Arquivo mensais:maio 2014

SESSÕES PASSATEMPO NO RIO DE JANEIRO NOS ANOS 40-50

Na França, os cinéacs (termo que surgiu da contração de “cinéma” e “actualités”) eram salas de cinema especializadas na projeção de filmes de atualidades, os precursores dos cine-jornais. O Pathé-Journal, por exemplo, mostrava somente atualidades em um programa de uma hora de duração. O primeiro cinema britânico que ofereceu apenas cine-jornais foi o Daily Bioscop, inaugurado em 23 de maio de 1909. Em 2 de novembro de 1929, William Fox abriu o primeiro cinema dedicado exclusivamente aos cine-jornais falados, o Embassy, situado na Broadway com a Rua 46 em Nova York. Este gênero de programação fez um sucesso tão grande que a Fox e seus financiadores anunciaram que iriam iniciar uma cadeia por todo o país, que seriam acompanhados por desenhos animados e shorts.

Nos anos trinta e quarenta os cine-jornais foram comumente apresentados antes do filme principal mas houve vários newsreels theatres em muitas cidades dos Estados Unidos. Alguns grandes cinemas incluíam também um theaterette, sala menor onde os cine-jornais eram exibidos continuamente.

Domenech e Rangel assinam contrato para aquisição de poltronas para o Cineac

Domenech e Rangel assinam contrato para aquisição de poltronas para o Cineac

No Brasil, o espanhol Sr. José Maria Domenech, associado ao engenheiro e farmacêutico brasileiro Dr. Benjamim da Fonseca Rangel, recusou–se a passar longas-metragens de ficção, apostando nas chamadas “sessões passatempo”, constituídas geralmente de cine-jornais, documentários curtos, desenhos animados, shorts de viagens, musicais ou humorísticos, comédias curtas e seriados.

Cineac Trianon no apogeu

Cineac Trianon no apogeu

Em 22 de dezembro de 1938, uma quinta-feira, o carioca recebeu a nova casa de  diversões da Avenida Rio Branco n.181, térreo, que vinha sendo anunciada assim pela imprensa:

“O Cineac Trianon, o super-cinema da avenida, que vai dar a nota elegante do centro da cidade, tanto pela sua esplêndida instalação como pelo constante interesse do novo gênero cinematográfico que apresenta é, sobretudo, uma casa do mais requintado bom gosto – distinta, moderna e original. Desde a entrada, o Cineac Trianon diferencia-se de quanto existe em nossa cidade, mesmo dos cinemas recentemente construídos.

O Salão Azul do Cineac

O Salão Azul do Cineac

O arquiteto Stelio Alves de Souza, que projetou o edifício e o cinema, fez ao Diário de Notícias as seguintes declarações (que cito sem corrigir a gramática):  “… O Cineac Trianon é o primeiro no gênero no Brasil … Construiu-se para isso especialmente, uma casa de espetáculos formando grandioso conjunto arquitetônico, precedido de gigantesca marquise, provida de iluminação indireta, a nove metros acima da calçada.

O teto do “hall” é todo iluminado por tubos de gás néon azul, em sancas, produzindo efeito de cor de gelo. O “hall” de entrada é inteiramente livre, ladeado por vitrines para exposição de objetos artísticos e outros finos artigos de comércio. O “hall” central é dividido ao meio por graciosas colunas revestidas de aço inoxidável, em espiral, e de um polido semelhante ao da prata nova.

A escada de acesso ao balcão da sala de projeções serve também à Sala Azul, restaurante, bar e sorveteria de luxo. Constitui ela  o “clou” da decoração, com os seus degraus aéreos, sem suportes laterais, toda em borracha e aço. A decoração é completada por espelhos. Os “lambris” e o balcão do bar são em sucupira, madeira admirável, acabada na cor natural.

Quanto à sala de projeção, preferiu-se construí-la com inclinação ao contrário do comum, subindo para a tela, em lugar de descer; e isso facilita a visibilidade. A decoração luminosa, última palavra no assunto, é produzida pelo moderníssimo aparelho alemão Bordoni, que produz algumas centenas de mutações de cores por minuto de uma forma quase insensível para os espectadores.

A ornamentação das paredes é feita em pinturas modernas, lembrando os diferentes continentes. Por cima da tela colocou-se elegante relógio, destinado aos espectadores que costumam ir ao cinema para fazer hora. Foram previstos aparelhos especiais para os surdos.

Ao comprar o bilhete, o espectador recebe um desses pequenos aparelhos que, adaptado a uma tomada na cadeira ligada ao alto-falante, permite audição perfeita.

Em resumo: belo, moderno, extremamente confortável, dispondo de excelente refrigeração, o Cineac Trianon faz honra aos grandes progressos da nossa capital”.

Frequentador do Cineac no seus tempos áureos da década de quarenta, lembro-me muito bem do longo corredor que levava à sala de projeção e do relógio, que me indicava se já estava na hora de sair e encontrar meu pai, que ali me deixara enquanto cumpria algum compromisso.

Nos dias que precederam à inauguração da sala, houve uma divulgação intensa. Saíram no Correio da Manhã anúncios chamando a atenção para “As 10 Inovações do Cineac”, um por dia: 1. imprensa animada … o espetáculo do mundo; 2. som individual em cada poltrona para as pessoas que ouvem mal; 3. ar ozonizado … depois de condicionado … o ar das montanhas no cinema; 4. platéia inclinada inversamente para melhor visibilidade; 5. sinfonia de cores … em iluminação progressiva e contínua; 6. noção da hora durante o espetáculo … pela luz amarela do espectro; 7. preço sem … sê-lo! (sic); 8. serviços de Bar americano, chá, cocktail … e pequenos almoços; 9. Sala Azul … mobiliário ultra moderno de aço e cristal; 10. galeria de exposições … com entrada livre. Na data da estréia, saíram todas as inovações em um só anúncio.

Do primeiro programa do Cineac Trianon, anunciado como “70 Minutos em Volta do Mundo”, constavam as seguintes atrações: Notícias do Rio – Atualidades UFA – Jóias Marinhas – Caçadores no Polo com o Pato Donald – Paramount News – A Marcha do Tempo – Imprensa Animada Cineac – O Moinho Velho, uma das novas 35 sinfonias coloridas de Walt Disney.


A partir daí sucederam-se cine-jornais (Imprensa Animada – editado pela agência francêsa Havas e ilustrado a partir de maio de 1942 por Luiz Sá), Notícias do Dia, O Esporte em Marcha, O Mundo em Revista, Atualidades UFA, Atualidades O Globo (da Cinédia), Atualidades RKO – Pathé, Paramount – RKO News, Olympic Jornal, Luce Jornal, Atualidades Francêsas etc.) com as notícias do mundo e principalmente da guerra e do pós guerra (vg. Devastação de Tóquio, O Suicídio de Himmler, Quisling Condenado à Morte, O Harakiri Coletivo de Iwo Jima, Os Americanos Ocupam o Japão Vencido, A Morte de Mussolini e Clara Petacci, O Inferno Atômico de Nagasaki, A Vida Íntima de Eva Braun, A Libertação de Paris etc.); cine-revistas como A Marcha do Tempo e Assim é a América; desenhos animados (Pato Donald, Mickey Mouse, Pluto, Pateta, Popeye, O Touro Ferdinando, Superhomem, Gato Felix, Tom e Jerry e inclusive desenhos de longa-metragem (Fantasia, Bambi) exibidos por partes; animação (Os Puppetoons de George Pal – aqui chamados de Bonecos Movíveis de Pal – com seu personagem principal Jasper, traduzido por Gasparim); shorts de várias espécies (Pete Smith, Retrorelâmpagos, Ainda que Pareça Incrível, Instantâneos de Hollywood, Ocupações Inusitadas, Ciência Popular, Tapete Mágico, Aventuras do Arco e Flexa com o arqueiro Howard Hill, Divertimentos Aquáticos, Ray Whitley e seus vaqueiros musicais etc.); comédias curtas (com Shirley Temple, Edgar Kennedy, Andy Clyde, Leon Errol, Billy Gilbert, Hugh Herbert,  Wally Brown, Gil Lamb, O Gordo e o Magro, Buster Keaton, Harry Langdon, Vera Vague, Os Peraltas / Our Gang, Os Três Patetas, anunciados como “Os Campeões da Cretinice”, etc.); seriados (O Fantasma Voador, O Misterioso Dr. Satan, O Morcego, O Código Secreto, O Falcão do Deserto, Brenda Starr, Repórter etc.) e filmes em 16mm como Minha Vida no Sertão com o caçador Sacha Siemel.

Isto tudo em sessões contínuas das 10hs e/ou 11hs ou 12hs à meia-noite, além das Matinées Infantís aos domingos com distribuição de sorvetes grátis no Salão Azul para a criançada e da Sessões Juvenís. Em 1944 foi instituido o Cartão Assinatura para 15 Semanas de Cineac, “Sem fila! Sem troco! E com desconto”, como dizia o anúncio na imprensa. No mesmo ano, o Cineac Trianon exibiu em sessão única às 22hs. excelentes filmes francêses como, por exemplo, A Mulher do Padeiro / La Femme du Boulanger de Marcel Pagnol com Raimu e Trágico Amanhecer / Le Jour se Lève de Marcel Carné com Jean Gabin.

Em 30 de novembro de 1953 Domenech lançou pela primeira vez no Rio a 3a Dimensão, porém os filmes de longa-metragem eram exibidos por sequências (vg. em uma semana passava a 1a sequência de Rastros do Inferno / Inferno / 1953 e, na próxima, via-se outra sequência).

Em 1 de dezembro de 1953 saiu no Correio da Manhã esta explicação pitoresca ao público: “A despeito do treino intensivo a que foram submetidos durante uma semana os operadores do Cineac, para lidar com a nova aparelhagem da 3a Dimensão, verificou-se inexplicavelmente um estado de nervosismo, provocado pela demora do início do espetáculo. Agradecemos a boa vontade da maioria do público que assistiu as exibições, pela atitude compreensiva que adotou, solidarizando-se com o pioneirismo da iniciativa. IMPORTANTE: Afim de evitar a repetição de tal anomalia, o Cineac passará a apresentar , por enquanto, a partir de hoje, uma única sessão em 3a Dimensão, todas as noite às 22hs”. Entretanto, como a COFAP (Comissão Federal de Abastecimento e Preços) não autorizara o cinema a funcionar com o preço teto de CR$10,00 nas sessões especiais noturnas em 3-D, a sala teve que encerrar as mesmas provisoriamente, até que a questão fosse definida definitivamente.

A partir de 13 de julho de 1940, Luiz Severiano Ribeiro e Domenech entraram em acordo, e o, Cinema Gloria, situado na Pça Floriano n. 35/37, funcionou em combinação com o Cineac Trianon, tornando-se o Cineac Gloria, que ficou em funcionamento desta forma até 31 de dezembro de l943. Os jornais anunciaram: “Agora … duas voltas ao mundo por semana – Gloria Cinelândia /  Cineac /  Trianon Avenida – Programas diferentes.”

Em 1 de janeiro de 1944, surgiu o Cineac O.K. na rua Alcindo Guanabara n.17, subsolo, que esteve em atividade até 4 de outubro de 1945, com o mesmo programa do Trianon. Os jornais noticiaram: “Um dos acontecimentos mais simpáticos e bem acolhidos por parte do público, com que se inicia hoje a temporada cinematográfica de 1944, é sem dúvida a abertura do “Cineac O.K.” refrigerado, funcionando ao preço único de Cr$1.50 apenas, em substituição do Gloria, que deixou de existir ontem como Cineac. Assim pois, de hoje em diante, os apreciadores do Cineac na Cinelândia terão uma ótima casa com ar condicionado perfeito, apresentando programas deste gênero sempre agradável, instrutivo e divertido, que converteu o Cineac no expoente do que há de melhor em matéria de diversão leve”.

Em 31 de dezembro de 1943, em pré-estréia à meia-noite e depois regularmente à partir do dia 1 de janeiro de 1944, o Cinema Capitólio (ex-Cine Broadway reaberto com este nome em 28 de fevereiro de 1942) deu início às suas famosas “Sessões Passatempo”, proclamando que “O Espetáculo Começa Quando Você Chega”.  A sessão começava ao meio-dia e aos domingos e feriados o cinema  proporcionava “Programas Infantís” às 9.30hs. Em cima da tela havia um globo iluminado por uma luz azul, conforme me lembrou meu amigo José Mauricio Ferraz, e as atrações eram semelhantes às do Cineac Trianon.


Com a publicação  em  9 de janeiro de 1959 da Portaria da COFAP que classificou os cinemas exibidores de filmes de curta-metragem como de 2a categoria, obrigando-os a cobrarem menos 60% do preço de ingresso dos cinemas  incluídos na 1ª categoria, o Cineac Trianon e o Capitólio abandonaram aos poucos as suas tradicionais sessões passatempo e começaram a passar filmes de longa-metragem.

O Cineac encerrou suas sessões passatempo de forma  integral em 13 de maio de 1959, passando a exibir, a partir de 18 de maio, variedades, desenhos e jornais apenas até às 18 horas e longas-metragens nas sessões de 18-20-22hs, iniciando  esta nova fase com uma reprise, Brutalidade / Brute Force / 1947 de Jules Dassin. Depois, o Cineac passou a exibir somente longas-metragens (a maioria de baixa qualidade e inclusive filmes eróticos programados por Osiris Parcifal de Figueiroa da distribuidora Horus Filmes), encerrando suas atividades em 17 de junho de 1973, após 34 anos cinco meses e 23 dias de atividade ininterrupta. Antes de fechar definitivamente as portas, Osiris reabriu a sala ainda em um dia, para realizar a avant-première de seu ultimo filme, O Fraco do Sexo Forte / 1968 (Dir: Ismar Porto).

Ainda no tempo das sessões passatempo, o Cineac abrigou no Salão Azul a exibição do faquir Silki (um gaúcho cujo verdadeiro nome era Adelino João da Silva) que, encerrado em uma urna de vidro, deitado em um leito de pregos e ladeado por cobras, dispunha-se – a partir de 29 de abril de 1955 – a bater o recorde mundial de jejum e tortura, então detido pelo faquir francês Burman. O Chefe de Polícia do Distrito Federal, Coronel Menezes Cortes, recomendou policiamento permanente para o local durante as vinte e quatro horas do dia. Silki superou Burman, ficando mais de 99 dias sem comer e beber. Ele bateu o recorde em 6 de agosto de 1955, mas ficou na urna até o dia seguinte, domingo, para participar do Festival Silki, com que foi homenageado pelos grandes astros e estrelas do Rádio no Ginásio do Maracanã, onde recebeu a Taça Cineac do Brasil.

O Capitólio encerrou suas sessões passatempo em 9 de julho de 1961 e passou a exibir longas–metragens, começando também com uma reprise, As Mil e Uma Noites / Arabian Nights / 1942 (Dir: John Rawlings). Em 31 de dezembro de 1963 entrou em obras e, a partir de 1 de janeiro de 1964, reinaugurou com O Satânico Dr. No/ Dr. No / 1962 (Dir: Terence Young), funcionando até 23 de julho de 1972, sendo o último filme nele exibido, A Sorte tem Quatro Patas / The Horse in the Gray Flannel Suit / 1968 (Dir: Norman Tokar).

Em 31 de dezembro de 1947, o conhecido autor teatral Geysa Boscoli (irmão de Jardel Jercolis) inaugurou na Av. Atlântica 24 em Copacabana o Cineminha do Leme, dedicado à sessões de filmes curtos em 16mm variados para crianças e, em 18 de junho de 1948, o Cineminha Cineac Infantil, localizado na Av. Copacabana 921, esquina com Rua Bolivar onde funcionou concomitantemente com o Teatro Jardel. Todas as tardes das 14 às 18hs e aos domingos e feriados das 10hs às 18hs., o teatrinho de 173 lugares funcionava como cinema para a gurizada e, à noite, como teatro, para o público adulto.

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A iniciativa de Boscoli sofreu tremenda campanha por parte dos grandes exibidores que só admitiam a exibição de filmes 16mms em cinemas que distassem 10 km das suas casas exibidores. Ele teve dificuldades também em obter filmes em 16mm, pois, havendo entradas pagas, as filmotecas das embaixadas americana, britânica e francêsa e da Agência Nacional não podiam ceder ou alugar seus acervos. Contando apenas com o estoque da Castle Filmes (cuja representante autorizada no Brasil era a Corrêa Souza Filmes) e suas congêneres que alugavam filmes de 16mm para associações ou particulares, Boscoli recorreu a programas mistos, apresentando em conjunto com os desenhos animados e comédias, espetáculos de marionetes, fantoches, ventríloquos, mágicos etc. O Cineminha CIneac Infantil funcionou até fevereiro de 1949.

Em 15 de agosto de 1952, Livio Bruni inaugurou o Cine-Passatempo “Royal” na Avenida Atlântica 3806, subsolo  da Galeria Alaska, com sessões diárias  das 10hs às 24hs. As sessões passatempo no Cinema Royal persistiram até maio de 1956.

Entretanto, esse tipo de espetáculo não deixou de existir nesta data. Nos anos sessenta, por obra do mesmo Domenech do Cineac Trianon, surgiriam as Sessões Cine-Hora no Cinema Festival (Av. Rio Branco 156, sobreloja 322), o Cinema Cine-Hora (Avenida Rio Branco 156, subsolo) e Cine-Hora Copacabana (Avenida N.S. de Copacabana 680, loja H.).

DIRETORES DE FOTOGRAFIA DO FILME NOIR

O filme noir foi criado dentro do sistema de estúdio pelo esforço colaborativo de diretores, roteiristas, atores, cenógrafos, figurinistas e compositores. Esses artistas desempenharam um papel vital no desenvolvimento desse sub gênero do drama criminal. Entretanto, como estilo fotográfico, o noir foi definido primordialmente pelo diretor de fotografia. Era ele que controlava as luzes, que providenciava um esquema fotográfico para cada filme. Em verbetes sucintos, exponho abaixo a carreira cinematográfica dos diretores de fotografia, que fizeram pelo menos três filmes noirs.

JOHN ALTON (1901-1996). Nasceu em Sopron / Ödenburg, Austria-Hungria (hoje Hungria) e iniciou verdadeiramente sua carreira no cinema em 1923 como técnico de laboratório na MGM e depois e passou a ser assistente de câmera. Na qualidade  de operador de câmera, partiu para a Europa com Ernst Lubitsch, a fim de filmar algumas cenas de fundo para O Príncipe Estudante / The Student Prince / 1927 e acabou ficando em Paris por um ano, chefiando o departamento de câmera no estúdio da Paramount em Joinville. Em 1932, transferiu-se para a Argentina, onde montou dois estúdios sonoros, um para a S.A. Radio-Cinematografica Lumiton e outro para a Argentina Sono Film. Alton casou-se com uma jornalista local, Rozalia Kiss, e ficou no país durante sete anos, fazendo a iluminação de vários filmes, e estreando como diretor em El Hijo de Papá / 1933. Em 1939, de volta a Hollywood, Alton continuou na área dos filmes “B” e começou a ser reconhecido no meio profissional – como um diretor de fotografia que trabalhava rápido, usando poucas luzes, e tinha a capacidade de fazer com que um filme “B” parecesse um filme “A” -, notadamente pelos filmes noir que fêz em colaboração com Anthony Man: Moeda Falsa / T-Men / 1947, Entre Dois Fogos / Raw Deal / 1948, Mercado Humano / Border Incident / 1949 e Demônio da Noite / He Walked by Night (dirigido na sua maior parte por Mann). Alton encontrou em Mann, um cineasta suscetível às sutilezas da luz e da sombra. Sua virtuosidade como iluminador, combinada admiravelmente com o senso de espaço agudo do diretor, produziu essas pérolas de cinematografia noir. Outros filmes noirs de Alton: Prisioneiro do Medo / The Pretender / 1947, A Cicatriz / Hollow Triumph / 1948, Afrontando a Morte / The Crooked Way / 1949, A Noite de 23 de Maio / Mystery Street / 1950, A Um Passo do Fim / People Against O’Hara / 1951, Eu, o Júri / I, The Jury / 1953, O Império do Crime / The Big Combo / 1954, O Poder do Ódio / Slightly Scarlet / 1956. Além de uma experiência em O Poder do Ódio, no qual transferiu as características da fotografia em preto e branco para cor, Alton usou o colorido de maneira expressiva em filmes de Richard Brooks (vg. Os Irmãos Karamazov / Brothers Karamazov, Entre Deus e o Pecado / Elmer Gantry / 1960) e Vincente Minnelli (vg. a sequência do longo balé final de Sinfonia de Paris / An American in Paris / 1951, que lhe proporcionou o Oscar de Melhor Fotografia em cores). Alton publicou um livro muito conhecido, Painting with Light (University of California, 1995), cujo título sintetiza bem a sua arte.

Ellwood "Woody"Bredell

Ellwood “Woody”Bredell

ELWOOD “WOODY” BREDELL (1884-1976). Nasceu em Londres, Reino Unido com o nome de Elwood Bailey Bredell e estreou na vida artística em 1917 como ator em Tio Zeca ou Dinheiro ou ForcaSouthern Justice (no papel de Daws Anthony), dirigido por Lynn F. Reynolds. Entre 1931 e 1934 trabalhou como fotógrafo de cena de várias produções da RKO e da Paramount. Em 1936, funcionou na Universal como segundo operador de câmera sob as ordens de Joseph Valentine nos filmes Dois Entre Mil / Two in a Crowd e Três Pequenas do Barulho / Three Smart Girls. Em 1937, estreou como diretor de fotografia em Audaciosa Reportagem / That’s My Story. Como diretor contratado da Universal, Bredell atuou em uma variedade de filmes, sem demonstrar um estilo minimamente óbvio mas, em Sherlock Holmes e a Voz do Terror / Sherlock Holmes and the Voice of Terror / 1942, mostrou sua capacidade para evocar o aspecto dark de um drama, usando as sombras. Um pouco mais tarde, ele foi um colaborador importante da equipe de Robert Siodmak, fotografando dois de seus filmes noirs mais famosos: A Dama Fantasma / Phantom Lady / 1944  e Assassinos / The Killers / 1946. Em 1947, Bredell foi para a Warner Bros. onde participou de filmes de maior orçamento e em Technicolor como As Aventuras de Don Juan / Adventures of Don Juan / 1948 e O Inspetor Geral / The Inspector General / 1949, e de mais um filme noir, Sem Sombra de Suspeita / The Unsupected / 1947.

Norbert Brodine

Norbert Brodine

NORBERT BRODINE (1896-1970). Nasceu em Saint Joseph, Missouri, EUA. Após estudar na Columbia University, trabalhou como fotógrafo de cena em Hollywood, estreando como diretor de fotografia (em conjunto com Marcel Picard) em uma comédia de Will Rogers, Quase um Marido / Almost a Husband, produzida pela Goldwyn Pictures. No mesmo ano, assumiu sozinho a cinematografia de Reverência de Toby / Toby’s Bow. Na sua carreira, por diversas companhias (Columbia, Warner, Pathé Exchange, MGM, Universal etc.), chama atenção a sua colaboração com o diretor Frank Lloyd em 16 filmes, (entre eles o magnífico O Gavião do Mar / The Sea Hawk / 1924), William Wyler  (O Conselheiro / Counsellor at Law /1934) e Frank Borzage (Vale a Pena Viver? / Little Man What Now? /1934). Em 1937, Brodine passou  a prestar serviços exclusivamente para Hal Roach (vg. A Dupla do Outro Mundo / Topper / 1937, Carícia Fatal / Of Mice and Men / 1939) e, em 1943 transferiu-se para Fox, onde contribuiu com seus dotes artísticos para cinco filmes de guerra excelentes (A Casa da Rua 92 / The House on 92nd Street / 1945,  13 Rua Madeleine / 13 Rue Madeleine / 1947,  Homens Rãs / The Frogmen / 1951,  A Raposa do Deserto / The Desert Fox / 1951), Cinco  Dedos / 5 Fingers / 1952) e para os filmes noirs: Uma Aventura na Noite / Somewhere in the Night / 1946, O Justiceiro / Boomerang / 1947, O Beijo da Morte / Kiss of Death / 1949, Mercado de Ladrões / Thieves Highway / 1949.

George E. Diskant

George E. Diskant

GEORGE E. DISKANT (1907-1965). Nasceu em Nova York, N.Y.  Ingressou na RKO em 1931 como membro da equipe de câmera (não creditado) na sequência da corrida para as terras em Cimarron / Cimarron, passando imediatamente a assistente de câmera e permanecendo nesta função no mesmo estúdio até 1945. Em 1946, tornou-se diretor de fotografia em uma comédia curta de Leon Errol (Twin Husbands) e, logo em seguida, de longas-metragens, a começar por O Punhal Sangrento / Dick Tracy vs. Cueball /1946. Na sua rota cinematográfica, despontam filmes muito interessantes como Uma Aventura no Panamá / Riff Raff / 1947 de Ted Tetzlaff e O Corsário Maldito / Sealed Cargo / 1951 de Alfred L. Werker. Porém sua contribuição mais expressiva deu-se na área do filme noir: Desesperado / Desperate / 1947, Amarga Esperança / They Live by Night / 1949, A Patrulha da Morte / Between Midnight and Dawn / 1950, A Estrada dos Homens sem Lei / The Racket / 1951, Os Quatro Desconhecidos / Kansas City Confidential e Rumo ao Inferno / The Narrow Margin / 1952.

Robert DeGrasse e Claire Trevor

Robert DeGrasse e Claire Trevor

ROBERT DEGRASSE (1900-1971). Nasceu em Maplewood, New Jersey, EUA. Oriundo de uma família  de artistas (seu irmão, Joseph DeGrasse, era diretor de cinema e seu tio, Sam De Grasse,  ator), ele entrou no meio cinematográfico como diretor de fotografia de seis westerns de Harry Carey e seis filmes com o cachorro Ranger. De 1931 a 1935, trabalhou como operador de câmera e, depois de participar de três produções britânicas, voltou a exercer a função de diretor de fotografia na RKO, participando de nove filmes estrelados por Ginger Rogers, inclusive o premiado como Oscar, Kitty Foyle / Kitty Foyke / 1940, dois filmes de horror de Val Lewton (O Homem Leopardo / The Leopard Man / 1943 e O Túmulo Vazio / The Body Snatcher / 1945). Exercitando-se no claro-escuro nos filmes de Val Lewton, ele chegou aos filmes noirs: Museu de Horrores / Crack Up / 1946, Nascido para Matar / Born to Kill / 1947, O Crime na Estrada / Bodyguard / 1948, Capturado / A Dangerous Profession / 1949, O Estrangulador Misterioso / Follow me Quietly / 1949 e Ninguém Crê em Mim / The Window /1949. Nos anos cinquenta, ele se tornou free lancer para fazer O Clamor Humano / Home of the Brave / 1949 e Espíritos Indômitos / The Men /1950  para o produtor Stanley Kramer,  e deixou o cinema em 1953.

Burnett Guffey

Burnett Guffey

BURNETT GUFFEY (1905-1983). Nasceu em Del Rio, Tennessee, EUA e ingressou no mundo da cinematografia nos anos vinte como assistente de câmera na Fox (vg. em O Cavalo de / Ferro / The Iron Horse / 1924, de John Ford, para o qual contribuiu também com alguma fotografia adicional) e depois na Famous-Players-Lasky, no final da década. De 1944 a 1966 trabalhou para a Columbia, e posteriormente como free lance. Recebeu indicação para o Oscar por A Trágica Farsa / The Harder They Fall / 1956, O Homem de Alcatraz / Birdman of Alcatraz / 1962 e O Rei de um Inferno / King Rat / 1965. Conquistou o prêmio da Academia por A Um Passo da Eternidade / From Here to Eternity / 1953 e Bonnie e Clyde – Uma Rajada de Balas / Bonnie and Clyde / 1967. Embora tivesse sido um dos diretores de fotografia mais prolíficos do filme noir, preferia usar uma iluminação mais naturalista, enfatizando o cinza. Na sua filmografia noir incluem-se: Trágico Alibi / My Name is Julia Ross / 1945, Transviado / Night Editor / 1946, Dama, Valete e Rei / Johnny O’Clock / 1947, Paula / Framed / 1947, Na Teia do Destino / The Reckless Moment / 1949, O Czar Negro / The Undercover Man / 1949,  Escândalo / Scandal Sheet / 1952, Volúpia de Matar / The Sniper / 1952, Desejo Humano / Human Desire / 1954, Dinheiro Maldito / Private Hell 36 / 1954, A Maleta Fatídica / Nightfall / 1956.

Sidney Hickox em filmagem

Sidney Hickox em filmagem

SIDNEY HICKOX (1895-1982). Nasceu em Nova York, N.Y., EUA.  Começou sua carreira fílmica como assistente de câmera nos estúdios da Biograph em Nova York. Um ano depois, foi promovido a diretor de fotografia do filme O Romance de Gloria / Gloria’s Romance / 1916, seriado da Kleine, estrelado por Billie Burke. Durante a Primeira Guerra Mundial, serviu como um dos cinegrafista no Navy Air Service. De volta a Hollywood, ele ingressou na First National Pictures. Em 1928, quando este estúdio foi absorvido pela Warner Bros., Hickox tornou-se empregado da Warner, permanecendo nesta condição até sua aposentadoria em 1955. Na Warner chama atenção sua colaboração em: 13 filmes de Raoul Walsh  (vg. O Ídolo do Público / Gentleman Jim / 1942 e Golpe de Misericórdia / Colorado Territory /1948). O estilo de Hickox era um tanto convencional, mas ele enriqueceu com sua arte filmes como, por exemplo, Confession / 1937 de Joe May; 1935; Uma Aventura na Martinica / To Have and Have Not /1944 de Howard Hawks, Fogueira de Paixões / Possessed / 1946 de Curtis Bernhardt e Três Segredos / Three Secrets / 1949 de Robert Wise.  Hickox fez apenas três filmes noirs, todos excelentes: À Beira do Abismo / The Big Sleep / 1946, Prisioneiro do Passado / Dark Passage / 1947 e Fúria Sanguinária / White Heat / 1949.

Milton Krasner e Marilyn Monroe

Milton Krasner e Marilyn Monroe

MILTON KRASNER (1904-1988). Nasceu em Philadelphia, Pennsylvania, EUA e deu seus primeiros passos no cinema trabalhando no laboratório (e brevemente como assistente de montagem) no estúdio da Vitagraph em Nova York. Nos anos vinte, prestou serviços como assistente de câmera e segundo operador de câmera para vários estúdios de Hollywood. Em 1933, quando estreou como diretor de fotografia em Strictly Personal, Krasner havia aprendido sua profissão servindo de assistente de luminares da câmera como Ted McCord, Sol Polito, Billy Bitzer, Lee Garmes, Lucien Andriot, Hal Mohr e Joseph Walker. Se existe uma dificuldade de se detectar um “estilo Krasner” no seu trabalho posterior, talvez isto seja devido à multiplicidade de influências que ele sofreu durante o seu aprendizado. Entre 1935 e 1947 Krasner estava na Universal, período em que compartilhou (com William V. Skall e W. Howard Greene) uma indicação para  o Oscar de Melhor Fotografia em cores por As Mil e Uma Noites / Arabian Nights / 1942. Na mesma companhia, foi responsável pela iluminação de dois grandes filmes noirs de Fritz Lang, Um Retrato de Mulher / A Woman in the Window / 1944 e Almas Perversas / Scarlet Street / 1945. Ele demonstrou ainda a sua capacidade na fotografia em preto e branco em Fatalidade / A Double Life / 1947, fez mais um noir, Acusada / The Accused / 1948 e usou a iluminação expressionista no drama esportivo Punhos de Campeão / The Set-Up / 1949. Logo depois, iniciou uma colaboração frutífera com o diretor Joseph L. Mankiewicz (Sangue do meu Sangue / House of Strangers / 1949, O Ódio é Cego / No Way Out / 1950, A Malvada / All About Eve /1950 etc.). Dos anos cinquenta em diante, Krasner adaptou-se às superproduções em diferentes processos de cor e formato de tela larga  (vg. Demetrius, o Gladiador / Demetrius and the Gladiators / 1954,  O Rei dos Reis / King of Kings /1961, Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse / The Four Horsemen of Apocalypse / 1962, segmento de A Conquista do Oeste / How the West Was Won / 1962). Ele foi indicado para o Oscar de Melhor Fotografia por sua participação em A Malvada / All  About Eve / 1950, Tarde Demais para Esquecer / An Affair to Remember / 1957 e O Destino é o Caçador / Fate is the Hunter / 1964 e conquistou o prêmio da Academia por A Fonte dos Desejos / Three Coins in the Fountain / 1954.

Joseph LaShelle

Joseph LaShelle

JOSEPH LASHELLE (1900-1989). Nasceu em Los Angeles, Califórnia, EUA. Após graduar-se na Hollywood High School em 1920, arrumou emprego como assistente  no  novo laboratório da Paramount, a fim de custear seus estudos na Stanford University. Promovido a superintendente do setor de copiagem, resolveu ficar na indústria de cinema. Em 1925, trabalhou como operador de câmera sob as ordens de Charles G. Clarke e, posteriormente, começou uma longa associação com Arthur Miller na Fox, participando como cameraman de filmes como  Como Era verde o Meu Vale / How Green Was My Valley / 1941 e A Canção de Bernadette / Song of Bernadette / 1943. Em 1943, fez seu primeiro filme como diretor de fotografia, Filho Querido / Happy Land. Lashelle distinguiu-se pela sua aptidão tanto para a fotografia em preto e branco como para a colorida e estava sempre “à vontade” tanto em comédias-dramáticas intimistas passadas em interiores (vg. Se Meu Apartamento Falasse / The Apartment / 1960) como em filmes passados em vastos panoramas ao ar livre (vg. A Conquista do OesteHow the West Was Won / 1962). LaShelle fez quatro filmes noirs: Laura / Laura / 1944, Anjo ou Demônio? / Fallen Angel / 1945, Passos na Noite / Where the Sidewalks Ends / 1950 e Da Ambição ao Crime / Crime of Passion / 1957, nos quais ajudou a desenvolver a atmosfera adequada ao gênero. Em Laura, ele forneceu o clima noir adequado, através de uma iluminação dramatizada, que lhe proporcionou o Oscar de Melhor Fotografia. O eminente cinematographer recebeu mais sete indicações para o prêmio da Academia: Falam os Sinos / Come to the Stable / 1949, Eu Te Matarei Querida / My Cousin Rachel / 1952, Marty / Marty / 1955, Calvário de Glória / Career / 1959, Se Meu Apartamento Falasse / The Apartment / 1960, A Conquista do Oeste / How the West Was Won / 1962, Irma la Douce / Irma la Douce / 1963, Uma Loura por um Milhão /  The Fortune Cookie / 1966.

Ernest Laszlo

Ernest Laszlo

ERNEST LASZLO (1898-1984). Nasceu em Budapest, Austria-Hungria (hoje Hungria). Em 1926, emigrou para os Estados Unidos. Entre 1927 e 1943 integrou, como assistente de câmera, a equipe de dois clássicos de aviação: Asas / Wings / 1927 e Anjos do Inferno / Hell’s Angels / 1930 e depois foi contratado como operador de câmera pela Paramount. Ele trabalhou para cinematographers como Karl Struss, David Abel, Charles Lang e Leo Tover e depois foi promovido a diretor de fotografia, iniciando suas atividades nesta função em dois filmes de John Farrow, A Quadrilha de Hitler / The Hitler Gang / 1944 e Hiena dos Mares / Two Years Before the Mast / 1946, nos quais demonstrou o seu domínio sobre a iluminação em chave-baixa. A contribuição de Laszlo para o filme noir manifestou-se em: Impacto / Impact / 1949, Numa Noite Sombria / Manhandled / 1949, Com as Horas Contadas / D.O.A. / 1950, A Morte num Beijo Kiss Me Deadly / 1955, No Silêncio de uma Cidade While the City Sleeps / 1956. Fora desta área, Laszlo teve um relacionamento produtivo com Robert Aldrich (vg. nos westerns O Último Bravo / Apache / 1954, Vera Cruz / Vera Cruz / 1954, O Último Pôr-do Sol / The Last Sunset / 1961, todos em cores, e nos dramas em preto e branco A Grande Chantagem / The Big Knife / 1955 e  A Dez Segundos do Inferno/ Ten Seconds to Hell / 1959. Ele também realizou uma fotografia notável em preto e branco em filmes de Stanley Kramer (O Vento Será Tua Herança / Inherit the Wind / 1960,  Julgamento em Nuremberg / Judgement in Nuremberg / 1961 e A Nau dos Insensatos / Ship of Fools / 1965. Estes três filmes e outro de Kramer em cores, Deu a Louca no Mundo / It’s a Mad, Mad, Mad, Mad World /1963 proporcionaram-lhe indicações para o Oscar de Melhor Fotografia, apenas conquistado por A Nau dos Insensatos.

Joe MacDonald e Arlene Dahl

Joe MacDonald e Arlene Dahl

JOSEPH MACDONALD (1906-1968). Nasceu em Mexico City, Mexico, filho de americanos. Após cursar engenharia na University of Southern Califórnia, ingressou como assistente de câmera na First National em 1921 e, na década seguinte, foi promovido a primeiro operador de câmera. Em 1941, quando entrou para a 20th Century Fox, onde se tornou diretor de fotografia, ficando neste estúdio até 1959. Macdonald trabalhou em grandes filmes de diretores eminentes (vg. Paixão dos Fortes / My Darling Clementine / 1946 de John Ford, Céu Amarelo / Yellow Sky / 1948 de William Wellman e Viva Zapata / Viva Zapata / 1952 de Elia Kazan) e, mais assiduamente, em filmes de Henry Hathaway (Além de dois filmes noirs, Capitães do Mar / Down to the Sea in Ships /1948, Horas Intermináveis / Fourteen Hours / 1950, Agora Estamos na Marinha / You’re in the Navy Now / 1950, Missão Perigosa em Trieste / Diplomatic Courier / 1950, Torrente de Paixão / Niagara / 1952, Feitiço Branco / White Witch Doctor /1952, Caminhos sem Volta / The Racers /1954 e Edward Dmytryk (Lança Partida / Broken Lance /1954, Os Deuses Vencidos / The Young Lions /1957, Minha Vontade é Lei / Warlock / 1958, Pelos Bairros do Vício / Walk on the Wild Side / 1961, Os Insaciáveis / The Carpetbaggers / 1963, Escândalo na Sociedade / Where Love Has Gone / 1964, Alvarez Kelly / Alvarez Kelly / 1966. Mestre do preto e branco, no âmbito do filme noir responsabilizou-se pela iluminação de produções importantes no gênero: Envolto na Sombra / The Dark Corner / 1946, Sublime Devoção / Call Northside 777 / 1948, Rua sem Nome / The Street With No Name / 1948, Pânico na Rua / Panic in the Streets / 1950 e Anjo do Mal / Pickup on South Street / 1953. Macdonald recebeu  indicações para o Oscar por sua colaboração em Os Deuses Vencidos, Pepe / Pepe / 1960 e O Canhoneiro do Yang-Tse / The Sand Pebbles / 1966.

Russell Metty

Russell Metty

RUSSELL METTY (1906-1978). Nasceu em Los Angeles, Califórnia, EUA. Em 1925 entrou para o Standard Film Laboratory e depois foi para a Paramount, a fim de trabalhar no departamento de câmera. Em 1929 ingressou na RKO, onde, entre 1931 a 1935, exerceu a função de operador de câmera. Em 1934, estreou como diretor de fotografia  em No Domínio dos Homens / West of the Pecos / 1934. Foi somente com O Estranho / The Stranger /1945 de Orson Welles e sua subsequente transferência para Universal em 1947, que Metty se impôs como um grande iluminador, mostrando o seu uso distintivo da luz e da sombra em filmes como  Ivy, a História de uma Mulher / Ivy / 1947, Amei um Assassino / Kiss the Bloof Off My Hands / 1948, Viciada / The Lady Gambles / 1949 e nos filmes noirs Do Lodo Brotou uma Flor / Ride the Pink Horse /1947, Fúria Assassina / The Naked Alibi / 1954 e A Marca da Maldade / Touch of Evil / 1958. Nos anos cinquenta, Metty combinou seu talento com o de Douglas Sirk em uma série de filmes: (Herança Sagrada / Taza, Son of Cochise / 1954, Sublime Obsessão / Magnificent Obsession / 1954, Átila, Rei dos Hunos / Sign of the Pagan / 1954, Chamas que não se Apagam / There’s Always Tomorrow / 1956, Palavras ao Vento / Written in the Wind /  1956,Tudo o que o Céu Permite / All That Heaven Allows / 1955, Amar e Morrer / A Time to Love and a Time to Die / 1958. Em 1960, a Academia concedeu-lhe o Oscar de Melhor Fotografia em cores por Spartacus / Spartacus e, no ano seguinte, uma indicação para a estatueta por sua cinematografia colorida de Flor de Lotus / Flower Drum Song.

Nicholas Musuraca

Nicholas Musuraca

NICHOLAS MUSURACA (1892-1975). Nasceu em Riace, Reggio Calabria, Itália e partiu para os Estados Unidos ainda criança. Aproximou-se da indústria cinematográfica como motorista do produtor J. Stuart Blackton. Depois tornou-se projecionista, montador e assistente de direção na Vitagraph no estúdio do Brooklyn, Nova York. No começo dos anos vinte, chegou à Califórnia, e ingressou na Robertson-Cole, permanecendo na mesma companhia quando ela se transformou na Film Booking Offices of America (FBO) em 1922 e, depois, na RKO Radio Pictures em 1928. Musuraca foi um dos principais diretores de fotografia da RKO nos anos trinta e quarenta, sendo considerado um dos fundadores do estilo visual noir, deixando sua marca em filmes como O Homem dos Olhos Esbugalhados / Stranger on the Third Floor /1940, Silêncio nas Trevas / The Spiral Staircase / 1945, Angústia / The Locket / 1946, Beijo da Traição / The Fallen Sparrow / 1943, Nuvens de Tempestade / The Woman in Pier 13 / 1949; nos filmes de horror de Val Lewton (Sangue de Pantera / Cat People / 1942, A Sétima Vítima / The Seventh Victim /1943, A Maldição do Sangue de Pantera / Curse of the Cat People / 1944, Asilo Sinistro / Bedlam / 1946 e nos filmes noirs: Morte ao Amanhecer / Deadline at Dwan / 1946, Fuga ao Passado / Out of the Past / 1947, Trágico Destino / Where Danger Lives / 1950, O Perseguido / Roadblock / 1951, A Gardênia Azul / The Blue Gardenia / 1953, O Mundo Odeiame / The Hitch-Hiker / 1953. Depois de trabalhar brevemente na Warner Bros. no final dos anos cinquenta, ele voltou para a RKO, então denominada Desilu, onde passou seus últimos anos de atividade. Musuraca recebeu uma indicação para o Oscar de Melhor Fotografia por A Vida de um Sonho / I Remember Mama / 1948.

Franz Planner e Gregory Peck

Franz Planner e Gregory Peck

FRANZ PLANNER (1894-1963). Nasceu em Karlsbad, Checoslováquia (hoje Karlovy Vary, República Checa). Desde os dezesseis anos de idade funcionou como fotógrafo  de cena e cameraman de filmes de atualidades em Viena e Paris. Em 1920, tornou-se diretor de fotografia com Der Ochsenkrieg, a primeira produção filmada pela companhia Emelka (que, em 1932, passou a se denominar Bavaria). Planer não participou de nenhum dos grandes filmes do Expressionismo Germânico, mas  esteve na equipe de alguns dos filmes mais populares do do cinema alemão como, por exemplo,  A Caminho do Paraíso / Die Drei von der Tankstelle / 1930 e Mascarada / Maskerade / 1934. Em 1937, rumou para os Estados Unidos, contratado pela Columbia Pictures, onde estreou em Bôemio Encantador / Holiday / 1938 de George Cukor. Entre seus melhores trabalhos na América, incluem-se Cyrano de Bergerac / Cyrano de Bergerac / 1950, Decisão Antes do Amanhecer / Decision Before Dawn / 1952, Os Cinco Mil Dedos do Dr. T / The 5.000 Fingers of Dr. T / 1954, Não Serás um Estranho / Not as a Stranger / 1955; os filmes pelos quais foi indicado para o Oscar de Melhor Fotografia (O Invencível / Champion / 1949, A Morte do Caixeiro Viajante / Death of a Salesman / 1952, A Princesa de o Plebeu / Roman Holiday / 1953, Uma Cruz à Beira do Abismo / The Nun’s Story / 1959 e Infâmia / Children’s Hour / 1961;  e os filmes noir Senda do Temor / The Chase / 1946, Baixeza / Criss Cross / 1949, Sindicato do Crime / 711 Ocean Drive / 1949, A Morte Ronda o Cais / 99 River Street / 1953, Procurado por Homicídio / The Long Wait / 1954.

John F. Seitz

John F. Seitz

JOHN F. SEITZ ( 1893-1979). Nasceu em Chicago, Illinois, EUA e exerceu sua primeira atividade no cinema em 1909 como assistente de laboratório na Essanay Film Manufacturing Company, localizada na sua cidade natal. Depois, foi trabalhar como técnico de laboratório na American Manufacturing Company (também conhecida como Flying “A” Studios), também situada em Chicago. Quando um dos executivos da Flying “A”, Gilbert P. Hamilton, se transferiu para a St.Louis Motion Picture Company, Seitz o acompanhou e, em 1914, foi prestar serviço na filial da costa Oeste, em Santa Paula, perto de Los Angeles. Em 1916, Seitz ingressou na Metro Pictures, onde colaborou como diretor de fotografia com o grande diretor pictorialista Rex Ingram em uma dúzia de filmes, incluindo os grandes clássicos como Eugenia Grandet / The Conquering Power / 1921, Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse / The Four Horsemen of the Apocalypse / 1921, O Prisioneiro do Castelo de ZendaThe Prisoner of Zenda / 1922,  Apsará / Where the Pavement Ends / 1923, Scaramouche / Scaramouche / 1923 e Mare NostrumMare Nostrum /  1925. No período sonoro, Seitz distinguiu-se como mestre da iluminação contrastada nos filmes de Billy Wilder (Cinco Covas no Egito / Five Graves to Cairo / 1943, Farrapo Humano / The Lost Weekend / 1945) e Crepúsculo dos Deuses / Sunset Blvd. / 1950) e nos filmes noirs (Alma Torturada / This Gun for Hire /  1941, Pacto de Sangue / Double Indemnity / 1944 (também de B. Wilder), O Relógio Verde / The Big Clock / 1948, A Noite tem Mil Olhos / The Night Has a Thousand Eyes / 1948,  Caminhos sem Fim / Chicago Deadline / 1949, Na Boca do Lobo / Appointment with Danger / 1951) e Pecado e Redenção / Rogue Cop / 1954, tendo sido indicado para o Oscar de Melhor Fotografia por sua colaboração em Cinco Covas no Egito, Pacto de Sangue, Farrapo Humano, Crepúsculo dos Deuses, Pecado e Redenção.

Harry J. Wild (em pé) e Neil Hamilton

Harry J. Wild (em pé) e Neil Hamilton

HARRY J. WILD (1901-1961). Nasceu em Nova York, N.Y., EUA. Em 1931, foi contratado pela RKO como operador de câmera. Nesta companhia, estreou como diretor de fotografia em O Grande Jôgo / The Big Game / 1936 e fez  a maioria de seus filmes, até o fim de sua carreira em 1955. Na primeira fase de sua trajetória cinematográfica, Wild participou de doze westerns de George O’Brien e doze de Tim Holt;  dois filmes de Tarzan (Tarzan, o Vingador (Tarzan Triumphs / 1943, Tarzan e o Terror do Deserto / Tarzan Desert’s Mystery /1943); mostrou sua capacidade com mais ênfase em Acossado / Cornered /1945 e Mulher Desejada / The Woman on the Beach / 1946; e compartilhou uma indicação para o Oscar de Melhor Fotografia com Ernest Miller, pela contribuição prestada em um filme da Republic, A Pequena do Exército / Army Girl / 1938. Incorporando o estilo RKO de iluminação, Wild se deu bem com o filme noir : Até à Vista, Querida / Murder my Sweet / 1944,  Johnny Angel / Johnny Angel / 1945, Noturno / Nocturne / 1946, A Rua das Almas Perdidas / They Won’t Believe Me / 1947, O Caminho da Tentação / Pitfall / 1948, Homem contra o PerigoThe Threat / 1949. Nos anos cinquenta, ele participou de sete filmes estrelados por Jane Russell, sendo dois produzidos fora da RKO: O Filho do Treme-Treme: / Son of Paleface / 1952 na Paramount e Os Homens Preferem as Louras / Gentlemen Prefer Blondes / 1953 na Twentieth Century Fox.