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PEQUENAS COMPANHIAS INDEPENDENTES DE HOLLYWOOD ANOS 30-40

No auge do sistema de estúdio, a estrutura da indústria cinematográfica americana assumia a forma de um oligopólio, formado por cinco grandes companhias integradas e interdependentes: a Loew’s, com seu estúdio MGM (Metro-Goldwyn-Mayer), Paramount, Warner Bros., Fox (20th Century-Fox  após 1935) e RKO (Radio-Keith-Orpheum). Essas companhias dominavam o mercado, manipulando ao mesmo tempo produção, distribuição e exibição. Cada companhia produzia seus próprios filmes, cuidava da sua distribuição e os exibia nos seus próprios cinemas. Em torno dessas cinco grandes companhias, giravam três de porte médio, que não possuíam cinemas porém estavam envolvidas na produção e na distribuição numa escala ligeiramente menor do que a das cinco grandes: a Universal (Universal-International após 1946), a Columbia e a United Artists.

As companhias independentes eram as que não pertenciam ao grupo das oito, isto é, das cinco grandes e suas três satélites. Havia três tipos de independentes: as que faziam filmes com maiores recursos, semelhantes aos produzidos pelas grandes companhias (Walt Disney, Samuel Goldwyn, David O. Selznick, Walter Wanger etc.); as que faziam filmes com menos recursos mas que desfrutavam de certo respeito no meio cinematográfico (vg. Republic, Monogram, Grand National, P.R.C., Mascot, Tiffany, Sono Art-World Wide, Chesterfield-Invincible, Ambassador-Conn-Melody, Liberty, Majestic, Reliable etc); e as produtoras dos chamados quickies ou cheapies, filmes muito baratos, feitos às pressas, sem preocupação com a qualidade técnico-artística (vg. Beacon, Crescent, Empire, Imperial, Peerless etc.).

“Poverty Row” era o termo usado em Hollywood, mais ou menos entre o final da década de vinte e meados dos anos cinquenta, para designar uma variedade de companhias independentes do segundo e terceiro tipos. Embora muitas delas concentrassem suas atividades numa área perto de onde estão hoje a Sunset Boulevard e Gower Street, o termo não se refere necessariamente à nenhuma localidade específica, sendo apenas uma expressão em sentido figurado do tipo de filmes feitos por aquelas companhias.

Neste artigo, relembro doze das mais conhecidas companhias independentes, que faziam filmes com poucos recursos, deixando o restante para uma outra oportunidade. Extraí informações principalmente de três livros indispensáveis, para quem se interessa pelo assunto: Hollywood Poverty Row 1930-1950 de Gene Fernett (Coral Reef, 1973); “B” Movies de Don Miller (Curtis Books, 1973; Poverty Row Studios 1929 – 1940 de Michael R. Pitts (McFarland, 1997). Muitos filmes não passaram no Brasil, razão pela qual estão sem o título em português. Alguns deles podem ser vistos hoje nos dvds da Sinister Cinema e no You Tube.

AMBASSADOR – CONN – MELODY PICTURES (1934 – 1937) – Mais de 30 filmes foram produzidos por Maurice Conn entre 1934 e 1937 sob a bandeira de quatro companhias diferentes: Ambassador, Conn, Ambassador – Conn e Melody Pictures. Três astros dominavam os filmes de Conn: Kermit Maynard, Frankie Darro e  Truman “Pinky” Tomlin. A Ambassador Pictures iniciou suas atividades no final de 1934 com o lançamento do western O Herói da Polícia Montada / Fighting Trooper. Seu astro, Kermit Maynard, o irmão mais moço de Ken Maynard, foi para Hollywood acompanhando o sucesso de seu irmão e se sobressaiu como dublê e stuntman. Em 1927, creditado como Tex Maynard, Kermit havia se apresentado em seis westerns produzidos pela Rayart. Depois disso, ele voltou a ser dublê e stuntman, quando finalmente Conn o contratou para estrelar 18 westerns.

Os melhores filmes da série foram aqueles nos quais Kermit era um Polícia Montada (O Herói da Polícia Montada, Justiça Sangrenta / His Fighting Blood /  1935,  A Lei Triunfa / The Red Blood of Courage / 1935, Fronteira do Norte / Northern Frontier/ 1935, O Bando Sinistro / Code of the Mounted / 1935, A Caverna dos Fantasmas / Trails of the Wild /1935, The Phantom Patrol / 1936), Wildcat Trooper / 1936 etc.).

Outra figura importante do elenco de artistas contratados por Conn era Frankie Darro, que começou sua carreira ainda criança no cinema mudo e se tornou ator adolescente, muito lembrado no papel principal de Idade Perigosa / Wild Boys of the Road / 1933 de William Wellman e também em seriados e séries. Os filmes de Darro oferecidos pela Conn Pictures entre 1935 e 1937 eram divertidos e contavam com a presença de um personagem simpático, otimista e temerário. Os temas e os gêneros variavam: Valley of Wanted Men / 1935, era um western; Born to Fight / 1936, filme sobre pugilismo; Racing Blood / 1936, filme sobrecorrupção no meio de corridas automobilísticas; Headline Crasher / 1937, filme sobre jornalismo; Anything for a Thrill / 1937, filme de detetive; The Devil Diamond / 1937, filme de mistério; Tough to Handle / 1937, filme sobre corrupção nas corridas de cavalos etc. Conn colocou um companheiro mais velho robusto e bonitão ao lado do jovem Darro, não somente para tirá-lo das várias situações difíceis nas quais ele se envolvia mas também para namorar as mocinhas.

Nos três filmes iniciais da Conn Pictures, este companheiro foi Roy Mason, mais conhecido como o vilão dos seriados, LeRoyMason. Este depois foi substituido por Kane Richmond, por coincidência, também conhecido nos seriados porém pelos papéis de herói.

Cantor, compositor e band leader, “Pinky” Tomlin encabeçava o elenco das quatro últimas produções de Maurice Conn, lançadas pela Melody Pictures: os musicais With Love and Kisses / 1936, Sing While You’re Able / 1937, Thanks for Listening / 1937 e Swing It Professor / 1937. Popular no rádio e nos discos,  Tomlin era um ator aceitável e bom vocalista porém não tinha muito carisma na tela. Curiosamente, os três derradeiros musicais citados foram dirigidos por Marshall Neilan, diretor de grande prestígio no cinema mudo, então em decadência por causa do alcoolismo.

CHESTERFIELD – INVINCIBLE (1925 – 1937) – Administrada por George R. Batcheller, a Chesterfield produziu na sua longa história mais de cem filmes de longa metragem, incluindo muitos lançamentos da Invincible (que funcionava sob as ordens de Maury M. Cohen), com a qual se fundiu em 1932. As duas companhias operavam em escritórios na Broadway em Nova York e, tal como a maioria das independentes de poucos recursos, não possuíam seu próprio estúdio. Elas alugavam espaço na Universal City e depois ambas foram para RKO Pathé e Republic, antes de fecharem as portas em 1937. Embora fabricados rapidamente, os filmes da Chesterfield-Invincible distinguiam-se pela qualidade em comparação com outras companhias de pequeno porte: M. A. Anderson, que veio para a Chesterfield em 1926 e permaneceu no estúdio por uma década, fotografou quase todos os filmes da companhia enquanto Edward C. Jewell cuidava da direção de arte e Abe Meyer das trilhas musicais. Outra figura importante para o funcionamento da companhia foi Lon Young, um ex-mágico, que veio para a Chesterfield em 1925 como supervisor, roteirista e autor de entretítulos e acabou se envolvendo em todos os aspectos da produção. Três diretores foram principalmente responsáveis pelos filmes da Chesterfield-Invincible: Richard Thorpe, Frank R. Strayer e Charles Lamont. Thorpe dirigiu mais de 12 filmes para a companhia e também funcionou como montador em muitas de suas produções. Strayer dirigiu 17 filmes, a maioria sob a marca Invincible. Lamont dirigiu 14 filmes. Outro diretor prolífico foi Phil Rosen, que dirigiu 9 filmes.

No período silencioso, destacam-se entre os filmes da Chesterfield: westerns de Bill Patton (vg. Flashing Steeds / 1925, Fangs of Fate / 1925) e Eilen Sedgwick (vg. The Girl of the West / 1925, Sagebrush Lady / 1925);  melodramas de aventuras com o cachorro Sandow (Code of the Northwest / 1925, Avenging Fang /1927); filmes de ação (vg. O Bandoleiro do Amor / The Sky Rider / 1928, South of Panama / 1928); dramas de mistério (vg. A Casa da Vergonha  / The House of Shame / 1928) etc. Na fase sonora: The King Murder / 1932, filme de mistério com Conway Tearle;  Fifteen Wives / 1934, sobre o assassinato de um homem que tinha quinze ex-esposas; Green Eyes/1934, que apresentava duas soluções diferentes e plausíveis para o mesmo homicídio mas era muito estático; Fugitive Road / 1934, envolvendo um triângulo amoroso com Erich von Stroheim,  Vera Engels e Leslie Fenton durante a Primeira Guerra Mundial; Death from a Distance / 1935, com efeitos especiais por Jack Cosgrove em uma história sobre uma arma futurística; A Marca do Vampiro / Condemned to Live / 1935, drama de horror com Ralph Morgan; Murder at  Glenn Athol / 1936, thriller de mistério; The Shadow Laughs / 1936, com uma trama  original cheia de surpresas etc.

Entre os astros: Jameson Thomas fez sete filmes; William Bakewell, também sete; Shirley Grey, seis; Charles Starett, cinco; Sally Blane, cinco. Embora a Chesterfield – Invincible tivesse se dissolvido como companhia produtora em 1936, seus filmes continuaram a ser vistos nos cinemas até 1937 e  um pouco mais.

GRAND NATIONAL FILMS, INC. (1936 – 1940) – Edward L. Alperson fundou a Grand National Distributing Corporation em 1935 porém logo no ano seguinte começou a produzir filmes. O próprio Alperson idealizou um logotipo chamativo para a firma, que consistia em uma torre com um relógio modernista, pensando em anúncios como “É hora de ver um filme da Grand National”. Enquanto cuidava dos detalhes da recém-criada organização, ele comprou os estúdios da Educational Pictures, que se transferira para  a costa leste. Entre os dez primeiros filmes da Grand National, B. F. Zeidman produziu dois; George Hirliman, quatro; Boris Petrov, um; Douglas McLean, um; e, finalmente, Edward Finney com a sua Boots and Saddles Productions, contribuiu com dois westerns, tendo como astro um novo cowboy, Tex Ritter.

Segundo Don Miller, os dois filmes produzidos por Zeidman, O Pecado dos Filhos / In His Steps / 1936, com a dupla juvenil Eric Linden – Cecilia Parker (também usada em outros dois filmes, Rapsódia do Amor / Girl Loves Boy / 1937 e A Noiva da Marinha / Sweetheart of the Navy / 1938) e Cruzada Heróica / The White Legion/ 1936, com Tala Birell, deram prestígio à companhia, principalmente o último, cujo enredo girava em torno de uma equipe médica lutando contra uma epidemia de febre amarela  durante a construção do Canal de Panamá.

Um acontecimento memorável foi a presença de James Cagney (momentaneamente afastado da Warner) em duas produções “Poverty Row”: Pesos e Medidas / Great Guy / 1936 e Domando Hollywood / Something to Sing About / 1937. Infelizmente, elas deixaram a Grand National em péssima situação financeira.

Ainda conforme Don Miller, merece destaque um quarteto de filmes produzido por Franklyn Warner (Fine Arts Pictures), que foram distribuídos pela Grand National:  Shadows Over Shanghai / 1938; Cipher Bureau / 1938; Panama Patrol / 1939 e The Long Shot / 1939, todos dirigidos por Charles Lamont. Um dos últimos filmes da Grand National foi um thriller de espionagem, Expresso do Exílio / Exile Express / 1939, produzido por Eugene Frenke  com Mrs. Frenke, mais conhecida como Anna Sten, no papel principal. A companhia faliu em 1940.

LIBERTY PICTURES CORPORATION (1930 – 1931 / 1934 – 1936). A Liberty Pictures teve duas vidas. O produtor. M. H. “Max” Hoffman formou-a em 1930 mas, no ano seguinte, depois de produzir apenas um filme, Ex-Flame, ele fundou a Allied Pictures Corporation e, nos próximos três anos, produziu 22 filmes para esta companhia, a maioria westerns de Hoot Gibson e adaptações modernas de clássicos da literatura. Em 1934, em seguida à extinção da Allied, Hoffman reativou a Liberty Pictures, produzindo filmes sob esta denominação entre 1934 e 1936. Tais como os filmes que Hoffman produziu para a Allied, os da Liberty eram “B plus” com valores de produção sólidos, bons diretores e artistas de renome. Entretanto, ao contrário da Allied, os lançamentos da Liberty não continham westerns ou modernização de obras literárias famosas, destacando-se mais os filmes sobre problemas sociais contemporâneos como infidelidade conjugal (Two Heads on a Pillow / 1934  e Penthouse Party / 1936) ou delinquência juvenil (School for Girls / 1934).

Houve também uma tentativa de produzir musicais de orçamento limitado como The Old Homestead / 1935 (que introduziu The Sons of the Pioneers – incluindo Roy Rogers – , na tela)  e Dizzy Dames / 1936. Entre os filmes mais interessantes da Liberty  – conforme opinião de Michael R. Pitts, foram When Strangers Meet / 1934 sobre as vidas entrecruzadas de residentes em um bangalô de Hollywood e No Ransom / 1935, que mostrava Jack LaRue como um gangster que se humanizava enquanto decidia se ia ou não cumprir seu ofício de matador.

Apesar de fazer bons filmes, a Liberty se viu em dificuldades financeiras em 1935 e foi  absorvida por Herbert J. Yates  que a fundiu com outras companhias para formar a Republic. Vi apenas um filme da Liberty (Já distribuido pela Republic), O Crime do Dr. Crespi / The Crime of Dr. Crespi com Erich von Stroheim / 1935, e até que não era mau. No enredo, Stroheim quer se vingar do homem que ama sua mulher planejando enterrá-lo vivo.

MAJESTIC PICTURES CORPORATION (1930 – 1935). A Majestic nasceu em 1930 com o lançamento de Esposas de Hoje / Today, melodrama produzido por Harry Sherman (mais tarde responsável pela série Hopalong Cassidy na Paramount), dirigido por William Nigh e fotografado por James Wong Howe, no qual uma jovem esposa (Catherine Dale Owen) se prostitui, quando não consegue se adaptar à pobreza, depois que o marido (Conrad Nagel) perdeu sua fortuna. A segunda produção da companhia só saiu em 1932 e, deste ano até 1935, foram realizados 24 filmes, quase todos produzidos  por Phil Goldstone ou Larry Darmour. Entre os filmes mais memoráveis da Majestic estavam The Crusader / 1932 (com Evelyn Brent, Lew Cody), O Vampiro / The Vampire Bat / 1933 (com Lionel Atwill, Fay Wray), The World Gone Mad / 1933 (com Pat O’Brien, Evelyn Brent), The Sin of Nora Moran / 1933 (com Zita Johann, Paul Cavanaugh) e The Scarlet Letter / 1934 (com Coleen Moore, Hardie Albright).

A companhia não possuía estúdio, filmando principalmente na Universal ou no Larry Darmour Studio no Santa Monica Boulevard. No início a Majestic mantinha algumas distribuidoras embora seu produto fosse distribuído na sua maior parte pela Capitol Film Exchange.

Em acréscimo aos seus lançamentos mais importantes, a Majestic fez seis westerns com Jack Hoxie para o público das matinês de sábado  (O Vale do Ouro /Gold ou Valley of Gold/ 1932, Justiça de Criminoso / Outlaw Justice / 1933, O Cavaleiro da Noite / Law and Lawless / 1933, O Correio Expresso do Arizona / Via Pony Express / 1933, O Salteador do Arizona /  Gun Law / 1933, Comprando Barulho / Trouble Busters / 1933). Em 1934, a Majestic  complementou seus programas com três filmes importados da Wardour Films britânica: The Charming Deceiver (Na Inglaterra: Heads We Go) / 1933 com Constance Cummings; You Made Me Love You / 1934 com Stanley Lupino e Thelma Todd; The Morning After (Na Inglaterra: I Spy)/ 1934, dirigido por Allan Dwan com  Sally Eilers e Ben Lyon. Em 1935, a Majestic integrou a fusão de empresas que deu origem à Republic.

MASCOT PICTURES CORPORATION (1927 – 1935) – Em 1926, Nat Levine, ex-secretário particular de Marcus Loew se envolveu com Sam Bishoff na produção de um seriado, O Avião Misterioso / The Silent Flyer, que foi vendido para a Universal. Em 1927, Levine fundou a Mascot Pictures e começou a produzir seriados como O Cavalo Selvagem / The Golden Stallion, A Ilha do Tesouro Enterrado / Isle of Sunken Gold e O Cavalo Fantasma / Heroes of the Wild. Em 1929, ele produziu O Uivar das Feras ou O Rei do Congo / King of the Congo, o primeiro seriado parcialmente falado e, em 1930, O Fantasma do Oeste / Phantom of the West,o primeiro seriado todo falado com Tom Tyler.

Os 24 seriados que Levine produziu entre 1930 e 1935, cheios de ação, valeram-lhe a consagração como o “Produtor Rei-dos-Seriados”: Sentinela Avançada / The Lone Defender / 1930 e O Grande Guerreiro / The Lightning Warrior / 1931 com o cão Rin-Tin-Tin Jr.; Legião dos Centauros / The Vanishing Legion / 1931,  O Cavalo Infernal / The Devil Horse / 1932 e O Último dos Mohicanos / Last of the Mohicans / 1932 com Harry Carey;

Os Cavaleiros Mascarados ou Sacrifício Glorioso / Fighting with Kit Carson / 1933 com Johnny Mac Brown; A Flotilha Misteriosa / Mystery Squadron / 1933 com Bob Steele; O Sertão Desaparecido / The Lost Jungle / 1934 com Clyde Beatty; O Cavaleiro Alado / The Miracle Rider / 1935 com Tom Mix etc

Foi Levine quem percebeu o potencial cinematográfico de um novato John Wayne e o colocou nos seriados Águia de Prata / The Shadows of the Eagle / 1932, O Trem Ciclônico / Hurricane Express e Os Três Mosqueteiros / The Three Musketeeers / 1933. Em 1932, a Mascot iniciou-se na produção de filmes comuns, sendo o primeiro deles, Orgulho Cativante / Pride of the Legion com Sally Blane, Victor Jory e RIn Tin Tin Jr. De um total de 16 filmes, sobressaíram Homenzinhos / Little Men / 1934, inspirado no romance de Lousa May Alcott; Santa Fé / In Old Santa Fe / 1934 com Ken Maynard e Melodias Inolvidáveis / Harmony Lane/ 1935, baseado na vida do compositor Stephen Collins Foster, interpretado por Douglass Montgomery.

Levine foi o descobridor do cantor de rádio Gene Autry para o Cinema. Devidamente preparado por Yakima Canutt, que o ensinou a montar a cavalo, Autry foi incluído no elenco de Santa Fé ao lado de Ken Maynard. Levine faria a seguir, ainda em 1934, o seriado A Montanha Misteriosa / Mystery Mountain, também com Maynard (e Gene Autry num papel minúsculo), após o qual o célebre cowboy desentendeu-se com o patrão e deixou a Mascot. Com isso, Gene Autry teve a oportunidade de assumir o papel principal do seriado O Império dos Fantasmas / The Phantom Empire – reservado para Maynard – em 1935, mesmo ano em que a Mascot desapareceria, transferindo para a Republic o contrato de Autry além de seu primeiro filme como cowboy-cantor, O Boiadeiro Trovador / Trumbling Tumbleweeds, que custou 75 mil dólares e rendeu 500 mil dólares!

MONOGRAM PRODUCTIONS, INC. (1931-1952). Quase tão importante quanto a Republic, a Monogram teve origem em 1924, quando W. Ray Johnston, em colaboração com um grupo de distribuidores independentes, formou a Rayart Productions. Em 1928, ela se tornou Syndicate Film Exchange e produziu cinco filmes sob a marca Continental Talking Pictures. Em 1930, a Syndicate foi reorganizada como Monogram Productions, com Johnston como presidente e Trem Carr como chefe da produção, produzindo seu primeiro filme em 1931. Em 1932, a Monogram celebrou um acordo de distribuição com a British Pathé, pelo qual cada companhia distribuiria os filmes da outra em seu próprio país.  Quando  foi formada em 1935, a Republic encampou as distribuidoras da Monogram e Johnston assumiu o cargo de presidente da nova companhia. Entretanto, em 1937, Johnston e Carr deixaram a Republic e reavivaram a Monogram como companhia produtora. Em 1946, Johnston passou para o Conselho de Administração e Steve Broidy ocupou a presidência. No mesmo ano, Broidy criou a Allied Artists como subsidiária da Monogram, para realizar filmes de melhor qualidade, que Walter Mirisch, então assistente de Broidy, chamava de “B-plus”. Em 1953, o nome da Monogram desapareceu completamente e a companhia passou a ser denominada Allied Artists Pictures Corporation.


A Monogram se especializou nas séries: Cisco Kid (com Duncan Renaldo e depois Gilbert Roland); Charlie Chan (com Sidney Toler e depois Roland Winter ); Kitty O’Day, Detective (com Jean Parker); Os Três Valentes ou Os Três Destemidos / The Range Busters (Ray Corrigan, John “Dusty” King, Max Terhune); The Rough Riders (Buck Jones, Tim McCoy, Raymond Hatton); Renfrew of the Royal Mounted (iniciada na Grand National); Jiggs and Maggie; The Trail Blazers (Ken Maynard, Hoot Gibson, Bob Steele); The Teen Agers; Bomba, the Jungle Boy; Joe Palooka; Mr. Wong; Snuffy Smith; Tailspin Tommy; East Side Kids, Bowery Boys etc.

Importantes também foram os 16 westerns da Lone Star Productions (de Paul Malvern) com John Wayne e a participação de Johnny Mac Brown, Rex Bell, Jack Randall, Tex Ritter, Tom Keene, e de Bob Steele (e seu pai, o roteirista e diretor Robert N. Bradbury), em vários filmes do gênero. A companhia ofereceu filmes também em outros gêneros, destacando-se as adaptações de romances clássicos como Oliver Twist / Oliver Twist / 1933 e Jane Eyre / Jane Eyre / 1934.

Nos anos quarenta, a Monogram distribuiu duas produções importantes dos King Brothers: Dillinger / Dillinger / 1945 (com Lawrence Tierney) e Delírio / Suspense / 1946 (com Belita). Na fase Allied Artists, destaque para Vampiros de Almas / Invasion of the Body Snatchers / 1956 de Don Siegel.

PRODUCERS RELEASING COMPANY – PRC (1940 -1948) – Em 1938, Ben Judell formou um par de companhias independentes, a Progressive Pictures Corporation e a Producers Distributing Corporation (obs. nenhuma conexão com a antiga organização de Cecil B. DeMille). Em 1939, trabalhando com Sigmund Neufeld como seu co-produtor e o irmão deste, Sam Newfield (Neufeld) como diretor,  Judell produziu um filme anti-nazi relativamente ambicioso, A Besta de Berlim / Hitler, Beast of Berlim, no qual um ainda muito jovem Alan Ladd fazia um pequeno papel. O filme irritou a German American Bund, organização nazista fundada em 1930 nos Estados Unidos, cujos adeptos invadiram o estúdio da PDC e destruíram quase que inteiramente os cenários da produção. Estes foram reconstruídos mas  a censura local se recusou a liberar o filme para exibição por causa da sua inclinação “anti-germânica”.

Com seis produções adicionais em andamento, Judell afundou-se em dívidas. Sigmund Neufeld aproveitou a oportunidade e ofereceu à Pathé Film Laboratory, um dos principais credores da PDC, o pagamento antecipado  da dívida de Judell em troca de uma participação na reorganização da PDC sob a denominação de PRC (Producers Releasing Corporation), como subsidiária da Pathé Industries, Inc. Assim, Judell estava fora e Sigmund Neufeld, nomeado chefe da produção, não perdeu tempo em contratar seu irmão Sam Newfield como diretor dos filmes da PRC.


De 1940 até o final de 1946, os irmãos Neufeld foram responsáveis por uma série de 7 westerns de Tim McCoy; pelos seis westerns da série Frontier Marshall (com Bill “Cowboy” Rambler, Art Davis e Lee Powell); pelos 17 westerns da série Lone Rider (com George Houston em 11 filmes e Bob Livingston em  seis filmes); pelos westerns da série Billy the Kid (6 filmes com Bob Steele como “Billy the Kid”; 13 filmes com Buster Crabbe como “Billy the Kid” e 23 filmes com Buster Crabbe como “Billy Carson”). Enquanto os Neufeld cuidavam dos westerns, Leon Fromkess, vice-presidente e gerente geral, encarregava-se do restante da produção, tendo sido responsável por três filmes importantes, dirigidos por Edgar G. Ulmer: Carrasco Sedutor / Bluebeard / 1944; Estranha Ilusão / Strange Illusion / 1944 e Curva do Destino / Detour / 1945.

A PRC fez também filmes de aventuras na selva (vg. Terrores da Mata Virgem / Jungle Man / 1941; Nabonga / Nabonga / 1944; Pongo, O Gorila Branco / White Pongo / 1945) e de horror (vg. A Volta de Drácula / Devil Bat / 1940 com Bela Lugosi e O Monstro Sinistro / Mad Monster / 1942; O Corvo Negro / Black Raven / 1943; Vingança do Túmulo / Dead Men Walk / 1943; Nevoeiro / Fog Island / 1945, todos com George Zucco). Em 1947, o ramo da distribuição da PRC foi comprado pela Eagle-Lion; porém o estúdio continuou a produzir filmes (inclusive os 8 westerns de Lash La Rue com seu personagem “Cheyenne” até 1948, quando também foi absorvido pela Eagle-Lion.

RELIABLE  PICTURES CORPORATION (1934 -1937) – No começo dos anos trinta, o ex-supervisor de laboratório da Biograph, cinegrafista, montador, assistente de diretor e técnico de efeitos especiais Bernard B. Ray fez parceria com o diretor  veterano Harry S. Webb, para formar a Bernard B. Ray Productions e depois fundaram o seu próprio estúdio, Reliable Pictures (originariamente chamada Rayliable), que ficava na esquina de Sunset Boulevard com Beachwood Drive. A Reliable esteve em atividade de 1933 a 1937 e, neste período de quatro anos, produziu 45 filmes, evitando seriados e, com exceção dos oito westerns da série “Bud’n Ben”, também os curtas-metragens. Estes westerns de 30 minutos de duração, distribuidos pela Astor, concentravam-se nas aventuras de dois vaqueiros amigos, com Ben Corbett interpretando o papel de Ben enquanto Bud era retratado na maioria dos filmes por Jack Perrin (e, em alguns, por Walt Williams (Wally Wales), Dennis Meadows (Dennis Moore) e Fred Humes, cada qual apenas em um filme.

Além da série “Bud’n Ben”, Perrin também participou de meia dúzia de westerns de longa-metragem para a Reliable: Emboscada Sangrenta / The Cactus Kid / 1934, Na Senda do Perigo / Loser’s End, O Assalto à Diligência / Rawhide Mail / 1934, North of Arizona / 1935, Texas Jack / 1935, Patrulhando a Fronteira / Wolf Riders / 1935. Entre 1934 e 1936 Tom Tyler fez 18 westerns para a Reliable porém infelizmente a maioria era de baixa qualidade, salvando-se apenas Bandido Invencível / The Unconquered Bandit, O Cavaleiro da Lei / Tracy Rides e A Bala de Prata / The Silver Bullet, todos de 1935. Por causa de seus orçamentos limitados, a Reliable contava com os westerns e os filmes de ação para sobreviver.

Outro trunfo da companhia foi o astro canino Rin-Tin-Tin Jr. O suposto filho de Rin Tin Tin  não era tão bem dotado como o pai e seu treinador, Lee Duncan, foi obrigado a arranjar emprego para ele em companhias independentes pequenas como Mascot e Reliable. Rin-Tin-Tin Jr. apareceu em alguns northernwesterns como Patrulha da Fronteira / Skull and Crown e Heróis das Selvas / The Test em 1935 e Testemunha Silenciosa / Caryl of the Mountains em 1936. Ele formou dupla também com Bob Custer em Vingança do Lobo / Vengeance of Rannah / 1936 e com Rex Lease  em A Mina de Prata / The Silver Trail / 1937. Richard Talmadge era um stuntman famoso no cinema mudo, que encabeçou o elenco de alguns filmes baratos durante os anos vinte, empolgando o público com suas façanhas acrobáticas. Na Reliable ele fez: Nunca é Tarde Demais / Never Too Late / 1935, The Live Wire / 1935, Repórter Veloz / The Speed Reporter / 1936 e  Momento Decisivo / Step on It / 1936. O derradeiro filme da Reliable foi A Mina de Prata com Rin-Tin-Tin Jr. , já citado.

REPUBLIC PICTURES CORPORATION (1935-1959) – Foi fundada em 1935 por Herbert J. (John) Yates, presidente de um grande laboratório, Consolidated Film Industries. Sua criação resultou da fusão das companhias independentes Monogram, Mascot, Liberty, Majestic, Chesterfield-Invincible. Estas companhias estavam em débito com o laboratório e Yates, em vez de cobrar a dívida, propôs a integração sob sua liderança. A Monogram trouxe para a Republic sua  organização de distribuição nacional em 39 cidades e a Mascot  o seu estúdio e a experiência de Nat Levine na realização de seriados. Yates prometeu aos parceiros independência nas suas produções sob a égide da Republic mas surgiram desentendimentos e ele acabou se tornando o único dono da companhia.

A Republic incluía entre seus astros mais conhecidos Gene Autry, Roy Rogers, John Wayne, John Carroll e a patinadora Vera Ralston (com quem Yates se casou em 1952). De 1935 a 1947, Gene Autry fez 58 westerns na Republic; em 1947 fez mais 32 westerns na sua própria companhia, a Flying A Productions, que distribuia os filmes pela Columbia. De 1938 a 1951, com o nome artístico de Roy Rogers, Leonard Slye, fez 82 westerns na Republic, além de participar de vários outros filmes, que não pertenciam à sua série.

John Carroll e Vera Ralston apareceram juntos em  A Chama do Pecado / The Flame / 1945, Escrava do Medo / Surrender / 1950; Náufragos da Vida / Belle Le Grand / 1951  etc. Vera contracenou  com John Wayne em Estranha Caravana / The Fighting Kentuckyan /  1949 e  Carroll foi seu coadjuvante em  Tigres VoadoresThe Flying Tigers / 1942.

As equipes técnicas da Republic eram conhecidas por sua habilidade. Muito do sucesso dos seus seriados (vg. A Deusa de Joba / Darkest Africa / 1936 (O primeiro seriado da Republic); O Imperio Submarino / Undersea Kingdom / 1936; O Misterioso Dr. Satã / Mysterious Dr. Satan / 1940; Os Tambores de Fu Manchu / Drums of Fu Manchu / 1940; A Filha das Selvas / Jungle Girl / 1941; O Homem de Aço / The Adventures of Captain Marvel / 1941; O Terror dos Espiões / The Spy Smasher / 1942; O Maravilhoso Mascarado / The Masked Marvel / 1943; Capitão America, o Vencedor / Captain America /1944 etc.)  deve ser atribuído aos três soberbos diretores de ação, William Witney, John English e Spencer Gordon Bennett, que sabiam instintivamente como “keep things moving”. O trabalho dos cinegrafistas (William Nobles, Reggie Lanning, Bud Thackery) foi sempre considerado excepcional – os numerosos travelings e panorâmicas davam às produções uma sensação de movimento, que não era encontrada na maioria dos filmes das grandes companhias.

Excelentes stuntmen (Tom Steele, Dave Sharpe, Dale Van Sickel, Eddie Parker, Duke Green, Ken Terrrell, Fred Graham), bons scores musicais (William Lava, Mort Glickman, Cy Feuer), efeitos visuais criados pelos irmãos Lydecker (Howard e Theodore) e uma montagem excitante também contribuíram para produzir um conjunto de espetáculos altamente competente e atraente. No gênero western, além da presença de Gene Autry e Roy Rogers, teve particular ressonância a série Os Três Mosqueteiros ou Os Três Sertanejos / The Three Mesquiteers e osfilmes de Rex Allen, Bill Elliott, Allan Lane, Don “Red” Barry, Monte Hale etc. enquanto Judy Canova e The Weaver Brothers (e Elviry) se encarregavam dos musicais rurais.

Um filme interessante da Republic dos anos trinta foi O Mistério de Hollywood / Hollywood Stadium Mystery / 1938 com Neil Hamilton e Evelyn Venable, dirigido por David Howard, no qual um lutador de boxe é assassinado à vista do público no ringue do Legion Stadium. Nos anos quarenta, Yates proporcionou ao público bons espetáculos (vg. O Anjo e o Malvado Angel and the Badman / 1947; O Rastro da Bruxa Vermelha Wake of the Red Witch / 1948; Estranha Caravana (todos com John Wayne) e contratou diretores como Raoul Walsh (Comando Negro / Dark Command / 1940); Orson Welles (Macbeth/ Macbeth / 1948), Frank Borzage (Ao Cair da Noite / Moonrise / 1948), Allan Dawn (Iwo Jima, O Portal da Glória / Sands of Iwo Jima / 1949, Lewis Milestone (O Vale da Ternura / The Red Pony / 1949), John Ford (Depois do Vendaval / The Quiet Man / 1952 etc.); Nicholas Ray (Johnny Guitar / Johnny Guitar / 1954.

SONO ART – WORLD WIDE (1929 – 1933 ) –  A Sono-Art Productions foi fundada em 1929 por J. Douglas Watson e, nos seus cinco anos de existência, produziu mais de 60 filmes, evitando curtas-metragens e seriados. Sediada na Broadway, em Nova York, a maioria de seus filmes foram feitos no International Studio de Ralph M. Like em Los Angeles. A Sono-Art começou produzindo uma série de  musicais estrelados pelo artista de rádio Eddie Dowling (vg. Blaze O’ Glory / 1930); versões em espanhol de filmes americanos (vg. Asi es la Vida / What a Man ! / 1930);  dramas de ação – “Thrill-O-Dramas” (vg. Swanee River / 1931 com Grant Withers); westerns (vg. In Old Cheyenne com Rex Lease) e northernwestern (vg. Mounted Fury com John Bowers  – cujo suicídio inspirou o final de Nasce uma Estrela / A Star is Born / 1937) e contou com o reforço da James Cruze Productions  (O Grande Gabbo / The Great Gabbo / 1929 com Erich von Stroheim, Hello Sister / 1930, O Seguro do Amor / Cock O’ the Walk / 1930 etc).

Em 1932, E. W. Hammons, o presidente da Educational Pictures Inc.  substituiu J. D. Watson como presidente da companhia e o nome desta mudou para World Wide Pictures. Sob o comando de Hammons, a World Wide ficou com os filmes que já tinham sido feitos pela Tiffany antes de sua extinção e distribuiu uma série de oito westerns de Ken Maynard, produzidos pela KBS Productions e  seis westerns com Bob Steele, produzidos por Trem Carr.

Dois filmes interessantes da World Wide foram A Cadeira Elétrica / The Last Mile /  1932,  com interpretação inspirada de  Preston Foster e A Study in Scarlet / 1933, com Reginald Owen no papel de Sherlock Holmes e Warburton Gamble como o Dr. Watson.

TIFFANY  PRODUCTIONS (1921 – 1932) – Foi fundada em 1921 pela atriz Mae Murray, seu marido, o diretor Robert Z. Leonard e Maurice H. Hoffman como uma pequena produtora  especializada em dramas da sociedade e melodramas, cujo exemplar mais expressivo foi Cleo de Paris / Peacock Alley, estrelado por Mae Murray, produzido como filme mudo (1922) e parcialmente falado com uma sequência em Technicolor (1930).

Os filmes da Tiffany eram distribuídos pela Metro Pictures porém, em 1927, a Metro se juntou com Goldwyn para formar a Metro-Goldwyn e a Tiffany teve que organizar o seu próprio sistema de distribuição. De 1927 a 1929 o diretor John M. Stahl se associou com a companhia, que passou a ser conhecida neste período como Tiffany-Stahl Productions.

O filme mais importante da Tiffany foi Journey’s End / 1930,  com Colin Clive, produção anglo-americana dirigida por James Whale, marcando o fim da “produção de qualidade” do estúdio. Com a chegada do som, a firma começou a oferecer westerns “B” com os cowboys Ken Maynard (11 filmes ) e Bob Steele (8 filmes) e tentou em vão impulsionar a carreira do comediante do vaudeville, Benny Rubin. No elenco dos dois filmes de Rubin, Sunny Skies / 1930 e Hot Curves / 1930, estava Rex Lease, que depois foi transformado num astro cowboy do estúdio. Jack Benny teve melhor sorte que Benny Rubin, impondo sua personalidade em The Medicine Man ao lado de Betty Bronson famosa por seus filmes silenciosos da Paramount, Peter Pan / Peter Pan e Os Mil Beijos de Cinderella / A Kiss for Cinderella.

A companhia produziu alguns filmes mais caros, O Zeppelin Perdido / The Lost Zeppelin / 1929 com Conway Tearle, Ricardo Cortez e Virginia Valli; Mamba / Mamba / 1930 com Jean Hersholt, Eleanor Boardman e Ralph Forbes; Aloha/ Aloha com Ben Lyon e Raquel Torres / 1931; O Doutor Karlov / Drums of Jeopardy / 1931 com Warner Oland, June Collyer e Lloyd Hughes, dirigidos o primeiro por Edward Sloman, o segundo e o terceiro por Albert S. Rogell e o quarto por George B. Seitz e, nos seus derradeiros dias, acabou se dedicando à produção de séries de curtas-metragens: Tiffany Talking Chimps; The Voice of Hollywood; Paul Hurst Comedies; Musical Fantasies; Forbes Randolph’s Kentucky Jubilee Singers etc., encerrando suas atividades em 1932.

OS FILMES DA HAMMER

A Hammer Films foi a capital do horror nos anos cinquenta e sessenta, preenchendo o vazio deixado quando os estúdios americanos se voltaram para os discos voadores, alienígenas e mutantes atômicos. Entre a Época de Ouro do Cinema de Horror dos anos trinta e quarenta, durante a qual a Universal  introduziu os quatro ícones imortais do terror cinematográfico (Drácula, Frankenstein, A Múmia e O Lobishomem) e o renascimento do horror feito com maiores recursos dos anos setenta e oitenta ( O Exorcista / The Exorcist / 1973, Sexta-Feira Treze / Friday the 13th / 1980 e  A Hora do Pesadêlo / Nightmare at Elm Street /  1984 ), a Hammer foi o único refúgio para os fãs do macabro, que estavam  ansiosos para saciar sua sede por arrepios clássicos.

O pequeno estúdio britânico trouxe de volta as velhas histórias de monstros, refilmando-as em cores e, durante os seus anos de glória, dominou o mercado de filmes de horror, desfrutando de uma distribuição mundial e um êxito financeiro considerável, sucesso este lhe devido, em parte, à parcerias com grandes estúdios americanos.

A Hammer Productions Ltd. foi fundada em 1934 por William Hinds (1887 – 1957), um dono de joalheria que algumas vezes se apresentava como comediante no music hall sob o nome artístico de Will Hammer, formando a dupla “Hammer and Smith”, assim chamada porque ele e seu companheiro de palco moravam em Hammersmith.

O escritório da companhia situava-se na Regent Street e sua primeira produção  foi The Public Life of Henry the Ninth / 1935, uma paródia de Os Amores de Henrique VIII / The Private Life of Henry VIII de Alexander Korda. No mesmo ano, Hammer, como Hinds ficou sendo chamado pelo resto de sua vida, abriu com o exibidor Enrique Carreras uma distribuidora, a Exclusive Films, cujo escritório localizava-se na Wardour Street no Soho.

O primeiro filme de longa-metragem da Hammer foi The Mystery of the Mary Celeste / 1935, com Bela Lugosi, seguido por The Song of Freedom / 1935, com Paul Robeson. Em 1936, foram feitos mais dois filmes, The Bank Messenger Mystery e Sporting Love, antes da Exclusive se mudar para um escritório mais espaçoso em outro prédio na Wardour Street e a Hammer ser desativada por causa de problemas financeiros.

Em 1938, Michael Carreras (1909 – 1990) e Anthony Hinds 1922 –     ), filhos respectivamente de James Carreras e Will Hinds, ingressaram na Exclusive e, depois de servirem as Forças Armadas na Segunda Guerra Mundial, voltaram a trabalhar na empresa de seus pais. Outra aquisição importante da Exclusive foi Anthony “Brian” Lawrence (1920 – 2004), empregado em 1945 como assistente de vendas e posteriormente promovido a uma posição de maior influência.

O Cinematograph Act de 1927 teve por objetivo proteger os interesses da indústria cinematográfica britânica contra a afluência de filmes americanos. Ele estipulava que todos os cinemas ingleses teriam que exibir uma percentagem de filmes feitos na Inglaterra, os chamados “quota quickies” (filmes de orçamento modesto realizados para cumprir a legislação). As cadeias de cinemas tiveram dificuldade de preencher suas cotas e, animada com esta demanda, a Exclusive ressuscitou a Hammer, como uma de suas divisões, para produzí-los. Entre os “quota quickies” incluíam-se: Death in High Wheels / 1947, Crime Reporter / 1947, River Patrol / 1948, The Dark Road /1948, Who Killed Van Loon? / 1948. Como a Hammer não tinha condições de contratar grandes astros, seus proprietários adquiriram os direitos de filmagem de várias séries radiofônicas da BBC tais como Dick Barton Special Agent / 1948 e The Adventures of PC 49 / 1949. Durante a filmagem de Dick Barton Strikes Back / 1949, ficou claro que a companhia poderia economizar muito dinheiro, filmando em casas de campo, em vez de usar um estúdio profissional. Para a sua produção seguinte,  Dr. Morelle  – The Case of the Missing Heiress / 1949, outra adaptação radiofônica, a Hammer alugou Dial Close, uma mansão de 23 quartos perto do Rio Tâmisa em Cookham Dean, Maidenhead.

Em 1949, a Exclusive registrou oficialmente a “Hammer Film Productions” como uma companhia, cujos sócios eram William Hinds, seu filho Anthony Hinds, Enrique Carreras e seu filho James Carreras.

Pouco tempo depois, reclamações da vizinhança por causa do barulho durante as filmagens noturnas obrigaram a Hammer a sair de Dial Close e se mudar para outra mansão, Oakley Court, também às margens do Tâmisa em Bray, entre Windsor e Maidenhead. Cinco filmes foram rodados lá: The Man in Black / 1950; Room to Let / 1950; Someone at the Door / 1950, What The Butler Saw / 1950; The Lady Craved Excitement / 1950.

Em 1950, a Hammer mudou-se novamente, desta vez para Gilston Park, antigo clube campestre em Harlow Essex, onde foram filmados The Black Widow, The Rossiter Case, To Have and to Hold e The Dark Light, todos em 1951. No mesmo  ano, a Hammer transferiu-se para a sua sede mais famosa, Down Place, uma mansão em Bray no sudeste de Maidenhead, que foi transformada num grande estúdio, depois chamado de Bray Studios. Sua área extensa foi usada em quase todas as locações dos filmes da Hammer e constitui uma parte indispensável do “Hammer Look”. Os primeiros filmes rodados no Bray Studios foram Cloudburst / 1951 e Whispering Smith Hits London / 1952, ambos produzidos com a ajuda de financistas americanos, que impuzeram artistas de Hollywood nos papéis principais  (respectivamente Alexander Paal / Robert Preston e Sol Lesser / Richard Carlson).

Subsequentemente, a Hammer e a Exclusive assinaram um contrato de produção e distribuição de quatro anos com o produtor americano Robert Lippert. As partes trocaram filmes para distribuição nos seus respectivos lados do Atlântico e Lippert, tal como Paal e Lesser, exigiu a presença de artistas de Hollywood nos papéis de primeiro plano. Da parceria Lippert/Exclusive/Hammer surgiram: Trágica Aventura / The Last Page / 1952 (com George Brent, Marguerite Chapman), Wings of Danger / 1952(Zachary Scott), Stolen Face / 1952 (Paul Henreid, Lizabeth Scott), Jogo Perigoso / The Gambler and the Lady / 1953  (Dane Clark); The Flanagan Boy / 1953  (Barbara Payton); 36 Hours / 1954 (Dan Duryea); Face the Music / 1954 (Alex Nicol); The House Across the Lake / 1954 (Alex Nicol); Five Days / 1954 (Dane Clark); The Stranger Came Home / 1954 (Paulette Godard); Third Party Risk / 1955 (Lloyd Bridges); The Glass Cage / 1955 (John Ireland); Casei-me com a Morte / Murder by Proxy / 1955 (Dane Clark); Women Without Men / 1956 (Beverly Michaels).

Em 1953, foram lançados os dois primeiros filmes de ficção científica da Hammer, Os 4 Lados do Triângulo / Four Sided Triangle e Spaceways, ambos dirigidos por Terence Fisher, ex-montador da Warner Bros’ UK, que fôra contratado pelo estúdio em 1951 e já havia feito alguns dos filmes “B” da associação Lippert/ Exclusive/ Hammer. Eles foram os precursores  de Terror Que Mata / The Quatermass Xperiment / 1955 e Usina de Monstros /Quatermass 2 / 1956, baseados na série de televisão da BBC, The Quatermass Experiment (ambos estrelados por Brian Donlevy) e O Estranho de um Mundo Perdido / X , the Unknown / 1956. Terror Que Mata atraiu a atenção dos grandes distribuidores (Columbia, Paramount, United Artists e Universal-International). Além dos recursos financeiros que recebeu desses distribuidores, a Hammer se beneficiou do investimento contínuo de Eliot Hyman, patrocinador mais rico e poderoso do que Robert Lippert.

A resposta das bilheterias para aqueles thrillers de ficção científica, foi tão marcante, que a Hammer encomendou uma pesquisa para saber precisamente o que atraiu tantos espectadores para o cinema: teria sido o aspecto ficção científica ou o horror e a violência? O veredito esmagador foi ‘horror e violência’ e a Hammer então lançou a sua primeira produção em cores A Maldição de Frankenstein / The Curse of Frankenstein / 1957, que impulsionou o estúdio, transformando-o  num fenômeno mundial.

A Maldição de Frankenstein propiciou uma bela carreira para Terence Fisher e Peter Cushing e Christopher Lee tornaram-se  os astros de filme de horror mais famosos desde Boris Karloff e Bela Lugosi. Filmado por Jack Asher, com roteiro de Jimmy Sangster, cenários de época de Bernard Robinson e trilha musical de James Bernard, o espetáculo quebrou todos os recordes de bilheteria internacionalmente.

Animada com este resultado, a Hammer providenciou uma enxurrada de filmes de horror: O Vampiro da Noite / Dracula ou Horror of Dracula / 1958; A Vingança de Frankenstein / The Revenge of Frankenstein / 1958;  O Homem Que Enganou a Morte / The Man Who Could Cheat Death / 1958; A Múmia / The Mummy / 1959; As Noivas do Vampiro /  The Brides of Dracula / 1960; O Monstro de Duas Caras/ The Two Faces of Dr. Jekyll /1960; A Maldição do Lobishomem / The Curse of the

Werewolf / 1961; O Fantasma da Ópera / The Phantom of the Opera / 1962; A Górgona / The Gorgon / 1964; Dracula, o Príncipe das Trevas / Dracula, Prince of Darkness / 1966; E Frankenstein Criou a Mulher / Frankenstein Created Woman / 1967; As Bodas de Satã / The Devil Rides Out / 1968; Frankenstein Deve Ser Destruído / Frankenstein Must Be Destroyed / 1969, todos dirigidos por Terence Fisher; O Monstro de Frankenstein / The Evil of Frankenstein / 1964; Drácula, o Perfil do Diabo / Dracula Has Risen From the Grave / 1968, de Freddie Francis; O Monstro do Himalaya / The Abominable Snowman / 1957;  A Sombra do Gato / The Shadow of the Cat / 1961; A Epidemia de Zombies / The Plague of the Zombies / 1966;  A Serpente / The Reptile / 1966; O Sarcófago Maldito / The Mummy’s  Shroud / 1967 de John Gilling etc., para mencionar apenas os filmes dos diretores mais prolíficos da companhia.

Vou destacar os três filmes que reví recentemente em esplêndidas cópias em dvd: A Maldição de Frankenstein, O Vampiro da Noite e A Múmia.

Assim que começou a produção de Quatermass 2, a Hammer começou a procurar outro parceiro americano, disposto a investir e cuidar da promoção do novo produto nos Estados Unidos. Eventualmente, seus donos iniciaram conversações com Eliot Hyman, o presidente da Associated Artists Productions (a.a.p.). Durante este período, dois americanos, Max J. Rosenberg e Milton Subotsky, que mais tarde fundariam a Amicus, rival da Hammer, submeterem à a.a.p. um script para uma adaptação do romance Frankenstein. Hyman encaminhou o script para a Hammer mas, a fim de evitar uma ação judicial por parte da Universal-International, Anthony Hinds ordenou várias revisões do texto, até que, finalmente,  o roteirista Jimmy Sangster apresentou a versão definitiva.

Esta se concentrou mais sobre a personalidade do Barão Victor Frankenstein (Peter Cushing) do que na de sua Criatura (Christopher Lee) e introduziu um novo personagem: o amigo de Victor, Paul Krempe (Robert Urquhart).  Além disso, enquanto o barão do filme da Universal de 1931 era um cientista tímido, cheio de remorso e ultrapassado pelos acontecimentos, o barão do filme da Hammer de 1957 tornou-se uma pessoa fria, calculista, amoral e assassino.

O filme tem início com o barão numa cela, relatando a história de sua criação terrível e profana para um padre, antes de ser conduzido para a guilhotina. Com seu rosto esquelético, cabelos desalinhados e olhos cansados, Cushing constrói aquele papel com o qual ficaria para sempre identificado.

Outra mudança, por questão de direito autoral, foi o aspecto do monstro retangular de Boris Karloff por uma imagem mais descomposta do dito monstro – em vez de um ser cheio de parafusos na cabeça, vemos uma colagem de pedaços de carne bastante patética.

A criatura encarnada por Christopher Lee desperta alguma piedade, especialmente quando é transformada em um “animal” obediente, depois de ser lobotomizada pelo barão; porém este é que é verdadeiramente a razão de ser do filme.

Fisher teve muito cuidado com a atmosfera e os cenários mas o ritmo que imprimiu à narrativa, embora fluente, é às vezes lento. A cor (Eastmancolor) impressiona mas o diretor não a usou para servir a fins estritamente dramáticos ou horroríficos, como ele faria em Drácula.

Após o sucesso retumbante de A Maldição de Frankenstein, a Hammer se propôs a renovar a experiência com outra figura mítica do horror da Universal: o Conde Drácula. Entretanto, a necessária obtenção do direito para uma nova filmagem do romance de Bram Stoker não foi nada fácil, porque a Universal havia celebrado um contrato de exclusividade com o espólio de Stoker nos anos trinta.  Depois de vários meses de negociação, foi fechado um acordo, pelo qual a Hammer concedia o direito de distribuição para a Universal-International, em troca da permissão de realizar o filme.

O roteiro de Jimmy Sangster omitiu a viagem de Drácula a Londres, localizando o filme inteiramente na Europa Central. Certos personagens, como Renfield, o lunático comedor de moscas  mantido em estado de transe por Drácula, também foi extirpado. Sangster erotizou o vampiro. O seu Drácula é um sedutor ao mesmo tempo sensual e voraz, cuja visita noturna as mulheres aguardam impacientes, como se fossem suas amantes.

Christopher Lee consegue criar o pavor pela sua simples presença ameaçadora. A imagem do ator, coberto por uma capa negra, com os olhos injetados de sangue, captada em Technicolor, causa impacto. É pena que seus diálogos tivessem sido reduzidos a poucas linhas do texto e não pudéssemos ouvir de novo aquela frase imortal de Lugosi: “Listen to them. Children of the Night. What music they make!”.

Em contraponto, Peter Cushing compõe um Van Helsing perfeito, enérgico e incisivo, que não tem medo de enfrentar selvagemente  seu opositor de dentes sangrentos. No desenlace, Van Helsing sai em perseguição ao vampiro enquanto começam a despontar os primeiros clarões da madrugada. Ele encontra o monstro na mansão e sabe que não terá nenhuma chance no caso de um combate corpo a corpo. Então arranca as cortinas pesadas do grande salão e Dracula uiva de dor, quando a luz do sol penetra no ambiente. Van Helsing carrega dois candelabros, cruza-os para transformá-los em um crucifixo, do qual se serve para colocar o vampiro em plena luz. É o fim da perversa criatura: Dracula vira pó diante de nossos olhos e suas cinzas são levadas pelo vento.

Cineasta muito competente – mas destituido de gênio –  Fisher fez um trabalho de ilustração consciente, cuidadoso, oferecendo ao espectador uma surpresa a cada instante.

Em seguida ao êxito de O Vampiro da Noite,  a Hammer firmou um acordo com a Universal-International, que lhe permitia trazer outros mitos do horror clássico  para as telas e começou pela exumação da Múmia. No que se refere ao argumento, Sangster incorporou nesta refilmagem elementos de O Túmulo da Múmia / The Mummy’s Tomb / 1942, continuação da versão original A Múmia / The Mummy / 1932 de Karl Freund.

Tal como as outras duas grandes figuras do cinema de horror, Drácula e Frankenstein, a Múmia é um monstro trágico; mas ela não tem a mesma  espessura nem a ressonância universal que seus companheiros fantásticos. O Conde Drácula possui uma aura romântica e a condição de imortalidade que fascina o homem A criatura do Dr. Frankenstein simboliza a vontade do homem de se substituir ao deus criador. A Múmia é um mito menos rico e, portanto, não permitiu uma releitura tão interessante quanto a dos outros dois mitos anteriormente mencionados.

A múmia do filme não age por conta própria mas é manipulada por Mehemet, adorador de um deus egípcio, para punir os homens, que perturbaram a quietude de um túmulo. Ela só se emancipa, quando seu caminho se cruza com a mulher do último arqueólogo sobrevivente, que vem a ser a reencarnação da deusa Ananka,  seu grande amor. Servido por um roteiro banal, Fisher se concentrou mais no aspecto visual, compondo imagens rutilantes do Egito antigo em Technicolor, como no longo retrospecto relatando os funerais de Ananka, conduzidos pelo majestoso Kharis

Envolvido por uma maquilagem eficiente, com uma presença imponente devido à sua grande estatura e uma tristeza profunda, transmitida apenas pelos seus olhos, Christopher Lee adicionou outra brilhante composição ao seu currículo de monstro cinematográfico. A cena em que Kharis emerge do pântano, onde os carregadores de Mehemet perderam sua cripta, é memorável; poréma primeira aparição da múmia é bem melhor no filme de Boris Karloff, quando vemos somente umas ataduras se arrastando pelo chão. Peter Cushing é o homem de razão, obrigado a confrontar a verdade terrível subjacente numa maldição legendária e, como sempre, tem uma atuação impecável.

Além dos filmes já citados,  a Hammer produziu muitos outros nos mais variados gêneros como – ficção científica (vg. O Mundo os Condenou / The Damned / 1963; Gangsters na Lua / Moon Zero Two / 1969); dramascriminais (vg. A Mancha Verde / Hell is a City / 1960; Estranho Assalto / Cash on Demand /  1963); thrillers psicológicos ou de suspense (vg. Um Grito de Pavor / Taste of Fear / 1961; Fanatismo Macabro / Fanatic / 1965 (com Tallulah Bankhead); Nas Garras do Ódio / The Nanny / 1965 (com Bette Davis); aventura pseudo-histórica (vg. Os Estranguladores de Bombaim /The Stranglers of Bombay / 1959; A Seita do Dragão Vermelho / The Terror of the Tongs /1961); de capa-e-espada (vg. Os Piratas do Rio Sangrento / The Pirates of Blood River / 1962; A Espada de Robin Hood / The Men of Sherwood Forest / 1964); Cavaleiro Audaz / The Scarlet Blade / 1963, pré-histórica (vg. Mil Séculos Antes de Cristo / One Million Years B.C. / 1966; Quando os Dinossauros Dominavam a Terra / When Dinosaurs Ruled the Earth / 1970), de guerra (vg. A Ilha Sangrenta / The Camp on Blood Island / 1958; Turbilhão de Sangue / Yesterday’s Enemy / 1959); comédias (vg. Life with the Lyons/ 1954 (com a dupla de veteranos da cena muda, Ben Lyon e Bebe Daniels); On the Buses / 1971); adaptações de romances de autores famosos (vg. O Cão dos Baskervilles / The Hound of the Baskervilles / 1959 de Conan Doyle; A Deusa da Cidade Perdida / She / 1965 de Rider Haggard) –  curtas-metragens e séries de televisão (Hammer House of Horror / 1980; Hammer House of Mystery and Suspense / 1984).

Na medida em que as platéias se tornaram mais sofisticadas no final dos anos sessenta com a exibição de filmes de horror mais sutís como o Bebê de Rosemary  / Rosemary’s Baby / 1968 de Roman Polanski, a Hammer tentou manter sua posição no mercado, contratando novos roteiristas e diretores, testando novos personagens e tentando rejuvenescer seus filmes de vampiro e de Frankenstein com novas abordagens dos assuntos com os quais já estava familiarizada. Embora o estúdio continuasse fiel aos cenários de época em O Circo do Vampiro / Vampire Circus /1972, os seus Drácula no Mundo da Minissaia / Dracula AD 1972 e Os Ritos Satânicos de Drácula / The Satanic Rites of Dracula preferiram ter um  ambiente moderno; porém estes filmes não fizeram sucesso. Após a aparição de filmes como Bonnie and Clyde / 1967 e The Wild Bunch / 1968,  o público foi ficando cada vez mais preparado para ver cenas de gore. O filme A Noite dos Mortos-Vivos Night of the Living Dead / 1968 também havia introduzido um novo nível de representação visual da violência nas telas.

A Hammer tentou competir com esses espetáculos – por exemplo, em Frankenstein and the Monster from Hell / 1974 – mas verificou que seus filmes não conseguiam ser tão manchados de sangue como as novas produções americanas e seguiu uma tendência predominante nos filmes europeus da época, passando a dar mais ênfase ao conteúdo sexual. Na chamada trilogia Karnstein – composta por Os Vampiros Amantes / The Vampire Lovers / 1970, Luxúria de Vampiros / Lust for a Vampire / 1971 e As Filhas de Drácula / Twins of Evil / 1971 – baseada na novela de vampiro Carmilla (Karnstein) de J. Sheridan Le Fanu, a Hammer mostrou cenas explícitas de lesbianismo e aumentou as cenas de nudez.

No final da década de setenta, ela produziu menos filmes e foram feitas tentativas para se livrar dos então fora-de-moda filmes de horror gótico sobre os quais a companhia construira sua reputação. Uma dessas tentativas, A Lenda dos 7 Vampiros / The Legend of the 7 Golden Vampires / 1974, co-produção com os Irmãos Shaw de Hong Kong, que tentou combinar o filme de horror da Hammer com o filme de artes marciais, foi um desastre na bilheteria.

A última produção da Hammer, em 1979,  refilmagem do thriller de espionagem de Alfred Hitchcock, The Lady Vanishes / 1938, com Elliott Gould, Cybill Shepherd e Angela Lansbury nos papéis principais, também fracassou em termos financeiros e quase levou o estúdio à falência.

Conclusão decepcionante para a trajetória de uma companhia, que redefiniu o horror moderno, fazendo inovações importantes com relação ao estilo visual e aos temas.