Durante anos tentei encontrar cópias de Tormentos do Desejo / L’Épave / 1949 (Dir:Willy Rozier) e Os Amores de Carolina / Caroline Chérie / 1950 (Dir: Richard Pottier), respectivamente estrelados por Françoise Arnoul e Martine Carol, dois símbolos sexuais famosos nos anos 50, porque eu tinha a frustração de ter sido barrado na porta do cinema na época dos seus lançamentos, por ser menor de idade.
Naquele tempo não se via cenas de nudez nos filmes americanos e nós adolescentes, com a curiosidade natural desta fase da vida, ficávamos atentos para os filmes franceses, nos quais às vezes aparecia uma atriz com seio de fora. Esses dois filmes, segundo os seus “trailers” (curiosamente os menores de 18 anos não eram impedidos de ver os “trailers”, que passavam na semana anterior antes da projeção de um filme de censura livre) prometiam cenas bem quentes.
Há uns dois anos, um amigo me mandou os dois filmes, gravados da televisão francesa. Para surpresa minha, em Os Amores de Carolina não tinha uma cena sequer de nudismo de Martine Carol e em Tormentos do Desejo, François Arnoul aparecia despida da cintura para cima, porém não era ela, mas uma dublê, porque a atriz na ocasião ainda não tinha a maioridade pela lei francesa.
Tormentos do Desejo, cuja trama mostrava os amores tumultuados de um escafandrista com uma jovem prostituta, não tem nenhum mérito artístico. Os Amores de Carolina, adaptação de um romance histórico campeão de vendas é um bom filme, não só pela presença sensual de Martine Carol, mas também por causa das aventuras rocambolescas essencialmente galantes vividas pela sua personagem.
Finalmente, em 1952, ambas as atrizes apareceram como a gente esperava, Françoise agora com mais de 21 anos, mostrava um seio para Fernandel em O Fruto Proibido / Le Fruit Défendu (Dir: Henri Verneuil) e Martine deixava o público ver o seu de perfil dentro de uma banheira em forma de concha em Caprichos de uma Mulher / Un Caprice de Caroline Chérie (Dir: Jean Devaivre ).
Felizmente no decorrer de suas carreiras tanto Françoise quanto Martine tiveram a chance de trabalhar com grandes diretores, que lhes deram papéis nos quais não tinham que tirar a roupa e extraíram delas atuações bastante competentes. Como exemplo, Martine estava muito bem em Esta Noite é Minha / Belles de Nuit / 1952 de René Clair e em Lola Montez / Lola Montez / 1954 de Max Ophuls e Françoise em French Can Can / French Can Can / 1954 de Jean Renoir e em Vidas sem Destino / Des Gens sans Importance / 1955 de Henri Verneuil.
Martine faleceu em 1967 de um ataque cardíaco aos 45 anos de idade. Françoise está viva com 79 anos e – como verifiquei em uma entrevista que ela concedeu para um canal a cabo faz pouco tempo – muito bem conservada, com aquele seu sorriso maravilhoso, a expressão no olhar que ainda é um convite ao pecado e o corpinho admiravelmente esbelto.
Bela homenagem a duas belissimas atrizes! Os códigos de censura norte-americanos nos privaram de imagens estupendas. Felizmente o cinema europeu tinha uma sensibilidade e maturidade maior para lidar com o corpo na tela. Françoise Arnoul e Martine Carol provaram ser bem mais que corpinhos bonitos, mas que elas tinham, ah, se tinham!
Sou colecionadora e gostaria de possuir os dois filmes comentados.
Como farei?
Abrs
Carla
Prezada Carla. Tente amazon.fr Um forte abraço.
Faço (com tua permissão, claro..) minhas as tuas palavras na primeira parte. Como “sofriamos” esperando para ver cenas de sexo e os 18 anos não chegavam… Hoje, que o sexo abunda,a garotada não está nem aí…
Há pouco tempo vi Françoise na TV Francesa, ainda “enxuta”, com aquele mesmo rostinho lindo, meio vesguinha. Ela demonstrou que tinha também talento ao contracenar com Jean Gabin em Les Gens sans Importance, um filme do qual eu gosto muito.