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PROCÓPIO FERREIRA NO CINEMA

Procópio Ferreira foi uma das mais fulgurantes personalidades dos palcos brasileiros, formando com João Caetano, Correa Vasques, Brandão, Leopoldo Fróes e Jaime Costa o sexteto máximo de um ciclo áureo do nosso Teatro. Fez de tudo na ribalta, resplandecendo como trágico e como cômico, arrancando lágrimas e sorrisos, com sua invulgar presença cênica  e o domínio absoluto dos gestos, das pausas e da inflexões, sempre aplaudido com muito carinho pelo público.

João Alvaro de Jesus Quental Ferreira nasceu no Rio de Janeiro a 8 de julho de 1898, filho dos portugueses Francisco Firmino Ferreira e Maria de Jesus Quental Ferreira. Na infância  – segundo uma tia – parecia “o diabo em figura de gente” de tão levado, estudando na Escola Modelo Afonso Pena e depois no Mosteiro de São Bento, onde tomou juízo e se revelou aluno aplicado.

Concluído o curso secundário, entrou para a Faculdade de Direito, mas seu destino já estava traçado. No decorrer do primeiro ano, abandonou o estudo das leis e, seguindo sua irresistível vocação, matriculou-se na Escola Dramática Municipal. Numa solenidade da Escola, um fotógrafo apanhou um flagrante da aula de Coelho Neto, onde estava o aluno João Alvaro, e publicou-o em O Imparcial, jornal que era lido pelo pai deste: Seu Francisco ficou furioso ao verificar que o filho havia ingressado na Escola sem lhe dar satisfação e o expulsou de casa, obrigando-o a procurar emprego, para se sustentar. Através de um anúncio no Jornal do Brasil, o rapaz conseguiu lugar no escritório do advogado Virgilio de Mattos, ganhando ordenado de 36 mil-réis mensais, para varrer as salas e fazer alguns serviços externos no Forum.

Terminado o curso da Escola Dramática, João Alvaro foi um dos alunos escolhidos para integrar a Companhia de Lucilia Peres no Teatro Carlos Gomes, estreando em 22 de março de 1917 na peça Amigo, Mulher e Marido, adaptação de L’Ange du Foyer de Flers e Caillavet.

Em fins de 1917, vamos encontrá-lo no Teatro Politeama, no Méier, especializado em operetas e revistas e, em 1918, estava na Companhia Itália Fausta, participando em todo o repertório, de Antígona a Ré Misteriosa. Neste tempo, Gomes Cardim vaticinou: ”Esse menino será um dos grandes atores cômicos do Brasil”.

Como seu nome era muito comprido para figurar nos cartazes, João Alvaro mudou-o para Procópio, por sugestão de Paulo Magalhães, inspirado no famoso Café Procope de Paris e também em São Procópio.

João Alvaro conquistou então seu primeiro grande êxito, o que realmente chamaria a atenção para a sua pessoa, fazendo o papel do Zé Fogueteiro, na opereta A Juriti de Viriato Corrêa, encenada em 1919 no Teatro São Pedro (atualmente João Caetano), com Abigail Maia a frente do elenco. R. Magalhães Júnior, no livro As Mil e Uma Vidas de Leopoldo Fróes, assim descreve o acontecimento: “Era uma ponta. Mas o atorzinho pequeno, feio, narigudo, parecia endiabrado. Dir-se-ia que tinha apostado com os colegas que haveria de suplantá-los a todos por mais escassas que fossem as linhas que tivesse de recitar”.

Em 1920, convidado por Alexandre de Azevedo e Antônio Serra, que estavam organizando uma companhia para o Teatro Trianon, Procópio deu mais um passo à frente, tornando grandes os pequenos papéis, tirando deles um rendimento artístico e cômico, que muitas vezes  ultrapassava a expectativa dos autores.

Um ano depois Procópio volta a fazer parte da Companhia Abigail Maia. São desta fase de sua carreira as peças Demônio Familiar, Levada da Breca, Manhãs de Sol, Ministro do Supremo, A Vida é um Sonho, Onde Canta o Sabiá e outras, nas quais o trabalho do jovem ator foi muito elogiado.

No ano seguinte, Oduvaldo Viana, Viriato Corrêa e Niccolino Viggiani organizam uma nova companhia no Trianon, mas Procópio nela ficou por pouco tempo. Com a saída de Oduvaldo Viana, os outros dois sócios preferiram recorrer ao talento de Leopoldo Fróes.

Com a experiência adquirida até então, Procópio organiza, em 1924, a sua própria empresa, decorrendo, a partir daí, uma fileira enorme de sucessos – Cala a Boca Etelvina, O Amigo Carvalhal, O Maluco da Avenida, O Bobo do Rei, Maria Cachucha, Anastácio, Deus lhe Pague, TopazeEscola de Maridos, O Avarento, O Burguês Fidalgo, O Amigo da OnçaEsta Noite Choveu Prata – para citar apenas alguns espetáculos, entre as mais de quatrocentas peças que fez ao longo dos anos, até falecer em 18 de junho de 1979.

Em Deus lhe Pague, texto escrito especialmente para ele por Joraci Camargo, traduzido e representado em vários idiomas (além de ter sido objeto de uma versão cinematográfica em 1948 na Argentina com Arturo de Córdova e Zully Moreno), teve uma de suas grandes criações como o mendigo filósofo. A peça estreou a 30 de dezembro de 1932 no Teatro Boa Vista de São Paulo, tendo ao lado de Procópio, Elza Gomes, Eurico Silva, Abel Pêra, Luiza Nazareth, Albertina Pereira e Restier Junior.

Em 1942, Louis Jouvet veio numa turnê ao nosso país e assistiu ao colega brasileiro interpretando O Médico à Força de Molière. Ficou tão entusiasmado, que lhe escreveu uma carta, expressando a sua admiração e convidando-o para ir trabalhar na França.

“Para mim” – escreveu Procópio – “a Vida é a miniatura do Teatro. Ele a aumenta e embeleza, a sublima … A Vida está cheia de Cyranos, Hamletos e Otelos, mas só depois da Arte os haver mostrado é que o mundo começou a reparar neles”.

Noutra oportunidade, Procópio disse que o Teatro só lhe havia deixado uma frustração: queria representar Cyrano de Bergerac de Edmond Rostand por achar que tinha o físico ideal. Só em parte conseguiu realizar este sonho, contracenando com Dulcina numa cena memorável da peça em uma festa teatral realizada no Rio de Janeiro.  O “Cirano Brasileiro” foi o título que Brício de Abreu escolheu para sua excelente reportagem na revista O Cruzeiro, da qual extraímos boa parte das informações sobre o percurso teatral do ator inesquecível.

Em 1957, Procópio estreou Esta Noite Choveu Prata de Pedro Bloch, que lotou o Teatro Serrador durante várias semanas. Porém a revista A Cigarra publicou uma matéria  com o título, “Procópio 1957 – Mudou o Teatro ou Mudou Ele?”, porque os tempos eram outros e o notável intérprete continuava sempre com a convicção de que bastava um grande ator, isolado, para garantir um êxito, tal como sucedia no período de 1920 a 1930 em nossos palcos.

A resposta de Procópio foi esta: “Teatro de equipe como falam hoje, não existe. Teatro de equipe é slogan inventado pelos medíocres, que se querem comparar aos maiores. Quem vai a qualquer teatro quer ver o ator que está anunciado. Isto acontece em todos os tempos. E é sempre para os mais bem dotados que os autores escrevem … (apud Procópio Ferreira: O Mágico da Expressão, Jalussa Barcelos, Funarte, 1999).

Além da atividade do tablado, Procópio se distinguiu também como autor teatral (Presente do Céu, A Grande Patomima, Família do Antunes, Não Casarás,  Convidado de Honra, Arte de ser Marido, Briga em Família, Banho de Civilização, Boca do Inferno); conferencista (Como se Ria Antigamente; Antonio José, o Judeu; Joraci Camargo e sua Obra), escreveu alguns livros (O Ator Vasques, A Arte de Fazer Graça; Como se Faz Rir; História e Efemérides do Teatro Brasileiro), trabalhou na televisão (O Caminho das Estrelas, A Grande Viagem, Minas de Prata, O Tempo e o Vento, Divinas e Maravilhosas).

E também fez Cinema.

OS FILMES

1917

A QUADRILHA DO ESQUELETO

Cia. Prod: Veritas. Prod: Irineu Marinho. Dir: Guido Panella. Arg: Mauro Carmo. Foto: J. Sampaio. El: Nella Berti, Anthero Vieira, Alvaro Fonseca, Eduardo Arouca, Albino Maia, Carlos Comelli, Edmundo Maia, Antenor de Andrade, Domingos Braga, a menina Iracema.

Por ocasião da estréia, em 25 de outubro de 1917, nos Cines Avenida e Ideal do Rio, o jornal A Noite, do qual Irineu Marinho era diretor, anunciou-o como “Aventuras policiais descrevendo tipos da nossa malandragem”. Ao dar o elenco, o jornal não cita Procópio, mas em 70 Anos de Cinema Brasileiro, de Adhemar Gonzaga  e Paulo Emilio Salles Gomes, colhemos a informação de que ele aparece como um repórter, de barba e chapéu de palha, quase como uma citação do jornalista Castellar de A Noite. Jurandyr Noronha, no seu Dicionário de Cinema Brasileiro (1896 a 1936), não inclui Procópio no elenco.

OS MISTÉRIOS DO RIO DE JANEIRO

Cia.Prod: Rio Film / Marques da Silva. Dir. Prod: Irineu Marinho. Dir / Arg: Henrique Maximiliano Netto. Operador de Câmera: Alfredo Musso. El: João Barbosa, Procópio Ferreira, Carlos Machado, Basilio Viana.

Segundo nos informa Jurandyr Noronha no seu Dicionário, esta produção foi patrocinada pelo capitalista Marques da Silva e pelo jornal A Noite, de propriedade de Irineu Marinho. O filme deveria ter sido um seriado de 10 capítulos, mas somente o primeiro, com 6 partes, foi terminado e exibido com o título de Os Vikings ou O Tesouro do Viking. Resultou, no entanto, em uma história com começo, meio e fim. Ainda conforme Jurandyr, o espetáculo foi lançado no Cine Palais no Rio de Janeiro em 25 de outubro de 1917. Alex Viany no seu livro Introdução ao Cinema Brasileiro confirma que somente o primeiro episódio foi feito, mas diz que Coelho Neto escreveu o argumento e “também mexeu na direção”. Viany não diz nada a respeito do elenco.

UM SENHOR DE POSIÇÃO

Cia. Prod: Veritas. Prod: Irineu Marinho. El: Belmira de Almeida, Guy de Monreal, Virginia Lazzaro, Margarida Ramos, Alberto Ferreira, Delfina de Araujo, Marietta Santos, Elvira Roque.

Araken Campos Pereira Junior em Cinema Brasileiro (1908-1979) relaciona o filme em 1925, cita Medeiros e Albuquerque como argumentista, Fausto Muniz como fotógrafo e inclui Procópio no elenco. De acordo com A Noite, a estréia dessa comédia de costumes ocorreu em 13 de dezembro de 1917 no Cinema Parisiense do Rio em programa duplo com outra produção da Véritas, o drama Ambição Castigada, tendo como autor do argumento Medeiros e Albuquerque. Quanto a Procópio, o mencionado jornal não o aponta no elenco, embora seja possível  que ele, tendo feito breve aparição pouco meses antes num filme da mesma firma produtora, voltasse a aparecer em Um Senhor de Posição. Jurandyr Noronha no verbete de seu Dicionário referente a Procópio Ferreira, diz que a estréia de Procópio no cinema deu-se em Um Senhor de Posição (2ª versão), 1925, concordando com Araken. Por outro lado, Noronha redigiu um verbete sobre o filme Um Senhor de Posição de 1917, mas não fez outro sobre a suposta 2ª versão de 1925. Na revista Cinearte que, embora inaugurada em 3 de março de 1926, nos seus primeiros números ainda dava lançamentos de filmes de 1924 e 1925, não encontrei nenhum registro sobre uma possível 2a versão de Um Senhor de Posição.

1929

O MEU NARIZ

Prod: Byingtone Cia. El: Procópio Ferreira.

De acôrdo com a informação de Jurandyr Noronha, no seu Dicionário, trata-se de uma curta-metragem, apresentando um monólogo de Paulo Magalhães com a interpretação do ator Procópio Ferreira. Realizado no mesmo ano de Acabaram-se os Otários (primeiro longa-metragem brasileiro sonoro), esse pequeno filme foi uma consequência do alerta da Synchrocinex para a possibilidade de uma improvisação de filmes sonoros desde que se dispusesse de um equipamento para a gravação e prensagem de discos comerciais. E Byngton e Cia. possuia o equipamento  com que eram feitos os discos Columbia. Somente dois anos mais tarde a empresa apresentaria o seu longa-metragem Cousas Nossas. E ia evoluir para a Sonofilme.

1931

COISAS NOSSAS

Cia. Prod: Byington Prod: Alberto Byington. Dir / Arg: Wallace Doeney. Foto: Adalberto Kemeny. Câmera: Rodolfo (Rex) Lustig. Técnico de Som: Moacyr Fenelon. El: Procópio Ferreira, Stefania de Macedo, Zezé Lara, Corita Cunha, Helena Pinto de Carvalho, Nenê Biolo, Batista Junior, Arnaldo Pescuma, Francisco Alves, Dircinha Batista, Alzirinha Camargo, Jaime Redondo, Guilherme de Almeida, José Paraguaçu, Maestro Gaó, Sebastião Arruda, José Oliveira, Príncipe maluco, Jararaca e Ratinho, Napoleão Tavares e orquestra.

Segundo filme sonoro brasileiro de longa-metragem, ainda pelo sistema Vitafone, gravação com a aparelhagem da Columbia, editora e distribuidora de discos.

É uma revista musical imitando as realizadas em Hollywood no começo dos anos 30 com elenco de astros do teatro e do rádio. Procópio diz um monólogo e o poeta Guilherme de Almeida serve de mestre-de-cerimônias como era então moda nas produções norte-americanas do gênero.

1935

PROCOPIADAS

Prod:  Sonofilme. El: Procópio Ferreira.

No seu Dicionário, Jurandyr Noronha registra este curta-metragem com dois monólogos interpretados por Procópio Ferreira e exibido como complemento de Allô, Allô, Brasil nos cinemas Odeon (sala vermelha) do Rio e São Bento, em São Paulo, em 11 de fevereiro de 1935.

Neste mesmo ano, Procópio aparece falando num Cinédia-Jornal, que focalizava aspectos de sua chegada e desembarque no Rio de Janeiro. Foi a primeira vez que se fez num cine-jornal brasileiro a gravação da voz humana ao vivo. Esta informação preciosa nos foi dada por Hernani Heffner e consta no livro de Alice Gonzaga, 50 Anos de Cinédia.

1936

O TREVO DE QUATRO FOLHAS

Cia. Prod: Sonoarte. Dir: Chianca de Garcia. Arg: Chianca de Garcia, Tomás Ribeiro Colaço. Diálogos: Chianca de Garcia. Foto: Aquilino Mendes, Salazar Diniz, Joseph Barth, Dino Lamberti, Karl Weiss, Hameister. Mont: Antônio Lopes Ribeiro. Decoração: Antônio Soares. Mús: Pedro de Freitas Branco. El: Nascimento Fernandes (José Maria), Beatriz Costa (Manuela, Rosita), Procópio Ferreira (Juca), Mafalda Evandauns (Lola), Maria Castelar (Lúcia), Augusto Costa / Costinha (Cantor de Jazz), Antônio Sacramento (Empresário), Rafael Marques (Gerente de Fábrica), Alfredo Ruas (Pintor).

No enredo, José Maria faz-se passar por um célebre bailarino perante Rosita, uma aventureira, sósia de sua namorada Manuela, caixeira do quiosque “O Trevo de Quatro Folhas” que, afinal, é conquistada por Juca.

A filmagem em interiores deu-se no estúdio da Tobis Portuguesa e os exteriores em Lisboa, Porto, Estoril, Sintra- Monserrate, Braga e Leixões.

Esta super-produção, hoje considerada perdida, estreou em Lisboa, no cinema Tivoli em 6 de junho de 1937. No Rio de Janeiro, foi exibida no cinema Odeon, trazida pela Distribuidora Aliança.

A revista Cinearte, na sua seção A Tela em Revista, deu uma cotação regular ao filme. O comentarista manifestou-se assim sobre Procópio: “Procópio Ferreira, o maior ator brasileiro no gênero cômico, precisa encontrar muita benevolência por parte do público, para que se acredite que ele inspire paixões. Procópio, apesar de surgir muito bem fotografado, é incrível como galã amoroso. A Manuela devia ter algum desvio ótico …. Não obstante a teatralidade que perpassa nesta película, quer nas situações quer nos desempenhos, Procópio é o mais natural. A fita oferece uma novidade – o nosso galã cômico trabalhando ao lado de dois grandes nomes do teatro. Fato que não se dá há anos”.

1940

PUREZA

Cia. Prod: Cinédia. Prod: Adhemar Gonzaga. Dir / Cenog: Chianca de Garcia. Ass. Dir / Maq : Fernando de Barros. Adapt: Milton Rodrigues, Chianca de Garcia bas. romance José Lins do Rego. Diálogos: J. L. do Rego. Foto: Aquilino Mendes. Ass. Câmera: Ruy Santos. Câmera: Rui Santos. Som: Hélio Barrozo Netto. Músicas: Dorival Caymmi. Orq: Radamés Gnatalli. Mont: Hippolito Collomb. Corte: Adhemar Gonzaga. El: Procópio Ferreira (Cavalcanti), Sônia Oiticica (Maria Paula), Nilza Magrassi, (Margarida) Sarah Nobre (Francisquinha) Conchita de Moraes (Felismina), Roberto Acácio (Chico Bem -Bem), Sérgio Serrano, cujo verdadeiro nome era Emídio Caiado, que se tornou senador e pai de Ronaldo Caiado (Dr. Jorge), Sadi Cabral (Cego Ladislau), Manoel Rocha (Coronel Juçara), Mendonça Balsemão, Reginaldo Calmon Elias Celeste, Roberto Lupo, Pedro Dias, Zizinha Macedo, Bandeira de Melo, Arthur Leitão, Jayme Pedro Silva (Joca), colaboração da Escola de Samba Paz e Amor.

Esta adaptação do romance de José Lins do Rego, recebeu o prêmio de Melhor Filme Nacional de 1941, conferido pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). É um relato da degenerescência moral progressiva de uma família pobre de um pequeno lugarejo paraibano pelo contato com um perseguido político dissoluto. Este desperta o amor de duas irmãs, Maria Paula e Margarida, humilha o pai das moças, e abusa da ignorância e subserviência dos trabalhadores agrícolas da região. Procópio é Antonio Cavalcanti, acovardado e relapso chefe da estação Pureza, casado com D. Francisquinha e pai de Maria Paula e Margarida. O diretor Chianca de Garcia  veio especialmente de Portugal, contratado pela Cinédia, e trouxe alguns técnicos com ele, como o fotógrafo Aquilino Mendes. As tomadas externas foram realizadas em Suruí, Mangaratiba e Cachoeira de Marimbondos (SP). Comentário de Salvyano Cavalcanti de Paiva, em História Ilustrada dos Filmes Brasileiros (1928-1988): “Embora o recitativo do filme seja teatral, há uma sequência admirável – a da morte de Joca, um negrinho de recados que, em um bote desgovernando, precipita-se numa cachoeira”.

1944

BERLIM NA BATUCADA

Cia. Prod: Cinédia. Prod / Rot: Adhemar Gonzaga. Dir: Luiz de Barros. Ass. Dir: Jurandyr Noronha. Arg: Herivelto Martins. Rot / Cenografia: Luiz de Barros, Adhemar Gonzaga e Herivelto Martins. Foto: Ludovico Berendt. Maq: Reginaldo Calon. Mús: Benedito Lacerda. Mont: W.A.Costa. Som: A.P. Castro. El: Procópio Ferreira (Zé Carioca), Delorges Caminha (Turista americano), Francisco Alves (Chico) Solange França (Odete), Alfredo Vivianne (Pacheco), Lyson Caster (Sra. Pacheco), Chocolate (Secretário do turista), Léo Albano (Compositor de sambas), Luizinha Carvalho (Namorada do compositor), Carlos Barbosa (Dono do bar), Jararaca e Ratinho (Garções desastrados), Manoel Rocha (Dono da pensão Carvalhaes), Matilde Costa (Dona da pensão), Pery Martins (Menino), Pedro Dias (O que empurra sempre no narigudo), Octávio de França (Motorista), Jupira Brasil, Nair Santos, Claudionor dos Santos, Lila e margarida de Oliveira (irmãs de Dalva de Oliveira).

Trata-se de um musical revista alusivo, somente no título e um pouco no repertório sonoro, à Segunda Guerra Mundial, tendo como ponto de partida um turista americano, que chega ao Brasil, para conhecer o carnaval carioca. Procópio é Zé Carioca, malandro típico, que quer enganar o gringo, encantado pela nossa música e nossas mulatas. Entre as canções, marchinhas, sambas e batucadas: A Lavadeira de Herivelto Martins; A Miserável … a mulher que me deixou de Alvarenga e Ranchinho – com o esquete diálogo de Hitler: Ivo de Freitas (como Hans von Chucruts) e  Chocolate;  A Tristeza de H. Martins e Heitor dos Prazeres com Leo Albano e Laurinha de Carvalho; Verão No Havaí de Benedito Lacerda e Haroldo Lobo com Fada Santoro cantando com a voz de Dalva de Oliveira e Margareth Lanthos (uma das havaianas); Silenciar a Mangueira, Não! De H. Martins e Grande Otelo com  Francisco Alves;  pot pourri de adaptações de músicas clássica com Edu e sua gaita; A Marcha do Boi de Pedro Camargo com os Trigêmeos Vocalistas; Bom Dia Avenida; Quem viu a Praça 11 Acabar de Herivelto Martins com o Trio de Ouro; Desafio de piadas, Príncipe Maluco; Não me nego, sou do samba de Heitor dos Prazeres com Chocolate  e Flora Mattos; Graças a Deus de Grande Otelo com os Índios Tabajaras; Odette de H. Martins e Dunga: Quem Vem Descendo de H. Martins e Principe Valente com o Trio de Ouro, Francisco Alves e girls do Cassino da Urca;: A Voz do Violão de Horácio Campos (letra) e Francisco Alve (música) com Francisco Alves.Arranjos e orquestrações de Morpheu Belluomini; gravações com as orquestras de Napoleão Tavares e Benedito Lacerda. Obs. Pela primeira vez no cinema brasileiro, aparecia a trucagem de diálogo com o mesmo artista na mesma cena –  Silvino Neto falava com Silvino Neto (o Pimpinela, num esquete onde fazia quatro papéis diferentes.

1951

O COMPRADOR DE FAZENDAS

Cia. Prod: Maristela. Prod: Mario Civelli. Dir: Alberto Pieralisi. Ass. Dir: Sérgio Britto, Marcos Mergulies. Rot: A. Pieralisi, Guilherme Figueiredo, Mário del Rio, Gino De Santis bas. conto Monteiro Lobato. Cenários : Rafael de Oliveira, Luciano Gregory. Dir. Arte: Franco Ceni, Alexandre Korowaiszik. Vest: Francisco Balduino. Mús: Enrico Simonetti. Foto: Aldo Tonti. Ass. Câmera: Adolfo Paz Gonzalez. Mont: José Canizares. El: Procópio Ferreira (Moreira), Henriette Morineau (Isaura), Hélio Souto (Pedro Trancoso), Margot Bittencourt  com a voz de Lia de Aguiar (Gilda), Jaime Barcelos, Jackson de Souza, Elísio de Albuquerque, Paulo Matozinho, Vitalina Gomes, Carlos Ortiz, Marilu Vasconcellos, Marcos Lyra, José Mercaldi, Garibaldini Ono, Ermínio Spalla, Vicente Troise, Paulo Vitalino,  Luiz Gonzaga e sua sanfona.

Henriette Morineau e Procópio Ferreira em O Comprador de Fazendas

Esta adaptação livre do conto de Monteiro Lobato fez muito sucesso principalmente devido às situações cômicas  provocadas pelas artimanhas  do fazendeiro arruinado Moreira, vivido por Procópio. Moreira é um fazendeiro arruinado que quer vender sua fazenda Espigão, para pagar os credores. Um pintor de paredes lê o anúncio e se apresenta como um interessado em comprar a fazenda. Na verdade ele pensa apenas em se aproveitar da situação para passar um bom fim de semana no campo. Moreira, por sua vez, de cumplicidade com seus credores, faz de tudo para disfarçar o estado precário de sua propriedade. O desempenho dos dois grandes artistas veteranos do palco, Procópio e Henriette Morineau, é o ponto alto do filme, arrancando boas gargalhadas do público. A música “Festa no Arraiá”, executada por Luiz Gonzaga, foi composta especialmente para o filme.

1953

O HOMEM DOS PAPAGAIOS

Cia. Prod: Multifilmes. Prod: Mario Civelli. Dir: Armando Couto. Ass. Dir: Roberto Santos. Argumento: Procópio Ferreira. Rot: Glauco Mirko Laurelli. Diálogos: Sérgio Britto. Foto: Giulio de Luca. Mús: Guerra Peixe. Câmera: Adolfo Paz Gonzalez. Cenografia: Franco Ceni. Mont: Gino Tálamo. El: Procópio Ferreira (Epaminondas), Ludy Veloso, Hélio Souto, Eva Wilma, Elísio de Albuquerque, Herval Rossano, Arrelia (Waldemar Seyssel), Hamilta Rodrigues, Ítalo Rossi, José Rubens, Mário Benvenutti, João Alberto.

Em São Paulo, o sorveteiro Epaminondas vende fiado para crianças pobres e acaba perdendo o emprego. Ele deve oito meses de aluguel e tem muitas dívidas no armazém das redondezas. Um velho amigo, dono de uma grande imobiliária, o convida para trabalhar como zelador de uma mansão que está desocupada. Quando Epaminondas chega no local e aparece na janela com pose de ricaço, os vizinhos pensam que ele é o proprietário. Com esta mesma impressão, os comerciantes correm para lá e oferecem seus produtos e serviços. Epaminondas compra do bom e do melhor e paga tudo com notas promissórias. Quando os “papagaios” vencem, os credores descobrem que o Doutor Epaminondas não tem um tostão para pagar.

Nesta divertida comédia de costumes satírica, Procópio, sem abdicar de seus maneirismos, compõe perfeitamente o tipo do golpista simpático e domina o espetáculo, concentrando todas as atenções sobre sua pessoa. A moral do  personagem é a seguinte: quanto mais você deve, mais  os credores vão lhe ajudar, porque não têm opção. Com a filosofia de dever muito para ser respeitado, Epaminondas gasta cada vez mais, contratando um mordomo (que nunca recebe seu ordenado), adquirindo todos os quadros de uma galeria de arte, comprando uma nova mobília para a mansão, etc. e o resultado, a gente vê no final.

1954

A SOGRA

Cia. Prod: Multifilmes. Prod: Mário Civelli. Dir: Armando Couto. Ass. Dir: Sergio Britto. Arg: Alberto Dines. Rot: Renato Tignoni, Glauco Mirko Laurelli. Foto: Rui Santos. Cenografia: Franco Ceni. Mont: Gino Tálamo. Mús: Guerra Peixe. Regente: Cláudio Santoro. El: Procópio Ferreira (Arquimedes), Maria Vidal (a sogra), Ludy Veloso, Arrelia (Waldemar Seyssel), Eva Wilma, Elísio de Albuquerque, Riva Nimitz, Herval Rossano, Sérgio Britto, Jayme Barcelos, Armando Couto, Caetano Gerardi, Ítalo Rossi, Sérgio de Oliveira, Alberto Dines, Eduardo Tanon.

Comédia de costumes com Procópio dando vida a Arquimedes, o chefe de uma estação ferroviária, que recebe a inesperada visita da sogra rabugenta. Para seu desespero, ele logo descobre que, na verdade, ela veio morar com a família. Surgem aí os contratempos.

O filme foi rodado inteiramente em logradouros públicos de Mairiporã, SP (onde se localizava o estúdio da Maristela), com cenas no interior da antiga igreja matriz, coreto da praça das Bandeiras, interiores do Cine Maria Luiza e entrada da cidade.

1956

QUEM MATOU ANABELA?

Cia. Prod: Maristela. Prod: Alfredo Palácios. Prod. Assoc: Mario Audrá Junior. Dir: D.A. Hamza. Arg: Orígenes Lessa bas. idéia de Salomão Scliar. Rot / Diálogos / Adapt: Miroel Silveira. Foto: Rudolph Iczey. Câmera: Adolfo Paz Gonzalez, Cenografia: Carlos Jachert. Mús: Gabvriel Migliori. Mont: José Canizares. El: Procópio Ferreira (Comissário Ramos), Ana Esmeralda (Anabela), Jayme Costa, Carlos Cotrim, Ruth de Souza, Aurélio Teixeira, Nydia Lícia, Olga Navarro, Carlos Zara, Carlos Araujo, Stela Gomes, Américo Taricano, Marina Prata, Lourdes Freire, Ary Fernandes, Jorge Pisani, João Franco, Francisco Camargo.

A bailarina Anabela, estrela do cinema e da televisão, é assassinada e seu corpo encontrado a beira de uma represa em São Paulo. Encarregado do caso, o Comissário Ramos interroga os principais suspeitos. De cada um deles obtém uma confissão de assassinato e uma descrição completamente diferente da personalidade da vítima. O mistério aumenta até o final surpreendente.

Primeiro e único filme em que Procópio Ferreira e Jaime Costa, dois monstros sagrados do teatro brasileiro trabalharam juntos. Ana Esmeralda, estrela e dançarina espanhola, que havia vindo ao Brasil para o Festival de Cinema do Quarto Centenário da Cidade de São Paulo, acabou se envolvendo com o produtor Mario Audrá Junior, com quem se casou. Audrá convidou os húngaros  Didier (Dezso) Akos de Hamza e Rudolph Iczey para assumir respectivamente a direção e a fotografia deste drama policial com um desfecho inusitado.

1960

TITIO NÃO É SOPA

Cia. Prod: Cinedistri. Prod: Oswaldo Massaini. Prod. Ass: Eurides Ramos, Alipio Ramos. Dir: Eurides Ramos. Rot: Eurides Ramos, Victor Lima. Foto: Hélio Barrozo Netto. Mús: Radamés Gnatalli, Vicente Paiva. Câmera: Antônio Gonçalves. Des. Prod: Wilsom Monteiro, Benedito Macedo. Mont: Hélio Barrozo Netto. Coreografia: Helba Nogueira. El: Procópio Ferreira (Gregório), Eliana Macedo (Verinha), Ronaldo Lupo (Luiz), Herval Rossano (Paulo de Almeida Rios), Nancy Montez (Julie), Afonso Stuart (Amaro), José Policena (Engenheiro), Grace Moema (Emengarda), Zélia Guimarães (Isaltina), Sônia Morais (Aurora), Rafael de Carvalho (Azevedo), Paulo de Carvalho (Gaspar), Grijó Sobrinho (Vizinho), Angelito Mello (Paranhos), Delfim Gomes (pedreiro), Azelita Ivantes (Beatriz), Luiz Mazzei (Garçom), Chiquinho (Garçom), Wilson Grey.

Comédia de costumes baseada numa peça teatral. A trama diz respeito a um milionário, tio Gregório, que chega ao Rio de Janeiro para fiscalizar as obras de um asilo de velhos, cuja construção vinha patrocinando. Ele descobre que seu sobrinho desviava o dinheiro para aplicá-lo na instalação de uma buate.

No transcorrer do filme surgem estes números musicais: “Quero beijar-te as mãos” de Arcênio de Carvalho e Lourival Faissal, com Anísio Silva; “Mamãe eu quero” de Jararaca (arranjo de Vicente Paiva e José Calazans  e orquestração de Pachequinho) com Eliana Macedo; “Baiano burro nasce morto” de Waldeck Artur de Macedo com Gordurinha e Mário Tupinambás.

1965

CRÔNICA DA CIDADE AMADA

Prod: Paulo Serrano, C. H. Christensen. Dir: Carlos Hugo Christensen. Rot: Millôr Fernandes, C. H. Christensen. Foto (Eastmancolor): Ozen Sermet. Narração: Paulo Autran. El: Procópio Ferreira, Magalhães Graça, Jardel Filho, Ziembinski, Thais Portinho, Milton Carneiro, Marivalda, Márcia de Windsor, Leilany Fernandes, Fernando Pereira, Grande Otelo, Eliezer Gomes, Pepa Ruiz, Sérgio de Oliveira, Oscarito, Liana Duval, Ismália Pena, Armando Nascimento, Osvaldo Louzada, Hamilton Ferreira, Ana Di Pardo, José C. Correa, Germano Filho, Lúcia Pereira, Lita Palácios, Ricardo de Luca, Mário de Lucena, Vagareza, Fregolente, Cecil Thiré, Manoel Vieira, Jaime Costa, Moacir Deriquém, Duarte Moraes, Siwa Castro, Otavio Cardoso, Adalberto Silva, Janira Santiago, Deborah Rubinstein, Luiz Viana, Jota Barroso.

Filme de episódios baseados em histórias de vários autores: 1 – O Índio (Carlos Drummond de Andrade); 2 – Iniciada a Peleja (Fernando Sabino); 3 – O Homem que se Evadiu (Dinah Silveira de Queiroz); 4 – Um Pobre Morreu (Paulo Rodrigues; 5 – Receita de Domingo (Paulo Mendes Campos); 6 – A Morena e o Louro (Dinah Silveira de Queiroz); 7 – Aparição (Paulo Mendes Campos); 8 – O Mal-Entendido (Orígenes Lessa): 9 – O Pombo Enigmático (Paulo Mendes Campos); 10 – Aventura Carioca (Paulo Mendes Campos); 11 – Luiza (Carlos Drummond de Andrade). Procópio intervém ao lado de Magalhães Graça no segmento O Índio, uma discussão imprevista e curiosa num bar do centro da cidade.

1971

COMO GANHAR NA LOTERIA SEM PERDER A ESPORTIVA

Cia. Prod: Herbert Richers. Prod: H. Richers, J. B. Tanko. Dir: J. B. Tanko.  Ass. Dir: Rubens Azevedo. Rot: J. B. Tanko, Flávio Migliaccio, Gilvan Pereira, Nelson Rodrigues. Foto (Eastmancolor):  Antônio Gonçalves. Mús: Edino Kruger. Mont: Waldemar Noya. El: Flávio Migliaccio (Anadi), Costinha (Jasmim), Agildo Ribeiro (Sacristão), Procópio Ferreira (Coronel Felício), Otelo Zeloni (Felisberto), Paulo Porto (Afrânio), Maria Della Costa (Amália), Fregolente (Jorge), Renata Fronzi (Guiomar), Afonso Stuart (Ananias), Labanca (Padre), Milton Villar (Mendigo), Celeste Aida (Mimi) Rodolfo Arena (F;elix), Mário Benvenutti (Vendedor), Wilson Grey (Bicheiro), Silva Filho (Ademir), Jorge Cherques (Delegado), Maria Anders (Marta), Lygia Diniz (Marilu),  Zeny Pereira (Severina), Edgar Martorelli, (Clovina) Maria Pompeu (Neuza), Helena Velasco (Suely), Carvalhinho (Manolo), Ilva Niño (Zefa), Francisco Dantas (Médico), Tony Jr., (Freguês), Fernando Repsold (Betinho), Teresa Mitota (Ana Rosa), Luiz Mendonça (João), Waldir Fiori, Antônio Miranda, Milton Luiz, Fernando José, Angelo Antônio, Noêmia Barros, Iracy Benvenuti, Wandick Wandré, Yara Vitória, Danton Jardim.

Procópio comparece nesta comédia tendo por motivo um teste da Loteria Esportiva. Ele é vencido por milhares de pessoas mas, antes da divulgação do resultado, muitas delas supõem que foram as únicas a fazer os 13 pontos, que lhes garantiriam uma vida bilionária. O filme mistura futebol, loteria esportiva e crônica de costumes. Para o diretor, seria “um drama disfarçado de comédia, mostrando o jôgo como uma válvula de escape do homem urbano, fazendo às vêzes crítica social”; porém, infelizmente, não passa de uma chanchada, arrastada e cansativa.

EM FAMÍLA

Cia. Prod: Produções cinematográficas R. F. Farias. Prod: Roberto Farias, Paulo Pôrto.. Ger. Prod: Saul Lachtermacher. Dir: Paulo Pôrto. Ass. Dir: Emiliano Ribeiro, André José Adler. Rot: Oduvaldo Viana Filho, Ferreira Gullar, Paulo Pôrto bas. Veresão brasileira da peça de Helen e Nolan leary. Foto (Eastmancolor): José mederos. Cen / Fig: Cláudio Tovar. Mont: Rafael Justo Valverde. Mús: Egberto Gismonti. Som: Juarez Dagoberto da Costa. El: Iracema Alencar (Dona Lu), Rodolfo Arena (Seu Souza), Paulo Pôrto (Jorge), Odete Lara (Neli), Anecy Rocha (Corinha), Procópio Ferreira (Afonsinho), Antero de Oliveira (Roberto),  Fernanda Montenegro (Anita), Elisa Fernandes (Suzana), Alvaro Aguiar (Arlindo), Norah Fontes (Aparecida), Pedro Camargo (Wilson), Fernando José(Comissário), Moacir Derinquem (Médico), Francisco Dantas (Honório).

Ameaçados de despejo da casa onde moram em Patí dos Alferes, Seu Souza e Dona Lu chamam os cinco filhos para resolver o problema. A solução inicial é separar os velhos. Mas eles criam problemas para os filhos que os abrigaram. Afinal, Dona Lu vai para o asilo e Seu Souza, adoentado, para a casa de uma das filhas. Os dois velhos passam juntos o último dia antes da separação. Seu Souza não sabe que sua mulher vai para o asilo e promete arranjar um emprego para mandar buscá-la. Os filhos  – que Seu Souza não quer ver – observam a cena de longe.

Esta história comovente e universal sobre a tragédia da velhice, tem como fonte básica o romance The Years Are So Long de Josephine Lawrence. Posteriormente virou peça teatral de Helen e Nolan Leary e finalmente chegou ao cinema em 1937 no filme A Cruz dos Anos / Make Way for Tomorrow de Leo McCarey. Adaptada à televisão brasileira por Walter George Durst como Pais e Filhos, passou para o palco brasileiro em peça de Oduvaldo Viana Filho, Ferreira Gullar e Paulo Pôrto, que a transportaram para a tela.

Por causa de seu tema sentimental – o que fazer com um casal de velhinhos que não tem onde morar? – o espetáculo dirigido por Paulo Pôrto teve forte comunicabilidade com o público. Como observou muito bem o crítico Pedro Variano (in Província do Pará, 9.6.71, reproduzida no Guia de Filmes do INC, nº 32): “A linguagem de Pôrto é econômica, precisa, inclusive na porção de comédia que ele joga para temperar de risos o drama dos personagens. Não há exagero (…) nem rendição incondicional ao melodrama. O diretor passa perto das melosidades radiofônicas – ou telenovelescas – sem se contaminar pela pieguice”.

Procópio é Afonsinho, o amigo que Seu Souza cismou de levar para dentro da casa de seu filho.

AC

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  • Muito legal a matéria, grande omenagem a um grande astro. E falando nisso adoro filmes dessa época, como faço para comprar os filmes:
    - Mistério no Rio
    - Pureza
    - Coisas Nossas
    - Trevo de Quatro Folhas
    aguardo
    Gil

    • Gil, Infelizmente a maioria da produção nacional dos anos 30 e 40 se perdeu. A Sra. Alice Gonzaga restaurou alguns filmes da Cinédia, porém ela ainda não encontrou financiador para passá-los para dvd. Há pouco tempo ela promoveu uma sessão de cinema com alguns títulos, inclusive o único filme interpretado pela saudosa Dulcina de Moraes. Você pode tentar Cine TV Nostalgia (ver este site no google). Lá eles têm muitos filmes brasileiros, alguns antigos.

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