ADEUS A JEAN SIMMONS

Não vou fazer o obituário de Jean Simmons, porque todos os jornais do mundo, com competência variada, já o fizeram. O melhor para mim foi o de David Thomson no The Guardian.  Você pode encontrá-lo na Internet.

Prefiro recordar alguns filmes dela que me agradaram. Logo no início de sua carreira, Jean teve a sorte de trabalhar com três grandes diretores em filmes magníficos: foi Estella, a menina criada por Miss Havisham para usar seus encantos como um meio de torturar os homens em Grandes EsperançasGreat Expectations / 1946 de David Lean; Kanchi, a nativa exótica e sensual em Narciso NegroBlack Narcisus / 1947 de Michael Powell / Emeric Pressburger; a trágica Ofélia em Hamlet Hamlet / 1948 de Laurence Olivier.

Martita Hunt e Jean Simmons em Grandes Esperanças


Hamlet

Sem dúvida um grande começo respectivamente aos 17, 18 e 19 anos de idade. Aos 20 anos, quando obteve expressivo sucesso comercial em Lago Azul / The Blue Lagoon / 1949 dirigido pela dupla Frank Launder e Sidney Gilliat, ela estava nas capas das revistas Time e Life. Seu desempenho em Hamlet lhe valeu uma indicação para o Oscar. Mas, apesar deste inicio brilhante na tela, Jean raramente encontrou papéis a altura do seu talento.

Blue_Lagoon

A atriz britânica chegou em Hollywood nos anos cinqüenta, porque J. Arthur Rank vendeu seu contrato para Howard Hugues, “como se eu fosse um pedaço de carne”, diria ela em uma entrevista. Por ter resistido aos avanços amorosos de Hugues, este impediu-a de aceitar o convite de William Wyler para  atuar em A Princesa e o Plebeu /Roman Holiday / 1953,  o filme que daria a Audrey Hepburn o prêmio da Academia e faria dela uma estrela.

Robert Mitchum e Jean Simmons em Alma em Pânico

Em um dos compromissos que ela foi obrigada a cumprir para Hughes, Alma em PânicoAngel Face / 1952, filme noir dirigido por Otto Preminger, Jean teve – a meu ver – a sua melhor interpretação como Diane, a jovem com uma obsessiva fixação pelo pai e o ódio patológico da madrasta.

Depois que ficou livre do contrato com Hughes, Jean contracenou com seu marido Stewart Granger, Charles Laughton e Deborah Kerr em A Rainha VirgemYoung Bess / 1953 (Dir: George Sidney). Foi seu primeiro filme nos Estados Unidos com Granger – o bonitão ingles que se tornou o sucessor de Errol Flynn nos filmes de aventuras. Esta produção da MGM se constituiu em um belo espetáculo histórico, no qual ela, como Bess, estava mais linda do que nunca.

Stewart Granger e Jean Simmons em A Rainha Virgem

Ainda na MGM Jean interpretou outro de seus melhores papéis, Ruth Gordon Jones, uma garota entusiasmada pela arte teatral, em Papai não QuerThe Actress / 1953 (Dir: George Cukor) ao lado de Spencer Tracy. Em uma cena Ruth beija seu namorado e diz a ele para não se esquecer de que “este foi o primeiro beijo que você recebeu de uma atriz”.

Depois, eu gostei de vê-la como Varínia, a escrava companheira de Spartacus (Kirk Douglas), sob a direção de Stanley Kubrick em SpartacusSpartacus / 1960 e como a pregadora evangélica Irmã Sarah Falconer subjugada pelos encantos de um demoníaco Burt Lancaster em Entre Deus e o PecadoElmer Gantry / 1960, dirigido pelo seu segundo marido, Richard Brooks. Em 1969, novamente guiada por Brooks, Jean Simmons recebeu mais uma indicação para o Oscar pela sua participação em Tempo para Amar, Tempo para Esquecer / The Happy Ending.

Jean Simmons teve seus méritos como atriz, porém o que ficou mais na minha memória foi o seu lindo rosto quando era uma mocinha, sua voz de menina, sua meiguice.

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