Franz Waxman, originariamente Waschsmann, (1906 – 1967) foi um dos mais eminentes músicos europeus que contribuíram para o melhoramento da música de filmes em Hollywood. Ele nasceu em Königshütte na Alta Silésia (hoje pertencente à Polônia), filho de um representante de vendas da indústria do aço que não estimulou o menino a se tornar um músico, apesar de que ele tivesse manifestado desde cedo afinidade com o piano e talento para a composição, preferindo encaminhá-lo para a profissão de bancário. Aos 16 anos de idade Waxman começou a trabalhar como caixa de um banco mas, após seis meses exercendo este ofício, rebelou-se contra os desejos do pai e ingressou no Conservatório Real de Dresden.
Em 1923, Waxman foi para Berlim, a fim de estudar composição e regência e se manteve tocando música popular. Ele aceitou convite para ser pianista dos Weintraub Syncopaters, então uma das bandas de jazz mais populares da Europa. Nesta ocasião, conheceu Friedrich Hollander (depois Frederick), que havia escrito algumas músicas para os Weintraubs. Hollander apresentou Waxman a pessoas com as quais ele poderia estudar música séria, inclusive o renomado maestro Bruno Walter.
Quando irrompeu o cinema sonoro, a indústria cinematográfica alemã começou a rodar uma série de musicais. Em 1930, Hollander, que estava sob contrato da UFA, persuadiu o produtor Erich Pommer a usar Waxman como orquestrador e regente. Um dos primeiros compromissos dele foi trabalhar nas canções de Hollander para o filme Anjo Azul / Der blaue Engel, que ajudaram a fazer a fama de Marlene Dietrich.
Três anos depois, após fazer arranjos para outros compositores, Waxman aprontou seu primeiro score para Coração de Apache / Liliom / 1934 de Fritz Lang. A trilha musical, que estava adiante do seu tempo no emprego de instrumentos eletrônicos e vozes humanas, despertou a atenção da indústria, porém sua carreira na Alemanha estava em perigo por causa da ascenção do Nazismo. No início de 1934, logo após ter se casado, Waxman foi espancando numa rua de Berlim pelos hitleristas. Rapidamente ele e sua esposa se mudaram para Paris. Dalí, Waxman partiu para Hollywood onde, por indicação de Erich Pommer, foi contratado como adaptador da música de Jerome Kern em Música no Ar / Music in the Air / 1934.
Pouco depois, ele conheceu o diretor James Whale, que gostara do score de Coração de Apache e perguntou a Waxman se ele estaria interessado em escrever o fundo musical da fantasia de horror, A Noiva de Frankenstein / The Bride of Frankenstein / 1935, produzida pela Universal. Sua partitura inovadora ajudou muito a criar uma atmosfera de mistério e o tema escolhido para o monstro, tornou-o patético e ameaçador. O alto nível de dissonância na partitura era raro na época, embora estivesse perfeitamente de acordo com o aspecto visual sinistro e perturbador do filme. Waxman foi um precursor no emprego de vibração de cordas para provocar uma sensação intensificada de suspense, técnica doravante muito imitada por outros compositores.
O êxito de A Noiva de Frankenstein levou Waxman assinar um contrato de dois anos como chefe do departamento musical do estúdio. Durante este período, ele escreveu partituras para mais treze filmes, destacando-se Símbolo de uma Era / Diamond Jim / 1935; Sublime Obsessão / Magnificent Obession / 1935; O Poder Invisível / The Invisible Ray / 1936. Posteriormente, Waxman foi contratado pela MGM apenas como compositor e permaneceu nesta companhia por sete anos, escrevendo scores para todo tipo de filme. Na fase MGM, ele compôs 43 trilhas, sobressaindo entre elas as de Fúria / Fury / 1936; A Boneca do Diabo / The Devil-Doll / 1936; Marujo Intrépido / Captains Courageous / 1937; Três Camaradas / Three Comrades / 1938; As Aventuras de Huckleberry Finn / The Adventures of Huckleberry Finn / 1939; Núpcias de Escândalo / The Philadelphia Story / 1940; O Médico e o Monstro / Dr. Jekyll and Mr. Hyde / 1941; A Mulher do Ano / Woman of the Year / 1942.
Em 1938 e 1940, Waxman foi emprestado pela MGM para David O. Selznick para compor a música respectivamente de Jovem no Coração / The Young in Heart e Rebeca, a Mulher Inesquecível / Rebecca de Alfred Hitchcock, recebendo as duas primeiras de suas doze indicações para o Oscar. Em Rebeca a música de Waxman capta perfeitamente o mistério criminal gótico, que está no âmago da trama. Para sugerir a fantasmagórica Rebecca de Winter – a primeira esposa morta, nunca vista de Max de Winter (Laurence Olivier) – Waxman utilizou os sons sinistros do novachord, um teclado eletrônico que é ouvido sempre que a memória de Rebecca é invocada. Seus suspiros sepulcrais são contrabalançados por Waxman por um tema de amor romântico, ouvido pela primeira vez nos créditos de abertura do filme. Em 1941, ele colaborou mais uma vez com Hitchcock, escrevendo a partitura de Suspeita / Suspicion, produzido pela RKO, para o qual usou também sonoridades elétricas (um violino amplificado).
Em 1943, Waxman transferiu-se para a Warner e se juntou a Erich Wolfgang Korngold e Max Steiner no que, sob a direção astuta de Leo Forbstein, é geralmente considerado o auge da escola hollywoodiana de composição para o cinema. Ele gozou de maior liberdade de criação na Warner do que nos estúdios precedentes e trabalhou no score de 23 filmes, entre os quais sobressaem: Uma Velha Amizade / Old Acquaintance / 1943; Revolta / Edge of Darkness / 1943; Vaidosa / Mr. Skeffington / 1944; Um Punhado de Bravos / Objective Burma! / 1945; A Mão que nos Guia / God is my Co-Pilot / 1945; Uma Luz nas Trevas / The Pride of the Marines / 1945; Acordes do Coração / Humoresque / 1947; Fogueira de Paixões / Possessed / 1947; Prisioneiro do Passado / Dark Passage / 1947. Em Um Punhado de Bravos, Waxman descreve magistralmente as centenas de pára-quedas espalhando-se em muitas direções por meio de figurações cromáticas ziguezagueantes de violino. Para Acordes do Coração, Waxman escreveu um concerto especial baseado em temas de “Carmen” de Bizet, que foi executada por Isaac Stern na trilha sonora deste filme. Para Fogueira de Paixões, ele distorceu a música pré-existente, no caso o “Carnaval” de Schumann, para fins dramáticos.
Em 1947, Waxman tornou-se free lancer e passou a aceitar somente as ofertas que achava que valiam a pena. Ao mesmo tempo, formou o Los Angeles Music Festival, para promover a causa da boa música.
Novamente prestou serviço para Selznick em Agonia de Amor / The Paradine Case / 1947, para a MGM em Cimarron / Cimarron / 1960 com a eletrizante música na sequência da corrida para as terras no Oklahoma; e, principalmente, para a Paramount (vg. A Vida por um Fio / Sorry Wrong Number / 1948 com o primoroso uso da passacaglia no seu clímax; Almas em Fúria / The Furies / 1950; Crepúsculo dos Deuses / Sunset Boulevard / 1950; Cidade Negra / Dark City / 1950; Um Lugar ao Sol / A Place in the Sun / 1951; A Cruz da Minha Vida / Come Back Little Sheeba / 1953; Janela Indiscreta / Rear Window / 1954), 20thCentury-Fox (vg. Sombras do Mal / Night and the City / 1950; Decisão Antes do Amanhecer / Decision Before Dawn / 1951; Telefonema de um Estranho / Phone Call from a Stranger/ 1952; Eu Te Matarei Querida / My Cousin Rachel / 1952; O Príncipe Valente / Prince Valiant / 1954 com seu tema de amor sublime e uma música excitante para filme de capa-e-espada; Demetrius, o Gladiador / Demetrius and the Gladiators / 1954; A Caldeira do Diabo / Peyton Place / 1957 com sua melodia sofrida e sentimental; A História de Ruth / The Story of Ruth / 1960; As Aventuras de um Jovem / Hemingway’s Adventures of a Young Man / 1963), Warner (vg. Mr. Roberts / Mister Roberts / 195; Águia Solitária / The Spirit of St. Louis / 1957; Sayonara / Sayonara / 1957 com a linda canção “Sayonara” de Irving Berlin; Uma Cruz à Beira do Abismo / The Nun’s Story / 1959), United Artists (vg. A Um Passo da Morte / The Indian Fighter / 1955; O Mar é Nosso Túmulo / Run Silent, Run Deep / 1953; Taras Bulba / Taras Bulba / 1962 com o belo tema de abertura, a canção “The Wishing Star” e a emocionante Marcha dos Cossacos). Nesta fase de sua carreira, Waxman conquistou seus dois Oscar da Academia, em anos consecutivos, pelos fundos musicais de Crepúsculo dos Deuses e Um Lugar ao Sol.
Em Crepúsculo dos Deuses, Waxman captou brilhantemente a atmosfera neurótica deste drama sobre as ilusões maníacas e os sonhos despedaçados de uma estrela decadente de Hollywood Norma Desmond (Gloria Swanson). A obsessão da protagonista foi suscitada por certas técnicas familiares a outros scores do compositor (vg. pedais e repetidas pulsações de tímpanos) bem como pelo uso inovador de trinados instrumentais inspirados pela “Dança dos Sete Véus” de Richard Strauss. Embora estes trinados ocorram repetidamente durante todo o filme, vislumbram-se nele outras peças musicais tais como a música de vaudeville com predominância de um piano de cabaré acompanhando a paródia de Chaplin feita por Norma e a delicada reelaboração de clichés musicais de westerns quando os dois namorados passeiam durante a noite através de um Oeste Selvagem de estúdio. Mais tarde, vemos o ex-marido, diretor e agora mordomo de Norma, Max Von Mayerling (Erich von Stroheim), executando com luvas no órgão a Tocata em Ré menor de Bach.
Alguns podem perguntar porque Waxman escolheu um tema em ritmo de tango para a descida de Norma demente pelas escadarias diante das câmeras dos cine-jornais, mas ele é inteiramente apropriado devido à propensão da personagem para o melodramático.
Como notou Mervyn Cooke (A History of Film Music, 2008), em Crepúsculo dos Deuses Waxman experimentou o som do saxofone para extrair um efeito simbólico, mais notadamente quando o seu lamento acompanha o oferecimento de dinheiro por parte de Norma ao seu gigolô (William Holden). Identificações entre o saxofone e tópicos dramáticos tais como venalidade, sensualidade, sordidez e corrupção tornaram-se lugar comum e consistente nas partituras no final dos anos cinquenta e Waxman explorou estas conexões no seu score para Um Lugar ao Sol. O uso desconcertante do saxofone neste fundo musical deixou o diretor George Stevens tão perplexo que ele encarregou Victor Young e Daniele Amfitheatrof de reescreverem um terço da música do filme, amaciando as dissonâncias. Mas não há dúvida de que Waxman sentiu muito bem o clima ao mesmo tempo romântico e sombrio da história e criou uma partitura que transmite isto apropriadamente durante toda a projeção.
Sua última trilha sonora para o cinema foi para o filme A Patrulha da Esperança / The Lost Command / 1966. Existe uma história segundo a qual, quando Alfred Newman não foi indicado para o Oscar por sua partitura para O Manto Sagrado / The Robe, Waxman demitiu-se da Academy of Motion Pictures Arts and Sciences (AMPAS) e insistiu para que no seu crédito por Demétrio, o Gladiador saísse que foi baseado no score de Newman para O Manto Sagrado.
Na época de ouro do filme americano o prestígio de Victor Young na Paramount era idêntico ao de Max Steiner na Warner ou ao de Alfred Newman na Fox no mesmo período e, tal como estes seus colegas, ele demonstrava uma produtividade espantosa. Tanto como compositor, arranjador, autor de canções ou regente, Young trabalhou em um total de 350 filmes. Ele também escrevia e regia música para o rádio além de ser contratado da Decca Records, para a qual gravava com sua própria orquestra.
Victor Young (1900 – 1956) nasceu em Chicago filho de poloneses, sendo que seu pai era tenor de uma companhia de ópera itinerante. Em 1910, sua mãe faleceu e ele e sua irmã foram viver com os avós na Polonia, onde as inclinações musicais do menino – podia tocar violino aos seis anos de idade – foram estimuladas pelo avô, que o mandou para o Conservatório Imperial de Varsóvia. Young estudou com Roman Statlovsky, que havia sido aluno de Tchaikowsky, um fato que teria influência sobre a sua música. Como compositor, Young tinha predileção pelas cordas e suas longas linhas melódicas manifestavam um toque Tchaikowskiano. Em 1917, Young diplomou-se com mérito e logo depois estreou como solista na Filarmônica de Varsóvia. Sua trajetória artística foi interrompida no final da Primeira Guerra Mundial, quando ele foi preso, primeiro, pelos russos e depois, pelos alemães. Após o Armistício, Young e a irmã foram para Paris, com a intenção de retornarem à América.
Eles chegaram em Nova York no mês de fevereiro de 1920 e rumaram para Chicago onde, depois de um ano passando por muitas dificuldades, Young estreou como violinista na Orquestra Sinfônica de Chicago. Em 1922, ele se dedicou à música popular, tornando-se o primeiro violino do Million Dollar Theater de Sid Grauman em Los Angeles. Um ano depois, voltou para Chicago, onde exerceu a mesma função no Central Park Theater, o principal cinema do circuito de Balaban e Katz. Este emprego levou Young a tocar música de acompanhamento em filmes mudos; gradualmente, ele passou a fazer arranjos e a compor para tais acompanhamentos.
Em 1929, ele realizou seu primeiro trabalho no rádio e, dois anos depois, assinou contrato com a Brunswick Records como diretor musical, cargo que incluía a participação em transmissões radiofônicas. Em 1935, então contratado da Decca Records, Young era um dos arranjadores, regentes e acompanhadores mais conhecidos no âmbito do mercado fonográfico. Quase todo artista que gravou na Decca foi em qualquer momento apoiado por Victor Young e sua orquestra. Em dezembro de 1935, Young aceitou uma oferta da Paramount Pictures e poucos meses depois chegou em Hollywood, a fim de iniciar uma nova e abundante carreira.
Paralelamente ao seu talento como compositor dramático, Young possuia um dom para escrever canções, muitas derivadas dos temas de seus filmes. Com a chegada da televisão ele também trabalhou neste meio e ainda encontrou tempo para escrever dois musicais da Broadway, Pardon Our French (1950) e Seventh Heaven (1955).
O que distingue os scores de Young é a sua capacidade inesgotável de criar melodias. Até compondo um fundo musical para um thriller como O Solar das Almas Perdidas / The Uninvited / 1944, um filme com história sobrenatural, seu tema de amor era tão distintamente belo, que a demanda do público transformou-o na canção “Stella by Starlight”, uma das mais encantadoras surgidas a partir de uma partitura para cinema.
Ele demonstrou desde cedo um gosto pelo repertório clássico romântico e sentimental. Além da influência de Tchaikowsky, deixou-se impressionar pela suntuosa música de Rachmaninov e pela obras de seu contemporâneo George Gershwin. Do encontro do piano romântico com o jazz e o swing nasceram as melodias mais belas do compositor: a já citada “Stella by Starlight” (O Solar das Almas Perdidas), “Alone at Last” (Na Voragem do Vício / Something to Live For 1952), “I Love You So (Sombras Que Vivem / About Mrs. Leslie /1954), “How Strange” (Paixão de Toureiro / The Bullfighter and the Lady / 1951), “Love Letters” (Um Amor em Cada Vida / Love Letters / 1945) ou “My Foolish Heart” (Meu Maior Amor / My Foolish Heart / 1949).
Vedete da Paramount, Young acompanhou com regularidade os cineastas importantes do estúdio como Cecil B. DeMille, William Dieterle, John Farrow, Mitchell Leisen ou Billy Wilder. Para DeMille ele fez as trilhas de Legião de Heróis / North West Mounted Police / 1940, Vendaval de Paixões / Reap the Wild Wind / 1942, Pelo Vale das Sombras / The Story of Dr. Wassell / 1944, Os Inconquistáveis / Unconquered / 1947, Sansão e Dalila / Samson and Delilah /1949, L Maior Espetáculo da Terra / The Greatest Show on Earth / 1952. Ele ia compor também a música para Os Dez Mandamentos / The Ten Commandments / 1956, mas não estava se sentindo bem e indicou Elmer Bernstein, cujo carreira tomou impulso com sua esplêndida música para este filme monumental. Disse Bernstein: “Eu sabia o que DeMille queria e escreví à maneira de Victor Young. E minha gratidão e admiração por Victor é infinita”.
Encarregado de compor o fundo musical de vários filmes noirs importantes do estúdio, ele utilizou as numerosas boates e cafés das intrigas para usar a source music, em ambiente de swing e de jazz band ( vg. A Dália Azul / The Blue Dahlia / 1946) ou um tratamento minimalista em obras como Capitulou Sorrindo / The Glass Key / 1942 ou O Relógio Verde / The Big Clock / 1948, abandonando toda a abordagem melódica.
Já em Mortalmente Perigosa / Gun Crazy / 1949 (United Artists), a odisséia criminoa de um casal de assaltantes tipo Bonnie and Clyde (John Dall, Peggy Cummings), Young deixa de lado por alguns instantes a violência, para cuidar da paixão dos protagonistas com um de seus grandes temas românticos (“Mad About You”), que surge também no final, passado no pântano banhado pela névoa.
Young praticou abundantemente a citação clássica. Por exemplo, ele usou, brevemente, o 2º Concerto de Rachmaninov em Paraiso Proibido / September Affair / 1951; o grande tema da Sonata Patética de Tchaikowsky em O Proscrito / The Outlaw / 1941; a “Méditation” da ópera Thais de Massenet em Conflito de Duas Almas / Golden Boy / 1939 (Columbia) e, de maneira mais virtuosa, para Gaivota Negra / Frechman’s Creek / 1944, misturou aos seus temas o Clair de Lune de Debussy, desenvolvido na veia orquestral de Leopold Stokowsky.
Nas músicas que fez para westerns (Comando Negro / Dark Command / 1940, Rajadas de Ódio / Drum Beat / 1954, Nas Garras da Ambição / The Tall Men / 1955, Renegando o Meu Sangue / Run of the Arrow / 1957 etc.) Young não fugiu da convenção, porém graças à sua capacidade melódica infinita, suas baladas não se parecem umas com as outras.
Embora a maioria dos scores de Victor Young ,tivessem sido escritos para a Paramount, ele trabalhou ocasionalmente para outros estúdios. Escreveu uma música encantadora (repleta de melodias folclóricas irlandesas) para Depois do Vendaval / The Quiet Man / 1952 (Republic), uma das obras-primas de Ford e, no mesmo ano, uma trilha muito animada para Scaramounche / Scaramounche (MGM), o excelente filme de capa-e-espada de George Sidney. De volta à Paramount, compôs uma partitura quintessencial para western, que foi usada em Os Brutos Também Amam / Shane / 1953 de George Stevens.
Entre outros fundos musicais de Young destacam-se os de Por Quem Os sinos Dobram / For Whom The Bell Tolls / 1943 com um tema comovente para Maria (Ingrid Bergman), que acabou virando canção (“A Love Like This”); Cigana Feiticeira / Golden Earrings / 1947; Pecado de Amor / Song of Surrender / 1949 com a valsa da heroína (Wanda Hendrix) inspirada em Ravel; Vida de Minha Vida / Our Very Own / 1950; Cinzas ao Vento / Bright Leaf / 1950; Lágrimas Amargas / The Star / 1952; Muralhas de Sangue / One Minute to Zero / 1952 com o interlúdio “When I Fall in Love”; A Fonte dos Desejos / Three Coins in the Fountain / 1954 no qual o compositor trabalhou sobre a canção de Sammy Cahn e Jule Styne, fazendo variações ao lado de seus próprios temas; Johnny Guitar / Johnny Guitar / 1954 eliminando o aspecto western em proveito do lirismo; Comandos do Ar / Strategic Air Command / 1955; Do Destino Ninguém Foge / The Left Hand of God / 1955; O Fruto do Pecado / The Proud and the Profane / 1956; Vida de Minha Vida / Our Very Own / Palavras ao Vento / Written in the Wind / 1956; As Aventuras de Omar Khayyam / Omar Khayyam / 1957.
No derradeiro ano de sua vida, Victor Young compôs o que foi talvez o seu maior êxito como compositor de filmes, A Volta ao Mundo em 80 Dias / Around the World in 80 Days / 1956 (ocasião em que demonstrou sua virtuosidade folclórica, descrevendo com a sua música lugares e costumes os mais diversos), pelo qual foi indicado pela 22ª vez para o Oscar e finalmente ganhou. Infelizmente, ele não pôde receber este prêmio, porque faleceu durante a filmagem de No Umbral da China / China Gate. O score foi terminado pelo amigo mais íntimo, Max Steiner.