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MESQUITINHA NO CINEMA

Ele foi um dos atores cômicos mais populares do nosso teatro e do nosso cinema, incomparável  em suas criações de tipos populares, principalmente encarnando o sofredor “barnabé” suburbano.

Seu nome verdadeiro era Olimpio Bastos e nasceu em Lisboa, Portugal no dia 19 de abril de 1902, tendo vindo ainda criança para o Brasil. Mesquitinha tinha a idade de oito anos quando ingressou no teatro, em São Paulo, na Companhia de Sebastião Arruda, fazendo o papel de “Pirralho” na revista “A Grande Fita”. Ele permaneceu nesta companhia durante algum tempo e depois fez excursões pelo interior do país em companhia do seu padrinho, o ator Mesquita (por isso, desde criança era conhecido como o pequeno Mesquita, o Mesquitinha).

Com a idade de dezoito anos, foi para o Rio de Janeiro, com a companhia do Teatro Boa Vista paulistano, aparecendo, em 13 de novembro de 1920, no Teatro Lírico, ao lado de Margarida Max, na revista Pé de Anjo de Cardoso de Menezes e Carlos Bittencourt (cf. Lafayette Silva na sua História do Teatro Brasileiro, Ministério da Educação, 1938). Foi na companhia de Antonio de Souza, no Teatro República, que Olimpio atingiu o estrelato (na revista Eu passo). Depois passou sucessivamente para o Teatro Recreio e para o Teatro Carlos Gomes, nos quais trabalhou ao lado da grande Margarida.

Fazendo o retrospecto das atividades teatrais em 1926, Mario Nunes, no seu insuperável livro, “40 Anos de Teatro”, escreveu este parágrafo: “Mesquitinha é o nome que lhe dão na intimidade teatral mas é, na verdade o ator Olimpio Bastos, hoje figura cômica de maior agrado da Companhia Margarida Max. Possuindo graça espontânea, compondo bem os tipos caricatos, Olimpio Bastos já conseguiu esta coisa definitiva em teatro de revista: a atmosfera de simpatia, o interesse vivo do público, que ri apenas o vê surgir dentre os bastidores”.

Daí para adiante Mesquitinha destacou-se sempre nas inúmeras revistas, operetas ou comédias das quais participou como, por exemplo, Gigolette, Comidas meu Santo!, Me Leva meu Bem, O Mello das Crianças, Amendoim Torrado, Dentro do Brinquedo, Amor sem Dinheiro, Pão de Açucar, Braço de Cera, Sol Nascente, Viva a Paz!, É da Pontinha!, Para Todos…, É da Fuzarca, Paulista de Macaé, Flôr de Sevilha, Cadê as Notas?, Cachorro Quente, As Manhãs do Galeão, Palácio das Águias, Miss Brasil, Pau-Brasil, Brasil do Amor, Malandragem, É do Balacobaco, Manda Quem Pode, Laranja da China, Banco do Brasil, Pátria Amada, Brasil da Gente, Dá Nela, Dá no Couro, Itararé, O Biriba, Ri…de…Palhaço, Pacificação (Mesquitinha de novo com Margarida Max), Não Adianta Você Chorar, Rio-Follies, Brasil da Gente, Linda Morena, Malandragem, Os Saltimbancos, Marquesa de Santos (no papel do Chalaça, que valeu uma verdadeira consagração artística), O Homem do Fraque Preto (no papel de Olimpio, um funcionário público que passou toda a vida na miséria e que, mercê de uma herança, tornou-se um milionário, o tipo do pobre serventuário que o ator mais interpretaria na sua carreira), Garçom de Casamento, Trampolim do Diabo, Alerta, Brasil!, Alvorada do Brasil,  Eu Quero é Movimento, Já Vi Tudo!, Balança mas Não Cai, A Imprensa é Livre, As Urnas Vão Rolar, Eu Quero é me Badalar, Folia no Catete, etc.


Na sua trajetória no teatro de revista os melhores parceiros de Mesquitinha foram os cômicos Augusto Anibal e o argentino Palitos. Foram muito lembrados os tipos magníficos de Camundongo (Mesquitinha) e Ratazana (A. Anibal) em É da Pontinha! e os de Maxambomba (Mesquitinha) e Molambo (Palitos) em É do outro mundo, revistas que tinham à frente do elenco, respectivamente, as maiores estrelas do gênero, Margarida Max e Araci Cortes.

No cinema nacional, Mesquitinha participou de 19 filmes entre 1923 e 1952, exercendo a função de diretor em  João Ninguém / 1936, O Bobo do Rei / 1936,  Está Tudo Aí? / 1938 e Onde Estás Felicidade / 1939.

Por ocasião do falecimento do ator, vitimado por um enfarte do miocárdio em 11 de junho de 1956, após ter escapado milagrosamente de um desastre automobilístico na estrada Rio-Bahia no ano anterior, o cronista Jota Efegê redigiu este obituário: “O efeito humorístico, a graça, resultava fácil e espontaneamente de sua exuberante “vis cômica” sem o recurso ao estapafúrdio, as excentrismo bufo. Suas “ficelles” (obs. manhas do ofício) e a expressividade do relato, a mímica inteligente é que produzia comicidade. Uma das notícias biográficas que a morte de Olimpio Bastos suscitou disse que este ator observava a “escola chapliniana”. Assim como Chaplin estandardiza o “pobre diabo”, fazendo rir com a sua desgraça, a sua miséria, Mesquitinha, na sua constância de funcionário público de vida difícil, seguiu-lhe as pegadas. Aparecia no palco de roupa surrada, olhar vago, humilde e contava as suas desditas, relatava numa queixa terna, compungente, em prosa ou em verso, as suas aperturas, a “ginástica” financeira em que se empenhava para atender os encargos da prole. E o público, ao invés de compadecer, ria a bom rir, tal como acontece quando na tela Carlitos é enxovalhado nas ruas das grandes cidades …”.

OS FILMES

1923

CARNAVAL CANTADO (ou VIVA O CARNAVAL ou CARNAVAL CANTADO DE 1923)

Cia. Prod: Patria Filmes. Prod / Dir / Foto: Carlos Comelli El: Sarah Nobre, Ida Riche, Albertina Rodrigues, Craide Nogueira, Elza Gomes, Alice Egito, Adelaide Teixeira, José Almeida, Carlos Haillot, Arthur Castro, Luis Fortini, Edmundo Silva, Olimpio Bastos.

O Carnaval de 1923 em Porto Alegre com elementos ficcionais humorísticos. Os atores do filme faziam parte do elenco da Companhia Nacional de Revistas e Operetas do Rio de Janeiro.

1933

ALÔ, ALÔ, BRASIL!

Cia. Prod: Waldow / Cinédia. Prod / Ass. Dir: Adhemar Gonzaga. Dir: Wallace Downey, João de Barro e Alberto Ribeiro. Foto: Antonio Medeiros, Luiz de Barros, A. P. Castro, Edgar Brasil, Ramon Garcia, Fausto Muniz. Som: Charles Whalley.  Canções: Cidade maravilhosa de André Filho; Ladrãozinho de Custódio Mesquita com Aurora Miranda; Foi ela de Ary Barroso com Francisco Alves; Rasguei minha fantasia de Lamartine Babo com Mario Reis; Menina internacional de João de Barro e Alberto Ribeiro com Dircinha Batista, Arnaldo Pescuma e o conjunto dos Quatro Diabos; Primavera no Rio de João de Barro com Carmen Miranda, acompanhada ao piano por Muraro; Deixa a lua sossegada de João de Barro e Alberto Ribeiro com Almirante e o Bando da Lua; Garota colossal de Nássara e Ary Barroso com Ary Barroso; Fiquei sabendo de Custódio Mesquita com Elisa Coelho de Almeida e Salada portuguesa de Paulo Barbosa e Vicente Paiva com Manuel Monteiro; Muita gente tem falado de você de Mario Paulo e Arnaldo Pescuma. El: Mesquitinha, Barbosa Junior, Manuelino Teixeira, Afonso Stuart,  Cesar Ladeira, Cordélia Ferreira, Jorge Murad, Orquestra de Simão Boutman (com Ivan Lopes, Mineiro, Cavalo Marinho, Domingos Pececi). Figurantes: Adhemar Gonzaga e Nina Marina.

Comentário na Revista do Exibidor, fev. 1935: “Tratando-se de filme que representa o esforço de uma vontade que deseja fazer cinema, onde os elementos para isso são escassos, devemos aplaudir a iniciativa que é uma demonstração eloquente de que podemos  filmar assuntos nossos e isto desde que tenhamos os elementos necessários…” (apud 50 Anos de Cinédia de Alice Gonzaga, ed. Record, 1987).

NOITES CARIOCAS

Cia. Prod: Uiara Film Prod: Caio Brant. Dir: Henrique Cadicamo. Arg: F. Gianetti

Diál: Jardel Jercolis, Luis Iglésias. Diál. em espanhol: Henrique Cadicamo. Foto: Adam Jacko. Mont / Cenog: Raul de Castro. Ass. Prod: Luis Sapei. Som: Genaro Ciavarra Canções: Mais moches de champagne, (motivo condutor do filme,) de Juan Carlos Cobian com Carlos Vivan; Jardineiro do amor de Custódio Mesquita e Zeca Ivo com Lourdinha Bittencourt; Luar do sertão com os Singing Babies; Conheço um lugar onde se sonha, Hospedaria internacional e Tabuleiro, todas de Custódio Mesquita. Cenas de revista no Teatro João Caetano com as Singing Babies e Franklin Girls. El: Carlos Vivan, Maria Luisa Palomero, Lódia Silva, Carlos Perelli, Mesquitinha, Olavo de Barros, Oscarito, Manoel Vieira, Ana Maria, Carlos Machado, Mendonça Balsemão, Eduardo Arouca, Conceição Machado, De Carambola, Silva Filho, Chaves Florence, Abel Dourado, Lita Prado, Albertina Saikovsa, Henriqueta Romanita, Walter D’Avila, Grande Otelo e girls da Companhia Jardel Jercolis. Figurantes na platéia do João Caetano: Pery Ribas e Montenegro Bentes.

O filme foi produzido com a colaboração de elementos técnicos e artísticos argentinos. Carlos Vivan era muito conhecido no Rio de Janeiro, tendo atuado no Cassino da Urca. Maria Luisa Palomero e Carlos Perelli trabalhavam no cinema argentino. O filme tinha diálogos em português e espanhol com letreiros superpostos explicativos em português. Foi o primeiro filme brasileiro a incluir cenas de revistas com a participação da Companhia Jardel Jercolis (apud 50 Anos de Cinédia).

OS ESTUDANTES

Cia. Prod: Waldow / Cinédia. Prod: Adhemar Gonzaga. Dir: Wallace Downey. Arg: Alberto Ribeiro e João de Barro. Foto: Antonio Medeiros e Edgar Brasil. Orquestras: Simão Boutman e Conjunto Regional de Benedito Lacerda. Canções: Sonho de papel de Alberto Ribeiro; E bateu-se a chapa de Assis Valente com Carmen Miranda; Linda Mimi de João de Barro com Mario Reis; Linda Ninon de João de Barro e Cantídio Melo; Onde está o seu carneirinho de Custório Mesquita com Aurora Miranda; Ele ou eu de Alberto Ribeiro com Silvinha Melo, acompanhada pelos irmãos Tapajós; Lalá de Alberto Ribeiro e João de Barro com o Bando da Lua; Assim como o Rio de Almirante com o próprio. Som: Moacyr Fenelon. El: Barbosa Junior, Mesquitinha, Carmen Miranda, Silva Filho, Mario Reis, Jorge Murad, Aurora Miranda, Silvinha Melo, Irmãos Tapajós, Almirante, Hervê Cordovil, Jaime Ferreira, Dulce Weytongh, Nina Marina, Carmen Silva, Bando da Lua e Orquestra 5.

Comédia musical cujo primeiro título foi Folia de Estudantes. Carmen Miranda, no papel de uma cantora de rádio, é cortejada por três estudantes, colegas da mesma universidade que ela cursa, interpretados por Mario Reis, Mesquitinha e Barbosa Jr. Após muitas brigas e confusões entre os rivais, o galã Mario Reis conquista o amor da mocinha e acabam todos numa gloriosa festa de formatura. Como pano de fundo, as festas juninas com boa música popular brasileira.

1936

JOÃO NINGUÉM

Cia. Prod: Sonofilmes / Waldow. Prod: Albert Byington. Prod. Ass: Wallace Downey. Dir: Mesquitinha. Arg: João de Barro e Alberto Ribeiro. Rot / Mont / Cenog: Ruy Costa. Foto: Antonio Medeiros. Som: Moacyr Fenelon. Canções: Sonhos azuis e Cartinha cor-de-rosa de Noel Rosa. El: Mesquitinha, Grande Otelo, Déa Selva, Barbosa Junior, Darcy Cazarré, Paulo Gracindo, Rafael de Almeida, Plácido Ferreira, Antonia Marzullo, Dircinha Batista, Vicente Chagas, Rosita Rocha, Ary Barroso, Cesar Ladeira, Vicente Marchetti, Samuel Rosalves, Carlos Medina, Otelo Costa, Jaime Ferreira, Abel Pera, Arnaldo Coutinho, Mendonça Balsemão, Maria Vidal, Soledade Moreira, Hilda Joaniks, José Pereira, Oliveira Junior, Manoel Teffé, Pintacuda.

Comédia dramática não-carnavalesca contando a história de um compositor popular ingênuo (Mesquitinha), que tem sua música roubada por um amigo. O samba faz grande sucesso ao mesmo tempo em que o vilão rouba-lhe também a namorada. O compositor morre tragicamente. Para causar impacto, criou-se pela primeira vez no Brasil uma sequência de sonho em cores.

Alex Viany escreveu: “Dirigida e interpretada por Mesquitinha e demonstrando inegável influência chapliniana, João Ninguém, além de apresentar uma sequência colorida, tentava conscientemente captar um tipo carioca, o compositor popular irreconheciddo, e outros aspectos da vida no Rio de Janeiro”.

O BOBO DO REI

Cia. Prod: Sonofilmes. Prod: Alberto Byington. Prod. Ass: Wallace Downey. Dir: Mesquitinha, Moacyr Fenelon, Luiz de Barros. Rot: Joracy Camargo bas. sua peça. Foto: Manoel Ribeiro. Op. Câmera: Adam Jacko, Antonio Medeiros. Som: Moacyr Fenelon. Mús: Ary Barroso, Lamartine Babo, Canções: Amar até morrer, Maria, Confissão de Amor, Rancho Fundo, Mentira de Amor, No Tabuleiro da Baiana. Intérprete: Dircinha Batista. El: Mesquitinha, Déa Selva, Augusto Henriques, Conchita de Moraes, Manoel Pera, Wanda Marchetti, Nilza Magrassi, Batista Junior, Roque da Cunha, Elvira Pagã, Rosina Pagã, Emilia Pera, Brandão Filho, José Policena, Older Cazarré, Vicente Marchetti.

Um rico usineiro (Manoel Pera), viúvo, vive na companhia de seu único filho e sofre de melancolia. Procura então entretenimento na figura de um cretino qualquer que se queira prestar a isso. Entre os candidatos que seu secretario apresenta para preencher o lugar, um tal de “Pinguim” (Mesquitinha) agrada plenamente o milionário. Como “bobo” do rei do açúcar,  ele  engendra grandes transformações no lar do milionário excêntrico. Salvyano Cavalcanti de Paiva (História Ilustrada dos Filmes Brasileiros 1929-1988,  Francisco Alves, 1989) sentenciou: “Alta comédia recebida com menos  entusiasmo do que merecia”.

1938

BOMBONZINHO  ***

Cia. Prod: Sonofilmes. Prod: Alberto Byington. Arg. / Dir: Joracy Camargo bas. peça Viriato Correa. Foto: Manoel Ribeiro. Op. Câmera: Francisco de Almeida Fleming. Canções: Fon-Fon, Tralalá e Ciúme sem razão de Alberto Ribeiro e João de Barro. El: Oscarito, Conchita de Moraes, Palmerim Silva, Lu Marival, Augusto Henriques, Nilza Magrassi, Thamar Moema, Batista Junior, Custódio Mesquita, Maria Grillo, Francisco Moreno, Ana de Alencar.

*** (Todos os pesquisadores que publicaram a filmografia de Mesquitinha em livro, colocam-no como Diretor e / ou Ator e muitos apontam Joracy Camargo como autor da peça no qual o filme se baseia. Joracy Camargo nunca escreveu uma peça intitulada Bombonzinho mas sim Viriato Correa. Mesquitinha não participou do filme nem como diretor nem como ator conforme Cinearte de 5/11/1937, pg. 5 (Estréias na Cinelândia) e o anúncio em anexo. Incluí este titulo na filmografia apenas para esclarecer os erros que foram cometidos. O primeiro engano foi cometido por Alex Viany que, no seu livro pioneiro, Introdução ao Cinema Brasileiro, Ministério de Educação e Cultura, 1959, pg.189 colocou Mesquitinha como sendo o diretor do filme. Os autores dos livros posteriores, provavelmente confiando na informação do grande crítico, cineasta e estudioso do cinema, repetiram o erro. Já quanto à participação de Mesquitinha como ator, não tenho idéia de onde este dado surgiu, porque nem o Alex o mencionou no seu verbete sobre Bombonzinho.

TERERÉ NÃO RESOLVE

Cia. Prod: Cinédia. Prod: Adhemar Gonzaga. Dir / Mont: Luiz de Barros. Rot: Luiz de Barros baseado em No carnaval é assim de Bandeira Duarte. Foto: A. P. Castro. Mús: Ercole Vareto. Canção: Seu condutor de Herivelto Martins com Alvarenga e Ranchinho. Dir. Arte: Hippolito Collomb. Som: Hélio Barrozo Netto. El: Mesquitinha, Maria Amaro, Oscar Soares, Lygia Sarmento, Carlos Barbosa, Zizinha Macedo, Arnaldo Coutinho, Ana de Alencar, Ivan Villar, Carlos Ruel, Morais Cardoso., Orquestra do Cassino da Urca. Figurantes: dançando no baile: Procópio  Ferreira, Paulo Gracindo e Heloisa Helena.

A Cinédia acabara de filmar Samba da Vida e, como tinha os artistas contratados por mês, aproveitou para fazer um filme relâmpago, em sete dias. Assim surgiu esta comédia vaudeville, passada durante o Carnaval. Dois casais (Mesquitinha, Maria Amaro, Rodolpho Mayer, Ligia Sarmento), um residindo no Rio, o outro récem-chegado para passar o tríduo momesco. As mulheres apostam que todos os maridos são infiéis. Um tio leva as damas para ver os préstitos carnavalescos enquanto os maridos vão ao Baile das Atrizes no Teatro João Caetano fantasiados de dominó, com máscaras. Elas, também vestidas de dominó, vão no mesmo baile.  Mas uma criadinha previne os maridos, que entram na brincadeira, fingindo cada um namorar a mulher do outro. Salvyano Cavalcanti de Paiva observou: “Já era a chanchada a pleno vapor”.

MARIDINHO DE LUXO

Cia. Prod: Cinédia. Prod: Adhemar Gonzaga. Dir / Mont: Luiz de Barros. Rot: Luiz de Barros bas. peça Compra-se um marido de José Wanderley. Foto: A. (Afrodísio) P. Castro. Som: Hélio Barrozo Netto. Dir. Arte: Luiz de Barros. Cenog: Alcebíades Monteiro, Alceu Rodrigues. Bailados: Vallery Oiser. Orquestração: Joaquim Correa Rondon, Ernani Amorim. Canções: Cangaceiro chegou de Alberto Ribeiro e L. Teixeira com Linda Batista. Cândido Botelho interpreta outras canções. El: Mesquitinha, Maria Amaro, Oscar Soares, Maria Lino, Bandeira Duarte, Ana de Alencar, Lúcia Lamour, Arnaldo Coutinho, Rodolpho Mayer, Carlos Ruel, Carlos Barbosa, Augusto Anibal, Fada Santoro, Maria Lisboa, Manoelino Teixeira, Julio Penha.

No enredo, Partricia, moça rica e caprichosa (Maria Amaro), filha do Sr. Vastro (Oscar Soares), um comendador, “compra” um maridinho de luxo, só para causar inveja às amigas. Aparece Marcos, um boa-vida (Mesquitinha), que aceita as condições. Porém ele acaba se revoltando contra a sua situação. A meu ver, trata-se de uma agradável comédia de costumes, julgada com demasiada severidade pelos críticos. Num raro momento na sua carreira cinematográfica, Mesquitinha canta Toda mulher é sedução.

ESTÁ TUDO AÍ!

Cia. Prod: Cinédia. Prod: Adhemar Gonzaga. Dir: Mesquitinha. Ass. Dir: Carlos Barbosa. Rot: Mesquitinha e Marques Porto bas. peça Ri…de…palhaço de Paulo Orlando e Marques Porto. Orlando. Foto: A. P. Castro. Som: Hélio Barrozo Netto. Mús: Augusto Vasseur. Canções: Boneca de pixe de Ary Barroso com Déa Maia e Apollo Correia. El: Figurinos: Iracema Gomes Marques. Mesquitinha, Manoel Pera, Violeta Ferraz, Alma Flora, Nilza Magrassi, Paulo Gracindo, Oscarito, Apolo Correia, Déo Maia, Rodolpho Mayer, Abel Pera, Virginia Lane, Grijó Sobrinho, Abel Pera, Maria Amaro, Oscar Soares, Luiza Nazareth, Manoel Rocha, Sanny Castro, Zizinha Macedo, Nina Consuelo.

O filme apresenta conhecidos tipos da vida carioca às vésperas do Carnaval. Generoso (Mesquitinha), um chefe de família, ao contrário do seu pessoal, detesta carnaval mas necessitando de dinheiro, aceita as imposições do português Bragança (Manoel Pera), para entrar no cordão do seu clube e cair na farra. Daí por diante, não quer outra vida. Entre dois cômicos de grande prestígio, Mesquitinha e Oscarito, Apolo Correia, como o Trampolim, teve boa oportunidade de demonstrar seu talento.

1939

PEGA LADRÃO

Cia. Prod: Sonofilmes. Prod: Alberto Byington. Dir / Rot / Cenog: Ruy Costa. Foto: Manoel Ribeiro. Som: Moacyr Fenelon. El: Mesquitinha, Lídia Matos, Heloisa Helena, Grande Otelo, Manoel Pera, Armando Louzada, Jorge Murad, Manezinho Araujo, Nair Alves, Paulo Ferraz.

Um velhote fanático por romances policiais (Mesquitinha), mora numa pensão cuja dona se insinua para um ladrão sem importância conhecido como Engole Jóias (Manoel Pera). O velhote banca o sherloque, sem se dar conta de que o larápio está ali mesmo sob o seu nariz. Carlos de Alencar manifestou-se assim a respeito do filme em Cena Muda de 21/7/1942, pg. 6: “No que concerne às comédias, estamos absolutamente certos de que conseguímos situação bem interessante, conquistada com a colaboração de nossos melhores artistas cômicos do teatro. Basta que relembremos Pega Ladrão, que nos deu a atuação maravilhosa de Mesquitinha … “

ONDE ESTÁS FELICIDADE?

Cia. Prod: Cinédia. Prod: Adhemar Gonzaga. Dir / Mont: Mesquitinha. Ass. Dir: Arnaldo Coutinho. Rot: Mesquitinha bas. peça homônima Luis Iglésias. Som: Hélio Barrozo Neto. Foto: A. P. Castro. El: Rodolpho Mayer, Alma Flora, Oscar Soares, Nilza Magrassi, Luiza Nazareth, Carlos Barbosa, Mesquitinha, Grande Otelo, Paulo Gracindo, Wanda Marchetti, Dircinha Batista, Lourdes Mayer, Henriqueta Romanita Cardona, Pola Stuart, Sanny Castro, Ghyta Yamblousky, Ana de Alencar, Abel Pera. Participações: Manoel Pera,  Armando Braga, Fialho D’Almeida, Oscar Cardona, Alvaro Augusto. Mús: Radamés Gnatalli, Luciano Perrone executadas pela orquestra da Rádio Nacional. Canção: Onde estás felicidade? cantada por Alma Flora com a voz de Sônia Barreto.

Num subúrbio do Rio de Janeiro, Noêmia, a esposa fútil e autoritária (Alma Flora) de Paulo, um engenheiro (Rodolpho Mayer), administrador de uma fábrica, canta na rádio. O rapaz é amado em segredo por uma amiga de infância, Fernandinha (Nilza Magrassi). Quando ele se torna gerente da fábrica, instigado pela mulher ambiciosa, consente em se mudar para um palacete em Copacabana. A vida do engenheiro muda, ele sabe que a mulher o trai e ele mesmo tem um caso com uma amiga da esposa. Por isso volta para o subúrbio, mas continua sem consumar o seu amor pela amiga de infância, que sofre. A mulher, farta dos cassinos, da radio e da falsidade do ambiente  da alta burguesia, regressa também para o subúrbio e  o marido na véspera das festas de fim de ano. Segundo Salvyano Cavalcanti de Paiva, o filme foi saudado pela crítica da época como uma alta comédia bela e emotiva, explorando a psicologia feminina com razoável profundidade. Entretanto, o critico de O Globo, Pinheiro de Lemos, colocou o “bonequinho” saindo do cinema, considerando que, no filme que Mesquitinha fez para a Cinédia, a escravidão do teatro é tamanha, que ninguém se espantaria se visse, no limite interior de cada set, a caixa de ponto”.

SAMBA EM BERLIM

Cia. Prod: Cinédia. Prod /Arg: Adhemar Gonzaga. Dir / Mont: Luiz de Barros. Rot/ Cenog: Adhemar Gonzaga, Luiz de Barros. Foto: A. P. Castro, George Fanto. Op. Câmera: George Dusek. Som: Luiz Braga Junior. Canções: Vatapá de Dorival Caymi com Os Trigêmeos Vocalistas; Passou a não falar com Os Anjos do Inferno; Conceição de Herivelto Martins com Linda Batista e Escola de Samba; Nós as mulheres de Jararaca e Jorge Murad com Jararaca e Ratinho; Ela de Herivelto Martins e Príncipe Pretinho com Francisco Alves; China pau de Alberto Ribeiro e João de Barro com Luizinha Carvalho; Danúbio azulou de Nássara e Frazão com Viriginia Lane; Você sabe, moço com Zilda Fonseca; Lenda do Abaeté de Dorival Caymi com Trio de Ouro; Baianinha de Castro Barbosa com Alice Vianna imitando Carmen Miranda; Lua e Não me aguento não de Assis Valente com Stella Gil e Leo Albano. El: Mesquitinha, Laura Suarez, Dercy Gonçalves, Leo Albano, Brandão Filho, Manoel Rocha, Grande Otelo, Jesus Ruas, Ziembinski, Grijó Sobrinho, Mathilde Costa, Tulio Berti, Catalano,  Carlos Barbosa, Pedro Dias, Abel Pera, Milton Marinho, Ubi Vianna, João Baldy, Fialho D’Almeida, J. Silveira, Benito Rodrigues, Geraldo Freire, Paulo Gomes, José Garcia, Jorge Vianna, Lydia de Souza, Florisa Rios, Eunice Lopes, Antonieta Martinez, Edna França, A. Correa de Melo, Alvarenga e Ranchinho, José Gama, Silvino Neto.

Dois caipiras, interpretados por Mesquitinha e Brandão Filho,  vêm para o Rio de Janeiro atrás de uma moça, que os enganara, enviando- lhes, como se fosse sua, a foto de uma artista. A moça de quem a foto fora enviada é Leda Lea (Laura Suarez), noiva de um ricaço, Carneiro Leão (Manoel Rocha) mas apaixonada por um pracinha (Leo Albano). Conforme informou Sergio Augusto em Este Mundo é um Pandeiro (Companhia das Letras, 1989), “a crítica malhou o filme mas a Cinédia não teve como dobrar o número de cópias necessárias para atender à demanda do público, que se ligou na fita por vários motivos. Um deles era a presença do cômico radiofônico Silvino Neto, estreando no cinema com o seu personagem de maior audiência, o Pimpinela. Outro: suas gozações ao nazi-fascismo. Hitler recebia farpas de Alvarenga e Ranchinho enquanto Chiang Kai Chek, então visto como um herói sem mácula da resistência chinesa, despontava na última estrofe da marcha China pau de Braguinha e Alberto Ribeiro”. Por curiosidade, outra marcha que também brincava com a guerra, O Danúbio azulou, foi cortada pela censura do Estado Novo, pois a cenografia apresentava uma pintura de Stalin dentro de um barco.

É PROIBIDO SONHAR

Cia. Prod: Atlântida. Dir: Moacyr Fenelon. Arg / Rot: Ruy Costa. Foto: Edgar Brasil. Mont: Waldemar Noya, Moacyr Fenelon. Cenog: José Carlos Burle. Mús: Lirio Panicalli. Som: Cesar Abreu. El: Mesquitinha, Nilza Magrassi, Lourdinha Bittencourt, Mario Brasini, Yeda Fenelon, José Carlos Burle, Grace Moema, Déa Leal, Oswaldo Louzada, Armando Louzada, Edmundo Lopes, Oswaldo Loureiro, Sandro Polônio, João Martins, Teixeira Pinto, Consuelo Flores, As Três Marias (Marilia Batista, Bidu Reis, Regina Celia).

Moça de condição social modesta (Nilza Magrassi), récem-formada em canto, conhece um rapaz (Mario Brasini), vítima de um parente que se apossara de seus haveres. Após alguns incidentes, o pai da cantora, Seu Acácio (Mesquitinha), modesto negociante de objetos usados, concorre para que o jovem reconquiste a herança e se case com a sua filha. Segundo Salvyano, “técnica e artisticamente promissor, o filme conquistou as platéias”. Transcrevo dois trechos do comentário do responsável pela “Cotação da Semana” da Cena Muda (22/1/1944): “… história pela qual o espectador se interessa, realização cinematográfica razoável e uma interpretação digna de elogios … Mesquitinha é um elemento consagrado de nossa cinematografia e uma figura bem interessante sempre correto em seus trabalhos”.

1944

ROMANCE DE UM MORDEDOR

Cia. Prod: Atlântida. Dir: José Carlos Burle. Ass. Dir: Roberto Machado. Rot: José Carlos Burle, Galeão Coutinho bas. romance Vovó Morungaba de Galeão Coutinho. Foto: Edgar Brasil. Som: Jorge Coutinho. Mont: Waldemar Noya, José Carlos Burle. El: Mesquitinha, Maria Batista, Modesto de Souza, Sarah Nobre, Manoel Pera, Henriqueta Brieba, Carlos Melo, Estelinha, Iris Belmonte, Graça Melo, Gerdal dos Santos, Abel Pera, Armando Ferreira, Sandro Polônio, Rocyr Silveira, Diamantina Santos, Teixeira Pinto, Jorge Diniz, Natalia Ney, Domingos Martins, Ferreira Lima, Antonio de Cordoba, Mariquita Flores, Emilinha Borba, Wilson Musco.

Barramansa (Mesquitinha) e Mata Sete (Modesto de Souza) são dois malandros que vivem de expediente. Num de seus golpes, vendem a rifa de um cachorro, que roubaram de uma madame, anunciando-o como um legítimo Lulú da Pomerânia. Venderam tantos bilhetes quantos compradores apareceram embora para isso tivessem de emitir quatro, cinco e mais cartões com o mesmo número. E, para a coisa não estourar, eles adiavam a extração da rifa de um dia para outro, mediante o clássico aviso nos jornais. O crítico Pedro Lima (entre outros)  não gostou: “Que vemos em Romance de um Perdedor”? Uma história  mal escolhida, artistas falhos, sem direção, sem maquiagem, sem tomar conhecimento da técnica de cinema” (apud José Carlos Burle – Drama na Chanchada de Máximo Barro, Coleção Aplaudo, Imprensa Oficial de São Paulo, 2007. pg.128).

1945

CEM GAROTAS E UM CAPOTE

Cia. Prod: Milton Rodrigues. Prod: Vital Ramos de Castro.  Dir: Milton Rodrigues  (sob o pseudônimo de M. Falcão). Rot: Milton Rodrigues bas. conto O Homem e o capote de Anibal Machado. Foto: George Dusek. Op. Câmera: Jofre Magdaleni. Mont: George Dusek. Dir. Arte: Oswaldo Mota. Som: Tommy Olenewa. Mús: Lirio Panicalli. Canções: Babalu, Dança do Apache, Can Can, O Guarani (de Carlos Gomes), Frevo, Tico-Tico no Fubá (de Zequinha de Abreu).

El: Mesquitinha, Catalano, Sally Loretti, Modesto de Souza, Grijó Sobrinho, America Cabral, Mary Gonçalves, Haydée Marcondes, Olivinha Carvalho, Jaime Moreira Filho, Antonio Barros, Arthur Costa,  Waldemar Rodrigues, Balé Yuco Lindberg, Benedito Lacerda e seu conjunto, Sereia Negra.

O comentarista da Cena Muda (28/5/1946, pg. 32) fez graves restrições ao filme: “Película apressada, com algumas qualidades, que não poderemos deixar de apontar, e uma infinidade de defeitos … É inaceitável e banal aquela história do empresário que vai buscar em cidades do interior bailarinas mocinhas com más intenções. O resenhista foi impiedoso com relação à atriz principal: “Especialmente quando a bailarina mediocrizinha como é a jovem Sally Loretti, que tem muito que aprender e precisa especialmente perder peso”. A dupla de Romance de um Mordedor está de volta: Mesquitinha como Zefinho dos Santos e Modesto de Souza como Amigo da Onça.

1946

SEGURA ESTA MULHER

Cia. Prod: Atlântida. Dir / Rot: Watson Macedo. Ass. Dir: Roberto Machado. Arg: Helio do Soveral. Foto: Edgar Brasil. Op. Câmera: Roberto Mirilli. Cenog: José Cajado Filho. Som: Jorge Coutinho. Mont: Waldemar Noya. Canções: Carnaval do passado de Lamartine Babo com Orlando Silva; Carnaval no morro e Deus me perdoe de Lauro Maia e Humberto Teixeira; Hilda de Wilson Batista e Haroldo Lobo com Jorge Veiga; Sou eu quem dou as ordens de Heitor dos Prazeres com Aracy de Almeida; Barnabé de Bob Nelson e Vitor Simon com Bob Nelson, Adelaide e Afonso Chiozzo, Espanhola de Benedito Lacerda e Haroldo Lobo com Nelson Gonçalves; Laura de David Raksin e Johnny Mercer com os Brazilian Rascals; Maxixe acrobático com Colé Santana e Celeste Aida; Mulata com Joel e Gaucho; O Cordão dos puxa-sacos de Roberto Martins e Frazão com os Anjos do Inferno; Trabalhar, eu não com Almeidinha e os Quatro Azes e um Coringa. El: Colé Santana, Mesquitinha, Grande Otelo, Catalano, Marion, Hortência Santos, Arlindo Costa, Cesar Fronzi, Egon Delmonte João Fernandes, Roque da Cunha, Madame Lou, Aurea Rios, Marta Rissova, Celeste Aida, Grace Moema, Luiza Galvão, Alvarenga e Ranchinho, Yvette Garrido, Balé Yuco Lindberg, Léo Vilar, Moacir Ferreira Diniz.

O comentarista da Cena Muda (5/3/1946, pg. 14,15,31) achou que o filme tinha algumas qualidades de agrado e este agrado derivava mais de alguns números especiais do que mesmo de sua história. Esses números eram, segundo ele, os de Mesquitinha com o seu maestro Sinfonia, já popularizado nos cassinos, e o de Alvarenga e Ranchinho, que executavam uma  laparatomia surrealista, retirando da barriga do paciente os objetos mais estranhos. Elogiou também uma sátira às novelas de rádio e à maneira pela qual foram adaptados alguns gags dos filmes americanos como aquele em que Arlindo Costa falava com voz de mulher e Aurea Rios com voz de homem. Para o crítico, faltou um pouco de medida na parte musical, pois houve a preocupação de “meter músicas e mais músicas, empanturrando-a de sambas, marchas e frevos” e capacidade técnica na parte visual, marcada pela imobilidade da câmera e pela deficiência dos planos próximos.

1947

ESTA É FINA

Prod: Victor de Barros, Mario Falaschi (filmado nos estúdios da Cinédia). Dir / Rot / Mont / Cenog: Luiz de Barros. Dir. De 5 números musicais: Moacyr Fenelon. Arg: Gita de Barros bas. peça Folies Bergères de Rudolph Lother e Hans Adler. Foto: Antonio Gonçalves. Op. Câmera: Carlos Felten, Roberto Mirilli. Som: Tommy Olenewa. Canções: Baiana  escandalosa com Dircinha Batista; Enlouquecí com Linda Batista; Falta um zero no meu ordenado com Francisco Alves; Gabriela com Marlene; Minueto com o Trio de Ouro; Não me digas adeus com Aracy de Almeida; Quatro prá agarrar o homem com Nuno Roland; Princesa de Bagdad com Nelson Gonçalves; É com esse que eu vou com 4 Azes e um Coringa; A mulata é a tal com Joel e Gaucho. El: Mesquitinha, Claudio Nonelli, Olivinha Carvalho, Manoel Vieira, Badu, Augusto Anibal, Hortência Santos, Silva Filho, Carlos Cotrim, Telmo Faria, Jaime Faria Rocha, Silva Filho.

Típico filme musical carnavalesco no qual dois indivíduos sem dinheiro se vêem instalados num hotel de luxo em Copacabana usufruindo de toda a mordomia. Um deles se apaixona por uma jovem sem ser correspondido. As coisas se complicam para os vigaristas mas o final é feliz.

1949

ESTÁ COM TUDO!

Cia. Prod: Castelo Filmes (filmado no estúdio da Brasil Vita Filmes). Prod: Conceição  e Oscar Oliveira. Dir / Cenog. / Mont: Luiz de Barros. Rot: Luiz de Barros bas. peça A Cura do Amor de Mario Lago, José Wanderley e Daniel Rocha. Ass. Dir: Alberto Dines. Foto: Antonio Gonçalves. Op. Câmera; Ubirajara Viana. Mús: José Toledo. Som: Alberto Viana. El: Mesquitinha, Mary Gonçalves, Ronaldo Lupo, Jorge Murad, Cesar de Alencar, Marly Sorel, Oswaldo Elias, Zizinha Macedo, Manoel Vieira, Walter Sequeira, Manezinho Araujo, Silva Filho, Zé Bacurau, Carlos Tovar, Anilza Leone, Aurelina Lisboa, Altemar Matos, Antonio Nobre, Barbosa Junior, Cora Costa, Ester Souza, De Carambola, Grijó Sobrinho, Jesus Ruas, Natara Ney, Dirce Belmonte, Jimmy Lester, Lopes e Glória, Ruy Rey e sua orquestra,  Dircinha Batista, Virginia Lane, Linda Batista Trio de Ouro, Carmelia Alves, Jorge Veiga, Bill Farr, Pato Preto, 4 Azes e um Coringa.

Livio Dantas na Seção “Telas da Cidade” na Cena Muda (11/2/1953, pgs. 8 e 34) arrazou com o filme (e vamos citar apenas a parte menos implacável do texto)  nestes termos: “A impressão é de que estamos vivendo em plenos idos de 1935-36-37 quando os famigerados “Alôs” não se impunham a público de nenhum nível nem mesmo às pessoas que na feitura deles tomavam parte. Pois, com a diferença a mais de vinte anos, Está com Tudo não avançou um milímetro sequer na categoria dos tais “Alôs” de trágica memória”.

1952

SIMÃO, O CAOLHO

Cia. Prod: Maristela. Prod: Alfredo Palácios. Dir / Rot: Alberto Cavalcanti. Adapt. : Miroel Silveira, Oswaldo Moles do romance de Galeão Coutinho. Ass. Dir: Isaac Olitcher, Osvaldo Katalian, Roberto Perchiavalli. Foto: Ferenc Fekete. Op. Câmera; Guelfo Martini. Des. Prod: Ricardo Sievers, Francisco Balduino. Mont: Jose Canizares. Mús: Souza Lima. Som: Jacques Lesgards. Ass. Som: Tommy Plenewa. El: Mesquitinha, Raquel Martins, Yara Aguiar, Carlos Araujo, Sonia Coelho, Claudio Barsotti, Oswaldo de Barros, Carmen Torres, Eg;e Bueno, Isaura Bruno, Nair Bello, Osmano Cardoso, Mauricio de Barros, José Pazzolli, Juvenal da Silva, Carlos Tovar, Mario Giorotti, Edayr Badaró, Borges de Barros, Armando Peixoto, Henrique Fernandes, José Rubens, Gessy Fonseca, Maria Amelia, Wilson Viana, Orquestra Raul de Barros.

Simão (Mesquitinha) é um corretor de negócios caolho que vive na cidade de São Paulo nos anos 30. Sempre acompanhado de sua esposa Marcolina (Raquel Martins) e de amigos turbulentos, ele espera por um lance de sorte. Até que um inventor maluco lhe proporciona um olho artificial, que lhe permite ficar invisível. Simão enriquece e se candidata a Presidente da República. Mas tudo não passou de um sonho. Vinicius de Moraes  saudou Alberto Cavalcanti pelo seu primeiro trabalho de direção no Brasil, redigindo este texto inspirado: “A sua classe como diretor está presente em tudo o que constitui “cinema” na película: movimentação das cenas no ambiente familiar, o teor geral da ação, a articulação cinematográfica do cenário. Eu pessoalmente acho a história fraca e a atuação de Mesquitinha entrava pelos seus muitos tiques teatrais. Mas, a parte diretorial propriamente dita é viva e autêntica. Pela primeira vez no Brasil, dentro do difícil terreno do “popular”, um filme despido do cafajestimo típico do cinema brasileiro. De resto, as palavras “Cavalcanti” e “cafajeste” são antípodas, e só quem não conhece esse homem perceptivo, delicado, intransigente e bom pode dizer mal dele. Simão, o caolho é Brasil. Esta é para mim a sua melhor qualidade. Não Brasil, meu Brasil brasileiro, mas Brasil a Mario de Andrade, Brasil a Marques Rebelo, Brasil a Noel Rosa”.

Agradecimentos:

Biblioteca Cedoc / Funarte: Márcia Claudia Figueiredo

Biblioteca Jenny Klabin Segall: Paulo Simões de Almeida Pina, Cibele Velloso

AC

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  • Dizem que nós brasileiros temos a memória curta, mas acho que o mal maior é a falta de instituições que preservem a memória nacional no que diz respeito ao cinema e às artes em geral. Em sua época, as produções da Atlântida, Cinédia e Vera Cruz não ficavam devendo em nada às de Hollywood... Hoje em dia, poucos se lembram que elas existiram, e menos ainda têm acesso à informações sobre os filmes e artistas que trabalharam lá... Por isso o esforço de preservação de seu acervo pela Vera Cruz é louvável e deveria ser seguido: http://www.veracruzcinema.com.br/

    • Concordo plenamente Marcio. A Sra. Alice Gonzaga, por exemplo, merecia receber uma polpuda verba governamental ou mesmo privada, por parte de empresários mecenas, para restaurar e transformar em dvd os filmes da Cinédia.

  • Prezado sr. A.C.Gomes de Mattos,

    Desenvolvo pesquisa de doutorado sobre a obra do escritor Aníbal Machado e o cinema. Mesquitinha atuou em um filme baseado no conto de Aníbal, "Cem garotas e um capote". O sr. poderia me informar a fonte da citação do cronista Jota Efegê sobre Mesquitinha, por ocasião de sua morte citado neste post, ou pelo menos em qual acervo o sr. a consultou? Agradeço muito sua atenção.
    Atenciosamente,
    Rosana Tokimatsu

    • Prezada Rosana. Salvo engano foi em um recorte de jornal depositado em uma pasta dedicada a Mesquitinha ou Olimpio Bastos na Biblioteca Cedoc da Funarte.

  • Obrigada pela informação.
    Aproveito para dizer que o sr. faz um ótimo blog sobre cinema. O post sobre Mesquitinha é rico em informações!
    Citarei seu blog em meu trabalho.

    Abraço

    • Obrigada Rosana. Se for possível, mande-me seu trabalho. Fui vizinho do Anibal Machado quando ele morava na Rua Visconde de Pirajá. A Maria Clara ia à praia em frente à rua onde eu morava, Garcia D'Avila. O Mesquitinha eu conhecí pelos filmes e pelo teatro de revista. Gosto de relembrar os atores de teatro do passado e sua relação com o Cinema como fiz com Jaime Costa, Procópio Ferreira, etc.Breve sairá um post sobre a Conexão Teatro-Cinema. Espero que goste. Desejo-lhe boa sorte na sua tese.Abs.

  • Obrigada, assim que defender a tese envio ao sr - será no fim do ano que vem. Dê-me seu email.
    O sr. não chegou a ir a casa de Aníbal? Ele recebia muitos artistas e curiosos também, todos eram bem vindos. Rolava uma festa, mas o pessoal gostava também de debater com Aníbal. Imagino que o sr. na época devia ser criança.
    Quando sair seu post sobre relação Teatro-Cinema eu vou ler.

    Abraço,
    Rosana

  • Boa tarde,

    Minha sogra é neta do Mesquitinha. Ela era muito jovem quando ele faleceu e quase não possui mais documentos do avô. Alguém conseguiu algum documento dele quando realizou essa pesquisa?

    Grato,
    Ulysses

    • Prezado Ulysses. Quem pesquisou foi somente eu, autor único desse blog.Infelizmente, não posso lhe ajudar com relação a documentos. Colhí apenas em jornais da época algumas informações sobre a vida do grande comediante bem como tive o prazer de ver alguns filmes dele e, ainda muito jovem, aplaudí-lo no teatro de revista.

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