Categories: Posts

CONEXÃO VAUDEVILLE – CINEMA III

LEON ERROL (Leonce Errol Simms, 1881 – 1951) – Com suas “pernas de borracha”, Leon ficou bastante conhecido no vaudeville, no teatro de revista e nos filmes. Ele não se apoiava muito nas piadas, sua comicidade era mais acrobática, puramente física. Suas pernas eram chamadas de “pernas de borracha” por causa da maneira pela qual ele andava: fazia um bamboleio, no qual as pernas se curvavam, parecendo que  ia cair, mas não chegava a cair totalmente. Este geito de andar o ajudava bastante ao interpretar papéis de bêbado.

Natural da Austrália, Leon queria ser cirurgião, até que seus estudos de arte dramática na faculdade o afastaram daquele campo. Durante alguns anos, ele excursionou pela Australia, Nova Zelândia e Inglaterra, apresentando-se no vaudeville, circos, companhias de repertório e comédias musicais. Em 1911, Leon deu um impulso na sua carreira em Nova York, onde conheceu Florenz Ziegfeld e foi contratado para aparecer na edição do Follies daquele ano. Ele contracenou com o legendário comediante negro Bert Williams e fez um número cômico dançando com Stella Chatelaine, com quem  se casara em 10 de agosto de 1910.

A estréia dele no vaudeville deu-se em julho de 1916 no Brighton Theatre com um número no qual encarnava um bêbado numa estação de metrô. Leon atingiu o auge do sucesso ao figurar nos cartazes do Palace como principal atração. Ele fez seu primeiro filme, um curta-metragem cômico, Nearly Spliced, em 1921. Em 1930, deixou a Broadway e se dedicou exclusivamente ao cinema. Em 1933, participou de  comédias curtas da Paramount, da Columbia e de dois shorts no Technicolor de duas cores realizados pela VItaphone: Service With a Smile e Good Morning, Eve! Transferindo-se para RKO Radio Pictures em 1934, Leon continuou a fazer curtas-metragens (de 1934 a 1951), a maioria dos quais eram farsas conjugais, nas quais se envolvia com uma linda garota e recebia uma bronca de sua esposa

Entretanto, ele é mais lembrado por suas performances energéticas na série Mexican Spitfire ao lado de Lupe Velez (a fogosa Carmelita), na qual Leon fazia o papel duplo do afável Tio Matt e de Lord Basil Epping,  presidente da … House of Parliament Scotch Whisky Company. Finalmente, a Monogram contratou Errol para aparecer como o treinador Knobby Walsh nos filmes da série esportiva cômica, Joe Palooka (Joe Sopapo), baseada no personagem dos quadrinhos (obs. Em Ou Tudo ou Nada / Joe Palooka in Winner Take All / 1948 , Leon foi substituido por William Frawley). Filmes (excluídos os  mais de 90 curtas-metragens): Iolanda / Yolanda / 1924; Sally, a Enjeitada / Sally / 1925; O Pirata / Clothes Make the Pirate / 1925; Lunático à Força / The Lunatic At Large / 1927; Only Saps Work / 1930;  Uma Noite Sublime / One Heavenly Night / 1931; Divertindo Paris / Finn and Hattie /1931; Her

Majesty, Love / 1931;  Alice no País das Maravilhas / Alice in Wonderland / 1933; Cupido ao Leme / We’re Not Dressing / 1934;  A Célebre Sophie Lang / The Notorius Sophie Lang / 1934; O Capitão Odeia o Mar / The Captain Hates the Sea / 1935; Princess O’ Hara / 1935; A Praia da Alegria / Coronado / 1935; Música do Coração / Make a Wish / 1937; De Cabelinho nas Ventas / The Girl from Mexico / 1939; Entre o Amor e a Vida / Career / 1939; Adorável Impostora / Dancing Co-Ed / 1939; Quando a Mulher Vira Bicho / Mexican Spitfire / 1939 (*);  O Velho Sempre Paga / Pop Always Pay / 1940; Amor entre Arrufos / The Golden Fleecing / 1940; Quando Macacos se Encontram / Mexican Spitfire Out West / 1940 (*); Onde Achaste Esta Pequena ? / Where Did You Get That Girl? / 1941; Mme. Labonga / Six Lessons from Madame La Zonga / 1941: Pau de Cabeleira / Hurry Charlie, Hurry / 1941; Luar e Melodia / Moonlight in  Hawaii / 1941; Trouxas em Desfile / Never Give a Sucker an Even Break / 1941;

O Bebê de Carmelita / Mexican Spitfire ‘s Baby / 1941 (*); Estrada da Alegria / Melody Lane / 1941; Forrobodó em Alto Mar / Mexican Spitfire at Sea / 1942 (*); Aquele Careca Voltou / Mexican Spitfire Sees a Ghost / 1942 (*); O Elefante de Carmelita / Mexican Spitfire’s Elephant / 1942 (*); Mania Musical / Strictly in the Groove / 1943; Amor e Batucada / Follow the Band / 1943;  O Rei dos Boiadeiros / Cowboy in Manhattan /1943; Venus e Cia. / Gals, Incorporated / 1943; Bebê da Discórdia / Mexican Spitfire’s Blessed Event / 1943 (*); A Lua a seu Alcance / Higher and Higher / 1943; A

Family Feud / 1943 (documentário curto o governo);  A Pequena do Cabaré / Hat Check Honey / 1944; Prices Unlimited / 1944 (documentário curto para o governo); Cavadoras da Alegria / Slightly Terrific / 1944; Crepúsculo dos Pampas / Twilight on the Prairie / 1944; A Vingança do Homem Invisível / The Invisible Man’s Revenge / 1944; Mocidade Divertida / Babes on Swing Street / 1944; Conquistando a Muque / She Gets Her Man / 1945; Under Western Skies / 1945; What a Blonde / 1945; Mama Loves Papa / 1945; Céus do Oeste / Riverboat Rhythm /1946;

Joe Sopapo, Campeão / Joe Palooka, Champ / 1946;  Joe Sopapo, Grã-Fino / Gentleman Joe Palooka / 1946; Joe Sopapo não é de Briga / Joe Palooka in the Knockout / 1947; Comprando Briga / Joe Palooka  Fighting Mad / 1948; Dois Prontos de Sorte / The Noose Hangs High / 1948;  Pistoleiros do Ringue / Joe Palooka in the Big Fight / 1949; Joe Palooka in the Counterpunch / 1949; Lua-de-Mel a Socos / Joe Palooka Meets Humphrey / 1950; Joe Palooka in Humphrey Takes a Chance / 1950; Murros de Ouro / Joe Palooka in the Squared Circle / 1950; Joe Sopapo, Detetive / Joe Palooka in Triple Cross / (Obs. Os filmes seguidos por * entre parêntese são os da série Mexican Spitfire) .

RUTH ETTING (Ruth Etting, 1896 – 1978) – Nos anos trinta, Ruth Etting era uma das cantoras mais populares da America, a cantora de fossa por excelência.  Ela ficou conhecida como “The Sweetheart of Song” e sua popularidade como estrela da gravadora Columbia e como cantora de rádio jamais foi ultrapassada. Foi também uma importante artista do vaudeville, primeiro em Chicago e depois em Nova York. Ruth inicialmente queria ser desenhista de moda e, aos dezessete anos, entrou para o Chicago Art Institute.  Seu emprego como figurinista no Marigold Garden Theatre levou-a a ser contratada como corista. Em pouco tempo, ela  tornou-se a vocalista da boate e se casou com o gangster Martin “Moe the Gimp” Snyder em 1922. Snyder cuidou de sua carreira, arranjando-lhe participações em programas de rádio e a assinatura de um contrato de exclusividade com a Columbia Records.

Ruth estreou na Broadway na edição do Ziegfeld Follies de 1927. Em seguida, atuou em vários shows, inclusive Simple Simon (no qual cantava “Ten Cents a Dance”) e “Whoopee!” (no qual cantava “Love Me or Leave Me”). Outras canções famosas associadas a Ruth foram: “It All Depends on You”, “Button Up Your Overcoats”, “Mean to Me “, “Shaking the Blues Away” e “Everybody Loves my Baby”. Em Hollywood fez shorts entre 1929 e 1936 para a Paramount, Vitaphone e RKO e três longas-metragens: Escândalos Romanos / Roman Scandals / 1933, Noites da Broadway / Mr. Broadway / 1933 (como ela mesma); O Dom da Alegria / Gift of Gab / 1934 e Hip, Hip, Hooray / Hips, Hips, Hooray! / 1934. Aos 40 anos de idade, Ruth divorciou-se de Snyder em 1937. Ela se apaixonou pelo seu pianista Myrl Alderman mas em 1938 ele foi alvejado e ferido por Snyder, que foi condenado por tentativa de homícidio porém libertado em virtude de um recurso depois de ter cumprido um ano de prisão.

Ruth casou-se com Myrl, que era dez anos mais moço do que ela. O escândalo por causa do julgamento sensacional em Los Angeles pôs fim à carreira de Ruth embora ela ainda tivesse um programa de radio em 1947. A vida de Ruth Etting serviu de base para o filme Ama-me ou Esquece-me / Love Me or Leave Me / 1955 com Doris Day (Ruth), James Cagney (Snyder) e Cameron Mitchell (Myrl).

W. C. FIELDS (William Claude Dunkerfield, 1880 – 1946) – Aos quinze anos de idade, ele já estava desempenhando um número de equilibrismo em igrejas e teatros e ingressou no vaudeville  como um “mendigo equilibrista”, usando o nome de W.C. Fields. Fields excursionou por vários continentes e se tornou  uma  atração internacional. Ele se apresentava barbudo e com um smoking surrado e se limitava à pantomima,  a fim de que pudesse se apresentar em qualquer lugar do mundo. De volta à América, percebeu que poderia arrancar mais risadas da platéia, adicionando diálogo aos seus números. A sua marca registrada, que eram os seus resmungos e apartes sarcásticos, foram desenvolvidos nesta época. Logo ele estava na Broadway nas revistas de Florenz Ziegfeld, onde divertia o público em um esquete de jogo de bilhar com tacos de forma bizarra e uma mesa fabricada sob encomenda, usada para uma série de gags hilariantes. Fields atuou em múltiplas edições do Follies e na comédia musical da Broadway, Poppy, na qual ele aperfeiçoou o tipo do vigarista pitoresco de segunda categoria. Ele estreou no cinema em duas comédias curtas, filmadas em Nova York em 1915. Seus compromissos com o teatro impediram-no de fazer mais filmes até 1924, quando fez o papel de um sargento britânico em Janice Meredith / Janice Meredith. Em 1925, ele reviveu seu personagem de Poppy numa adaptação cinematográfica

silenciosa, reeintitulada Sally of the Sawdust e dirigida por D. W. Griffith e trabalhou em outro filme deste diretor, That Royle Girl. Fields foi um dos poucos artistas do vaudeville que conseguiu reproduzir na tela os seus próprios números  e, assim, não somente criou uma nova carreira financeiramente bem sucedida como também assegurou que suas performances no palco fossem conservadas para a posteridade. Em 1932 e 1933,  fez quatro comédias curtas para o pioneiro da comédia, Mack Sennett, distribuídas pela Paramount Pictures. Durante este período, a Paramount começou a colocá-lo em comédias de longa-metragem e, em 1934, Fields era um astro de primeira grandeza. O comediante colaborava frequentemente nos scripts de seus filmes sob pseudônimos incomuns tais como “Charles Bogle”, “Otis Criblecoblis”, e “Mahatma Kane Jeeves”. Ele gostava de nomes esquisitos e muitos de seus personagens tiveram nomes assim: “Larson E. (leia Larceny) Whipsnade”, “Egbert Sousé”, “Ambrose Wolfinger” e “The Great McGonigle”. Embora não tivesse tido uma educação formal, Fields lia muito e era um admirador do escritor Charles Dickens. Seu melhor desempenho no cinema foi no papel  de Mr.

Micawber na filmagem de David Copperfield pela MGM em 1935. A popularidade renovada pela suas participações no rádio ao lado de Edgar Bergen e McCarthy (onde trocava insultos com o boneco), ensejou-lhe um contrato com a Universal Pictures em 1939 e seu primeiro filme na Universal, You Can’t Cheat an Honest Man, levou adiante a rivalidade Fields-McCarthy. Em 1940,Fields fez My Little Chickadee com Mae West e The Bank Dick, contracenando com Shemp Howard, um dos Três Patetas.

Ele sempre desejou realizar um filme à sua maneira, com seu próprio roteiro e encenação e escolha dos coadjuvantes. A Universal finalmente lhe deu esta oportunidade e o filme resultante, Never Give a Sucker an Even Break, fo uma obra-prima de humor absurdo, no qual Fields aparecia como ele mesmo. Porém o filme que entregou para exibição era tão surreal, que o estúdio cortou e refilmou várias cenas, acabando por liberar o ator. Ele chegou a completar uma cena para a produção da 20th Century-Fox, Tales of Manhattan / 1942, no qual interpretava o papel de um professor excêntrico contratado por Margaret Dumont para dar uma palestra sobre abstinência na alta sociedade. Esta cena foi extirpada antes do lançamento mas veio a ser descoberta nos cofres da Fox em 1990 e incluída no lançamento em vídeo e DV do filme. Na vida real, Fields bebia muito mas aquela história de que ele odiava crianças, era pura lenda. Filmes: Curtas-metragens sonoros: The Golf Specialist / 1930; The Dentist / 1932; The Fatal Glass of Beer / 1933; The Pharmacist / 1933; The Barber Shop / 1933. Longas-metragens: Janice

Meredith / Janice Meredith / 1924; Sarinha do Circo / Sally of the Sawdust / 1925; Vontade Suprema / That Royle Girl / 1925; Risos e Tristezas / It’s the Old Army Game / 1926; Os Três Compadres ou Cacos de Vidro / So’s Your Old Man / 1926; Presente de Núpcias / The Potters / 1927; Leão sem Juba / Running Wild / 1927; Dois Rivais no Caiporismo / Two Flaming Youths / 1927; O Romance de Tillie / Tillie’s Punctured Romance / 1928; Dois Sabichões e um Canudo / Fools for Luck /1928; Her Majesty

Love / 1931; Ela Prefere os Atletas / Million Dollar Legs / 1932; Se Eu Tivesse Um Milhão / It I Had a Million / 1932; Torre de Babel / International House / 1933; Alice no País das Maravilhas / Alice in Wonderland / 1933; Seis Aventureiros / Six of a Kind / 1934; No Tempo do Onça / The Old FashionedWay / 1934; Um Sorriso Para Tudo / Mrs. Wiggs of the Cabbage Patch / 1934; Um Negócio da China / It’s a Gift / 1934; Mississipi / Mississipi / 1935; Man on the Flying Trapeze / 1935; David Copperfield / David Copperfield / 1935; A Filha do Saltimbanco / Poppy / 1936; Folia a Bordo / The Big Broadcast of

1938 / 1938; Quem Mal Anda Mal Acaba / You Can’t Cheat an Honest Man / 1939; Minha Dengosa / My Little Chickadee / 1940; O Turbulento / The Bank Dick / 1940; Trouxas em Desfile / Never Give a Sucker an Even Break / 1941; Seis Destinos / Tales of Manhattan / 1942; Epopéia de Alegria / Follow the Boys / 1944; Viva a Juventude / Song of the Open Road / 1944; Sensações de Paris / Sensations of 1945 / 1944. Obs. Rod Steiger encarnou W. C. Fields na cinebiografia, Frenesi de Glória / W.C. Fields and Me / 1976.

HARRY HOUDINI (Erik Weisz, 1874 – 1926) – Nascido em Budapest, Hungria, filho de um rabino, Erik (que depois mudou o nome para Ehrich Weiss) chegou aos Estados Unidos em 3 de julho de 1878 e fez sua primeira aparição em público como trapezista aos nove anos de idade, anunciando-se como “Ehrich, the Prince of the Air”. Adulto, ele começou sua carreira de mágico em 1891 (com o nome artístico de “Harry Houdini” porque foi muito influenciado pelo prestidigitador francês Jean Eugène Robert-Houdin), atuando em circos e parques de diversões. A certa altura, Houdini começou a se especializar em números de fuga. Em 1893, enquanto se apresentava com seu irmão “Dash” (Theodore) em Coney Island como “The Brothers Houdini”, ele conheceu Wilhelmina Beatrice (Bess) Rahner. Embora Bess tivesse sido inicialmente cortejada por “Dash”, ela e Houdini se casaram em 1894 e Bess substituiu, “Dash” no número, que passou a se chamar “The Houdinis”. A grande oportunidade para Houdini ocorreu em 1899,

quando ele conheceu o empresário Martin Beck, que o introduziu no circuito Orpheum de vaudeville. Em 1900, Beck levou Houdini para a Europa e ele ficou famoso como “The Handcuff King” (O Rei das Algemas). Em cada cidade, Houdini desafiava a polícia local a mantê-lo algemado em sua cadeia. De 1907 e durante os anos dez, Houdini obteve grande êxito nos Estados Unidos, livrando-se rapidamente das algemas, correntes ou camisas-de-força e realizando outros números mirabolantes, que eram realizados nas ruas, para suscitar a cobertura jornalística. Ele também convidava o público para inventar dispositivos que o mantivessem preso como, por exemplo, uma sacola dos correios ou um barril cheio de cerveja. Em 1912, Houdini introduziu talvez o seu número mais famoso, “The Chinese Water Torture Cell”, no qual era mergulhado  de cabeça para baixo algemado, em uma caixa de vidro cheia de água e, para conseguir escapar sem se afogar, tinha que prender a respiração por mais de três minutos. Outra

façanha incrível de Houdini ocorreu no Hippodrome Theater em Nova York, onde ele fez um elefante desaparecer do palco, debaixo do qual havia uma piscina. Em 1918, Houdini assinou contrato com o produtor B. A. Rolfe, para ser o ator principal de um seriado, O Homem de Aço / The Master Mystery, lançado em 1919 e depois transferiu-se para a Famous Players-Lasky Corporation/ Paramount Pictures, onde fez dois filmes, O Salto da Morte / The Grim Game / 1919 e A Ilha do Terror / Terror Island / 1920.

Posteriormente, fundou a sua própria companhia , “Houdini Picture Corporation” e produziu e estrelou O Imortal / The Man From Beyond / 1921 e Haldane of the Secret Service / 1923, este último dirigido por ele mesmo. Em 1953, Tony Curtis personificou Houdini na cinebiografia Houdini, O Homem Miraculoso / Houdini; mas houve também vários telefilmes e um documentário (Houdini / 1996) abordando a sua vida.

AL JOLSON (Asa Yoelson, 1886 – 1950) – Jolson nasceu em Seredzius, na Lituânia, então ocupada pelo Império Russo. Em 1891, seu pai, que era rabino e solista da sinagoga, emigrou para Nova York, a fim de garantir um futuro melhor para a sua família. Em 1894, ele trouxe a esposa e os cinco filhos para a América.  Em 1897, Asa e seu irmão Hirsch começaram a cantar nas ruas por uns trocados, usando os nomes “Al” e “Harry”. Na primavera de 1902, Al arrumou emprego como indicador de lugares no Walter L. Main’s Circus; porém Main ficou tão impressionado com a voz do rapaz, que lhe promoveu a cantor. Em maio de 1903, Al foi contratado pelo produtor do espetáculo burlesco, Dainty Duchess Burlesques. Infelizmente, o teatro encerrou suas atividades no final do ano e Al então formou uma parceria com o irmão Hirsch que, a esta altura, já era conhecido no meio do vaudeville como Harry Yoelson. Al e Harry eventualmente formaram um trio com Joe Palmer mas depois os três se separaram

Al, sozinho, decidiu atuar com o rosto pintado de preto até que chamou a atenção de Lew Dockstader, produtor dos Dockstader’s Minstrels e logo se tornou o artista principal do show. Em 1911, Jolson estreou na revista musical La Belle Paree apresentada no Winter Garden Theater em Nova York e conquistou imediatamente o público do teatro de Lee Shubert, interpretando as canções de Stephen Foster com o rosto pintado de preto. Após ter estrelado mais um musical, Vera Violetta, ele “arrebentou” num terceiro, The Whirl of Society, propulsionando sua carreira para novas alturas.

Durante as representações no Winter Garden, Jolson passou a dizer a frase “You ain’t heard nothing yet”(“Vocês ainda não ouviram nada”), antes de cantar uma canção adicional e, em The Whirl of Society criou o seu personagem blackface chamado “Gus”. Sua carreira seria impulsionada mais ainda, quando estrelou o musical Sinbad, de grande sucesso, com as famosas canções do seu futuro repertório, “Swanee” e “My Mammy”. Em sua homenagem, Lee Shubert batizou seu novo teatro perto do Central Park como Jolson’s Fifty-ninth Street Theatre. Em 1920, Jolson havia se tornado o maior astro da Broadway. Ele sabia manter uma platéia sob controle como ninguém. George Jean Nathan escreveu: “O poder de Jolson sobre o público eu nunca vi ser igualado”. Seu estilo de interpretação era impetuoso e extrovertido e ele popularizou um grande número de  canções, que se beneficiaram de sua  abordagem sentimental  e melodramática. Em 1927, a Warner Bros. decidiu transpor para a tela a peça popular da Broadway escrita por Samson Raphaelson, The Jazz Singer, utilizando o seu novo sistema Vitafone de som-em-disco. George Jessel havia interpretado o papel principal na peça e foi inicialmente contratado

para repetí-lo no cinema. Mas, por razões não esclarecidas, foi substituido por Al Jolson. Como a história do filme era supostamente baseada em parte na vida de Jolson, ele parecia ser a escolha lógica para o protagonista. O Cantor de Jazz abriu para Al Jolson uma nova carreira como astro do cinema. Ele também se tornou muito popular no rádio, primeiro com o programa Presenting Al Jolson em 1932 e depois com Kraft Music Hall em 1934 e posteriormente com Shell Chateau em 1935. À medida em que a carreira de sua terceira esposa, Ruby Keeler crescia, a fama de Jolson começava a diminuir. Entretanto, ele se recuperou artisticamente quando, em 1946, a Columbia produziu The Jolson Story com Larry Parks encarnando Jolson e fazendo a mímica para a voz do próprio Jolson nas canções. Em 1949, The Jolson Story teve uma continuação, Jolson Sings Again. Filmes: Plantation Act / 1926 (curta-metragem); O Cantor de Jazz / The Jazz Singer / 1927; A Última Canção / The Singing Fool / 1928; Diz Isso Cantando / Say It with Songs / 1929; Sonny Boy / Sonny Boy / 1929 (cameo); Minha Mãe / Mammy / 1930; Paixão de Todos / Showgirl in Hollywood / 1930 (cameo); Big Boy / 1930; O Venturoso Vagabundo /

Hallelujah! I’m a Bum / 1933; Wonder Bar / Wonder Bar / 1934; Cassino de Paris / Go Into Your Dance / 1935; Canta e Serás Feliz / The Singing Kid / 1936; O Meu Amado / Rose of Washington Square / 1939; Hollywood em Desfile / Hollywood Cavalcade / 1939; O Coração de um Trovador / Swanee River / 1939; Rapsódia Azul / Rhapsody in Blue / 1945 (breve cena com Jolson de blackface, apresentando Swanee); Sonhos Dourados / The Jolson Story / 1946 (emprestando a voz para Larry Parks e breve aparição); Trovador Inolvidável / Jolson Sings Again / 1949 (emprestando a voz para Larry Parks); Bonequinha Linda / Oh, You Beautiful Doll / 1949 (apenas a voz)

OS IRMÃOS MARX – Groucho (Julius, 1890 – 1977), Gummo (Milton, 1897 – 1977), Harpo (Arthur, 1888 – 1964 e Chico (Leonard, 1886 – 1961) –  Nascidos em New York City, eles eram filhos de imigrantes judeus da Alemanha e França. Sua mãe, Minnie Schönberg, era oriunda da Frísia e seu pai, Simon Marx (cujo nome depois foi mudado para Samuel Marx), era natural da Alsácia. Os irmãos pertenciam a  uma família de artistas e seu talento musical despontou desde a infância. Harpo aprendeu a tocar seis instrumentos diferentes, especializando-se como harpista. Chico era excelente pianista. Groucho, guitarrista e cantor e Zeppo (Herbert, 1901-1979), cantor. Eles foram introduzidos no vaudeville por intermédio de seu tio, Albert Schönberg, que atuava nos palcos como Al Shean, da dupla Gallagher e Shean. Groucho foi o primeiro dos irmãos Marx a ingressar no vaudeville em 1905, como membro do Leroy Trio. Em 1907, ele e Gummo estavam cantando juntos com Mabel O’Donnel  como “The Three Nightingales”. No ano seguinte, Harpo tornou-se o quarto Nightingale e, em 1910, o grupo foi expandido, com a entrada da mãe dos Mark, Minnie e da tia deles, Hannah. O grupo foi rebatizado de “The Six Mascots”.  Os quatro irmãos Marx reuniram-se em um esquete que o tio Al Shean escreveu para eles, intitulado “Fun in a Hi Skool”,no qual Groucho era um professor de sotaque alemão numa sala de aula que incluía os alunos Harpo, Gummo e Chico. Em um outro esquete, “Home Again”, Zeppo se uniu aos seus quatro irmãos, formando o quinteto no palco, provavelmente pela única vez. “Os Quatro Irmãos

Marx” começaram a desenvolver os seus personagens e o seu estilo inconfundível de comédia anárquica e do absurdo. Groucho criou a sua marca registrada, que era o bigode pintado de graxa, o charuto e o seu andar curvado. Harpo, perdeu a voz, começou a usar uma peruca vermelha encaracolada e a carregar uma buzina de automóvel. Chico passou a falar com um sotaque italiano enquanto Zeppo adotou o papel do “escada” romântico. Nos anos vinte, os Marx Brothers haviam se tornado um dos números teatrais favoritos da América. Os irmãos conquistaram a Broadway, primeiro com uma revista musical, I’ll Say She Is (1924-1925) e depois, com duas comédias musicais, The Cocoanuts (1925-1926) e Animal Crackers (1928-1929).Quando veio o cinema falado, eles assinaram contrato com a Paramount e deram início à sua carreira cinematográfica. Seus dois primeiros filmes exibidos (eles haviam feito anteriormente um curta-metragem silencioso chamado Humor Risk, que não foi lançado) eram adaptações dos seus shows da Broadway: Hotel da Fuzarca / The Cocoanuts / 1929 e  Os Galhofeiros /

Animal Crackers / 1930, ambos escritos por George S. Kaufman e Morrie Ryskind. Subsequentemente, eles participaram de um short que foi incluído no documentário em comemoração do vigésimo aniversário da Paramount, The House That Shadows Built / 1931, no qual eles adaptaram uma cena de I’ll Say She Is. Seu próximo filme de longa-metragem, Batutas Burlescos / Monkey Business / 1931, foi o primeiro não baseado numa produção teatral e o único filme no qual a voz de Harpo é ouvida (ele canta dentro de um barril na cena de abertura). Os Gênios da Pelota  / Horse Feathers / 1932, que  satirizou o sistema educacional americano e a Lei Sêca, foi o seu filme mais popular  até então e ganhou a capa do Time. Nessa época, Chico e Groucho estrelaram uma série de comédia radiofônica, Flywheel, Shyster and Flyheel, cujos scripts e gravações foram dados como perdidos durante décadas e recentemente encontrados nos anos oitenta na Biblioteca do Congresso. O último filme dos Marx na Paramount,  O

Diabo à Quatro / Duck Soup / 1933 foi dirigido pelo diretor de maior prestígio com o qual trabalharam: Leo McCarey. A esta altura, Zeppo deixou o quarteto e fundou, com seu irmão Gummo, uma das maiores agências de talento em Hollywood. Groucho e Chico apresentaram-se no rádio e estavam pensando em voltar à Broadway quando, num  jogo de bridge, Chico e Irving Thalberg celebraram o contrato da ida dos Marx Brothers (que agora eram três) para a MGM. Thalberg insistiu para que os  scripts fossem melhor estruturados do que os da Paramount, entremeando a comicidade do trio com tramas românticas e números musicais não cômicos e que as injúrias se limitassem aos vilões bem evidentes. O primeiro

filme no novo estúdio foi Uma Noite na Ópera / A Night at the Opera / 1935, uma sátira ao mundo da ópera na qual os irmãos ajudavam dois jovens apaixonados transformando a produção de “Il Trovatore” num caos. O filme, que apresentava a sequência antológica do camarote abarrotado de gente, foi um grande sucesso, seguido por outro êxito ainda maior, Um Dia nas Corridas / A Day at the Races / 1937,

onde os irmãos causam a maior desordem numa casa de saúde e numa corrida de cavalos. Após a morte súbita de Thalberg, os Marx fizeram uma curta experiência na RKO (Por Conta do Bonifácio / Room Service / 1938), depois retornaram à MGM (Os Irmãos Marx no Circo / At the Circus / 1939, No Tempo do Onça / Go West / 1940, Casa Maluca / The Big Store / 1941) e, logo após, anunciaram o fim de sua atividade na tela. Porém Chico estava em dificuldades financeiras e, para saldar suas dívidas de jogo, os Marx fizeram mais dois filmes juntos: Uma Noite em Casablanca / A Night at Casablanca / 1946 e  Loucos de Amor / Love Happy / 1949, ambos distribuídos pela United Artists. A partir de 1940, Chico e Harpo apareceram separadamente e juntos em boates e cassinos; Chico ainda organizou uma banda, The Chico Marx Orchestra. Groucho iniciou sua carreira sozinho com You Bet Your Life, que foi ao ar de 1946 a 1962 no rádio e na televisão. Finalmente, Groucho, Chico e Harpo trabalharam no filme A História da Humanidade / A Story of Mankind / 1957.

HELEN MORGAN (Helen Riggin, 1900 – 1941) – Ninguém foi capaz de cantar as canções que a fizeram famosa (“Bill”, “Can’t Help Lovin’Dat Man”, “Why Was I Born?”, “What Wouldn’t I Do for That Man”, “Don’t Ever Leave Me”, “Body and Soul”) com o mesmo sentimento e a mesma emoção. Depois de trabalhar como modelo de roupa íntima feminina, balconista e empacotadora, Helen ganhou um concurso de beleza e foi contratada por Florenz Ziegfeld, para compor o coro de Sally, que estreou em 21 de dezembro de 1920. Ela atuou em várias boates durante os anos da Lei Sêca e, apesar do National Prohibition Act de 1919, se tornou alcoólatra.  Helen cantava sempre apoiada em cima do piano, porque estava geralmente bêbada para ficar de pé. Em 1927, ela fez grande sucesso como Jules LaVerne no elenco original de Show Boat, cantando “Bill” e “Can’t Help Lovin’ Dat Man”. Helen trabalhou em duas versões cinematográficas deste musical. Na versão de 1929, parcialmente falada, aparecia somente na canção prólogo e Alma Rubens fazia o papel de Julie. Na versão de 1936, Helen interpretava realmente Julie

Depois de participar da versão de 1929 de Show Boat, ela estrelou o musical da Broadway,  Sweet Adeline, no qual introduziu as canções “Why Was I Born” e “Don’t Ever Leave Me”. Porém quando Sweet Adeline foi filmado em 1934, o papel de Helen caiu nas mãos de Irene Dunne, que possuía uma bela voz de soprano mas não era uma cantora de fossa. No cinema, Helen teve seu melhor desempenho em

Aplausos / Applause / 1929, dirigido por  Rouben Mamoulian,  como a  rainha do burlesco bêbada, Kitty Darling. Nos anos trinta, ela continuou se apresentando em boates, vaudeville e comédias musicais mas os críticos  se queixavam de que todas as suas canções eram as mesmas, que ela estava sempre repetindo a sua “melancolia crônica”. Em 8 de outubro de  1941 Helen faleceu no palco durante uma performance de George White’s Scandals  of 1942, vitimada pela cirrose. Ela foi retratada por Polly Bergen num drama do Playhouse 90, The Helen Morgan Story, dirigido por George Roy Hill (Bergen recebeu um Emmy Award  por sua interpretação). No mesmo ano, foi produzido o filme Com Lágrimas na Voz / The Helen Morgan Story, estrelado por Ann Blyth (dublada por Gogi Grant). Filmes: Tudo por um Automóvel / Six Cilinder Love / 1923; A Gatuna de Corações / The Heart Raider / 1923; Boêmios / Show Boat / 1929; Aplausos / Applause / 1929; Glorificação da Beleza / Glorifying the American Girl / 1930; Repórter Audacioso / Roadhouse Nights / 1930; The Gigolo Racket (curta) / 1931; Manhattan Lullaby (curta) / 1933; The Doctor (curta) / 1934; Agora És Meu / You Belong to Me / 1934; Marie Galante / Marie Galante / 1935; Melodias Radiantes / Sweet Music / 1935; Cassino de Paris / Go Into Your Dance / 1935; Frankie and Johnny / 1936; Magnolia / Show Boat / 1936.

WILL ROGERS (William Penn Adair “Will” Rogers, 1879 – 1935) – foi artista do vaudeville, jornalista, humorista, comentarista social e astro do rádio e do cinema. Nascido no Oklahoma, filho de um casal de índios Cherokee, ele entrou para o mundo do espetáculo trabalhando em Wild West Shows. Em seguida passou para o vaudeville, atingindo a fama como um cowboy muito habilidoso com o laço. No outono de 1915, Rogers apareceu na revista musical  “Midnight Frolics” encenada na boate do New Amsterdam Theatre de Florenz Ziegfeld. O número de Rogers agora incluía monólogos sobre as notícias do dia. Ele aparecia no palco vestido de cowboy, rodopiando indiferentemente o seu laço e dizendo: “Bem, sobre o quê eu vou falar? Não tenho nada engraçado para dizer. Tudo o que sei é o que lí nos jornais”. E então começava a fazer piadas sobre o que  tinha lido nos jornais daquele dia. Rogers tinha uma capacidade incrível de improvisar comentários espirituosos sobre os acontecimentos diários com uma maneira anasalada de falar (típica dos seus conterrâneos), que fascinava os espectadores.

Em 1916, ele foi contratado para atuar em um lugar mais famoso, o Ziegfeld Follies. Hollywood descobriu Rogers em 1918, quando Samuel Goldwyn colocou-o no papel título em Laughing Bill Hyde. A assinatura de um contrato de três anos com Goldwyn, ganhando o triplo do seu salário na Broadway, levou Rogers para a Costa Oeste. Entretanto, suas aparições em filmes mudos eram prejudicadas pelas óbvias restrições do silêncio –  tinha que se expressar somente pelos intertítulos, que ele mesmo escrevia. Seu primeiro filme sonoro, They Had to See Paris / 1929, finalmente lhe deu a oportunidade de exercitar a sua comicidade verbal e ele se tornou um grande astro do cinema. Rogers apareceu em 21 filmes sonoros de longa-metragem, tendo sido dirigido três vezes por John Ford (Dr. Bull / 1934; Judge Priest / 1934; Steamboat Round the Bend / 1935). Filmes mudos (excluídos os 12 travelogues feitos pela Pathé Exchange durante a excursão do ator pela Europa em 1927): Decreto de um Ladrão / Laughing Bill Hyd

/ 1918; Quase um Marido / Almost a Husband / 1919; Vagabundo Regenerado / Jubilo / 1919; Água Por Toda a Parte / Water, Water Everywhere / 1919; O Crime à Meia-Noite / The Strange Boarder / 1920; Testemunha Fantasma / Jes’ Cal Me Jim / 1920; Cupid the Cowpuncher / 1920; Tesouro Desenterrado / Honest Hutch / 1920; Guile of Women / 1920; Boys Will Be Boys / 1921; An Unwilling Hero / 1920; Um Romeu a Força / Doubling for Romeo / 1921; O Poder da Família / A Poor Relation / 1921; One Glorious Day / 1922; The Headless Horseman / 1922; Fruits of Faith / 1922;  Hollywood / Hollywood / 1923 (cameo); Hustling Hank / 1923; Two Wagons Both Covered / 1923; Jus’ Passing Through / 1923; Uncensored Movies / 1923; The Cowboy Sheik / 1924; The Cake Eater / 1924; / 1924; Big Moments From Little Pictures / 1924; High Brow Stuff / 1924; Going to Congress / 1924; Don’t Park There / 1924; Jubilo, Jr. (Our Gang Series); Our Congressman / 1924; A Truthful Liar / 1924; Gee Whiz Genevieve / 1924; Tip Toes (produção britânica) / 1927; A Texas Steer / 1927. Filmes sonoros: Eles Tinham Que ver Paris /

They Had To See Paris / 1929; Dias Felizes / Happy Days / 1929; So This is London / 1930, Dois Araras na Cidade / Lightnin’ / 1930; Mocidade Ainda Que Tardia / As Young As You Fell / 1930; O Embaixador Bill / Ambassador Bill / 1930; Um Ianque na Corte do Rei Arthur / A Connecticut Yankee in King Arthur’s Court / 1931; Volta para a Realidade / Down to Earth / 1932; Too Busy To Work

1932; Business and Pleasure / 1932; Feira de Amostras / State Fair / 1933; Doutor Bull / Doctor Bull / 1933; Pai de Família / Mr. Skitch / 1933; Apostando no Amor / David Harum / 1934; Receita para a Felicidade / Handy Andy / 1934;  O Juiz Priest (na TV) / Judge Priest / 1934; The County Chairman / 1935; A Vida Começa aos 40 / Life Begins at Forty / 1935; Doubting Thomas / 1935; Nas Águas do Rio

(TV) / Steamboat Round the Band / 1935; Dois Campeões / In Old Kentucky / 1935. Will Rogers Jr. personificou o pai na cinebiografia A História de Will Rogers / The Will Rogers Story, realizada em 1952. Rogers faleceu aos 55 anos de idade, vítima de um desastre aéreo com seu avião particular ocorrido no Alaska.

MAE WEST (Mary Jane West, 1893 -1980) – Era filha de um pugilista, que depois abriu uma agência de detetives e de uma modelo. Em 1907, Mae começou a atuar profissionalmente, aos quatorze anos de idade, com o nome de Baby Mae. Sua primeira aparição num espetáculo da Broadway deu-se em 1911, na revista A La Broadway mas o show saiu de cartaz após oito apresentações. Em 1918, ela estava em Vera Violetta, cujo elenco era encabeçado por Al Jolson e Gaby Deslys. Neste mesmo ano, Mae teve a sua grande oportunidade na revista dos irmãos Shubert, Sometime: sua personagem, Mayme, dançava o shimmy.

Seu primeiro papel principal na Broadway foi em 1926 numa peça intitulada Sex, escrita, produzida e dirigida por ela (usando o pseudônimo de Jane Mast). A produção teve uma bilheteria razoável porém houve uma batida no teatro e Mae foi presa juntamente com o resto do cast. Ela foi indiciada criminalmente e condenada a dez dias de prisão por “corromper a moral e a juventude”. O caso chamou a atenção da mídia e impulsionou sua carreira. Sua próxima peça, The Drag (1927) abordava o homossexualismo e era o que ela chamava de um de seus “comedy-dramas of life”. Após uma série de testes em Connecticut e New Jersey, Mae anunciou que estrearia a peça em Nova York. Entretanto, The Drag nunca chegou à Broadway por causa das ameaças de Sociedade de Prevenção contra o Vício de interditá-la se a sua autora ousasse encená-la.

Mae continuou a escrever peças inclusive The Wicked Age, Pleasure Man e The Constant Sinner. Suas produções sempre causaram controvérsia e era justamente este fato que  lhe garantia a permanência no noticiário e os teatros lotados. Sua peça, escrita em 1928, Diamond Lil, sobre uma dama desembaraçada e espirituosa dos anos 1890, tornou-se um êxito na Broadway. Em 1932, aos 38 anos de idade, Mae assinou contrato com a Paramount Pictures e fez sua estréia no cinema num pequeno papel ao lado de George Raft em Night After Night. Na sua primeira cena, uma chapeleira da boate exclama: “Goodness, what beautiful Diamonds!”. West replicava: ”Goodness had nothing to do with it, dearie”. Raft declarou: “Ela roubou tudo menos as câmeras”. Mae trouxe sua personagem Diamond Lil, agora rebatizada de Lady Lou, para a tela em She Done Him

Wrong / 1933, revelando o novato Cary Grant. O filme foi um sucesso de bilheteria e ganhou uma indicação para o Oscar. Seu próximo filme, I’m No Angel / 1933, novamente com Cary Grant como seu parceiro, foi um sucesso de bilheteria ainda maior. Em 1933, Mae West era a pessoa mais bem paga nos Estados Unidos (depois de William Randolph Hearst), dizem que salvando a Paramount da falência.

Quando o Código de Produção foi seriamente imposto em 1 de julho de 1944, os roteiros de Mae passaram a ser severamente fiscalizados. Conhecida pelos seus duplos sentidos despudorados, ela causou problemas para a NBC, quando participou de um esquete (escrito por Arch Oboler) ao lado de Don Ameche como Adão e Eva no Jardim do Paraíso. Ela disse para Ameche no show “To get me a big one … I feel like doin’a big apple!”. Dias depois da transmissão, a NBC recebeu cartas dos ouvintes chamando o programa de “imoral” e “obceno”. Clubes femininos e grupos católicos repreenderam o patrocinador, por ter permitido que a “impureza invadisse o ar”. A Federal Communications Commission (FCC) julgou  a transmissão  “vulgar “e “indecente”. A NBC culpou Mae pessoalmente pelo incidente e a baniu (bem como a menção do seu nome) de suas estações. Após seu último filme dos anos quarenta, The Heat’s On, Mae continuou ativa. Entre as suas representações no palco destacou-se o papel principal de Catherine was Great (1944) na Broadway, no qual ela parodiava  a história de Catarina da Rússia

cercando-se de uma “guarda imperial” de rapazes musculosos. Quando estava escolhendo o elenco de Crepúsculo dos Deuses / Sunset Boulevard / 1950, Billy Wilder ofereceu a Mae (então com 60 anos) o papel de Norma Desmond (felizmente mudou de idéia). Em 1959, ela publicou sua autobiografia, “Goodness Had Nothing to Do with It”. Após uma ausência de 26 anos, Mae reapareceu nas telas em Myra Breckinridge / 1970 e  Sextette / 1978, dois fracassos comerciais. Filmes: Valentino ou Noite Após Noite / Night After Night / 1932; Uma Loura Para Três / She Done Him Wrong / 1933; Santa,

Não Sou / I’m No Angel / 1933; Uma Dama do Outro Mundo / Belle of the Nineties / 1934;  Senhora da Alta Roda / Goin’ to Town / 1935; Sereia do Alaska / Klondike Annie / 1936;  Amores de uma Diva / Go West, Young Man / 1936;  A Vida é uma Festa / Everyday’s a Holiday / 1937; Minha Dengosa / My Little Chickadee / 1940; Sedução Tropical / The Heat’s On / 1943; Homem e Mulher Até Certo Ponto / Myra Breckinridge / 1970; Sextette / 1978.

AC

View Comments

  • Prezado A. C.,

    sempre que posso acompanho o seu excelente blog. Tenho uma curiosidade que se você pudesse me responder eu agradeceria. Quando vemos um filme da época do cinema mudo ele parece mais acelerado do que as películas atuais. Isso de dá por conta da projeção, não? Mas eu lhe pergunto o seguinte: antigamente, quando uma pessoa lá naquela época o filme ele parecia mais rápido ou não? Porque alguns DVDs de filmes antigos mostram o filme numa velocidade que podemos ver nos filmes atuais. Dessa forma, teria que ver o filme em FF? hehehe! Fico com essa dúvida. Um abraço! José Glaucio

    • No cinema mudo, a partir de 1906 (anteriormente alguns filmes da Edison e da Biograph foram filmados em velocidade mais lenta, 10-12 fotogramas por segundo), de uma maneira geral, os fllmes eram filmados na velocidade de 16 fotogramas por segundo. Entretanto, muitos filmes de Griffith feitos em 1913 foram filmados em 14 fotogramas por segundo ou mesmo numa velocidade um pouco menor. O resultado disso é que, se os projecionistas passassem o filme filmado em 14 fotogramas por segundo em uma velocidade de 16 fotogramas por segundo, os atores se movimentariam mais rápido do que era natural. Parece que Griffith filmava em 14 fotogramas por segundo para fazer com que um filme mais longo coubesse em um único rolo, que era o que a Biograph lhe permitia fazer. Porém as variações na velocidade mais grosseiras foram feitas pelos cameramen e não pelos projecionistas . Os cameramen faziam o undercranking (filmar mais lento do que o normal para produzir um efeito de ação acelerada) por exemplo quando filmavam cenas de perseguições e de pastelão. Do mesmo modo, se você projetar um filme mudo mudo na velocidade de 24 fotogramas por segundo dos filmes sonoros, ocorre o mesmo efeito de aceleração. Mas, normalmente, na época do cinema mudo, o público via o filme filmado em 16 fotogramas por segundo projetado na mesma velocidade, ou seja, sem ação acelerada.

  • É uma honra sem tamanho ter um mestre como o professor Antonio Carlos, um dos maiores especialistas em História do Cinema que temos neste país. Excelente artigo. De certo me ajudará nesta arriscada carreira que escolhi. Viva a sétima arte, viva todos os grandes artistas que fazem deste mundo um lugar mais poético para se viver.

    Abraço do Aluno

    Márcio Brito Neto (PUC-Rio)

    • Obrigado, Márcio mas sou apenas um apaixonado pelo Cinema Antigo sobre o qual venho pesquisando há muitos anos.

  • Parabéns pelo site, matérias excelentes e de muito proveito pra quem ama o cinema. Gostaria de saber qual referência ou algum livro que você utiliza pra saber qual o título correto de cada filme lançado no Brasil. Muitas vezes o Imdb não fornece essas informações. Obrigado
    Geziel

    • Olá, Geziel. Para os filmes de longa-metragem, recorro à única fonte fidedigna: os anúncios dos filmes nos jornais da época. Não acredite piamente em outras fontes, pois todas contêm erros.

Recent Posts

Saint-Exupery

A obra de Saint-Exupéry, breve e radiante, é toda inteiramente extraída de uma experiência vivida.…

3 dias ago

O OUTRO LADO DA SEGUNDA GUERRA VISTO PELO CINEMA NORTE-AMERICANO

Desde a infância sou fascinado pela Segunda Guerra Mundial e pelo Cinema, porém só recentemente…

1 semana ago

YVES ALLEGRET

Ele realizou, com a cumplicidade do roteirista Jacques Sigurd, quatro filmes que foram os mais…

2 semanas ago

HARRY HOUDINI

Ele construiu uma carreira em torno de fugas sensacionais encenadas. Depois de trabalhar por vários…

2 semanas ago

MARCO POLO NO CINEMA E NA TV

Marco Polo (1254-1314) partiu de Veneza em 1271 na companhia do pai e de um…

3 semanas ago

CHARLES BRABIN

Charles J. Brabin (1883-1957) nascido em Liverpool, Inglaterra chegou aos Estados Unidos ainda muito jovem…

4 semanas ago