De todos os Tarzans da tela, Johnny Weissmuller foi o que mais se identificou com o papel, permanecendo como um símbolo do próprio herói, e será eternamente lembrado pelos fãs.
Janos (Johann) Weiszmueller, filho de Petrus Weiszmueller e Ersebert (Elisabetha) Kersch nasceu em 2 de junho de 1904 na cidade de Szabadfalu, na região de Banat, cuja população era uma mistura de rumenos, austríacos, sérvios, húngaros, com os austríacos que falavam a língua alemã perfazendo vinte e três por cento do total. A família Weissmueller (originariamente Weiszmueller e depois Weissmüller) era de etnia austríaca. Após a Primeira Guerra Mundial, foram feitas mudanças nas fronteiras e a área de Banat da Hungria tornou-se parte da Rumenia e da Yugoslavia. Nesta ocasião, a cidade de Szabadfalu passou a se chamar Freidorf. Em 1905, os Weiszmueller tiveram outro filho, Petrus, que nasceu em Windber, Pennsylvania nos Estados Unidos, para onde a família se emigrara.
Aos doze anos de idade, Johnny saiu da escola pública e, para ajudar nas despesas da família, trabalhou como mensageiro de hotel e depois como ascensorista, freqüentando, nas horas vagas, uma escola de natação. Em 1916, ele entrou para a equipe de natação da YMCA (Young Men’s Christian Association). Pouco tempo depois, encontrou o homem que mudaria sua vida: o técnico “Big Bill” Bachrach, principal treinador do Illinois Athletic Club de Chicago. Johnny começou seu treinamento sob as ordens de Bachrach em outubro de 1920, mas aprendeu também observando o estilo de seus colegas Norman Ross, Perry McGillivray e Harry Hebner. Johnny incorporou o melhor de cada um desses estilos e se preparou para a Olimpíada.
Como Johnny Weismuller Jr., recorda no seu excelente livro, Tarzan My Father (ECW Press, 2002) – do qual extraímos quase todas as informações para este artigo -, durante alguns mêses de 1922 e de todo o ano de 1923, Johnny venceu prova após prova. Ele estava em ótima forma, porém sua grande preocupação era com a Olimpíada, que se realizaria em Paris. Havia um sério problema. Para integrar a equipe olímpica dos Estados Unidos seria preciso comprovar a cidadania americana, apresentando uma certidão de nascimento válida. Johnny não possuía tal documento.
Então ele e sua mãe, com a conivência do irmão Peter, armaram um plano: os dois irmãos trocariam suas identidades, mediante uma falsificação. Dessarte, Peter passou a ser o estrangeiro e, por necessidade, o irmão mais velho de Johnny.
Na Olimpíada de 1924, Johnny Weissmuller ganhou medalhas de ouro nos 100 e 400 metros em estilo livre, e uma terceira medalha de ouro integrando a equipe de revezamento para os 800 metros. O Presidente da França ofertou-lhe uma medalha especial como reconhecimento pela sua incomparável performance. Johnny ficou muito feliz e orgulhoso, mas também muito nervoso, atormentado por pensamentos sobre as possíveis conseqüências do ato ilícito que ele e sua mãe cometeram.
No seu retorno aos Estados Unidos, Johnny. descobriu que havia se tornado uma celebridade. Ele foi convidado para ir à Casa Branca receber as congratulações do Presidente Calvin Coolidge e as pessoas mais importantes do país queriam conhecê-lo pessoalmente. Seu treinador vetou a maioria dos convites, mas como era fã de Douglas Fairbanks, aprovou uma visita ao estúdio da MGM, onde o famoso ator estava trabalhando num filme intitulado O Pirata Negro / The Black Pirate. / 1926. Conforme nos conta Johnny Weissmuller Jr., durante o almoço, Johnny foi apresentado a um homem chamado Sol Lesser, que o ignorou completamente. Lesser estava tentando convencer Fairbanks a realizar um projeto de filme baseado em Tarzan of the Jungle de Edgar Rice Burroughs porém,. Fairbanks não estava interessado. De repente, Fairbanks olhou para Johnny e disse: “E este rapaz? Seu nome é Johnny Weissmuller, ele é um ídolo nacional da natação, e até que se parece com Tarzan, você não acha?”.Lesser se virou e olhou realmente para Johnny pela primeira vez. “Acho que não”, respondeu Lesser. “O que precisamos para este papel é de um astro!”. Assunto encerrado. Seis anos mais tarde, a MGM implorou a Johnny Weissmuller para assinar um contrato para interpretar o papel principal de Tarzan, o Filho das Selvas, mas ele recusou.
Na Olimpíada de 1928, em Amsterdam, Johnny ganhou mais duas medalhas de ouro para a equipe dos Estados Unidos e foi recebido com todas as honras em Nova York. O prefeito Jimmy Smith lhe entregou as chaves da cidade, mas ele não teve tempo de passear por Manhattan como desejava, porque o treinador Bachrach levou-o logo para o Japão, a fim de competir com os japoneses. Poucos dias antes do evento, Bachrach ficou sabendo de que os japonêses treinavam na água fria e assim planejavam aumentar suas chances de vitória enchendo a piscina com água gelada. Bachrach tornou essa ameaça inofensiva, obrigando Johnny a sentar numa banheira de água gelada, até se acostumar com a baixa temperatura. Ele venceu todas as provas.
Os treinadores japoneses ficaram muito impressionados com o jovem nadador americano e lhe ofereceram um emprego como treinador de seus estudantes para a próxima Olimpíada, que se realizaria no Japão. Johnny recusou e os japoneses lhe disseram que ele iria se arrepender. Johnny deu uma risada e disse: “Veremos, meu amigo Buster Crabbe também estará competindo e eu estou apostando nele”. Na Olimpíada de 1932, Crabbe ganhou uma medalha de ouro, vencendo por apenas um décimo de segundo o campeão francês Jean Taris. Crabbe comentaria mais tarde que aquele um décimo de segundo mudou sua vida. A Paramount lhe ofereceu um contrato de 200 dólares por semana.
Johnny deixou a natação competitiva em 1929 e passou a fazer exibições ou a dar aulas em hotéis da Florida em troca de hospedagem e refeição. Ele participou – ao lado de outros atletas das piscinas – de um curta-metragem de onze minutos, Crystal Champions (Dir: Jack Eaton), produzido por Grantland Rice. Posteriormente assinou, por intermédio de Bachrach, um contrato com a BVD (Bradley, Voohries, and Day), uma firma que vendia maiôs. Johnny funcionou como representante dessa firma, atuando em espetáculos de natação, comparecendo a programas de entrevistas no rádio, dando autógrafos, e distribuindo folhetos de promoção dos produtos. Johnny escreveu um pequeno livro autobiográfico com Clarence A. Bush, Swimming the American Crawl, e dedicou a obra para William Bachrach e os membros do Illinois Athletic Club. Ele trabalhou para BVD por cerca de dois anos e nunca imaginou que pudesse ganhar tanto dinheiro.
Entretanto, quase perdeu o emprego, por ter feito uma breve aparição num filme da Paramount chamado A Glorificação da Beleza / Glorifying the American Girl / 1929 (Dir: Millard Webb), supervisionado por Florenz Ziegfeld com vários convidados especiais (Eddie Cantor, Adolph Zukor, Helen Morgan, Rudy Vallee, Noah Beery, Texas Guinan, etc.). Johnny surgia numa cena sobre grandes amantes, a começar por Adão e Eva. Ele fazia o papel de Adão e juntamente com a estrela, Mary Eaton, tinha o corpo coberto somente por uma folha de figueira. Preocupada com o fato de que aquela imagem de seu empregado pudesse prejudicar as vendas de sua mercadoria, a BVD obrigou a Paramount a tirar o nome de Johnny dos créditos e a cortar quase toda a cena, deixando somente os planos mais afastados. Segundo consta, Weissmuller participou também dos shorts esportivos: Big Splash, Swim or Sink, Water Bugs, The Human Fish, etc., mas Johnny Weismuller, Jr. não os menciona no seu livro.
No começo de 1931, a MGM não sabia o que fazer com as tomadas que haviam sobrado de sua produção Trader Horn / Trader Horn sobre uma deusa branca nas selvas africanas com Edwina Booth, Harry Carey e Duncan Renaldo nos papéis principais, quando surgiu a idéia de aproveitá-las em filmes de Tarzan.
Escolhido para dirigir Tarzan, o Filho das Selvas, W. S. Van Dyke, que havia firmado sua reputação com Trader Horn, começou a procurar o ator ideal para o Rei das Selvas. Depois de rejeitados, entre outros, Clark Gable, Charles Bickford, Johnny Mac Brown e Tom Tyler, o roteirista Cyril Hume “descobriu” o novo Tarzan. Vendo Johnny Weissmuller nadar na piscina do hotel onde estava hospedado, ele se apresentou e o convidou para fazer um teste nos estúdios da MGM. Hume explicou a Johnny que havia acabado de ser designado para escrever um roteiro baseado no personagem Tarzan de Edgar Rice Burroughs. Johnny respondeu:”E o que isto tem a ver comigo?”. “Estou lhe oferecendo a chance de trabalhar no cinema, Mr. Weissmuller”. “Ah, é? Eu vou encontrar Jean Harlow?”. No dia seguinte, Hume levou sua descoberta para almoçar no restaurante do estúdio e Johnny de fato viu Jean Harlow – assim como Joan Crawford, Norma Shearer, Clark Gable, Wallace Beery, Marie Dressler, Jackie Cooper e até Greta Garbo. Ele ficou fascinado.
Depois, Hume levou Johnny para conhecer Bernard Hyman, o produtor do filme sobre Tarzan e Woody Van Dyke, o diretor. A carreira de Weissmuller quase acabou ali mesmo. Hyman pediu-lhe que tirasse sua camisa, para que pudessem ver seus músculos. Hyman e Van Dyke beliscaram e apalparam Johnny e então Hyman perguntou qual era o seu nome. Quando Johnny respondeu, Hyman lhe disse, “Weissmuller? Não podemos usá-lo. Muito longo para uma marquise. Não importa. Podemos achar um nome menor”. A esta altura, Hume percebeu que Johnny estava ficando nervoso e, para acalmá-lo, falou: “Mr. Hyman, o senhor não sabe quem ele é? Este é Johnny Weissmuller, o campeão mundial de natação! O homem é famoso! O senhor não pode mudar o seu nome!” Hyman replicou que nunca havia visto o nome “Weissmuller” no Variety, de modo que o rapaz não deveria ser tão importante. Hume sugeriu que eles autorizassem um teste cinematográfico e Van Dyke achou que isto não era necessário: “Este é o cara que eu quero para o papel de Tarzan. Ele tem o físico ideal para o personagem e, na verdade, não vai precisar interpretar muito. Só vai ter que cumprir ordens”.
Após Hyman e Van Dyke terem discutido a sós por alguns minutos, eles ofereceram a Johnny um contrato opcional de sete anos e um salário inicial de 175 dólares semanais. Johnny delicadamente não aceitou. Hyman e Van Dyke lhe perguntaram a razão da recusa. Johnny lhes disse que a BVD já estava lhe pagando 500 dólares por semana e que ele ainda tinha de cumprir três anos desse contrato. Além disso, não tinha certeza de que tinha qualificações para ser ator e preferia não trocar o certo pelo duvidoso. Depois de mais um pouco de discussão, Johnny simplesmente se retirou. Nunca ninguém havia rejeitado uma oferta da MGM e a ordem dos chefões do estúdio foi: “Tragam-no de volta! Tragam Weissmuller!”. Não foi fácil, mas finalmente a BVD entrou em acordo com a MGM. A BVD abriria mão de Weissmuller desde que a MGM permitisse que todos os seus artistas contratados fossem fotografados em trajes de banho, inclusive Garbo, Crawford e Harlow.
Johnny foi chamado pela MGM para assinar um contrato de sete anos com o salário inicial de 250 dólares semanais com promessa de aumento, que iria chegar a mais de dois mil dólares por semana. Ele estava prestes a pôr sua assinatura no contrato quando um dos executivos disse: “Ah, há uma pequena condição da qual você deve estar ciente”. “E qual é esta condição?”. “Você deve se livrar de sua mulher. Não podemos ter um homem casado no papel de Tarzan. Aceita ou não aceita?”. Para surpresa dos executivos, Johnny foi embora de novo. No dia seguinte, ele foi chamado ao estúdio e assinou o contrato. Ainda estava casado.
Todavia, o estúdio continuou pressionando, não somente Johnny, mas também sua esposa, Bobbe Arnst, propondo gastar dez mil dólares, para ajudá-la na sua carreira de cantora, se deixasse o marido livre. Johnny foi fazer Tarzan, o Filho das Selvas e, em abril de 1932, rumou para Nova York para a pré-éstréia, deixando Bobbe em Hollywood. Quando voltou, ela lhe propôs o divórcio.
A próxima esposa “oficial” de Johnny Weissmuller – e a mais famosa – foi Lupe Vélez. Ele teria mais três esposas (Beryl Scott, Allene Gates, Maria Bauman), mas seu filho desconfiava que teria havido ainda outras, além das que foram reconhecidas como tal. Lupe atingiu o estrelato ao lado de Douglas Fairbanks em O Gaúcho / The Gaucho / 1927 e, no cinema sonoro, notabilizou-se como a temperamental Carmencita na série Mexican Spitfire da RKO ao lado de Leon Errol. Lupe enfernizou a vida de Johnny, até que se divorciaram em 1938. Em 20 de agosto de 1939, ele se casou com Beryl Scott, mãe de seus filhos Johnny Jr., Wendy e Heidi.
Johnny não gostou de Van Dyke, quando foi apresentado a ele no escritório de Bernard Hyman; porém depois reconheceu sua capacidade como diretor. Ele declarou: “Woody era duro, mas justo, e ele realmente sabia como filmar cenas de ação. Aprendí tudo sobre disciplina e como seguir as regras com Bachrach, de modo que não tive muitos problemas de relacionamento com Woody. Nunca nos tornamos amigos, mas sempre trabalhamos bem juntos, desde que eu fizesse o que ele me pedia”.
Tarzan, o Filho das Selvas (na reprise, Tarzan, o Homem-Macaco) / Tarzan, the Ape Man (Dir: W.S.Van Dyke) foi rodado nos estúdios da MGM com todos os requisitos das produções classe “A”, tendo o departamento de som providenciado o célebre berro, os roteiristas um dialeto tarzânico e, para as cenas mais arriscadas nos cipós, haviam os trapezistas The Flying Codonas (Alfredo e Tony Codona). O roteiro de Hume guardava pouca semelhança com o Tarzan de Burroughs e omitia todas as referências à origem do Homem-Macaco, concentrando-se primordialmente nas relações românticas entre ele e a jovem inglesa Jane Parker, interpretada por Maureen O’ Sullivan, hoje mais conhecida como a mãe de Mia Farrow. Jane Parker penetra na selva africana num safári juntamente com seu pai e dois caçadores em busca de um misterioso cemitério de elefantes. Tarzan rapta Jane e o safári é capturado por uma tribo de pigmeus. Tarzan vai resgatá-los – com a ajuda de uma manada de elefantes num final excitante. A combinação de Johnny Weissmuller e Maureen O’ Sullivan foi uma mágica da tela absoluta. “Me Tarzan, You Jane” subitamente tornou-se uma expressão conhecida em todo o mundo, (embora a verdadeira frase dita por eles tivesse sido “Tarzan, Jane”).
O segundo exemplar da série Tarzan feito na MGM, A Companheira de Tarzan / Tarzan and His Mate / 1934 (Dir: Cedric Gibbons) tinha a campeã olímpica Jacqueline McKim dublando Maureen nas cenas subaquáticas de nudismo – desaprovadas por Joseph I. Breen – e um desenlace sensacional com Tarzan provocando uma debandada de elefantes para salvar Jane. Este filme é considerado o melhor da série, não só pelo cuidado com a produção como pelo teor erótico dos encontros entre Tarzan e Jane.
No terceiro espetáculo, A Fuga de Tarzan / Tarzan Escapes /1936 (Dir: Richard Thorpe) estreou a macaca Cheeta (Chita), responsável pela parte humorística. Jane é procurada na selva por seus primos que irão informá-la sobre uma fortuna herdada de seus falecidos tios Ela terá direito à herança desde que abandone Tarzan e retorne à civilização. O filme teve uma primeira versão intitulada The Capture of Tarzan, que a MGM reputou demasiado violenta e, visando o público juvenil, submeteu-o a uma reedição com a filmagem de cenas adicionais.
Na aventura seguinte, O Filho de Tarzan / Tarzan finds a Son / 1939 (Dir: Richard Thorpe), surgiu Boy (Johnny Sheffield), o garotinho recém-nascido, único sobrevivente de um desastre aéreo, adotado por Tarzan e sua companheira. A Legião da Decência vinha protestando contra o fato de Taran e Jane nunca terem se casado oficialmente na tela e, para evitar críticas, a MGM resolveu realizar este filme, dando a Tarzan um filho adotivo e fazendo subntender que o Rei das Selvas levava com Jane uma vida casta.
O quinto filme, O Tesouro de Tarzan / Tarzan’s Secret Treasure / 1941 (Richard Thorpe), foi o mais caro e laborioso dos seis filmes de Tarzan produzidos pela MGM, tendo consumido dois anos de filmagem. Depois de salvarem Boy das garras dos nativos que pretendiam torturá-lo, os membros de uma expedição científica explicam a Tarzan que estão no encalço de certo rio, mas o Homem-Macaco descobre que, na verdade, eles cobiçavam o ouro da região.
Em 1939, o salário de Johnny na MGM havia atingido a soma de 2.500 dólares por semana. Os filmes de Tarzan estavam sendo realizados em intervalos cada vez maiores . Os executivos do estúdio acharam que isso era uma extravagância e “alugaram” Tarzan para Billy Rose por 5.000 dólares semanais, para que ele se exibisse no seu Aquacade na New York World’s Fair. Tarzan continuou a receber seu salário normalmente e a MGM embolsou a diferença. A companheira de Johnny no espetáculo era a campeã olímpica Eleanor Holm. Por causa de problemas com uma infecção no ouvido, Johnny não pôde continuar no Aquacade e foi substituído por Buster Crabbe. Depois, Eleanor saiu e entrou uma jovem e promissora Esther Williams no seu lugar.
Quando a MGM se desinteressou pela série de Tarzan, Sol Lesser ofereceu um lance pelo contrato de Weissmluller e o levou (juntamente com Johnny Sheffield) para a RKO. Maureen O’ Sullivan não aceitou a proposta, forçando Lesser a omitir Jane nos dois primeiros filmes da nova produtora. No filme inicial, Tarzan, o Vingador / Tarzan Triumphs / 1943 (Dir: William Thiele), Tarzan e Boy enfrentam os nazistas e no elenco estava Frances Gifford, a linda Nyoka do seriado A Filha das Selvas / Jungle Girl. Como era tempo de guerra, o público delirou quando Tarzan diz a frase: “Now Tarzan Makes War!”. A última cena ninguém esquece: os alemães escutam os guinchos de Chita pelo rádio e pensam que é o seu Führer dando as ordens. No segundo filme, Tarzan e o Terror do Deserto / Tarzan’s Desert Mystery / 1943 (Dir: Kurt Neumann), Tarzan e Boy voltam a lutar contra o Reich. Na terceira aventura, Tarzan e as Amazonas / Tarzan and the Amazons / 1945, com a nova Jane (Brenda Joyce), recompunha-se o trio familiar da jungle. Na subseqüente, Tarzan e a Mulher Leopardo / Tarzan and the Leopard Woman / 1946 (Dir: Kurt Neumann), a exótica Acquanetta liderava uma tribo de “homens-leopardos”.
Retomando a série Tarzan da RKO em Tarzan e a Caçadora / Tarzan and the Huntress / 1947 (Dir: Kurt Neumann), o Rei das Selvas viu-se de novo envolvido com caçadores de animais para o Jardim Zoológico. A derradeira personificação do herói de Burroughs deu-se em Tarzan e as Sereias / Tarzan and the Mermaids / 1948 (Dir: Robert Florey), sem Boy (que em breve se tornaria Bomba, na Monogram), mas com a belíssima Linda Christian e música de Dimitri Tiomkin. A história segundo a qual o dublé de Johnny, Angel Garcia, morreu ao cair dos altos rochedos junto ao mar em Acapulco, foi pura invenção dos publicistas. Aliás, o nome do dublé não era Angel e sim Raúl Garcia. Durante os entendimentos a respeito de novos filmes, Johnny pressionou Lesser para receber uma participação nos lucros e o produtor preferiu não renovar o contrato do ator, declarando à imprensa que ele estava sem forma física para o papel.
Então Sam Katzman, produtor da Columbia, ofereceu a Johnny uma percentagem nas rendas, para interpretar Jim das Selvas, personagem dos quadrinhos criado por Alex Raymond, o talentoso desenhista de Flash Gordon. Entre 1948 e 1956, Weissmuller apareceu em 16 filmes de média-metragem. Os enredos eram geralmente absurdos, as caracterizações inverossímeis, o ambiente africano falso, a estupidez dos bandidos implausível e Jim gostava de se arriscar à toa.
Em 1955, Jungle Jim foi para a televisão em 26 episódios de meia hora de duração. À frente do elenco Johnny, envelhecido e pesadão, encarava melancolicamente seu final de carreira, só voltando diante das câmeras em “pontas” nos filmes Conjunto de Espiões / The Phynx / 1970 e Won Ton Ton, o Cachorro Que Salvou Hollywood / Won Ton Ton, The Dog That Saved Hollywood / 1976.
No dia 21 de janeiro de 1984, aos 79 anos, ele veio a falecer no México, vitimado por um edema pulmonar. Sua morte emocionou os fãs do mundo inteiro, pois estes sabiam que jamais haveria outro Tarzan igual a Johnny Weissmuller.
Para não encerrar este artigo com uma notícia triste, reproduzimos uma história engraçada, contada por Johnny Weissmuller Jr. Numa viagem à Florida, no Biltmore Hotel em Coral Gales, Johnny passava muito tempo na piscina do hotel, onde conheceu um menino que tinha uma fisionomia muito triste Ficou amigo dele e o ensinou a nadar. O menino parecia solitário, mas nunca estava só. Dois grandalhões vestindo roupas espalhafatosas, sempre o acompanhavam. Johnny ficou intrigado, mas não perguntou nada. Isto continuou por algum tempo, Johnny pacientemente lhe ensinava a nadar. Os dois guarda-costas sempre observando. Um dia, o menino foi embora e nunca mais voltou. Pouco depois, Johnny recebeu um embrulho, entregue no seu quarto, que continha um magnífico relógio de ouro. Junto com ele veio um bilhete que dizia: “Obrigado por ter cuidado de meu filho” – Al Capone.
Seu lema era: superar-se a si mesma. Perfeccionista, ela considerava cada papel como um trampolim…
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Saudações A.C
Não tenho dúvidas que Weissmuller foi o Tarzan que mais marcou, muito embora não condizia com a personalidade original dos romances de Edgar Rice Burroughs, que era um lorde que sabia se comportar na civilização, era inteligente, mas quando se sentia ameaçado, evidentemente que o lado macaco dele falava mais alto, rs
Sabe-se que Burroughs não gostava desta interpretação a sua criação..
Admiro Weissmuller (que prefiro mais em Jungle Jim), mas para mim, que sou de uma geração um pouco mais posterior, fico com Gordon Scott e Ron Ely, da Tv, que se aproxima mais da inteligência do personagem nos romances originais de Burroughs. Lex Barker também foi bom, mas seguiu a linha interpretativa de Weissmuller para compor seu Homem-Macaco, e minha esposa costuma dizer que de todos os intérpretes, ele é o mais bonito.
Fato curioso é que Jock Mahoney, que se tornaria Tarzan em dois filmes na década de 1960, era um dos indicados para substituir Weissmuller, e na época ele era mais jovem e ágil, um ótimo Cowboy-ator-dublê que fez inúmeros trabalhos em "Durango Kid", entretanto perdeu a vaga para Lex Barker. Quando finalmente foi escalado para substituir Gordon Scott, já estava maduro para o personagem (segundo o site IMDB, é o intérprete de tarzan mais velho, tinha 52 anos), e depois veio a ter problemas de saúde durante a produção de uma das aventuras do Rei das Selvas no cinema.
Mas sem dúvida, se não foi o melhor e o mais poderoso Homem Macaco do cinema, certamente que Johnny Weissmuller foi o Tarzan Clássico por excelência, mesmo infidedigno ao personagem original de seu brilhante criador.
Saudações.
Obrigado Néry por mais este comentário que complementa meu artigo. Suas observações são muito pertinentes. Se minha memória não falha, existe um filme de Tarzan com Herman Brix, no qual este condizia com a personalidade original do personagem de ERB: As Novas Aventuras de Tarzan / The New Adventures of Tarzan / 1935.
Veritas, A.C, de fato existe um seriado estrelado por Herman Brix (depois mudou seu nome artístico para Bruce Bennett) que foi produzido pelo próprio ERB e rodado na Guatemala, e tudo na fita era bem mais fiel aos livros, até a caracterização de Brix foi feita com perfeição e fidelidade como exigia os romances (tinha um físico mais musculoso do que Weissmuller).
Entretanto, o público preferiu Weissmuller, e é importante também frisar que na mesma época que Johnny brilhava nas telas como o herói de ERB, houve outros estúdios que também queriam filmar as aventuras de Tarzan, quase criando uma guerra de direitos autorais.
Buster Crabbe (que depois se tornaria Flash Gordon) e Glenn Morris (que não decolou), além de Herman Brix, foram intérpretes contemporâneos de Weissmuller, sem contudo atingirem possivelmente o agrado do público da época.
Saudações!
quais seus amigos cinéfilos têm orkut ou facebook ?gostaria de adicioná-los pois tenho milhares de fotod em meus orkuts e gostaria de compartilhar essas fotos com quem as aprecia,hoje em número tão reduzido.Na década dos 70 havia gilberto souto,antonio cardoso,david navarro,fernando pedreira,humberto losso e dezenas de outros com quem convivi.Hojesão poucos...
Meu caro Simões, infelizmente não conheço ninguém que use orkut, etc. e que goste de cinema antigo. Meus amigos fãs de cinema são pouquíssimos (prefiro dizer fãs de cinema, porque cinéfilos não são fãs de cinema, são críticos de cinema). Não sou contra os críticos e, como professor, estimulo o espírito crítico dos alunos e acho que eles devem conhecer o cinema de todas as épocas e lugares. O que estou querendo dizer é que, quando eramos jovens, havia mais fãs de cinema do que críticos; hoje, ocorre o contrário. E críticos geralmente não se interessam pelos seriados e westerns B antigos, não colecionam fotografias de filmes e artistas, etc. Como você disse: "Hoje são poucos". Já vi suas fotos pelo orkut do meu genro. Maravilha! Porém não quero eu ter orkuts e face books, pois sou um misantropo. De qualquer forma se souber de alguém que tenha orkut, etc e que goste de material antigo, claro que recomendarei os seus. A criação de um blog seria uma boa solução para a divulgação do seu material e de seu notável conhecimento de cinema antigo.
adorei a materia partabens
Obrigado JC.
Porque não fala sobre o ator que acompanha "Tarzan", interpretando o "Boy"?
Gostaria de saber algo sobre o garoto, será que é possivel?
Gosto de abordar assuntos variados e há uma lista interminável deles na frente do Boy. Mas aos pouco eu chego lá. Obrigado pela visita.
em visita ao seu blog como sempre faço,lendo de novo os artigos de meu interesse jisé simões filho guaçui ES
Você é sempre bem-vindo, Simões. Sei que prefere artigos sobre seriados e westerns, mas o cinema é inesgotável e procuro diversificar os assuntos. Até breve.
AMIGO, SOU FAN DO CINEMA ANTIGO, MUITO MAIS EMOCIONANTE DO QUE OS FILMES DE HOJE, VOCE VE UM FILME DE AÇAO HOJE , SAO TODOS IGUAIS AMESMA COISA DOS OUTROS, AO FILMES ANTIGOS TINHA MAIS PERFEIÇAO MAIS ORIGINALIDADE, HOJE E SO ESAGERISMO NAO TEM EMREDO E UMA VERGONHA, SOU FAN DO TARZAN,JHON WEISMULLER LEX BARKER GORDON SCOT E OS FAROESTES ANTIGOS, COMO TENHO SAUDADE DOS FILMES BONS ANTIGOS.
Prezado José. Você tem toda a razão mas é que os tempos são outros.
olha fiquei muito emocionado ao ver pela historia desse monstro do cinema mundial o ator johnny weissmuller o melhor tarzan que eu vi pela televisão quando era criança nunca vai ter ator como esta no mundo nunca mais.
Que ele foi o melhor Tarzan não há dúvida.
nao existe outro como jhonny weissmuller. marcou minha vida desde adolecente jovem e agora com 75 anos. o tarzan ainda mora dentro do meu coraçao, tarzan e para sempre deveria, passar sempre nos cinemas e tv, para a juventude conhecer o que e de melhor na vida talves ate tiraria muitos jovens das drogas e da perdiçao, vendo filmes como tarzan com j.weissmiller, lekes baker gordo scot. parabens eternamemte tarzan.
Amigo Rezende, também sou fã do Johhny Weismuller, sem dúvida o melhor Tarzan do Cinema. Obrigado pela visita.
gosto do trabalho de todos os atores que já personificaram o homem macaco mas eh a imagem (e o corpo escultural )de Johnny Weissmuller que me vem a cabeca quando penso em Tarzan !
Creio que todos os fãs de cinema pensam como você.