The Yellow Rolls Royce / 1964;  2001: Uma Odisséia no Espaço / 2001: A Space Odyssey / 1968;  O Desafio das Águias / Where Eagles Dare / 1968; Adeus Mr. Chips / Goodbye Mr. Chips / 1969) até que encerrou suas atividades em 1970, e o estúdio foi vendido para um frigorífico.

Pôster de O Pequeno Polegar

Em 1927, o ator-diretor chileno Adelqui Millar fundou a Whitehall Films com dois sócios, Charles Lapworth e N. A. Pogson e, em 1929, construiu seu Whitehall Studios próximo da estação ferroviária de Borehamwood. Não era o melhor local para construir um estúdio de cinema porque, com a chegada dos “talkies”, ficaria difícil  abafar o barulho de uma linha de trem movimentada ali perto. No futuro, seria necessário empregar um homem com o único propósito de subir no telhado, para avisar quando um trem se aproximava, de modo que a filmagem pudesse ser interrompida até que ele passasse. Infelizmente, a companhia encontrou sérias dificuldades financeiras e, por um período de tempo em 1930, o estúdio foi alugado para a Audible Filmcraft Limited, uma contradição em termos, pois esta não estava bem equipada acusticamente. De novo, o estúdio passou por uma má fase, antes de ser renovado em 1933 e rebatizado de Consolidated Film Studios em 1934, quando Daquí a Cem Anos de Alexander Korda começou a ser filmado – a produção foi depois transferida para Denham. Em 1935, quando o Twickenham Studios de Julius Hagen foi parcialmente destruído pelo fogo, Hagen formou a JH Productions  e comprou o Consolidated Film Studios. Foram feitos alguns filmes sem importância e, no ano seguinte, tanto o Twickenham quanto o Consolidated pediram falência.

Pôster de Decameron

Em 1937, J. Banberger fundou uma companhia, MP Studios Limited, e tomou posse do antigo local do Whitehall / Consolidated. O MP Studios foi requisitado durante a Segunda Guerra Mundial e depois ficou conhecido como Gate Studios. Em 1947, a J. Arthur Rank Organization adquiriu-o para realizar as suas GHW Productions, dedicadas à divulgação do Metodismo. Embora estivesse primordialmente ocupado com a produção de filmes religiosos (a razão pela qual Rank entrou na indústria de cinema nos anos trinta), o estúdio  era ocasionalmente alugado  para outras unidades da Organização Rank e outras companhias (vg. Decameron Deliciosas Noites de Amor / Decameron Nights / 1953, com Joan Fontaine e Louis Jordan). Em 1952 o estúdio foi vendido, tendo sido comprado por Andrew Smith Harkness que, coincidentemente, fabricava telas para cinemas.

Em 1956, foi construído pelos irmãos Edward and Harry Danzinger, o Danzinger  Studios (que eles apelidaram de “The New Elstree Studios”), dedicado principalmente à realização de filmes e series para a televisão americana embora alguns longas-metragens classe “B” também tivessem sido feitos (vg. Satélite Artificial / Satellite in the Sky / 1956; Man Accused / 1959; High Jump / 1958; Sentenced for Life / 1959; Feet of Clay / 1960; The Spanish Sword / 1962. O estúdio fechou suas portas em 1965.